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O DIREITO DO TRABALHO E O PROCESSO DO TRABALHO NO SÉCULO XXI Livro comemorativo dos 30 anos do TRT da 15ª Região

5655.6 O Direito - ltr.com.br · A criação do Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região, pela Lei n. 7.520, de 15 de julho de 1986, é um desses eventos capazes de apontar ou

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O DIREITO DO TRABALHO E O PROCESSO DO TRABALHO NO SÉCULO XXI

Livro comemorativo dos 30 anos do TRT da 15ª Região

LORIVAL FERREIRA DOS SANTOS

FRANCISCO ALBERTO DA MOTTA PEIXOTO GIORDANI

MANOEL CARLOS TOLEDO FILHOCoordenadores

O DIREITO DO TRABALHO E O PROCESSO DO TRABALHO NO SÉCULO XXI

Livro comemorativo dos 30 anos do TRT da 15ª Região

EDITORA LTDA.

© Todos os direitos reservados

Rua Jaguaribe, 571CEP 01224-003São Paulo, SP — BrasilFone (11) 2167-1101www.ltr.com.brOutubro, 2016

Produção Gráfica e Editoração Eletrônica: GRAPHIEN DIAGRAMAÇÃO E ARTEProjeto de Capa: FABIO GIGLIOImpressão: PAYM GRÁFICA E EDITORA

versão impressa — LTr 5655.6 — ISBN 978-85-361-9001-3 versão digital — LTr 9033.0 — ISBN 978-85-361-9011-2

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

O Direito do trabalho e o processo do trabalho no século XXI: livro comemorativo dos 30 anos do TRT da 15ª região/Lorival Ferreira dos Santos, Francisco Alberto da Motta Peixoto Giordani, Manoel Carlos Toledo Filho, coordenadores. — São Paulo: LTr, 2016.

Vários autores

Bibliografia.

1. Direito processual do trabalho 2. Direito processual do trabalho — Brasil 3. Brasil. Tribunal Regional do Trabalho (15ª Região) I. Santos, Lorival Ferreira dos. II. Giordani, Francisco Alberto da Motta Peixoto. III. Toledo Filho, Manoel Carlos.

16-07083 CDU-347.9:331 (81)

Índice para catálogo sistemático:

1. Brasil : Direito processual do trabalhoCDU-347.9:331 (81)

COMPOSIÇÃO

PRESIDENTE DO TRIBUNAL Lorival Ferreira dos Santos

VICE-PRESIDENTE ADMINISTRATIVO Henrique Damiano

VICE-PRESIDENTE JUDICIAL Gisela Rodrigues Magalhães de Araujo e Moraes

CORREGEDOR REGIONAL Gerson Lacerda Pistori

VICE-CORREGEDOR REGIONAL Manuel Soares Ferreira Carradita

DIRETOR DA ESCOLA JUDICIAL Francisco Alberto da Motta Peixoto Giordani

VICE-DIRETOR DA ESCOLA JUDICIAL Manoel Carlos Toledo Filho

OUVIDOR José Otávio de Souza Ferreira

VICE-OUVIDORA Ana Amarylis Vivacqua de Oliveira Gulla

DESEMBARGADORES DO TRABALHO, EM ORDEM DE ANTIGUIDADE

Olga Aida Joaquim GomieriEduardo Benedito de Oliveira Zanella

Henrique DamianoFlavio Allegretti de Campos Cooper

Luiz Antonio LazarimJosé Pitas

Luiz Roberto NunesLorival Ferreira dos Santos

Manuel Soares Ferreira CarraditaFernando da Silva Borges

Flavio Nunes CamposGerson Lacerda Pistori

Helena Rosa Mônaco da Silva Lins CoelhoGisela Rodrigues Magalhães de Araujo e Moraes

Edmundo Fraga LopesTereza Aparecida Asta Gemignani

Ana Amarylis Vivacqua de Oliveira GullaThomas Malm

Susana Graciela SantisoSamuel Hugo Lima

Maria Madalena de OliveiraFabio Grasselli

Erodite Ribeiro dos Santos De BiasiDagoberto Nishina de Azevedo

Thelma Helena Monteiro de Toledo VieiraManoel Carlos Toledo Filho

Antonio Francisco Montanagna

Rita de Cássia Penkal Bernardino de SouzaLuiz José Dezena da Silva

Francisco Alberto da Motta Peixoto GiordaniJoão Alberto Alves MachadoClaudinei Zapata Marques

José Otávio de Souza FerreiraAna Paula Pellegrina Lockmann

Roberto Nóbrega de Almeida FilhoHelcio Dantas Lobo Junior

Eder SiversAntonia Regina Tancini Pestana

Carlos Augusto EscanfellaEleonora Bordini CocaCarlos Alberto Bosco

João Batista Martins CesarLuiz Felipe Paim da Luz Bruno Lobo

Fábio Allegretti CooperMaria Inês Corrêa de Cerqueira César Targa

Edison dos Santos PelegriniLuciane Storel da Silva

Ricardo Antonio de PlatoRicardo Regis Laraia

Wilton Borba CanicobaJosé Carlos ÁbileJorge Luiz Costa

Rosemeire Uehara TanakaLuis Henrique Rafael

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Sumário

APRESENTAÇÃO — Lorival Ferreira dos Santos .................................................................................................... 9

PREFÁCIO — Francisco Alberto da Motta Peixoto Giordani .............................................................................. 11

FORMAS CONSENSUAIS DE RESOLUÇÃO DE CONFLITOS: CONCILIAÇÃO E MEDIAÇÃO .. 13VIANNA, Ana Cláudia Torres; MORAES, Gisela Rodrigues Magalhães de Araujo e

UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA: LIMITES E DESAFIOS .................................................. 27LIMA, Firmino Alves

DO DIREITO POTESTATIVO DE DESPEDIR: EM TONS LUSO-BRASILEIROS E EM TORNO DE UM EQUÍVOCO ......................................................................................................................................... 41

AMADO, João Leal

AS TUTELAS PROVISÓRIAS NO PROCESSO DO TRABALHO ........................................................... 53SILVA, José Antonio Ribeiro de Oliveira

O PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO PROCESSUAL NO NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: HORIZONTE DE POSSIBILIDADES ....................................................................................................... 65

FELICIANO, Guilherme Guimarães

A SUBORDINAÇÃO DO ATLETA NO CONTRATO ESPECIAL DE TRABALHO DESPORTIVO 83GIORDANI, Francisco Alberto da Motta Peixoto

DIREITOS DA PERSONALIDADE NO ÂMBITO TRABALHISTA ....................................................... 91OLIVEIRA, Paulo Eduardo Vieira de

A DIGNIDADE DA PESSOA COMO ELO IMPRESCINDÍVEL ENTRE O HOMEM, O TRA-BALHO E OS IDEAIS DA PREVENÇÃO E DA PRECAUÇÃO NO CONTEXTO DO TRABA-LHO SEGURO.................................................................................................................................................... 105

MEDEIROS, Alexandre Alliprandino; LOPES, Edmundo Fraga

FORMAÇÃO INICIAL DO MAGISTRADO: A EXPERIÊNCIA DA 15ª REGIÃO.............................. 123TOLEDO FILHO, Manoel Carlos; MARTINS, Ana Paula Alvarenga; STRAVINSKI, Bruna Müller

TRABALHO ESCRAVO E TRÁFICO DE PESSOAS: A REALIDADE DO ESTADO DE SÃO PAULO .................................................................................................................................................................. 129

ZANELLA, Eduardo Benedito de Oliveira; COELHO, Helena Rosa Mônaco da Silva Lins; SANTISO, Susana Graciela; TREVISANI, Renato César; MENDES, Marcus Menezes Barberino

O PROGRAMA TRABALHO, JUSTIÇA E CIDADANIA COMO INSTRUMENTO DE VALO-RIZAÇÃO DA JUSTIÇA DO TRABALHO .............................................................................................. 135

DIAMANTINO, Adriene Sidnei Moura David; RONDELLI, Cristiane Montenegro

JUIZADOS ESPECIAIS DA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA (JEIA) NA JUSTIÇA DO TRABALHO DA 15ª REGIÃO ................................................................................................................................................. 145

COOPER, Flavio Allegretti de Campos; CESAR, João Batista Martins; GEMIGNANI, Tereza Aparecida Asta

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DISCRIMINAÇÃO CONTRA AS MULHERES NO ESPORTE ................................................................ 151LOCKMANN, Ana Paula Pellegrina

PJE: MODERNIZAÇÃO DO PROCESSO JUDICIAL TRABALHISTA ................................................. 157LAZARIM, Luiz Antonio; MARQUES, Claudinei Zapata; FERREIRA, José Otávio de Souza

A TERCEIRIZAÇÃO NO DIREITO DO TRABALHO: PL 4.330 E A DESCONSTRUÇÃO DOS DIREITOS SOCIAIS ........................................................................................................................................ 165

DIAS, Carlos Eduardo Oliveira

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Apresentação

A mim, como Presidente do Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região, coube a prazerosa missão de apresentar aos operadores do Direito esta extraordinária obra, que a par de comemorar uma efeméride, bem representa o pensamento jurídico-humanístico que o inspira.

O privilégio é meu de estar aqui, neste momento sublime, mas é preciso lembrar que faço parte de uma instituição construída a duras penas por muitos, não apenas os que hoje compõem o seu quadro de magistrados e servidores, como também por aqueles que já estiveram aqui.

Norberto Bobbio, num de seus livros, talvez o mais famoso deles — A Era dos Direitos —, fala sobre uma “história profética” ou sobre uma “filosofia da história”, pela qual a história pode ser vista não apenas como uma compilação de fatos que descreve a trajetória já percorrida pela humanidade, mas também a identificação de eventos que, pela sua magnitude, apontam o caminho que a história fará, ou seja, indicam um norte a ser seguido para o futuro.

Guardadas as devidas proporções, é disto que se trata aqui — de identificar um fato que, por sua grandeza, por sua magnitude, aponta um norte a ser seguido, uma tendência a ser observada.

A criação do Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região, pela Lei n. 7.520, de 15 de julho de 1986, é um desses eventos capazes de apontar ou de modificar o rumo de uma história.

Sediado em Campinas, fruto do desmembramento do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região, o TRT-15 acompanhou a descentralização da atividade econômica no Estado de São Paulo, e cresceu na mesma proporção em que o interior paulista se desenvolveu.

Hoje somos o segundo maior Tribunal Trabalhista do país e o mais produtivo. Nossa jurisdição abrange 599 municípios e uma população de cerca de 21 milhões de pessoas.

Neste ano, o Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região completa 30 anos, o que é motivo de júbilo, não apenas pela data em si, mas por tudo que esse Tribunal representa para o interior paulista e para a própria Justiça do Trabalho.

Como parte das comemorações, este livro pretende mostrar um pouco do rico pensamento jurídico que permeia as decisões do TRT-15, daí o enfrentamento de temas áridos como a questão da terceirização e seus muitos desdobramentos, a discriminação contra as mulheres no esporte, além de questões intricadas relativas ao Direito Desportivo no âmbito trabalhista.

Este Tribunal sempre esteve na vanguarda da tutela dos direitos fundamentais, em especial modo a dignidade da pessoa humana, o que se traduz, neste livro, em temas ligados à questão do trabalho seguro, do combate ao trabalho infantil e ao trabalho escravo, na interação com a sociedade, por meio do programa “Trabalho, Justiça e Cidadania”.

Em tempos de redimensionamento do próprio processo judicial, esta obra comemorativa não poderia deixar de abordar temas palpitantes extraídos do Novo Código de Processo Civil, relacionados à uniformização de jurisprudência, à cooperação judicial, às formas consensuais de solução de conflitos e às tutelas provisórias.

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Aliás, o Tribunal do Trabalho da 15ª Região está na vanguarda do processo judicial eletrônico, por isso a abordagem feita neste livro quanto à modernização do processo judicial trabalhista e suas implicações com a própria efetividade da prestação jurisdicional.

O TRT-15 sempre flertou com a Academia. Nossas decisões influenciam o pensamento acadêmico, na mesma medida em que as teses acadêmicas sempre foram consideradas na jurisprudência que se formou ao longo dos anos neste Tribunal. O livro que aqui se apresenta traz o melhor da Academia, abordando o direito potestativo de dispensa e os direitos da personalidade no âmbito trabalhista.

A formação e o aperfeiçoamento da magistratura também mereceram destaque neste trabalho, porque a nossa Escola Judicial se destaca no cenário nacional na capacitação de seus juízes.

Como dito antes, o aniversário de 30 anos do TRT-15 é motivo de júbilo, de alegria, por isso a elaboração deste livro.

Não nos esqueçamos, entretanto, do grave momento pelo qual passamos. A crise econômica vivenciada sobrecarrega nossos fóruns, à mesma medida em que nossos orçamentos se reduzem e nossas estruturas se deterioram.

Injustos ataques são orquestrados em desfavor da Justiça Trabalhista e o objetivo é nítido: destruí-la ou ao menos enfraquecê-la.

Mas este livro é também um alento, uma espécie de fio de esperança num ambiente tão conturbado. Afinal, quem viveu 30 anos neste Tribunal, como eu vivi, sabe que tormentas vêm e vão, mas o que é sólido permanece.

E permaneceremos.Boa leitura a todos!

Lorival Ferreira dos SantosDesembargador Presidente do Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região

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Prefácio

Em 2016, o Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região completa 30 anos de existência. E isto é motivo de grande júbilo para todos que integram-no!

Nesse tempo, o TRT-15ª Região cresceu, e hoje é um dos mais importantes no meio jurídico! Durante sua trajetória de vida criou laços profissionais com renomados estudiosos do Direito e, também, de outras áreas de atuação.

Esta obra apresenta um pouco do pensamento de magistrados e convidados acerca de atualidades jurídicas, com enfoque no Direito do Trabalho.

Os textos são o resultado do trabalho desenvolvido por cada autor, que repartiu um pouco de sua experiência profissional, seus conhecimentos e suas preocupações com o Direito do Trabalho, ainda tão necessário, ou mais ainda!

As matérias versadas apresentam temas de grande atualidade, como a conciliação, a mediação, a uniformização da jurisprudência, a formação inicial do magistrado e o PJe, até temas mais abrangentes como o direito potestativo de despedir, as tutelas provisórias no processo do trabalho, o princípio da cooperação processual no Novo CPC, o direito da personalidade e o direito desportivo. Outros destaques são o estudo sobre a terceirização e a discriminação contra a mulher no meio esportivo.

Nas próximas páginas também se encontram relatos dos Programas especiais criados pela 15ª Região para combater o trabalho infantil, o trabalho escravo e tráfico de pessoas; promover o trabalho seguro e relacionar Trabalho, Justiça e Cidadania, todos narrados por seus respectivos membros.

Esperamos que a leitura seja agradável e proveitosa.

Francisco Alberto da Motta Peixoto GiordaniDesembargador Diretor da Escola Judicial

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Formas Consensuais de Resolução de Conflitos: Conciliação e Mediação

Ana Cláudia Torres ViannaJuíza presidente da 6ª VT de Campinas, do TRT da 15ª Região

Gisela Rodrigues Magalhães de Araújo e MoraesDesembargadora e Vice-presidente judicial do TRT da 15ª Região

I — A CONCILIAÇÃO COMO PRINCÍPIO DO PROCESSO DO TRABALHO

A conciliação é princípio basilar do Processo do Trabalho e desde a vigência da CLT é reconhecida a sua importância. O rito processual, na fase de conhecimento, prevê duas oportunidades para que ela seja proposta, além de proliferarem audiências, com essa finalidade, nas fases de conciliação e execução. O art. 764 da CLT conclama Juízes e Tribunais do Trabalho a empregarem os seus bons ofícios e persuasão visando conciliar as partes.

Durante muito tempo o Processo do Trabalho foi criticado e menosprezado porque prestigiava a conciliação e hoje é o processo comum que incorpora no seu rito as formas consensuais de solução de conflitos, dando especial relevância à conciliação e à mediação.

Mediação e conciliação não são sinônimos. A mediação é muito mais ampla pois é um instrumento de gestão dos mais variados tipos de conflitos. Está presente na família, na escola, na empresa, nas comu-nidades, nas vizinhanças, enfim, faz parte vida das pessoas. Serve de inspiração para filmes e seriados de sucesso, como provam os exemplos: Suits e Law and Order.

Existe espaço para a mediação na Justiça do Trabalho?

Proliferam experiências de Centros Especializa-dos em Mediação e Conciliação em diversos Tribu-nais Regionais do Trabalho do Brasil, com resultados promissores. O Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região, com os seus Centros Integrados de Concilia-ção, ajuda a escrever parte da história da mediação no

Processo do Trabalho. Novos ares chegam, fortaleci-dos com essas práticas que incentivam a mediação, que merecem análise mais profunda, para reflexão e mesmo conhecimento das atividades dos Centros Integrados de Conciliação.

É um bom momento para voltar a colocar a conciliação em evidência, tendo a mediação como inspiração.

II — A MEDIAÇÃO E UM POUCO DA HISTÓRIA

O vocábulo “mediação” deriva do latim “me-diare” que significa, entre outros, intervir, colocar-se no meio. A mediação é tão antiga quanto a existência de conflitos, onde um terceiro, imparcial, auxilia as partes a encontrarem um caminho para as suas dis-putas, sem impor soluções ou decisões.

Apenas para uma breve referência, vale citar as interessantes informações lançadas no artigo de Marcio dos Santos Vianna intitulado “Mediação de Conflitos: um novo paradigma na Administração da Justiça”:

[...] a mediação de conflitos não é novidade em muitas nações, pois existem relatos so-bre o seu emprego há cerca de 3000 a.C. na Grécia, bem como no Egito, Kheta, Assíria e Babilônia, nos casos entre as Cidades — Estados.A mediação há muito tempo é utilizada em várias culturas no mundo, como a judaica, a cristã, a islâmica, a hinduísta, a budista, a confucionista e até as indígenas.