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Volume LIV Edição 286 Março 2021 Noticiário Internacional OFM OS COMISSÁRIOS, HÁ 600 ANOS, EMBAIXADORES DA TERRA SANTA No dia 14 de fevereiro de 1421, o Papa Martinho V publica sua bula “His quae pro ecclesiasticarum”, que se torna o ato de nascimento dos Comissariados da Terra Santa. À distância de 600 anos, no dia 14 de fevereiro de 2021, a Custódia da Terra Santa com os seus 67 Comissariados da Terra Santa festejam esse fato. Bem sabendo que não podia estar em toda a parte do mundo ao mesmo tempo e achando- se em meio aos anos da Reforma, na qual dois temas centrais eram a esmola e a pobreza, os Franciscanos confiaram, inicialmente, aos leigos a responsabilidade de “procurar” o sustento econômico para a Terra Santa: foi assim que nasceu a figura do Procurador, precedente a do Comissário. Apoiados pelo conteúdo das duas bulas papais, no curso dos séculos, os leigos foram, gradualmente, substituídos por Frades franciscanos, a tal ponto de hoje todos os Comissários da Terra Santa serem religiosos nomeados pelo seu Ministro local, após consultar o Custódio da Terra Santa. Desde o início da missão, os Comissariados são um instituto indispensável: são as pontes entre a missão da Terra Santa e as igrejas locais. (do texto de Giovanni Malaspina | custodia.org) CARTA DO SANTO PADRE Por ocasião do sexto centenário da instituição dos Comissários da Terra Santa, o Papa enviou uma carta autografada ao Custódio da Terra Santa, Fr. Francesco Patton, datada no dia 02 de fevereiro de 2021. Eis o texto da carta do Papa Francisco: Caro irmão, no próximo dia 14 acontecem os 600 anos da instituição dos Comissariados da Terra Santa por parte do Papa Martinho V. Após todos esses séculos, a missão dos Comissários continua atual: sustentar, promover, valorizar a missão da Custódia da Terra Santa, tornando possível uma rede de relações eclesiais, espirituais e de caridade, que tem como foco a terra em que Jesus viveu. Apoio e abençoo esse precioso serviço e faço votos de que possa ser sempre mais uma semente de fraternidade. A todos vós abençoo de coração e, por favor, não vos esqueçais de rezar por mim. Fraternalmente, Francisco (O texto completo está em custodia.org) 600 ANOS DOS COMISSARIADOS DA TERRA SANTA

600 ANOS DOS COMISSARIADOS DA TERRA SANTA

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Volume LIVEdição 286

Março 2021Noticiário Internacional OFM

OS COMISSÁRIOS, HÁ 600 ANOS, EMBAIXADORES DA TERRA SANTA

No dia 14 de fevereiro de 1421, o Papa Martinho V publica sua bula “His quae pro ecclesiasticarum”, que se torna o ato de nascimento dos Comissariados da Terra Santa. À distância de 600 anos, no dia 14 de fevereiro de 2021, a Custódia da Terra Santa com os seus 67 Comissariados da Terra Santa festejam esse fato.

Bem sabendo que não podia estar em toda a parte do mundo ao mesmo tempo e achando-se em meio aos anos da Reforma, na qual dois temas centrais eram a esmola e a pobreza, os Franciscanos confiaram, inicialmente, aos leigos a responsabilidade de “procurar” o sustento econômico para a Terra Santa: foi assim que nasceu a figura do Procurador, precedente a do Comissário.

Apoiados pelo conteúdo das duas bulas papais, no curso dos séculos, os leigos foram, gradualmente, substituídos por Frades franciscanos, a tal ponto de hoje todos os Comissários da Terra Santa serem religiosos nomeados pelo seu Ministro local, após consultar o Custódio da Terra Santa.

Desde o início da missão, os Comissariados são um instituto indispensável: são as pontes entre a missão da Terra Santa e as igrejas locais.

(do texto de Giovanni Malaspina | custodia.org)

CARTA DO SANTO PADRE

Por ocasião do sexto centenário da instituição dos Comissários da Terra Santa, o Papa enviou uma carta autografada ao Custódio da Terra Santa, Fr. Francesco Patton, datada no dia 02 de fevereiro de 2021. Eis o texto da carta do Papa Francisco:

Caro irmão, no próximo dia 14 acontecem os 600 anos da instituição dos Comissariados da Terra Santa por parte do Papa Martinho V.

Após todos esses séculos, a missão dos Comissários continua atual: sustentar, promover, valorizar a missão da Custódia da Terra Santa, tornando possível uma rede de relações eclesiais, espirituais e de caridade, que tem como foco a terra em que Jesus viveu. Apoio e abençoo esse precioso serviço e faço votos de que possa ser sempre mais uma semente de fraternidade.

A todos vós abençoo de coração e, por favor, não vos esqueçais de rezar por mim.

Fraternalmente,

Francisco

(O texto completo está em custodia.org)

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OUTRAS NOTÍCIAS

Congo: 100 anos de Presença Franciscana (1920-2020)

Os Frades no Congo celebram 100 anos da presença franciscana naquelas terras. Desde 1920, missionários de nacionalidades e origens diferentes (belgas, croatas, norte-americanos, polacos, etc.) começaram a levar, pouco a pouco, em períodos e contextos diferentes, a mensagem de S. Francisco de Assis ao maior país da África e implantaram ali a Ordem. Primeiramente, os belgas, em 1920, na então Katanga, depois no Kasai, e um pouco mais adiante, nos anos ’70, os croatas entraram no Kivu. A partir desses três polos, o Franciscanismo difundiu-se, sucessivamente, nas outras partes do país e além. Hoje, cem anos depois, a República Democrática do Congo conta com cerca de 350 Frades autóctones, que formam duas Províncias. Desde o Congo, os Frades sentem-se, hoje, chamados a “restituir o dom do Evangelho” em todo o mundo (Bélgica, Bósnia, Canadá, Congo Brazaville, Croácia, França, Guiné, Itália, Marrocos, Moçambique, República Central Africana, Senegal, Terra santa, Turquia, Estados Unidos). A celebração desse centenário de ação de Graças é vivida em todo o ano 2020, numa sobriedade imposta pela pandemia, que reduziu ao mínimo as principais atividades previstas nos vários lugares: a solene abertura foi feita no dia 16 de fevereiro de 2020, em Kanzenze, lugar da chegada e sepultura dos primeiros missionários belgas. O encerramento do centenário está previsto para maio próximo, em Kolwezi.

Observatório Romano: Abraçando outra África

SAE é a sigla para “Soluções habitacionais em emergência”. Na prática, são as famosas casinhas em que vivem, já a quatro anos, muitos dos que passaram pelos terremotos, no centro da Itália. E uma dessas casinhas, há um ano, é o Convento do Frei Carmelo Giannone, Frade menor, orginário da Púglia, chegado em Accumoli, no centro da cratera do sismo, próximo de Amatrice, após quinze anos em missão na África. Com o Frei Carmelo está um Frei leigo, para partilhar as expectativas e esperanças de muita gente, no meio de outro inverno longo e difícil, com neve alta 60 cm e o gelo que encobre tudo, até mesmo as caldeiras, que sempre precisam ser liberadas do gelo a fim de que venha um pouco de calor à pequena cozinha e ao quarto das crianças. Mas, à porta da casinha-convento, há sempre o sorriso aberto desse Frade franciscano de 49 anos, junto ao sorriso da única velhinha que, muita vez, vem à missa semanal na igrejinha, que mais parece ter saído de uma paisagem de cartão postal.

O texto integral (em italiano) é disponível em:

www.osservatoreromano.va

O lugar de um Frade franciscano no Museu Vaticano

Mesmo que, durante o último lockdown, o Museu Vaticano tenha estado fechado por quase 3 meses, o trabalho continuou internamente, inclusive aquele trabalho de instalar uma grande obra com mais painéis (políptico) de um Frade franciscano. A obra intitula-se “Gólgota” e é do Fr. Sinval Fila, de origem brasileira, mas já transcorreu mais de 25 anos na Itália. Fr. Sidival é membro da fraternidade S. Boaventura no Palatino, em Roma. Ele foi o primeiro religioso a expor na prestigiosa Bienal de Veneza, e seu trabalho

para a Bienal, agora, tornou-se parte da Coleção permanente de Arte Contemporânea do Museu Vaticano. Os responsáveis pelo museu escolheram um esplêndido local para a obra “Gólgota”: a Sala dos Santos, nos Apartamentos Bórgia, com seus magníficos afrescos do século XV, obra do artista do Renascimento italiano: Pinturicchio. O contraste, em termos de cor, conceito e estrutura é impressionante e altamente evocativo.

Leia em: ofm.org

Franciscano premiado pelos anglicanos pelos esforços de ecumenismo

Fr. Don MacDonald, por muito tempo, Professor no Newman Theological College (Edmonton,

Canadá), recebeu o título de Canônico honorário ecumênico da Diocese anglicana de

Edmonton, em reconhecimento pelo seu trabalho sobre o ecumenismo. É testamento para Fr. Don, que fez parte, em vários modos, de um diálogo ecumênico com a comunidade anglicana desde os anos ‘60.

O título “Canônico honorário ecumênico” foi conferido durante a Semana de oração para a unidade dos cristãos, de 18 a 25 de janeiro de 2021.

É raro, mas não sem precedentes, que uma Igreja de comunhão diversa confira um título honorífico a um ministro de outra comunhão. Em 2008, o Arcebispo Donald Bolen de Regina foi instalado como Canônico ecumênico da catedral de Norwich (anglicana), na Inglaterra, por suas contribuições nas relações anglo-católicas, em nível internacional. Julga-se que seja um dos poucos canadenses a quem tem sido concedida essa honra.

Fonte: Grandin Media

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PIETRO MOCCIARO, Francesco d’Assisi nel Settecento riformatore. L’indagine dei gesuiti Bollandisti negli Acta Sanctorum (1768) [Francisco de Assis, reformador nos anos setecentos. A pesquisa dos Jesuítas bolandistas nas Atas dos Santos (1768)], Antonianum, Roma, 2020, 466 p.

Estamos verdadeiramente seguros de que a imagem hodierna de Francisco de Assis – um personagem todo humano, marcado pela pobreza, humildade e paz, - transmitida ao mundo de modo tão significativa e potente pelo atual Pontificado – seja a mesma dos séculos passados? É suficiente, na realidade, observar as esplêndidas telas de Ludovico Carracci, Guido Reni ou do Caravaggio, entre o século XVI e XVII, para perceber o contrário. O S. Francisco da idade moderna é, de fato, um santo “barroco”, imaginado místico e ascético, em atitude estática ou de penitente em meditação, com a caveira na mão, bem longe do imaginário atual coletivo.

Em que maneira, portanto, se pôde chegar à atual representação do Santo de Assis? Parte da resposta é, certamente, no reconduzir à fecunda estação dos estudos históricos, feitos durante todo o XX século, cujas raízes, porém, afundam mais longe, tendo passagem crucial no século XVIII, ou melhor, na pesquisa histórico-crítica dos jesuítas bolandistas. É, na verdade, de 1768 a publicação, ao interno da coleção Acta Sanctorum, curada exatamente pelos eruditos de Anversa, monumental dossier de pesquisa sobre Francisco de Assis, tido como primeira tentativa de aplicar o método histórico crítico às Fontes franciscanas. Um Francisco dos Filólogos e Eruditos, extraído do perímetro cultural e cultual da própria Ordem, cujo perfil mais modesto e humano aplainará a estrada a um santo de vulto novo e universal, de um lado tido mais próximo à época em que viveu realmente, por outro lado, realmente, mais próximo à sensibilidade contemporânea. O presente estudo propõe-se, por isso, a reconstruir esse particularíssimo encontro entre o simplex Francisco e a refinada cultura jesuítica, a qual constitui uma etapa de um percurso que chega até nossos dias. De fato, não é de todo casual que o primeiro jesuíta, eleito Papa, seja também o primeiro Pontífice a assumir o nome Francisco, em honra do Santo de Assis, mas também qual modelo de reforma para a Igreja contemporânea.

MARIE-COLETTE ROUSSEY, OSC, E CATHERINE SAVEY, OSC, Histoire des clarisses [2 volumes] [História das Clarissas], Salvator, Paris, 2020, 1600 p.

Esses dois volumes apresentam a história completa da Ordem das Irmãs Clarissas, fruto de duro trabalho e da paixão, a fim oferecer ampla documentação, vinda de todo o mundo.

Santa Chiara de Assis encarnou na vida monástica feminina a vocação de Francisco, no seguir a Cristo pobre e fraterno. Como resultado, inventou uma nova forma de vida e foi a primeira mulher a escrever uma Regra. A aventura já dura oito séculos. A Ordem viveu muitas provas; conheceu seus períodos de decadência, mas foi sempre revitalizada por pequenos grupos fervorosos e pelo exemplo das grandes figuras da Ordem: Santa Coleta, Santa Catarina de Bologna, Santa Verônica Giuliani.

Graças à sua forma de vida, enraizada no Evangelho, as Clarissas evoluíram através dos tempos e se adaptaram a todos os países. Hoje, enquanto a Ordem está lutando no Ocidente, está desenvolvendo-se rapidamente nos outros continentes.

BRUCE EPPERLY, Walking with Francis of Assisi: From Privilege to Activism [Caminhando com Francisco de Assis: Do Privilégio ao Ativismo], Franciscan Media, Cincinnati 2021, 160 p.

A partir de uma peregrina-ção pelas estradas de Assis e passeios contemplativos nas

praias, próximas de sua casa, Bruce Epperly, Pastor da United Church of Christ, refletiu sobre questões de pri-vilégio, oração, justiça social, caminhando com os ensi-namentos de Francisco de Assis.

A partir de suas raízes, nascidas nas tradições reformistas, o autor tem uma profunda compreensão da vocação de Francisco a fim de reconstruir a Igreja e a necessidade de uma constante reforma, não só em nossas vidas pessoais, mas também na sociedade e nas nossas instituições religiosas. Sabe que a mudança vem de dentro, do ouvir o Espírito de Deus e de quando nos empenhamos no ouvir contemplativo.

MARCA-LIVRO FRANCISCANO

FRATERNITAS | Notiziario Internazionale OFM editore: fr. Alvin Te, OFM

www.ofm.org [email protected]

www.fb.com/ofm.org@ofmdotorg | @ofmorgES | @ofmorgIT

EVENTOS

CAPÍTULO GERAL 2021:INVOCAÇÕES E INTERCESSÕES

O Ministro Geral, com o Definitório geral da Ordem, convida a todos os Frades a rezar pelo bom resultado do Capítulo Geral da Ordem, a partir da Quarta-Feira de Cinzas, acrescentando as seguintes invocações e intercessões às da Liturgia das Horas.

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UMA LEITURA CONTINUADA DA REGRA NÃO BULADA DE FRANCISCO DE ASSIS, HÁ OITOCENTOS ANOS DE SUA REDAÇÃO, 1221-2021.

O Centro de experiência e formação franciscana, as Irmãs Clarissas de San Severino e os irmãos da OFS organizam uma série de encontros online de aprofundamento e reflexão sobre a Regra Não Bulada.

Próximos encontros:14 de março: A Vida fraterna no serviço recíproco e

capazes de perdão11 de abril: O trabalho e a mendicância para o

autossustento e a partilha com os pobres09 de maio: O ir pelo mundo a pregar aos cristãos e

a missão entre os infiéisOs encontros serão transmitidos nas plataformas: facebook.com/sansalvatoreincolpersitoyoutube.com/ClarisseSanSeverino

Invocação (Laudes)

Ó Senhor, toca nosso coração e desperta-nos (cfr At 12,7) de todo torpor, renovando em nós novo fervor e dedicação plena à tua vontade: – Queremos amar-te, vivendo o Evangelho com amor sempre mais intenso e operoso, em perfeita alegria (Fioretti de S. Francisco) com todas as tuas criaturas (cfr Cântico das criaturas e Col 1,16-17).

ou:

Tu Te revelaste em amor, ó Senhor, tu que és misericórdia, graça e salvação para nós; desperta todo nosso afeto, adormecido para tua extraordinária graça (2Cor 9,14) – somos chamados a ser luz para todas os homens e mulheres, torna-nos idôneos para a missão que nos confiaste: dar glória e honra ao teu santo nome (cfr Francisco, Primeira Carta aos Custódios, 243) e chegar junto a Ti, na glória para a qual nos chamaste (1Tm 6,12).

Intercessão (Vésperas)

Ó Senhor, não te cansas de iluminar todos os teus filhos (Ef 3,9) a fim de torná-los plenamente bons e com paz: – suscita em nós alegre fervor para que caminhemos como filhos da luz (cfr Jo 12,36) e iluminemos a terra com o revérbero do teu esplendor (Ap 18,1).

ou:

Ó Senhor, fonte luminosa (Mt 17,2-3), luz dos homens, que brilhas nas trevas (cfr Jo 1,5), guia nossos passos no caminho do amor (2Jo 1,6): – fala-nos ao longo do caminho, continua a explicar-nos as Escrituras, inflama sempre nosso coração (cfr Lc 24,13s), torna-nos capazes de pregar tua palavra com o exemplo de nossa vida (Celano: Vita primeira, cap. XV,37).

NOVO VISITADOR GERAL

Fr. Thomas Hrastnik, membro da Província de S. Leopoldo, na Áustria,para a Província de Santa Isabel, na Alemanha.

NOVO CUSTÓDIO:

Fr. Rogério Viterbo de Sousa,da Custódia Das Sete Alegrias de Nossa Senhora, no Brasil

tradutor: Fr. Plácido Robaert, OF M