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Caracterização de Matérias-Primas para a Indústria de Cerâmica Vermelha Ciane Agostini Pedron¹, Sergio G. Echeverrigaray¹, Robinson Carlos Dudley Cruz¹ [email protected] , [email protected] ¹INSTITUTO DE MATERIAIS CERÂMICOS, UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL, 95765-000, BOM PRINCIPIO - RS 56° Congresso Brasileiro de Cerâmica 1º Congresso Latino-Americano de Cerâmica IX Brazilian Symposium on Glass and Related Materials As indústrias cerâmicas do Vale do Rio Caí carecem de soluções técnicas que permitam o melhor aproveitamento de jazidas de matérias-primas locais. O presente trabalho busca caracterizar argilas empregadas como matérias-primas nas indústrias da região e formular, a partir destas, composições de massas para extrusão. Foi utilizado como método de formulação diagramas ternários de composição, onde cada vértice do triângulo representa uma argila de base. Foram compostas quatro misturas, sendo três delas binárias e uma ternária. As amostras de argilas foram coletadas nas indústrias para garantir uma fração representativa das jazidas. Através da análise dos diagramas ternários pode-se observar que as amostras queimadas a 950°C apresentaram os melhores resultados globais considerando o MRF e absorção d’água. Além disso, composições próximas a mistura AB apresentaram os melhores resultados entre as propriedades avaliadas. Algumas amostras queimadas a 1050° C apresentaram o defeito de queima conhecido como “coração negro” (Figura 3c), devido a redução do óxido de ferro por CO formado na decomposição de matéria orgânica, induzindo a formação de fases de baixa temperatura de fusão. Isso gera um corpo expandido, poroso, de elevada absorção d’água e baixa resistência mecânica. Agradecemos a colaboração do Prof. Perottoni. Objetivos Metodologia Resultados e discussão Considerações finais Agradecimentos O diagrama representado na Figura 1 exibe as quatro misturas desenvolvidas, sendo três binárias e uma ternária. Figura 1 Diagrama esquemático das misturas. Coletar as argilas Preparação da massa para extrusão Secar Umidificar Sazonar Homogeneizar Codificar Pesar Marcar Queimar Secar Codificar Processamento Tratamento Térmico Confecção dos corpos de prova III I II B C A IV Caracterização Mineralógica Difração de Raio X Tecnológica Resistência Flexão Umidade Residual Granulometria Retração Linear Fluorescência de Raio X Dureza Perda de Massa Absorção d’água As argilas selecionadas para a formulação das misturas foram denominadas A, B e C e estão ilustradas abaixo na Figura 2. A partir da Fluorescência de Raio X obteve-se a composição química (Tabela 1) para as três argilas utilizadas. A C B Figura 2 Fotos das argilas utilizadas. Argilas SiO 2 Al 2 O 3 Fe 2 O 3 TiO 2 Na 2 O K 2 O MgO CaO P.F. A 65,2 18,6 3,7 0,6 0,1 2,0 1,6 0,3 7,9 B 56,6 16,5 10,5 1,8 0,6 1,0 0,9 0,9 10,6 C 46,2 25,2 14,4 1,2 0,0 0,4 0,4 0,0 11,9 Tabela 1 - Composição química equivalente ao percentual mássico de óxidos Através dos ensaio de flexão de três pontos e de absorção d’água, foi possível construir diagramas de composição ternários com os módulos de resistência a flexão (MRF) e absorção d’água (AA) para as amostras individuais e misturas processadas (Figura 3 e 4). a b c Figura 3 Corpos de prova após queima e ensaio de flexão (a) das argilas base; (b) das misturas; (c) amostra com presença de “coração negro”. AA (%) MRF (Kgf/cm²) 950°C 1050°C 850°C Figura 4 Diagramas ternários do módulo de resistência a flexão (MRF) e da absorção d’água (AA) em função da temperatura de queima.

56 Congresso Brasileiro de Cerâmica 1º Congresso … · Através da análise dos diagramas ternários pode-se observar que as amostras queimadas a 950°C apresentaram os melhores

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Page 1: 56 Congresso Brasileiro de Cerâmica 1º Congresso … · Através da análise dos diagramas ternários pode-se observar que as amostras queimadas a 950°C apresentaram os melhores

Caracterização de

Matérias-Primas para a Indústria

de Cerâmica VermelhaCiane Agostini Pedron¹, Sergio G. Echeverrigaray¹, Robinson Carlos Dudley Cruz¹

[email protected], [email protected]

¹INSTITUTO DE MATERIAIS CERÂMICOS, UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL, 95765-000, BOM PRINCIPIO - RS

56° Congresso Brasileiro de Cerâmica

1º Congresso Latino-Americano de Cerâmica

IX Brazilian Symposium on Glass and Related Materials

As indústrias cerâmicas do Vale do Rio Caí carecem de soluçõestécnicas que permitam o melhor aproveitamento de jazidas dematérias-primas locais. O presente trabalho busca caracterizar argilasempregadas como matérias-primas nas indústrias da região eformular, a partir destas, composições de massas para extrusão. Foiutilizado como método de formulação diagramas ternários decomposição, onde cada vértice do triângulo representa uma argila debase. Foram compostas quatro misturas, sendo três delas binárias euma ternária. As amostras de argilas foram coletadas nas indústriaspara garantir uma fração representativa das jazidas.

Através da análise dos diagramas ternários pode-se observar queas amostras queimadas a 950°C apresentaram os melhores resultadosglobais considerando o MRF e absorção d’água. Além disso,composições próximas a mistura AB apresentaram os melhoresresultados entre as propriedades avaliadas. Algumas amostrasqueimadas a 1050° C apresentaram o defeito de queima conhecidocomo “coração negro” (Figura 3c), devido a redução do óxido de ferropor CO formado na decomposição de matéria orgânica, induzindo aformação de fases de baixa temperatura de fusão. Isso gera umcorpo expandido, poroso, de elevada absorção d’água e baixaresistência mecânica. Agradecemos a colaboração do Prof. Perottoni.

Objetivos

Metodologia

Resultados e discussão Considerações finais

Agradecimentos

O diagrama representado naFigura 1 exibe as quatromisturas desenvolvidas, sendotrês binárias e uma ternária.

Figura 1 – Diagrama esquemático das misturas.

Coletar as argilas

Preparação da massa para

extrusão

Secar

Umidificar

Sazonar

Homogeneizar

CodificarPesar

Marcar

Queimar

Secar

Codificar

Processamento

Tratamento Térmico

Confecção dos corpos de prova

IIII

IIB C

A

IV

Caracterização

MineralógicaDifração de

Raio X

Tecnológica

Resistência Flexão

Umidade Residual

Granulometria

Retração Linear

Fluorescência de Raio X

Dureza

Perda de Massa

Absorção d’água

As argilas selecionadas para a formulação das misturas foramdenominadas A, B e C e estão ilustradas abaixo na Figura 2.

A partir da Fluorescência de Raio X obteve-se a composiçãoquímica (Tabela 1) para as três argilas utilizadas.

A CB

Figura 2 – Fotos das argilas utilizadas.

Argilas SiO2 Al2O3 Fe2O3 TiO2 Na2O K2O MgO CaO P.F.

A 65,2 18,6 3,7 0,6 0,1 2,0 1,6 0,3 7,9

B 56,6 16,5 10,5 1,8 0,6 1,0 0,9 0,9 10,6

C 46,2 25,2 14,4 1,2 0,0 0,4 0,4 0,0 11,9

Tabela 1 - Composição química equivalente ao percentual mássico de óxidos

Através dos ensaio de flexão de três pontos e de absorçãod’água, foi possível construir diagramas de composição ternários comos módulos de resistência a flexão (MRF) e absorção d’água (AA) paraas amostras individuais e misturas processadas (Figura 3 e 4).

a b c

Figura 3 – Corpos de prova após queima e ensaio de flexão (a) das argilas base;(b) das misturas; (c) amostra com presença de “coração negro”.

AA (%)MRF (Kgf/cm²)

950°C

1050°C

850°C

Figura 4 – Diagramas ternários do módulo de resistência a flexão (MRF) e da absorção d’água (AA) em função da temperatura de queima.