587-Revista Incendio Numero 77 Outubro de 2011

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    H quase 11 anos, mais preci-

    samente no dia 11 de dezembro de

    2000, a revista Incndiopromoveu,

    na Cmara Municipal de So Paulo,

    um debate com o objetivo de cola-

    borar com o desenvolvimento do

    setor. Na ocasio, reuniu entidades

    e profissionais da rea para discutir

    os temas: Formao e Treinamento

    dos Profissionais; Tecnologia de In-

    cndio;Normalizao e Certificao

    de Produtos; Preveno e Combate

    a Incndio e a Educao da Popu-

    lao. Para saber quais as mudanas

    ocorridas nesse perodo e o que ainda

    precisa avanar nesses itens no Pas,

    a publicao realizou no dia 27 de

    setembro deste ano, na Assembleia

    Legislativa do Estado de So Paulo,

    outro encontro, que recebeu o apoio

    da deputada estadual Clia Leo.

    Na oportunidade, a deputada des-

    tacou a relevncia do assunto para

    toda a sociedade brasileira e como

    se sentia honrada em poder contri-

    buir com o debate, que foi conduzi-

    do pelo diretor de operaes da Cipa

    Fiera Milano, Jos Roberto Sevieri, e

    mediado pelo editor da revista, Luiz

    Carlos Gabriel.

    O tema Normalizao e Certifi-

    cao de Produtos apresentado em

    2000 pelo superintende do Comit

    Brasileiro de Segurana contra In-

    cndio (ABNT/CB-24) e pesquisador

    do Instituto de Pesquisas Tcnicas

    (IPT), Jos Carlos Tomina, foi nova-

    mente abordado pelo especialista, que

    fez um resumo do Projeto Brasil sem

    Chamas, que nasceu em 2005, da ne-

    cessidade de se conhecer a situao da

    segurana contra incndio no Brasil e

    foi encomendado por diversas insti-

    tuies no mbito do Programa Tec-

    nologia Industrial Bsica (TIB), do

    Segurana contra incndio emdebateREVISTA INCNDIO RENE NA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE SO PAULOESPECIALISTAS DO SETOR PARA AVALIAREM OS AVANOS DA LTIMA DCADA

    evento

    POR ADRIANE DO VALE | [email protected]

    FOTOSOSRIS BERNARDINO

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    Ministrio da Cincia e Tecnologia,

    com recursos do Fundo Verde e Ama-

    relo e contratado pela Financiadora de

    Estudos e Projetos (Finep).

    Tomina explicou que o Projeto

    aponta a necessidade de aprimo-

    rar o setor no Pas. No entanto, ele

    acredita que nos ltimos dez anos

    houve melhoras, tanto no que diz

    respeito regulamentao quanto

    normalizao, qualidade dos produ-tos e conscientizao.

    Tambm destacou que o Brasil

    sem Chamas defende um cdigo na-

    cional de segurana contra incndio,

    afinal incndio a mesma coisa em

    qualquer lugar, e uma regra nica fa-

    cilitar as aes.

    Jos Rober to Se vieri, deputa da C lia Le o e Lui z Carl os Gab riel

    Jos Carlos Tomina

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    A primeira etapa do Projeto (2005a 2007) teve por objetivo diagnos-ticar a rea de forma abrangente,abordando questes mercadolgicas,capacidade competitiva, deficincias,demandas, necessidade de formao equalificao profissional, normaliza-o, regulamentao, qualificao dosprodutos e servios, visando organi-zao e ao desenvolvimento do setor eao aperfeioamento do Marco Legal.

    J na segunda fase, em proces-so de finalizao, houve conclusespara os problemas identificados na

    primeira etapa; diagnstico aprofun-dado da segurana contra incndionas indstrias do petrleo e do lcool;e sobre os incndios florestais.

    Alguns nmeros capitaneadospelo projeto, segundo Tomina, aju-dam a compreender melhor a si-tuao como, por exemplo, os deincndios. Em 2008, os registradoschegaram a 144.232, j os estimadosa 168.385. No entanto, o especialista

    salientou que possvel afirmar queos nmeros so bem maiores, por-que em muitos sinistros no houve aparticipao dos corpos de bombei-ros, que fornecem os registros paraa Secretaria Nacional de SeguranaPblica (Senasp).

    Por sua vez, o nmero de corposde bombeiros no Brasil tambm re-duzido, de acordo com dados do Brasilsem Chamas, as corporaes s aten-dem 11% dos municpios brasileiros.Desta forma, muitas vezes precisamse deslocar grandes distncias paraatender aos chamados. Tomina frisouque nos Estados Unidos, onde h esta-tsticas confiveis, ocorrem cerca de 2milhes de incndio/ano.

    Em relao ao nmero de mortes,estudos apontaram aproximadamentemil vtimas de incndios anualmen-te no Brasil. Mas dados do Depar-

    tamento de Informtica do Sistemanico de Sade (Datasus) registram24.500 internaes por queimaduras,apesar de no ser possvel associ-lasa incndios. J a Sociedade Brasilei-ra de Queimaduras diz que chegam aum milho/ano.

    Segundo Tomina, com os dadosobtidos, o Projeto ir propor aes re-lacionadas normalizao, avaliaode conformidade de produtos, metrolo-gia, capacidade laboratorial, pesquisa einovao. No campo da normalizaoj foi estabelecido um Plano Nacional

    de Normalizao para a rea, que pre-tende criar 40 normas nos prximosanos, inclusive, j foram formadastrs Comisses Especiais de Estudos,no mbito da Associao Brasileira deNormas Tcnicas (ABNT), para a ela-borao de NBRs destinadas aos EPIsusados por bombeiros.

    A necessidade de aumentar a capa-cidade laboratorial no Brasil tambmmereceu ateno por parte do especia-

    lista, que mencionou que apenas 2%dos incndios no Pas so investiga-dos cientificamente, e sem saber ascausas difcil aprimorar a rea.

    Outro foco do projeto citado porTomina o programa de formaocontinuada e treinamento para pro-fissionais que atuam na rea de segu-rana contra incndio em edificaescomo engenheiros e arquitetos, entreoutros. Alm da criao do Observa-trio Brasil sem Chamas, capaz decoletar, organizar e disponibilizar in-formaes sobre a segurana contraincndio no Pas, seja nas reas urba-nas, seja nas reas rurais ou florestaise, ainda, produzir, com o apoio dosgrupos de observadores (especialis-tas), bases de dados e indicadorescapazes de subsidiar tomadas de de-cises e polticas pblicas.

    Ao final, Tomina apresentou um

    vdeo que mostra a necessidade deprevenir as queimaduras e chamou aateno para o absurdo de se venderlcool lquido em supermercados edemais estabelecimentos comerciais,uma vez ser o causador de tantastragdias. (Mais detalhes sobre aapresentao do Brasil sem Chamas

    podem ser conferidas no site www.

    cipanet.com.br em Notcias)

    Nesse momento, a deputada CliaLeo pediu aos especialistas presentesque a ajudassem a formatar um proje-

    to de lei que proba a venda do lcoollquido. Mencionou que talvez arrumealgumas brigas, mas no tem essa preo-cupao, pois vamos mostrar por que importante proibir. Quero assumireste compromisso. Estou aqui porcausa do compromisso que tenho coma vida. Embora nem formatado esteja,eu j posso garantir que esse projetovai entrar na casa.

    Ainda dentro do tema Norma-lizao e Certificao de Produtos,o diretor da Betta Sistemas, AlmoBraccesi, afirmou que se h produtosruins instalados no Brasil por que permitido. Para ele, do mesmo modoque no deve ter lcool lquido nasprateleiras, no devem existir produ-tos de m qualidade instalados.

    Segundo Braccesi, a Betta temgrande preocupao com a certificaode seus produtos, tanto que a busca,

    Deputada Clia Leo

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    mas no consegue por questes eco-

    nmicas, pois os valores cobrados pelo

    nico rgo que poderia fazer os testesno Brasil, o IPT, so elevados e como

    a empresa pequena no tem como ar-

    car com os custos. Assim, dois de seus

    produtos, detectores de fumaa e acio-

    nadores manuais, que j poderiam estar

    certificados, ainda no foram.

    A certificao que conseguimos

    foi a ISO 9001, inclusive, somos a

    nica empresa no Brasil da rea de

    projeto e fabricao com essa certi-

    ficao. De acordo com Braccesi, a

    indstria brasileira quer auxlio para

    que possa produzir equipamentos

    cada vez melhores e adaptados s

    condies do mercado nacional.

    O coordenador estadual do Centro

    Nacional de Preveno e Combate aos

    Incndios Florestais (Prevfogo), do

    Instituto Brasileiro do Meio Ambiente

    e dos Recursos Naturais Renovveis

    (Ibama), Celso Ambrsio, informou

    que j foi realizada a primeira reuniono Comit Brasileiro de Equipamen-

    tos de Proteo Individual (CB-32/

    ABNT), para instalar uma cmara

    de normalizao para EPIs de briga-

    distas, que combatem incndios flo-

    restais, e convidou os interessados a

    participarem das discusses.

    Para o secretrio-executivo da As-

    sociao Brasileira das Indstrias de

    Equipamentos contra Incndio e Cilin-

    dros de Alta Presso (Abiex), Hctor

    Almirn, importante buscar harmoni-

    zao nas aes dentro do setor para re-duzir o nmero de incndios no Brasil,

    que tem grande impacto na economia e

    coloca em risco a vida das pessoas. Al-

    mirn elogiou a iniciativa da deputada

    Clia Leo de retirar o lcool lquido

    das prateleiras, mas lembrou que h

    muitas outras prateleiras ocultas no se-

    tor, que so a deficincia dos projetos,

    das instalaes, da manuteno. Ape-

    sar do esforo que fazem os bombeiros

    no s de So Paulo como de todo o

    Pas, me parece que quem est ganhan-

    do a corrida o incndio.

    Segundo o secretrio-executivo

    da Abiex, muitas coisas mudaram

    em dez anos, entre elas os modelos

    de certificao e normalizao. E ci-

    tou que a prpria entidade tem aes

    bem-sucedidas nessa rea com o Pro-

    grama de Garantia da Qualidade de

    Extintores para o Uso em Edificaes

    (Qualincndio), pois atualmente no

    basta ter tradio e nome, necess-rio atender a uma norma.

    PREVENO E COMBATE AINCNDIO E A EDUCAO

    DA POPULAO

    Este tema foi mais uma vez abor-

    dado pelo major Adilson Antonio da

    Silva, do Corpo de Bombeiros do

    Estado de So Paulo, assim como

    ocorreu em 2000. Em sua concepo,

    houve uma grande evoluo em ter-mos de normas e legislaes do Cor-

    po de Bombeiros. Inclusive, mencio-

    nou que em maio deste ano foi pu-

    blicado o novo Decreto do Corpo de

    Bombeiros do Estado de So Paulo,

    o de nmero 56.819, que d as linhas

    gerais para a preveno de incndio

    em edificaes.

    Em relao educao da po-

    pulao para os riscos de incndio,o major comentou que infelizmente

    continua a pendncia social da au-

    sncia de se inserir a preveno nos

    currculos escolares, o que seria uma

    grande contribuio. Sendo assim,

    continua a sugesto de incorpor-la

    grade curricular como foi feito no

    primeiro evento realizado na Cmara

    Municipal.

    Celso Ambrsio

    Almo Braccesi

    Hctor Almirn

    Major Adilson Antonio da Silva

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    Em relao ao trabalho que oCorpo de Bombeiros do Estado deSo Paulo realiza nessa rea, o majorinformou que foi criado o ProgramaBombeiro Educador. Em todas asunidades no Estado, h guarniespara fazer um trabalho de educaonas escolas e na comunidade e, comisso, a expectativa que ao longo dotempo haja reduo no nmero de in-cndios, destacou.

    Falando da preveno de formaampla, o oficial do Corpo de Bom-beiros comentou que o novo decreto

    que atualizou as Instrues Tcnicastambm ter um grande peso. Afinal,de 38 ITs passaram para 44, nas quaisforam incorporadas algumas novastecnologias, que propiciam maiorpreveno contra incndios como ade controle de fumaa, mencionadana IT 15, que determina a extrao defumaa dos edifcios e, assim, mini-miza os riscos.

    No que ser refere compartimen-

    tao, foram incorporadas as cortinascorta-fogo, para as quais so exigi-dos ensaios, e os vidros resistentes aofogo, atendendo uma reivindicaodos engenheiros e arquitetos. Outratecnologia inserida a de controlede materiais de acabamento com exi-gncias em relao ao grau de retar-dncia ao incndio.

    O major Adilson tambm comen-tou a exigncia dos Planos de Emer-gncia, na IT 16, que visam contri-buir para o aperfeioamento dos trei-namentos nas edificaes. Na IT 17,que trata das brigadas de incndio,foi incorporada a nova terminologia,isto , brigada particular, alm de exi-gir a presena de bombeiros civis emgrandes edificaes.

    Outra inovao adicionada aonovo decreto foram os chuveirosautomticos em depsitos, na IT 24.

    Algo muito eficiente no controle deincndio, segundo o major. Comisso, todos os depsitos acima de 2mil metros devero dispor dessesequipamentos. s vsperas da Copado Mundo de 2014 e das Olimpadasde 2016, na IT 12, que trata das pra-as esportivas, foram incorporadas asexigncias da Fifa e de normas inter-nacionais. Um dos itens mais discuti-dos foi a retardncia dos assentos queficou definida em UV0.

    Na nova IT, a 41, foram aborda-das as instalaes eltricas. Elabora-

    da em conjunto com o Procobre, essaIT se fazia necessria, de acordo como major Adilson, pois nos incndiosacidentais a maior causa so as insta-laes eltricas inadequadas.

    O major Wagner Mora, tambmdo Corpo de Bombeiros do Estado deSo Paulo, acrescentou que a corpo-rao tem conversado com a Secre-taria Estadual de Educao sobre aquesto da preveno contra incndionos currculos escolares e tem vistoque h pouco espao para isso, umadas razes para se investir no Pro-grama Bombeiro Educador e realizarparcerias com ONGs, entre as quaisCriana Segura, alm de capacitar osprofessores da rede estadual de ensinosobre a importncia da preveno.

    Outra questo destacada pelo ma-jor Wagner foi a forte atuao da cor-porao na preveno. De acordo comele, no ano passado foram mais de 100mil aes. Em relao ltima dca-da, afirmou que o incndio est con-trolado no Estado de So Paulo, masno resolvido. Em 2010, atendemosa mais de 600 mil ocorrncias, inclu-sive, tivemos um recrudescimento deincndios florestais em razo da estia-gem. Mas acredito que podemos dizerque nos ltimos 20 anos a prevenoevoluiu muito assim como a expertise

    dos bombeiros.A questo de inserir a preveno

    de incndios na grade curricular foicolocada pela deputada Clia Leocomo uma discusso muito difcil,pois no s em nvel estadual, masfederal, por meio do Ministrio daEducao e Cultura. Acredito quea quantidade de horas uma dificul-dade, na Argentina as escolas fun-cionam de manh tarde, os alunos

    tm horas para outros assuntos e noapenas as disciplinas regulares. Semdvida temos de inserir a prevenode incndio desde cedo, assim comooutros assuntos, mas para isso ne-cessrio aumentar a carga horria.

    A representante do Procobre pre-sente no evento, Milena Prado, men-cionou que a entidade tem atuado

    Major Wagner Mora

    Milena Prado

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    fortemente na manuteno das insta-laes eltricas e h cinco anos lanouo Projeto Casa Segura, que aborda osriscos das instalaes eltricas. Tam-bm solicitou a colaborao de todosno sentido de ser fazer avanar umprojeto em que o Procobre deu entradana Cmara Municipal de So Paulo,para que haja inspees peridicas nasinstalaes eltricas. Milena informouque, em So Caetano do Sul (SP), oprojeto, apesar de no ter fora de lei,foi aprovado como uma campanha.

    FORMAO E TREINAMENTODOS PROFISSIONAIS

    Impossibilitado de comparecerao debate, o engenheiro AlexandreItiu Seito, que h dez anos discu-tiu o tema na Cmara Municipalde So Paulo, fez questo de enca-minhar suas impresses a respeitodo assunto. Disse ele: Nesses dez

    anos, poucas coisas foram feitasem relao segurana contra in-cndio. No primeiro debate afirmeique para melhorar a rea era preci-so a educao acadmica nessa reado conhecimento e nada foi feitoem relao a isto. Na USP, temosa professora doutora Rosaria Ono eo professor doutor Valdir Pignatta eSilva, que tm orientado seus alu-nos na ps-graduao, no IPT temum curso de especializao em se-gurana contra incndio e temoso regulamento revisado do CBP-MESP, que faz algumas exignciasantes no pedidas.

    H um projeto de lei que cria aprofisso de engenheiro de segu-rana contra incndio, mas est emdiscusso. As indstrias e empresasutilizam sistemas de proteo contraincndio, na sua maioria, importa-

    dos. Falta comprovar a qualidade dosprodutos e sistemas utilizados na se-gurana contra incndio (sistema deacreditao). Temos visto notcias deincndio diariamente e posso afirmarque h muito a se fazer nessa reatcnica. Algo que nunca em meus 30anos de atividade na rea tinha vistofoi a rebelio dos bombeiros do Riode Janeiro, pois aquilo no foi umasimples greve.

    Tambm sem condies de com-parecer ao evento, o professor ValdirPignatta, citado pelo engenheiro Sei-

    to, enviou um balano pessoal sobreos ltimos dez anos em relao for-mao e ao treinamento dos profis-sionais. Segundo ele, o CBPMESPfaz diversas exigncias de seguranacontra incndio, mas nem sempre sorespeitadas. Por exemplo, em minharea de atuao, segurana das estru-turas das edificaes em situao deincndio, exigida a verificao dasegurana das estruturas em incn-

    dio. No entanto, a maioria dos enge-nheiros no respeita a legislao, pordesconhecimento. Eu poderia afir-mar que a maioria absoluta dos edi-fcios altos que est sendo construdaem So Paulo no tem a seguranacomprovada.

    De uma forma geral, o engenheiroe o arquiteto tm pouco conhecimen-to sobre segurana contra incndio,alm das estruturas. Nossos cursos degraduao em engenharia e arquite-tura nada abordam sobre o tema. Nofaz parte da grade curricular obriga-tria. Recomendo que, entre os tpi-cos a serem debatidos, incluam umaforma de incentivar as universidades,principalmente as pblicas (USP,Unicamp e Unesp), a inclurem emsuas grades curriculares um curso so-bre segurana contra incndio. No lgico a legislao exigir e as univer-

    sidades nada ensinarem aos futurosengenheiros e arquitetos.

    Para Tomina, um dos caminhosno sentido de aprimorar a formaodos profissionais do setor ampliara carga horria dos cursos de enge-nharia de segurana do trabalho emrelao segurana contra incndio,uma vez serem esses profissionaisque respondem pela rea dentro dasempresas. Mas seria ideal o Brasilcontar com engenheiros de incndio.Tambm frisou a importncia de sepensar na formao dos brigadistas,

    que so exigidos por lei, mas somuito mal preparados e, para isso,a certificao de profissionais e doscentros de formao indispensvel.

    O que poderia ajudar na formaodos profissionais da rea, na opiniodo tcnico de segurana do trabalhoJoo Castro, seria a abertura da Esco-la Superior de Bombeiros, do Corpode Bombeiros do Estado de So Pau-lo, para a sociedade civil. Tambmacredita que com a necessidade detodos os funcionrios terem conhe-cimento em preveno de incndioe no mais apenas os brigadistas,segundo determinao da NR-23, algo muito positivo.

    Antes de se criar a formao deengenheiros de incndio no Pas, naviso do major Adilson, necessriocriar a profisso, algo da competn-

    Joo Castro

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    cia do Ministrio do Trabalho e Em-prego. Em relao ao comentrio doprofessor Valdir Pignatta sobre a faltade conhecimento dos engenheiros earquitetos no que se refere s estrutu-ras, o major comentou que realmenteh necessidade de reviso dos cur-rculos, pois os bombeiros pedem aART (anotao de responsabilidadetcnica) dos projetistas que, a prin-cpio, deveriam ter conhecimentossobre o grau de resistncia.

    O diretor da Betta Sistemas acre-dita que o conhecimento na rea de

    incndio precisa comear ainda nainfncia, pois s assim haver umacultura prevencionista que reper-cutir em toda a cadeia e, assim, aquesto da segurana contra incn-dio no se nivelar ao cumprimentode exigncias legais como o Autode Vistoria do Corpo de Bombeiros(AVCB).

    Para Celso Ambrsio, do institu-to Prevfogo, a criao do engenheiro

    de incndio para a rea florestal no necessria, pois h os engenheirosflorestais e, no dia a dia, no prprioPrevfogo, onde h outros profissio-nais contratados por meio de con-curso como engenheiros mecnicose professores de educao fsica, ntida a importncia de se ter umaviso multidisciplinar na rea. Ocoordenador estadual do Prevfogotambm citou que o rgo j capa-citou mais de 20 mil brigadistas emtodo o Brasil e ressaltou a impor-tncia de as instituies se ajudarempara que o Brasil possa dar conta decombater os incndios florestais.

    TECNOLOGIA DE INCNDIO

    O diretor de operaes da CipaFiera Milano, Jos Roberto Sevieri,

    abriu o tema relembrando os pontosapresentados pelo engenheiro eltri-

    co e consultor de segurana em pre-veno de incndios e combate aofogo Aleksander Grievs, h dez anos,no primeiro debate realizado pela re-vista Incndio, que exps:

    O Pas tinha avanado em doissetores: alarmes e combate. No en-tanto, muitos ainda faziam confusosobre o que deteco, preveno ecombate;

    Os detectores, sensores, acio-nadores e outros elementos dossistemas de preveno e combatetinham evoludo de convencionaispara endereveis e destes para osinteligentes;

    Essas tecnologias exigem tcni-cos, engenheiros, arquitetos e instala-dores que o Brasil no dispunha;

    Os sistemas naquela poca eramaltamente eficientes, apresentavamincrvel capacidade de superviso desi mesmos e de informao, mas noexistiam profissionais que sabiam fa-zer corretamente o projeto;

    O Brasil ainda estava longe dealcanar o desejvel, uma vez quefaltavam profissionais capacitados e

    normas atualizadas com a tecnologiadisponvel.

    Passada uma dcada, na opi-nio de Almo Braccesi, hoje oBrasil j conta com profissionaiscapacitados para instalar os siste-mas corretamente, pois houve umaevoluo nas empresas de insta-lao, que talvez ainda no seja aideal, mas sem dvida muitas coi-sas mudaram nessa questo, nesseperodo.

    Para Tomina, o Pas realmenteconta com profissionais qualifica-dos, mas todos que atuam a na reaprecisam abra-la de fato, pois osavanos devem ser contnuos. Te-mos de lutar pela segurana contraincndio, pois a situao com-plicada e tende a complicar e hpouca vontade de se investir nessecampo.

    Ao encerrar o debate, o editor darevista Incndio, Luiz Carlos Ga-briel, chamou a ateno para o fatode que todos os presentes saiam doevento com mais responsabilidade,sendo que tinham o horizonte maisampliado por tudo que havia sidocomentado, e lembrou que preven-o e combate a incndio no temdono, responsabilidade de todos, uma questo cultural a ser desen-volvida no Pas.

    Jos Rober to Se vieri

    Luiz Carlos Gabriel

    evento