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Mestrado em Gestão de Empresas Especialidade de Auditoria Contabilística, Económica e Financeira Universidade Autónoma de Lisboa Formação Técnica e Capacidade Profissional, Ética Profissional e Segredo Profissional Auditoria Docente: Prof. Doutor Luís Rita Trabalho realizado Por: Tânia dos Santos Fernandes nº 20131089

6 - Formação Tecnica e Capacidade Profissional, Etica Profissional e Segredo Profissional

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Este trabalho foi realizado no âmbito da disciplina de Auditoria II e tem como objectivo aprofundar as técnicas e capacidades profissionais, assim como a importância da ética e segredo profissional numa profissão de um Auditor.O mundo dos negócios é dinâmico, com a crescente liberalização e globalização de mercados e sobretudo o facto de existir grandes multinacionais com subsidiárias em Portugal, proporcionou uma grande evolução na profissão, mas por outro lado ao longo desta década os auditores tem sofrido algumas pressões que puseram em causa a independência, integridade, credibilidade e no geral a qualidade do seu trabalho. Estas pressões tiverem início nos Estados Unidos com a falência da Enron e com o desaparecimento de algumas instituições, a crise acabou por se generalizar em todo mundo, sendo que a perda de confiança nas pessoas e nas instituições é quase total, revestindo-se o papel do auditor como essencial para que a confiança nas empresas e no sistema financeiro em geral. O auditor tem de convencer o mercado e os diversos agentes económicos que é independente, profissional, integro, credível, que defende a transparência e actua com rigor, cumprindo as normas aplicáveis.

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Mestrado em Gestão de Empresas

Especialidade de Auditoria Contabilística, Económica e Financeira

Universidade Autónoma de Lisboa

Formação Técnica e Capacidade Profissional, Ética Profissional e

Segredo Profissional

Auditoria

Docente:

Prof. Doutor Luís Rita

Trabalho realizado Por:

Tânia dos Santos Fernandes nº 20131089

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Índice Introdução ........................................................................................................................ 3

A Evolução Histórica Da Profissão de Auditoria ........................................................ 4

Obtenção da Qualificação em Portugal ......................................................................... 7

O Ensino de Auditoria em Portugal ............................................................................... 9

As Formas de Exercer a profissão ............................................................................. 10

Princípios Fundamentais Subjacentes à Profissão ..................................................... 12

O Código de Ética e Deontologia profissional ............................................................. 13

O Código de Ética e Deontologia profissional do ROC .............................................. 14

A Problemática da Deontologia .................................................................................... 16

Incompatibilidades e Impedimentos ............................................................................ 16

Responsabilidade Legal ................................................................................................. 17

A Independência ............................................................................................................ 18

Conclusão ....................................................................................................................... 19

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Introdução

Este trabalho foi realizado no âmbito da disciplina de Auditoria II e tem como objectivo

aprofundar as técnicas e capacidades profissionais, assim como a importância da ética e

segredo profissional numa profissão de um Auditor.

O mundo dos negócios é dinâmico, com a crescente liberalização e globalização de

mercados e sobretudo o facto de existir grandes multinacionais com subsidiárias em

Portugal, proporcionou uma grande evolução na profissão, mas por outro lado ao longo

desta década os auditores tem sofrido algumas pressões que puseram em causa a

independência, integridade, credibilidade e no geral a qualidade do seu trabalho. Estas

pressões tiverem início nos Estados Unidos com a falência da Enron e com o

desaparecimento de algumas instituições, a crise acabou por se generalizar em todo

mundo, sendo que a perda de confiança nas pessoas e nas instituições é quase total,

revestindo-se o papel do auditor como essencial para que a confiança nas empresas e no

sistema financeiro em geral. O auditor tem de convencer o mercado e os diversos

agentes económicos que é independente, profissional, integro, credível, que defende a

transparência e actua com rigor, cumprindo as normas aplicáveis.

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A Evolução Histórica da profissão de u Auditor

Segundo vários autores há conhecimento que por volta do ano 4000 AC efectuavam

auditorias na Babilónia, na China e no Egipto sobre tudo relacionado com a cobrança de

impostos e com o controlo dos armazéns.

Mais tarde 1800AC a 95DC existem referências bíblicas a controlos internos e à

realização de auditorias de surpresa.

A auditoria como modernamente é entendida, teve o seu início na Grã – Bretanha em

meados do século XIX, isto surgiu devido ao incremento das empresas industriais e

comerciais as quais começam a sentir a necessidade de implementar bons

procedimentos contabilísticos e eficientes medidas de controlo interno.

A Evolução Histórica da profissão de um Auditor em Portugal

Código Comercial de Veiga Beirão.

Os peritos contabilísticos tinham funções de arbitragem entre a repartição técnica de

fiscalização das Sociedades Anónimas e estas mesmas sociedades quando existissem

reclamações de uma ou outra parte relativamente aos pareceres que a primeira emitia

depois de examinar os balanços e os relatórios da segunda. Por tal facto, o Decreto de

27 de Maio de 1911 criou duas Câmaras de Peritos contabilísticos: Uma no Norte e

outra no Sul, sendo as respectivas zonas delimitadas pelo rio Mondego.

Os peritos contabilísticos tinham de pertencer a estas Câmaras as quais teriam de ser

compostas por entidades idóneas, com penalidades taxativas para os erros que

cometessem no desempenho das suas funções. (Camara de peritos nunca chegou entrar

em funcionamento)

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Decreto com força de lei nº 5029, de 1 de Dezembro de 1918, que criou o instituto

Comercial de Lisboa, estabelecia que o curso de contabilista professado naquele

Instituto constituía a habilitação para entre outras funções, pertencer aos serviços de

fiscalização e de comissário de contas em empresas industriais e comerciais

Na sequência da Lei nº 1936, foi publicado a Lei nº 1995, de 17 de Março de 1943, que

estabelecia que a fiscalização das sociedades por acções seria exercida por peritos

ajuramentados, os quais fariam parte de um organismo colegial denominado Câmara

dos Verificadores das Sociedades por Acções. Segundo esta lei nenhum verificador

poderia fiscalizar a mesma sociedade por tempo superior a 5 anos.

A primeira vez que surge em Portugal a designação revisor oficial de contas (ROC) é no

Decreto- Lei nº 49 381, de 15 de Novembro de 1969.

A regulamentação da actividade de ROC foi feita pela primeira vez em Portugal através

do Decreto-Lei nº 1/72, de 3 de Janeiro, cujo preâmbulo reconhecia ser indispensável

estruturar a profissão em moldes que garantissem um exercício eficaz das funções

cometidas aos revisores e ás sociedades de revisores.

A ocorrência da Revolução de 25 de Abril de 1974, entre outros acontecimentos fizeram

com que a profissão estivesse paralisada durante vários anos, sendo prova disso o facto

de os exames de aptidão para ROC terem sidos suspensos de 1975 a 1978.

A segunda regulamentação da profissão ocorreu com a publicação do Decreto-lei nº

519- L2/79, de 29 de Dezembro que atribuía a função exclusiva do ROC em fazer

exame das contas de empresas e competia o exercício de consultadoria em materiais

relacionados com as habilitações exigidas para o exercício da profissão.

Este diploma sujeitava à revisão legal das empresas que consistia na fiscalização das

contas e da gestão bem como o cumprimento das disposições legais estatutárias. De

entre as obrigações cometidas constava terem de elaborar o documento relativo à de

certificação legal de contas, de recusa de certificação ou de impossibilidade de

certificação.

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A quarta regulamentação da profissão teve lugar com aprovação do Decreto-lei nº

487/99, de 16 de Novembro. De entre as inovações introduzidas, salientamos as

seguintes:

A passagem da Camara (CROC) a Ordem (OROC).

A exigência de Licenciatura adequada como habilitações mínima para o acesso à

profissão.

Alteração de forma de acesso à profissão: realiza-se o exame de admissão à

Ordem seguindo-se depois o estágio.

A submissão à disciplina normativa e ao controlo da OROC de todas as matérias

de revisão /auditoria ás contas, seja legal, estatutária ou contratual

O Decreto-lei nº 224/2008, de 20 de Novembro vem concretizar na ordem jurídica

nacional um esforço de harmonização de elevado nível dos requisitos da revisão

legal das contas por via, seja da exigência de aplicação da normas internacionais de

auditoria, seja da actualização dos requisitos em matéria de formação, seja do

reforço dos deveres de ordem deontológica, seja ainda de criação de estruturas

independentes de controlo de qualidade e de supervisão pública.

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Obtenção da Qualificação em Portugal

O Decreto-lei 224/2008, de 20 de Novembro, estabelece as condições para o acesso à

profissão ROC.

De acordo com art.º nº124, as condições e requisitos de acesso à profissão são:

Ter nacionalidade portuguesa, sem prejuízo do disposto no artigo seguinte;

Ter idoneidade moral para o exercício do cargo;

Estar no pleno gozo dos direitos civis e políticos;

Não ter sido condenado por qualquer crime gravemente doloso nem declarado

incapaz de administrar as suas pessoas e bens por sentença transitada em

julgado, salvo se obtida reabilitação judicial;

Possuir uma licenciatura em Auditoria, Contabilidade, Direito, Economia,

Gestão de Empresas ou cursos equiparados ou quaisquer outras licenciaturas que

para o efeito venham a ser reconhecidas por portaria do Ministro da Educação,

com prévia audição à Ordem;

Realizar com aproveitamento o exame de admissão à Ordem;

Realizar com aproveitamento o estágio profissional

O Exame de admissão à Ordem

O exame compreende quatro provas escritas, cada uma das quais correspondente a um

grupo de matérias e com duração de quatro horas e uma prova oral com duração

máxima de uma hora, realizada após a aprovação nas quatro provas escritas, e que

consiste na apresentação de um trabalho subordinado a um tema sorteado, de entre um

conjunto de temas propostos pelo júri de exame.

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Estágio profissional

A inscrição no estágio profissional só poderá ser efectuada após a realização, com

aproveitamento do exame de admissão à Ordem. Em condições normais, a duração é de

pelo menos três anos, com o mínimo de setecentas horas anuais. Em condições

especiais, e dependendo da experiência demonstrada pelos candidatos, o estágio

profissional pode ser reduzido para um mínimo de um a dois anos ou até,

excepcionalmente, os candidatos podem ser deles dispensados.

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O Ensino de Auditoria em Portugal

A principal razão para o ensino da auditoria tivesse acontecido teve sobretudo a ver com

facto de grandes multinacionais terem aberto subsidiárias no nosso país, o que levou

portanto à necessidade de as suas demonstrações financeiras serem auditadas uma vez

que iriam integrar as contas consolidadas das respectivas empresas-mãe.

O certo é que o ensino da auditoria não acompanhou, logo de início, as necessidades da

profissão, o que levou a que tivessem sido as firmas internacionais de auditores a

realizar cursos de formação dirigidos aos técnicos portugueses.

O ensino de Auditoria no nosso país teve uma grande evolução, comparado há 30 anos.

No ano lectivo de 1974/75 deu-se início no ISCAL à leccionação da disciplina Revisão

Contabilística, fazendo parte do 3º ano do bacharelato, era de frequência obrigatória e

tinha como duração de um ano lectivo.

Em 1979 o ISCAL propôs ao Ministro da Educação o início de quatro cursos de

especialização pós-bacharelato, um dos quais Auditoria, que obteve muitos candidatos.

(suspenso alguns meses depois facto de, lamentavelmente, o Ministério da Educação

não ter permitido a sua institucionalização).

O Decreto-lei nº 443/85 de 24 de Outubro, estabeleceu que os ISCA pudessem

ministrar, além de bacharelatos, cursos conducentes à obtenção do diploma de estudos

superiores especializados com a realização de um trabalho no fim de curso.

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As Formas de Exercer a profissão

A profissão de auditor pode ser exercida a nível individual ou em firmas de auditoria.

A forma mais comum de exercer a profissão é, através de firmas de auditores, sendo os

exercícios económicos das empresas coincidirem na grande maioria com o final do ano

civil de onde resulta o acumular da realização de diversos procedimentos de auditoria.

A actividade profissional de auditoria deve ser exercida através societárias devidamente

organizadas devido às:

A necessidade de horas para efectuar a auditoria de uma empresa.

Contagens físicas

A especialização ao nível dos diversos sectores de actividades (industria,

comércio e serviços), também o que concerne aos serviços complementares a

prestar (organização ou reorganização administrativo-contabilístico, sistemas de

informação de gestão, assessoria fiscal, formação profissional, consultoria de

gestão).

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Cadeia Hierárquica na empresa de Auditoria

Sénior

Sénio

Assistente

Sócio- Só pode ser sócio de uma firma de auditores quem possuir a correspondente

qualificação profissional. Os sócios das firmas tem um papel principal na administração

da firma, contactam com os clientes, assinam propostas, fazem contractos para

prestações de serviços e emitem relatórios e pareceres. Compete-lhes também

determinar os objectivos a atingir.

Supervisores-Devem ser detentores de qualificação profissional. Redigem os

programas de trabalho e acompanham, analisam e revêem como os mesmos são

cumpridos, responsabilizam-se para acções de formação.

Seniores- Orientar simultaneamente mais do que uma equipa, principal responsável

pela formação profissional permanente dos assistentes, procedem ao levantamento dos

procedimentos contabilísticos e das medidas de controlo interno.

Assistentes- São responsáveis pela execução do trabalho em campo: inspecções físicas

e documentais, preparação de pedidos de confirmações externas, análise dos

movimentos e dos saldos das contas, conciliações de saldo de contas

Sócio Secretariado

Supervisão Supervisão

Sénior

Sénior

Assistente

Assistente

Assistente

Sénior Sénior

Assistente

Assistente Assistente

Assistente

Assistente

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Princípios Fundamentais Subjacentes à Profissão

De acordo com actual Código de Ética da IFAC, um marco que distingue a profissão

contabilística é o de aceitar a responsabilidade de agir no interesse público, não só de

satisfazer as necessidades de um cliente ou de um empregador específico.

Os Contabilísticos e os Auditores são ambos profissionais que trabalham com a mesma

“matéria-prima”, mas as suas funções são substancialmente diferentes.

A nível internacional são representados através de um organismo profissional IFAC,

sendo que em Portugal são representados por organismos distintos.

A Contabilidade é representada pela à Ordem dos Técnicos Oficiais de Contas,

enquanto a Auditoria é pela Ordem Revisor Oficial de Contas.

A Auditoria Interna é representada pelo Instituto Português de Auditoria interna.

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O Código de Ética e Deontologia profissional

Ética é a filosofia que trata da moral, enquanto a deontologia é uma ciência dos deveres.

O código de ética da IFAC aprovou em Julho de 1990 as primeiras linhas de orientação sobre

ética, as quais deram origem ao Código de Ética para os contabilistas profissionais,

posteriormente objecto de várias revisões, a última das quais em Julho de 2009, que entrou

em vigor 1 Janeiro de 2011, e que foi da responsabilidade do Internacional Ethics Standards

Board for Accountants.

O Código actual de Ética (IESBA), integra um prefácio e três partes.

Parte A: Estabelece os princípios fundamentais da ética profissional para os

contabilistas profissionais e que proporciona uma estrutura conceptual para a

aplicação de tais princípios.

Parte B: Ilustra como é que a estrutura conceptual deve ser aplicada aos contabilistas

profissionais em prática pública.

Parte C:Ilustra como é que a estrutura conceptual deve ser aplicada aos contabilistas

profissionais em entidades.

A parte A do Código do IESBA, integra seis secções,

Secção 100- Introdução e Princípios Fundamentais.

Secção 110- Integridade

Secção 120- Objectividade

Secção 130-Competência e devido zelo profissionais

Secção 140- Confidencialidade

Secção 150- Comportamento profissional.

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O Código de Ética e Deontologia profissional do ROC

O primeiro código de CEDP do ROC foi aprovado em assembleia geral em 27 de

Novembro de 1995, tendo publicado no Diário da Republica, III Série, nº 239, de

Outubro de 1987.

O preâmbulo salientava que o ROC, em razão dos serviços profissionais que presta as

empresas ou a outras entidades e aos poderes públicos, assume especiais

responsabilidades perante a comunidade, pelo que toda a sua conduta, quer pessoal quer

profissional, é olhada criticamente.

Estabelece que o ROC deve exercer a sua actividade profissional com independência,

responsabilidade, competência e urbanidade, respeitando a legalidade, o sigilo

profissional, as regras sobre publicidade pessoal e profissional e os seus deveres para

com os colegas, os clientes, a ROC e outras entidades, acautelando legitimamente os

seus direitos.

O Código que se encontra presentemente em vigor e se intitula “Código de Ética da

Ordem dos Revisores Oficiais de Contas”, entrou em vigor em 1 de Janeiro de 2012,

baseia-se no código de Ética da IFAC compreende um preâmbulo de seis capítulos e

dois anexos.

No preâmbulo começa por se referir que uma marca distintiva da actividade dos ROC “

é a sua aceitação da responsabilidade para agir no interesse público competindo-lhes,

por isso, ir muito para além da satisfação das necessidades de um cliente em particular”.

Capitulo 1- Âmbito da aplicação, refere que código se aplica a todos os ROC, seus

colaboradores incluindo estagiários e sócios não ROC que sejam titulares de partes de

capital em SROC ou de participadas por estas.

Capitulo 2- Princípios fundamentais que integra 8 secções: integridade, objectividade,

competência e zelo profissional, confidencialidade e comportamento profissional. As

restantes secções abordam os temas da estrutura conceptual e resolução de conflito

ético.

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Capitulo 3- Ameaças e salvaguardas integra seis secções: nomeação profissional,

conflitos de interesses, honorários e outras formas de remuneração e publicidade de

serviços profissionais e de ofertas.

Capitulo 4- Independência que integra onze secções: Interesses financeiros,

empréstimos e garantias, relacionamentos empresariais, relações familiares e pessoais,

quadro de um cliente em que foi auditor, auditor que foi quadro de um cliente,

associações prolongada de profissionais com cargos de maior responsabilidade com um

cliente de auditoria, prestação de outros serviços a clientes de auditoria, honorários,

litígios reais ou potenciais.

Capitulo 5- Documentação

Capitulo 6- Disposições finais

Anexo 1- Apresenta exemplos de circunstâncias que podem criar ameaças ao

cumprimento dos princípios fundamentais.

Anexo 2- Exemplos de salvaguardas que podem eliminar ameaças ou reduzi-las a um

nível aceitável.

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A Problemática da Deontologia

A prestação, a um cliente, de serviços complementares que não sejam os de auditoria

pode comprometer a independência e se a independência estiver em causa devido a

ameaças que não sejam ultrapassadas por medidas salvaguardadas, os auditores não

devem realizar a auditoria.

Incompatibilidades e Impedimentos

A incompatibilidade e impedimentos do ROC podem ser de quatro tipos:

Incompatibilidade em geral: “é incompatível com qualquer outra que possa implicar a

diminuição da independência, do prestígio ou da dignidade da mesma ou ofenda outros

princípios de ética e deontologia profissional”.

Incompatibilidade específicas do exercício: considera-se que os ROC “que não exerçam a sua

actividade em regime de dedicação exclusiva estão impedidos de cumular o exercício de

funções de revisão ou de auditoria ás contas, por força de disposições legais, estatutárias ou

contratuais, com caracter continuado, em mais de cinco empresas ou outras entidades”

Incompatibilidade absoluta: O ROC “ não podem exercer funções de membros de órgãos de

administração, gestão, direcção ou gerência em empresas ou outras entidades”

Incompatibilidade relativas: O ROC, não pode exercer funções de revisão ou de auditoria às

contas numa empresa em que:

Cujo cônjuge ou parentes em linha recta tiverem participação no capital social da

mesma;

Tiver o cônjuge ou qual parente ou afim na linha recta ou até ao 3º grau, que esteja

exercendo funções de membro de órgãos de administração, gestão, direcção ou

gerência;

Nela prestar serviços remunerados que ponham em causa a sua independência

profissional;

Exercer numa concorrente funções que sejam enquadráveis nas competências

exclusivas e específicas do ROC, salvo concordância das empresas ou outras entidades

em causa;

Nela tenha exercido nos últimos três anos funções de membro dos seus órgãos de

administração, gestão, direcção ou gerência.

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Responsabilidade Legal

Decreto-Lei nº 224/2008, de 20 de Novembro, abarca a responsabilidade disciplinar e a

responsabilidade penal.

Infracção disciplinar artº80: O ROC que, por acção ou omissão, violar, dolosa ou

culposamente, algum dos deveres estabelecidos no mencionado diploma legal ou de

outros normativos aplicáveis, bem como os decorrentes das suas funções. Estão

previstos seis tipos de penas disciplinares: advertência; advertência registada; multa de

1000 a 10 000 €; suspensão de 30 dias até 5 anos; expulsão.

Responsabilidade civil: a do ROC deve ser garantida por seguro pessoal de

responsabilidade civil profissional com o limite mínimo de 500 000 € por cada facto

ilícito. Nas SROC, o limite mínimo por cada facto ilícito é de 500 000€ vezes o nº de

sócios ROC e de ROC contratados. No caso de auditores registados na CMVM o seguro

de responsabilidade profissional não pode ser inferior a 2 500 000€.

Responsabilidade penal- factos considerados infracção penal serão da competência do

Ministério Público.

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A Independência

A independência é um dos aspectos mais importantes relacionados com a auditoria.

A independência Art.º 68, estabelecido na Directiva 2006/43/CE refere que o ROC

deve:

Actuar livre de qualquer pressão, influência ou interesse e deve evitar factos ou

circunstâncias que sejam susceptíveis de comprometer a sua independência,

integridade, ou objectividade, de acordo com os padrões de terceiro objectivo,

razoável e informado.

Recusar qualquer trabalho que possa diminuir a sua independência, integridade e

objectividade, nomeadamente quando exista qualquer relação financeira,

empresarial, de trabalho ou outra, como seja a prestação, directa ou indirecta, de

serviços complementares.

O ROC é proibido realização de auditoria a entidades de interesse público em caso de

auto revisão ou interesse pessoal.

A independência compreende a independência da mente e a independência na

aparência.

A independência da mente – tem a ver com o estado da mental que permite a

elaboração de uma opinião sem ser afectado por influências que comprometem o

julgamento profissional, permitindo por este meio que um profissional actue

com integridade e tenha objectivo e cepticismo profissional.

A independência na aparência relaciona-se com o evitar factos e circunstâncias

tão significativos que um terceiro razoável e informado, ponderando todos os

factos e circunstâncias específicas, seria levado a concluir que a integridade, a

objectividade ou o cepticismo profissional de uma firma, ou de um membro da

equipa, tenha sido comprometido.

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Conclusão

O presente tema teve com base de estudo e de pesquisa a importância da “ Formação

Técnica e Capacidade Profissional, Ética Profissional e Segredo Profissional”. O

desenvolvimento e as alterações que têm ocorrido nas normas, técnicas, ética e segredo

profissional nos últimos anos, visam dar resposta à necessidade crescente de melhorar a

forma como os auditores exercem a sua profissão. A actual crise financeira mundial

vem revelar-se um desafio para a profissão, sendo que para isso é inevitável adoptar a

qualidade da auditoria às actuais exigências, contribuindo desta forma para o reforço da

credibilidade à profissão.

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Bibliografia

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COSTA, C (2014), Auditoria Financeira, teoria e prática, 10ª edição, Rei dos Livros.

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Auditoria em Auditorias de Entidades de Pequeno e Médio Portes, Volume

OROC, Ordem da Revisão Oficial de Contas

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http://www.oroc.pt/fotos/editor2/Inscricao/2011/InfAcessoROC2011.pdf

http://www.oroc.pt/gca/index.php?id=438