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 DIREITO EMPRESARIAL III  Títulos de Crédit o e Contratos Empresariais

57687696 Apostila Direito Rial III 2010

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DIREITO EMPRESARIAL IIITtulos de Crdito e Contratos Empresariais

DIREITO EMPRESARIAL III TTULOS DE CRDITO 5 PERODO

Marcelo Figueiredo 2010

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DIREITO EMPRESARIAL III TTULOS DE CRDITO 5 PERODO

TTULO 1 - TTULOS DE CRDITOCAPTULO 11. CONCEITO DE CRDITO E DE TTULOO crdito, portanto, possui dois requisitos:

A confiana; O tempo.

O credor confia (acredita) no devedor e lhe d um tempo para liquidar a obrigao. Sem confiana e sem o transcurso de um tempo para o devedor liquidar a obrigao, no h que se falar em ttulo de crdito. bem verdade que essa confiana pode vir acompanhada de garantias. Temos dois tipos de garantias aplicveis aos ttulos de crdito:

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Garantia Pessoal ou Fidejussria: Aval; Garantia real: Penhor, hipoteca, anticrese etc.

Ttulo o documento (o papel) que ir representar o crdito nele mencionado. O ttulo no apenas prova a existncia da obrigao (de pagar), mas a representa, de modo que o exerccio do direito constante do ttulo de crdito pressupe a sua apresentao. Por isso, comum empregar-se como sinnimo de ttulo a palavra crtula, que, conforme veremos, retrata um dos princpios dos ttulos de crdito

2. CONCEITO DE TTULO DE CRDITOTtulo de crdito o documento necessrio para o exerccio do direito, literal e autnomo, nele mencionado. (Vivante) 3. ATRIBUTOS DOS TTULOS DE CRDITO Os ttulos de crdito possuem aspectos que os diferenciam dos demais documentos. Somente os ttulos de crdito esto sujeitos ao chamado Direito Cambirio, com suas regras e seus princpios prprios. O ttulo de crdito ir se distinguir dos demais documentos representativos de direitos e obrigaes em 3 aspectos:

a) Os Ttulos de Crdito referem-se unicamente s relaes creditcias. No documentamobrigaes de dar, fazer ou no fazer. Excees: Ttulos de Crditos Imprprios, que asseguram direitos no creditcios ao portador. Ex. 1. Warrant e o Conhecimento de Depsito. Eles representam a propriedade de mercadorias depositadas em Armazns Gerais. Ex. 2. A Aplice de Seguro representa um crdito eventual do segurado ou de 3 beneficirio, mas no se pode considerar ttulo de crdito. Essa caracterstica de representar exclusivamente direitos creditrios, por si s no suficiente para distinguir os ttulos de crdito dos demais documentos representativos de obrigaes.

b) Os Ttulos de Crdito atribuem uma maior facilidade de cobrana em juzo. Ele definido pelo Cdigo de Processo Civil como ttulo executivo extrajudicial (art. 585, I). D direito ao credor de promover a Ao de Execuo Judicial do seu direito. 3

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Para exemplificar esse atributo dos ttulos de crdito, temos 3 tipos de aes que podem ser propostas para o recebimento de algum crdito. So elas:

a) Ao de Cobrana; b) Ao Monitria; c) Ao de Execuo.Contudo, existem outros documentos, que no so ttulos de crdito, mas que tambm so considerados ttulos executivos (Ex. o contrato particular assinado por 2 testemunhas e outros).

c) Os Ttulos de Crdito ostentam o atributo da negociabilidade, ou seja, so ttulos de fcilcirculao no mercado. 4. CAMBIARIDADE Os ttulos de crdito tambm so chamados de ttulos cambiais ou simplesmente de cambiais. Afirma-se, por isso, a cambiaridade ou cambialidade como uma de suas caractersticas essenciais, que consiste na possibilidade de circulao do crdito (de mudana de titularidade), desvinculando-o do negcio que o originou. Em latim, cambiare traduz a idia de mudana, troca, permuta. 5. PRINCPIOS DO DIREITO CAMBIRIO 5.1 Cartularidade ou Incorporao: Documento Necessrio O exerccio dos direitos representados por um ttulo de crdito pressupe a sua posse, pois somente quem exibe a crtula (o papel) pode pretender a satisfao de uma pretenso relativamente ao direito documentado pelo ttulo. Esse princpio no se aplica inteiramente quando se tratar de DUPLICATA. O princpio da cartularidade tambm chamando de incorporao. Mas, por que incorporao? Porque o ttulo incorpora de tal forma o direito creditcio mencionado, que a sua entrega a outra pessoa significa a transferncia da titularidade do crdito e o exerccio das faculdades s existe com a posse do documento. 5.2 Literalidade: O direito decorrente do ttulo literal no sentido de que, quanto ao contedo, extenso e s modalidades desse direito, decisivo exclusivamente o teor do ttulo (Messineo). Em outras palavras: Somente produzem efeitos jurdico-cambiais os atos lanados no prprio ttulo de crdito, como, por exemplo, a quitao, o aval, o endosso. O princpio da literalidade tambm no se aplica inteiramente quando se tratar de DUPLICATA. 5.3 Autonomia: Quando um nico ttulo documenta mais de uma obrigao, a eventual invalidade de qualquer delas no prejudica as demais. Ou seja, os vcios que comprometem a validade de uma relao jurdica no se estendem s demais relaes abrangidas no mesmo documento. - Abstrao Autonomia (subprincpios) - Inoponibilidade das excees pessoais. Esses dois subprincpios so modos diferentes de se reproduzir a independncia entre as obrigaes documentadas no mesmo ttulo de crdito e nascem apenas quando o ttulo posto em circulao pelo endosso. 4

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Abstrao: Quando o ttulo de crdito posto em circulao, diz-se que se opera a abstrao, isto , a desvinculao do ato ou negcio jurdico que deu ensejo sua criao. Inoponibilidade das excees pessoais: a possibilidade ou no de se opor excees de natureza pessoais ao terceiro de boa-f. Dessa forma, o executado (devedor) no pode alegar, em sua defesa (cujo nome embargos execuo), matria estranha sua relao direta com o exeqente (credor), salvo se provar m-f deste. S poder, em regra, alegar matrias fundadas no ttulo. O que so excees pessoais? So defesas fundadas na relao existente entre as partes. Como inexiste negcio jurdico subjacente (um contrato anterior), no existe defesa pessoal a ser oposta, a no ser aquelas fundadas no ttulo, tais como: Nulidade do ttulo por ausncia de requisito essencial; Prescrio da ao cambial. Falsificao.

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6. MOMENTOS EXISTENTES EM UM TTULO DE CRDITO importante para compreender os subprincpios da abstrao e da inoponibilidade das excees pessoais examinarmos os momentos existentes em um ttulo de crdito. 1 Momento: Momento Contratual: Estaremos diante desse momento quando a emisso do cheque for feita para documentar um negcio jurdico subjacente, tambm chamado de relao fundamental ou negcio originrio. Em decorrncia dessa caracterstica, ou seja, de estar relacionado a um negcio originrio, o devedor do ttulo poder opor excees pessoais. Ex: No pagarei o ttulo porque a geladeira tem um vcio, isto , o seu motor est estragado. 2 Momento: Promessa Unilateral de Pagamento: Esse momento unicamente cambial, ou seja, decorre de uma das declaraes cambiais (Emisso, Endosso ou aval). No h negcio originrio a ser documentado entre as pessoas que figuram nesse momento. Dessa forma, o devedor no poder opor excees pessoais. Ou seja, a alegao de que a geladeira est com o motor estragado no influenciar o direito de crdito. 7. NATUREZA DA OBRIGAO CAMBIAL A natureza da obrigao cambial de solidariedade. Os devedores de um ttulo de crdito so solidrios. Considerando que os devedores esto no plo passivo da relao obrigacional, h duas espcies de solidariedade passiva: a) Solidariedade civil passiva (art. 264 a 285 CC); b) Solidariedade cambial passiva. Conceito: SOLIDARIEDADE CAMBIAL PASSIVA a existncia de mais de um devedor obrigado pela dvida toda. O credor poder exigir, atendidos determinados pressupostos, a totalidade da obrigao de qualquer um dos devedores do ttulo (art. 275 CC). SOLIDARIEDADE PASSIVA NO REGIME CIVIL: De acordo com o art. 283 do CC, o devedor solidrio que paga ao credor a totalidade da dvida pode exigir, em regresso, dos demais devedores a quota-parte cabvel a cada um.

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DIREITO EMPRESARIAL III TTULOS DE CRDITO 5 PERODO No caso de 3 devedores solidrios, aquele que adimpliu a obrigao integral junto ao titular do crdito, pode cobrar, em regresso, a tera parte do valor pago, de cada um dos outros dois codevedores. Vejamos um exemplo de solidariedade passiva civil: B C D (devedores) Observao: A poderia, sua escolha, optar por acionar B, C e D, isoladamente ou os trs em conjunto. No caso, optou por acionar apenas B. Se B pagar a dvida integral ao credor A, tem ao de regresso contra C e D. No entanto, somente poder cobrar em regresso 1/3 de C e 1/3 de D. Se a dvida for de R$ 300,00, B somente poder cobrar, em regresso, R$ 100,00 de C e R$ 100,00 de D. SOLIDARIEDADE PASSIVA NO REGIME CAMBIAL: No regime da solidariedade cambial diferente. Vejamos: A B (Devedor Principal) (Endosso) B e C so coobrigados. C (Endosso) D (Credor) Observao: D, credor, pode acionar tanto A, B e C, isoladamente ou em conjunto. Se, por exemplo, acionar somente B e este pagar integralmente a dvida, poder regredir somente contra A, que o devedor principal, podendo cobrar tudo aquilo que pagou a D. Mas existe outra possibilidade: Se D aciona C, que paga a dvida integral, este tem ao regressiva contra A e B, isoladamente ou em conjunto. EM SUMA:

acionaA (credor)

Na solidariedade passiva regulada pelo regime cambial, o devedor solidrio que paga advida tem o direito de exigi-la, tambm integralmente, dos demais devedores solidrios.

J na solidariedade passiva do regime civil, o devedor solidrio que paga a dvida integralsomente pode exigir dos demais devedores a quota parte de cada um deles e nunca a dvida toda. Nesses dois regimes de solidariedade h uma diferena: Diferena: Quando se tratar de discutir composio, em regresso, dos interesses desses devedores. Ressalva: O professor Fbio Ulhoa Coelho contesta essa solidariedade cambial, dizendo que a nica coisa da solidariedade civil ou comum que se aplica aos ttulos de crdito que todos os devedores, quando demandados, respondem pela dvida toda (integralmente). Para ele, incorreta a afirmativa de que os devedores de ttulos de crdito so solidrios. Eles se submetem, ao contrrio, a um complexo sistema de regressividade, que exclusivo da obrigao de natureza cambial.

8. CLASSIFICAO DOS TTULOS DE CRDITO CRITRIOS6

DIREITO EMPRESARIAL III TTULOS DE CRDITO 5 PERODO 1) Quanto ao modelo:

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Ttulos de Modelo Vinculado: So aqueles que tm um padro definido. Ttulos de Modelo Livre: So aqueles em que no h um padro de utilizao obrigatria.

2) Quanto estrutura:

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Ordem de Pagamento: So aqueles em que a obrigao dever ser cumprida por terceiros. Esses ttulos do origem a 3 situaes jurdicas distintas:

o Sacador: Aquele que ordenou a realizao do pagamento. O emitente; o Sacado: Para quem a ordem dirigida. Pessoa que dever cumprir a ordem; o Tomador ou Beneficirio: o beneficirio da ordem (credor). Promessa de Pagamento: So aqueles em que a obrigao dever ser cumprida pelo prprio emitente e no por terceiros. Esses ttulos do origem a 2 situaes jurdicas:

o Subscritor ou Emitente: Aquele que assume a obrigao de pagar (Promitente); o Tomador ou Beneficirio: Aquele que ir receber o pagamento.3) Quanto s hipteses de emisso: - Causais: A lei dispe sobre as hipteses em que esses ttulos podem ser emitidos. - Limitados: Ttulo que no pode ser emitido em certos casos, por expressa vedao legal. - No causais: Podem ser criados em qualquer hiptese. 4) Quanto circulao - Ao portador: Aquele que no ostenta o nome do beneficirio (credor). Circula-se pela simples tradio (entrega do ttulo); - Nominais: Aqueles em que h o nome do beneficirio (credor). Subdividi-se em: ordem: Identifica o nome do beneficirio (credor) e se transfere mediante endosso; No ordem: Identifica o nome do beneficirio (credor) e se transfere mediante cesso civil de crdito. - Nominativo aquele que contm o nome do beneficirio (credor) e a transmisso ocorre, alm do Endosso em preto, mediante termo, em registro nos livros prprios do credor (art. 921 e 922 do Cdigo Civil). 9. QUALIFICAO JURDICA DO TTULO DE CRDITO A utilizao dos ttulos de crdito no mundo jurdico pode se dar de forma variada. A emisso e entrega do ttulo pode caracterizar:

1. Pagamento; 2. Garantia de pagamento (mera representao da obrigao de pagar).A emisso e entrega do ttulo, na primeira hiptese, de pro soluto e, na segunda, pro solvendo. Significados das palavras: Pro soluto: Para pagamento. A ttulo de pagamento, para valer como pagamento. Pro solvendo: Destinado ao pagamento. Para pagar, para solver uma dvida. Caso no seja efetuado o pagamento do ttulo, a obrigao no ser extinta. A entrega do ttulo pro soluto resolve a obrigao originria, ou seja, equipara-se ao pagamento (adimplemento). Haver uma novao (art. 360, I do Cdigo Civil novao objetiva); extingui-se a 7

DIREITO EMPRESARIAL III TTULOS DE CRDITO 5 PERODO obrigao original (ex. a obrigao de pagar do comprador na compra e venda), substituindo-se pelo ttulo de crdito. Em oposio, a entrega do ttulo pro solvendo no resolve a obrigao originria; apenas a representa, postergando-se sua soluo do negcio.

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CAPTULO 2ESPCIES DE TTULOS DE CRDITOTemos duas grandes espcies de ttulos de crdito. Os chamados ttulos de crdito prprios, que so aqueles que se submetem integralmente s normas e princpios do regime jurdico cambial. So exemplos de ttulos de crdito prprios: - Nota Promissria - Letra de Cmbio - Cheque - Duplicata Alm dos ttulos de crdito prprios, existem os que a doutrina chama de ttulos de crdito imprprios. So chamados ttulos de crdito imprprios, porque eles no se submetem integralmente s normas e princpios do regime jurdico cambial. So instrumentos jurdicos que aproveitam, em parte, do regime jurdico das cambiais. So exemplos de ttulos de crdito imprprios: - Ttulos de Legitimao: Passagem area. - Ttulos de Investimento: Aes, Debntures; - Ttulos de Financiamento: Cdulas de Crdito; - Ttulos Representativos: Conhecimento de depsito e Warrant, conhecimento de frete etc.

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CAPTULO 3CONSTITUIO E EXIGIBILIDADE DO CRDITO CAMBIRIO1. INTRODUO Deve-se eleger um dos ttulos de crdito para servir de referncia. E o escolhido por toda a doutrina, como sendo o mais didtico, a LETRA DE CMBIO. Mas h um inconveniente: no Brasil, quase no existe a letra de cmbio, o que provoca uma defasagem com a realidade. No entanto, a letra de cmbio melhor que qualquer outro ttulo de crdito para se estudar os institutos jurdico-cambirios,

2. ORIGEM E EVOLUONa idade mdia, criou-se a seguinte sistemtica: O banqueiro recebia, em depsito, as moedas com circulao no burgo de seu estabelecimento, e escrevia uma carta ao banqueiro estabelecido no local de destino do mercador depositante. Nessa carta, ele dizia ao colega que pagasse ao comerciante, ou a quem ele indicasse, em moeda local, o equivalente ao montante depositado. Posteriormente, os banqueiros faziam o encontro de contas das cartas emitidas e recebidas. Dessa carta, que viabilizava o cmbio de moedas, originou-se a letra de cmbio. No sculo XX, devido a importncia do ttulo para o desenvolvimento econmico, deu ensejo iniciativas diplomtica que redundaram, em 1930, na assinatura da Conveno de Genebra para a adoo de um lei uniforme sobre letra de cmbio e nota promissria, do que o Brasil foi signatrio. Mas o Brasil j possua uma legislao interna sobre letra de cmbio e nota promissria, o Decreto 2.044/1908. Talvez por j possuir essa legislao, o Brasil acabou retardando o cumprimento da Conveno de Genebra, sendo que somente em 1966 foi editado o Decreto 57.663/66, que promulga as Convenes para adoo de uma Lei Uniforme em matria de letras de cmbio e notas promissrias. PROBLEMA JURDICO: O Decreto 2.044/1908 possui status de lei ordinria em nosso ordenamento jurdico. Como se revoga uma lei? (art. 2 da LICC quando lei posterior expressamente o declare, quando seja com ela incompatvel ou regule inteiramente a matria de que tratava a lei anterior). Ou seja, s uma lei revoga outra. No entanto, a LUG ingressou em nosso ordenamento jurdico atravs de Decreto do Poder Executivo. O correto era ter sido enviado o texto da LUG ao Poder Legislativo, atravs de projeto de lei, e ai sim teria condies de revogar a o Decreto 2.044/1908. Soluo: O STF resolveu que, apesar da ausncia de tcnica, a LUG estava em pleno vigor e apenas derrogou alguns dispositivos do Dec. 2.044/1908. Assim, as duas legislaes convivem em nosso ordenamento.

A Conveno de Genebra contm 2 Anexos:

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Anexo I: A LUG corresponde ao Anexo I da Conveno de Genebra de 1930; a principal norma para interpretar e aplicar o direito s letras de cmbio e s notas promissrias. a base da legislao cambial. a primeira consulta para anlise e aplicao do direito. Mas ela, em alguns artigos, est afetada pelas reservas, conforme quadro abaixo.

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Anexo II: As Reservas corresponde ao Anexo II da Conveno de Genebra de 1930. S so aplicados os artigos das reservas que o Brasil adotou, conforme consta do Decreto 57.663/66

Reserva: a faculdade de fazer pequenas mudanas no texto uniforme, ao introduzi-lo em seu ordenamento. E essas mudanas somente podem ser previstas pela mesma Convena, para fins de se garantir o propsito fundamental da uniformidade. Segundo Fbio Ulhoa Coelho, o Brasil adotou 13 artigos das reservas. Por isso, a lei uniforme no vigora inteiramente entre ns. Nas matrias reservadas, permanecem em vigor as normas correspondentes do Decreto 2.044/1908. Portanto, as 13 reservas incidem sobre os seguintes artigos: - Art. 2; - Art. 3; - Art. 5; - Art. 6; - Art. 7; - Art. 9; - Art. 10; - Art. 13; - Art. 15; - Art. 16; - Art. 17; - Art. 19; - Art. 20.

Os demais artigos do Anexo II, que trata das reservas, no foram adotados no Brasil, pelo que no esto em vigor. EM SUMA: Diante de um caso concreto, tratando-se de letra de cmbio ou nota promissria, o aplicador do direito dever seguir os seguintes passos: Primeiro consulta-se a LUG (Anexo I).

Se o artigo da LUG no estiver afetado pelas reservas, ele ser aplicado tal como se encontra (sem nenhuma modificao); Se o artigo da LUG estiver afetado pelas reservas, torna-se necessrio a leitura do artigo da reserva (Anexo II). As solues, nesse caso, podero ser as seguintes: Pode ser aplicado o texto da LUG afetado (modificado) pelas reservas; ou Pode ser o texto do artigo das Reservas a ser aplicado ao caso concreto (se a reserva no remeter a questo para outra lei); ou Pode ser aplicado um ou mais artigos do Dec. 2.044/1908, se o artigo das reservas remeter a questo para a nossa legislao interna. ESQUEMA

LUG

RESERVAS

DECRETO 2.044

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DIREITO EMPRESARIAL III TTULOS DE CRDITO 5 PERODO O Brasil assinou 13 reservas. Essas matrias reservadas sero regidas pelo Dec. 2.044/1908. CONVENO DE GENEBRA 1930 Anlise de algumas reservas Artigos da LUG que no sero aplicados ou que tero que ser complementados em decorrncia das reservas do Anexo II. Art. 10 Art. 41, terceira alnea Art. 43, nmeros 2 e 3 Art. 44, 5 e 6 alneas Art. 38 Arts. 48 e 49 (taxa de juros moratrios) Reservas Artigos do Anexo II da LUG Art. 3 Art. 7 Art. 10 Art. 10 Deve ser completado pelo art. 5. Art. 13

Observao Vigora os arts. 3 e 4 Dec. 2.044/1908 Art. 19, II Dec. 2044/1908. Art. 19, II Dec. 2044/1908. As letras de cambio pagveis no Brasil devem ser apresentadas ao aceitante no prprio dia do vencimento A taxa de juros a autorizada pelo Banco Central.

Segundo Fbio Ulhoa, os seguintes artigos permanecem em vigor do Dec. 2.044/1908:

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Art. 3 (relativo aos ttulos incompletos); Art. 10 (sobre a pluralidade de sacados); Art. 14 (quanto possibilidade de aval antecipado); Art. 19, II (em decorrncia da reserva do art. 10 do Anexo II); Art. 20 (salvo quanto s conseqncia da inobservncia do prazo); Art. 36 (trata da ao de anulao de ttulos); Art. 48 (quanto ao cabvel, aps a prescrio da execuo da letra); Art. 54, I (referente denominao nota promissria).

A LUG tem 78 artigos. Desses somente os arts. 75, 76, 77 e 78 so relativos nota promissria. O demais, referem-se Letra de Cmbio. O art. 77 dispe que alguns preceitos sobre a Letra de Cmbio se aplicam Nota Promissria, desde que no sejam contrrios sua natureza. Essas questes sobre a lei cambial interna suscitam algumas divergncias, mas nenhuma de repercusso prtica relevante.

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CAPTULO 4DECLARAES OU ATOS CAMBIAIS1. ESPCIES

Declarao cambial necessrio ou obrigatria: SAQUE OU EMISSO Declaraes cambiais eventuais ou sucessivas: ACEITE, ENDOSSO E AVAL. Observao: Declarao cambial sucednea: Quando algum assina uma cambial na qualidade de mandatrio ou representante legal de outrem, sem ter poderes para tanto ou sem o ser, fica diretamente obrigado no ttulo e no o seu pseudo-representado.

Outras declaraes: VENCIMENTO, PAGAMENTO E PROTESTO.CONCEITOS BSICOS DAS DECLARAES CAMBIAIS - SAQUE OU EMISSO: a declarao principal. Sem ela o ttulo no existir. ato de criao do ttulo de crdito. - ACEITE: a declarao cambial eventual ou sucessiva pela qual o signatrio (at ento chamado sacado) reconhece dever o valor do ttulo e promete cumprir a ordem contra ele dada. No necessrio para a validade do papel. Aps o aceite, o sacado passa a se chamar aceitante, tornando-se obrigado principal e direto do ttulo. - ENDOSSO: a declarao eventual ou sucessiva pela qual o signatrio transfere o ttulo e tambm o direito dele emergente a terceiros. O endosso por ser em branco ( aquele em que o endossante no identifica a pessoa do endossatrio) ou em preto ( aquele em que o endossante identifica a pessoa do endossatrio). - AVAL: a declarao eventual ou sucessiva pela qual o signatrio (avalista) garante o pagamento do ttulo. O avalista, quanto sua obrigao, torna-se equiparado ao avalizado, que pode ser o emitente ou ao aceitante (Letra de Cmbio) ou ao endossante. a garantia pessoal de pagamento.

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CAPTULO 5LETRA DE CMBIO1. SAQUE DA LETRA DE CMBIO O saque o ato de criao do ttulo de crdito. A doutrina distingue CRIAO de EMISSO, dizendo que o primeiro a confeco material do documento e a segunda a entrega ao tomador. Para Fbio Ulhoa, essa distino perdeu a importncia pelo disposto no art. 16 da LUG (portador de boa-f). Para ele, criao e emisso so palavras sinnimas. A Letra de Cmbio a ordem que o sacador d ao sacado, no sentido de pagar determinada importncia ao tomador. Logo, temos 3 SITUAES JURDICAS DISTINTAS:

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A do Sacador: Aquele que cria/emite a ordem de pagamento (a letra); A do Sacado: Aquele que recebe a ordem para realizar o pagamento; A do Tomador: o beneficirio da ordem. Aquele que vai receber o pagamento (o credor).

O sacado, a partir do momento que d o aceite, passa a ser classificado como aceitante. O aceitante o devedor principal da letra de cmbio. J o sacador, aquele que cria a letra, classificado como co-devedor. Responde juntamente com o devedor principal.

o Art. 3 da LUG: Determina que a mesma pessoa pode ocupar simultaneamente maisde uma situao jurdica. a) Saque da letra ordem do prprio sacador (sacador = tomador); b) Saque da letra contra o prprio sacador (sacador = sacado). Emitida a letra pelo sacador, o ttulo entregue ao tomador que deve procurar o sacado normalmente 2 vezes:

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A primeira, para consult-lo se ACEITA ou NO cumprir a ordem de pagamento; Se aceitar, a segunda, para RECEBER o pagamento.

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REQUISITOS DA LETRA DE CMBIO (ver anexo - Modelo)

Os requisitos da Letra de Cmbio esto expressos nos arts. 1 e 2 LUG

(a) (b) (c) (d) (e) (f) (g) (h) (i)

Palavra letra ou letra de cmbio inserida no texto. A ordem incondicional de pagamento. O nome do sacado. A poca do pagamento. Lugar do pagamento. Identificao do tomador. Data do saque. Lugar do Saque. Assinatura do sacador.

IMPORTANTE: REQUISITOS ESSENCIAIS E NO ESSENCIAIS 14

DIREITO EMPRESARIAL III TTULOS DE CRDITO 5 PERODO No caso de ausncia de um ou alguns dos requisitos essenciais, a prpria LUG determinou que o ttulo no produzir efeito como letra (art. 2 da LUG). Ou seja, no ser considerado ttulo de crdito e, portanto, no legitima o ajuizamento de ao de execuo. Logo, importante definir quais desses requisitos so essenciais e quais deles no so essenciais, pois a ausncia de requisitos essenciais implica em no considerar o ttulo uma letra de cmbio. Para Fran Martins, so requisitos no essenciais: Lugar do pagamento, Lugar do saque e poca do pagamento. Para Fbio Ulhoa, somente a poca do pagamento requisito no essencial, os demais so essenciais, pois, na ausncia deles, o ttulo no produzir efeito de letra de cmbio. Justifica a sua posio dizendo que a lei aponta que caso falte, no ttulo, a meno ao lugar do pagamento ou ao lugar do saque, h critrios equivalentes para suprimento. Apesar disso, caso estes ltimos tambm faltem no ttulo (ou seja, faltem os critrios equivalentes), ele no produzir o efeito de letra de cmbio. Por isso, para ele, s a poca do pagamento no essencial, pois possui uma regra equivalente que sempre existir. 3 CLUSULA-MANDATO (ART. 8 DA LUG)

O saque, assim como os demais atos cambiais, pode ser praticado por PROCURADOR COM PODERES ESPECIAIS. A exorbitncia praticada pelo procurador, gera a conseqncia prevista no art. 8 da LUG. A CLUSULA-MANDATO um instrumento muito utilizado em contratos bancrios, em que o muturio (devedor), nomeava o mutuante (credor) seu procurador, com poderes especiais para emitir um ttulo pelo muturio em favor do mutuante. Para Fbio Ulhoa, a CLUSULA-MANDATO plenamente vlida, como forma de proteo do direito dos credores. Mas o STJ firmou posicionamento considerando-a nula (Smula 60 do STJ). 4 TTULO EM BRANCO OU INCOMPLETO

Qualquer ttulo de crdito pode ser emitido e circular validamente, em branco ou incompleto. Os requisitos essenciais da lei no precisam estar totalmente atendidos no momento em que o sacador assina o documento, ou o entrega ao tomador. O elemento essencial desse caso a questo da BOA-F do mandatrio do devedor. Caso venha a exorbitar as instrues recebidas, ou lance dado inverdico, o sucesso da execuo ficar condicionada a prova dessa exorbitncia (m-f).

Art. 3 do Decreto 2.044/1908. Smula 387 do STF. 5 ACEITE DA LETRA DE CMBIO (ARTS. 21 A 29 DA LUG)

A ordem de pagamento na letra de cmbio dirigida ao sacado. Este no tem nenhuma obrigao cambial de cumprir a ordem, enquanto no manifesta sua concordncia, atravs de ato lanado no prprio ttulo. Esse ato o ACEITE. COM O ACEITE O SACADO ADQUIRE UM NOVO NOME: ACEITANTE, E TORNA-SE O DEVEDOR PRINCIPAL DO TTULO. Local do aceite: - Normalmente, no ANVERSO, no sentido vertical, com a simples assinatura do sacado. 15

DIREITO EMPRESARIAL III TTULOS DE CRDITO 5 PERODO - Admite-se tambm o aceite no VERSO, desde que com a expressa aceito ou outra equivalente (art. 25 LUG). O aceite FACULTATIVO. Na duplicata a regra diferente, ou seja, o aceite obrigatrio. IMPORTANTE: Mas deve ser lanado o aceite no prprio ttulo, por fora do princpio da literalidade. Como o aceite FACULTATIVO, a RECUSA do sacado plenamente vlida, no lhe causando qualquer prejuzo. A conseqncia da RECUSA TOTAL OU PARCIAL de aceite ser o VENCIMENTO ANTECIPADO DO TTULO, tornando-o exigvel de imediato do(s) co-devedor(es) (art. 43 da LUG). 5.1 RECUSA PARCIAL DO ACEITE Se possvel a recusa total, porque no seria possvel a recusa parcial? Quem pode o mais, pode o menos. A Recusa Parcial do Aceite configura-se em duas espcies:

(a) Aceite Limitativo. (b) Aceite Modificativo.Implicao: VENCIMENTO ANTECIPADO DO TTULO (art. 43 da LUG). O tomador poder exigi-lo e imediatamente do sacador a totalidade do seu valor. OBSERVAO: O sacado se vincula ao pagamento da LC, nos termos do seu aceite (art. 26 LUG), mesmo com o acerte limitativo ou modificativo. Um dos requisitos essenciais da LC a ordem incondicional de pagamento. Logo, no saque, no possvel aposio de condio, sob pena de no produzir o efeito de ttulo de crdito. Mas no aceite possvel a aposio de condio suspensiva (at o implemento da condio, a obrigao fica suspensa; com a ocorrncia da condio, a obrigao pode ser exigida) ou resolutiva (com o implemento da condio extingue-se a obrigao). tambm modalidade de aceite modificativo, que acarreta o vencimento antecipado da obrigao contra o sacador. Mas a ao de regresso do sacador ficar condicionada ao implemento da condio constante do aceite.

5.2 CLUSULA NO ACEITVEL (Art. 22 da LUG)Para se resguardar, o sacador pode incluir na letra uma clusula proibindo a sua apresentao ao sacado antes da data do vencimento ou incluindo clusula com data limite, antes da qual a apresentao ao sacado vedada. Essa a CLUSULA NO ACEITVEL. Essa clusula no exonera o sacador do pagamento; apenas evita o vencimento antecipado. Clusula no aceitvel insero na letra com os seguintes dizeres: aos trinta e um de janeiro de ..., pagar V. S por esta nica via de letra de cmbio no aceitvel, a importncia .... 6 ENDOSSO (Arts. 11 a 20 da LUG) Endosso Prprio (pleno) e Endosso Imprprio Conceito: Endosso a declarao eventual ou sucessiva pela qual o signatrio transfere o ttulo e tambm o direito dele emergente a terceiros. 6.1 ESPCIES DE ENDOSSO 6.1.1 Endosso Prprio ou Pleno. 16

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Tambm chamado Translativo o ato tpico de circulao cambial, pelo qual o credor de um ttulo de crdito com a clusula ordem transmite o ttulo e os seus direitos a outrem. Duas situaes jurdicas: - Endossante: o credor do ttulo que resolve transferi-lo a outrem. - Endossatrio: aquele para quem o ttulo foi passado. O endosso prprio ou pleno produz 2 efeitos: 1) Transfere o ttulo ao endossatrio; 2) Vincula o endossante ao seu pagamento (co-devedor). O endosso pode ser: - Em Branco: Quando no identifica o endossatrio; - Em Preto: Quando identifica. Regras sobre o endosso:

A simples assinatura do endossante no VERSO do ttulo; A assinatura do endossante, no VERSO ou ANVERSO, sob a expresso pague-se, ou outra equivalente; A assinatura do endossante, no VERSO ou ANVERSO, sob a expresso pague-se a Fulano, ou outra equivalente.

As duas primeiras caracterizam-se endosso em branco. A ltima endosso em preto. Aspectos importantes:

a) Clusula no ordem possvel que o sacador impea a sua circulao por endosso, inserindo no ttulo a clusula no ordem. Isso ir acarretar, em relao letra de cmbio, a circunstncia de que ela somente poder ser transferida pode meio de cesso civil de crdito. b) Clusula sem garantia (art. 15 da LUG) Se o endossante quiser se exonerar da responsabilidade pelo pagamento do ttulo, deve inserir a clusula SEM GARANTIA, que apenas o endosso admite. Pode ser feito atravs da expresso, pague-se, sem garantia, a fulano. 6.1.2 Endosso Imprprio Denomina-se endosso imprprio porque ele destina-se a legitimar a posse de certa pessoa sobre um ttulo de crdito, sem lhe transferir o direito creditcio. Ou seja, o endossatrio, no endosso imprprio, no se torna o credor do ttulo. Temos duas modalidades de Endosso Imprprio:

a) Endosso-Mandato (Art. 18 da LUG). Cobrana. b) Endosso-Cauo (art. 19 da LUG). Garantia.Importncia: Para a incidncia do princpio da inoponibilidade de excees pessoais.

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DIREITO EMPRESARIAL III TTULOS DE CRDITO 5 PERODO O endosso-mandato atrai a OPONIBILIDADE DE EXCEES PESSOAIS, porque aquele que est fazendo a cobrana judicial do crdito (execuo), o faz em nome do mandante, que o credor do ttulo. J o endosso-cauo atrai a INOPONIBILIDADE DE EXCEES PESSOAIS, porque como o ttulo foi dado em garantia do pagamento de outra obrigao e, se estamos na fase de cobrana judicial (execuo), porque o caucionado no cumpriu a obrigao principal. 6.2 ENDOSSO E CESSO CIVIL DE CRDITO - Regime de direito cambirio, se for ttulo ordem, pois a circulao ser por Endosso. - Regime de direito civil, se for ttulo no ordem, pois a circulao ser por Cesso de Crdito. Diferenas entre o Endosso e a Cesso Civil de Crdito: Endosso ato formal. O endossante, em regra, responde pela solvncia do devedor. coobrigado. Atrai a inoponibilidade de excees pessoais. Cesso Civil de Crdito Pode revestir-se de qualquer forma. O cedente geralmente responde apenas existncia do crdito. No coobrigado Atrai a oponibilidade de excees pessoais.

Exemplo: CARLOS vendeu um automvel a ANTNIO e este o revendeu a BENEDITO, sendo que ANTNIO sacou uma letra de cmbio em favor de CARLOS contra BENEDITO, que a aceitou. Aps, CARLOS transferiu seu crdito a DARCY. Se, no vencimento, o aceitante BENEDITO est insolvente, DARCY poder acionar CARLOS para reclamar o pagamento? Resposta: Depende. Se a transferncia foi por endosso, poder faz-lo, porque, em regra, o endossante coobrigado, ou seja, responde pela solvncia. Mas se recebeu a letra por cesso civil de crdito, DARCY no poder cobr-la de CARLOS, porque o cedente s responde pela existncia do crdito, ou seja, no coobrigado. Nesse caso, para cobrar CARLOS, DARCY dever provar que lhe foi transmitido direito inexistente ou simulado. Por outro lado, se BENEDITO no insolvente, mas no prazo da lei havia rescindido o contrato de compra e venda do automvel, feito com ANTNIO, por vcios ocultos, ele (BENEDITO) estar obrigado a pagar o ttulo a DARCY? Resposta: Depende. Se a transferncia foi por endosso, no poder opor excees pessoais. Se foi por cesso civil de crdito, poder opor excees pessoais. IMPORTANTE: Na cesso, com a transferncia do ttulo a outrem, ele no se desvincula do negcio jurdico que lhe deu origem, atraindo a oponibilidade de excees pessoais a terceiros de boa-f. J no endosso, com a transferncia, o ttulo se desvincula do negcio originrio. Esses efeitos de cesso civil de crdito ocorrem:

a) Nos casos de endosso praticado aps o protesto por falta de pagamento, ou depois deexpirado o prazo para a sua efetivao. Denomina-se ENDOSSO PSTUMO OU TARDIO;

b) Quando praticado em ttulo em que se inseriu a CLUSULA NO ORDEM.6.3 ENDOSSO PSTUMO OU TARDIO (ART. 20 DA LUG). Verifica-se tal endosso quando, comprovadamente, o endosso ocorre aps o protesto por falta de pagamento ou feito depois de expirado o prazo fixado para se fazer o protesto. que, normalmente, o endosso pleno s pode ocorrer at o vencimento do ttulo, que corresponde sua vida normal. 18

DIREITO EMPRESARIAL III TTULOS DE CRDITO 5 PERODO Vencido, o ttulo no deve circular mais por endosso. Por isso, o legislador procurou dar tratamento diferente ao endosso quando realizado aps o vencimento do ttulo. A soluo para o endosso pstumo ou tardio consider-lo como mera cesso civil de crdito. 6.4 ENDOSSO PARCIAL aquele em que o endossante procura transmitir apenas parte da importncia mencionada no ttulo. Expressa-se assim: Pague-se ao Davi apenas 50 % do valor. Nos termos da 2 alnea do art. 12 da LUG, o endosso parcial considerado nulo, pois o endosso deve ser puro e simples. Mas, se for considerado nulo, ele desfaz a cadeia de endossos e os outros eventuais endossos posteriores sero considerados nulos? Segundo Wille Duarte, o mais correto no considerar o endosso parcial nula, pois, se assim o fosse, quebraria a cadeia de endosso e o credor posterior, que estivesse na posse do ttulo, no teria como justificar seu direito de credor, tendo em vista que ficaria interrompida a srie de endossos. A soluo mais correta, para Wille Duarte, considerar o endosso parcial como clusula no escrita. 7 7.1 CONCEITO a declarao cambial eventual ou sucessiva pela qual o signatrio garante o pagamento do ttulo. Somente pode ser prestada em ttulos de crdito, no corpo da crtula, ou em folha anexa. No aval, temos duas figuras: AVAL

a) Avalizado: a pessoa cuja obrigao foi garantida por aval. Pode ser, conforme o ttulo decrdito, o sacador ou emitente, o aceitante ou o endossante;

b) Avalista: a pessoa que prestou a garantia e assumiu a obrigao de pagar o ttulo decrdito. Usualmente, o avalista garante todo o valor do ttulo, mas a lei admite o AVAL PARCIAL (LUG, art. 30). 7.2 REGRAS SOBRE O AVAL O aval se pratica por uma das seguintes formas: 1) A simples assinatura do avalista, lanada no ANVERSO do ttulo, desde que no se trate das assinaturas do sacado e sacador (ou emitente); 2) A assinatura do avalista, no VERSO ou ANVERSO, sob a expresso "por aval", "bom para aval" ou outra de mesmo sentido; Podemos ilustrar com um exemplo clssico, digamos que o avalista assina seu nome no verso do ttulo sem a expresso por aval. Considera-se esta garantia inexistente, pois no obedeceu a forma prevista na lei. Isso se deve porque este , por definio, o local apropriado para o endosso. Registre-se, tambm, a possibilidade de aval em branco, quando o avalizado no identificado e aval em preto, quando h identificao do avalizado. AVAL EM BRANCO: Quando o avalista no define o devedor em favor de quem est prestando a garantia, a lei, para cada ttulo de crdito, estabelecer qual devedor o beneficiado. No caso da letra de cmbio, o aval em branco que considerar-se que foi dado em favor do sacador (art. 31 da LUG). 7.3 CARACTERSTICAS DO AVAL 19

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Possui duas caractersticas principais em relao obrigao avalizada, que so a autonomia e a equivalncia. O avalista assume, perante o credor do ttulo, uma obrigao autnoma, mas equivalente do avalizado (nas mesmas condies que o avalizado).

AUTNOMA, porque quem presta aval prontamente se vincula, mesmo se inexistente,nula ou ineficaz a obrigao do avalizado, exceto se houver vcio na formao do ttulo. Entende-se por vcio tudo aquilo que no estiver em conformidade com a formao do ttulo de crdito, ou seja, com o princpio da cartularidade e da literalidade.

EQUIVALNCIA significa que o avalista devedor do ttulo "na mesma maneira que apessoa por ele afianada (avalizada) (LU, art. 32). 7.4 DIFERENAS E SEMELHANAS ENTRE O AVAL E A FIANA DIFERENAS AVAL S h em ttulos de crdito No admite substituio do avalista. O avalista no pode estabelecer prazo de validade do aval. A responsabilidade solidria Obrigaes autnomas, ou seja, a nulidade da obrigao do avalizado no prejudica a do avalista. FIANA um contrato acessrio. Admite substituio do fiador. O fiador pode estabelecer prazo de validade da fiana. A responsabilidade subsidiria, em regra (benefcio de ordem pode renunciar). Por ser contrato acessrio, a nulidade do contrato principal, implica na nulidade da fiana.

SEMELHANAS AVAL FIANA 1. So espcies de garantia pessoal ou fidejussria. 2. Exigem outorga uxria (art. 1647, inciso II do CC). 3. Podem ser parcial ou total 4. Podem ter garantia de um nico ou vrios garantidores da obrigao do devedor principal. 7.5 DOS EFEITOS DA AUTORIZAO DO CNJUGE NO AVAL E NA FIANA Existe ressalva expressa em nosso ordenamento quanto necessidade de autorizao do cnjuge para que seja prestada fiana ou aval, salvo no caso do regime da separao absoluta de bens.Art. 1647. Ressalvado o disposto no art. 1648 (caso do suprimento da outorga pelo juiz), nenhum dos cnjuges pode, sem autorizao do outro, exceto no regime da separao absoluta: III prestar fiana ou aval;

Partindo de tais dados em concorrncia com a anlise do art. 1.649 do Cdigo Civil, poderia nos levar concluso que a fiana e o aval tornam-se atos jurdicos anulveis se prestados sem a devida autorizao, sendo o prazo prescricional de dois anos aps o findar da sociedade conjugal. No entanto, para alguns doutrinadores exigir a anuncia do cnjuge para a outorga de aval afrontar a Lei Uniforme de Genebra e descaracterizar o instituto. Ademais, a celeridade indispensvel para a circulao dos ttulos de crdito incompatvel com essa exigncia, pois que no se pode esperar que, na celebrao de um negcio corriqueiro, lastreado em ttulo de crdito, seja necessrio, para a obteno de um aval, ir busca do cnjuge e da certido do seu casamento, determinadora do respectivo regime de bens.

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DIREITO EMPRESARIAL III TTULOS DE CRDITO 5 PERODO Em face disso, na Jornada de Direito Civil, promovida pelo Centro de Estudos Judicirios do Conselho da Justia Federal, no perodo de 11 a 13 de setembro de 2002, sob a coordenao cientfica do Ministro Ruy Rosado, do STJ, foi aprovado o Enunciado 114, que assim dispe:Enunciado 114 Art.1.647: O aval no pode ser anulado por falta de vnia conjugal, de modo que o inc. III do art. 1.647 apenas caracteriza a inoponibilidade do ttulo ao cnjuge que no assentiu.

Dessa forma, no ser afetada a meao do cnjuge que no anuiu com o aval. Quanto fiana, h uma peculiaridade: se ela for prestada por um cnjuge sem a autorizao do outro, implicada na nulidade da garantia. o que prev a smula 332 do STJ:Smula 332: A fiana prestada sem autorizao de um dos cnjuges implica a ineficcia total da garantia.

A tese pacificada no sentido de que a fiana sem a outorga de um dos cnjuges, em contrato de locao, nula de pleno direito, invalidando, inclusive, a penhora efetivada sobre o bem, integralmente (at mesmo a penhora sobre a meao do cnjuge que prestou a fiana ser invalidada).1 7.6 AVAIS SIMULTNEOS E AVAIS SUCESSIVOS Devem-se distinguir os avais simultneos dos sucessivos.

AVAIS SIMULTNEOS: Mais de um avalista assume responsabilidade solidria (entre eles) emfavor do mesmo devedor. Sero co-avalistas. Portanto, nos avais simultneos vigora a solidariedade do direito civil (De acordo com o art. 283 do CC, o devedor solidrio que paga ao credor a totalidade da dvida pode exigir, em regresso, dos demais devedores a quota-parte cabvel a cada um).

AVAIS SUCESSIVOS: O avalista garante o pagamento do ttulo em favor de um devedor e tem asua prpria obrigao garantida tambm por aval. Repercusso:"Avais em branco e superpostos consideram-se simultneos e no sucessivos" (Smula 189 do STF).

7.7 AVAL E OS CONTRATOS So comuns os bancos, ao emprestarem dinheiro aos clientes, a elaborao dois instrumentos: Um contrato de mtuo e um ttulo de crdito (geralmente uma nota promissria). Nesses negcios tambm muito comum a presena de avalistas, que assinam os dois documentos, o que desperta duas questes relevantes: 1) O AVALISTA RESPONDE PELOS ENCARGOS2 ESTABELECIDOS NO CONTRATO? O avalista, que se obrigou no ttulo de crdito, s responder pelos encargos estabelecidos no instrumento contratual se tambm o assinou. Caso se verifique que o avalista assinou s a cambial, a previso de encargos no contrato no o poder alcanar. Vejamos, a propsito, a Smula 26 do STJ:"O avalista do ttulo de crdito vinculado a contrato de mtuo tambm responde pelas obrigaes pactuadas, quando no contrato figurar como devedor solidrio" (Smula 26 do STJ).1 2

Ver STJ, Recursos Especiais nmeros 860.795, 525.765, 94.094 e 111.877. Tais como juros, comisso de permanncia, no constantes do ttulo de crdito, mas expressos no contrato de mtuo subjacente.

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DIREITO EMPRESARIAL III TTULOS DE CRDITO 5 PERODO 2) PODE SE UTILIZAR NOS CONTRATOS A EXPRESSO AVAL? Em contratos de financiamento outorgado a sociedade empresria, em que se estipula clusula pela qual o scio majoritrio da sociedade garante, com o seu patrimnio pessoal, as obrigaes da pessoa jurdica, na qualidade de "avalista". Trata-se, no entanto, de uma impropriedade tcnica. Aval ato exclusivo de ttulos de crdito e no pode ser firmado seno nos documentos dessa natureza. Na verdade, a obrigao que scio assumiu, na oportunidade, foi a de uma verdadeira fiana, e o nome correto a adotar seria "fiador" ou "devedor solidrio". Apesar do erro na expresso utilizada, considera-se a garantia como sendo fiana e o regime jurdico a se aplicar deve ser o do direito civil. Da decorre o benefcio de ordem e o carter acessrio da garantia. 7.8 AVAL ANTECIPADO Dec. 2.044/08, art. 14 Cronologicamente, o aval deve ocorrer depois que o avalizado se obriga no ttulo de crdito. Mas, pode surgir antes da obrigao do avalizado. o aval antecipado. A lei cambial interna autoriza o aval antecipado, isto , dado antes do aceite ou do endosso do ttulo (Dec. 2.044/08, art. 14). Assim, o tomador que no conhece o sacado, ou tem dvidas sobre a aceitao do ttulo, pode exigir que o sacador, antes de lhe entregar a letra, encontre quem esteja disposto a garantir o seu pagamento, como avalista do devedor principal. Contudo, o aval antecipado depende da existncia formal da declarao do avalizado. S existe, se ocorrer a obrigao do avalizado. Se no existir a obrigao do avalizado, a do avalista considera-se no escrita. 8. VENCIMENTO Conceito: O vencimento o fato jurdico que torna exigvel o crdito cambirio. Espcies de vencimento:

Ordinrio. Extraordinrio: Em 2 (duas) as hipteses de vencimento antecipado: a) b)RECUSA DO ACEITE (total ou parcial). FALNCIA DO ACEITANTE.

No acarretam o vencimento antecipado:

a) A falncia do avalista do aceitante. b) A falncia do sacador, endossante e avalista;Classificao das letras de cmbio quanto ao vencimento:

a) Letra de cmbio em dia certo: aquela em que o sacador escolhe data futura ao saquecomo vencimento;

b) Letra de cmbio com vencimento vista: aquela que vence com a sua apresentao ao c)sacado. Letra de cmbio com vencimento a certo termo de vista : aquela em que o prazo de vencimento, fixado pelo sacador, se inicia a partir da data do aceite. 22

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d) Letra de cmbio com vencimento a certo termo de data: aquela em que o sacador fixa oprazo para vencimento do ttulo, que comea a fluir da data do saque. 9. PAGAMENTO Conceito: O pagamento a forma natural de extino das obrigaes. Pode provocar a extino de uma, algumas ou todas as obrigaes cambiais mencionadas no ttulo de crdito, dependendo de quem o realiza. O pagamento feito: a) Pelo Devedor Principal (aceitante): Extingue todas as obrigaes cambiais. b) Pelos Co-devedores (sacador/endossante/avalista): Extingue uma ou algumas obrigaes cambiais. Ou seja, extingue a obrigao cambial de quem pagou e a dos devedores posteriores. 9.1 PRAZO DE APRESENTAO A letra deve ser apresentada, ao aceitante, para pagamento, no dia do vencimento (art. 38 do Anexo I, c/c art. 5 do Anexo II da LUG). A inobservncia desse prazo, por si s, no acarreta grandes conseqncias ao credor da letra de cmbio, sendo importante, apenas, para disciplinar o incio da fluncia do prazo para o protesto (que no primeiro dia til seguinte ao vencimento do ttulo). Somente se a letra contiver a CLUSULA SEM DESPESAS, que dispensa o protesto, a inobservncia do prazo de apresentao a pagamento redunda na PERDA DO DIREITO DE COBRANA EM RELAO AOS CO-DEVEDORES (art. 53 da LUG). 9.2 CAUTELAS NO PAGAMENTO O pagamento vlido o que se efetua vista da crtula (do ttulo), com a sua entrega ao devedor. Isso decorre do princpio da cartularidade. Alm da entrega o ttulo, o devedor deve exigir que a quitao (especialmente a parcial) seja dada no prprio ttulo, em razo do princpio da literalidade, que traduz a idia de que o credor s pode exigir do devedor aquilo que consta expressamente no ttulo. A quitao dada em separado, com base no art. 320 do Cdigo Civil, valida, mas no dispensa a apresentao do ttulo. 10. PROTESTO (Lei 9.492/97) Conceito: Protesto ato formal e solene pelo qual se prova a inadimplncia e o descumprimento de obrigao originada em ttulos e outros documentos de dvida. Apresentado o ttulo no Tabelionato de Protestos, o Tabelio dever examinar a regularidade formal do documento, como os requisitos, a legitimidade ativa do portador, o vencimento e a sua natureza cambial. No cabe ao Tabelio examinar questes de prescrio ou caducidade (art. 9 da Lei 9.492/97). Se contiver vcio, o protesto dever ser obstado. Mas se o ttulo contiver algum desses vcios mencionados e, mesmo assim, for protestado, o oficial pblico responde perante o prejudicado. Se no h vcios, o Tabelio expedir intimao ao devedor, no endereo fornecido pelo apresentante do ttulo, considerando-se cumprida quando comprovada sua entrega no mesmo endereo (por Aviso de Recebimento AR ou documento equivalente) (art. 14 da Lei 9.492/97). 23

DIREITO EMPRESARIAL III TTULOS DE CRDITO 5 PERODO Admite-se intimao por edital (art. 15 da Lei 9.492/97), afixado no Tabelionato e publicado em jornal local de circulao diria, que o devedor for desconhecido, endereo incerto ou ignorado, residente ou domiciliado fora da competncia territorial do Tabelionato ou for recusado o recebimento da intimao no seu endereo. O devedor ter o prazo de 3 dias teis para fazer o pagamento, contados do recebimento da intimao, excluindo o dia o incio e incluindo o dia do vencimento desse prazo. Os tipos de protesto, de acordo com o art. 21 da Lei 9.492/97, so: a) Protesto por falta de aceite ( 1): somente ser efetuado antes do vencimento e aps o decurso do prazo legal para o aceite ou a devoluo; b) Protesto por falta de pagamento ( 2): aps o vencimento do ttulo, o protesto ser sempre efetuado por falta de pagamento. c) Protesto por falta de devoluo ( 3): devido quando o sacado retiver a letra de cambio ou a duplicata envida para aceite e no proceder devoluo dentro do prazo legal (30 dias). 10.1 Protesto por Falta de Pagamento O mais comum o protesto por falta de pagamento. O prazo para o protesto por falta de pagamento letra de cmbio ou da nota promissria deve ser feito no primeiro dia til seguinte ao vencimento do ttulo. Importncia desse prazo: Se o credor perde o prazo para a efetivao do protesto, a conseqncia a inexigibilidade do crdito contra os co-devedores e seus avalistas (art. 53 da LUG). Entretanto, continua com o direito creditcio contra o aceitante e o avalista do aceitante. Diante dessa relevncia, podemos classificar o protesto da seguinte forma:

a) Protesto necessrio: Quando o credor quiser assegurar/conservar a responsabilidade dosco-devedores (sacador e endossantes) e seus respectivos avalistas;

b) Protesto facultativo: Quando o credor for cobrar judicialmente apenas do devedor principal erespectivo avalista, porque, nesse caso, o protesto dispensvel. NOTAS:

A insero clusula SEM DESPESA (ou SEM PROTESTO), dispensa o credor de realizar o protesto cambial, contra quaisquer devedores, se for inserir no momento do saque. Mas um endossante e avalista tambm podem inseri-la. Nesse caso, o credor estar dispensado de fazer o protesto contra eles, apenas. O protesto pode ser CANCELADO ou SUSTADO.

11. AO CAMBIAL a ao judicial pela qual o credor busca o recebimento da quantia certa mencionada no ttulo de crdito. As aes cambiais so duas: a execuo e a de enriquecimento indevido. A ao de execuo pressupe a existncia de um ttulo de crdito contendo todos os seus requisitos formais exigidos pelas legislaes de cada espcie de ttulo, pois a sim sero considerados ttulos executivos extrajudiciais (art. 585, I CPC). A ao de enriquecimento de natureza no executiva, ou seja, sua natureza cognitiva e pode ser proposta aps a prescrio da execuo O portador do ttulo, atravs do processo de conhecimento ou ao monitria, pede a condenao judicial de qualquer devedor cambirio no pagamento do valor do ttulo, sob fundamento que se operou o enriquecimento indevido. De fato, se o ttulo no foi pago, o demandado locupletou-se sem causa lcita, em prejuzo do demandante e essa , em princpio, a matria de discusso. 24

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Outra questo importante:

a) Execuo contra sacador, endossante e seus avalistas: Alm da letra de cmbio, deve ser b)obrigatoriamente apresentado o instrumento de protesto, que comprove a sua regularidade; Execuo contra aceitante e seus avalistas: Basta a simples apresentao da letra de cmbio.

Prazos prescricionais para a ao de execuo: Art. 70 da LUG.

a) Contra aceitante e seus avalistas: 3 anos, a contar do vencimento; b) Contra sacador, endossantes e seus respectivos avalistas: 1 ano, a contar do protesto, ou dovencimento se tiver clusula sem despesa;

c) Ao de regresso contra co-devedor: 6 meses, a partir do pagamento ou do ajuizamento daexecuo. Ocorrendo a prescrio da ao cambial (execuo e da ao de locupletamento), a letra de cmbio servir, apenas, como prova de uma obrigao extracambial. Neste caso, o credor tem duas aes: - Ao de Conhecimento (cobrana); - Ao Monitria.

AES CAUSAIS

So chamadas aes causais, porque discutem a causa da obrigao, sendo admitidas quaisquer matrias de defesa por parte do demandado. IMPORTANTE: A obrigao do avalista, aps a prescrio das aes cambiais, desaparece.

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DIREITO EMPRESARIAL III TTULOS DE CRDITO 5 PERODO AO DE LOCUPLETAMENTO* Tambm ao cambial. No precisa discutir a origem da obrigao, por fora do princpio da abstrao, mas deve demonstrar-se que a outra parte enriqueceu-se com o no pagamento do ttulo. Com a consumao do prazo prescricional da execuo. - 3 anos, no caso de LC e NP, por fora do art. 205, 3, IV do CC. - 2 anos, no caso de cheque. Ao monitria ou procedimento ordinrio, sumrio ou sumarssimo. Na LC, sacador e aceitante. Na NP, emitente. No Cheque, emitente ou outros obrigados (art. 61 da L. 7357/85). AES FUNDAMENTAIS (CAUSAIS) Quando o ttulo est prescrito e est-se cobrando o negcio jurdico subjacente.

AO DE EXECUO a ao cambial, por excelncia. Um dos atributos dos ttulos de crdito.

Petio inicial

No precisa discutir a origem da obrigao, por fora do princpio da abstrao.

Tem que discutir a origem da obrigao.

Incio da prescrio

Prazo prescricional

Do vencimento, contra devedor principal. Do protesto, contra codevedores. Do pagamento ou do dia que foi demandado, ao de regresso. Na LC e na NP: 3 anos, devedor principal e avalistas; 1 ano, codevedores e avalistas; 6 meses, ao de regresso. No cheque, 6 meses, dev. principal e codevedores e seus avalistas; 6 meses, ao de regresso;. Da ao de execuo de ttulo extrajudicial do CPC.

Da data do fato que deu origem obrigao.

Varia conforme a obrigao subjacente (que deu origem). Por exemplo: responsabilidade civil 3 anos. Ao monitria ou procedimento ordinrio, sumrio ou sumarssimo. S poder ser proposta contra quem o autor manteve a relao subjacente. No poder ser ru o endossante ou avalista.

Procedimento

Ru

Pode ser o devedor principal e seu avalista e os co-devedores e seus avalistas.

* A ao de locupletamento cabvel na letra de cmbio, na nota promissria e no cheque.

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CAPTULO 6NOTA PROMISSRIA uma Promessa de Pagamento: D ensejo a 2 situaes jurdicas:

o Promitente: Aquele que assume a obrigao de pagar. Tambm chamado emitenteou subscritor;

o Beneficirio: Aquele que ir receber o pagamento. Tambm chamado tomador.Devedor principal: Subscritor (ou emitente). A nota promissria tambm deve se revestir de determinadas formalidades (requisitos). Caso no atenda, no produz os efeitos cambiais e os benefcios, ao credor, da inoponibilidade de excees pessoais de terceiros de boa-f. Requisitos:

a) b) c) d) e) f)

A expresso NOTA PROMISSRIA; A promessa incondicional de pagar quantia determinada; Nome do tomador (credor); Data do saque; Assinatura do subscritor; Lugar do saque, ou meno de um lugar ao lado do nome do subscritor.

Requisitos no essenciais: - poca e lugar do pagamento. (na falta, considera-se vista e pagvel no local do saque ou no mencionado ao lado do nome do subscritor) REGIME JURDICO (Adaptaes em relao Letra de Cmbio) A nota promissria est sujeita s mesmas normas aplicveis letra de cmbio, com algumas excees estabelecidas pela Lei Uniforme, em seus arts. 77 e 78. Contudo, devem ser observadas as seguintes prescries especficas deste tipo de ttulo cambial: a) A nota promissria uma promessa de pagamento e, por isso, no se aplicam, a ela, as normas relativas letra de cambio incompatveis com esta natureza da promissria. Assim, no h que se cogitar de aceite, vencimento antecipado por recusa de aceite, clusula no-aceitvel etc. b) O subscritor da nota promissria o seu devedor principal. Por essa razo, a lei prev que a sua responsabilidade idntica do aceitante da letra de cmbio (art. 78). Neste sentido, pode-se concluir que o protesto facultativo para o exerccio do direito de crdito contra o emitente; tambm se pode concluir que o exerccio desse direito prescreve em 3 anos. c) O aval em branco da nota promissria favorece o seu subscritor (art. 77, in fine). d) As notas promissrias, embora no admitam aceite, podem ser emitidas com vencimento a certo termo da vista. Nesta hiptese, o credor dever apresentar o ttulo ao visto do emitente no prazo de 1 ano do saque (art. 23), sendo a data desse visto o termo a quo do lapso temporal de vencimento. A nota promissria desta espcie pode ser protestada por falta de data (art. 78, segunda alnea). Portanto, desde que observadas as especificidades da nota promissria acima mencionadas, estar este ttulo sujeito ao mesmo regime jurdico da letra de cmbio, quanto constituio e exigibilidade do crdito cambirio.

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DIREITO EMPRESARIAL III TTULOS DE CRDITO 5 PERODO No tocante ao SAQUE, ENDOSSO, AVAL, VENCIMENTO, PAGAMENTO, PROTESTO, AO CAMBIAL E PRESCRIO permanece as mesmas disposies acerca da Letra de Cmbio.

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CAPTULO 7CHEQUE Lei n. 7.357/851. CONCEITO O cheque uma ordem de pagamento vista, sacada contra um banco ou instituio financeira equiparada e com base em suficiente proviso de fundos depositados pelo sacador em mos do sacado ou decorrente de contrato de abertura de crdito entre ambos. 2. PRESSUPOSTOS DA EMISSO DO CHEQUE

a) Ser o sacado um banco ou instituio financeira a ele equiparada: b) Existir em poder do banco ou da instituio financeira uma proviso (fundos) do emitente ousacador:

c) Ter o emitente ou sacador disponibilidade sobre os fundos ou proviso: d) Haver entre o emitente e o banco sacado um contrato, expresso ou tcito para que o primeirodisponha dos fundos ou proviso por meio de cheque: A ausncia de algum desses pressupostos no prejudica a validade do ttulo como cheque (art. 4 Lei 7.357/85). 3. PESSOAS INTERVENIENTES No cheque esto presentes 3 (trs) pessoas. So elas: o emitente (emissor ou sacador), que aquele que emite o cheque; o beneficirio, que a pessoa a favor de quem o cheque emitido; e o sacado, que o banco em que est depositado o dinheiro do emitente.

O devedor principal de um cheque o seu sacador. 4. CARACTERSTICAS ESPECIAIS DO CHEQUE

-

O cheque uma ordem de pagamento vista (art. 32 da Lei 7.357/85); No papel de curso forado (no de aceitao obrigatria); - O cheque ttulo de modelo vinculado. - Tem implcita a clusula ordem; se transmite normalmente mediante endosso; - O endosso admite a clusula sem garantia, que tem efeito apenas de transferir a titularidade do ttulo sem se obrigar ao seu pagamento; - Admite o endosso mandato (no admite endosso cauo) - No admite clusula de juros (art. 10). Juros s so devidos na cobrana judicial de cheque no pago (art. 53, II). - Aval em branco: favorece o sacador-emitente (art. 30 pargrafo nico); - O Endosso e o Aval por parte do sacado (banco): proibido (arts. 18, 1 e 29), salvo o endosso de uma agncia do sacado para outra; - Endosso aps vencimento do prazo para apresentao: efeitos de cesso civil de crdito. - Divergncia de valores: Quanto ao valor, deve ser indicado por extenso e em algarismos, prevalecendo, em caso de divergncia, o primeiro (por extenso). (art. 12). - Em regra, a quitao do cheque pro solvendo, ou seja, s produz quitao aps a liquidao do cheque. Contudo, pode ser convencionado e firmado pro soluto. -

5. REQUISITOS DO CHEQUE (ARTS. 1 e 2)29

DIREITO EMPRESARIAL III TTULOS DE CRDITO 5 PERODO

Podemos distinguir os requisitos do cheque em essenciais e no essncias; os primeiros, so de presena obrigatria no ato de cobrana judicial do ttulo, sob pena de no valer como cheque e consequentemente um ttulo de crdito (ttulo executivo extrajudicial); os segundos, em caso de ausncia, podem ser supridos, nos termos do art. 2 da Lei de Cheque.

a)

Requisitos Essenciais:

1. A denominao cheque inscrita no contexto do ttulo e expressana lngua em que este redigido;

2. A ordem incondicional de pagar quantia determinada; 3. O nome do banco ou da instituio financeira que deve pagar(sacado);

4. A indicao da data de emisso; 5. A assinatura do emitente (sacador), ou de seu mandatrio compoderes especiais.

b)

Requisitos No Essenciais:

1. Lugar de pagamento (art. 2, I na falta de indicao especial, considerado lugar de pagamento o lugar designado junto ao nome do sacado; se designados vrios lugares, o cheque pagvel no primeiro deles; no existindo qualquer indicao, o cheque pagvel no lugar de sua emisso); Lugar de emisso (art. 2, II no indicado o lugar de emisso, considera-se emitido o cheque no lugar indicado junto ao nome do emitente);

2.

Observaes sobre os requisitos do cheque:O nome do beneficirio/tomador do cheque facultativo (admite-se cheque ao portador, exceto para os cheques superiores a R$ 100,00, nos quais a identificao do tomador necessria, de acordo com o art. 69 da Lei 9.069/95). O cheque permite vrios beneficirios. A indicao do lugar do saque importante para a questo do prazo de apresentao do cheque ao banco sacado. Sobre a data de emisso do cheque, Fran Martins (Ttulos de Crdito, 14 edio, pgina 304) entende que o cheque que conste data incompleta ou inexistente (ex: 30 de fevereiro) invlido, pois impactar na fixao da data de apresentao ao sacado. Em relao quantia determinada a constar no cheque, pode-se referir moeda nacional ou estrangeira, obedecendo, em relao moeda estrangeira, os termos do art. 42 da Lei de Cheque. Quanto assinatura do sacador/emitente, este dever ser capaz, tanto a pessoa fsica como a pessoa jurdica, esta atravs de seu representante legal nomeado no contrato social. Obs.: Se o cheque for assinado por incapaz ou contiver assinatura falsificada, isso no isenta de responsabilidade os endossantes e avalistas, por fora do princpio da autonomia (art. 13 da Lei de Cheque). Nas contas conjuntas, em que constam duas pessoas como emitente, somente aquele que efetivamente assinou o cheque como emitente que pode ser acionado judicialmente para pag-lo. Ou seja, no h solidariedade, a no ser que ambas assinem o cheque. A chancela mecnica ocorre pelo uso de mquinas especiais, com autorizao do Banco Central do Brasil, devendo o clich da assinatura ficar preso ou anexado mquina. A assinatura assim fixada deve ser levada a registro em Cartrio de Ttulos e Documentos e no Banco sacado (Resoluo n. 885/83 do Banco Central). 30

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Como j vimos, o cheque no tem curso forado. Dessa forma, ningum obrigado a documentar sua dvida por cheque; se o faz, concorda em vir a pagar, eventualmente, o valor do ttulo a terceiro portador de boa-f, mesmo que tenha razes juridicamente vlidas para questionar a existncia ou extenso da dvida, perante o credor originrio. 6. CIRCULAO DO CHEQUE O cheque contm implcita a clusula ordem, transmitindo-se via endosso. Conceito: a declarao eventual ou sucessiva pela qual o signatrio transfere o ttulo e tambm o direito dele emergente a terceiros. Admite a clusula sem garantia, que implica na desonerao da responsabilidade do endossante. Cabe tambm o endosso-mandato, em que o endossatrio se investe na condio de mandatrio do endossante e no se torna titular do crdito (art. 26). Poder o emitente inserir no ttulo a clusula no ordem, hiptese em que a sua circulao ser regida pela cesso civil de crdito. A clusula no ordem diferente da clusula no transmissvel, que impediria qualquer ato de circulao do crdito. A Lei 7.357 no cuidou essa hiptese e, portanto, no direito brasileiro no se admite cheque no transmissvel, sendo invlida e ineficaz qualquer clusula inserida no cheque para impedir a sua negociao. A sua circulao, portanto, segue o regramento da circulao da letra de cmbio. Salientem-se, no entanto, trs diferenas em relao a tal disciplina: a) No se admite o endosso-cauo (Instrumento adequado para a instituio de penhor sobre ttulos de crdito), em razo da natureza do cheque de ordem de pagamento vista. b) O endosso feito pelo sacado nulo como endosso, valendo apenas como quitao, salvo se o sacado tiver mais de um estabelecimento e o endosso feito por um deles em cheque a ser pago por outro estabelecimento (art. 18, 1 e 2); c) O endosso feito aps o prazo para apresentao tardio ou pstumo e, por isso, gera os efeitos de cesso civil de crdito (art. 27). Em suma, quanto circulao, como o meu cheque pode ser emitido? O cheque pode ser emitido de 3 (trs) formas (art. 8 da Lei n. 7.357/85). So elas: Nominal (ou nominativo) ordem; Nominal (ou nominativo) no ordem; e Ao portador.

Para tornar um cheque no ordem, basta o emitente escrever, aps o nome do beneficirio, a expresso no ordem ou proibido o endosso ou outra equivalente. Repita-se: O cheque ao portador no pode ter valor superior a R$ 100,00. Ou seja, deve adotar, necessariamente, a forma nominativa e pode conter a clusula " ordem" ou a clusula "no ordem". 7. AVAL Conceito: a declarao cambial eventual ou sucessiva pela qual o signatrio garante o pagamento do ttulo. Somente pode ser prestada em ttulos de crdito, no corpo da crtula, ou em folha anexa.

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DIREITO EMPRESARIAL III TTULOS DE CRDITO 5 PERODO No tocante ao aval, a lei estabelece que o aval em branco, aquele que no identifica o avalizado, favorece o emitente (art. 30, pargrafo nico); alm disso, probe-se o aval por parte do sacado (art. 29). No mais, aplica-se o mesmo regime reservado ao aval da letra de cmbio. 8. MODALIDADES DE CHEQUE 8.1 Cheque Cruzado aquele que s pode ser depositado em conta corrente. Basta a colocao, no anverso do ttulo, duas linhas transversais na extremidade superior inferior. (Arts. 44 e 45 da Lei n. 7.357/85). Existem duas espcies de cruzamento: - Geral ou em branco aquele que no identifica em qual banco deve ser feito o depsito; - Especial ou em preto aquele que identifica em qual banco deve ser feito o depsito basta escrever entre as linhas o nome do banco. 8.2 Cheque para se levar em conta aquele em que o emitente ou o portador probem o pagamento do ttulo em dinheiro. (Art. 46, Lei n. 7.357/85). Basta escrever no anverso do cheque a expresso cheque para ser creditado em conta, ao invs de colocar as linhas transversais. 8.3 Cheque visado aquele em que h o visto do gerente do banco, que reserva da conta do devedor o valor equivalente ao cheque, para garantir seu pagamento aps o prazo de apresentao. (Art. 7, 1, Lei n. 7.357/ 85). 8.4 Cheque administrativo ou bancrio emitido pelo banco sacado, para liquidao por uma de suas agncias. Emitente e sacado so a mesma pessoa, ou seja, o banco. (Art. 9, III, Lei n. 7.357/ 85). Essa emisso autorizada por lei. 8.5 Cheque de viagem ou travellers check Finalidade: visa conferir maior segurana aos viajantes. 9. PRAZOS NA LEI DE CHEQUE Existem dois prazos que afetam o cheque: Prazo de apresentao, que de 30 dias, a contar da data de emisso, para os cheques emitidos na mesma praa do banco sacado; e de 60 dias para os cheques emitidos em outra praa; e Prazo de prescrio, que de 6 meses aps a expirao (o trmino) do prazo de apresentao.

9.1 Prazo de apresentao (art. 33) A definio de mesma praa e de praa distinta dada pela coincidncia ou no entre o local de emisso e o local da agncia pagadora. A conseqncia da inobservncia desse prazo a PERDA DO DIREITO DE EXECUTAR OS ENDOSSANTES DO CHEQUE E SEUS AVALISTAS, se o ttulo devolvido por insuficincia de fundos (art. 47, inciso II). No entanto, o portador do cheque ainda permanece com o direito de executar o emitente e seus avalistas, mesmo que no tenha apresentado o cheque no prazo (SMULA 600 DO STF).

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DIREITO EMPRESARIAL III TTULOS DE CRDITO 5 PERODO Agora, se o emitente tinha fundos disponveis em conta durante o prazo de apresentao (30 ou 60 dias) e, por motivo no imputvel a ele (emitente) deixaram de existir, o portador tambm perder o direito de executar o emitente (art. 47, 3). 9.2 Prazos de prescrio (art. 59/62) So os prazos previstos na Lei 7.357/85. Contra o emitente e seu avalista e endossantes e seus avalistas: prazo de 6 meses, contados da expirao do prazo de apresentao. Ao de regresso: prazo de 6 meses, contados do dia em que o obrigado pagou ou do dia em que foi demandado. Ao de Enriquecimento Indevido: prazo de 2 anos, contados do dia em que se consumar a prescrio prevista no art. 59 10. CHEQUE PS-DATADO (ou pr-datado) A lei de cheque fulmina com a ineficcia absoluta a insero, no ttulo, de qualquer meno contrria ao seu pagamento vista (art. 32). A ps-datao no produza efeitos perante o banco sacado, na hiptese de apresentao para liquidao, pois o banco deve pagar o cheque, desde que atendidos evidentemente os demais pressupostos (regularidade de assinatura, existncia de fundos etc.). A insero de data futura representa um acordo entre tomador e emitente, consiste em obrigao de no fazer (no apresentar o ttulo antes do prazo fixado). A apresentao precipitada do cheque significa o descumprimento desse acordo e pode gerar direito ao emitente prejudicado de ser indenizado pelos prejuzos: (a) Materiais, com o pagamento de taxas bancrias, encargos contratuais e bancrios. (b) Morais, com a negativao do nome do emitente (SPC, SERASA, CCF Cadastro de Emitentes de Cheque sem fundos). SMULA N. 370-STJ Caracteriza dano moral a apresentao antecipada de cheque pr-datado. Rel. Min. Fernando Gonalves, em 16/2/2009. SMULA N. 388-STJ. A simples devoluo indevida de cheque caracteriza dano moral. Rel. Min. Fernando Gonalves, em 26/8/2009. Temos que diferenciar duas questes sobre a apresentao antecipada (ou seja, antes da data aposta no cheque ps-datado): 1. Apresentao para fins de liquidao: 2. Apresentao para fins de desconto. CHEQUE PS-DATADO CONSEQNCIA: A circunstncia de haver sido aposta no cheque data futura, embora possua relevncia na esfera penal (atipicidade do estelionato), no mbito dos direitos civil e comercial traz como nica conseqncia prtica a ampliao real do prazo de apresentao.

11. REVOGAO E SUSTAO DE CHEQUEO pagamento do cheque pode ser sustado/impedido pelo emitente em 2 hipteses: Contra-ordem ou revogao (art. 35): Revoga em definitivo o cheque. Somente produz efeitos a partir do trmino do prazo de apresentao. S pode ser determinada pelo emitente do cheque. 33

DIREITO EMPRESARIAL III TTULOS DE CRDITO 5 PERODO Oposio ao pagamento ou sustao (art. 36): Produz efeitos imediatos, suspendendo o pagamento do ttulo. Ocorre durante o prazo de apresentao, fazendo sustar o pagamento do cheque. Pode ser determinada pelo emitente ou pelo portador.

12. RESPONSABILIDADE DO SACADO art. 39, pargrafo nico da Lei 7.357/85 O sacado de um cheque no tem, em nenhuma hiptese, qualquer obrigao cambial. A instituio financeira sacada s responde pelo descumprimento de algum dever legal (por ato ilcito que venha a praticar), como: - o pagamento indevido de cheque; - a falta de reserva de numerrio para liquidao no prazo de apresentao de cheque visado; - o pagamento de cheque cruzado diretamente ao portador no-cliente; - o pagamento em dinheiro de cheque para se levar em conta etc.

13. CHEQUE SEM FUNDOS PROTESTOSer facultativo em relao ao devedor principal e necessrio em relao ao direito creditcio contra os coobrigados do cheque (exceto se contiver a clusula sem despesas). O protesto pode ser substitudo por declarao escrita do banco. A emisso de cheques sem fundos punida como crime pelo art. 171 do Cdigo Penal, alm das sanes de natureza administrativas, de competncia do Banco Central. 14. REPRESSO AO USO DE CHEQUES SEM FUNDOS O STF entende que a emisso de cheque ps-datado no configura o crime (Smula 246 STF). Administrativamente, o Banco Central prev duas sanes:

a) Inscrio no CCF (Cadastro de Emitentes de Cheque Sem Fundos). b) O pagamento da taxa do Servio de Compensao de Cheques e Outros Papis.15. AES CAMBIAIS Em relao generalidade dos ttulos de crdito, h previso de uma nica ao cambial, que a Ao de Execuo. Quanto ao cheque, a lei prev duas: a Ao de Execuo e a Ao de Enriquecimento Indevido (art. 61). Conforme j vimos, a prescrio da ao de execuo de 6 meses contadas da expirao do prazo de apresentao. Pouco importa o dia em que o cheque foi efetivamente apresentado. O termo inicial para a contagem desse prazo prescricional a expirao dos 30 ou 60 dias, conforme a praa de emisso e de pagamento sejam as mesmas ou diversas. IMPORTANTSSIMO: A regra de contagem do prazo prescricional a partir do trmino do prazo de apresentao comporta exceo no caso de cheque ps-datado, apresentado antes da data de emisso nele escrita. Nesse caso, o incio do prazo de prescrio da ao de execuo (6 meses) inicia-se a partir da data da primeira apresentao ao banco sacado. Se prescrever a ao de execuo, o portador ainda tem o prazo de 2 anos para promover a AO DE ENRIQUECIMENTO INDEVIDO contra o emitente, endossantes e avalistas (art. 61). A ao de enriquecimento indevido tem natureza cognitiva, pois se desenvolver atravs de um processo de conhecimento, no qual o pedido ser a condenao judicial de qualquer devedor cambial, sob o fundamento de que se operou o enriquecimento indevido.

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DIREITO EMPRESARIAL III TTULOS DE CRDITO 5 PERODO Nas duas aes cambiais, operam-se os princpios do direito cambirio e, assim, o demandado no pode argir, na defesa, matria estranha sua relao com o demandante (inoponibilidade de excees pessoais a terceiros de boa-f). 16. ENCARGOS DO EMITENTE E DAQUELE QUE PAGOU O CHEQUE Art. 52. O portador pode exigir do demandado: I - a importncia do cheque no pago; II - os juros legais desde o dia da apresentao; III - as despesas que fez; IV - a compensao pela perde do valor aquisitivo da moeda, at o embolso das importncias mencionadas nos itens antecedentes. Art. 53. Quem paga o cheque pode exigir de seus garantes: I - a importncia integral que pagou; II - os juros legais, a contar do dia do pagamento; III - as despesas que fez; IV - a compensao pela perda do valor aquisitivo da moeda, at o embolso das importncias mencionadas nos itens antecedentes. - Juros e Correo monetria: Desde a data da apresentao ao banco sacado; - Reembolso das despesas: taxas bancrias, custas de protesto, alm das judiciais. 17. CHEQUE ACEITAO OBRIGATRIA?

Lei estadual (MG) n. 14.126, de 14 de dezembro de 2001 x art. 39, IX do Cdigo deDefesa do Consumidor.

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CAPTULO 8DUPLICATA - Lei 5.474/681. CONCEITO DE DUPLICATA um ttulo de crdito que emitido pelo credor, declarando existir, a seu favor, um crdito de determinado valor em moeda corrente, fruto obrigatoriamente de um negcio jurdico subjacente de compra e venda de mercadorias ou de prestao de servios. 2. CARACTERSTICAS Ttulo Causal (Causalidade): A emisso da duplicata somente se pode dar para a documentao de crdito nascido de compra e venda mercantil ou prestao de servios. Conseqncia: Se a duplicata for originada (sacada) para documentar ato ou negcio jurdico diverso da compra e venda mercantil e da prestao de servios, ser considerada insubsistente. Sem as causas mencionadas, a duplicata denomina-se sem lastro ou fria ou simulada. Questo importante que excepciona a falta de lastro da duplicata: Mesmo a falta de causa legtima no pode ser oposta pelo sacado perante o endossatrio de boa-f. 3. DIFERENA ENTRE A LETRA DE CMBIO E A DUPLICATA A diferena bsica entre a letra de cmbio e a duplicata diz respeito ao ACEITE, que na letra de cmbio facultativo. J na Duplicata, obrigatrio (art. 8 da Lei 5.474). 4. SUJEITOS NA DUPLICATA

Vendedor: o sacador/emitente e primeiro credor (tomador ou beneficirio) do ttulo. Comprador: o sacado. Devedor principal. Co-devedores: Endossantes e seus avalistas.5. ESPCIES DE DUPLICATA Com base no conceito de duplicata, as suas espcies so:

(a) Duplicata Mercantil; (b) Duplicata de Prestao de Servios (Conta de Servios)6.1 Duplicata Mercantil Quando o empresrio realiza venda de mercadorias com prazo no inferior a 30 dias, deve extrair a FATURA ou a NOTA-FISCAL FATURA. Ou seja, obrigatria a extrao da fatura nesse caso. J no caso de venda mercantil vista ou com prazo inferior a 30 dias, a extrao da fatura facultativa. A FATURA ou NOTA-FISCAL FATURA, na compra e venda mercantil, um documento escrito e numerado, em que discrimina, de acordo com o 1 do art. 1 da Lei 5.474/68: - As mercadorias vendidas (quantidade, qualidade e espcie) ou os servios prestados; - Preo unitrio e total etc. No a fatura um ttulo de crdito; ela apenas uma conta, uma relao escrita das mercadorias ou servios prestados, que servir de base para a emisso da duplicata (arts. 1 e 3, 2), que, essa sim, o ttulo de crdito.

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DIREITO EMPRESARIAL III TTULOS DE CRDITO 5 PERODO Pois bem, nas vendas mercantis com prazo no inferior a 30 dias, uma vez extrada a fatura, poder, no mesmo ato, ser emitida a duplicata, que deve conter os requisitos do art. 2, 1, que so os seguintes:Art. 2. 1 A duplicata conter: I - a denominao "duplicata", a data de sua emisso e o nmero de ordem; II - o nmero da fatura; III - a data certa do vencimento ou a declarao de ser a duplicata vista; IV - o nome e domiclio do vendedor e do comprador; V - a importncia a pagar, em algarismos e por extenso; VI - a praa de pagamento; VII - a clusula ordem; VIII - a declarao do reconhecimento de sua exatido e da obrigao de pag-la, a ser assinada pelo comprador, como aceite, cambial; IX - a assinatura do emitente.

A falta de quaisquer desses requisitos retira a qualidade de ttulo de crdito da duplicata. 6.1.1 - Aceite da duplicata mercantil Uma vez emitida a duplicata pelo credor, este dever providenciar a sua remessa ao devedor (ao sacado). O prazo para a remessa de 30 dias contados da emisso da duplicata (art. 6 da Lei 5.474/68). A finalidade dessa remessa a obteno da assinatura pelo sacado reconhecendo a existncia do dbito e a obrigao de pagar. Essa assinatura tem o efeito de um aceite. - Se o ttulo for vista: Recebendo o ttulo, o comprador/sacado deve fazer o pagamento da importncia devida. - Se o ttulo for a prazo: Comprador deve assinar a duplicata, no campo prprio para o aceite e restitu-la ao sacador, em 10 dias. Isso se no ocorrer quaisquer das hipteses de recusa do aceite, quando a duplicata ser devolvida ao sacador com as razes da recusa (art. 7 e 1), no mesmo prazo de 10 dias. Quais so os motivos que ensejam a recusa do aceite? Art. 8.Art. 8 O comprador s poder deixar de aceitar a duplicata por motivo de: I - avaria ou no recebimento das mercadorias, quando no expedidas ou no entregues por sua conta e risco; II - vcios, defeitos e diferenas na qualidade ou na quantidade das mercadorias, devidamente comprovados; III - divergncia nos prazos ou nos preos ajustados.

O Aceite obrigatrio; porm, a duplicata no irrecusvel. Quando o vendedor no cumpriu satisfatoriamente suas obrigaes, o comprador pode se exonerar do cumprimento das suas, recusando justificadamente o aceite. Assim, manifestada a recusa do aceite, a duplicata no pode ser protestada e nem se cobrada pela ao de execuo. Do contrrio, aceitando o ttulo, o sacado transforma-se em aceitante, tornando-se obrigado principal no ttulo. Tornando-se inadimplente, pode contra ele ser proposta ao de execuo, sem necessidade de protesto. Se ele no aceitou, a sim o protesto cambial necessrio para a propositura da ao de execuo, juntamente com o comprovante de entrega das mercadorias. O aceite, embora obrigatrio, no requisito essencial da duplicata, como em nenhum outro ttulo, pois a sua falta pode ser suprida pelo protesto, desde que acompanhada do comprovante de entrega das mercadorias, conforme veremos abaixo. 37

DIREITO EMPRESARIAL III TTULOS DE CRDITO 5 PERODO Modalidades de Aceite:

1) Ordinrio: Com a assinatura do devedor no campo prprio do documento, que, segundopadro do CMN (Conselho Monetrio Nacional), no canto esquerdo inferior do ttulo. A duplicata com aceite ordinrio ttulo executivo extrajudicial contra o sacado e seu avalista, independentemente de protesto ou no (art. 15, I);

2) Por Presuno: Decorre do recebimento das mercadorias pelo comprador, sem que eletenha realizado recusa formal do aceite e sem que ele tenha dado o aceite na duplicata. o aceite presumido, no qual s importa o recebimento das mercadorias sem manifestao formal de recusa, mesmo que o sacado tenha retido, inutilizado ou restitudo a duplicata sem assinatura;

3) Por Comunicao: a menos usual. Opera-se mediante a reteno da duplicata pelocomprador e envio de comunicao escrita ao vendedor, transmitindo seu aceite. Pode ser atravs de carta, telegrama, fax, exceto e-mail (art. 7 2), segundo entendimento do professor Fbio Ulhoa Coelho. 6.1.2 - Endosso na Duplicata Como visto a clusula ordem inerente duplicata, o que implica na sua circulao mediante endosso. Aplica-se ao endosso na duplicata as regras j analisadas em relao letra de cmbio, com apenas uma diferena: Na duplicata o primeiro endossante sempre o sacador (vendedor ou prestador de servios), beneficirio do ttulo. Destacamos as seguintes questes: Endosso posterior ao vencimento do ttulo: aplica-se o disposto na LUG, art. 20: o Se o endosso verifica-se dentro do prazo para se fazer o protesto (30 dias do vencimento), produz o mesmo efeito do endosso anterior;

o Se o endosso verifica-se aps o protesto ou aps o prazo para se fazer o protesto(aps 30 dias do vencimento), seu efeito o de uma cesso civil de crdito ( o chamado Endosso Pstumo ou Tardio).

Endosso com a clusula sem garantia segue as mesmas regras da letra de cmbio, com aressalva de que, quando o endossante for o sacador (que o primeiro beneficirio da duplicata), ele no pode se exonerar do pagamento com a insero dessa clusula, nos termos do disposto no art. 9 da LUG, aplicvel por fora do art. 25 da Lei 5.474/68 (o sacador garante tanto da aceitao como do pagamento...). Logo, para o sacadorendossante, no vlida a clusula sem garantia. Permite o endosso imprprio (endosso-mandato e endosso-cauo). 6.1.3 - Aval na Duplicata art. 12 da Lei 5.474/68 Segue as mesmas regras do aval na letra de cmbio, previsto na LUG (art. 30 a 32), podendo ser dado no prprio ttulo ou em folha anexa ( considerada aquela que, por falta de espao no ttulo para outras assinaturas, colada no ttulo para expandir o espao para novas assinaturas). O aval em branco, na duplicata, tem algumas particularidades e seguir a seguinte ordem: 1) Garante a obrigao daquele que tiver assinado acima da assinatura do avalista; 2) Fora desse caso, garante a obrigao do comprador (aceitante). 38

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O aval antecipado, aquele em que se d antes de obrigar-se no ttulo o avalizado, permitido, mas fica condicionado aceitao da obrigao cambial do avalizado. No caso de aceite presumido (aquele em que no h recusa formal), desde que tenha sido feito o protesto e juntamente com o comprovante de entrega das mercadorias, autoriza a propositura de ao de execuo contra o avalista antecipado e o avalizado. 6.1.4 - Vencimento da Duplicata O vencimento pode ser: (a) Ordinrio: Com o decurso do prazo; (b) Extraordinrio: Quando ocorre antecipadamente, nas seguintes hipteses (art. 19 Dec. 2.044/1908): b.1) Protesto pela falta ou recusa do aceite; b.2) Protesto pela falncia do aceitante. Somente a falncia do aceitante provoca o vencimento antecipado. 6.1.5 Pagamento da Duplicata O pagamento da duplicata pode ser feito a qualquer momento, inclusive antes do vencimento. A prova do pagamento far-se- por recibo, no verso do prprio ttulo ou em documento separado, que faa referncia expressa duplicata, de acordo com o 1 do art. 9 da Lei 5.474/68. Essa segunda prova do pagamento excepciona o princpio da literalidade. Mas esse dispositivo deve ser visto com restrio, pois a jurisprudncia, apesar de considerar vlido o recibo em documento separado, tem determinado que o devedor deva pagar novamente o ttulo se este for transferido a terceiro de boa-f, vejamos: STJ REsp 37.907/PR: o recibo pode ser passado em documento parte, em que haja referncia expressa duplicata. Todavia, ocorrendo circulao do ttulo, o devedor s ficar livre de repetir o pagamento se provar a m-f do endossatrio ou conluio entre este e o endossante. Assim, por cautela, prudente que o devedor exija a entrega da duplicata, guardando-a com o documento de quitao. Permite-se ao devedor, quando do pagamento da duplicata, deduzir crditos resultantes de devoluo de mercadorias, diferenas de preo, enganos verificados, pagamentos por conta e outros motivos assemelhados, desde que devidamente autorizado (art. 10 da Lei 5.474/68). Essa regra s tem aplicabilidade se o ttulo no circular, pois s podem ser opostas ao emitente, que participou do negcio jurdico dando ensejo emisso da duplicata. 6.1.6 Reforma ou Prorrogao Trata-se de instituto prprio da duplicata, previsto no art. 11 da Lei 5.474/68. A reforma faculdade do credor, que poder, se assim o quiser, prorrogar o prazo de vencimento do ttulo. Far-se- na prpria duplicata ou em documento separado. Se for feito em documento separado, no vincula o endossatrio de boa-f, ou seja, aquele que desconhece a prorrogao. Logo, para este, vale o vencimento constante da duplicata. 39

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6.1.7 Protesto da duplicata mercantil H 3 tipos de protestos da duplicata (art. 13):

1. Protesto por Falta de Aceite: Ocorre quando a duplicata devolvida sem a assinatura dosacado e sem recusa motivada dele. Realizado antes do vencimento;

2. Protesto por Falta de Devoluo: Dar-se- quando a duplicata enviada ao sacado no fordevolvida no prazo legal (10 dias). o caso de emisso de uma Triplicata no assinada ou de protesto por indicaes relativas duplicata retida. Tambm realizado antes do vencimento;

3. Protesto por Falta de Pagamento: Decorre no inadimplemento da obrigao at o prazo devencimento. Realizado depois de vencido o ttulo. O protesto somente ser realizado uma nica vez, independente da hiptese, pois os efeitos so idnticos para os trs, autorizando a propositura da ao de execuo da duplicata. Prazo para o protesto por falta de pagamento: 30 dias seguintes ao vencimento da duplicata, sob pena de perda do direito creditcio contra os co-devedores do ttulo e seus respectivos avalistas (art. 13, 4). Lugar do protesto: Lugar do pagamento (art. 13, 3). Importante: No caso de Aceite Presumido o protesto indispensvel (art. 15, II). Para finalizar, devemos fazer consideraes importantes sobre dois institutos particulares da duplicata, que so: a) O protesto por indicaes; b) A triplicata. a) Protesto por Indicaes (art. 13, 1) A reteno da duplicata pelo devedor impede a sua apresentao ao protesto. Para sua efetivao, a lei permite que o credor fornea elementos que individualizam a dvida, como o boleto bancrio, contendo o nome do devedor, valor da dvida, vencimento etc. Est previsto no art. 14 da Lei 5.474/68. Esses elementos so obtidos atravs do Livro de Registro de Duplicatas (art. 19), ensejando a extrao de boleto, que ser enviado ao cartrio para processamento do protesto. Importante observar que o boleto bancrio no ttulo de crdito. Ele apenas utilizado para se realizar o protesto por indicaes, que, por sua fez, autoriza a propositura de ao de execuo. uma exceo ao princpio da cartularidade. b) Triplicata Ao rigor da lei (art. 23), a triplicata somente poderia ser extrada no caso de PERDA ou EXTRAVIO, mas, segundo Fbio Ulhoa Coelho e parte da jurisprudncia (REsp 174.221/SP, D.J. 27.03.2000), no h nenhum prejuzo para a sua emisso no caso de RETENO. Por isso, ao invs do protesto por indicaes, o vendedor pode extrair uma Triplicata, para envio ao cartrio de protesto. No um novo ttulo, mas apenas uma segunda via da duplicata, extrada a partir dos dados escriturados no livro prprio, como os mesmos efeitos e requisitos da duplicata. 6.1.8 - Execuo da duplicata mercantil De acordo com o art. 585, I do CPC, a duplicata constitui-se ttulo executivo extrajudicial. 40

DIREITO EMPRESARIAL III TTULOS DE CRDITO 5 PERODO A execuo funciona assim: a) Para execuo do sacado: Deve-se analisar o tipo de aceite: - Se Ordinrio: suficiente a simples exibio da duplicata para o ajuizamento da execuo (art. 15, I); - Se Presumido: necessria a exibio da duplicata ou triplicata protestada, ou com protesto por indicaes, juntamente com o comprovante de recebimento das mercadorias (art. 15, II). Concluses: 1. Se o sacado restituiu ao sacador a duplicata assinada, basta esse documento; 2. Se restituiu sem assinatura ou se reteve a duplicata, a execuo depende: - Duplicata ou triplicata (no caso de reteno); - Instrumento de protesto; - Comprovante do recebimento das mercadorias. 3. Se houve reteno e o credor optou pelo protesto por indicaes, a execuo exige: - Instrumento de protesto por indicaes; - Comprovante do recebimento das mercadorias.

b) Para execuo do avalista do sacado: indispensvel a exibio do ttulo (duplicata outriplicata) constando o aval, sendo dispensvel o protesto.

c) Para execuo do endossante e seu avalista: necessrio: - A exibio do ttulo (duplicata ou triplicata) em que foi praticado o endosso ou aval; - O instrumento de protesto realizado antes de transcorridos mais de 30 dias do vencimento (art. 13, 4). 6.1.9 - Prescrio da Ao de Execuo: art. 18 - 3 anos, a contar do vencimento, contra o sacado e seu avalista; - 1 ano, contado do protesto, contra os endossantes e seus avalistas; - 1 ano, a partir do pagamento, ao de regresso contra os co-devedores. Juros: Incidem a partir do protesto (art. 40 da Lei 9.492/97). Correo monetria: A partir do vencimento (Lei 6.899/81).