55888200 O Sistema Toyota de Producao

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    O sistema Toyota de produo

    1. INTRODUO

    A partir dos anos 80 o desenvolvimento industrial japons surpreendeu oocidente. Esta surpresa deu-se principalmente nos aspectos de gerenciamento daqualidade, emprego da automao e tcnicas de marketing reverso ou seja, partindo-se do foco do cliente, chega-se organizao, passando pelo desenvolvimento denovos produtos, novas aplicaes para os produtos existentes, novas embalagens,etc., invertendo a rota usual de negcios e estabelecendo o que Coriat chamou de"Pensar pelo avesso".

    Porm, pouco se investigou acerca das razes deste sucesso.

    Entre outras razes, subjacente "ponta do iceberg", reside um modo de gerir onegcio, subsidiado por uma mudana de paradigma: o Sistema Toyota de Produo e

    um de seus pilares; o paradigma Just-in-Time.

    2. O PARADIGMA JUST-IN-TIME

    Entende-se melhor o real significado do Just-in-Time comparando-o com seuantecessor: o Just-in-Case. A gesto de um negcio pela tica do JIC conduz a que seproduza segundo a mxima capacidade de produo dos recursos, antecipando ademanda futura sob a forma de estoques. No se desenvolvem esforos nem para

    balancear as capacidades nem para eliminar as variabilidades, pois o interesse operar o tempo todo na mxima capacidade. O ritmo de produo ditado pelacapacidade excessiva do primeiro processo, que "empurra" a produo em direo aosprocessos sucessivos, resultando inventrio consideravelmente mais alto do que onecessrio. J o JIT gerencia para obter o nivelamento da produo e age paradiminuir as variabilidades no processo. Atribui pequenos estoques de material emprocesso na frente de cada centro produtivo, para proteger o sistema das incertezas eflutuaes estatsticas dos processos de manufatura. Atingindo-se este estoque, oprocesso precedente interrompido. Ao considerar-se toda a cadeia produtiva, o JITmantm uma quantidade de estoques intermedirios bastante inferior ao JIC. Atravsde ferramentas e tcnicas de soluo de problemas, busca a melhoria contnua de seusprocessos e procedimentos atravs da eliminao de todo desperdcio.

    Em uma interpretao literal, associa-se ao termo JIC uma idia como: caso fornecessrio, estar pronto, o que difere de quando for necessrio estar pronto,associado ao JIT.

    3. A ORIGEM DO SISTEMA TOYOTA DE PRODUO

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    Antes da ocupao americana, ao fim da segunda guerra mundial, a estruturaindustrial do Japo era fortemente influenciada pelos zaibatsus. Estes eramconglomerados de empresas, de propriedade familiar, constitudas por uma empresacentral (geralmente um banco) e de vinte a trinta organizaes perifricas. Aps a

    guerra, a dissoluo dos zaibatsus resultou em democratizao do capital. Durante ops-guerra, em funo do avano comunista no extremo oriente, foi de interesse daspotncias ocidentais reestabelecer o Japo como potncia industrial. Sob a tutelaamericana, representada pelo general Douglas McArthur, serviria como baluartecapitalista: uma base avanada no extremo-oriente. Dentro desta reconstruo,tcnicas de controle estatstico de processos, desenvolvidas nos EUA, foramtransportadas ao Japo, principalmente atravs de W.E. Deming, estatsticoamericano, e de Juran e Feigenbaum. Deming apresentou um seminrio de oito diasem 1950, focando o problema da variabilidade e separando suas causas em causasespeciais e causas comuns. A abordagem de Deming para a soluo de problemas foichamada de ciclo PDCA. Apoiada em ferramentas estatsticas de uso corriqueiro,originou o sistema conhecido por CWQC, ou TQC (Controle da Qualidade Total),baseado em elementos de vrias fontes, como o cartesianismo, o taylorismo e ocontrole estatstico de processos. A JUSE e seu secretrio Kaoru Ishikawadesempenharam importante papel na divulgao e consolidao do TQC. Seus esforosem treinar operadores resultaram nas atividades de pequenos grupos (CCQs). Outroselementos introduzidos pelo TQC so a idia da melhoria contnua, da orientao pelocliente e da necessidade de incorporar inovaes aos produtos e servios, oferecendovalor adicional e indo alm do simples atendimento das necessidades do cliente. Estaviso gerou tcnicas de marketing reverso como o QFD.

    O prprio Ishikawa reconheceu a insatisfatoriedade dos mtodos de inspeo dequalidade baseados em NQA entre 1 e 0,5% para organizaes que busquemqualidade a nvel de PPM (partes por milho). Um dos criadores do STP, o engenheirojapons Shigeo Shingo observou que os mtodos americanos de Controle Estatstico da

    Qualidade, apesar de baseados em tcnicas racionais, no eram suficientes para obterproduo isenta de defeitos. Prope ento o CQZD (Controle de Qualidade ZeroDefeito), baseado em quatro pontos:

    1. Inspeo na fonte, aplicando a funo controle na origem do defeito

    2. Inspeo 100% e no por amostragem

    3. Reduo do tempo entre a deteco da falha e a ao corretiva

    4. Reconhecimento de possveis erros de trabalhadores, prevenidos por poka-yokes

    O CQZD um dos aspectos de um sistema de gerenciamento de produo maisamplo, proposto por Taiichi Ohno e Shingo: o Sistema Toyota de Produo.

    Taiichi Ohno, em viagem aos EUA, verificou que os supermercados americanosrepunham os estoques de produtos nas prateleiras na exata medida de seusconsumos. Esta idia, transposta para a fbrica, permitiu uma operao nivelada entreos postos operativos, onde o posto precedente repe apenas as peas certas, naquantidade certa e no momento em que o posto sucessivo as consumiu, prevenindo aformao de estoques entre processos. O sistema de "puxar" a produo a partir da

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    demanda conhecido por kanban, nome dado aos cartes que autorizam a produo emovimentao dos itens. O kanban pode ter uso estrito como gerenciador de produode cho-de-fbrica, mas tambm oportuniza o processo da melhoria contnua, namedida em que a continuidade de uso aponta as posies onde ocorrem faltas dematerial e por via de conseqncia as oportunidades de melhoria.

    O Sistema Toyota de Produo foi forjado ao longo de vinte anos, incorporandoconceitos oriundos da genialidade de seus criadores. Citem-se:

    A abordagem sistemtica dos cinco porqus para a causa fundamental dosproblemas;

    Autonomao (Jidoka), que d autonomia mquina para parar a linha em caso deproduo defeituosa, ligada separao entre homem e mquina, obtida pelamultifuncionalidade de operadores e operao via lay-out celular;

    O Just-in-Time, apoiado no kanban, que reduz os estoques intermedirios,fornecendo os materiais no local, na hora, na qualidade e na quantidade necessria;

    As sete perdas descritas por Shingo, com base no princpio da completa eliminaode perdas, de Ohno, originado no desafio lanado por Kiichiro Toyoda, de alcanar acompetitividade industrial da Amrica em trs anos.

    4. AS PERDAS NO SISTEMA TOYOTA DE PRODUO

    O STP persegue a completa eliminao das perdas, vinculado ao objetivo da reduo

    de custo, fundamental sobrevivncia da organizao. O STP busca maximizar otrabalho que agrega valor, ou seja, aquele que transforma o material ou faz umamontagem, e reduzir progressivamente o trabalho que no agrega valor, abolindo todaforma de perda. Para que se focalize o combate aos desperdcios na organizao, oSTP classifica sete tipos de perdas:

    Perda por superproduo;

    Perda por transporte;

    Perda por processamento;

    Perda por produo de no-qualidade; Perda por movimentaes ergonmicas;

    Perda por espera;

    Perda por estoque.

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    A superproduo se d por produo excessiva e por produo antes da hora,sendo a perda mais perseguida na Toyota. Ohno considera que a perda porsuperproduo a pior das perdas, pois esconde e evita que sejam combatidas asineficincias por toda a empresa, surgindo os efeitos danosos originados do excesso deestoques. Este enfoque de Ohno trouxe um substancial aumento no padro de vida doJapo e a perda da posio hegemnica de muitas industrias ocidentais. Para Coriat, o

    Sistema Toyota de Produo no uma tcnica de produo com estoque zero. Este apenas um dos resultados a que ele conduz, perseguindo um objetivo muito maisgeral, que a preveno das perdas. Ohno parte da reduo do estoque para descobriros desperdcios e racionalizar a produo.

    Um efeito importante da reduo do estoque em processo a reduo dotempo de atravessamento da produo (lead-time). Como no se necessita maisproduzir grandes lotes, o tempo de fila antes de cada processo se reduz, caindo otempo de atravessamento total. Com a Troca Rpida de Ferramentas (TRF), os temposde set-up podem ser reduzidos a tal ponto que no vantagem aumentar o lote, parareduzir o tempo de mquina indisponvel.

    Goldratt aponta uma vantagem adicional obtida com a reduo do estoque emprocesso: a reduo do investimento em recursos adicionais, principalmente nossetores de acabamento e montagens, que compensavam os constantes atrasosverificados nas ltimas tarefas. Como o tempo de atravessamento caiu, reduzem-se osatrasos e a presso por recursos humanos e materiais nas etapas finais dos processos.

    5. CONCLUSO

    Apesar de ter se originado na indstria, e mais especificamente no gerenciamento damanufatura, a aplicao dos fundamentos do STP se estende a outros tipos denegcios, principalmente na gesto de servios. Enumerem-se:

    Distribuio de materiais, como medicamentos e materiais de consumo;

    Gesto de recursos de transporte;

    Gesto ambiental;

    Desenvolvimento de novos produtos.

    Dentro desta tica, cresce de importncia a perfeita compreenso dos fundamentosque sustentam o STP, para aplicao em novos campos da gesto organizacional, aserem relatadas oportunamente. Outro desenvolvimento relevante a OPT/TOC de EliGoldratt que, de certo modo, d continuidade ao STP e que ser abordada em nossoprximo encontro.

    6. OBRAS CONSULTADAS E CUJA LEITURA RECOMENDA-SE

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    1. SHINGO, Shigeo: Sistemas de produo com estoque zero: O sistema Shingo paramelhorias contnuas, P. Alegre, Bookman, 1996, 380p.

    2. SHINGO, Shigeo: O sistema Toyota de produo: Do ponto de vista da engenhariade produo, P. Alegre, Bookman, 1996B, 291p.

    3. OHNO, T.: Sistema Toyota de Produo: Alm da produo em alta escala , P.Alegre, Bookman, 1996

    4. MOURA, Eduardo: As sete ferramentas gerenciais da qualidade: implementando amelhoria contnua com maior eficcia, S. Paulo, Makron Books, 1992, 118p.

    5. ISHIKAWA, Kaoru: Controle de qualidade total, R. Janeiro, Ed. Campus, 1993, 221p.

    6. GHINATTO, Paulo: Sistema Toyota de Produo: Mais do que simplesmente Just-in-

    Time, EDUCS, Caxias do Sul, 1996, 177p.

    7. GOLDRATT, Eliyahu: A corrida pela vantagem competitiva, S. Paulo, Educator, 1996,178p.

    8. FALCONI, Vicente: Gerncia da qualidade total, B. Horizonte, Fundao ChristianoOtoni, 1992, 229p

    9. CORIAT, Benjamin: Pensar pelo avesso, Ed. Revan, Rio de .Janeiro, 1994, 209p.

    *********************************************************************

    1) Define-se inventrio como o total dos estoques gerados na operao mais osrecursos materiais produtivos como mquinas e prdios.

    2) Reconhece-se a OPT/TOC de Eli Goldratt como outro paradigma, que ser abordadooportunamente

    3) Plan, Do, Check, Action: Planejar, executar, verificar, agir

    4) Company Wide Quality Control: Controle de qualidade por toda a empresa, propostopor Feingenbaum

    5) Unio dos cientistas e engenheiros japoneses

    6) Crculos de controle de qualidade

    7) Desdobramento da Funo Qualidade

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    8) Nvel de qualidade aceitvel

    9) A expresso "Zero Defeito" foi cunhada na Martin-Marietta Corporation, ondetrabalhava Crosby, nos EUA., em 1962.

    10) Dispositivo a prova de falhas que evita que um erro na fonte se transforme emdefeito.