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Universidade do Vale do Itajaí Campus VII - São José UNIVALI Direção do Centro de Educação Superior PROCESSOS DE FABRICAÇÃO I UNIDADE 1 Curso de Engenharia Industrial Mecânica Prof. Dr. Eng. Cláudio Roberto Losekann AGOSTO/2001

53207523 Processos de Fabricacao

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Universidade do Vale do Itajaí

Campus VII - São José

UNIVALI Direção do Centro de Educação Superior

PROCESSOS DE FABRICAÇÃO I

UNIDADE 1

Curso de Engenharia Industrial Mecânica

Prof. Dr. Eng. Cláudio Roberto Losekann

AGOSTO/2001

II

ÍNDICE ANALÍTICO

ÍNDICE ANALÍTICO.......................................................................................................................................... II

ÍNDICE DE FIGURAS ........................................................................................................................................ V

PROCESSOS DE FABRICAÇÃO .......................................................................................................................1

1 - INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................1

1.1 - FUNDIÇÃO ...............................................................................................................................................5

1.2 - USINAGEM...............................................................................................................................................5

1.3 - SOLDAGEM..............................................................................................................................................6

1.4 - METALURGIA DO PÓ.............................................................................................................................6

1.5 - CONFORMAÇÃO MECÂNICA ...............................................................................................................7

2 - ENSAIOS MECÂNICOS.................................................................................................................................8

2.1 - INTRODUÇÃO..........................................................................................................................................8

2.2 - DEFINIÇÃO .................................................................................................................................................10

2.2.1 - PROPRIEDADES MECÂNICAS ......................................................................................................10

2.3 - TIPOS DE ENSAIOS MECÂNICOS.......................................................................................................12

2.3.1 - ENSAIO DE TRAÇÃO ......................................................................................................................13

2.3.1.1 - Diagrama tensão - deformação....................................................................................................................15

2.3.1.2 - Propriedades mecânicas avaliadas ..............................................................................................................18

2.3.1.3 - Corpos de prova..........................................................................................................................................22

2.3.1.4 - Limite de escoamento: valores convencionais ............................................................................................26

2.3.2 - ENSAIO DE COMPRESSÃO............................................................................................................27

2.3.2.1 - Limitações do ensaio de compressão ..........................................................................................................28

2.3.2.2 - Ensaio de compressão em materiais dúcteis................................................................................................29

2.3.2.3 - Ensaio de compressão diametral .................................................................................................................29

2.3.3 - ENSAIO DE FLEXÃO ......................................................................................................................35

2.3.3.1 - Significado de flexão ..................................................................................................................................35

2.3.3.2 - Método do ensaio de flexão ........................................................................................................................39

2.3.4 - ENSAIO DE DUREZA......................................................................................................................41

2.3.4.1 - Dureza Brinell.............................................................................................................................................43

2.3.4.2 - Dureza Meyer .............................................................................................................................................48

2.3.4.3 - Dureza Rockwell.........................................................................................................................................49

2.3.4.4 - Dureza Vickers ...........................................................................................................................................55

2.4.4.5 - Microdureza por penetração .......................................................................................................................57

III

2.3.4.6 - Dureza Shore ..............................................................................................................................................60

2.3.4.7 -Considerações finais ....................................................................................................................................61

2.3.5 - ENSAIO DE IMPACTO....................................................................................................................65

2.3.5.1 - Descrição do Ensaio de Impacto.................................................................................................................67

2.3.6 - ENSAIOS METALOGRÁFICOS .......................................................................................................76

2.3.6.1 - Ensaio metalográfico macrográfico.............................................................................................................77

2.3.6.2 - Ensaio metalográfico micrográfico .............................................................................................................77

3 - AJUSTAGEM.................................................................................................................................................87

3.1 - INTRODUÇÃO........................................................................................................................................87

3.2 - DEFINIÇÃO.............................................................................................................................................87

3.2.1 - LIMAGEM ........................................................................................................................................88

3.2.1.1 - Critério para a escolha da ferramenta..........................................................................................................88

3.2.1.2 - Classificação geral das limas ......................................................................................................................91

3.2.1.3 - Informações gerais ......................................................................................................................................94

3.2.2 - TRAÇAGEM .....................................................................................................................................95

3.2.2.1 -Tipos de traçado...........................................................................................................................................95

3.2.2.2. - Materiais de traçagem ................................................................................................................................96

3.2.3 - SERRAMENTO...............................................................................................................................100

3.2.4 - FURAÇÃO......................................................................................................................................102

3.2.4.1 - Tipos de furação .......................................................................................................................................102

3.2.4.2 - Tipos de furadeiras....................................................................................................................................103

3.2.4.3 - Brocas .......................................................................................................................................................105

3.2.4.4 - Parâmetros de furação...............................................................................................................................108

3.2.4.5 - Escareadores .............................................................................................................................................109

3.2.5 - ROSCAMENTO ..............................................................................................................................109

3.2.5.1 - Machos .....................................................................................................................................................111

3.2.5.2 - Cossinetes .................................................................................................................................................112

3.2.5.3 - Tipos de roscamento .................................................................................................................................113

4 - USINAGEM..................................................................................................................................................118

4.1 - INTRODUÇÃO......................................................................................................................................118

4.2 - PROCESSOS CONVENCIONAIS DE USINAGEM ............................................................................118

4.2.1 - AFIAÇÃO........................................................................................................................................119

4.2.2 - ALARGAMENTO............................................................................................................................119

4.2.3 - APLAINAMENTO...........................................................................................................................120

4.2.4 - BROCHAMENTO ...........................................................................................................................123

4.2.5 - BRUNIMENTO...............................................................................................................................123

4.2.6 - DENTEAMENTO............................................................................................................................124

4.2.7 - ESPELHAMENTO..........................................................................................................................125

4.2.8 - FRESAMENTO...............................................................................................................................126

IV

4.2.9 - FURAÇÃO......................................................................................................................................130

4.2.10 - JATEAMENTO .............................................................................................................................132

4.2.11 - LAPIDAÇÃO ................................................................................................................................132

4.2.12 - LIXAMENTO ................................................................................................................................132

4.2.13 - MANDRILAMENTO .....................................................................................................................133

4.2.14 - POLIMENTO................................................................................................................................134

4.2.15 - ROSQUEAMENTO.......................................................................................................................135

4.2.16 - RASQUETEAMENTO...................................................................................................................135

4.2.17 - RETIFICAÇÃO.............................................................................................................................135

4.2.18 - SERRAMENTO.............................................................................................................................138

4.2.19 - TORNEAMENTO..........................................................................................................................139

4.3 - PROCESSOS NÃO CONVENCIONAIS DE USINAGEM...................................................................142

4.3.1 - USINAGEM QUÍMICA...................................................................................................................142

4.3.2 - USINAGEM POR FEIXE ELETRÔNICO.......................................................................................142

4.3.3 - USINAGEM POR LASER ...............................................................................................................143

4.3.4 - USINAGEM POR ULTRA-SOM.....................................................................................................143

4.3.5 - USINAGEM ELETROQUÍMICA....................................................................................................144

4.3.6 - ELETROEROSÃO A FIO ...............................................................................................................144

4.3.7 - ELETROEROSÃO POR PENETRAÇÃO........................................................................................145

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................................................................146

V

ÍNDICE DE FIGURAS

FIGURA 1.1 - Esquema dos processos de fabricação no contexto atual. 3

FIGURA 1.2 - Extrusão de cerâmica e Injeção de plástico 4

FIGURA 1.3 - Fundição em cera perdida. 5

FIGURA 1.4 - Metalurgia do pó. 7

FIGURA 2.1 - Equipamentos de ensaios mecânicos. a) Máquina de ensaiouniversal; b) Durômetro. 11

FIGURA 2.2 - Peça tracionada. 13

FIGURA 2.3 - Tensão de tração. 13

FIGURA 2.4 - Corpo de prova de ensaio de tração. a) antes do ensaio; b) após oensaio. 14

FIGURA 2.5 - Comportamento dos materiais através do diagrama σσx εε. 16

FIGURA 2.6 - Material dúctil. a) diagrama σσ x εε; b) aspecto da fratura. 17

FIGURA 2.7 - Material frágil. a) diagrama σσ x εε; b) aspecto da fratura. 18

FIGURA 2.8 - diagrama σσ x εε para ligas do tipo aço baixo carbono. 18

FIGURA 2.9 - Alongamentos na tração e na compressão. 20

FIGURA 2.10 - Curvas de tensões reais e de engenharia. 21

FIGURA 2.11 - Máquina de ensaio e registrador. 22

FIGURA 2.12 - Corpos de prova. 23

FIGURA 2.13 - Tipos de fixação. 23

FIGURA 2.14 - Preparação de corpo de prova. 24

FIGURA 2.15 - Ruptura do corpo de prova no centro. 25

FIGURA 2.16 - Ruptura do corpo de prova fora de centro. 25

FIGURA 2.17 - Determinação do Limite de Escoamento. 26

FIGURA 2.18 - Esquema da compressão. 27

FIGURA 2.19 - Ensaio de compressão. a) normal; b) flambagem. 28

FIGURA 2.20 - Ensaio de compressão em materiais dúcteis. 29

FIGURA 2.21 - Esquema de esforços aplicados em um corpo de prova cilíndricode dimensões D e L. 30

FIGURA 2.22 - Representação esquemática da distribuição das tensões decompressão e de tração. 30

FIGURA 2.23 - Ensaios em molas. 31

8) O Que é limite de escoamento? 34

FIGURA 2.24 - Flexão em uma barra de secção retangular. 36

FIGURA 2.25 - Elemento da barra submetido a flexão. 37

VI

FIGURA 2.26 - Viga em balanço com engaste rígido sendo fletida por uma forçaF aplicada em sua extremidade. 38

FIGURA 2.27 - Método de flexão a três pontos. 39

FIGURA 2.28 - Método de flexão a quatro pontos. 40

FIGURA 2.29 - Ângulo φφ nas impressões Brinell . 45

FIGURA 2.30 - Penetradores de Dureza Rockwell . 50

FIGURA 2.31 - Indicador analógico . 51

FIGURA 2.32 - Esquema da seqüência de operações . 52

FIGURA 2.33 - Aspectos da fratura . 66

FIGURA 2.34 - Máquina de ensaio de impacto . 68

FIGURA 2.35 - Ensaio Charpy e Izod . 71

FIGURA 2.36 - Corpos de prova Charpy e Izod . 71

FIGURA 2.37 - Temperatura de transição . 73

FIGURA 2.38 - Retirada de amostras. 74

FIGURA 2.39 - Curvas de energia absorvida de um mesmo material. 75

FIGURA 2.40 - Influencia da localização de um corte longitudinal axial sobre oaspecto de segregação. 78

FIGURA 2.41 - Esquema de um metal policristalino atacado quimicamente ecom feixes incidentes e de reflexão de luz. 81

FIGURA 2.42 - Macrografia de uma peça de alumínio fundido com contornosde grãos revelado por ataque com HCl. 82

FIGURA 2.43 - Micrografia da perlita. 82

FIGURA 3.1 - Limagem. 88

FIGURA 3.2 - Limagem em bancada. 89

FIGURA 3.3 - Limagem em torno. 90

FIGURA 3.4 - Perfis de lima. 92

FIGURA 3.5 - Limas rotativas. 92

FIGURA 3.6 - Limas especiais. 93

FIGURA 3.7 - Características gerais das limas. 94

FIGURA 3.8 - Traçado no plano. 96

FIGURA 3.9 - Traçado no espaço. 96

FIGURA 3.10 - Tipos de esquadro. 97

FIGURA 3.11 - Graminho. 98

FIGURA 3.12 - Goniômetro. 98

FIGURA 3.13 - Compasso. 99

VII

FIGURA 3.14 - Calço de apoio simples e forma de T para grandes apoios. 99

FIGURA 3.15 - Serra manual. 100

FIGURA 3.16 - Direção de corte. 100

FIGURA 3.17 - Serras circulares. a) caso 1; b) caso 2. 101

FIGURA 3.18 - Serras contínuas. 102

FIGURA 3.19 - Etapas da furação. 102

FIGURA 3.20 - Furadeira de bancada. 103

FIGURA 3.21 - Furadeira de coluna. 103

FIGURA 3.22 - Furadeira radial. 104

FIGURA 3.23 - Furadeira de coordenadas. 105

FIGURA 3.24 - Broca. 106

FIGURA 3.25 - Ponta da broca. 106

FIGURA 3.26 - Ângulo da ponta. 107

FIGURA 3.27 - Ângulo de folga. 108

FIGURA 3.28 - Escareadores. 109

FIGURA 3.29 - Pente para determinação de rosca. 110

FIGURA 3.30 - Macho desbastador. 111

FIGURA 3.31 - Desandador. 112

FIGURA 3.32 - Cossinete de entrada helicoidal. 113

FIGURA 3.33 - Roscamento externo com cossinete. 113

FIGURA 3.34 - Roscamento externo com ferramenta de perfil múltiplo. 114

FIGURA 3.35 - Roscamento externo com ferramenta de perfil único. 114

FIGURA 3.36 - Roscamento externo com fresa de perfil múltiplo. 115

FIGURA 3.37 - Roscamento externo com com jogo de pentes. 116

FIGURA 3.38 - Roscamento interno com macho. 117

FIGURA 4.1 - Afiação. 119

FIGURA 4.2 - Cilíndrico de acabamento. 120

FIGURA 4.3 - a) Cônico de acabamento, b) Cônico de desbaste. 120

FIGURA 4.4 - Aplainamento de guias. 121

FIGURA 4.5 - Aplainamento de perfis. 121

FIGURA 4.6 - Aplainamento de ranhuras T. 121

FIGURA 4.7 - Aplainamento de rasgos. 122

FIGURA 4.8 - Aplainamento de rasgo de chavetas. 122

FIGURA 4.9 - Aplainamento de superfícies cilíndricas de revolução. 122

VIII

FIGURA 4.10 - Brochamento externo e interno. 123

FIGURA 4.11 - Brunimento. 124

FIGURA 4.12 - Denteamento. 125

FIGURA 4.13 - Espelhamento cilíndrico. 125

FIGURA 4.14 - Espelhamento plano. 126

FIGURA 4.15 - Fresamento cilíndrico tangencial de topo. 127

FIGURA 4.16 - Fresamento tangencial concordante. 127

FIGURA 4.17 - Fresamento tangencial disconcordante. 127

FIGURA 4.18 - Fresamento tangencial de perfil. 128

FIGURA 4.19 - Fresamento frontal. 128

FIGURA 4.20 - Fresamento frontal de canaleta. 129

FIGURA 4.21 - Fresamento frontal rabo de andorinha. 129

FIGURA 4.22 - Fresamento composto. 130

FIGURA 4.23 - Furação em cheio. 131

FIGURA 4.24 - Furação de centro. 131

FIGURA 4.25 - Trepanação. 131

FIGURA 4.26 - Lapidação. 132

FIGURA 4.27 - Lixamento com fita e folhas. 133

FIGURA 4.28 - Mandrilamento cilíndrico. 133

FIGURA 4.29 - Mandrilamento cônico. 134

FIGURA 4.30 - Mandrilamento esférico. 134

FIGURA 4.31 - Polimento. 135

FIGURA 4.38 - Torneamento cilíndrico externo. 140

FIGURA 4.39 - Faceamento. 140

FIGURA 4.40 - Sangramento axial e radial. 140

FIGURA 4.41 - Perfilamento. 141

FIGURA 4.42 - Torneamento curvilíneo. 141

FIGURA 4.43 - Usinagem por feixe de elétrons. 142

FIGURA 4.44 - Usinagem por laser. 143

FIGURA 4.45 - Usinagem por ultra-som. 144

FIGURA 4.46 - Eletroerosão a fio. 145

FIGURA 4.47 - Eletroerosão por penetração. 145

1

PROCESSOS DE FABRICAÇÃO

1 - INTRODUÇÃO

Generalizar processos de fabricação como uma área de metal-mecânica é um erro tão

grande quanto as inquisições imposta pela igreja cristã entre os séculos XIII e XVI, isto é, os

processos de fabricação estão relacionadas com materiais e produtos, cujo destino é o

consumidor. Embora existe uma série de produtos que tem um conjunto de materiais

diferentes, como um automóvel, cuja fabricação das partes são tercerizadas no contexto da

globalização, pode-se considerar comuns os processos de fabricação em determinados áreas

afins. Na atualidada, as áreas afins de indústria são: a indústria metal-mecânica, cujo produto

principal de fabricação tem como base o aço, o ferro-fundido, ligas de alumínio e ligas de

cobre; a indústria de cerâmicas, cujo produto de fabricação de maior consumo é aquele

considerado cerâmica convencional (vasos, pratos, pisos, revestimentos, e outros); a indústria

de plásticos, que tem como base a fabricação de plásticos de utensílios domésticos; a indústria

agro-industrial, que de uma certa forma utiliza os mais diferentes produtos dos outros tipos de

indústrias citadas anteriormente e poderia ser citada também a indústria de informática. Todas

estas indústrias são de transformação e utilizam os mais diferentes tipos de processos de

fabricação. Através dos processos de fabricação utilizados nestes grupos principais de

indústrias, houve uma evolução de novos materiais como os “compósitos”, que pode ser

metal-plástico, metal-cerâmica, cerâmica-plástico. Não cabe discutir neste tema definições de

materiais como plásticos ou cerâmicas, que ambos podem ser classificados como polímeros.

O processo de fabricação de injeção de plástico, bem como a metalurgia do pó,

evoluíram do processo de fabricação de cerâmica, que tem sua origem com o início da

civilização. A própria civilização está em constante mutação, mas as transformações são

lentas. Por isto, faz-se necessário lembrar pontos históricos para explicar processos de

fabricação.

2

Um dos processos de fabricação mais antigo é o processo de fundição. Utilizado pela

civilização desde 4.000 a.C. a 3.000 a.C., iniciando-se com o processo de fundição de cobre,

seguindo com o bronze e posteriormente com o ferro, por causa do seu elevado ponto de

fusão. Estima-se que o homem das cavernas conhecia o ferro e suas origens como matéria

prima para a fabricação de armas e implementos agrícolas. Naquela época, o ferro era

considerado metal nobre e precioso, sendo utilizado quase que exclusivamente para aqueles

fins e também como metal de adorno. Com o passar do tempo, o homem descobriu outras

utilidades que o minério de ferro poderia proporcioná-los.

Em fornos rudimentares, construídos nas encostas das colinas e aproveitando o fluxo

do vento para intensificar a combustão da lenha, esse processo aumentava a produção de

metal fundido, fruto da redução direta do metal pela queima de lenha. Na Idade Média, a

Europa considerava a produção de ferro de suma importância. Nessa época, obtinha-se um

tipo grosseiro de ferro fundido pela redução direta do minério, sem a obtenção direta do ferro

gusa. Isso implicava na obtenção de uma massa pastosa que, ao solidificar, tornava-se frágil e

quebradiça, o que obrigava sua aplicação por meio de forjados excessivamente pesados e

maciços, em geral, espadas, adagas e machados de difícil manejo. Daí em diante, o processo

se desenvolveu cada vez mais. Somente nos últimos séculos vêm sido utilizado a cerâmica em

fornos de fundição para controlar o calor no processo de fundição.

Por volta de 1.450 é que se iniciou a obtenção intermediária do ferro gusa, já que se

conseguiam maiores temperaturas nos processos então utilizados. Em conseqüência, o ferro

absorvia maior quantidade de carbono (do carvão vegetal), formando o ferro gusa que escorria

de forma não pastosa, permitindo seu melhor manuseio. Em 1.640, foi desenvolvido o

primeiro alto-forno para produção de ferro gusa. Nessa época, a indústria siderúrgica passou a

ocupar um papel mais preponderante nas atividades comerciais e na economia dos países

ocidentais, entretanto o consumo de carvão vegetal para a produção de ferro, provocou uma

devastação florestal de repercussão danosa.

Somente em 1.710, período da Revolução Industrial, é que se revigorou, na Grã-

Bretanha, o uso industrial do coque (derivado do carvão mineral) como substituto do carvão

3

vegetal na redução do minério de ferro, provocando um novo e importante impulso na

atividade siderúrgica. Entretanto, essas evoluções da fundição, decorriam da indústria têxtil,

visto que, neste período, a produção do tecido de lã não atendia a demanda. Invenções como a

máquina de fusos múltiplos produziam rapidamente maior quantidade de fio, especialmente

de algodão, que era importado dos Estados Unidos, tornando-se vital para a indústria têxtil da

Grã-Bretanha. Mais aparelhos de fiação como: o “water frame” - bastidor de fiação de

algodão movido a água - e a máquina de fiação (1.770), o tear mecânico de Cartwright, que

podia ser operado por mão-de-obra não especializada, marcou o fim da tecelagem manual.

Desta forma, aumentava a produção têxtil e conseqëntemente a produção de equipamentos

para fabricação destas máquinas. A descoberta do motor a vapor, do aço e posteriormente a

eletricidade contribuíram de forma significativa a evolução dos processos de fabricação.

No contexto atual os processo de fabricação de produtos de consumo estão

interligados. A figura abaixo mostra, de uma forma resumida, estas interligações.

Matéria-prima

Processo de fabricaçãoMetal-mecânica

Processo de fabricaçãoPlástico

Processo de fabricaçãoCerâmica

Consumidor

FIGURA 1.1 - Esquema dos processos de fabricação no contexto atual.

A figura abaixo mostra o processo de extrusão de cerâmica e de injeção de plástico. A

metalurgia do pó utiliza o mesmo processo da injeção de plástico com algumas alterações.

4

FIGURA 1.2 - Extrusão de cerâmica e Injeção de plástico

A fabricação pode ser definida como a arte e a ciência de transformar os materiais em

produtos finais utilizáveis e - num contexto de economia de mercado - rentáveis. O processo

global de fabricação é uma série de interações complexas entre materiais, máquinas, pessoas e

energia, começando com a criação de peças individuais que irão finalmente constituir, através

de operações de montagem, um produto final.

Na seleção dos materiais para as peças, tem-se em vista as características exigidas das

peças e o seu comportamento nos sistemas que farão partes; e, por outro lado, as propriedades

que os materiais devem apresentar para atender adequadamente as características exigidas

com custo mínimo e a vida útil esperada. A escolha do processo de fabricação é feita

considerando-se as características de trabalho das peças, seu material, forma e dimensões, o

número de unidades a produzir, a taxa de produção, a vida útil requerida de cada unidade e o

grau e precisão e acabamento estipulados. Sempre existe uma interação entre o material da

peça e o processo de fabricação, na qual um exerce restrições sobre o outro, sendo esta,

portanto, consideração essencial, na maioria dos casos, para seleção de ambos.

No caso particular dos metais, que são um dos materiais mais empregados na

construção mecânica, sua obtenção se inicia com extração e refino do minério e vem,

geralmente, seguido da fusão para obtenção do metal na forma líquida e, posteriormente,

convertê-lo em formas (grânulos, barras, pós) que possam ser convenientemente utilizadas nos

diversos processos de fabricação. Os processos de fabricação na indústria metal-mecânica

5

podem ser agrupados em cinco classes principais: fundição, usinagem, soldagem,

metalurgia do pó e conformação mecânica.

1.1 - FUNDIÇÃO

O metal, no estado líquido, é vazado dentro de um molde (de gesso, de areia, metálico,

etc. ), que é um negativo da peça a ser obtida contendo algumas alterações próprias das

técnicas de fundição, e solidifica-se na forma desejada. Trata-se de um capaz de fornecer uma

variedade de formas. Por outro lado, as peças podem facilmente apresentar defeitos

decorrentes do processo, tais como: bolhas de ar, vazios ou rechupes e sua estrutura é

geralmente dendrítica (grãos colunares e grosseiros).

FIGURA 1.3 - Fundição em cera perdida.

1.2 - USINAGEM

Consiste na remoção (arrancamento) de partículas de material de um bloco ou forma

bruta, até atingir a forma desejada. É efetuada com o auxílio de ferramentas adequadas de

material duro em máquinas especiais (tornos, plainas, fresadoras. retificadoras, etc.) ou,

tomada em seu sentido mais amplo, mediante técnicas especiais não mecânicas como a eletro-

erosão. A usinagem é empregada geralmente para produzir formas com elevada tolerância

6

dimensional, bom acabamento superficial e, freqüentemente, geometrias complexas. A

usinagem é uma operação secundária de processamento, uma vez que, em geral, é realizada

em uma peça que já foi produzida por um processo primário tal como a laminação, forjamento

ou fundição. Como principais desvantagens tem-se: perda de material, morosidade da

operação, incapacidade para alterar a microestrutura da peça, não remediando problemas

provenientes da fundição.

1.3 - SOLDAGEM

É um conjunto de processos que permitem obter peças pela união de várias partes,

estabelecendo a continuidade das propriedades químicas, físicas e mecânicas do material

utilizando, ou não, material adicional para servir de ligação (solda ).

1.4 - METALURGIA DO PÓ

A metalurgia do pó consiste na formação de peças através da prensagem de pós

(matérias - primas) com o auxílio de ligantes. Uma vez obtido o "corpo - verde", o mesmo é

sinterizado em temperaturas específicas com diminuição considerável do volume da peça e

um aumento substancial de sua resistência mecânica. A metalurgia do pó tem tido nos últimos

anos um grande e acelerado desenvolvimento, conforme dados disponíveis; seu futuro a curto

e médio prazo é realmente promissor. Uma das grandes vantagens deste processo tecnológico

é poder obter produtos e componentes acabados com uma homogeneidade e precisão

dimensional superior a conseguida por outras técnicas e a menor custo para grande produção,

devido principalmente a economia de matéria-prima e energia, e a mínima ou nenhuma

operação de usinagem.

7

FIGURA 1.4 - Metalurgia do pó.

1.5 - CONFORMAÇÃO MECÂNICA

É o nome genérico dos processos em que se aplica uma força externa sobre a matéria-

prima, obrigando-a a tomar forma desejada por deformação plástica. O volume e a massa do

metal se conservam neste processos. As vantagens principais são: bom aproveitamento da

matéria-prima, rapidez na execução, possibilidade de melhoria e controle das propriedades

mecânicas do material. Por exemplo: bolhas e porosidades em lingotes fundidos podem ser

eliminados através de conformação mecânica a quente, melhorando a ductilidade e a

tenacidade. A dureza do produto pode ser controlada alternando etapas de conformação a frio

e recozimento.

Assim, a disciplina de Processos de Fabricação inicia com um estudo de ensaios

mecânicos para compreender as propriedades mecânicas dos materiais para correlacionar com

os processos de fabricação nas áreas de metal-mecânica, plásticos e cerâmicos, seguido de

ajustagem, que pode ser considerado como etapas de usinagem e, posteriormente as duas

grandes áreas de processos de fabricação, finalizando com processamento de polímeros e de

cerâmicos.

8

2 - ENSAIOS MECÂNICOS

2.1 - INTRODUÇÃO

A nova tendência de matérias-primas e o desenvolvimento dos processos de fabricação

determinaram à criação de métodos padronizados de produção, e ao mesmo tempo,

desenvolveram-se processos e métodos de controle de qualidade dos produtos. Entende-se que

o controle de qualidade precisa começar pela matéria-prima e deve ocorrer durante todo o

processo de produção, incluindo a inspeção e os ensaios finais nos produtos acabados.

Todos os materiais têm propriedades distintas. A começar pela Tabela Periódica, onde

cada elemento químico tem um número e massa atômica própria. O uso correto do material

depende do profundo conhecimento dele e das implicações tecnológicas de sua obtenção, por

exemplo, metais, semicondutores, cerâmicos, plásticos, compósitos. Todos esses materiais

podem ser encontrados tanto em um automóvel quanto em uma espaçonave.

Os materiais acima descrito podem ser agrupados em dois grupos e quatro subgrupos:

Materiais metálicos;

Materiais não-metálicos.

A tabela abaixo mostra este agrupamento.

MATERIAIS

METÁLICOS NÃO-METÁLICOS

Ferrosos Não-ferrosos Naturais Sintéticos

Aços Alumínio Madeira Vidro

Ferros fundidos Cobre Asbesto Cerâmica

Zinco Couro Plástico

Magnésio Semicondutor (C, Ge,Si,...)

Semicondutor (GaAs,GaAsP, CdS,...)

Chumbo Borracha Borracha

Tungstênio Compósito

9

Alguns dos materiais da tabela acima são duro e frágil, outros são moles e dúcteis. Uns

tem elevado ponto de fusão, outros tem baixo e alguns nem apresentam ponto de fusão

definido, ou seja, os materiais apresentam propriedades físicas e químicas distintas.

Propriedades físicas: pode ser agrupadas, a esta propriedade, as propriedades mecânicas,

térmicas, elétricas, magnéticas e óticas;

Propriedades químicas: pode ser agrupadas, a esta propriedade, as propriedades de atividade,

difusividade, resistência a oxidação, resistência a corrosão.

Às vezes é comum encontrar a propriedade mecânica de um material distinta da

propriedade física, conforme o exemplo do polímero abaixo:

Nome: poli (estireno-butadieno-acrilonitrila) - ABS - alto impacto

Composição: (CH2-CH-C6H4)n

Classificação: Polímeros

Aplicações: Gabinetes e caixas domésticas, caixas de televisão, telefones, batedeiras e

liqüidificadores, aspiradores de pó, box para chuveiros.

Processos: injeção, usinagem, outros.

Propriedades MecânicasDuctilidade: 0,06 - 0,09

Coeficiente de Poisson: 0,38 - 0,42

Coeficiente de Atrito: 0,47 - 0,52

Dureza: 70 - 140 (MPa)

Módulo de Bulk: 3 - 4,4 (GPa)

Módulo de Cisalhamento: 0,7 - 0.95 (GPa)

Módulo de Elasticidade: 1,8 - 2,7 (GPa)

10

Resistência ao Impacto: 200 - 400 (J/m, notação Izod)

Limite Elástico: 27 - 55 (MPa)

Tenacidade a Ruptura: 3 - 4 (MPa.m1/2)

Tensão de Escoamento:

Tensão de Compressão: 60 - 100 (MPa)

Tensão de ruptura por tração: 36 - 48 (MPa)

Propriedades TérmicasCalor Específico: 1.500 - 1.530 (J/kg.K)

Calor latente de Fusão: Não se aplica

Dilatação Térmica: 70 - 95 (10-6/K)

Condutividade Térmica: 0,14 - 0,22 (W/m.K)

Ponto de Fusão: Não se aplica

Temperatura de Transição Vítrea: 370 - 375 (K)

Temperatura Máxima de Serviço: 340 - 350 (K)

Temperatura Mínima de Serviço: 150 - 200 (K)

Propriedades FísicasAbsorção de água: 0,3 - 0,32 (%)

Densidade: 1,02 - 1,1 (Mg/m3)

Índice de Refração:

Flamabilidade: regular

Propriedades ElétricasConstante Dielétrica: 2,4 - 2,9

Resistividade: 6,31 - 15,8 (1013 ohm.m)

2.2 - DEFINIÇÃO

2.2.1 - PROPRIEDADES MECÂNICAS

As propriedades mecânicas aparecem quando o material está sujeito a esforços de natureza

mecânica, isto é, propriedades que determinam a maior ou menor capacidade de resistir ou

transmitir esforços que lhe são aplicados. Essa capacidade é necessária durante o processo de

fabricação, como também durante a sua utilização. Em termos de indústria mecânica, a

propriedade mecânica é considerada uma das mais importante para a escolha da matéria-

prima. As propriedades mecânicas as que se tem maior interesse são: resistência a tração e

compressão, dureza, ductilidade, fragilidade, elasticidade, plasticidade, tenacidade,

maleabilidade.

11

Resistência à tração e compressão: é a resistência que o material oferece a esforços de

tração ou de compressão até a sua ruptura. Esta resistência é medida através de ensaios de

tração ou de compressão na máquina universal de ensaio;

Dureza: é a resistência que o material oferece à penetração, à deformação plástica

permanente e, ou ao desgaste. Esta propriedade tem definições metalúrgicas, mineralógicas e

mecânicas. Esta resistência é medida através de ensaios de dureza;

a) b)

FIGURA 2.1 - Equipamentos de ensaios mecânicos. a) Máquina de ensaio universal; b)

Durômetro.

Ductilidade: é a capacidade que um material tem de se deformar sem rompimento, quando

for submetido a pressão estática;

Fragilidade: é a capacidade que um material apresenta de romper-se quando for submetido a

impacto. Em geral, os materiais duros são também frágeis;

Elasticidade: é a capacidade que um material tem de se deformar, quando submetido a um

esforço, e recuperar sua forma original, quando for cessado o esforço que o deformou;

Plasticidade: é a capacidade que um material tem de se deformar, quando submetido a um

esforço, e manter-se deformado após cessado o esforço que o deformou;

12

Tenacidade: é a capacidade que um material tem de absorver energia até a sua ruptura,

quando o mesmo for submetido à esforços estáticos ou dinâmicos. Os materiais dúcteis

apresentam maior tenacidade que os materiais frágeis. O ferro fundido e o vidro são dois

materiais frágeis, entretanto, os ferros fundidos apresentam maior tenacidade que os vidros;

Maleabilidade: é a capacidade que um material tem de se transformar em lâminas quando

submetidos a esforços estáticos.

Os ensaios mecânicos dos materiais são procedimentos padronizados mediante normas

técnicas que compreendem testes, cálculos, gráficos para a determinação de propriedades

mecânicas. As normas técnicas mais utilizadas pelos laboratórios de ensaios vem das

seguintes instituições: ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas); ASTM (American

Society for Testing and Materials); DIN (Deuches Institut für Normung); AFNOR

(Association Française de Normalisation); BSI (British Standards Institution); ASME

(American Society of Mechanical Engineer); ISO (International Organization for

Standardization); JIS (Japanese Industrial Standards); SAE (Society of Automotive

Engineers). Realizar um ensaio consiste em submeter um objeto já fabricado ou um material

que vai ser processado industrialmente a situações que simulam esforços nas condições reais

de uso, chegando a limites extremos de solicitação. Os ensaios mecânicos padronizados são

realizados em laboratórios equipados adequadamente para levantamento de dados, entretanto,

alguns ensaios não padronizados para uma análise prévia, pode ser feita em oficina como o

ensaio por lima (verificação de dureza por meio do corte de cavaco) e o ensaio em esmeril

(verificação do teor de carbono em um aço através da análise da centelha).

2.3 - TIPOS DE ENSAIOS MECÂNICOS

Existem vários critérios para classificar os ensaios mecânicos. A classificação mais

utilizada é a que separa em dois grupos:

ensaios destrutivos: são aqueles que ocorrem mediante a destruição do corpo de prova ou

peça ou que deixam algum sinal, mesmo que estes não fiquem inutilizados. Estes ensaios são:

Tração, Compressão, Cisalhamento, Dobramento, Flexão, Embutimento, Torção, Dureza,

Fluência, Fadiga, Impacto.

13

ensaios não destrutivos: são aqueles que após sua realização não deixam nenhuma marca ou

sinal e, por conseqüência, nunca inutilizam a peça ou corpo de prova. Por esta razão, podem

ser usados para detectar falhas em produtos acabados ou semi-acabados. Estes ensaios são:

Líquido Penetrante, Partículas Magnéticas, Ultra-som e Radiografia Industrial.

2.3.1 - ENSAIO DE TRAÇÃO

O ensaio de tração consiste em submeter uma peça ou corpo de prova a um esforço que

tende alongá-lo até a ruptura, desta forma, é possível conhecer como os materiais reagem aos

esforços ou cargas de tração, que são lidos na própria máquina de ensaio ou através de um

computador acoplado que registra as cargas e as deformações ocorridas, e quais os limites de

tração que suportam. Através deste ensaio, pode-se determinar a tenacidade de um material.

Pode-se afirmar que uma peça está submetida a esforços de tração, quando uma

carga normal “F” ( tem a direção do eixo da peça), atuar sobre a área de secção transversal da

peça. Quando a carga atuar no sentido dirigido para o exterior da peça, a peça está

tracionada.

A

F F

FIGURA 2.2 - Peça tracionada.

σ =F

A

F

FIGURA 2.3 - Tensão de tração.

Como exemplo de peças tracionadas, tem-se as correias, os parafusos, os cabos de aço,

correntes. Esta tensão é também denominada de tensão normal de tração. A carga normal “F”,

que atua na peça, origina nesta, uma tensão normal “σ” (sigma), que é determinada através da

relação entre a intensidade da carga aplicada “F”, e a área de seção transversal da peça “A”.

14

onde:

σσ - tensão normal [ N/mm2; MPa; ...]

F - força normal ou axial [N; kN; ...]

A - área da secção transversal da peça [m2; mm2; ...]

No Sistema Internacional, a força é expressa em Newtons (N), a área em metros

quadrados (m2). A tensão (σ) será expressa, então, em N/m2, unidade que é denominada

Pascal (Pa). Na prática, o Pascal torna-se uma medida muito pequena para tensão, então usa-

se múltiplos desta unidade, que são o quilopascal (kPa), megapascal (MPa) e o gigapascal

(GPa).

1 Pa 1 N/m2

1 MPa 1 N/mm2

1 GPa 1 KN/mm2

1 GPa 103 MPa

1 MPa 0,102 kgf/mm2

A aplicação de uma força axial de tração em um corpo de prova, produz uma

deformação neste corpo, embora muitas vezes não perceptível a olho. Esta deformação é

seguida de um aumento no seu comprimento com diminuição da área da secção transversal,

conforme ilustra a figura abaixo. Antes do ensaio são medidas a área de seção transversal

“A0” do CP e a distância “L0” entre dois pontos marcados neste.

Lo

A0

a)

AfFF

Lf

b)

FIGURA 2.4 - Corpo de prova de ensaio de tração. a) antes do ensaio; b) após o ensaio.

15

No ensaio de tração, o CP é submetido a um carga normal “F”. A medida que este

carregamento aumenta, pode-se medir o aumento na distância entre os pontos marcados, o

alongamento, e a redução da área na secção transversal, a estricção, até a ruptura do material.

O alongamento, cuja expressão matemática é ∆ = −L Lf 0 , é geralmente confundido com a

deformação. A deformação longitudinal de um material, é definida como: ε =−L L

Lf 0

0

.

onde:

ε - deformação [mm/mm; mm/m; % ]

Lo - comprimento inicial do CP [mm, cm, ...]

Lf - comprimento final do CP [mm, cm, ...]

Embora a deformação é uma razão do alongamento com o comprimento inicial, sendo

portanto adimensional, é muito comum entre técnicos a unidade mm/m pois dá uma idéia

rápida do alongamento de um corpo com 1 metro de comprimento.

Há dois tipos de deformação que ocorrem quando um material é submetido a um

esforço: a elástica e a plástica. A deformação elástica não é permanente. Uma vez cessados os

esforços, o material volta a sua forma original. Esta afirmação tem caráter macroscópico, visto

que ocorrem discordâncias irreversíveis após a aplicação de uma carga.; A deformação

plástica é permanente. Cessado os esforços, o material não volta a sua forma original.

2.3.1.1 - Diagrama tensão - deformação

Durante o ensaio de tração, as máquinas de ensaio realizam a relação F x ∆ (força x

alongamento) na qual ocorre variação da carga aplicada e conseqüentemente o alongamento

(Lf - L0) do corpo de prova e se considerar que a área da seção transversal é invariável, pode-

se fazer a razão da força pela área da secção transversal inicial (F

A0

) e do alongamento pelo

comprimento inicial (L L

Lf 0

0

−), resultando o diagrama tensão - deformação (σσ x εε). A0 é

área de secção transversal inicial [mm2, cm2, ...]

16

O diagrama tensão - deformação varia muito de material para material, e ainda, para

uma mesmo material podem ocorrer resultados diferentes devido a variação de temperatura do

corpo de prova e da velocidade da carga aplicada, e principalmente pela anisotropia. Entre os

diagramas σ x ε de vários grupos de materiais é possível, no entanto, distinguir algumas

características comuns; elas nos levam a dividir os materiais em duas importantes categorias,

que são os materiais dúteis e os materiais frágeis.

FIGURA 2.5 - Comportamento dos materiais através do diagrama σσx εε.

Os materiais dúcteis, como o aço, alumínio, cobre, bronze, latão, níquel e outros, são

caracterizados por apresentarem escoamento à temperaturas normais. O corpo de prova é

submetido a carregamento crescente, e com isso seu comprimento aumenta, de início lenta e

proporcionalmente ao carregamento. Desse modo, a parte inicial do diagrama é uma linha reta

com grande coeficiente angular. Entretanto, quando é atingido um valor crítico de tensão

(tensão de escoamento - σE ), o corpo de prova sofre uma grande deformação com pouco

aumento da carga aplicada. Quando o carregamento atinge um certo valor máximo, o diâmetro

do CP começa a diminuir, devido a perda de resistência local. A esse fenômeno é dado o

nome de estricção:

Ψ =−

⋅A A

Af 0

0

100

onde:

ψ - estricção [%]

A0 - área de secção transversal inicial [mm2, cm2, ...]

Af - área da secção transversal final [mm2, cm2, ...]

17

Após ter começado a estricção, um carregamento mais baixo é o suficiente para a

deformação do corpo de prova, até a sua ruptura. A tensão σσE correspondente ao início do

escoamento é chamada de tensão de escoamento do material; a tensão σσR correspondente a

carga máxima aplicada ao material é conhecida como tensão de resistência, e a tensão σσr

correspondente ao ponto de ruptura é chamada tensão de ruptuta.

a) b)

FIGURA 2.6 - Material dúctil. a) diagrama σσ x εε; b) aspecto da fratura.

Materiais frágeis, como ferro fundido, vidro e pedra, são caracterizados por uma

ruptura que ocorre sem nenhuma mudança sensível no modo de deformação do material.

Então para os materiais frágeis não existe diferença entre tensão de resistência e tensão de

ruptura. Além disso, a deformação até a ruptura é muito menor nos materiais frágeis do que

nos materiais dúcteis. Não há estricção nos materiais frágeis e a ruptura se dá em uma

superfície perpendicular ao carregamento.

18

a) b)

FIGURA 2.7 - Material frágil. a) diagrama σσ x εε; b) aspecto da fratura.

2.3.1.2 - Propriedades mecânicas avaliadas

A figura abaixo, que representa um diagrama tensão - deformação de um material com

inclusões não-metálicas (Fe3C, AlSi, ...) em aços e algumas ligas de alumínio, mostra algumas

propriedades significantes que são:

FIGURA 2.8 - diagrama σσ x εε para ligas do tipo aço baixo carbono.

σσp - Tensão Limite de Proporcionalidade: Representa o valor máximo da tensão, abaixo do

qual o material obedece a lei de Hooke.

σσE - Tensão Limite de Escoamento: A partir deste ponto aumentam as deformações sem que

se altere, praticamente, o valor da tensão. Quando se atinge o limite de escoamento, diz-se que

o material passa a escoar-se.

19

σσR - Tensão Limite de Resistência: A tensão correspondente a este ponto recebe o nome de

limite de resistência ou resistência a tração, pois corresponde a máxima tensão atingida no

ensaio de tração.

σσr - Tensão de Ruptura: A tensão correspondente a este ponto recebe o nome de limite de

ruptura; é a que corresponde a ruptura do corpo de prova.

Região Elástica: O trecho da curva tensão - deformação, compreendido entre a origem e o

limite de proporcionalidade, recebe o nome de região elástica.

Região Plástica: Chama-se região plástica o trecho compreendido entre o limite de

proporcionalidade e o ponto correspondente a ruptura do material.

A tenacidade e o módulo de elasticidade longitudinal, geralmente representada pela

letra “E”, são duas outras propriedades mecânicas que podem ser tiradas deste diagrama

através de cálculos. A tenacidade pode ser determinada através da área da curva de tensão -

deformação com a abcissa (deformação), enquanto que o módulo de elasticidade longitudinal

é determinado através de: E tg= α . O módulo de elasticidade longitudinal só é válido para a

região que obedece a Lei de Hooke, ou seja, no regime elástico.

Lei de Hooke

No trecho inicial do diagrama da figura acima, a tensão “σ” é diretamente proporcional

à deformação “ε” e pode-se escrever: E =σε

. Essa relação é conhecida como Lei de Hooke, e

se deve ao matemático inglês Robert Hooke (1.635-1.703). O coeficiente “E” é chamado

módulo de elasticidade longitudinal, ou módulo de Young (cientista inglês, 1.773-1.829), que

é determinado pela força de atração entre átomos dos materiais, isto é, quando maior a atração

entre átomos, maior o seu módulo de elasticidade. Exemplos: Eaço = 2,1 x 104 kgf/mm2,

Ealumínio = 0,7 x 104 kgf/mm2, etc. Esta propriedade também é anisotrópica, pois depende do

material ser monocristalino, direção de crescimento do cristal, material, e no caso de

policristalino, a orientação e tamanho dos cristais (grãos). A tabela abaixo mostra o módulo de

elasticidade longitudinal de alguns materiais de engenharia.

20

Metal Módulo deElasticidadeLongitudinal

(kgf/mm2)

Liga Módulo deElasticidadeLongitudinal

(kgf/mm2)

Ferro, níquel, cobalto 21.000 Aços-carbono e aços-liga

21.000

Molibdênio,tungstênio

35.000 Aços inoxidáveisausteníticos

19.600

Cobre 11.900 Ferro FundidoNodular

14.000

Alumínio 7.000 Bronzes e latões 7.700 - 11.900

Magnésio 4.550 Bronzes de manganêse ao silício

10.500

Zinco 9.800 Bronzes de alumínio 8.400 - 13.300

Zircônio 10.150 Ligas de alumínio 7.000 - 7.450

Estanho 4.200 Monel 13.000 - 18.200

Berílio 25.700 Hastelloy 18.900 - 21.500

Ósmio 56.000 Invar (níquel-ferro) 14.000

Titânio 10.000 Inconel 16.000

Chumbo 1.750 Illium 18.700

Ródio 29.750 Ligas de titânio 11.200 - 12.100

Nióbio 10.500 Ligas de magnésio 4.550

Ouro, prata 7.850 Ligas de estanho 5.100 - 5.400

Platina 18.800 Ligas de chumbo 1.400 - 2.950

Sendo E =σε

e σ ε= ⋅E e também que σ =F

A e ε =

−L L

Lf 0

0

, pode-se tirar a

seguinte expressão para cálculos de alongamento no regime elástico: ∆ =⋅

⋅F L

A0

0 E. O

alongamento será positivo, quando a carga aplicada tracionar a peça, e será negativo quando a

carga aplicada comprimir a peça.

+∆L0

Lf

-∆

L0

Lf

⇒ ⇒ ⇐

Peça tracionada Peça comprimida

FIGURA 2.9 - Alongamentos na tração e na compressão.

21

A lei de Hooke, em toda a sua amplitude, abrange também a deformação transversal

que, em caso de CP cilíndrico, é dado por: ε t =−D D

Df 0

0

, onde “D” é a medida nominal do

diâmetro do corpo de prova submetida a ação de carga normal. O coeficiente de Poisson (νν) é

determinado pela relação νεε

=t

. Observe que o coeficiente de poisson terá um valor negativo

tanto para a tração quanto para a compressão em virtude dos sinais contrários da deformação

longitudinal e deformação transversal.

A curva de tensão - deformação descrita acima é chamada de curva de engenharia,

onde pode-se tirar valores apropriados até o momento em que se atinge a carga máxima.

Tendo em vista que a área da secção transversal diminui à medida que amplia-se a carga no

corpo de prova, e que a partir do momento que se atinge a carga máxima, começa ocorrer

fratura no sentido de dentro para fora, a área da secção transversal começa a reduzir-se de

forma brusca. Como a tensão é a razão entre força e área da secção transversal, ocorre na

realidade um aumento de tensão que obedece uma função logarítima. A figura abaixo

representa esta consideração da determinação da curva real de tensão.

ε

σ Curva real

Curva de engenharia

FIGURA 2.10 - Curvas de tensões reais e de engenharia.

A tensão real, σreal , é definida por: σ real =F

A, onde “F” e “A” são as forças e áreas da

secção transversal em cada instante. Da mesma forma, pode-se definir a deformação

longitudinal real a cada instante dado por: ε real L

L d= =

L

L

L

L0 00

ln . Supondo que a deformação

22

ao longo do corpo de prova seja uniforme e admitindo-se volume constante pode-se

demonstrar que: ( )ε εreal = ln 1+ ; ( )σ σ εreal = +1 .

2.3.1.3 - Corpos de prova

O ensaio de tração é feito em corpos de prova com características especificadas de

acordo com normas técnicas. Geralmente utilizam-se corpos de prova de seção circular ou de

seção retangular. Estas condições dependem dos acessórios da máquina de ensaio de tração e

também dependem da forma e tamanho do produto acabado do qual foram retirados, como

mostram as figuras a seguir.

FIGURA 2.11 - Máquina de ensaio e registrador.

23

FIGURA 2.12 - Corpos de prova.

A parte útil do corpo de prova, identificada no desenho anterior por L0, é a região onde

são feitas as medidas das propriedades mecânicas do material. As cabeças são as regiões

extremas, que servem para fixar o corpo de prova à máquina de modo que a força de tração

atuante seja axial. Devem ter seção maior do que a parte útil para que a ruptura do corpo de

prova não ocorra nelas. Suas dimensões e formas dependem do tipo de fixação à máquina. Os

tipos de fixação mais comuns são: cunha, rosca, flange.

FIGURA 2.13 - Tipos de fixação.

Entre as cabeças e a parte útil há um raio de concordância para evitar que a ruptura

ocorra fora da parte útil do corpo de prova. O comprimento da parte útil dos corpos de prova

utilizados nos ensaios de tração deve corresponder a 5 vezes o diâmetro da seção da parte útil.

Sempre que possível um corpo de prova deve ter 10 mm de diâmetro e 50 mm de

comprimento inicial. Não sendo possível a retirada de um corpo de prova deste tipo, deve-se

24

adotar um corpo com dimensões proporcionais a essas medidas. Corpos de prova com seção

retangular são geralmente retirados de placas, chapas ou lâminas. Suas dimensões e

tolerâncias de usinagem são normalizadas pela ISO/ R377 enquanto não existir norma

brasileira correspondente. A norma brasileira (NBR - 6152, dez./1980) somente indica que os

corpos de prova devem apresentar bom acabamento de superfície e ausência de trincas.

Em materiais soldados, podem ser retirados corpos de prova com a solda no meio ou

no sentido longitudinal da solda, figura abaixo. Os ensaios dos corpos de prova soldados

normalmente determinam apenas o limite de resistência à tração. Ao efetuar o ensaio de tração

de um corpo de prova com solda, tensiona-se simultaneamente dois materiais de propriedades

diferentes (metal de base e metal de solda). Os valores obtidos no ensaio não representam as

propriedades nem de um nem de outro material, pois umas são afetadas pelas outras. O limite

de resistência à tração também é afetado por esta interação, mas é determinado mesmo assim

para finalidades práticas.

Para preparar o corpo de prova para o ensaio de tração deve-se medir o diâmetro do

corpo de prova em vários pontos na parte útil, utilizando um micrômetro, e calcular a média.

Por fim, deve-se traçar as divisões no comprimento útil. Em um corpo de prova de 50 mm de

comprimento, as marcações devem ser feitas de 5 em 5 mm.

FIGURA 2.14 - Preparação de corpo de prova.

25

Após o ensaio, junta-se da melhor forma possível, as duas partes do corpo de prova.

Procura-se o risco mais próximo da ruptura e conta-se a metade das divisões (n/2) para cada

lado. Mede-se então o comprimento final, que corresponde à distância entre os dois externos

dessa contagem. Este é o método para determinar o comprimento final quando a ruptura

ocorre no centro da parte útil do corpo de prova.

FIGURA 2.15 - Ruptura do corpo de prova no centro.

Quando a ruptura ocorre fora do centro, de modo a não permitir a contagem de n/2

divisões de cada lado, deve-se adotar o seguinte procedimento normalizado:

• Toma-se o risco mais próximo da ruptura.

• Conta-se n/2 divisões de um dos lados.

• Acrescentam-se ao comprimento do lado oposto quantas divisões forem necessárias para

completar as n/2 divisões.

A medida de Lf será a somatória de L’+ L”, conforme mostra a figura a seguir.

FIGURA 2.16 - Ruptura do corpo de prova fora de centro.

26

2.3.1.4 - Limite de escoamento: valores convencionais

O limite de escoamento é, em algumas situações, alternativo ao limite elástico, pois

também delimita o início da deformação permanente (um pouco acima). Ele é obtido

verificando-se a parada do ponteiro na escala da força durante o ensaio e o patamar formado

no gráfico exibido pela máquina. Com esse dado é possível calcular o limite de escoamento

do material. Entretanto, vários metais não apresentam escoamento, e mesmo nas ligas em que

ocorre ele não pode ser observado, na maioria dos casos, porque acontece muito rápido e não

é possível detectá-lo. Por essas razões, foram convencionados alguns valores para determinar

este limite. O valor convencionado (n) corresponde a um alongamento percentual. Os valores

de uso mais freqüente são:

• n = 0,2%, para metais e ligas metálicas em geral;

• n = 0,1%, para aços ou ligas não ferrosas mais duras;

• n = 0,01%. para aços-mola e ferros fundidos.

Graficamente, o limite de escoamento dos materiais citados pode ser determinado pelo

traçado de uma linha paralela ao trecho reto do diagrama tensão-deformação, a partir do ponto

“n”. Quando essa linha interceptar a curva, o limite de escoamento estará determinado, como

mostra a figura abaixo.

FIGURA 2.17 - Determinação do Limite de Escoamento.

27

2.3.2 - ENSAIO DE COMPRESSÃO

O ensaio de compressão consiste em submeter uma peça ou corpo de prova a um

esforço que tende a encurtá-lo até a ruptura, desta forma, é possível conhecer como os

materiais reagem aos esforços ou cargas de compressão. O ensaio de compressão é o mais

indicado para avaliar essas características, principalmente quando se trata de materiais frágeis,

como ferro fundido, madeira, pedra e concreto. É também recomendado para produtos

acabados, como molas e tubos.

F

A

F

F

σ =F

A

FIGURA 2.18 - Esquema da compressão.

Não se costuma utilizar ensaios de compressão para os metais, em virtude que a

resistência compressão é aproximadamente igual a da tração. Nos ensaios de compressão, os

corpos de prova são submetidos a uma força axial para dentro, distribuída de modo uniforme

em toda a seção transversal do corpo de prova. Do mesmo modo que o ensaio de tração, o

ensaio de compressão pode ser executado na máquina universal de ensaios, com a adaptação

de duas placas lisas — uma fixa e outra móvel. E entre elas que o corpo de prova é apoiado e

mantido firme durante a compressão. As relações matemáticas para a tração valem também

para a compressão, isso significa que um corpo submetido a compressão também sofre uma

deformação elástica seguido de uma deformação plástica. Nos ensaios de compressão, a lei de

Hooke também vale para a fase elástica da deformação, e é possível determinar o módulo de

elasticidade para diferentes materiais.

28

2.3.2.1 - Limitações do ensaio de compressão

O ensaio de compressão não é muito utilizado para os metais em razão das

dificuldades para medir as propriedades avaliadas neste tipo de ensaio. Os valores numéricos

são de difícil verificação, podendo levar a erros. Um problema que sempre ocorre no ensaio

de compressão é o atrito entre o corpo de prova e as placas da máquina de ensaio.

a) b)

FIGURA 2.19 - Ensaio de compressão. a) normal; b) flambagem.

A deformação lateral do corpo de prova é barrada pelo atrito entre as superfícies do

corpo de prova e da máquina. Para diminuir esse problema, é necessário revestir as faces

superior e inferior do corpo de prova com materiais de baixo atrito (parafina, teflon etc).

Outro problema é a possível ocorrência de flambagem, isto é, encurvamento do corpo de

prova. Isso decorre da instabilidade na compressão do metal dúctil. Dependendo das formas

de fixação do corpo de prova, há diversas possibilidades de encurvamento, conforme mostra a

figura acima.

A flambagem ocorre principalmente em corpos de prova com comprimento maior em

relação ao diâmetro. Por esse motivo, dependendo do grau de ductilidade do material, é

necessário limitar o comprimento dos corpos de prova, que devem ter de 3 a 8 vezes o valor

de seu diâmetro. Em alguns materiais muito dúcteis esta relação pode chegar a 1:1 (um por

um). Outro cuidado a ser tomado para evitar a flambagem é o de garantir o perfeito

paralelismo entre as placas do equipamento utilizado no ensaio de compressão. Deve-se

29

centrar o corpo de prova no equipamento de teste, para garantir que o esforço de compressão

se distribua uniformemente.

2.3.2.2 - Ensaio de compressão em materiais dúcteis

Nos materiais dúcteis a compressão vai provocando uma deformação lateral

apreciável. Essa deformação lateral prossegue com o ensaio até o corpo de prova se

transformar num disco, sem que ocorra a ruptura. Em virtude disto é que o ensaio de

compressão de materiais dúcteis fornece apenas as propriedades mecânicas referentes à zona

elástica. As propriedades mecânicas mais avaliadas por meio do ensaio são: limite de

proporcionalidade, limite de escoamento e módulo de elasticidade.

FIGURA 2.20 - Ensaio de compressão em materiais dúcteis.

2.3.2.3 - Ensaio de compressão diametral

Para materiais com elevado módulo de elasticidade, que é o caso de muitos materiais

metálicos e cerâmicos, a teoria mais conhecida é a teoria das tensões de Hertz ou tensões de

contato, amplamente utilizada no dimensionamento de elementos de máquinas, onde temos

situações estabelecendo superfícies planas e curvas em contato, pressionadas umas contra

outras, resultando um estado triaxial de tensões. Quando isto ocorre, o ponto ou linha de

contato passa a ser efetivamente a área de contato, desenvolvendo-se nestas regiões tensões

tridimensionais, como, por exemplo, tensões de contato entre uma roda e um trilho, ou entre

duas rodas dentadas. A figura abaixo mostra o esquema do método do Ensaio de Compressão

Diametral que é baseado nas normas brasileiras ABNT MB-212/58 e NBR-7222/83.

30

P P

PP

LD

FIGURA 2.21 - Esquema de esforços aplicados em um corpo de prova cilíndrico de

dimensões D e L.

A medida da força de ruptura nos permite determinar a tensão limite de resistência à

tração simples, ou seja, a tensão de tração de ruptura, de acordo com a equação: σπ

=⋅

⋅ ⋅2 P

D L,

onde: σ é a tensão limite de resistência à tração simples [MPa], P é a carga de ruptura [N], D é

o diâmetro [mm] do corpo de prova e L [mm] é a espessura do corpo de prova.

As distribuições de tensões estão representadas na figura abaixo.

P

P

FIGURA 2.22 - Representação esquemática da distribuição das tensões de compressão e

de tração.

Ensaios de achatamento de tubos — Consiste em colocar uma amostra de um segmento de

tubo deitada entre as placas da máquina de compressão e aplicar carga até achatar a amostra.

O ensaio aplicado é o de compressão diametral. A distância final entre as placas, que varia

conforme a dimensão do tubo, deve ser registrada. O resultado é avaliado pelo aparecimento

ou não de fissuras, ou seja, rachaduras, sem levar em conta a carga aplicada. Este ensaio

31

permite avaliar qualitativamente a ductilidade do material, do tubo e do cordão de solda do

mesmo, pois quanto mais o tubo se deformar sem trincas, mais dúctil será o material.

Ensaios em molas — Para determinar a constante elástica de uma mola, ou para verificar sua

resistência, faz-se o ensaio de compressão. Para determinar a constante da mola, constrói-se

um gráfico tensão-deformação, obtendo-se um coeficiente angular que é a constante da mola,

ou seja, o módulo de elasticidade. Por outro lado, para verificar a resistência da mola,

aplicam-se cargas predeterminadas e mede-se a altura da mola após cada carga.

FIGURA 2.23 - Ensaios em molas.

• Exercícios resolvidos

1) Um aço de baixo carbono (SAE 1010) tem como tensão de ruptura 40 Kgf/mm2.Considerando que o corpo de prova tem diâmetro nominal de 10 mm, qual será a força deruptura?

a) Dados:

σr = 40 Kgf/mm2

D = 10 mm

Fr = ?

b) Fórmulas:

σ =F

A

AD

=π 2

4

c) Solução:

[ ]A

D= =

⋅=

π π2 2

4 478 5

10 mm mm2,

σ σ= ⇔ = ⋅F

AF A

F A= ⋅ = ⋅σ 40Kgf

mm78,5 mm2

2

F = 3.140 Kgf

32

2) Considerando que um corpo de prova de aço SAE 1070 tem um diâmetro nominal de 15mm e a força com que o material se rompeu foi de 16.570 Kgf. Qual é a tensão de traçãode ruptura (em MPa) que este aço apresenta?

a) Dados:

σr = ?

D = 15 mm

Fr = 7.800 Kgf

b) Fórmulas:

σ =F

A

AD

=π 2

4

c) Solução:

[ ]A

D= =

⋅=

π π2 2

4 4176 625

15 mm mm2,

σ = = =F

A

16570 Kgf

176,625 mm93

Kgf

mm2 2,8

σ = =93 Kgf

mm920,3 MPa2,8

3) Calcule a deformação sofrida por um corpo de prova de 15 cm de comprimento e que apóso ensaio de tração apresentou 16 cm de comprimento.

a) Dados:

lo = 15 cm

lf = 16 cm

ε = ?

b) Fórmulas:

ε =−l l

l

f o

o

c) Solução:

ε =−l l

l

f o

o

ε =−

=−

= ⋅ −l l

l

f o

o

16 15

156 67 10 2,

4) Uma liga de alumínio possui um Módulo de Elasticidade Longitudinal de 7.040 Kgf/mm2

e um limite de escoamento de 28 Kgf/mm2. Pede-se:

• Qual a carga que pode ser suportado por um fio de 1,74 mm de diâmetro sem que ocorradeformação permanente?

33

a) Dados:

σe = 28 Kgf/mm2

D = 1,74 mm

Fe = 7.800 Kgf

b) Fórmulas:

σ =F

A

AD

=π 2

4

c) Solução:

( )A

D=

⋅=

⋅=

π π2 2

4 4

1,74 mm2,377 mm2

σ σ= ⇒ = ⋅ = ⋅F

AF A 28

Kgf

mm2,377 mm2

2

F A= ⋅ =σ 66,54 Kgf

• Se uma carga de 44 kgf é suportada por um fio de 3,05 mm de diâmetro, qual será adeformação?

a) Dados:

E = 7.040 Kgf/mm2

ε = ?

σ = ?

F = 44 Kgf

D = 3,05 mm

b) Fórmulas:

E =σε

AD

=π 2

4

σ =F

A

σ ε= ⋅ E

c) Solução:

34

( )A

D= =

⋅=

π π2 2

4 4

3,05 mm7,30 mm2

σ = = =F

A

44 Kgf

7,30 mm6,02

Kgf

mm2 2

EE

= ⇒ =σε

εσ

εσ

= = = ⋅ −

E

6,02 Kgfmm

7.040 Kgfmm

2

2

8 55 10 4,

• Exercícios propostos

1) Explique o comportamento de materiais dúteis e frágeis utilizando diagrama σ x ε.

2) Mostre esquematicamente os estágios na formação taça-cone e explique resumidamente.

3) Por que se deve garantir o paralelismo entre as placas da máquina de ensaio e limitar ocomprimento dos corpos de prova nos ensaios de compressão?

4) O que é tenacidade?

5) Por quê se faz ensaios de materiais?

6) Cite 4 tipos de ensaios destrutivos!

7) O que é Módulo de Elasticidade Longitudinal?

8) O Que é limite de escoamento?

9) O que é deformação plástica?

10) Como se mede a tenacidade em um diagrama σ x ε?

11) O que é flambagem?

12) Um aço de médio carbono que apresenta o Módulo de Elasticidade Longitudinal de21.000 Kgf/mm2 e Tensão de escoamento de 31,5 Kgf/mm2, qual é a máximadeformação que o material pode apresentar obedecendo o regime elástico?

Resposta: ε = 0,15%

13) Qual é a tensão limite de resistência à compressão de um material que tem 400 mm2 deárea da seção transversal e se rompeu com uma carga de 760 KN?

Resposta: σ = 1.900MPa

14) Uma barra de alumínio de possui uma secção transversal quadrada com 60 mm de lado, oseu comprimento é de 0,8m. A carga axial aplicada na barra é de 30 kN. Determine o seualongamento. Eal = 0,7x105 MPa.

Resposta: ∆ = 0,095mm

35

2.3.3 - ENSAIO DE FLEXÃO

O ensaio de flexão é geralmente feito de modo a reproduzir, no laboratório, as

condições da prática. Desse modo, é possível criar várias maneiras de se efetuar esse ensaio,

desde que a peça possa ser adaptada diretamente em uma máquina comum. Muitas vezes, são

feitos ensaios de flexão em produtos contendo partes soldadas ou unidas por qualquer tipo de

junção, e a carga é aplicada próximo à extremidade de uma das partes até que haja inicio de

ruptura na junção, ficando a outra extremidade presa por meio de dispositivos; assim, pode-se

verificar até que esforço de flexão a peça pode sofrer sem se romper. Materiais frágeis como

ferro fundido cinzento, aços-ferramenta ou carbonetos sinterizados são frequentemente

submetidos a um tipo de ensaio de dobramento, denominado dobramento transversal, que

mede sua resistência e ductilidade (além da possibilidade de se avaliar também a tenacidade e

resiliência desses materiais). Entretanto, sempre que possível, o ensaio de tração também deve

ser realizado, ficando o dobramento transversal como uma espécie de ensaio substituto.

Quanto mais duro for o material, maior aplicação terá esse ensaio, porque a facilidade de

execução torna-o mais rápido que a usinagem de um corpo de prova para ensaio de tração. No

entanto, para materiais muito frágeis, os resultados obtidos são muito divergentes, variando

até 25% de modo que, para esses casos, deve-se fazer sempre vários ensaios para se

estabelecer um valor médio.

2.3.3.1 - Significado de flexão

Flexão é a solicitação que tende a modificar a direção do eixo geométrico de uma peça.

A flexão de uma barra pode ser obtida nas seguintes condições:

• a barra pode ter suas duas extremidades engastadas;

• as duas apoiadas;

• uma engastada e outra apoiada;

• em balanço;

36

Por outro lado, a carga defletora pode ser:

• concentrada ou distribuída;

• estar aplicada numa das extremidades;

• no meio ou em um ponto qualquer.

Além disso, a barra pode ser vertical ou horizontal. Os casos mais simples são:

• flexão plana circular;

• flexão plana normal.

Quando se tem uma barra de secção retangular de comprimento “L”, altura “a”, e

largura “b” da secção normal, e no centro está aplicado uma força cortante “F”, conforme

indica a figura abaixo. Os elementos internos da barra estarão sujeitos a um sistema de tensões

de compressão e tração, mas há um plano em que não há tensão, ou seja, tensão resultante é

zero. Este plano geralmente é denominado de linha neutra.

F

F FFFFF Ff

FIGURA 2.24 - Flexão em uma barra de secção retangular.

37

FIGURA 2.25 - Elemento da barra submetido a flexão.

A tensão fletora é dada pela expressão matemática σ = ±⋅M c

If

, onde: σ é a tensão

fletora (tensão normal de compressão ou de tração); Mf é o momento fletor; I é o momento de

inércia da secção transversal; c é a distância da linha neutra a fibra mais afastada. O sinal

positivo e negativo corresponde as tensões de tração e de compressão respectivamente.

Na “linha neutra”, vista sob um plano, a tensão resultante é zero.

No caso de flexão pura, como o caso descrito acima, a linha neutra torna a forma de

um arco de circunferência em circular plana, onde cada secção infinitesimal da barra está em

equilíbrio sob a ação de momentos fletores iguais e opostos, de módulo Mf. a flecha “f ”do

arco de circunferência (deflexão da barra) é dada pela expressão matemática: fE I

= ⋅⋅⋅

1

48

F L,

onde “E” é o módulo de elasticidade longitudinal ou módulo de Young, “I ” é o módulo de

flexão plana ou momento de inércia, que cada perfil tem seu valor próprio. Quanto maior for o

momento de inércia da secção retangular menor será a flexão, para um dado material e um

determinado momento fletor. Isto significa que a posição da viga tem grande influência na

resistência a flexão. A figura abaixo mostra o caso da flexão plana normal produzida por uma

força “F” aplicada na extremidade livre de uma barra de balanço, com uma extremidade

engastada.

38

FIGURA 2.26 - Viga em balanço com engaste rígido sendo fletida por uma força Faplicada em sua extremidade.

Neste caso, não se tem uma flexão pura, mas uma combinação de flexão e

cisalhamento, devido à reação do engaste rígido que, no equilíbrio, equivale a uma força F’,

igual e oposta a F, mais um momento binário oposto ao gerado pelo par FF’. Existe ainda um

caso de flexão, a flanbagem, muito freqüente e importante no cálculo de estruturas metálicas e

concreto armado, que é aquele provocado por uma carga vertical aplicada numa barra vertical,

quando esta foge levemente de sua posição axial. O equilíbrio, que inicialmente era

conseguido por compressão axial da barra, se rompe quando o esforço aplicado foge

ligeiramente da área da secção retangular, produzindo uma flexão crescente e quase que

incontrolável.

Em primeira deformação e dentro de um campo limitado de deformações, os corpos

sólidos reais obedecem à lei de Hooke. As deformações perfeitamente elásticas em geral só

ocorrem no início do processo. Com o tempo, o esforço e a deformação atingem valores

assintóticos, podendo haver a ruptura do material, a fadiga do mesmo, ou a variação da sua

tensão elástica, em que, após a aplicação sucessiva de esforços de tração ou compressão,

permanece uma deformação residual; o efeito de esfoliação ou clivagem em placas em

determinadas direções e em certos materiais cristalinos, como, por exemplo, a calcita e a

mica. No dimensionamento das peças à flexão admitem-se apenas deformações elásticas. A

tensão de trabalho é fixada pelo fator de segurança ou pela tensão admissível. A fórmula da

tensão é aplicada nas secções onde pode haver ruptura do material, ou seja , nas regiões que se

tem momento fletor máximo que produzirá tensões de compressão e de tração máximas, a

qual poderá ser superior a tensão de resistência do material. O momento de inércia de uma

39

secção retangular segundo um sistema de eixo carteziano “YZ” é: I y =⋅a b3

12 (em relação ao

eixo Y) e Iz =⋅b a3

12 (em relação ao eixo Z). Para uma secção circular, o momento de inércia

em relação ao eixoY ou Z é: I =⋅π D4

64, onde “D” é o diâmetro da secção circular.

2.3.3.2 - Método do ensaio de flexão

A resistência à flexão é definida como a tensão máxima de tração na ruptura e é

denominado freqüentemente como módulo de ruptura, “MOR” , do inglês “modulus of

rupture”. A resistência a flexão é determinada através de fórmulas acima descritas e envolve

cálculos de resistência dos materiais para a determinação do momento fletor máximo. Há

atualmente dois ensaios empregados: o método de ensaio a três pontos, e o método de ensaio

de quatro pontos. As figuras abaixo esquematizam estes métodos.

F

L

Diagrama de momento fletor

Distribuição de cargas

Para secção retangular abaixo com as dimensões dos lados: MOR = ⋅⋅⋅

3

2

F L

b a2

b

a

FIGURA 2.27 - Método de flexão a três pontos.

40

F

L

Diagrama de momento fletor

Distribuição de cargas

F

dd

Para secção retangular abaixo com as dimensões dos lados: MOR = ⋅⋅

⋅3

F d

b a2

b

a

FIGURA 2.28 - Método de flexão a quatro pontos.

O ensaio flexão é feito, geralmente, com corpo de prova constituído por uma barra de

secção circular ou retangular para facilitar os cálculos, com um comprimento especificado. O

ensaio consiste em apoiar o corpo de prova sob dois apoios distanciados entre si de uma

distancia “L”, sendo a carga de dobramento ou de flexão aplicada no centro do corpo de prova

a uma distância L/2 de cada apoio (método de ensaio a três pontos). A carga deve ser elevada

lentamente até romper o corpo de prova. Desse ensaio, pode-se também retirar outras

propriedades do material, como o módulo de ruptura “MOR” ou resistência ao dobramento,

que é o valor máximo da tensão de tração ou compressão nas fibras extremas do corpo de

prova durante o ensaio de flexão (ou torção). Se a ruptura ocorrer dentro da zona elástica do

material, MOR representará, pois, a tensão máxima na fibra externa; caso ocorra na zona

plástica, o valor obtido para MOR é maior que a tensão máxima realmente atingida, porque a

expressão é determinada para uma distribuição linear (elástica) de tensão entre o eixo da barra

e as fibras externas. O valor do módulo de ruptura também pode ser relacionado com o limite

de resistência do material.

41

Outra propriedade possível de ser medida é o módulo de elasticidade do material,

isolando “E ” da equação: fE I

= ⋅⋅⋅

1

48

F L, onde “f ” (deflexão) medida para cada carga F

aplicada, deve ser corrigida também em caso de secção circular devido a excentricidade

possível do diâmetro do corpo de prova. Nesse caso, então, é preciso medir a deflexão da

barra, com o acréscimo de carga, com um micrômetro ou outro medidor preciso de

deformação.

2.3.4 - ENSAIO DE DUREZA

A propriedade mecânica denominada dureza é amplamente utilizada na especificação

de materiais, nos estudos e pesquisa mecânicas e metalúrgicas e na comparação de diversos

materiais. Entretanto, o conceito de dureza não têm um mesmo significado para todas a

pessoas que tratam com essa propriedade. O conceito divergente da dureza depende da

experiência de cada um ao estudar o assunto. Para um metalurgista, dureza significa a

resistência à deformação plástica permanente; um engenheiro define a dureza como a

resistência à penetração de uma material duro no outro; para um projetista, a dureza é

considerada uma base de medida para o conhecimento da resistência e do tratamento térmico

ou mecânico de um metal e da sua resistência ao corte do metal; e para um mineralogista, a

dureza é a resistência ao riscamento que um material pode fazer no outro. Assim, não é

possível encontrar uma definição única de dureza que englobe todos os conceitos acima

mencionados, mesmo porque para cada um desses sgnificados de dureza, existem um ou mais

tipos de medidas adequados. Sob esse ponto de vista, pode-se dividir o ensaio de dureza em

três tipos principais, que dependem da maneira com que o ensaio é conduzido que são: por

penetração; por choque e por riscamento. O riscamento é raramente usado para os metais,

mas bastante utilizado em cerâmicos. Com esse tipo de medida de dureza, vários minerais e

outros materiais são relacionados quanto à possibilidade de um riscar o outro. A escala de

dureza mais antiga para esse tipo é a escala de Mohs (1.822), que consiste em uma tabela de

10 minerais padrões arranjados na ordem crescente da possibilidade de ser riscado pelo

mineral seguinte. Assim, verifica-se que o talco (1) - tem dureza Mohs (isto é, pode ser

42

riscado por todos os outros seguintes), seguindo-se a gipsita (2), calcita (3), fluorita (4),

apatita (5), ortoclásio (6), quartzo (7), topázio (8), safira (9) e diamante (10). Desse modo, por

exemplo, o quartzo risca o ortoclásio e é riscado pelo topázio. O cobre recozido tem dureza

Mohs 3, pois ele risca a gipsita e é riscado pela fluorita; a martensita tem dureza Mohs

aproximadamente igual a 7, e assim por diante.

1 talco Mg3H2Si4O12

2 gipsita CaSO4 . 2H2O

3 calcita CaCO3

4 fluorita CaF2

5 apatita CaF (PO4)3

6 ortoclásio KAISio4

7 quartzo Sio2

8 topázio A12F2SiO2

9 corinto A12 O3

10 diamante C

Tabela de escala de dureza Mohs.

Para os metais, essa escala não é conveniente, porque os seus intervalos não são

propriamente espaçados para ele, principalmente na região de altas durezas e a maioria dos

metais fica entre as durezas Mohs 4 e 8, sendo que pequenas diferenças de dureza não são

precisamente acusadas por esse método.

Martens (1.890) definiu dureza por risco como a carga em gramas-força sob a qual um

diamante de ângulo de 90º produziria um risco de 0,01 mm de largura numa material

qualquer. Hanpkins (1.923) alterou o ângulo acima para uma forma em V com ângulo

podendo variar entre 72º e 90º e o modo de medir a dureza, como sendo o quociente entre a

carga menos uma constante que dependeria do ângulo e o quadrado da largura obtida menos

esses valores medidos em gramas-força e milímetros. Bergsman (1.951) introduziu um outro

tipo de dureza por risco, que mede a profundidade ou mesmo a largura de um risco feito com

uma determinada carga aplicada num diamante sobre um material de dureza desconhecida. A

medida dessa profundidade seria a dureza do material, Um outro tipo semelhante é a

43

microdureza Bierbaum por risco feito com um diamante de formato igual a um canto de cubo,

com um ângulo de contato de cerca de 35º e com uma carga igual a 3 gramas-força na

superfície polida e atacada de um metal. Mede-se por meio de um microscópio a dureza,

lendo-se a largura do risco, conforme a fórmula K = 104 / λ², onde K é a dureza Bierbaum e λ

é a largura medida em mícrons.

Esses métodos seriam úteis para a medição da dureza relativa de microconstituintes de

uma liga metálica, mas não são métodos de medida precisa ou de boa reprodução, sendo mais

usados no ramo da Mineralogia.

Os dois primeiros tipos de dureza (por penetração e por choque) são mais usados no

ramos da Metalurgia e da Mecânica, sendo que a dureza por penetração é a mais utilizada e

citada nas especificações técnicas. Serão vistos com mais detalhes as durezas por penetração

Brinell, Rockwell, Vickers, Knoop e Meyer e a dureza por choque Shore (escleroscópica).

2.3.4.1 - Dureza Brinell

A dureza por penetração, proposta por J. A. Brinell em 1.900, denominada dureza

Brinell e simbolizada por HB, é o tipo de dureza mais usado até os dias de hoje na

Engenharia. O ensaio de dureza Brinell consiste em comprimir lentamente uma esfera de aço,

de diâmetro D, sobre a superfície plana, polida e limpa de um metal através de uma carga Q

durante um tempo t. Essa compressão provocará uma impressão permanente no metal com o

formato de uma calota esférica, com um diâmetro d, o qual é medido por intermédio de um

micrômetro óptico (microscópio ou lupa graduados), depois de removida a carga. O valor de d

deve ser tomado como média de duas leituras feitas a 90º uma da outra. A dureza Brinell é

definida, em N/mm² (ou kgf/mm²), como o quociente entre a carga aplicada pela área de

contato (área superficial), S, a qual é relacionada com os valores D e d, conforme a expressão:

44

)(

2

. 22 dDDD

Q

pD

Q

S

QHB

C −−===

ππ

Sendo p a profundidade da impressão.

Inicialmente J. A. Brinell propôs uma carga, Q, igual a 3.000 kgf e uma esfera de aço

com 10 mm de diâmetro e as tabelas existentes, que fornecem diretamente a dureza Brinell

calculada pela equação acima para cada valor de d, são na maioria baseadas nesses dois

valores de Q e D. Entretanto, para metais mais moles, a carga pode ser diminuída para evitar

uma impressão muito grande ou profunda e, para peças muito pequenas, pode-se também

diminuir o valor de D, a fim de que a impressão não fique muito perto das bordas do corpo de

prova. Essa alterações em Q e em D devem ser feitas obedecendo-se um certo critério, que

deverão obedecer aos métodos de ensaio existentes. Para metais excessivamente duros (HB

maior que 500kgf/mm²), substitui-se a esfera de aço por esfera carboneto de tungstênio para

minimizar a distorção da esfera, o que acarretaria em valores falsos para d e, portanto, para

HB. O tempo, t, é geralmente de 30 segundos, conforme as normas, mas poder ser aumentado

para até 60 segundos, como no caso de metais de baixo ponto de fusão, como por exemplo o

chumbo e suas ligas (HB<60), onde pode ocorrer o fenômeno de fluência (creep) durante a

aplicação da carga onde um tempo curto poderia não ser suficiente para dar uma calota

esférica que realmente forneça uma indicação correta da verdadeira deformação plástica do

metal. Há normas, entretanto, que exigem apenas um tempo de 15 ou 10 segundos, em vez

dos 30 segundos normais, como por exemplo as normas inglesas da British Standards para

metais duros (HB>300).

A unidade N/mm² ou kgf/mm², que deveria ser sempre colocada após o valor de HB,

pode ser omitida, uma vez que a dureza Brinell não é um conceito físico satisfatório, porque a

equação que fornece a dureza Brinell não leva em consideração o valor médio da pressão

sobre toda a superfície da impressão, que é o que realmente deveria ser observado. A

localização de uma impressão Brinell deve ser tal que mantenha um afastamento das bordas

do corpo de prova de no mínimo duas vezes e meia o diâmetro, d, obtido, para evitar, em

45

ambos os casos, degenerações laterais e de profundidade, falseando o resultado. A distância

ente duas impressões Brinell deve ser no mínimo igual a 5d.

A peça a ser ensaiada deve estar muito bem apoiada, para se evitar algum

deslocamento quando for aplicada a carga. Caso haja alguma movimentação da peça durante e

ensaio, este fica invalidado. Esse procedimento vale também para outros tipos de dureza, que

serão descritos mais adiante. A limitação do uso da carga de 3.000 kgf com esfera de 10 mm

de diâmetro proposta por Brinell pode ser contornada, considerando que se duas impressões

feitas com cargas e esferas diferentes fores semelhantes, os ângulos φ, que o centro das esferas

faz com a impressão, são iguais, isto é:

send

D

d

Dcte

φ2

1

1

2

2

= = =

FIGURA 2.29 - Ângulo φφ nas impressões Brinell .

Assim, para materiais homogêneos o uso de esferas de diâmetros diferentes e com

cargas variáveis permite obter o mesmo valor da dureza, desde que a relação Q/D², fator de

carga, seja constante. Estudos de Meyer, verificou-se que os valores de dureza Brinell obtidos

com diversas Q variavam muito pouco, desde que o diâmetro, d, da impressão ficasse no

intervalo de 0,25d-0,5d (sendo considerada a impressão ideal se o valor de d ficar na média

46

entre esse dois valores), isto é, para obter um diâmetro de impressão dentro do intervalo acima

citado, deve-se manter a relação entre a carga Q e o quadrado do diâmetro da esfera do

penetrador D2. Para padronizar o ensaio, foram fixados valores de carga de acordo com a faixa

de dureza e o tipo de material. A tabela abaixo mostra os principais fatores de carga utilizados

e as respectivas faixas de dureza e indicações. As esferas geralmente usadas (esferas padrões)

têm diâmetros de 1, 2, 5 e 10 mm e os valores fixados para a relação são:

Q/D² DUREZA (HB) MATERIAL

30 90 - 415 Aços e ferros fundidos

10 30 - 140 Cobre e alumínio (ligas duras)

5 15 - 70 Cobre e alumínio (ligas moles)

2,5 até 30 Chumbo, estanho, antimônio

Desse modo, obtém-se o valor da carga necessária, isto é, no caso da relação Q/D² =

30, com esfera de 5 mm, deve-se aplicar uma carga de 750 kgf durante 30 segundos e

analogamente para os outros casos. Em todos os casos, porém, ao ser fornecido um valor de

dureza Brinell, deve-se mencionar qual a carga usada, qual o diâmetro da esfera e em certos

casos, quando necessário, o tempo de manutenção da carga, da seguinte forma: 85HB

10/1.000/30, que significa dureza 85 HB, medido com uma esfera de 10 mm, carga utilizada

de 1.000 kgf, e tempo de aplicação 30 s.

Antes de executar o ensaio, é necessário ter uma idéia da dureza, principalmente

quando o material a ser medido for fina. Recomenda-se que a espessura do material deve ser

no mínimo 17 vezes a profundidade de impressão p, portanto, faz-se um calculo preliminar da

profundidade de penetração utilizando a equação: pQ

D HB=

⋅ ⋅π.

Limitações do ensaio

Quando é aplicada a carga, Q, na superfície do metal, esse é deformado plasticamente

e ao ser retirada a carga, há sempre uma recuperação elástica, de modo que o diâmetro da

47

impressão não é o mesmo quando a esfera está em contato com o metal, havendo um aumento

do raio de curvatura da impressão. Essa recuperação será tanto maior quanto mais duro for o

metal, porque os metais muito duros possuem zona plástica reduzida, tendo pois pouca

deformação plástica. Portanto, a recuperação elástica é uma fonte de erros na determinação da

dureza. Para um metal recozido que tenha grande capacidade de encruamento, pode acontecer

que o diâmetro da impressão real seja diferente do diâmetro medido, devido a uma

“amassamento” do metal pela esfera que mascara a calota esférica obtida. Esse erro pode às

vezes ser contornado, usando-se o método de pintar a superfície da esfera com um pigmento

escuro para que o contorno da esfera fique nítido no metal. No caso inverso, em metais

trabalhados a frio com pequena capacidade de encruamento, pode ocorrer uma aderência das

bordas do metal na esfera, de modo que o diâmetro medido fica maior que o diâmetro real.

Quando uma impressão é distorcida (metais muito moles), deve-se diminuir a carga

para tentar obter uma impressão a mais circular possível, mas isso nem sempre é fácil de se

conseguir, de modo que a média dos valores d pode não indicar com precisão a verdadeira

dureza do metal. Em geral, pode-se aceitar uma variação dos dois diâmetros, d, medidos a 90º

um do outro, de até 0,06 mm. No caso inverso (metais muito duros), pode ocorrer alguma

deformação da esfera de aço, que aproximadamente, deve ter uma dureza mais que 2,5 vezes a

dureza do corpo de prova, a fim de evitar essa deformação causadora de erros. Não sendo

possível conseguir-se uma esfera com tal dureza, utiliza-se esfera de carboneto de tungstênio

sintetizado.

A dureza Brinell não serve para peças que sofreram tratamento superficial

(cementação, nitretação, etc.). Superfícies não planas não são propícias para o ensaio Brinell,

pois acarreta erro na leitura do diâmetro, d. Em geral, admite-se o ensaio em uma superfície

com o diâmetro 10 vezes o diâmetro da esfera utilizada.

Como a impressão de dureza Brinell abrange uma área de contato maior que os outros

tipos de dureza, ela é a única utilizada e aceita para metais que tenham uma estrutura interna

não-uniforme, como é o caso dos ferros fundidos cinzentos.

48

Relação entre dureza Brinell e limite de resistência convencional

Para o caso dos aços, existe uma relação empírica entre dureza Brinell e o limite de

resistência convencional muito útil para se saber aproximadamente o σr, de um aço sem a

necessidade de se fazer um ensaio de tração, algumas vezes impossível devido ao

comprimento insuficiente da amostra. A relação é a seguinte: ,36,0 HBr ≅σ sendo a tensão de

ruptura, dado em kgf/mm².

Para durezas maiores que HB = 380, entretanto, há a tendência da dureza aumentar

mais rapidamente que o limite de resistência, provavelmente pela deformação da esfera ou por

efeitos de tensões de compressão residuais na impressão, originárias de aços muito duros,

desta forma, para dureza maiores, é inconveniente a aplicação da desta equação.

Segundo estudos experimentais de O´Neill (1.934), o valor 0,36 vale para aços-doces,

mas para aços carbono e aços-ligas tratados termicamente, esse valor cai para 0,34 e 0,33

respectivamente. Para alguns metais não-ferrosos, o valor dessa constante é 0,49 para níquel

recozido, 0,41 para níquel e latão encruados, 0,52 para cobre recozido, 0,55 para latão

recozido e aproximadamente 0,40 para alumínio e suas ligas.

2.3.4.2 - Dureza Meyer

A aproximação citada a respeito da relação Q/D² é suprimida, se em lugar da área de

contato, isto é, a área superficial da calota esférica, for usada a área da calota projetada no

plano da superfície do corpo de prova. É o que foi sugerido por E. Meyer (1.908) para dar uma

definição mais racional de dureza, além de facilitar mesmo o cálculo a dureza por uma

fórmula muito mais simples que a equação de dureza Brinell.

49

A pressão média, “P”, entre a superfície do penetrador esférico e a impressão causada

é P =⋅Q

rπ 2 , onde o denominador representa a área projetada da impressão.

A dureza Meyer, HM, é definida como a própria pressão média “P” da equação

P =⋅Q

rπ 2 , isto é, ,4

2d

QHM

π= a qual tem também a unidade N/mm² ou kgf/mm². O valor de d

é o mesmo para as durezas Brinell e Meyer, mas a fórmula para calcular HB é diferente da

fórmula para HM.

Esse método fornece um número de dureza que representa melhor aproximação do que

o método Brinell, devido ao fato de que as forças laterais na superfície inclinada da calota

esférica tendem a se anular e aplicando-se uma pressão bem uniforme, sem atrito, o valor da

pressão média, P, será exatamente igual ao valor dado por HMQ

d=

⋅4

2π. A dureza Brinell,

quando aplicada a metais encruados, diminui ao ser aumentada a carga, ao passo que a dureza

Meyer é menos sensível a esse acréscimo de carga, permanecendo constante. Para metais

recozidos, porém, a dureza Meyer também varia, aumentando continuamente com a carga até

um determinado valor e depois cai, quando são aplicadas cargas mais altas, apresentando,

pois, erros maiores. Apesar dessas vantagens, o método proposto por Meyer não é usado nos

ensaios comuns dos metais, mas seu estudo fornece muitos dados úteis para a interpretação

física do ensaio de dureza por penetração.

2.3.4.3 - Dureza Rockwell

Outro tipo de dureza por penetração foi introduzido em 1.922 por Rockwell, que leva o

seu nome e oferece algumas vantagens significantes, que fazem esse tipo de dureza ser de

grade uso internacional.

50

A dureza Rockwell, simbolizada por HR, elimina o tempo necessário para a medição

de qualquer dimensão da impressão causada, pois o resultado é lido direta e automaticamente

na máquina de ensaio, sendo, portanto, um ensaio mais rápido e livre de erros pessoais. Além

disso, utilizando penetradores pequenos, a impressão pede muitas vezes não prejudicar a peça

ensaiada e pode ser usada também para indicar diferenças pequenas de dureza numa mesma

região de uma peça. A rapidez do ensaio torna-o próprio para usos em linhas de produção,

para verificação de tratamentos térmicos ou superficiais e para laboratório.

A dureza Rockwell pode ser realizada em dois tipos de máquinas, que só se

diferenciam pala precisão de seus componentes, tendo ambas a mesma técnica de operação; a

máquina-padrão mede a dureza Rockwell comum e a máquina mais precisa mede a dureza

Rockwell superficial. O ensaio é baseado na profundidade de penetração de uma ponta,

subtraída da recuperação elástica devida à retirada de uma carga maior e da profundidade

causada pela aplicação de uma carga menor. Os penetradores utilizados na dureza Rockwell

são do tipo esférico (esfera de aço temperado) ou cônico (cone de diamante, também chamado

de penetrador-Brale, tendo as arestas do cone 120º). Com qualquer desses penetradores, a

carga menor é então aplicada para fixar bem o corpo de prova.

FIGURA 2.30 - Penetradores de Dureza Rockwell .

Depois de aplicada e retirada a carga maior, a profundidade da impressão é dada

diretamente no mostrador da máquina, em forma de um número de dureza, após voltar a carga

ao valor menor. A leitura deve ser feita numa escala apropriada ao penetrador e à carga

utilizada. Algumas máquina analógicas já vem provida das escalas justapostas que servem

para todos os tipos de dureza Rockwell existentes e outras podem ser lidas em visor digital.

51

Essas escalas de dureza Rockwell são arbitrárias, porém baseadas na profundidade da

penetração e são designadas por letras (A, B, C, etc.), as quais devem sempre aparecer após a

sigla HR para diferenciar e definir a dureza. O número de dureza obtido correspondente a uma

valor adimensional, ao contrário da dureza Brinell.

A máquina analógica contém um pequeno ponteiro auxiliar indicador da profundidade,

que registra o momento em que a carga menor (pré-carga) é aplicada na amostra; quando esse

ponteiro atingir um ponto existente no mostrador a carga menor estará aplicada integralmente.

Simultaneamente, o ponteiro maior gira no sentido horário. Caso a escala do ponteiro maior

fique fora do zero, após ser atingida a pré-carga, deve-se acertar o zero nesse momento, figura

abaixo.

FIGURA 2.31 - Indicador analógico .

Por meio de um dispositivo da máquina, aciona-se a alavanca que aplica em seguida a

carga maior com uma velocidade controlada e constante, aumentando assim a penetração, com

o qual o ponteiro se move no sentido horário, acusando a dureza da amostra. Para a retirada da

amostra da máquina, gira-se a rosca que apoia o corpo de prova, descarregando

completamente a máquina. A figura abaixo mostra a seqüência de operações

esquematicamente.

52

FIGURA 2.32 - Esquema da seqüência de operações .

Escalas usadas e precauções exigidas

A dureza Rockwell comum emprega várias escalas independentes umas das outras,

que dependem da penetração. Um número alto de dureza corresponde a uma pequena

profundidade da impressão e um número baixo, a uma impressão profunda. Por isso, as

escalas da máquina são invertidas para se ler o valor de dureza diretamente. As escalas

cobrem toda a gama de dureza encontrada nos metais. Na tabela abaixo são dadas as escalas

usadas com o tipo de penetrador, as cargas maiores e algumas aplicações de cada escala. A

pré-carga da dureza Rockwell comum é sempre de 10 kgf.

53

ESCALACARGA

(kgf)PENETRAOR LEITURA

CAMPO DEAMPLIÇÃO

ROCKWELL A 60 Preta

ROCKWELL C 150 Preta

ROCKWELL D 100

Cone diamante120°

Preta

Aço cementado outemperado

ROCKWELL B 100 Vermelha

ROCKWELL F 60 Vermelha

ROCKWELL G 150

Esfera 1/16”

Vermelha

ROCKWELL E 100 Vermelha

ROCKWELL H 60 Vermelha

ROCKWELL K 150

Esfera 1/8”

Vermelha

Aço, ferro, bronze, latão,etc. até 240 Brinell

ROCKWELL L 60 Vermelha

ROCKWELL M 100 Vermelha

ROCKWELL N 150

Esfera 1/4”

Vermelha

ROCKWELL R 60 Vermelha

ROCKWELL S 100 Vermelha

ROCKWELL V 150

Esfera 1/2”

Vermelha

Metal plástico

Tabela de escala de dureza Rockwell comum.

15 N 15

30 N 30

45 N 45

Cone dediamante

Aço cementado ou temperado

15 T 15

30 T 30

45 T 45

Esfera 1/16”Aço, ferro e outros metais até 240

Brinell, chapas, etc.

Tabela de escala de dureza Rockwell superficial.

A dureza Rockwell superficial emprega igualmente várias escalas independentes e é

utilizada para ensaios de dureza em corpos de prova de pequena espessura, como lâminas, e

para metais que sofreram algum tratamento superficial, como cemetação, nitretação, etc. As

máquinas vem com as várias escalas acompanhadas. No caso da dureza Rockwell superficial,

a pré-carga é sempre de 3 kgf. Existem duas escalas de dureza Rockwell comum nas máquinas

comerciais: preta e vermelha. Nas próprias máquinas estão indicadas também as instruções

para a leitura da dureza na escala correta. As máquinas de dureza Rockwell superficial contém

apenas uma escala que serve para todos os tipos dados.

54

Ao se fazer uma dureza num material desconhecido, deve-se primeiro tentar uma

escala mais alta para evitar danificação do penetrador. Assim, por exemplo, usa-se antes a

escala Rockwell C, HRc, para depois tentar as outras, caso o resultado caia fora do intervalo

de dureza HRc. As escalas mais utilizadas são B, C, F, A, N e T. As demais só são

empregadas em casos especiais. A escala C tem seu uso prático entre os números 20 e 70.

Abaixo de 20, deve-se empregar a escala B para evitar erros; a dureza Rockwell B varia de

aproximadamente 50 a 100, a escala F entre 73 e 116,5 e a escala A é a de maior amplitude de

variações. Existem tabelas, como por exemplo na norma E-140 da ASTM, que mostram as

variações de todas as escalas, além da conversão empírica de uma escala Rockwell em outra

ou em outros tipos de dureza (Brinell e Vickers).

Para se saber a profundidade mínima em milímetros do penetrador, pode-se empregar

as seguintes fórmulas empíricas:

1) para penetrador de diamante,

HR comum profundidade = 0,002 ⋅ (100 – HR),

HR superficial profundidade = 0,001 ⋅ (100 – HR);

2) para penetrador esférico,

HR comum profundidade = 0,002 ⋅ (130 – HR),

HR superficial profundidade = 0,001 ⋅ (100 – HR).

A superfície da amostra deve ser lixada para eliminar alguma irregularidade que possa

ocasionar erros. Mesmo assim, a carga menor serve também para minimizar o efeito dessas

irregularidades superficiais, bem como de alguma “aderência” das bordas do metal do

penetrador. A primeira leitura de ensaio de dureza Rockwell deve ser desprezada, porque essa

primeira impressão serve apenas para ajustar bem o penetrador na máquina. Se a superfície da

55

amostra não for plana, deve-se fazer uma correção ao valor de dureza encontrado, porque a

dureza Rockwell se baseia na profundidade e não na área. As normas E-18 da ASTM, MB-

358 da ABNT e outras fornecem a correção a ser adicionada, conforme o diâmetro da

curvatura. Existem trabalhos teóricos e práticos que fundamentam essa correção.

Teoricamente, para penetradores esféricos, a correção se baseia na área de contato

perpendicular à linha de aplicação da carga ente um corpo de prova cilíndrico e a esfera

penetradora. Essa área projetada num plano paralelo dá uma elipse de tamanho variável,

conforme a profundidade de penetração, p. Comparando-se a área dessa elipse com a área

produzida numa amostra plana tendo outra profundidade de penetração p’, obtêm-se relações

matemáticas que indicam a correção necessária para se obter a dureza verdadeira em corpo de

prova cilíndrico.

A espessura mínima para o caso de dureza Rockwell comum é 10 vezes a

profundidade da impressão. Se a impressão perfurar ou mesmo se ela puder ser notada do

outro lado do corpo de prova, deve-se passar para uma escala menor ou então para a dureza

Rockwell Superficial. As impressões de dureza devem ser espaçadas uma das outras de pelo

menos 3 vezes o diâmetro da impressão para evitar interferência ente elas. No caso de dureza

Rockwell Superficial, recomenda-se o uso da escala 45-T para espessuras de chapas acima de

1 mm, 30-T e 45-N para espessuras acima de 0,9 mm, 15-T e 30-N para espessuras acima de

0,5 mm e 15-N para espessuras acima de 0,4 mm.

2.3.4.4 - Dureza Vickers

Essa dureza foi introduzida em 1.925 por Smith e Standland, levando o nome Vickers,

porque a Companhia Vickers-Armstrong Ltda fabricou as máquinas mais conhecidas para

operar com esse tipo de dureza. O penetrador é uma pirâmide de diamante de base quadrada,

com um ângulo de 136º entre as faces opostas. Esse ângulo produz valores de impressões

semelhantes à dureza Brinell, porque a relação ideal d/D da dureza Brinell sendo 0,375, para

essa relação ideal, as tangentes à esfera, partindo dos cantos da impressão, fazem entre si um

ângulo de 136º.

56

Como o penetrador é um diamante, ele é praticamente indeformável e como todas as

impressões são semelhantes entre si, não importando o seu tamanho, a dureza Vickers (HV) é

independente da carga, isto é, o número de dureza obtido é o mesmo qualquer que seja a carga

usada para materiais homogêneos. Para esse tipo de dureza, a carga varia de 1 até 100 ou 120

kgf. A mudança da carga é necessária para se obter uma impressão regular, sem deformação

no visor da máquina; isso depende, naturalmente, da dureza do material que se está ensaiando,

como no caso da dureza Brinell. A forma da impressão é um losango regular, ou seja,

quadrada, e pela média L das suas diagonais, tem-se, conforme a expressão seguinte, a dureza

Vickers: HV =carga

area da superficie piramidal, ou seja,

HVQsen

L=

21362

2 , que simplificado fica: HVQ

L=

185442

,

Como Q é dado em kgf ou N e L em mm, a dimensão da dureza Vickers é N/mm² ou

kgf/mm². Esse tipo de dureza fornece, assim, uma escala contínua de dureza (de HV = 5 até

HV = 1 000 kgf/mm²) para cada carga usada. Entretanto, para cargas muito pequenas, a dureza

Vickers pode variar de uma carga para outra, sendo então necessário mencionar a carga usada

toda vez que se ensaiar um metal. A área deve ser medida com precisão, e para esse fim, pode

existir um microscópio acoplado à máquina para a determinação das diagonais, L, com grande

precisão, cerca de 1 mícron. A carga é aplicada levemente na superfície plana da amostra, por

meio de um pistão movido por uma alavanca e é mantida durante cerca de 18 segundos,

depois do qual é retirada e o microscópio é movido manualmente até que se focalize a

impressão.

As principais vantagens do método Vickers são: 1) escala contínua; 2) impressões

extremamente pequenas que não inutilizam a peça; 3) grande precisão de medida; 4)

deformação nula do penetrador; 5) existência de apenas uma escala de dureza; 6) aplicação

57

para toda a gama de durezas encontradas nos diversos materiais; 7) aplicação em qualquer

espessura de material, podendo portanto medir também durezas superficiais.

Existem tabelas que fornecem diretamente a dureza Vickers para cada carga usada e o

correspondente valor da diagonal L medido. Essas tabelas vêm junto com máquinas e

correspondem às cargas existentes e possíveis de serem aplicadas com cada máquina.

Limitações do ensaio de dureza Vickers

Como no caso da dureza Brinell, as impressões Vickers podem ocasionar erros,

quando as impressões não apresentam seus lados retos. Pode ocorrer em metais muito mole e

é devido ao afundamento do metal em torno das faces do penetrador, resultando um valor de L

maior que o real. Outro caso é encontrado em metais encruados, e o erro é causado por uma

“aderência” do metal em volta das faces do penetrador e dá, portanto, um valor de L menor

que o real, ficando pois com uma dureza maior que a verdadeira. O abaulamento depende da

orientação dos grãos cristalinos com relação às diagonais da impressão. As correções

necessárias para essas anomalias podem fazer variar a dureza de até 10% em casos especiais.

Em metais com grande anisotropia, obtêm-se impressões de formato de losango

irregular, de modo que os valores de L medidos a 90º um do outro diferem mais que o

permitido, sendo portanto necessário tomar a média desses valores, a qual também não deixa

de ser um valor aproximado e que deve ser usado com reservas.

A lei de Meyer também pode ser aplicada para o caso de penetrador piramidal. Os

mesmos estudos de Tabor e outros para metais “ideais” verificaram que, no caso da dureza

Vickers, pode-se aproximar a relação HV e≅ ⋅3 σ .

2.4.4.5 - Microdureza por penetração

58

Muitas das aplicações da dureza Vickers estão atualmente voltadas para o ensaio de

microdureza. Assim, o problema da determinação das profundidades de superfície

carbonetada, de têmpera, etc., além da determinação de dureza de constituintes individuais de

uma microestrutura, de materiais frágeis, de peças pequeníssimas ou extremamente finas, é

geralmente solucionado pelo uso da microdureza.

Como o próprio nome diz, a microdureza produz uma impressão microscópica no

material, empregando uma carga menor que 1 kgf, com penetrador de diamante. A carga pode

chegar a até 10 gf somente e a superfície do corpo de prova também deve ser plana.

Quanto ao penetrador usado, há dois tipos microdureza: Vickers e Knoop. A

microdureza Vickers usa a mesma técnica descrita no capítulo anterior e a microdureza Knoop

utiliza um penetrador em forma de uma pirâmide alongada, que produz uma impressão, uma

relação comprimento-largura-profundidade de aproximadamente 30:4:1. A relação entre a

diagonal maior (Lm) e a diagonal menor da impressão é de 7:1. A expressão para calcular a

microdureza Knoop, (HK), é obtida usando-se a área projetada da impressão e é a seguinte:

22 070281,0 mmp L

Q

L

Q

A

QHK

e

===

Onde pA é a área projetada, Q é a carga dada em gramas-força (gf), mL é a diagonal

maior da impressão dada em mícrons e c é ima constante do penetrador relacionando a área

projetada da impressão com 2mL ; a dureza Knoop, entretanto, é sempre fornecida em

kgf/mm², de modo que para isso, basta multiplicar o resultado obtido por 1.000. Igualmente

para o tipo Vickers, deve-se multiplicar por 1.000 o valor encontrado da equação de dureza

Vickers, porque também nesse caso Q é dado em gramas-força e L em µm. O valor de c

indicado acima é o adotado pela ASTM (método E-384) ou pela ABNT (método MB-359),

mas pode variar conforme a máquina usada.

59

A possibilidade de erro de leitura das diagonais da impressão Knoop é muito maior

que os do ensaio de microdureza Vickers, por isso este método de ensaio está em desuso, mas

em casos especiais como na determinação de, por exemplo, finas regiões de camada

eletrodepositadas ou endurecidas. mL é cerca de três vezes maior que L, para uma mesma

carga, sendo, portanto, de medição mais precisa e não sofre muito o fenômeno da recuperação

elástica (principalmente para cargas maiores que 300 gf), que afeta mais a diagonal menor da

impressão Knoop ou as diagonais, L, da impressão Vickers. A profundidade da impressão

Knoop é menor que a metade da profundidade causada pela impressão Vickers com a mesma

carga, sendo possível a dureza Knoop medir a dureza de materiais extremamente frágeis como

o vidro ou certas tintas.

A preparação do corpo de prova deve ser feita metalograficamente, em vista da

pequena carga a ser aplicada. Polimento eletrolítico deve ser usado preferivelmente para evitar

encruamento do metal na superfície, que afetaria o resultado. O polimento eletrolítico torna

também mais nítida a impressão para a medida das diagonais. Caso seja necessário usar um

polimento mecânico prévio, deve-se remover alguns micrometro da camada superficial. Um

método bom, empregado para corpos de prova muito pequenos, é o de embutí-lo em baquelite,

por exemplo, a fim de fixá-lo firmemente e de tornar a sua superfície perpendicular ao

penetrador. Usando-se cargas muito baixas (menores que 300 gf), pode haver uma pequena

recuperação elástica, além de produzirem impressões muito pequenas, que, principalmente no

caso da microdureza Knoop, podem prejudicar a medida da diagonal maior da impressão,

devido à dificuldade de se localizar as pontas da diagonal. Esses fatores provocam erros no

ensaio, resultando em valores de dureza maiores que o verdadeiro. Em virtude disso, verifica-

se que a dureza Knoop aumenta quando a carga diminui abaixo de 200 gf até cerca de 20 gf,

para depois decrescer com carga ainda menores. No caso da impressão Vickers, a dureza cai

com a aplicação de cargas muito baixas.

Na determinação da macrodureza também ocorrem os problemas do “afundamento” e

“aderência” vistos nas microdurezas (HB e HV). A dureza Knoop é ainda muito sensível à

orientação da superfície da amostra (anisotropia), principalmente quando se mede a

microdureza de um grão cristalino, por ter a diagonal maior mais alongada que a Vickers.

60

O tempo de manutenção da carga deve ser aproximadamente 20 segundos e a

velocidade de aplicação da carga deve estar entre 1 e 20 µm/segundo; velocidades maiores

dão valores mais baixos de dureza. A calibração das máquinas deve ser freqüente,

principalmente porque o erro na aplicação da carga altera muito o valor da dureza, mesmo

com variações de 1 gf, para cargas menores que 50 gf.

2.3.4.6 - Dureza Shore

Em 1.907, Shore propôs uma medida de dureza por choque que mede a altura do

ressalto (rebote) de um peso que cai livremente até bater na superfície lisa e plana de um

corpo de prova. Essa altura de ressalto mede a perda da energia cinética do peso, absorvida

pelo corpo de prova. Esse método é conhecido por dureza escleroscópica ou dureza de Shore.

A dureza Shore foi introduzida para ensaios em aços endurecidos, onde o método

Brinell não podia ser usado por danificar a esfera penetradora. Ele utiliza um martelo de aço

em forma de uma barra com uma ponta arredondada de diamante, que cai de uma certa altura

dentro de um tubo de vidro graduado de 0 a 140. A altura de ressalto após o choque é tomada

como a dureza do material, sendo medida por um ponteiro que indica essa altura de queda e o

diâmetro da ponta de diamante dependem de cada fabricante, mas todos os aparelhos Shore

indicam sempre a mesma dureza para um mesmo material. O número de dureza lido é um

número relativo e serve somente para comparação de materiais. Entretanto, verificou-se que

um valor de dureza Shore de 75 corresponde aproximadamente a uma dureza Brinell de 440,

segundo outros autores, para cada uma dureza Brinell de 440, a dureza Shore é de

aproximadamente 63. A impressão Shore é pequena e serve para medir durezas de peças já

acabadas ou usinadas. A máquina Shore é leve, portátil e pode, portanto, ser adaptada em

qualquer lugar, podendo com isso, medir a dureza de peças muito grandes, impossíveis de

serem colocadas nas máquinas de dureza por penetração, como por exemplo cilindros de

laminação. Se a fixação do corpo de prova é bem feita, a variação de dureza Shore é pequena.

O tubo graduado deve ser colocado bem na vertical. É de praxe fazer-se pelo menos cinco

61

medidas de dureza em pontos diversos do material para garantir bem o resultado. A dureza

Shore não pode ser efetuada em peças muito finas, que possam mascarar a medida da altura

do rebote, porque nesse caso o próprio apoio da peça a ser medida age como absorvedor de

energia. Superfícies não-lisas de corpos de prova dão leituras falsas, menores que as reais. A

escala de dureza Shore é contínua, cobrindo toda a gama de variação de dureza dos metais. O

método E-448 da ASTM é uma das normas existentes para a dureza escleroscópica.

A dureza escleroscópica é mais empregada para materiais metálicos duros como, por

exemplo, os aços. Para esses materiais, existem duas escalas de dureza escleroscópica: escala

C e escala D. Conforme o método E-448 da ASTM, o equipamento para medida de dureza na

escala D possui um dispositivo para prender o martelo na maior altura do ressalto, permitindo

assim fazer-se a leitura com o martelo parado. Para isso, o martelo do equipamento para a

escala D é mais longo e mais pesado que o martelo do equipamento para a escala C. Para que

haja a mesma energia durante o ressalto, o martelo D caminha numa distância de 18 mm,

enquanto que o martelo C caminha numa distância de 250 mm (cerca de catorze vezes maior).

O martelo D é aproximadamente cinco vezes mais longo e quinze vezes mais pesados que o

martelo C.

Existem ainda dois tipos de dureza escleroscópica definidos pela ASTM:

1º) dureza escleroscópica, onde a aferição é feita por meio do ressalto médio, produzido pelo

martelo que cai sobre um bloco de aço AISI W-5 de alto carbono, temperado, até se obter

máxima dureza, sem sofrer processo de revenido;

2º) dureza escleroscópica, onde a aferição é feita em um cilindro de laminação de aço forjado.

O segundo caso produz números de dureza mais altos que o primeiro.

2.3.4.7 -Considerações finais

Embora o ensaio de dureza possa, em princípio, ser feito em quase todos os produtos

metálicos, existem alguns produtos em que o ensaio de dureza é o único possível sem causar a

62

destruição da peça, ou em que o ensaio de dureza desempenha função importante na

especificação do produto. Assim, além de peças fundidas, onde se deve fundir um tarugo em

separado quando se deseja medir a dureza, alguns dos produtos acabados que estão nos casos

acima mencionados são dados a seguir.

Engrenagens. O único ensaio mecânico que se faz costumeiramente é a medida da

dureza Rockwell nos dentes da engrenagem.

Esferas e rolamentos. Dureza Rockewll como único ensaio mecânico possível.

Parafusos. Quando não se dispõe de máquina de tração, o ensaio de dureza em

parafusos é geralmente realizado como substitutivo. Pode-se medir a dureza na escala Brinell

ou Rockewll, tanto no topo como no lado da cabeça do parafuso

Porcas. Além da prova de carga por tração ou compressão, as especificações também

pedem ensaio de dureza Brinell ou Rockwell. As impressões de dureza Brinell são feitas na

face lateral da porca e as impressões Rockwell no topo. As vezes, a impressão Brinell pode

provocar uma deformação na porca; nesse caso, é preferível optar pela dureza Rockwell ou

usar uma carga menor na dureza Brinell.

Arruelas. As especificações desse produto exigem somente ensaio de dureza

Rockwell.

Rodas de avião. O ensaio de rotina mais empregado é o ensaio de dureza

escleroscópica Shore em vários locais da peça.

Ferramentas. A ferramenta é controlada pelo ensaio de dureza Rockwell (ou, em

certos casos, Brinell) como aceitação ou rejeição da ferramenta, conforme exigem as

especificações. Geralmente as impressões são feitas na região de utilização da ferramenta

como por exemplo, o gume de uma pá ou a ponta de uma picareta.

Peças soldadas. Muitas vezes deseja-se verificar a alteração estrutural causada pela

soldagem de uma peça (chapa, tubo, etc.). Essa verificação é feita por meio de ensaio de

dureza Vickers ou Rockwell ao longo de uma linha que passa pelo material-base de um lado,

pela solda até o outro lado do material-base.

63

Bloco-padrão. Uma máquina de dureza é aferida por meio do bloco-padrão, que é uma

peça fabricada de modo a obter-se uma dureza praticamente constante em toda a sua

superfície. Quando uma máquina está aferida com um bloco-padrão de dureza conhecida, essa

máquina pode ser usada para efetuar ensaio em outro bloco-padrão, do qual se quer conhecer

o valor de dureza.

Controle de tratamento térmico. O ensaio de dureza é largamente empregado para se

saber se um tratamento térmico efetuado numa peça ferrosa ou não-ferrosa foi realizado a

contento. Se a peça não atingir ou se ultrapassar em muito uma determinada dureza, a peça

não foi tratada corretamente. Os exemplos são vários: têmpera e revenimento de aços,

tratamentos térmicos de recozimento, solubilização ou envelhecimento de ligas de alumínio,

ensaio Jominy de temperabilidade, tratamentos térmicos em ligas de cobre, magnésio, etc.

• Exercícios propostos

1) Para que se faz ensaio de flexão?

2) Que propriedades pode ser avaliadas no ensaio de flexão?

3) Um corpo de prova de 30 mm de diâmetro e 600 mm de comprimento foi submetido a um

ensaio de flexão a três pontos, apresentando uma flexa de 2 mm sob uma carga de 360 N.

Determine:

• A tensão de flexão;

• O módulo de elasticidade longitudinal.

Resposta: σF = 20,38Mpa e E = 20.382,16MPa

4) Na realização de um ensaio de dureza, utilizou-se o ensaio Brinell. A esfera utilizada foi

de 2,5 mm de diâmetro e a carga de 62,5 Kgf. O diâmetro da impressão medida no

microscópio foi de 1,3 mm. Qual é a dureza da amostra?

Resposta: HB = 43,7 kgf/mm2 ou 43,7HB

5) Uma empresa comprou um lote de chapas de alumínio de 6 mm, cuja especificação de

dureza foi de 85 HB. Qual é a carga necessária para o ensaio se utilizar um penetrador de

10 mm de diâmetro? É possível fazer ensaio de dureza Brinell com diâmetro do

penetrador de 10 mm?

64

Dados:

Espessura mínima deve ser igual a 17 vezes a profundidade da calota.

Resposta: F = 1.000kgf. Espessura mínima é de 6,37 mm, portanto, não é possível fazer o

ensaio de dureza Brinell com penetrador de 10 mm de diâmetro.

6) Cite uma das definições de dureza (preferência do ponto de vista da metalurgia).

7) Interprete a seguinte representação de dureza Brinell: 120HB 5/250/15

8) Uma empresa comprou um lote de chapas de aço carbono com a seguinte especificação:

Espessura da chapa: 4 mm;

Dureza Brinell: 180 HB

Verificar se estas chapas podem ser submetidas ao ensaio de dureza Brinell utilizando

diâmetro do penetrador de 5 mm, ou seja, qual é a espessura mínima das chapas de aço para

um penetrador de 5 mm.

Resposta: F = 750kgf. Espessura mínima é de 4,51 mm, portanto, não é possível fazer o

ensaio de dureza Brinell com penetrador de 5 mm de diâmetro.

9) Uma empresa comprou um lote de chapas de aço carbono com as seguintes

especificações:

Espessura: 4,5 mm

Dureza Brinell: 100 HB

Essas chapas devem ser submetidas a ensaio de dureza brinell e a empresa dispõe de um

penetrador de 2,5 mm de diâmetro. Qual é a espessura mínima da chapa para a utilização de

um penetrador com 2,5 mm de diâmetro?

Resposta: F = 187,5kgf. Espessura mínima é de 4,0 mm, portanto, é possível fazer o ensaio de

dureza Brinell com penetrador de 2,5 mm de diâmetro.

10) Quais as vantagens do ensaio de dureza Rockwell sobre o ensaio de dureza Brinell?

11) Na realização de um ensaio de dureza, utilizou-se o ensaio Brinell. A esfera utilizada foi

de 2,5 mm de diâmetro e a carga de 187,5 Kgf. O diâmetro da impressão medida no

microscópio foi de 0,997 mm. Qual é a dureza da amostra?

Resposta: 230HB

65

2.3.5 - ENSAIO DE IMPACTO

Os ensaios de impacto são utilizados a fim de descobrirmos o quanto um material

resiste à cargas dinâmicas para que, em situações reais de uso, não ocorram fraturas nesse

material, inviabilizando assim a utilização de determinados equipamentos. Para equipamentos

que são submetidos a esforços de impacto, devem ser utilizados materiais capazes de absorver

energia e dissipá-la, evitando assim sua ruptura. Através dos ensaios obtemos os valores de

energia absorvida para cada material ensaiado, e assim determinamos a utilização ou não dos

mesmos.

Os testes de resistência ao impacto, também conhecidos como ensaios de choque,

estão entre os mais antigos e importantes ensaios mecânicos do setor plástico. Estes testes são

usados para caracterizar a propensão e o grau de fragilidade de um polímero quando

submetido à ação de esforços bruscos. Essa condição de trabalho empregada no corpo para

que atinja o seu limite máximo de elasticidade é denominada resiliência.

O ensaio de impacto caracteriza-se por submeter o corpo ensaiado a uma força brusca

e repentina, que deve rompê-lo. É bem melhor saber quanto o material resiste a uma carga

dinâmica numa situação de ensaio do que numa situação real de uso. A maioria dos ensaios

mecânicos não avalia o comportamento dos materiais submetidos a esforços dinâmicos. No

caso da fadiga, embora os esforços sejam dinâmicos, o ensaio correspondente leva mais em

conta o fato de serem cíclicos. Porém a maioria das máquinas e equipamentos, quando em

funcionamento, está submetida a esforços dinâmicos.

Antes de iniciar a descrição dos ensaios propriamente ditos, será visto algumas

características dos materiais a serem ensaiados, bem como as conseqüências que o impacto

pode ocasionar. Deve-se conhecer certos fatores que afetam o comportamento dos metais

dúcteis, levando-os à fratura frágil, e os procedimentos para a realização dos ensaios de

impacto.

66

As fraturas produzidas por impacto podem ser frágeis ou dúcteis. As fraturas frágeis

caracterizam-se pelo aspecto cristalino e as fraturas dúcteis apresentam aparência fibrosa. Os

materiais frágeis rompem-se sem nenhuma deformação plástica, de forma brusca. Por isso,

esses materiais não podem ser utilizados em aplicações nas quais sejam comuns esforços

bruscos, como em eixos de máquinas, bielas etc.

FIGURA 2.33 - Aspectos da fratura .

Para estas aplicações são desejáveis materiais que tenham capacidade de absorver

energia e dissipá-la, para que a ruptura não aconteça, ou seja, materiais que apresentem

tenacidade. Esta propriedade está relacionada com a fase plástica dos materiais e por isso se

utilizam as ligas metálicas dúcteis neste tipo de aplicação. Porém, mesmo utilizando ligas

dúcteis, com resistência suficiente para suportar uma determinada aplicação, verificou-se na

prática que um material dúctil pode romper-se de forma frágil. Esta característica dos

materiais ficou mais evidente durante a Segunda Guerra Mundial, quando os equipamentos

bélicos foram levados a solicitações críticas de uso, despertando o interesse dos cientistas pelo

assunto. Os materiais dúcteis podem romper-se sem deformação plástica apreciável, ou seja,

de maneira frágil, quando as condições abaixo estiverem presentes:

• velocidade de aplicação da carga suficientemente alta;

• trinca ou entalhe no material;

• temperatura de uso do material suficientemente baixa.

67

Alguns materiais são mais afetados pela velocidade alta do choque, apresentando uma

sensibilidade que é chamada sensibilidade à velocidade. Uma trinca promove concentração de

tensões muito elevadas, o que faz com que a maior parte da energia produzida pela ação do

golpe seja concentrada numa região localizada da peça, com a conseqüente formação da

fratura frágil. A existência de uma trinca, por menor que seja, muda substancialmente o

comportamento do material dúctil. Esta característica do material dúctil, de comportar-se

como frágil devido à trinca, é freqüentemente chamada de sensibilidade ao entalhe.

Com relação à temperatura, a mesma exerce um efeito muito acentuado na resistência

dos metais ao choque, ao contrário do que ocorre na resistência estática. A energia absorvida

por um corpo de prova varia sensivelmente com a temperatura do ensaio. Um corpo de prova

a uma temperatura T1 pode absorver muito mais energia do que se estivesse a uma

temperatura T2, bem menor que T1, ou pode absorver a mesma energia a uma temperatura T3,

pouco menor que T2, ou seja, a existência de trincas no material, a baixa temperatura e a alta

velocidade de carregamento constituem os fatores básicos para que ocorra uma fratura do tipo

frágil nos materiais metálicos dúcteis.

2.3.5.1 - Descrição do Ensaio de Impacto

O ensaio de impacto é um teste dinâmico em que um corpo de prova padronizado é

golpeado e rompido por um pêndulo ou martelo em uma máquina de ensaios especialmente

projetada e é medida a energia absorvida para romper o corpo de prova. Os valores da energia

servem como guia útil para comparações qualitativas entre diferentes lotes do mesmo tipo de

material. Apesar de simples e rápidos de serem executados, os testes exigem precisão tanto na

aferição do equipamento (medidor de resistência ao impacto), quanto na capacitação da mão

de obra técnica, na confecção do corpo de prova, principalmente no entalhe, um dos maiores

causadores de problemas e distorções nos resultados. O choque ou impacto representa um

esforço de natureza dinâmica, porque a carga é aplicada repentina e bruscamente. No impacto,

não é só a força aplicada que conta. Outro fator é a velocidade de aplicação da força. Força

associada com velocidade traduz-se em energia. O ensaio de impacto consiste em medir a

68

quantidade de energia absorvida por uma amostra do material, quando submetido à ação de

um esforço de choque de valor conhecido.

Três máquinas são geralmente usadas para ensaiar materiais de engenharia: a máquina

Charpy, a máquina Izod e a máquina Hatt-Tuner. A última é usada principalmente para

ensaiar madeira. O método mais comum para ensaiar metais é o do golpe, desferido por um

peso em oscilação. A máquina correspondente é o martelo pendular. O pêndulo é levado a

uma certa posição, onde adquire uma energia inicial. Ao cair, ele encontra no seu percurso o

corpo de prova, que se rompe. A sua trajetória continua até certa altura, que corresponde à

posição final, onde o pêndulo apresenta uma energia final. A diferença entre as energias

inicial e final corresponde à energia absorvida pelo material. De acordo com o Sistema

Internacional de Unidades (SI), a unidade de energia adotada é o joule. Em máquinas mais

antigas, a unidade de energia pode ser dada em kgfm, kgfcm ou kgfmm. A máquina é dotada

de uma escala, que indica a posição do pêndulo, e é calibrada de modo a indicar a energia

potencial.

FIGURA 2.34 - Máquina de ensaio de impacto .

No ensaio de impacto, a massa do martelo e a aceleração da gravidade são conhecidas.

A altura inicial também é conhecida. A única variável desconhecida é a altura final, que é

obtida pelo ensaio. O mostrador da máquina simplesmente registra a diferença entre a altura

inicial e a altura final, após o rompimento do corpo de prova, numa escala relacionada com a

69

unidade de medida de energia adotada. Para os ensaios em materiais poliméricos é comum o

uso de equipamentos que funcionam por queda de dardo ou pêndulo de impacto, os quais são

descritos abaixo:

Queda de Dardo - determina a resistência das películas plásticas e avalia essa característica

quando o material é atingido por um peso em queda livre. Durante o teste, o dardo é liberado

por meio de um dispositivo eletromecânico quando a pressão negativa de fixação da amostra

se apresenta a um determinado valor.

Pêndulo de Impacto - é representado por uma sólida estrutura metálica fundida em corpo

único, característica que possibilita sua ancoragem em uma base, também sólida, que evitará a

perda de energia durante o ensaio. Nesta estrutura apoia-se o pêndulo propriamente dito,

composto de uma haste tubular, onde, numa das extremidades, é fixado o martelo, detalhe

dinamicamente calculado de modo a permitir que o centro de percussão coincida com o ponto

de impacto no corpo de prova. Isso impede esforços no eixo de suspensão, que, por sua vez,

fica apoiado em rolamentos especiais para eliminar atritos. O movimento de levantamento do

pêndulo até sua posição de queda é feito manualmente por um conjunto de cremalheiras,

articulando-se com um sistema de engate e desengate para sua liberação. A energia absorvida

pela amostra durante o ensaio é indicada num mostrador em escala calibrada em joules e

graus, que quantifica o deslocamento de um ponteiro indicador e outro de arraste, ligados

simultaneamente ao movimento do pêndulo. O pêndulo de impacto segue dois tipos de

configurações diferentes:

Pêndulo de Impacto na Configuração Charpy - é usado em ensaios de impacto, no qual uma

amostra é normalizada com um entalhe central em U ou V, feito para alocar sua ruptura

produzida por uma condição triaxial de tensão. É submetido a uma flexão desencadeada pelo

impacto de um martelo fixado na extremidade de um pêndulo. A energia que um corpo

absorve para se deformar e quebrar é quantificada pela diferença entre a altura atingida pelo

martelo antes e após o impacto. Desta forma, quanto menor for a energia absorvida pelo corpo

de prova, tanto mais frágil será o comportamento do material ao impacto. Na configuração de

Charpy o corpo de prova fica na posição horizontal.

70

A máquina Charpy é disponível em pelo menos dois tamanhos. O tipo com uma

capacidade de energia de 30 a 33 kgfm é usado para metais, e uma máquina de 50 kgfcm é

geralmente usada para plásticos.

Na máquina Charpy, o pêndulo consiste de um perfil I com um disco pesado na

extremidade. O pêndulo é suspenso em um eixo que gira sobre rolamentos e oscila entre dois

suportes laterais rígidos, nos quais se fixa o suporte do corpo de prova. Esta amostra que é

carregada como uma barra simples, é colocada horizontalmente entre duas bigornas de modo

que a lâmina golpeie do lado oposto ao entalhe. O pêndulo é elevado até sua posição mais alta

e seguro por um prendedor ajustado para dar altura de queda constante para todos os ensaios.

Ele é então solto para permitir a queda e a ruptura do corpo de prova. No seu movimento de

ascendência após a ruptura, o pêndulo empurra um indicador sobre uma escala que é

usualmente graduada diretamente em kgfm.

Pêndulo de Impacto na Configuração Izod - A técnica deste teste não diferencia do teste de

resistência ao impacto na configuração Charpy. As diferenças básicas entre as duas

configurações está na posição do corpo de prova, que neste caso é vertical, no tipo de pêndulo

empregado, e no local onde se dá o impacto, no entalhe ou no seu lado oposto. A amostra é

normalizada com um entalhe central em V. A máquina para ensaio de impacto Izod

usualmente tem a capacidade de 16,5 kgfm. Ná máquina Izod, o corpo de prova é fixado para

agir como uma viga vertical em balanço. Ele tem as dimensões de 10 mm por 10 mm na

secção reta e 75 mm de comprimento e tem um entalhe padronizado de 45º e 2 mm de

profundidade no meio do corpo de prova. O entalhe faz face ao pêndulo e o corpo de prova é

então posicionado para que o entalhe seja visível acima do suporte fixador. Freqüentemente, a

mesma máquina de impacto é projetada para permitir os testes Charpy e Izod, com

possibilidade de trocar os suportes fixadores dos corpos de prova. A resistência ao impacto é

avaliada pelos métodos ASTM D256, D746 e D2463, e geralmente é medida em joule.

71

FIGURA 2.35 - Ensaio Charpy e Izod .

FIGURA 2.36 - Corpos de prova Charpy e Izod .

Para ensaios em madeira, é utilizada a máquina Hatt-Turner. Aqui, a altura de queda é

aumentada por estágios até que ocorra o rompimento. Um peso de queda com 22,7 kg é

seguro por um eletromagneto que é alimentado por um motor. O peso cai entre colunas-guias

72

verticais quando o circuito do magneto é aberto por um relé, o qual é acionado por um contato

elétrico entre o magneto e uma polia móvel que pode ser ajustada para qualquer posição

desejada ao longo da escala vertical sobre uma coluna-guia. O corpo de prova deve ter 5 x 5 x

75 cm. O mesmo é simplesmente apoiado sobre um vão de 70 cm tal que o peso caia

exatamente no meio do vão. A primeira queda é da altura de 2,5 cm e as quedas subseqüentes

são acrescidas de 2,5 cm, até que se alcance a altura de 25 cm, após o que são usados

incrementos de 5,0 cm até que se consiga a ruptura completa ou seja, alcançada uma deflexão

de 15 cm.

Temperatura de transição

Ao ensaiar os metais ao impacto, verificou-se que há uma faixa de temperatura

relativamente pequena na qual a energia absorvida pelo corpo de prova cai apreciavelmente.

Esta faixa é denominada temperatura de transição. A temperatura de transição é aquela em

que ocorre uma mudança no carácter da ruptura do material, passando de dúctil a frágil ou

vice-versa. Por exemplo, um dado aço absorve 17 joules de energia de impacto à temperatura

ambiente (± 25 0C). Quando a temperatura desce a -23 0C, o valor de energia absorvida é

pouco alterado, atingindo 16 joules. Este valor cai para 3 joules à temperatura de -26 0C.

Como esta passagem, na maioria dos casos, não é repentina é usual define-se uma faixa de

temperatura de transição.

A faixa de temperatura de transição compreende o intervalo de temperatura em que a

fratura se apresenta com 70% de aspecto frágil (cristalina) e 30% de aspecto dúctil (fibrosa) e

70% de aspecto dúctil e 30% de aspecto frágil. O tamanho dessa faixa varia conforme o metal.

A definição dessa faixa é importante porque só podemos utilizar um material numa faixa de

temperatura em que não se manifeste a mudança brusca do carácter da ruptura.

Pode-se representar a temperatura de transição graficamente. Indicando-se os valores

de temperatura no eixo das abscissas e os valores de energia absorvida no eixo das ordenadas,

73

é possível traçar a curva que mostra o comportamento do material quanto ao tipo de fratura

(frágil ou dúctil).

FIGURA 2.37 - Temperatura de transição .

A temperatura T1 corresponde à fratura 70% dúctil e 30% frágil. A temperatura T3

corresponde à fratura 30% dúctil e 70% frágil. E a temperatura T2 é o ponto no qual a fratura

se apresenta 50% dúctil e 50% frágil. O intervalo de temperatura de transição corresponde ao

intervalo entre T1 e T3.

Os metais que têm estrutura cristalina CFC, como o cobre, alumínio, níquel, aço

inoxidável austenítico etc., não apresentam temperatura de transição, ou seja, os valores de

impacto não são influenciados pela temperatura. Por isso esses materiais são indicados para

trabalhos em baixíssimas temperaturas, como tanques criogênicos.

Fatores que influenciam a temperatura de transição

O intervalo de transição é influenciado por certas características como:

Tratamento térmico — Aços-carbono e de baixa liga são menos sujeitos à influência da

temperatura quando submetidos a tratamento térmico que aumenta sua resistência;

74

Tamanho de grãos — Tamanhos de grãos grosseiros tendem a elevar a temperatura de

transição, de modo a produzir fratura frágil em temperaturas mais próximas à temperatura

ambiente. Tamanhos de grãos finos abaixam a temperatura de transição;

Encruamento — Materiais encruados, que sofreram quebra dos grãos que compõem sua

estrutura, tendem a apresentar maior temperatura de transição;

Impurezas — A presença de impurezas, que fragilizam a estrutura do material, tende a elevar

a temperatura de transição;

Elementos de liga — A adição de certos elementos de liga, como o níquel, por exemplo,

tende a melhorar a resistência ao impacto, mesmo a temperaturas mais baixas;

Processos de fabricação — Um mesmo aço, produzido por processos diferentes, possuirá

temperaturas de transição diferentes;

Retirada do corpo de prova — A forma de retirada dos corpos de prova interfere na posição

das fibras do material. As normas internacionais geralmente especificam a posição da retirada

dos corpos de prova, nos produtos siderúrgicos, pois a região de onde eles são retirados, bem

como a posição do entalhe, têm fundamental importância sobre os valores obtidos no ensaio.

FIGURA 2.38 - Retirada de amostras.

Submetidos ao ensaio de impacto, esses corpos apresentaram três curvas diferentes. No

corpo de prova A., o entalhe está transversal às fibras do material. No corpo de prova C, o

entalhe está no sentido da fibra, o que favorece o cisalhamento. A absorção de energia é a pior

possível. O corpo de prova B também tem entalhe transversal. Neste caso, o entalhe atravessa

75

o núcleo da chapa, cortando todas as fibras transversalmente. Como mostra a ilustração

seguinte.

FIGURA 2.39 - Curvas de energia absorvida de um mesmo material.

Resfriamento do corpo de prova

Os corpos de prova retirados para ensaio de impacto devem ser resfriados, até que se

atinja a temperatura desejada para o ensaio. As técnicas de resfriamento são determinadas em

normas técnicas especificas. Um modo de obter o resfriamento consiste em mergulhar o corpo

de prova num tanque contendo nitrogênio 1íquido, por aproximadamente 15 minutos. Tempo

necessário para homogeneizar a temperatura em todo o corpo de prova. Outra forma de obter

o resfriamento é por meio de uma mistura de álcool e gelo seco, que permite atingir

temperaturas de até 70 0C negativos.

O tempo máximo para romper o corpo de prova após o resfriamento é de 5 segundos.

Devido à grande dispersão dos resultados dos ensaios, principalmente próximo à temperatura

de transição, gerada pela dificuldade de obter corpos de prova rigorosamente iguais e pela

falta de homogeneidade dos materiais, o ensaio de impacto comum não oferece resultados

aplicáveis a projetos de engenharia estrutural. Para responder a essas necessidades práticas,

foram desenvolvidos outros tipos de ensaio de impacto e outros equipamentos.

76

2.3.6 - ENSAIOS METALOGRÁFICOS

A metalografia surgiu praticamente com o trabalho de Henri Clifton Sorby (1.826 –

1.908), tido como o percursor da moderna metalografia, quando em 1.863 observou pela

primeira vez uma estrutura metálica ao microscópio. Desde então pode-se defini-la como o

ramo da tecnologia que estuda e interpreta a estrutura interna dos metais e suas ligas, como

também a relação entre as suas composições químicas, propriedades físicas e mecânicas. Para

determinação de um microestrutura foram desenvolvidos ao longo dos anos muitos métodos

de preparação de amostras, entretanto, a observação através de um microscópio continua

sendo o mais importante. A metalografia envolve basicamente três estágios de preparação de

um corpo de prova: a obtenção de uma seção plana e polida, o realce da microestrutura

através de um ataque adequado e a posterior observação ao microscópio.

Desta forma, a metalografia é a ciência que estuda os metais e ligas metálicas, quando

nos mesmos obtivermos um superfície plana, lixada, polida, e por via de regra atacada por um

reativo adequado, cuja imagem obtida será visualizada e interpretada. Através do ensaio

metalográfico, pode-se determinar:

• tipo, o tamanho, o local e a intensidade das descontinuidades;

• Identificar o possível processo de fabricação da peça;

• Identificar o tipo de tratamento térmico ou termoquímico;

• Valor da camada carbonetada ou descarbonetada;

• Zonas de alterações térmicas sofridas por soldagem;

• Penetração do cordão de solda;

• Tipos de inclusões, microconstituição;

• Formas de grafita, tamanho do grão;

• Outros;

77

A metalografia pode ser dividida em: ensaio metalográfico destrutivo e ensaio

metalográfico não destrutivo. A maioria dos ensaios metalográficos realizados são

destrutivos, pois retira-se amostras para análise do material ou peça solicitada. Mas, nem

sempre isso é possível, devido as condições que não permitem retirar amostras da peça, ou

que proíbam sua destruição, especialmente em peças de grande porte. Por este motivo, foram

desenvolvidas técnicas para a realização do ensaio “in loco”, conservando-se as características

de precisão do ensaio, ensaio metalográfico não destrutivo. Quanto ao grau de aplicação com

que a imagem metalográfica é visualizada, a metalografia está classificada em: macrográfico;

micrográfico.

2.3.6.1 - Ensaio metalográfico macrográfico

A macrografia consiste no estudo dos metais e suas ligas quando obtivermos uma

superfície, plana, lixada e atacada por um reativo adequado, cuja imagem obtida será

visualizada e interpretada. Esta visualização se fará a olho nu ou com uma ampliação de no

máximo dez vezes através de lupa. Alguns dos objetivos da macrografia é determinar do

material ensaiado, o tipo, a forma, o tamanho, o local e a intensidade das continuidades;

identificar o processo de fabricação da peça; zonas de alteração térmica provocadas por

soldagem ou tratamento térmico, etc.

2.3.6.2 - Ensaio metalográfico micrográfico

A micrografia consiste no estudo dos metais e suas ligas, quando obtivermos nos

mesmos uma superfície plana, lixada, polida, e atacada por um reativo adequando, onde a

imagem obtida nessa superfície, será visualizada com um grau de ampliação superior a dez

vezes, o que para tal, usa-se microscópio ótico ou microscópio eletrônico de varredura ou

microscópio de tunelamento A micrografia têm por objetivos determinar do material ensaiado,

o tipo de micro inclusão, a forma da grafita, o tipo de tratamento térmico ou termoquímico

sofrido, bem como da granulação, a microconstituição do material, etc.

78

Etapas metalográficas

Escolha da seção a ser cortada: Existem duas seções de corte: seção transversal e seção

longitudinal. A escolha da seção a ser cortada depende dos objetivos do ensaio, por exemplo:

o aspecto da seção longitudinal de barras com segregação depende da maneira pela qual o

corte seciona esse defeito. Assim sendo, não é prudente concluir que uma barra apresenta uma

segregação maior do que outra, conhecendo-se apenas sua seção longitudinal.

a

a

b

b

a - a b - b

FIGURA 2.40 - Influencia da localização de um corte longitudinal axial sobre o aspectode segregação.

Nota-se a diferença de aspecto em porcas cortadas transversal ou longitudinalmente

provenientes de barras com segregação central. Nas peças fundidas diretamente na sua forma

definitiva, o corte é guiado apenas pela forma da peça, preferindo-se contudo, com interesse

de alguma parte em especial, ou que secione transversalmente as suas arestas ou cantos vivos

para se apreciar a forma da estrutura dendrítica nesses pontos ou eventual existência de

pequenas fissuras.

Corte da amostra na seção escolhida: Vários meios de corte podem ser utilizados para a

realização do corte da amostra na seção escolhida, o que mais se adapta para o ensaio

metalográfico é o corte por abrasão a úmido. O corte por abrasão a úmido é feito com uma

cortadeira de disco abrasivo, sob condições nas quais a amostra não sofrerá deterioração de

sua estrutura. Os discos de corte consistem de um abrasivo, geralmente óxido de alumínio,

carbeto de silício ou diamante com diferentes granulometrias, dispersos em meio de material

sintético. O grão abrasivo e o meio de dispersão devem estar perfeitamente adaptados para

79

que permitam um corte preciso, isento de qualquer tipo de defeito da superfície da amostra.

Durante a operação de corte, deve-se tomar o máximo de cuidado para não danificar a

estrutura da amostra por: encruamento, deformação, locais de excessivos aquecimento (a mais

de 100 0C) em peças temperadas, pois estes fenômenos seriam mais tarde postos em evidência

pelo ataque, adulterando-se as conclusões do ensaio. A máquina de corte por disco abrasivo,

“cut-off” garante boa precisão do corte, possuindo um sistema de refrigeração e lubrificação

garantindo que a temperatura da superfície não ultrapasse a 100 0C e a rugosidade superficial

de corte seja reduzida.

Montagem da amostra: A montagem do corpo de prova tem por objetivos: facilitar o

manuseio de peças pequenas, evitar que as amostras danifiquem as lixas e o pano

metalográfico, evitar a formação de vários planos durante que influenciam na observação ao

microscópio, permitir que seja feito um estudo da periferia da amostra. A montagem do corpo

de prova se divide em: fixação e embutimento. A fixação é feita através de placas metálicas

fixadas com parafusos e porcas, e embutimento consiste em circundar a amostra com

baquelite, ou resinas plásticas auto-polimerizáveis, as quais consistem geralmente de duas

substâncias formando um líquido viscoso quando misturadas. Esta mistura é vertida dentro de

um molde plástico onde se encontra a amostra, polimezando-se após um certo tempo. A

reação de polimerização, é geralmente exotérmica atingindo temperaturas entre 50 a 120 0C,

com um tempo de endurecimento que varia de 0,2 a 24h, dependendo do tipo de resina e do

catalisador. (polimetacrilato de metila).

Marcação para identificação: A marcação de amostra serve para identificação e pode ser

feita com canetas especiais.

Lixamento da amostra na seção cortada: O lixamento da amostra é necessário para

diminuir o grau de rugosidade da superfície, melhorando com isso a qualidade da imagem

obtida. A lixa é uma ferramenta de corte por abrasão, onde o abrasivo é uma substância de

origem mineral, dura e resistente ao desgaste. Os abrasivos mais utilizados nas lixas são:

óxido de alumínio, carbeto de silício, carbeto de boro e diamante. As lixas são classificadas de

80

acordo com o tamanho dos grãos, segundo a norma ABNT MB-481. Na metalografia

utilizamos o lixamento via úmido pois evita o entupimento da lixa e a água serve como

refrigerante e lubrificante para o corte. Para a realização do lixamento metalográfico,

geralmente são utilizadas dois tipos de lixadeiras: Lixadeira Metalográfica Manual

Estacionária por Via Úmido, onde neste tipo de lixadeira o movimento de corte é realizado

pelo operador; Lixadeira Metalográfica Manual Rotativa por Via Úmido, neste tipo de

lixadeira o movimento de corte é realizado pelo operador e pelo movimento da lixa. Este tipo

de lixadeira divide-se em dois tipos:

Se a amostra foi cortada com a serra de disco, inicia-se o lixamento com lixa de grana

220. A verificação da rugosidade da superfície na prática é feita através do tato. A seqüência

de lixas para o lixamento é 120 - 180 - 240 - 280 - 320 - 400 - 500 - 600 - 1.000.

Na lixadeira manual, ao mudar de lixa, deve-se virar a amostra 90° em relação aos

riscos deixados pela lixa anterior, para aumentarmos o rendimento de corte. Na lixadeira

rotativa de prato, o movimento de corte durante o lixamento, deve ser do centro para periferia

e deve-se fazer um giro de 180° na amostra periodicamente, para evitar a formação de planos

inclinados, causados pela não uniformidade da velocidade de corte.

Polimento da amostra na seção lixada: O polimento se faz necessário para aumentar a

nitidez da imagem, pois os riscos e a deformação superficial deixados pelo lixamento

impedem a visualização correta da amostra no microscópio metalúrgico. O polimento pode ser

feito através de politriz mecânica ou eletrolítica. A politriz mecânica possui um prato giratório

sobre o qual, coloca-se o pano metalográfico (feltro) que serve de apoio para o abrasivo. Os

abrasivos mais utilizados são: óxido de cromo (Cr2O3), geralmente em bastão; óxido de

magnésio (MgO), encontra-se em bastão ou suspensão; óxido de alumínio (Al2O3 – alumina),

encontra-se em pasta ou suspensão e diamante sintético ou natural, encontra-se em bastão,

suspensão, pasta. O abrasivo varia de 5 à 0,25 µm e encontra-se na forma de pasta, suspensão

em água destilada, aerossol, e bastão. Destes agentes polidores a alumina e o diamante são os

mais utilizados para o polimento mecânico. O diamante se destaca como mais eficiente devido

81

suas características de granulometria, dureza, forma dos grãos e poder de desbaste. O

processo de polimento eletrolítico, permite obter por dissolução anódica de um metal em um

eletrólito e uma superfície plana.

Ataque com reativo adequado: A superfície da amostra, quando atacada por reagentes

específicos, sofre uma série de transformações eletroquímicas baseadas no processo de óxido

– redução, cujo aumento do contraste se deve às diferenças do potencial eletroquímico. São

formadas células locais onde os constituintes quimicamente menos nobres atuam como ânodo,

reagindo com o meio de ataque de maneira mais intensa que os mais nobres. Para o ataque

químico são usadas soluções alcoólicas de ácidos, bases e sais, bem como sais fundidos ou

vapores. As condições de ataque tais como composição química, temperatura e tempo, podem

ser variadas para atingir as mais diversas finalidades de contraste. O ataque químico ocorrem

principalmente em contornos de grãos por serem zonas de maior energia, têm uma reatividade

química maior que o interior do grão o que permite por em evidência,. A figura abaixo mostra

o esquema de um metal policristalino com os contornos de grão postos em evidência através

de ataque químico. As linhas com seta mostra a incidência de feixe de luz com a respectiva

reflexão.

FIGURA 2.41 - Esquema de um metal policristalino atacado quimicamente e com feixesincidentes e de reflexão de luz.

82

FIGURA 2.42 - Macrografia de uma peça de alumínio fundido com contornos de grãosrevelado por ataque com HCl.

Geralmente a preparação da amostra para o macroataque limita-se ao lixamento. Em

alguns casos, porém, deve-se efetuar um pré-polimento (figura acima). O microataque

evidencia a estrutura íntima do material em estudo, podendo esta ser observada através de

microscópio. A figura abaixo mostra uma micrografia de um aço onde aparece grãos perlíticos

(ferrita + cementita).

FIGURA 2.43 - Micrografia da perlita.

Após o ataque químico a amostra deve ser rigorosamente limpa, para remover os

resíduos do processo, através de lavagem em água destilada, álcool ou acetona, e

83

posteriormente seca através de jato de ar quente. As técnicas mais comuns de ataque são

descritas na tabela abaixo:

TÉCNICA DESCRIÇÃO

Ataque por imersãoA superfície da amostra é imersa na solução

de ataque, é o método mais usado.

Ataque por gotejamentoA solução de ataque é gotejada sobre a

superfície da amostra. Método usado com soluçõesreativas dispendiosas.

Ataque por lavagem

A superfície da amostra é enxaguada com asolução de ataque. Usado em casos de amostrasmuito grandes ou quando existe grandedesprendimento de gás durante o ataque.

Ataque por esfregação

A solução de ataque, embebida em umchumaço de algodão ou pano, é esfregado sobre asuperfície da amostra o que serve para remover ascamadas oriundas da reação.

Ataque – polimento

O polimento é efetuado, estando a amostraimersa na solução de ataque, a fim de evitar aformação de camadas oriundas da reação química.Este processo é usado com o polimento mecano-eletrolítico

• Soluções mais usadas na macrografia de metais ferrosos

REATIVO COMPOSIÇÃO

Reativo de iodo

Iodo sublimado – 10g

Iodeto de potássio – 20g

Água – 100 ml

Reativo de heynCloreto cuproamoniacal – 10g

Água – 120 ml

Reativo de ácidoclorídrico

Ácido clorídrico – 50 ml

Água - 50 ml

Reativo de ácidosulfúrico

Ácido sulfúrico – 20 ml

Água - 100 ml

Reativos de frey

Ácido clorídrico – 120 ml

Cloreto cúprico - 90 ml

Água - 100 ml

Reativo nitalÁcido nítrico – 1 - 5%

Álcool etílico – 99 - 95%

84

• Soluções mais usadas na micrografia de metais ferrosos

REATIVO COMPOSIÇÃO

Reativo nitalÁcido nítrico – 1 - 5%

Álcool etílico – 99 - 95%

Reativo de ácido pícricoÁcido pícrico – 4%

Álcool etílico - 96%

Reativo picrato de sódio

Ácido pícrico – 2 ml

Soda a 36o - 25 g

Água – 100 ml

O reativo de nital e de ácido pícrico não ataca a ferrita e nem a cementita, mas delineia os

contornos de grãos e colore escuro a perlita. A perlita escurece porque o reativo ataca a linha

de contato entre a ferrita e as lamelas de cementita. O reativo de picrato de sódio colore a

cementita, os carbonetos complexos dos aços-ligas e a esteadita dos ferros fundidos.

Interpretação depois do ataque: A tabela abaixo mostra algumas interpretações costumeiras.

ASPECTOS SIGNIFICAÇÃO PROVÁVEL

Pontinhos pretos mais ou menosagrupados numa secção.

Porosidade, em aço moldado.

Linhas com ramificações epequenas áreas escuras próximas ao centrode peças laminadas vistas em seçãotransversal.

Restos de vazio, (quando sua formatem certa simetria podem provir da rupturadurante o forjamento ou laminação).

Linhas pretas aparentementecontínuas internas oriundas da periferia.

Trincas ou inclusões grandesalinhadas.

Pontos ou bastonetes pretosdispostos irregularmente na secçãotransversal de peças laminadas ou forjadas,moles.

a) No ferro pudlado são asescórias maiores.

b) No ferro de pacote sãodefeitos de caldeamento ou partículas deescória dos pedações de ferro pudlado quecontiver.

Pontinhos escuros distribuídos comcerta regularidade por toda a secção excetojunto à periferia, material mole.

Ferro fundido maleabilizado.

Pequeninas áreas cinzentasarredondadas distribuídas uniformementepela secção, geralmente menos numerosas

Ferro fundido mesclado.

85

junto a periferia, material duro.

Linhas escuras orientadaslongitudinalmente

a) No aço, restos de vazio.

b) No ferro pudlado, escóriasgrandes.

c) No ferro de pacote, defeitosde caldeamento

Com reativo de iodo

Dificuldade grande em atacar asuperfície.

a) Aço de teor de carbonomuito baixo e bastante puro (pouco enxofree fósforo).

b) Aço rico em carbono etemperado em água.

c) Aço liga (inoxidável).

Escurecimento rápido da superfíciecom o depósito preto pulverilento.

Aparecimento de regiões detonalidades diferentes com a separaçãonítida (excluída a segregação, as alteraçõesde origem técnica, cementação edescarbonetação).

Material temperado e revenido outemperado grandemente.

a) Materiais vários caldeados.

b) Solda: emendasrestaurações.

Recomendações práticas para o manuseio de produtos químicos

O manuseio de produtos químicos sempre requer cuidados especiais. Praticamente

todos os produtos químicos, e também alguns metais, são perigosos para o organismo

humano, mesmo quando impuros. Os efeitos podem ser internos, causado por inalação ou

ingestão, ou externos, como distúrbios nos olhos ou na pele. Por este motivo, basicamente

para a preparação dos reagentes usados no ataque metalográfico, devem ser observadas as

medidas de segurança que se aplicam a qualquer laboratório químico. Algumas medidas de

segurança de maior importância:

• Todos os recipientes devem ser rotulados correta e visivelmente;

• Nunca despejar um produto químico, quando concentrado, diretamente no esgoto;

• Todas as substâncias críticas devem ser guardadas em ambientes refrigerados, à prova de

fogo e não exposto à luz;

86

• No manuseio de substâncias cáusticas (ácidos, bases, peróxidos, sais fundidos e soluções

salinas), os olhos, a pele e roupa devem ser protegidos por óculos, luvas e uniformes

adequados. Também vapores dessas substâncias sempre venenosos, devendo-se por isso

trabalhar em ambiente muito arejado. Em caso de emanação de gases venenosos, é

imprescindível o uso de máscaras adequadas;

• As soluções de substâncias ativas devem ser preparadas da seguinte maneira: sempre

colocar em primeiro lugar a água e em seguida, cuidadosamente, o produto químico;

• Substâncias combustíveis e explosivas (benzol, acetona, éter, nitratos, etc) não podem ser

aquecidas nem ser manipuladas na proximidade do fogo aberto;

• No trabalho com materiais tóxicos como berílio suas respectivas ligas, devem-se usar

luvas especiais.

• Ácido perclórico. Em concentração acima de 60% é facilmente combustível e explosivo.

Isto ocorre nas presença de materiais orgânicos ou metais facilmente oxidáveis como por

exemplo o Bi. Em conseqüência devem ser evitadas concentrações elevadas e o

aquecimento.

• Ácido fosfórico. As misturas desta substância com álcool podem provocar a formação de

dimetilsulfato, inodoro e insípido porem extremamente tóxico. Quando absorvido pela

pele ou inalado, mesmo com a máscara, pode causar conseqüências letais.

• Ácido fluorídrico. Não é somente um veneno para a pele e o aparelho respiratório, mas

também um corrosivo energético para o vidro. A amostra atacada por este reativo pode

danificar as lentes focais da objetiva do microscópio. Após o ataque com reativos à base

de ácido fluorídico, limpar perfeitamente a amostra pelo menos 15 minutos antes de levá-

la para observação microscópica.

• Óxido de cromo. As misturas de óxido de cromo VI com materiais orgânicos são

explosivas. Misturar com cuidado e não armazenar.

87

3 - AJUSTAGEM

3.1 - INTRODUÇÃO

Se partimos do pressuposto de que se haja o entendimento do fim a que se destina a

fabricação de uma peça ou elementos de um conjunto (máquina), vemos que não é possível

separar a metrologia, limagem, furação, desenho e matemática, etc. O termo ajustagem faz

parte de uma gama muito universal, visto que toda operação de desgaste (torneamento,

limagem, eletroerosão, etc. tem pôr característica três objetivos: 1) chegar a uma medida

respeitando a faixa de erros (tolerância) do projeto, que esta relacionada com a funcionalidade

da peça; 2) provocar uma forma de perfil, dentro ou fora de um eixo de simetria; 3) provocar

na superfície, um determinado grau de rugosidade (acabamento), relacionada com a condição

de trabalho que será sujeita a peça.

3.2 - DEFINIÇÃO

Após a fabricação de uma peça ou máquina, às vezes e quase que corriqueiramente, é

necessário fazer os ajustes finais, entretanto, não necessariamente os ajustes ocorrem no final

da fabricação, podendo ocorrer no início e também durante as etapas de fabricação. A

ajustagem pode ser considerada como processos simples de usinagem, pois consiste em retirar

parte de material e utilizar alguns instrumentos de medição, além de empregar ferramentas

comuns em oficinas. As limas, formões, traçadores, réguas, esquadros, serras manuais ou

mecânicas e furadeiras são as ferramentas mais comuns utilizadas na ajustagem. Existe um

variedade de tipos, cortes, formas, picadas e tamanhos de ferramentas. Isto deve-se ao fato de

haver milhares de diferente trabalhos de usinagem, cada qual podendo ser melhor executado

empregando-se a ferramenta apropriada para cada trabalho. Escolhendo a ferramenta

apropriada, executa-se o trabalho corretamente, ganha-se tempo, porque se trabalha

corretamente e em geral com mais rapidez, economia nas despesas e custo de produção e,

conseqüentemente, maior margem de lucro.

88

3.2.1 - LIMAGEM

Movimento continuo ou alternativo num processo de usinagem, destinado a obtenção

de superfície planas, curvas, rebaixos e furos em concordância ou não com o auxilio de limas.

A limagem acontece juntamente com o movimento alternativo de ida sob pressão considerada.

Na volta, provoca-se, paralelamente, avanços laterais e de recuo mútuo, já com leve pressão.

FIGURA 3.1 - Limagem.

Pode-se afirmar, na linguagem de um leigo, que existe tipos diferentes de lima: 1) para

superfície curva ou convexa; 2) para limar uma superfície curva ou côncava; 3) para limar

uma quina; para limar uma ranhura em entalhe ou um orifício quadrado ou redondo, etc.

3.2.1.1 - Critério para a escolha da ferramenta

Classe de metal ou material que se usina, formato, dureza do objeto ou da peça que se

vai limar, à colocação, tamanho e acabamento da superfície, canto ou entalhe, ranhura ou

orifício que se quer limar. A quantidade de metal que se deve ser rebaixada, assim como ao

espaço de tempo disponível para removê-lo, o grau de precisão requerido. Todas estas

condições estão intimamente relacionadas ao tipo, tamanho, material da ferramenta, picado da

lima, grau de corte e condições de usinagem.

O conjunto das irregularidades microgeométrica (rugosidade) esta muito entranhado na

operação do ajustador. O ajustador não pode se prender apenas à tarefa de atingir uma medida

89

(tolerância dimensional) e uma forma exigida pelo projeto. A qualidade de rugosidade de uma

superfície deve ser considerada, levando em conta vários requisitos como: preço, vida útil,

aspecto visual da superfície. O ajustador, levando em conta as exigências do projeto, fará a

escolha da lima tomando com base a classificação:

• Bastarda - para acabamento de desbastes;

• Bastardinha - para aplainamento;

• Murça - para acabamento liso.

Condições de limagem

As condições de usinagem no entanto devem ser a primeira orientação para maior

desempenho da usinagem que subdividimos em:

• Peça parada e a lima se movimenta. Todas as operações de corte a frente: numa só

direção, aplainamento e translimagem só se aplicam no caso da peça estar sem

movimento;

FIGURA 3.2 - Limagem em bancada.

• Peça e lima se movimentam. No caso de peça e lima se movimentarem (limagem no

torno), só se plica limagem em numa só direção fazendo o uso de lima de ângulo longo,

principalmente quando forem trabalhados com material duro. A lima murça ou serra de

90

engenho só presta para acabamento em materiais duros e macios, onde a pressão exercida

deve ser suave, visto que em materiais macios os cavacos riscam a superfície. Deve-se

considerar o sentido de corte que deve ser inverso da rotação da peca, ao mesmo tempo

que o avanço lateral da lima deve ser feito ao retorno. A planicidade de um eixo exigirá,

do torneiro, uniformidade contínua dos avanços laterais e de corte, conforme a figura

abaixo. Quando a limagem em torno tiver objetivo de ajustagem de eixos, pode-se fazer

uso de lixas fixas sob a lima com fim de não prejudicar a planicidade do cilindro e obter

polimento. Deve-se, ainda, ser considerar a velocidade de corte usada no torno visto que,

para diâmetros diferentes deverá haver uma compensação na rotação. A tabela abaixo

mostra alguns valores médios de velocidade de corte para cálculo de rotação de acordo

com a expressão: NV

Dc=

⋅320, onde N é o numero de rotação pôr minuto (rpm), Vc é a

velocidade de corte e D é o diâmetro da peça.

VELOCIDADE DE CORTE DA PEÇA A SER LIMADA NO TORNO

Material limado Velocidade de corte

Ferro fundido 50 m/min.

Aço reduzido para ferramenta 58 m/min.

Aço maleável 115 m/min.

Latão maleável 115 m/min.

FIGURA 3.3 - Limagem em torno.

91

lima de ângulo longo - Possui as bordas lisas de modo que pode-se fazer uso tanto da lima

dentes de lâmina (Nicholson), como a lima para torno, ambas de ângulo longo.

Aplicações da lima

Dependendo da sua geometria, comprimentos, largura, rugosidade e sua natureza (aço

carbono – vitrificada – diamantada - tungstênio), a lima pode ser usada nas mais diversas

operações de ajustagem, em bancadas ou máquinas operatrizes, satisfazendo os mais

criteriosos projetos. Ela se presta basicamente para: acabamentos lisos em tornearia;

aplainamento e concordância e matrizes e afiação.

3.2.1.2 - Classificação geral das limas

Pode-se classificá-las de acordo com a natureza do material da lima em:

• Limas vitrificadas: indicadas para remoção de pequenas imperfeições, arredondamentos

de cantos vivos, ferramentas para estampagem, assim como para melhorar a rugosidade

das matrizes em prensas quando em funcionamento na produção como por exemplo:

azulejos, pisos, etc., casos onde ocorre impregnação de pó cerâmico ou trincos nos

biscoitos cerâmicos. Com semelhança ao material dos rebolos (oxido de alumínio

especial), contudo apresentam formas de bastão de perfil, idênticos ao das limas de aço

carbono.

92

FIGURA 3.4 - Perfis de lima.

• Limas diamantadas: indicadas para todos tipos de arredondamentos de canto vivos em

ferramentas de metal duro. Podem ser com uma ou com duas bordas diamantadas.

• Limas aço-carbono: são limas feitas de aço com médio ou alto teor de carbono. Podem

ser: Agulhas - para serviços leves e dispensam o uso dos cubos de madeira. Elas tem por

objetivo a aplicação em trabalhos de precisão. Os perfis deste tipo de lima são: barrete,

chata paralela, paralela com dois cantos arredondados, triangular, quadrada, meia cana,

redonda, faca, oval. Mecânicas - existe mais de 3.000 tipos, tamanhos e picados de limas,

uma para cada trabalho específico, tornando-se a sua classificação complexa.

• Limas rotativas: Estas limas se usam adaptadas em um eixo flexível e se aplicam em dois

tipos de corte: “picadas a mão” e “fresadas”, ambas são de metal duro. As fresadas contém

carboneto de tungstênio. Em qualquer caso a aplicação é feita em acabamentos finais com

auxilio de dispositivos de rotação que dê em média 20.000 rpm.

FIGURA 3.5 - Limas rotativas.

• Limas especiais: As limas de corte simples se empregam, geralmente, excedendo-se

pouca pressão para se obter um acabamento liso de uma determinada superfície ou um fio

93

muito cortante na lamina de uma faca, em tesouras, em dentes de uma serra e outra

ferramenta de gume. As limas de corte duplo são usadas com mais pressão para remover

metal rapidamente em trabalhos que não exijam acabamento liso. O corte grosa consiste

em uma serie de dentes individuais produzidos por um cinzel na ponta, estreito e

semelhante a punção. É um picado muito tosco e usado principalmente em madeira, couro,

casco de animais, alumínio, chumbo e outros materiais.

A – limas serra de engenho são chamadas assim porque são empregadas amplamente na

afiação de serra de engenho ou circulares nas serrarias. Estas limas também tem utilidades

para afiar traçadores, facas de segadeiras mecânicas, assim como em trabalho de torno, para

aplanar com a lima atravessada em materiais de ligas de latão e bronze; e para acabamentos

lisos em geral;

B – Limas de ângulo longo para torno, com dentes cortados em ângulo muito mais longo que

o da limas serra de engenho;

FIGURA 3.6 - Limas especiais.

94

C – Lima dente em lâmina para alguns metais moles ou ligas, tais como o alumínio, o cobre,

o latão, bem como o plástico, borracha vulcanizada de madeira, que combina o desbaste

rápido domaterial com excelentes propriedades de alisamento. Conforme o seu nome indica,

estas limas são usadas amplamente pelos mecânicos em oficinas de concertos, por fabricantes

de automóveis, caminhões, tratores e de outras máquinas.

D – Limas para latão, (assim como a lima para alumínio), tem um corte inferior fino, de

ângulo longo, formando pequenas ondas que despedaçam a limalha, permitindo que a lima se

livre das aparas.

E - Grosa para alumínio. Para desbaste rápido do alumínio e ao mesmo tempo obter bom

acabamento.

F – Limas para aço inox tem propriedades excepcionais de resistência ao desgaste.

Empregadas de modo apropriado, com pouca pressão, passada lenta e constante retira o metal

rapidamente.

G – Limas para chumbo – Seus dentes baixo, e picado grosso, de corte simples e ângulo

curto, tem efeito de uma série de lâminas cortantes que desbastam o metal rapidamente sobre

pressão constante.

3.2.1.3 - Informações gerais

A tabela e a figura abaixo mostram informações ou características gerais de uma lima,

cuja linguagem nem sempre é igual em todo o território nacional.

FIGURA 3.7 - Características gerais das limas.

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RELAÇÃO ENTRE PEÇA E LIMASPEÇAS LIMAS1 - Natureza do materiala ser trabalhado

SIMPLES – Aço macio CRUZADO – Aço duroPICADO DA LIMA CURVO – Aço macio e Aço duro TIPO GROSSA – Alumínio

2 - Grau de rugosidade dasuperfície (tipo deacabamento)

BASTARDAGRAUS DE CORTE BASTARDINHA MURÇA

3 - Perfil da superfície(desenho)

QUADRICULARESTIPOS TRIANGULARES CIRCUFERÊNCIAIS

4 - Linha de ação (L) detrabalho

COMPRIMENTO DA LIMA (C) C = ± 3L

3.2.2 - TRAÇAGEM

O traçado consiste em marcar, sobre a superfície exterior de uma peça de metal, linhas

para indicar o limite de desbaste, ou então os eixos de simetria de furos, ranhuras, etc. É uma

operação prévia do ajuste e usinagem . Do traçado depende a exatidão das operações restantes.

O traçado se divide em duas classe: no plano e no espaço.

3.2.2.1 -Tipos de traçado

• Traçado no plano. Chama-se assim ao traçado no qual todas as linhas assinaladas estão

sobre uma única superfície plana e reproduzem os contornos e detalhes de uma peça.

96

FIGURA 3.8 - Traçado no plano.

• Traçado no espaço. Chama-se assim ao traçado em peças nas três dimensões.

FIGURA 3.9 - Traçado no espaço.

3.2.2.2. - Materiais de traçagem

• Tintas para traçagem.

1) Tinta azul para traçagem para facilitar a predominância dos traçados numa

superfície. É um líquido preparado para uma grande variedade de superfícies, sendo também

muito útil na verificação do ajuste de peças das máquinas e outros deslizantes. Características:

tonalidade azul opaca que elimina reflexos evitar forçar as vistas; contraste do azul

proporciona legibilidade total do traçado; suporta refrigerantes de corte sem desgastar; suporta

calor produzido durante a usinagem; solúvel em álcool.

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Exemplo:

Referência Starret Capacidade Característica

1611 420 ml Aerosol para uso geral

1610 - 32 900 ml Líquido para aplicação com pincel

2) Sulfato de cobre. Solúvel em água, o que proporciona à peça uma impressão de

cobre.

• Instrumento de medição (verificação).

paquímetros (calibres); graminho (traçadores); micrômetros, blocos padrões e relógio

comparador.

• Riscador.

É uma haste de aço, de ponta aguda endurecida pela têmpera. Os tipos mais usados

estão nas figuras. Deslizando-o, com ligeira pressão, sobre uma superfície de material mais

macio, será riscada ou traçada uma linha.

• Esquadro.

O esquadro é um instrumento com lâmina de aço que serve para o traçado de retas

perpendiculares, isto é, de retas que tenham entre si um ângulo de 90°. Existem vários tipos de

esquadros de acordo com sua finalidade e com o grau de precisão, conforme as figuras abaixo.

Plano de base de cabelo de lâminas

FIGURA 3.10 - Tipos de esquadro.

98

• Graminho e ou traçadores.

É uma das ferramentas mais utilizadas para traçar. É utilizada também para verificar

superfícies paralelas.

FIGURA 3.11 - Graminho.

• Transferidor (goniômetro).

É um instrumento utilizado para a medição, verificação e traçado de um ângulo

qualquer numa peça. Ajustando-se a régua e a base do goniômetro ao ângulo desejado

podemos traçar com o riscador o ângulo. Este instrumento possui graduações adequadas que

indicam a medida do ângulo formado pela régua e pela base. A unidade prática de medida

angular é o grau e no corpo está o traço de referência zero (0). Quando a base é perpendicular

à borda da régua, a referência “00” do arco coincide com o “900” do disco.

FIGURA 3.12 - Goniômetro.

99

• Compasso divisor.

O compasso divisor é geralmente um compasso de mola, tendo na extremidade das

duas pernas pontas finas para riscar. Para servir bem, estas pontas tem que ter o mesmo

comprimento de modo que a bissetriz do ângulo formado pelo comprimento esteja vertical à

superfície que se risca.

FIGURA 3.13 - Compasso.

• Mesa de desempeno.

A mesa de desempeno é uma mesa de ferro fundido retificada, usada para traços e

verificações de planos ou retas paralelas. Para que o graminho possa deslizar sobre a

superfície da mesa, esta deve estar lisa e limpa. Após o uso deve-se deixar a mesa com uma

ligeira camada de óleo.

• Régua de traços.

É uma lâmina de aço de faces planas e paralelas. Suas bordas ou seus fios são retos.

• Calços (elementos de fixação).

São utilizados no traçado e servem para proteger a mesa de desempeno das rebarbas,

ranhura, etc. De acordo com o seu destino os calços tem construção diversa, conforme a figura

abaixo.

FIGURA 3.14 - Calço de apoio simples e forma de T para grandes apoios.

100

3.2.3 - SERRAMENTO

Serramento significa separar uma peça em mais partes. No processo de serramento faz-

se uso de serras manuais ou mecânicas.

• Serramento manual. Para serrar manualmente é necessário adaptar a serra a um arco. O

arco é um instrumento ou suporte ao qual se fixa a lâmina de serra. Os arcos para lâminas

podem ser fixos ou extensíveis. A fixação da lâmina é conseguido por meio da borboleta

ou porca. Para trabalhos comuns são empregados lâminas de 16 e 22 dentes por polegadas

e a espessura da lâmina varia de 0,7 a 1,5 mm. As serras manuais devem ser,

preferivelmente finas, de 0,7 ou 0,81 mm. O comprimento das serras costuma variar de 8 a

24 polegadas medido-se pela distância entre os centros dos furos.

FIGURA 3.15 - Serra manual.

Antes de serrar, deve-se verificar se as pontas dos dentes da serra estão voltadas para a

borboleta (direção de corte) e suficientemente tensa, verificando também se a colocação da

serra está no plano do arco. Ao serrar, o cabo deve ser empurrado como a lima. Deve-se tomar

o cuidado que mais de um dente trabalhe.

FIGURA 3.16 - Direção de corte.

• Serramento mecânico. Pode ser circular ou contínuo.

101

Serramento Circular (Caso 1) - Processo no qual a ferramenta gira ao redor de seu eixo e

desloca-se em uma trajetória retilínea avançando transversalmente até a peça ser cortada;

Serramento Circular (Caso 2) - Processo no qual a ferramenta gira ao redor de seu eixo, em

uma posição fixa, e a peça desloca-se em uma trajetória retilínea, guiada, em direção a

ferramenta.

a) b)

FIGURA 3.17 - Serras circulares. a) caso 1; b) caso 2.

Serramento Contínuo - Processo no qual o material a ser serrado fica fixo, a ferramenta

(serra-fita), se desloca com movimento continuo em um circuito fechado, preso sob tensão

entre dois volantes e guiada por roldanas;

Serramento Contínuo (Recorte) - Processo no qual a ferramenta realiza um movimento

continuo e fixo em sua posição, o material a ser serrado é conduzido livremente, de maneira a

produzir o recorte desejado.

102

FIGURA 3.18 - Serras contínuas.

3.2.4 - FURAÇÃO

Movimento giratório contínuo que somado com avanço (movimento paralelo ao eixo

da broca) produz perfis cilíndricos. É um dos processos de usinagem muito simples,

entretanto deve-se ter alguns cuidados como: afiação correta da broca; marcar previamente os

furos com a punção de 90º; escolher o lubrificante que refrigere e proporcione melhores

condições de ataque; escolher a furadeira que dê melhor rendimento. O esquema abaixo

mostra as seqüências usuais para a furação

Determina-se a broca e diâmetrosEstuda-se o projeto

Calcula-se a rotação Monta-se a broca

Fixa-se a peça Escolha-se na máquina a rotaçãomais próxima do calculo

Estuda-se a refrigeração Executa-se o furo

Desmonta-se as partes Limpa-se a máquina

FIGURA 3.19 - Etapas da furação.

3.2.4.1 - Tipos de furação

• Furação de Centro - Processo de furação destinado à obtenção de furos de centro,

visando uma operação de usinagem posterior na peça;

• Furação em Cheio - Destinado a abertura de um furo cilíndrico numa peça, removendo

todo o material compreendido no volume do furo final, na forma de cavaco;

103

• Furação Escalonada - Processo de furação destinado à obtenção de um furo com dois ou

mais diâmetros, simultaneamente.

3.2.4.2 - Tipos de furadeiras

Pode-se considerar quatro categorias: portátil, bancada, coluna e de coordenadas.

• Furadeiras portátil - São necessárias nos casos em que os pontos a serem furados

encontram-se em locais de difícil acesso.

• Furadeira de bancada - São máquinas de pequenas dimensões onde o avanço da broca é

feito manualmente. O seu motor tem sua capacidade geralmente em torno de 0,5 CV.

FIGURA 3.20 - Furadeira de bancada.

• Furadeira de coluna - Neste tipo de furadeira a transmissão se faz de duas maneiras: por

polias em degraus e correias; por engrenagem cônicas.

FIGURA 3.21 - Furadeira de coluna.

104

• Furadeiras radiais - Empregadas em peças de grandes dimensões. Se aplica furação em

diversos pontos sem precisar deslocar a peça. A broca sofre os movimentos de translação

necessárias no eixos X e Y. O braço tem cremalheira solidária que permite o deslocamento

do cabeçote porta broca.

FIGURA 3.22 - Furadeira radial.

• Furadeira de coordenadas - Permite a localização dos pontos da peça com muita

precisão. O deslocamento é feito através da mesa de coordenadas que possui colar

micrométrico. Nestas furadeiras é possível abrir rasgos com fresas de topo. Estas

furadeiras diferem da radial onde a broca é que se desloca, neste a peça sofre os

deslocamentos.

105

FIGURA 3.23 - Furadeira de coordenadas.

3.2.4.3 - Brocas

O objetivo da broca é promover a abertura de furos simétricos em aços, madeiras, etc.

Possui um corpo principal, sulcos de saída de cavaco e aresta de corte. É fabricada, em geral,

de aço ao carbono. Para trabalhos que exijam alta rotação, usam-se brocas de aço rápido. Estas

oferecem maior resistência ao corte e ao calor do atrito, desgastam-se menos, podem trabalhar

com mais rapidez, sendo, portanto mais econômicas. Atualmente, há brocas com camadas

externas revestidas com nitreto de titânio que conferem resistência ao desgaste.

106

FIGURA 3.24 - Broca.

Ponta da broca - É constituída por duas superfícies cônicas que no seu encontro, formam

aresta da ponta. O ângulo destas duas superfícies cônicas é denominado ângulo de ponta. A

ação da aresta é a de calçar o material, mediante a grande pressão causada pelo movimento de

avanço. A aresta da ponta não corta o material. A figura abaixo mostra, bem ampliado, o

aspecto da ponta de uma broca helicoidal. As duas superfícies cônicas da ponta da broca se

encontram com as superfícies dos canais, formando as arestas cortantes (fios ou gumes da

broca). O corte é produzido por estas arestas, onde: “c” é o ângulo do gume, “f” o ângulo de

folga ou incidência e “s” o ângulo de saída do cavaco também conhecido por ângulo de

ataque.

FIGURA 3.25 - Ponta da broca.

corpo de broca - Guias: São estreitas superfícies helicoidais que mantêm a broca do furo sem

produzir corte; Canais: São ranhuras helicoidais. Devido a esta forma helicoidal e ao giro da

broca, os cavacos produzidos pelas arestas cortantes vão sendo elevados e lançados para fora

do furo; Alma: É a parte central da broca entre os dois canais. A alma aumenta ligeiramente

de espessura à medida que se aproxima o haste, ou seja, os canais vão se tornando mais rasos.

107

Isso aumenta a resistência da broca, que é sujeita constantemente a um esforço de torção,

durante o corte. O corpo da broca diminui ligeiramente de diâmetro, a partir da ponta até a

haste na relação de 1:2000. Dessa maneira, a broca não se agarra à superfície do furo, quando

este for profundo.

Haste da broca - Destina-se à fixação da broca na máquina. Pode ser cilíndrica ou cônica.

Ângulo da ponta - Para trabalhos mais comuns, o ângulo da ponta deve ser de em torno de

115º.

Ligas leves e ferro fundido- 90º

Ferro fundido - 90º

Cobre e alumínio - 100º

Aços forjados- 125º

Aços duros - 150º

FIGURA 3.26 - Ângulo da ponta.

Ângulo de folga ou incidência - O ângulo de folga ou incidência deve ser de 9º a 15º nos

trabalhos mais comuns, todavia materiais especiais podem exigir ângulos diferentes.

Baquelite - 12º

Borracha e madeira - 12º

Ferro fundido e latão - 12º

Cobre e alumínio - 10º

108

Aço inoxidável - 6º

Aços duros - 6º

FIGURA 3.27 - Ângulo de folga.

3.2.4.4 - Parâmetros de furação

Velocidade de corte - É velocidade necessária para obter as melhores condições de trabalho

(rendimento) durante o corte. A velocidade de corte depende do material da ferramenta e

material da peça, sendo que a velocidade de corte é encontrado em tabelas de fabricantes de

brocas.

Rotação - É a rotação ideal para proporcionar o corte. A rotação ideal depende da velocidade

de corte e do diâmetro da broca. NV

Dc=

⋅π. Ex.: Qual a rotação necessária para abrir um furo

de diâmetro igual a 10mm, cujo Vc = 15m/min.

NV

Dc=

⋅=

⋅≅

π π

15.000 mmmin

10 mm rpm477

109

3.2.4.5 - Escareadores

O objetivo do escareador, como o próprio nome diz, é escarear furos simétricos para

rebaixar furos cilíndricos, de modo a formar um encaixe de alguns tipos de pinos com cabeça,

parafusos, rebites de cravação, etc. Na maioria das vezes, o escareador é utilizado logo após a

execução do furo. Em tais casos não há problema quanto a centragem. Retirando-se a broca, e,

montando-se o escareador. No caso do escareador cônico, desejando-se escarear um furo que

já tenha sido deslocado, pode-se fazer uma centragem simples que dá resultados aceitáveis.

Para isso, deixando-se ligeiramente frouxa a peça, aproximando-se do furo o escareador em

movimento, sem fazer pressão. A própria rotação do escareador centra o furo.

FIGURA 3.28 - Escareadores.

3.2.5 - ROSCAMENTO

O processo de roscamento consiste em fazer filetes padronizados obtidos em máquinas

operatrizes, com machos, cossinetes, em torno ou fresadora. Alguns sistemas:

1. Rosca Métrica – Sistema Internacional (S.I.). Esse sistema adota duas séries de roscas:

Rosca Métrica Normal e Rosca Métrica Fina.

110

2. Rosca Whitworth – Norma DIN 11. Este sistema estabelece as dimensões para roscas

Whitworth de série normal, adotando para as mesmas 3 classes de acabamentos: Classe Fina,

Classe Média, Classe Grossa (Normal).

3. Rosca Americana

FIGURA 3.29 - Pente para determinação de rosca.

Rosca Métrica Rosca Withworth

a) Crista Plana – Fundo Arredondado a) Crista Arredondada – Fundo Arredondado

b) Altura (Hm)

Hm = 0,69.passo

b) Altura (Hw)

Hw = 0,64.passo

c) Diâmetro do núcleo (Ø n)

Ø n = Ø ex – 2H

c) Diâmetro do núcleo (Ø n)

Ø n = Ø ex – 2H

d) Leitura : M12.1

M: Rosca Métrica

12: Ø ex

1 : Passo

d) Leitura: W3/8 – 16

W: Rosca Withworth

3/8: Ø ex

16: N° fios/polegada

111

Ø b = Diâmetro de brocas

Ø b = Ø n + 0,2

Exemplo: Qual o diâmetro da broca, para a abertura das roscas: M10x2 e W3/8 – 16

1- M10x2

Ø b = ?

Ø b = Ø n + 0,2

Ø n = Ø ex – 2H

Hm = 0,69.P

Hm = 1,38

Ø n = 10 – 2 . 1,38

Ø n = 7,24

Ø b = Ø n + 0,2

Ø b = 7,24 + 0,2

Ø b = 7,44mm

2- W3/8-16

P = 25 , 4

N° fios/pol.

P = 1,58

Hw = 0,64 . 1,58

Hw = 1,01mm

Ø n = Ø ex – 2H

Ø n = (3/8”) – 2,02

Ø n = (3/8”. 2,54 – 2,02

Ø n = 9,39 – 2,02

Ø n = 7,37

Ø b = Ø n + 0,2

Ø b = 7,37 + 0,2

Ø b = 7,5mm

3.2.5.1 - Machos

São ferramentas de aço de boa qualidade, temperados e revenidos. São providas de 3 a

4 ou mais rasgos, para ali se alojarem os cavacos durante o roscamento. Suas extremidades

são cônicas, para que as mesmas possam entrar no furo feito de acordo com o diâmetro do

núcleo da rosca. O rasgo da rosca é aberto gradativamente até atingir a sua profundidade

exigida. No caso de furos não vazados, o fundo da rosca nesta extremidade permanecerá

inutilizável. Para resolver estas dificuldades, geralmente, se empregam jogos de 3 peças.

FIGURA 3.30 - Macho desbastador.

112

Macho desbastador – Reconhecido pelo n° 1 , ou entalhe circular, ou por um colar na haste.

É cônico em certa porção, a partir da extremidade roscada, tendo por isso, alguns filetes

achatados;

Macho intermediário - n° 2 ou com dois entalhes circulares. Sua parede cônica é menor do

que a do macho n° 1, apresentando uns poucos filetes achatados;

Macho acabador - n° 3 ou com três entalhes circulares. Apresenta a entrada (cerca de dois

filetes achatados) cônicos, o restante do corpo apresenta dentes de perfil triangular de vértice

agudo.

Desandador - São dispositivos de aço para serem acoplados aos machos quando na

necessidade de abrir uma rosca , o desandador funciona como alavanca, que possibilita

imprimir o movimento de rotação necessário à penetração do macho no furo.

FIGURA 3.31 - Desandador.

3.2.5.2 - Cossinetes

São ferramentas utilizadas tanto em máquinas operatrizes como manualmente. Presta-

se a abertura de roscas no eixo. Há dois tipos: o de Entrada Helicoidal e os sem Entrada

Helicoidal.

Cossinetes de entrada helicoidal. São aplicadas nos rosqueamentos de alta produção em

tornos automáticos em materiais de cavacos longos. Cavacos: conduzidos no sentido do

avanço da ferramenta.

113

FIGURA 3.32 - Cossinete de entrada helicoidal.

Cossinetes sem entrada helicoidal São do tipo universal para trabalhos manuais, torno, torno

automático, quando são utilizados materiais que produzam cavacos curtos e quebradiços.

3.2.5.3 - Tipos de roscamento

Roscamento externo com cossinete. Processo utilizado para obtenção de filetes, por meio da

abertura sulcos helicoidais de passo uniforme em superfícies cilíndricas ou cônicas de

revolução. Neste caso a peça fica estática, e a ferramenta chamada cossinete, girando, avança

externamente, produzindo desta maneira a rosca.

FIGURA 3.33 - Roscamento externo com cossinete.

114

Roscamento externo com ferramenta de perfil múltiplo. Processo utilizado para obtenção

de filetes, por meio da abertura sulcos helicoidais de passo uniforme em superfícies cilíndricas

ou cônicas de revolução. Neste caso a peça gira, e a ferramenta de perfil múltiplo, avança

externamente produzindo desta maneira a rosca.

FIGURA 3.34 - Roscamento externo com ferramenta de perfil múltiplo.

Roscamento externo com ferramenta de perfil único. Processo utilizado para obtenção de

filetes, por meio da abertura sulcos helicoidais de passo uniforme em superfícies cilíndricas

ou cônicas de revolução. Neste caso a peça gira, e a ferramenta de perfil único, avança

externamente produzindo desta maneira a rosca.

FIGURA 3.35 - Roscamento externo com ferramenta de perfil único.

Roscamento externo com fresa de perfil múltiplo. Processo utilizado para obtenção de

filetes, por meio da abertura sulcos helicoidais de passo uniforme em superfícies cilíndricas

115

ou cônicas de revolução. Neste caso a peça, e a fresa, giram no mesmo sentido. A fresa avança

externamente, em sentido longitudinal em relação ao eixo de rotação da peça, produzindo

desta maneira a rosca.

FIGURA 3.36 - Roscamento externo com fresa de perfil múltiplo.

Roscamento externo com fresa de perfil único. Processo utilizado para obtenção de filetes,

por meio da abertura sulcos helicoidais de passo uniforme em superfícies cilíndricas ou

cônicas de revolução. Neste caso a peça, e a fresa, giram no mesmo sentido. A fresa avança

externamente, em sentido longitudinal em relação ao eixo de rotação da peça, produzindo

desta maneira a rosca.

Roscamento externo com jogo de pentes. Processo utilizado para obtenção de filetes, por

meio da abertura sulcos helicoidais de passo uniforme em superfícies cilíndricas ou cônicas de

revolução. Neste caso a peça fica estática, e o jogo de pentes, girando, avança externamente,

produzindo desta maneira a rosca.

116

FIGURA 3.37 - Roscamento externo com com jogo de pentes.

Roscamento interno com ferramenta de perfil múltiplo. Processo utilizado para obtenção

de filetes, por meio da abertura sulcos helicoidais de passo uniforme em superfícies cilíndricas

ou cônicas de revolução. Neste caso a peça gira, e a ferramenta de perfil múltiplo, avança

internamente produzindo desta maneira a rosca.

Roscamento interno com ferramenta de perfil único. Processo utilizado para obtenção de

filetes, por meio da abertura sulcos helicoidais de passo uniforme em superfícies cilíndricas

ou cônicas de revolução. Neste caso a peça gira, e a ferramenta de perfil único, avança

internamente produzindo desta maneira a rosca.

Roscamento interno com fresa. Processo utilizado para obtenção de filetes, por meio da

abertura sulcos helicoidais de passo uniforme em superfícies cilíndricas ou cônicas de

revolução. Neste caso a peça, e a fresa, giram em sentido oposto. A fresa avança internamente,

em sentido longitudinal em relação ao eixo de rotação da peça, produzindo desta maneira a

rosca.

Roscamento interno com macho. Processo utilizado para obtenção de filetes, por meio da

abertura sulcos helicoidais de passo uniforme em superfícies cilíndricas ou cônicas de

revolução. Neste caso a peça fica estática, e a ferramenta, girando, avança internamente,

produzindo desta maneira a rosca.

117

FIGURA 3.38 - Roscamento interno com macho.

118

4 - USINAGEM

4.1 - INTRODUÇÃO

A usinagem é um dos principais processos de fabricação de peças unitárias, séries

pequenas e em massa, que consiste na remoção de parte do material da peça (cavaco) com

ferramentas de geometria de corte definida. A maioria dos processos de usinagem é realizada

pelo tensionamento localizado de uma região da peça, através do movimento relativo entre a

ferramenta e a peça. Embora quase todos esses processo utilizem energia mecânica, alguns

dos processos mais recentes de remoção de metal empregam energia química, elétrica ou

térmica. A usinagem é empregada, geralmente, para produzir formas com elevada tolerância

dimensional, bom acabamento superficial e, freqüentemente, geometrias complexas. Os

processos de usinagem, no contexto atual da evolução, podem ser divido em duas categorias:

convencionais e não convencionais ou atípicos.

4.2 - PROCESSOS CONVENCIONAIS DE USINAGEM

Os processos de usinagem são ditos convencionais quando utilizam uma ferramenta de

corte e, em contato com a matéria-prima, fazem a remoção de material, por meio de corte ou

abrasão. Dentro desta categoria, as operações de usinagem de muita importância no aspecto da

produtividade e que se encontra freqüentemente em oficinas e fábricas são de torneamento e

de fresamento. Em virtude desta importância, estas duas operações serão descritas com mais

detalhes em outra unidade.

119

4.2.1 - AFIAÇÃO

Operação de usinagem por abrasão, através do qual são obtidos os ângulos finais e o

acabamento das superfícies de uma ferramenta de corte, com o propósito de habilitá-la para

sua função.

FIGURA 4.1 - Afiação.

4.2.2 - ALARGAMENTO

Processo destinado ao desbaste ou acabamento de furos cilíndricos ou cônicos, com

auxílio de ferramenta, geralmente, multicortante. Para tanto, a ferramenta ou a peça giram e a

ferramenta ou a peça se deslocam segundo uma trajetória retilínea, coincidente ou paralela ao

eixo de rotação da ferramenta. Tem por finalidade melhorar a precisão do furo cilíndrico ou

cônico após a furação com a broca (acabamento) ou para desbaste da parede de um furo .

120

FIGURA 4.2 - Cilíndrico de acabamento.

a) b)

FIGURA 4.3 - a) Cônico de acabamento, b) Cônico de desbaste.

4.2.3 - APLAINAMENTO

Processo de usinagem utilizado para obtenção de guias, perfis, ranhuras em T, rasgos

de chavetas geradas por um movimento retilíneo alternativo da peça e/ou da ferramenta, ou

para obtenção de superfícies cilíndricas de revolução, geradas por um movimento em torno do

próprio eixo da peça e um deslocamento retilíneo da ferramenta desbastante. Pode-se também

obter superfícies curvilíneas, geradas por um movimento retilíneo alternativo no sentido do

corte da peça e apresentando uma variação na altura da ferramenta.

121

FIGURA 4.4 - Aplainamento de guias.

FIGURA 4.5 - Aplainamento de perfis.

FIGURA 4.6 - Aplainamento de ranhuras T.

122

FIGURA 4.7 - Aplainamento de rasgos.

FIGURA 4.8 - Aplainamento de rasgo de chavetas.

FIGURA 4.9 - Aplainamento de superfícies cilíndricas de revolução.

123

4.2.4 - BROCHAMENTO

Processo de usinagem destinado a obtenção de superfícies quaisquer com auxílio de

ferramentas multicortantes. Para tanto a ferramenta ou a peça se deslocam segundo uma

trajetória retilínea, coincidente ou paralela ao eixo da ferramenta. O brochamento pode ser

realizado interna e externamente a peça.

FIGURA 4.10 - Brochamento externo e interno.

4.2.5 - BRUNIMENTO

Processo mecânico de usinagem por abrasão empregado no acabamento de furos

cilíndricos de revolução, no qual todos os grãos ativos da ferramenta abrasiva estão em

constante contato com a superfície da peça e descrevem trajetórias helicoidais ao longo da

geratriz da superfície de revolução com movimentos alternados de pouca amplitude mas de

grande freqüência.

124

FIGURA 4.11 - Brunimento.

4.2.6 - DENTEAMENTO

Processo mecânico de usinagem geralmente executado por fresadoras, no caso

apresentado trata-se do processo denominado Renânia, onde o movimento da peça e da

ferramenta são sincronizados possibilitando maior produção de peças bem como exatidão em

suas medidas. O processo de Denteamento é destinado à obtenção de elementos denteados,

tais como engrenagens e cremalheiras, emprega uma ferramenta que transmite a forma do seu

perfil à peça com movimentos normais de corte e avanço. Pode ser conseguido basicamente

de duas maneiras:

a) formação: emprega uma ferramenta que transmite a forma do seu perfil à peça com

movimentos normais de corte e avanço.

b) geração: emprega uma ferramenta de perfil determinado, que com os movimentos normais

de corte, associados as características de geração produz um perfil desejado na peça.

125

FIGURA 4.12 - Denteamento.

4.2.7 - ESPELHAMENTO

Operação de usinagem por abrasão no qual é dado acabamento final da peça por meio

de abrasivos, associados a um porta-ferramenta específico para cada tipo de operação, com o

fim de se obter uma superfície especular. Pode ser cilíndrico ou plano.

FIGURA 4.13 - Espelhamento cilíndrico.

126

FIGURA 4.14 - Espelhamento plano.

4.2.8 - FRESAMENTO

Processo destinado à obtenção de superfícies quaisquer com o auxílio de ferramentas

multicortantes. Para tanto, a ferramenta gira e a peça ou a ferramenta se deslocam segundo

uma trajetória qualquer. Distinguem-se alguns tipos básicos de fresamento:

a) fresamento cilíndrico tangencial: processo de fresamento destinado à obtenção de

superfície plana paralela ao eixo de rotação da ferramenta. Quando a superfície obtida não for

plana ou o eixo de rotação da ferramenta for inclinado em relação à superfície originada na

peça, será considerado um processo especial de fresamento tangencial. Cada gume remove

uma pequena quantidade de material em cada revolução do eixo onde a ferramenta está

fixada. Neste caso a fresa cilíndrica de haste paralela (fresa de topo) realiza um desbaste em

uma superfície paralela da peça, em relação ao eixo de rotação da ferramenta.

127

FIGURA 4.15 - Fresamento cilíndrico tangencial de topo.

• fresamento tangencial concordante: no movimento concordante o esforço do corte tende

a arrancar a peça do dispositivo onde ela se encontra fixada.

FIGURA 4.16 - Fresamento tangencial concordante.

• fresamento tangencial discordante: no movimento discordante o esforço do corte tende

a empurrar a peça contra o dispositivo onde ela se encontra fixada.

FIGURA 4.17 - Fresamento tangencial disconcordante.

128

• fresamento tangencial de perfil.

FIGURA 4.18 - Fresamento tangencial de perfil.

b) fresamento frontal: processo de fresamento destinado a obtenção de superfície plana,

curvelínia ou canaleta, perpendicular ao eixo de rotação da ferramenta. Cada gume remove

uma pequena quantidade de material em cada revolução do eixo onde a ferramenta está

fixada. Nestes casos a ferramenta gira em torno de um eixo perpendicular à superfície da peça.

FIGURA 4.19 - Fresamento frontal.

129

FIGURA 4.20 - Fresamento frontal de canaleta.

• fresamento rabo de andorinha: neste caso a ferramenta é conhecida como fresa angular

e realiza uma usinagem trapezoidal chamada "rabo de andorinha".

FIGURA 4.21 - Fresamento frontal rabo de andorinha.

c) fresamento composto: há situações em que só duas operações ocorrem simultaneamente,

podendo ou não haver predominância de uma sobre a outra, denominada de fresamento

composto. Neste caso existem diferentes inclinações e diâmetros no perfil da ferramenta, que

realiza uma usinagem com variações na superfície da peça.

130

FIGURA 4.22 - Fresamento composto.

4.2.9 - FURAÇÃO

Operação destinado a obtenção de furos geralmente cilíndricos numa peça, com

auxílio de uma ferramenta multicortante. Para tanto, a ferramenta ou a peça giram e

simultaneamente a ferramenta ou a peça se deslocam segundo uma trajetória retilínea,

coincidente ou paralela ao eixo principal da máquina. A furação subdivide-se nas seguintes

operações:

a) furação em cheio: operação de furação destinado à abertura de um furo cilíndrico numa

peça, removendo todo o material compreendido no volume do furo final, na forma de cavaco.

No caso de furos de grande profundidade há necessidade de ferramenta especial.

131

FIGURA 4.23 - Furação em cheio.

b) escareamento: processo destinado à abertura de um furo cilíndrico numa peça pré-furada.

c) furação escalonada: operação destinada à obtenção de um furo com dois ou mais

diâmetros simultaneamente.

d) furação de centro: operação destinada a obtenção de furos de centro.

FIGURA 4.24 - Furação de centro.

e) trepanação: processo de furação em que apenas uma parte de material compreendido no

volume do furo final é reduzida a cavaco, permanecendo um núcleo maciço.

FIGURA 4.25 - Trepanação.

132

4.2.10 - JATEAMENTO

Processo de usinagem por abrasão no qual as peças são submetidas a um jato abrasivo,

para serem rebarbadas, asperizadas ou receberam um acabamento.

4.2.11 - LAPIDAÇÃO

Operação de usinagem por abrasão realizado com abrasivo aplicado por porta-

ferramenta adequado, com objetivo de obtenção de superfícies com baixa rugosidade

superficial.

FIGURA 4.26 - Lapidação.

4.2.12 - LIXAMENTO

Processo mecânico de usinagem por abrasão executado por uma lixa, ou seja, abrasivo

aderido a um substrato (pano, papel, etc.), que é movimentado com pressão contra a peça.

Pode ser manual ou mecanizada.

133

FIGURA 4.27 - Lixamento com fita e folhas.

4.2.13 - MANDRILAMENTO

Processo destinado a obtenção de superfícies de revolução com auxílio de uma ou

várias ferramentas de barra. Para tanto, a ferramenta gira. A peça ou a ferramenta se deslocam

simultaneamente segundo uma trajetória determinada. As operações de mandrilamento podem

ser divididas em:

a) mandrilamento cilíndrico: a superfície usinada é cilíndrica de revolução, cujo eixo

coincide com o eixo em torno do qual gira a ferramenta.

FIGURA 4.28 - Mandrilamento cilíndrico.

b) mandrilamento cônico: a superfície usinada é uma superfície de revolução cônica, cujo

eixo coincide com o eixo em torno do qual gira a ferramenta.

134

FIGURA 4.29 - Mandrilamento cônico.

c) mandrilamento radial: a superfície usinada é plana e perpendicular ao eixo em torno do

qual gira a ferramenta.

d) mandrilamento de superfícies especiais: a superfície usinada é uma superfície de

revolução esférica, cujo eixo coincide com o eixo em torno do qual gira a ferramenta.

FIGURA 4.30 - Mandrilamento esférico.

4.2.14 - POLIMENTO

Operação de usinagem por abrasão no qual a ferramenta é constituída por um disco ou

conglomerado de discos revestidos com substâncias abrasivas. A remoção de material também

é extremamente pequena, que tem por objetivo tornar a superfície da peça lisa com um bom

acabamento e eliminar arranhões.

135

FIGURA 4.31 - Polimento.

4.2.15 - ROSQUEAMENTO

Visa a obtenção de filetes, por meio de abertura de um ou vários sulcos helicoidais de

passo uniforme, em superfícies cilíndricas ou cônicas de revolução, Para tanto, a peça ou a

ferramenta gira e uma delas se desloca simultaneamente segundo uma trajetória retilínea

paralela ou inclinada ao eixo de rotação. O roscamento pode ser interno ou externo.

4.2.16 - RASQUETEAMENTO

Processo manual de usinagem destinado a ajustagem de superfícies de precisão com

auxílio de ferramenta monocortante. Este processo é usado para obtenção de embarramentos

de máquinas operatriz.

4.2.17 - RETIFICAÇÃO

Processo de usinagem por abrasão destinado à obtenção de superfícies com auxílio de

ferramenta abrasiva de revolução (rebolos). Para tanto a ferramenta gira e a peça ou a

ferramenta se desloca segundo uma trajetória determinada, podendo a peça girar ou não. A

retificação pode ser:

136

a) tangencial: retificação executada com a superfície de revolução da ferramenta.

• cilíndrica: retificação tangencial no qual a superfície usinada é cilíndrica. Esta superfície

pode ser externa ou interna, de revolução ou não.

• cônica: processo de retificação tangencial no qual a superfície usinada é uma superfície

cônica, podendo ser interna ou externa.

• de perfis: operação onde uma superfície qualquer é gerada

pelo perfil do rebolo.

• plana: processo onde a superfície retificada é uma superfície plana.

• sem centros: processo no qual a peça sem fixação axial é usinada por ferramentas

abrasivas de revolução, com ou sem movimento longitudinal da peça.

b) frontal: processo de retificação executado com a face do rebolo. É geralmente executada

na superfície plana da peça, perpendicularmente ao eixo do rebolo. A retificação frontal pode

ser com avanço retilíneo da peça ou com avanço circular da peça.

FIGURA 4.32 - Retificação cilíndrica com avanço radial. O rebolo avança

paralelamente a peça, girando e entrando em contato com a parte externa da

mesma removendo assim o material.

137

FIGURA 4.33 - Retificação cilíndrica interna com avanço circular.

FIGURA 4.34 - Retificação cilíndrica sem centro. A peça é conduzida pelo rebolo e

pelo disco de arraste. O disco de arraste gira lentamente e serve para imprimir

movimento giratório à peça e para produzir o avanço longitudinal da mesma.

FIGURA 4.35 - Retificação cilíndrica sem centro com avanço longitudinal. A peça é

conduzida pelo rebolo e pelo disco de arraste. O disco de arraste gira em torno

138

de um eixo perpendicular ao do rebolo e serve para imprimir movimento

giratório à peça e para produzir o avanço longitudinal.

FIGURA 4.36 - Retificação cônica.

FIGURA 4.37 - Retificação com perfil.

4.2.18 - SERRAMENTO

Processo destinado ao seccionamento ou recorte com auxílio de ferramentas

multicortantes de pequena espessura. Para tanto, a ferramenta gira ou se desloca, ou executa

ambos os movimentos e a peça se desloca ou se mantém parada.

139

4.2.19 - TORNEAMENTO

Processo mecânico de usinagem destinado a obtenção de superfícies de revolução com

auxílio de uma ou mais ferramentas monocortantes. Para tanto, a peça gira em torno do eixo

principal de rotação da máquina e a ferramenta se desloca simultaneamente segundo uma

trajetória coplanar com o referido eixo. Quanto à forma da trajetória, o torneamento pode ser

retilíneo ou curvilíneo.

a) retilíneo: processo de torneamento no qual a ferramenta se desloca segundo uma trajetória

retilínea. O torneamento retilíneo pode ser:

• torneamento cilíndrico: processo de torneamento no qual a ferramenta se desloca

segundo uma trajetória paralela ao eixo da principal de rotação da máquina.

• torneamento cônico: processo de torneamento no qual a ferramenta se desloca segundo

uma trajetória retilínea, inclinada em relação ao eixo principal de rotação da máquina.

• torneamento radial: processo de torneamento no qual a ferramenta se desloca segundo

uma trajetória retilínea, perpendicular ao eixo principal de rotação da máquina. Quando o

torneamento radial visa a obtenção de uma superfície plana, o torneamento é denominado

de faceamento e quando o torneamento radial visa obter um entalhe circular, o

torneamento é denominado sangramento radial.

• perfilamento: processo de torneamento no qual a ferramenta se desloca segundo uma

trajetória retilínea radial ou axial, visando a obtenção de uma forma definida, determinada

pelo perfil da ferramenta.

140

FIGURA 4.38 - Torneamento cilíndrico externo.

FIGURA 4.39 - Faceamento.

FIGURA 4.40 - Sangramento axial e radial.

141

FIGURA 4.41 - Perfilamento.

b) curvilíneo: processo de torneamento no qual a ferramenta se desloca segundo uma

trajetória curvilínea. Quanto à finalidade, as operações de torneamento podem ser

classificadas em torneamento de desbaste e torneamento de acabamento. Entende-se por

acabamento a operação de usinagem destinada a obter na peça as dimensões finais, ou um

acabamento superficial especificado, ou ambos. O desbaste é a operação de usinagem, anterior

a de acabamento, visando obter na peça a forma e dimensões próximas das finais.

FIGURA 4.42 - Torneamento curvilíneo.

142

4.3 - PROCESSOS NÃO CONVENCIONAIS DE USINAGEM

4.3.1 - USINAGEM QUÍMICA

A usinagem química tem como objetivo usinar metais pela sua dissolução em uma

solução agressiva, ácida ou básica, todo o processo se baseia na aplicação de algumas resinas,

na superfície do metal a ser trabalhado; após a secagem desta resina, as partes não expostas

são corroídas pelo banho químico. As etapas essenciais abrangem a limpeza da superfície, a

cobertura de proteção das áreas que não devem ser dissolvidas, o ataque com produtos

químicos e a limpeza final. A fresagem química se refere a usinagem química de grandes

áreas, tais como partes estruturais da indústria aeroespacial. O corte químico é utilizado para

corte ou estampagem de partes de folhas muito finas.

4.3.2 - USINAGEM POR FEIXE ELETRÔNICO

Consiste na usinagem de materiais, utilizando um feixe focalizado de elétrons a alta

velocidade. Os elétrons chocam-se com a peça a usinar, transformando sua energia cinética

em calor, o qual vaporiza uma pequena quantidade do metal. Este processo é realizado sob

vácuo.

FIGURA 4.43 - Usinagem por feixe de elétrons.

143

4.3.3 - USINAGEM POR LASER

Processo de usinagem no qual o metal é fundido ou vaporizado por um feixe estreito

de luz monocromática intensa (feixe de laser). A fusão ou vaporização se dá quando o feixe se

choca com a peça, mesmo que esta corresponda a materiais mais refratários.

FIGURA 4.44 - Usinagem por laser.

4.3.4 - USINAGEM POR ULTRA-SOM

Na usinagem por ultra-som, a ferramenta (sonotrodo) vibra sobre uma peça

mergulhada em um meio líquido normalmente contendo pó abrasivo em suspensão, numa

freqüência que pode variar de 20 a 100kHz. . O martelamento produzido pelas vibrações é

capaz de erodir o material formando uma cavidade com a forma negativa da ferramenta. Esta

operação de usinagem é mais usada para materiais duros e frágeis tais como semicondutores,

cerâmicas e vidro.

144

FIGURA 4.45 - Usinagem por ultra-som.

4.3.5 - USINAGEM ELETROQUÍMICA

É a remoção controlada de material por dissolução anódica em uma célula eletrolítica,

na qual o material a ser usinado é o ânodo e a ferramenta é o cátodo. Isto é semelhante ao

oposto de um processo de eletro-deposição. O eletrólito é bombeado através do espaço entre

os eletrodos, enquanto circula corrente contínua pela célula de baixa voltagem, para dissolver

o metal da peça. A UEQ é um processo a frio, que não provoca danos térmicos à peça, dando

como resultado uma superfície lisa e sem rebarbas. Entretanto, ela não apropriada para a

produção de cantos vivos ou cavidades com fundo chato. A retificação eletroquímica é uma

combinação da UEQ com a retificação abrasiva, na qual a maior parte do metal é removida

por ação eletrolítica. A REQ é utilizada com carbonetos duros ou ligas difíceis de serem

retificadas, onde se deve minimizar o desgaste do disco ou o dano na superfície.

4.3.6 - ELETROEROSÃO A FIO

Este processo tem como finalidade a usinagem de cavidade passantes e perfurações

transversais, confecção de placas de guias, porta-punções e matrizes (ferramentas de cortes,

dobras e repuxos). Um fio de latão ionizado, isto é, eletricamente carregado, atravessa a peça,

provocando descargas elétricas entre a peça e o fio, os quais cortam o material. Para permitir a

passagem do fio é feito previamente um pequeno orifício no material a ser usinado.

145

FIGURA 4.46 - Eletroerosão a fio.

4.3.7 - ELETROEROSÃO POR PENETRAÇÃO

É um método para produção de orifícios, ranhuras e outras cavidades. A remoção do

material é feita por intermédio de fusão ou vaporização, devido a faiscas elétricas de alta

freqüência. Estas são produzidas por pulsação controlada da corrente elétrica contínua entre a

peça e a ferramenta que pode ser chamada de eletrodo.

FIGURA 4.47 - Eletroerosão por penetração.

146

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