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FACULDADE DE DIREITO DE VITÓRIA – FDV CURSO DE APERFEIÇOAMENTO DE OFICIAIS ESPECIALIZAÇÃO “LATO SENSU” NA ÁREA DE SEGURANÇA PÚBLICA CAP PM LUCÍNIO CASTELO DE ASSUMÇÃO CAP PM ROGER DE OLIVEIRA ALMEIDA VIDEOMONITORAMENTO: SOLUÇÃO TECNOLÓGICA INOVADORA NO CAMPO DO POLICIAMENTO MODERNO VITÓRIA 2008

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FACULDADE DE DIREITO DE VITÓRIA – FDVCURSO DE APERFEIÇOAMENTO DE OFICIAIS

ESPECIALIZAÇÃO “LATO SENSU” NA ÁREA DE SEGURANÇA PÚBLICA

CAP PM LUCÍNIO CASTELO DE ASSUMÇÃOCAP PM ROGER DE OLIVEIRA ALMEIDA

VIDEOMONITORAMENTO:SOLUÇÃO TECNOLÓGICA INOVADORA NO CAMPO DO

POLICIAMENTO MODERNO

VITÓRIA2008

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CAP PM LUCÍNIO CASTELO DE ASSUMÇÃOCAP PM ROGER DE OLIVEIRA ALMEIDA

VIDEOMONITORAMENTO:SOLUÇÃO TECNOLÓGICA INOVADORA NO CAMPO DO

POLICIAMENTO MODERNO

Monografia apresentada ao Centro de Pós-Graduação da FDV, como requisito parcial para a obtenção do certificado de conclusão do curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Gestão em Segurança Pública.Orientador: Major Nylton Rodrigues Ribeiro Filho.

VITÓRIA2008

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CAP PM LUCÍNIO CASTELO DE ASSUMÇÃOCAP PM ROGER DE OLIVEIRA ALMEIDA

VIDEOMONITORAMENTO:SOLUÇÃO TECNOLÓGICA INOVADORA NO CAMPO DO

POLICIAMENTO MODERNO

Monografia apresentada ao Centro de Pós-Graduação da FDV, como requisito

parcial para a obtenção do certificado de conclusão do curso de Pós-Graduação

“Lato Sensu” em Gestão em Segurança Pública.

COMISSÃO EXAMINADORA

_______________________________Nylton Rodrigues Ribeiro FilhoMajor PM e Coordenador do CIODESOrientador

_______________________________Márcio Luiz BoniMajor PM- PMES

_______________________________Adriano Santana PedraFaculdade de Direito de Vitória - FDV

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AGRADECIMENTOS

A Deus, por ser não o "Big Brother", mas verdadeiramente o nosso "Big Father", que

paira vigilante sobre todos nós, não para nos punir, mas para nos mostrar o quanto é

importante seguir o plano Dele para que possamos fazer parte do banquete dos

justos: a vida eterna.

Às nossas famílias que nos deram um valoroso suporte durante nossas jornadas

semanais, que perduraram por quase um ano de idas e vindas longe de casa.

Aos nossos amigos do CAO que supriram a falta dos nossos familiares e mais do

que isso, souberam valorizar a importância de se ter boas amizades.

Aos nossos coordenadores de curso Major PM Reginaldo Santos Silva e Professora

Bethânia Silva Belisário, pela paciência e habilidade em nos conduzir durante todo o

trajeto do CAO.

Ao nosso orientador Major PM Nylton Rodrigues Ribeiro Filho, Coordenador do

CIODES, pela gentileza em nos ajudar a dar forma nesse tema tão inovador e

moderno.

À Secretaria de Defesa Social do Município de Serra/ES, em especial ao secretário

Ledir da Silva Porto e à Diretora do Departamento de Política de Segurança Pública

Karidene Nardi Modenesi Gomes, pela presteza em nos informar os detalhamentos

da implantação do projeto de videomonitoramento na cidade de Serra.

Ao Coronel RR da Brigada Militar do Rio Grande do Sul Luiz Antônio Brenner

Guimarães, Coordenador da área de Direitos Humanos e Segurança Pública do

Instituto Guayí, por sempre nos atender de forma mais que atenciosa tendo inclusive

contribuído com materiais de sua própria autoria para a confecção desse trabalho.

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Ao chefe de Planejamento e Modernização da SESP, José Roberto Barbosa da

Silva, pela entrevista gentilmente concedida. Também a Sub Tenente PM Edna

Amorim

Ao gestor do contrato de videomonitoramento da Prefeitura Municipal de Vitória,

Everaldo Francisco Costa, pelo fornecimento de dados e pela entrevista gentilmente

cedida.

Especialmente a Mariana Brêda e Giovana Brêda, que não mediram esforços para

contribuir, sempre que as suas presenças se fizeram requeridas.

A todos que, de maneira direta ou indireta, contribuíram para nossa formação e

conhecimento.

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“Construir uma sociedade livre, justa e solidária; garantir o desenvolvimento nacional; erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; promover o bem de todos, sem preconceito de origem de raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação”.Artigo 3º da Constituição da República Federativa do Brasil

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RESUMO

Analisa a funcionalidade e aplicabilidade do Videomonitoramento no campo da

Segurança Pública no Estado do Espírito Santo, cujo objetivo da instalação das

câmeras de vigilância se verifica nos discursos produzidos em torno dos alarmantes

índices de criminalidade verificados no Estado. Porém, para um estudo um pouco

mais aprofundado acerca da utilização dessa tecnologia aplicada no combate ao

crime, foi necessário dissertar sobre o surgimento das civilizações, o seu modelo de

organização ao longo das eras, o modo de convivência entre os povos antigos até

os dias atuais, o surgimento dos Estados Soberanos e o aparecimento do

Constitucionalismo, entre outros fatores; para se chegar à raiz do problema da

insegurança e os meios tecnológicos utilizados para a sua coibição. Nesse ínterim,

partiu-se para uma contribuição teórica, fundamental para se entender a dinâmica

desses modernos mecanismos de vigilância e sua abrangência na intervenção na

paisagem social, utilizando-se de conceitos mais que preciosos do panóptico na

vigilância contemporânea. Alguns caminhos tomados, como as entrevistas

registradas com autoridades responsáveis pela implantação dessa ferramenta

tecnológica e, mais exatamente, as visitas aos locais de monitoramento

proporcionaram uma dinâmica altamente favorável ao desenvolvimento dessa

produção científica na medida em que se contrastou a análise teórica com a

atividade de monitoramento eletrônico in loco. Foram analisados dados estatísticos

de Serra e de Vitória, a partir do banco de dados da SESP, comparando-se com

períodos anteriores aos da instalação das câmeras, onde se notou uma eficácia

desse moderno meio de predição e prevenção nos espaços em que elas se

encontram. Essa pequena amostra analisada foi determinante para se averiguar que

o Videomonitoramento é uma ferramenta eficiente e encontra eficácia na medida em

que está em uníssono com as demais ferramentas empregadas pela Segurança

Pública e, principalmente, não substitui o emprego do homem enquanto profissional

de segurança pública, ocorrendo uma imbricação entre o homem e a máquina.

Comprovadamente atesta-se que o simples emprego desse avançado aparato

tecnológico não pode estar sustentado em uma visão anacrônica de aplicação de

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políticas públicas de segurança, e sim deve ser planejado de forma a agregar outras

ações que visem a redução da violência e da criminalidade.

Palavras-chave: Policiamento, Segurança Pública, Tecnologia,

Videomonitoramento, Vigilância, Violência Urbana.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 01 – Sistemas de videovigilância (CCTV)......................................... 52

Figura 02 – Câmera de Videomonitoramento.............................................. 63

Figura 03 – Funcionamento das Câmeras Tagarelas nos Municípios de

Vitória e Serra –ES........................................................................................70

Figura 04 – Centro de monitoramento do município de Serra-ES............... 73

Figura 05 – Videomonitoramento da Guarda Municipal de Vitória, no

CIODES...............................................................................................................................76

Figura 06 – Imagem projetada pela objetiva da câmera.................................... 96

Figura 07 – Vários pontos dispersos da imagem......................................... 96

Figura 08 – Profundidade de foco de imagem e profundidade de campo

de imagem.....................................................................................................97

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LISTA DE TABELAS

Tabela 01 – Dados do Contrato de Videomonitoramento de Vitória-ES............ 81

Tabela 02 – Dados do Primeiro Contrato de Videomonitoramento de Serra-ES.........................................................................................................................

82

Tabela 03 – Dados do Segundo Contrato de Videomonitoramento de Serra-ES....................................................................................................................

83

Tabela 04 – Principais Crimes: Contra Pessoa, Contra o Patrimônio registrados no município de Serra no verão no Balneário de Jacaraípe e Manguinhos em 2007 e 2008.............................................................................

84

Tabela 05 – Atendimentos registrados no Verão no Balneário de Jacaraípe e Manguinhos em 2007 e 2008............................................................................

84

Tabela 06 – Principais Crimes: Crimes contra Pessoa e Crimes contra Patrimônio registrados no município de Serra 1º Semestre 2007/2008 - Locais de Câmeras..........................................................................................................

85

Tabela 07 – Atendimentos registrados no município de Serra 1º Semestre 2006/2007/2008 - Locais de Câmeras...............................................................

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Tabela 08 – Atendimentos registrados no município de Vitória 1º Semestre 2007/2008 - Locais de Câmeras.......................................................................

87

Tabela 09 – Principais Crimes: Crimes contra Pessoa e Crimes contra Patrimônio registrados no município de Vitória 1º Semestre 2007/2008 - Locais de Câmeras............................................................................................

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

BPM – Batalhão da Polícia Militar

CAP – Capitão

CCD – Charge Coupled Device – “Dispositivo de carga acoplada” (chip-sensor

responsável por registrar imagens de uma câmera de vídeo).

CCEAL – Código de Conduta para os Encarregados da Aplicação da Lei

CCTV – Close Circuit Television – “Circuito Fechado de Televisão”

CEL – Coronel

CIODES - Centro Integrado Operacional de Defesa Social

CNPD – Comissão Nacional de Proteção de Dados (Portugal)

CONPEDI – Conselho Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Direito

COPOM – Centro de Operações da Polícia Militar

ES – Espírito Santo

ETA – Euzkadi Ta Askatasuna – “Pátria Basca e Liberdade” (Grupo Armado Basco)

EUA – Estados Unidos da América

FDV – Faculdade de Direito de Vitória

IBDE – Instituto Brasileiro do Direito do Estado

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

LEAA –Law Enforcement Assistance Administration – “Administração de Auxílio ao

Policiamento”

MT – Mato Grosso

ONU – Organização das Nações Unidas

PM – Polícia Militar

PRONASCI – Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania

PUC – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

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RS – Rio Grande do Sul

SC – Santa Catarina

SEDES – Secretaria de Estado de Desenvolvimento

SENASP – Secretaria Nacional de Segurança Pública

SESP – Secretaria de Estado da Segurança Pública e Defesa Social

SJR/RS – Secretaria da Justiça e Segurança do Estado do Rio Grande do Sul

UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro

UFPR – Universidade Federal do Paraná

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LISTA DE EXPRESSÕES LATINAS

Apud – Junto de; Citado por.

Et al - Expressão originária da língua latina, usada atualmente (segundo regras as

quais devem se ater trabalhos acadêmicos, entre outros), em citações.

Ao fazer isso, o autor revela que o trabalho, frase ou outro conteúdo, ao qual ele

recorreu, a fim de valorar a tese defendida, apresenta um número maior que três

autores e por isso, em texto, usa a expressão et al ("entre outros", em tradução livre)

comunicando na citação tal evento.

Ipsis verbis – Exatamente igual; com as mesmas palavras.

Pólis – Cidades-Estados.

Salus Populi – Segurança do povo.

Sic – Assim, tal. Vocábulo consignado entre parênteses, para indicar que a

referência está feita como no original, ainda que errônea ou singular.

Vacatio legis – Dispensa da lei. Espaço de tempo entre a publicação de uma lei e a

sua entrada em vigor.

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LISTA DE ANEXOS

Anexo A PORTARIA SJS Nº 042, DE 25 DE ABRIL DE 2005................................ 108

Anexo B ENTREVISTA AO SR. LEDIR PORTO..................................................... 112

Anexo C ENTREVISTA DO SR. JOSÉ ROBERTO BARBOSA DA SILVA............. 115

Anexo D ENTREVISTA AO SR. EVERALDO FRANCISCO COSTA...................... 117

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ................................................................................................... 17

1 A SEGURANÇA PÚBLICA................................................................................. 201.1 SURGIMENTO DA SEGURANÇA PÚBLICA NAS SOCIEDADES..................... 221.2 CONSTITUCIONALISMO................................ 251.3 COMPETÊNCIA CONSTITUCIONAL DA SEGURANÇA PÚBLICA NO

BRASIL................................................................................................................ 281.3.1 A origem histórica da polícia militar................................................................ 321.4 SEGURANÇA PÚBLICA E TECNOLOGIA.......................................................... 33

2 VIOLÊNCIA SOCIAL........................................................................................... 402.1 CRESCIMENTO DA VIOLÊNCIA NOS CENTROS URBANOS

BRASILEIROS..................................................................................................... 43

3 DESENVOLVIMENTO DO POLICIAMENTO E AS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO.................................................................................................... 47

3.1 SURGIMENTO DAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO.................................. 49Tecnologias de informação e a polícia............................................................ 50

3.2 SURGIMENTO DOS SISTEMAS DE CIRCUITO FECHADO DE TELEVISÃO E VIDEOVIGILANCIA.......................................................................................... 52

4 O PANÓPTICO E A VISÃO COMTEMPORÂNEA DA VIGILÂNCIA ELETRÔNICA..................................................................................................... 57

5 VIDEOMONITORAMENTO................................................................................. 635.1 O QUE É O VIDEOMONITORAMENTO............................................................. 665.2 FUNCIONALIDADE E EFICÁCIA DO VIDEOMONITORAMENTO .................... 68

5.3 FUNCIONALIDADE DA IMPLANTAÇÃO DO PROJETO DE VIDEOMONITORAMENTO NO MUNICÍPIO DE SERRA-ES........................................................................................................................ 73

5.4 FUNCIONALIDADE DA IMPLANTAÇÃO DO PROJETO DE VIDEOMONITORAMENTO NO MUNICÍPIO DE SERRA-ES

76

5.5 FUNCIONALIDADE DO SISTEMA DE VIDEOMONITORAMENTO NOS ESTADOS FEDERATIVOS ............................................................................... 78INVESTIMENTOS NO VIDEOMONITORAMENTO............................................Investimentos no videomonitoramento no município de Vitória-ES............ 81Investimentos no videomonitoramento no município de Serra-ES.............. 82

5.7 COMPARATIVOS ENTRE OS MUNICÍPIO DE SERRA E DE VITÓRIA: ANTES E DEPOIS DA IMPLANTAÇÃO DO VIDEOMONITORAMENTO........... 84

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6 VIGILÂNCIA ELETRÔNICA: PERSPECTIVAS DOS DIREITOS À PRIVACIDADE E À SEGURANÇA..................................................................... 89

6.1 POSSIBILIDADES DE PONDERAÇÃO DE PONDERAÇÃO NO CONFLITO ENTRE OS DIREITOS À PRIVACIDADE E À SEGURANÇA............................. 92

6.2 POSICIONAMENTO E DIRECIONAMENTO DA IMAGEM PRODUZIDA PELAS CÂMERAS DE VIDEOMONITORAMENTO COMO MEDIDA ALTERNATIVA PARA NÃO VIOLAÇÃO DOS DIREITOS À INTIMIDADE E A PRIVACIDADE....................................................................................................

95CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................ 99

REFERÊNCIAS................................................................................................... 102

ANEXOS.............................................................................................................. 108

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INTRODUÇÃO

A violência no Brasil encontra-se em estado alarmante. Com o crescimento das

cidades, muitas vezes desordenado, afere-se o aumento da criminalidade e da

violência, fazendo com que o respeito aos direitos alheios, como fator decisivo à

integração e à harmonia social, não sejam respeitados. Portanto, discussões sobre

formas de se controlar a criminalidade devem ser abordadas com veemência.

A segurança dos indivíduos e de suas propriedades é um tema central e se resume

numa preocupação cada vez mais acentuada em quase todo o mundo. Baseado

nessa ansiedade coletiva, a sociedade busca por respostas concretas, com o

objetivo de reduzir o medo que permeia a sociedade, buscando conquistar uma

melhor qualidade de vida.

É necessário que uma política organizacional de segurança, não só repressiva como

preventiva, seja implantada com eficácia. A intimidação do ato criminoso constitui um

recurso valioso à proteção de toda a sociedade, assim como a identificação e

punição do infrator.

Uma das soluções oferecidas é o sistema de videomonitoramento, em virtude da sua

boa aplicabilidade, principalmente quanto à sua interligação a outras tecnologias

consideradas modernas, como a Internet.

Inicialmente utilizados em estabelecimentos particulares, esses mecanismos de

vigilância agora se expandem a uma velocidade astronômica para o campo da

segurança pública, e as autoridades de segurança não se fartam em apregoar que

essa ferramenta tem sido uma excelente arma na predição e na prevenção da

violência, a despeito da interferência que esse sistema traz no que se refere aos

direitos fundamentais, liberdades e garantias do cidadão, consagradas

constitucionalmente.

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Nesse sentido, várias cidades brasileiras estão investindo em sistemas de

videomonitoramento, onde são instaladas câmeras de filmagens – com considerável

poder de aproximação e nitidez – que contribuem na eficiência do serviço dos

órgãos de Segurança Pública.

No estado do Espírito Santo, os pioneiros na utilização dos recursos eletrônicos do

videomonitoramento voltados para a Segurança Pública, foram os municípios de

Serra, pertencente à Região Metropolitana da Grande Vitória, bem como a própria

capital Vitória.

Neste estudo serão esmiuçados os dados referentes à criminalidade na citada

região metropolitana, especificamente nas cidades de Vitória e Serra, onde já se

encontra implantado o sistema de vigilância eletrônica.

Porém, para um estudo um pouco mais aprofundado acerca da utilização dessa

tecnologia contemporânea aplicada no controle ao crime, foi necessário dissertar

sobre o surgimento da segurança pública no seio das sociedades.

Trouxemos à baila uma panorâmica acerca dos primórdios das civilizações, o seu

modelo de organização ao longo das eras, o modo de convivência entre os povos

antigos até os dias atuais, o surgimento dos Estados soberanos e o aparecimento do

constitucionalismo com seus dispositivos legais de concentração de poder nas mãos

do Estado, dentre outros fatores; para se chegar à raiz do problema da insegurança

e os meios tecnológicos utilizados para o seu controle.

Descrevemos o monopólio da violência e as garantias de segurança e de bem estar

social nas mãos do Estado, enfocando a competência constitucional da segurança

pública no Brasil, a origem histórica da Polícia Militar, creditada a Diogo Feijó, tendo

como base o modelo francês bonapartista, competindo ao major Luiz Alves de Lima

e Silva a estruturação da Polícia de Estado.

Nessa trajetória, destacamos o papel do Estado no controle ao crime e o meio por

ele eleito para garantir a segurança pública. pormenorizamos, acerca do tema, as

polícias, que têm por objetivo a proteção da ordem pública, da incolumidade das

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pessoas e do patrimônio. Nesse enfoque, salta a salutar importância da Polícia

Militar, responsável pelo policiamento ostensivo e pela guarda da ordem pública.

Nessa trajetória das forças policiais no Brasil somou-se o crescimento de novos

conflitos sociais, concomitantemente com as novas tecnologias exercidas nas

medidas de coordenação da circulação de pessoas, aplicadas principalmente nos

grandes centros.

Contextualizamos a violência social e o crescimento da violência nos centros

urbanos brasileiros destacando os constantes ataques à segurança pública pela

criminalidade avassaladora.

Fizemos um apanhado do desenvolvimento do policiamento e as tecnologias de

informação, que vieram a fazer frente a essa delinqüência crescente, que nos levou

a reportar aos idos da chegada do príncipe D. João e a criação da Divisão Militar da

Guarda Real de Polícia.

Ressaltamos o surgimento das tecnologias de informação com o aparecimento do

rádio, da televisão e da internet. E, verificou-se uma percepção clara de que a

segurança pública, para aprimorar seus métodos de trabalho e de conduta, também

lança mão dessas tecnologias e as aproveita em seu benefício.

Não poderíamos deixar de relatar o surgimento dos sistemas de circuito fechado de

televisão e videovigilância, sua disseminação na Europa, mais precisamente na

Inglaterra; e a sua implantação no Brasil e no Espírito Santo.

Ao falarmos sobre videomonitoramento foi fundamental discorrermos sobre os

conceitos do panóptico de Benthan e Foulcault, comparando-se a vigilância

contemporânea com a vigilância moderna foulcaultiana, sintetizados através de

estudos oferecidos pelas professoras Fernanda Bruno, Marta Mourão Kanashiro,

dentre outros.

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1 A SEGURANÇA PÚBLICA

Pois bem. Em um primeiro momento, importante salientar o que vem a ser o

conceito gramatical da palavra segurança para um melhor entendimento sobre o

estudo em tela. Não é ardilosa a definição teleológica do termo. Plácido e Silva,

citado por Azamor dos Santos Filho (2007), assim aduz acerca da questão:

Segurança: derivado de segurar exprime, gramaticalmente, a ação e efeito de tornar seguro, ou de assegurar e garantir alguma coisa. Assim, segurança indica o sentido de tornar a coisa livre de perigos, de incertezas. Tem o mesmo sentido de seguridade que é a qualidade, a condição de estar seguro, livre de perigo e riscos, de estar afastado de danos ou prejuízos eventuais (SILVA apud. SANTOS FILHO, 2007).

Já de posse do conceito de segurança, mister o aprofundamento acerca do

conteúdo etimológico da expressão Segurança Pública. Marcus Cláudio Acquaviva

destaca o que vem a ser a terminologia Segurança Pública, ressaltando ainda o

significado de ordem pública:

Sistema de normas que têm por objetivo a preservação da ordem pública interna. Ordem pública, como se sabe, é a própria paz social, situação de convivência pacífica, por meio da coibição das infrações às normas jurídicas e, nas ocorrências destas, sua composição mediante um processo legal previamente estabelecido (ACQUAVIVA, 2000, p. 1184).

Assim sendo, a Segurança Pública nada mais é do que a busca pela preservação e

manutenção da ordem pública, permitindo que todos exerçam suas atividades sem

perturbação de outrem. Em seu contexto estão inseridas atividades de prevenção,

vigilância e coibição de condutas delituosas.

Sem a Segurança Pública não há qualquer hipótese de subsistência pacífica entre

os homens socialmente organizados. Para manter a ordem social é necessário o

controle coercitivo aplicado pelo Estado, enquanto garantidor da soberania nacional

e mantenedor dessa segurança.

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Contudo, o pensamento moderno irrompe no sentido de que o dever de segurança

também é expandido a todos os setores sociais. Nesse diapasão, preciosa é a lição

de Azamor dos Santos Filho (2007), ao dizer:

A segurança pública como exposto abrange não somente encargos atinentes às polícias, mas de uma ação complexa por parte do Poder Público e, modernamente do conjunto social atendido. Especialmente pela nova ordem constitucional, quando diz que a responsabilidade é de todos (SANTOS FILHO, 2007).

A falta de garantia da ordem pública por parte do Estado é um dos fatores que levam

à míngua o equilíbrio social do homem moderno, especialmente aqueles que vivem

em grandes centros urbanos, os quais são, sem dúvida, os mais afetados pela

criminalidade e falta de segurança.

É primordial o estudo acerca da segurança pública, não para dar um basta aos

casos que hodiernamente são expostos pela mídia, mas para jogar luzes em fatos e

situações de interesse coletivo para uma melhor convivência e entendimento do que

vem sendo feito para coibir a criminalidade e asseverar o preceito constitucional da

segurança pública, que é, precipuamente, dever do Estado.

Maslow apud Azamor dos Santos Filho (2007) destaca a segurança como

necessidade indispensável, especialmente nos grandes centros urbanos, onde a

criminalidade é crescente:

[...] a segurança é uma necessidade primária sem a qual o homem não sobrevive. Daí porque a colocou na base da pirâmide das necessidades. Depreende-se disso que a insegurança provoca desequilíbrios de toda a ordem na qualidade de vida do homem moderno, especialmente os residentes nos grandes centros urbanos. (SANTOS FILHO, 2007).

Dentre os elementos que compõem o controle estatal da ordem pública, podemos

apontar um novo modelo de vigilância que está sendo utilizado pelas autoridades,

mundo afora, como forma de vigilância, coibição e prevenção de condutas

criminosas, qual seja, o videomonitoramento, objeto do presente estudo.

Antes, porém, de adentrarmos especificamente no tema do videomonitoramento,

será exposto, de modo sucinto, o aparecimento dos grandes centros urbanos, no

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decorrer das eras, e da necessidade da segurança pública nas sociedades, desde

os tempos remotos até os dias atuais.

1.1 SURGIMENTO DA SEGURANÇA PÚBLICA NAS SOCIEDADES

A procura por segurança pública e proteção remonta aos primórdios da nossa

origem enquanto civilização. É de conhecimento comum que os primitivos homens

das cavernas se defendiam com instrumentos rudimentares feitos com paus e

pedras contra ataques de animais. Os ancestrais dos homens viviam em bandos e

se preocupavam rudimentarmente com a preservação da espécie.

Segundo Lewis Mumford, em sua obra “A Cidade na História: suas origens,

transformações e perspectivas“, traduzida por Neil Silva, “o aparecimento real da

cidade ocorreu como resultado final de uma união mais remota entre os

componentes paleolíticos e neolíticos” (MUMFORD, 1998, p. 28).

Ainda citando Lewis Mumford (1998), este argumenta que o caçador paleolítico e o

domesticador neolítico em sua aldeia vão se unir em torno de uma relação

praticamente simbiótica. O caçador, dominador das armas, defenderia a aldeia dos

animais predadores e, em contrapartida, teria acolhimento na aldeia.

Na esteira do raciocínio, com o passar do tempo, essa segurança torna o aldeão

retraído e complacente e o caçador muda de papel, assumindo a postura de “lobo”,

exigindo “pagamento de proteção” para a prosperidade da aldeia.

Por fim, novamente utilizando-se das lições de Lewis Mumford (1998), o foco da

segurança muda um pouco quando, além de proteger as moradias, o homem passa

a se preocupar com a defesa dos alimentos que produzia e do gado.

De acordo com o texto “Idade dos Metais” (Jornal Livre, 2007), os grandes avanços

em relação aos instrumentos de defesa ocorreram na “Idade dos Metais” – período

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que se deu em meados do ano 5.000 a.C., com a “Idade do Bronze”, e término na

“Idade do Ferro” – que teve por termo inicial o ano de 1.200 a.C.. Nessa época,

houve um grande aperfeiçoamento dos seus instrumentos através do domínio da

técnica de fundição dos metais.

Houve então uma passagem da “cultura de aldeia” para a “cultura urbana”. Surgiram

as ‘muralhas altivas e fortes’ – onde “a própria muralha valia por um exército para

controlar os rebeldes, manter os rivais sob vigilância e bloquear a fuga dos

desesperados”. Começou-se, a partir daí, o convívio amistoso dentro da cidade, a

comunhão espiritual e um complexo sistema de cooperação. De outro lado,

introduziu-se também, na cultura urbana, a segregação de classe, o controle

autoritário e a violência extrema por intermédio da agressividade militar (MUMFORD,

1998, p. 56 e 57).

No entanto, a cidade murada gerou uma imensidão de agressões exteriores em sua

volta, seja pelos que viviam fora das fortificações, seja pelos que viviam em outras

cidades. Mesmo assim, “a cidade foi, em relação ao campo, [...] um pólo de atração

de segurança”, consoante assertiva do medievalista francês LE GOFF, em sua obra

“Por amor às Cidades”, traduzida por Reginaldo Carmello Corrêa de Moraes (1998).

A partir da mescla da questão dos conflitos internos gerados pela complexidade

urbana (MUMFORD, 1998, p. 61) e do controle dos ataques externos (LE GOFF,

1998, p. 72), muralhas e homens armados velavam pelas pólis para lhes

proporcionar segurança, “uma obsessão urbana”.

Segundo o medievalista Jacques Le Goff, se substituirmos os muros da cidade

Medieval pela periferia urbana atual, ter-se-á a cidade contemporânea repleta de

violência e medo. Tal aspecto mostra mais semelhança da idade média com a

contemporânea que com a idade moderna. Nesse contexto, atualmente, “o medo do

perigo está no interior da cidade e alguns bairros urbanos vivem sob forte vigilância”

(LE GOFF, 1998, p. 72). Aglair Bernardo referindo-se a LE GOFF, acrescenta:

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De acordo com Le Goff, a necessidade de segurança assume formas variadas, segundo os lugares e a categoria social e, de certo modo, é um valor comum, do mesmo modo como se dá atualmente. Mesmo homens, como os guerreiros, identificados com a violência, buscavam a segurança em suas fortalezas. Existiam práticas de policiamento onde, paradoxalmente, semelhante ao que ocorre na cidade contemporânea, confiava-se a segurança a pessoas, em certa medida, desqualificadas socialmente. Com exceção dos marginais, mesmo os pobres tinham preocupações com relação à segurança, e o roubo era duramente punido, muito mais do que em nossa época (LE GOFF apud BERNARDO, 2007, p. 48).

Com o fim da Idade Média e o nascimento da Idade Moderna – com o advento das

incursões do mercantilismo, em meados do ano de 1.500 d.C. – os Estados

passaram a deter um maior controle social, atraindo para si todas as

responsabilidades, tanto nos quesitos de proteção dos seus cidadãos, quanto em

suas políticas de desenvolvimento.

A exemplo, foi nesse período histórico que emergiram diversos pensadores, dentre

eles Tomaz Hobbes, autor da célebre obra “Leviatã”, ao qual tratava o Estado como

garantidor de todas as coisas.

Na citada obra, Hobbes, ao analisar a essência e a natureza do Estado em razão de

seu poderio e de sua força, assemelhou-o ao monstro bíblico descrito no capítulo 41

do livro de Jó. Partindo desta premissa, denominou-o de grande “Leviatã". Ao definir

o Leviatã (Estado), Hobbes afirma que a “(...) Salus Populi (a segurança do povo) é

seu objetivo”; sendo “a justiça e as leis, razão e vontade artificiais” (SANTOS, 2006).

Assim prosseguiu durante todo o período marcado pela Idade Contemporânea,

tendo por termo inicial a Revolução Francesa. Nesta época, os Estados soberanos

estavam mais robustos e interferiam de modo mais direto nos interesses dos

particulares, tanto no que se referia às garantias individuais quanto no que se referia

aos interesses coletivos – entre eles a segurança pública, tão almejada desde os

tempos remotos.

Para um melhor entendimento acerca da posição de garantidor assumida pelo

Estado moderno, situação ao qual atrai para si a condição de protetor e fornecedor

de todas as coisas relativas às garantias individuais e coletivas aos seus cidadãos e

24

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demais pessoas que se encontram em seu território, mister um breve escorço

acerca do constitucionalismo, sua origem e evolução.

1.2 CONSTITUCIONALISMO

A coexistência humana só é viável diante da organização social pautada em normas

e diretrizes que devem ser seguidas por todos, sob pena de estarmos diante de um

anarquismo desmedido, de um caos completo.

Washington de Barros, apud Ana Flávia Messa, melhor expressa este raciocínio ao

dizer:

A convivência entre os seres humanos é possível, desde que exista uma organização representada por normas jurídicas. Conforme saudoso Washington de Barros: ‘Sem essas regras, disciplinadoras do nosso proceder, ter-se-ia o caos. Os conflitos individuais, resultantes do choque de interesses, seriam inevitáveis e a desordem constituiria o estado natural da humanidade’ (2008, p. 63).

Assim, tem-se que a Constituição de um Estado Democrático de Direito possui os

pilares da formação, organização, estrutura e garantias de um Estado. O renomado

professor José Afonso da Silva, assim define o conceito de Constituição nos tempos

atuais:

A constituição do Estado, considerada como lei fundamental, seria, então, a organização dos seus elementos essenciais: um sistema de normas jurídicas, escritas ou costumeiras, que regula a forma do Estado, a forma de seu governo, o modo de aquisição e o exercício do poder, o estabelecimento de seus órgãos e os limites de sua ação. Em síntese, a constituição é o conjunto de normas que organiza os elementos constitutivos do Estado (SILVA, 1991, p. 39).

Nesse mesmo sentido, e em completa sintonia com o que já exposto, pertinente os

dizeres de Marcus Cláudio Acquaviva (2000):

Pois bem, as organizações sociais surgem, inicialmente, no seio da família, do clã, da tribo, até que cheguemos ao Estado, a mais perfeita forma de convivência social. [...] A tendência das sociedades de se estruturarem sob a égide de uma lei fundamental surge muito cedo na história humana.

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Inicialmente ela tem caráter religioso, místico, revelando a vontade divina (mana) sob a forma de tabu, como acentua Viamonte (ACQUAVIVA, 2000, p. 377).

Ligando a necessidade de uma organização jurídica e o seu conteúdo histórico, a

origem do constitucionalismo remonta a Era Grega, onde o aclamado filósofo

Aristóteles já definia o que seria o conjunto de princípios compreendidos nos

aspectos da vida jurídica, política, social, religiosa e econômica – que os gregos já

chamavam de Constituição – como “a organização das funções do Estado”, que

determinava “qual o órgão governante e qual o fim de cada comunidade” de acordo

com o entendimento de Walter Vieira do Nascimento (1998, p. 99).

Porém, foi na Inglaterra, ainda na Idade Média, que o Direito Constitucional passou a

se desenvolver melhor, com a manutenção dos costumes legais pelos monarcas da

época até o advento do primeiro texto legal constitucional escrito, no reinado do

monarca inglês João Sem Terra (1199-1216). Vejamos, novamente, a preciosa lição

de NASCIMENTO (1998):

Guilherme I, o Conquistador (1066-1087), à frente do reino então fundado, tratou de manter as leis e os costumes anglo-saxões em vigor, ao mesmo tempo em que baixava novas normas de organização política. [...] Mais tarde, já no reinado de Henrique I (1100-1135), foi outorgado o primeiro documento político escrito da Inglaterra, conhecido por Pequena Carta. [...] Contudo, no ano de 1215 é que se assinalou um dos fatos mais relevantes da história constitucional da Inglaterra. Foi quando, pressionado pelos delegados da aristocracia rural, João Sem Terra (1199-1216) promulgou a célebre Carta Magna, que limitou os poderes reais, confirmou a liberdade individual e a inviolabilidade da propriedade privada (NASCIMENTO, 1998, p. 100).

Em concordância com o que já foi exposto, foi também na Inglaterra, justamente na

Época Moderna, que surgiram os “primeiros rascunhos” do que viria a ser a divisão

dos poderes nos moldes de como é concebido hoje, sendo retomada e aperfeiçoada

por Montesquieu, posteriormente. Essa separação dos poderes tem por azo o

Instrument of Government, de autoria de Cromwell (1599-1658) (ACCIOLI apud

NASCIMENTO, 1998, p. 101).

Vale ressaltar, porém, que a doutrina da separação dos poderes foi idealizada em

molde embrionário por Aristóteles, em sua obra “Política”. É o fundamento de todo o

Estado Democrático. Conhecida como doutrina dos “freios e contrapesos” –

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nomenclatura utilizada após lapidação das idéias por Montesquieu – defende a idéia

de que os poderes dentro do Estado são independentes e harmônicos entre si.

Esses poderes estão divididos em Legislativo, Executivo e Judiciário, segundo

Montesquieu (MALDONADO, [20--?], p.5-6).

Em 1787, com a Constituição rígida e escrita dos Estados Unidos da América, após

a independência das 13 colônias, e em 1791, com a elaboração da Constituição

Francesa, a partir da Revolução Francesa, é que se deu início ao constitucionalismo

formal.

Esse constitucionalismo, também experimentado pelos dias atuais, se calca na

organização do Estado e nas garantias fundamentais, plenamente discutidos nas

constituições citadas. Vejamos a lição do renomado doutrinador jurídico Alexandre

de Moraes, que assim discorre sobre o tema:

A origem formal do constitucionalismo está ligada às Constituições escritas e rígidas dos Estados Unidos da América, em 1787, ano da independência das 13 colônias, e da França, em 1791, a partir da Revolução Francesa, apresentando dois traços marcantes: organização do Estado e limitação do poder estatal, por meio da previsão dos direitos e garantias fundamentais (MORAES, 2007, p. 1).

O constitucionalismo moderno, destarte, pode ser compreendido na somatória do

constitucionalismo histórico, medieval, inglês e, ainda, no norte americano. Neste

último, “é onde se há de buscar a origem de nossas constituições escritas (...). A

Revolução Francesa aceita a idéia americana, e da francesa ela se estende aos

demais Estados europeus” (NASCIMENTO, 1998).

Demonstra-se, assim, que a concentração da supremacia e do poder está

precipuamente nas mãos do Estado, face aos particulares, principalmente com o

advento do constitucionalismo moderno, onde o Estado, apesar de suas limitações

advindas do poder constituinte, age de forma a garantir a segurança e o bem estar

social.

Portanto, desde os primórdios, onde o homem não civilizado buscava a sua proteção

em aldeias e se defendia com instrumentos rudimentares, até os dias atuais, onde o

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Estado – conforme adrede exposto – assume a responsabilidade da proteção dos

seus, uma das principais preocupações do ser humano diz respeito à sua

segurança, tanto individual quanto coletiva.

No Brasil não é diferente. O Estado Democrático brasileiro, em sua Carta Política,

assume a responsabilidade da Segurança Pública em conjunto com os demais

setores sociais. Esta responsabilidade decorre do modelo constitucional adotado,

como se verá em seguida.

Antes, porém, urge ressaltar que o Estado, para cumprir a sua finalidade de alcançar

o bem comum, utiliza recursos financeiros para manter toda a organização estatal,

até mesmo para garantir a sua própria existência. Atentemo-nos para lição da

Mestra Ana Flávia Messa:

O Estado, para cumprir sua finalidade de alcançar o bem comum, necessita de recursos financeiros para custear as despesas com a sociedade. Para tal, desenvolve atividades que podem ser divididas em dois grandes grupos: atividades-fim e atividades-meio. Atividades-fim são as que justificam a existência do Estado, como educação, a saúde, a segurança etc. e atividades-meio são as que servem de instrumento para a realização das atividades-fim, como a tributação, as atividades financeiras, etc. (MESSA, 2008, p. 31).

Assim como os caçadores mudaram de figura, assumindo o papel de “lobo”,

exigindo “pagamento de proteção” para a prosperidade da aldeia nas épocas mais

remotas – conforme anteriormente dito, o Estado também se utiliza desse artifício

não só para garantir a segurança pública, mas para garantir a sua própria

sobrevivência e existência do Estado soberano.

1.3 COMPETÊNCIA CONSTITUCIONAL DA SEGURANÇA PÚBLICA

NO BRASIL

Foi através da instituição da Constituição da República Federativa do Brasil,

promulgada no ano de 1988, que foi sepultado o Regime Ditatorial no país, dando

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fim ao ciclo militarista e iniciando-se o exercício da Democracia plena, há muito não

experimentado.

Assim, saindo de um Estado Ditatorial e recebendo do Poder Constituinte uma nova

Constituição, conhecida como Constituição Cidadã, fora do contexto militarista, a

sociedade passou a uma análise mais atenta das funções e prerrogativas exercidas

pelo Estado na recente ordem constitucional. Desta maneira, assevera Luiz Ferraz

Moulin (2003, p. 34), acerca do debate iniciado após a promulgação da Carta de

Outubro de 1988:

O direito à democracia plena, com a promulgação da Constituição Cidadã de 1988, abre as perspectivas fundamentais para a rediscussão sobre o papel do Estado brasileiro dentro do novo contexto (MOULIN, 2003, p. 34) (grifo nosso).

Dentre as discussões preconizadas, a atual Carta Magna traz em seu bojo um

assunto de vital importância política e social, assunto este que foi e continua sendo

objeto e objetivo tão almejados pelos povos, ou seja, a Segurança Pública.

De acordo com a Constituição da República Federativa do Brasil, a Segurança

Pública é exercida para a preservação da incolumidade das pessoas, do patrimônio

e da ordem pública. Além disso, destaca quais são os órgãos que exercerão esse

preceito. Vejamos o que diz ipsis verbis o que trata o artigo 144 da referida Carta,

promulgada em 05 de outubro de 1988:

Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos:I – polícia federal;II – polícia rodoviária federal;III – polícia ferroviária federal;IV – polícias civis;V – polícias militares e corpos de bombeiros militares.(grifo nosso).

Silena Jaime (2006), referindo-se ao artigo 144, da Constituição Federal, assim se

expressa:

A segurança pública aparece, então, como atividade exercida pelo Estado através de seu aparato policial e que objetiva a manutenção da ordem pública, a garantia da integridade pessoal e a preservação do patrimônio.

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Page 30: 6064823-Videomonitoramento

Para atingir tais objetivos vale-se, tradicionalmente, de políticas repressivas. As instituições encarregadas da manutenção da segurança pública atuam buscando inibir, neutralizar ou reprimir quaisquer atos considerados anti-sociais, como meio de alcançar aqueles objetivos citados (JAIME, 2006).

A multiplicidade dos órgãos elencados no artigo 144 da Carta Constitucional tem

duas razões específicas: atender aos reclames sociais e diminuir a possibilidade de

intervenção das Forças Armadas na segurança interna (MORAES, 2007).

As razões citadas são facilmente compreendidas, pois o Estado brasileiro acabava

com um período ditatorial e ingressava em um Estado Democrático com a

Constituição de 1988, onde as Forças Armadas, constituídas pelo Exército, Marinha

e Aeronáutica, são destinadas precipuamente à defesa da pátria e dos poderes

constitucionais (Artigo 142 da Carta Política).

Como visto, o Estado atraiu para si a prerrogativa de proteção dos seus súditos. Na

Era Contemporânea, a sociedade se viu entremeada a desvios sociais, exigindo da

organização política medidas para controle da delinqüência dos seus habitantes.

Houve então a necessidade de dispositivos de segurança eficazes no controle à

criminalidade.

Segundo o entendimento de Azamor dos Santos Filho (2007), os órgãos policiais e

jurídicos foram incumbidos de impor a ordem social aos descumpridores da lei:

Órgãos policiais e jurídicos foram encetados com o objetivo de punir os transgressores, aplicando-lhes penas rigorosas, as quais tinham o condão de reparar o dano causado, e principalmente impor o terror aos recalcitrantes da lei (SANTOS FILHO, 2007).

Especificamente no que concerne a Polícia Militar, a primeira parte do parágrafo 5º

do artigo 144 da Constituição Federal, reza que cabe a ela a preservação da ordem

pública, bem como a polícia ostensiva. Vejamos o que dispõe o texto constitucional

para melhores esclarecimentos acerca do assunto:

§ 5º - Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública; aos corpos de bombeiros militares, além das atribuições definidas em lei, incumbe a execução de atividades de defesa civil (grifo nosso).

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O professor Roberto de Oliveira et al (2006), ao discorrer sobre o artigo 144,

parágrafo 5° da Constituição Federal, destaca que a Polícia Militar é a responsável

pelo policiamento ostensivo a fim de preservar a Ordem Pública, por intermédio de

ações de conteúdo preventivo e repressivo exercidas em fases distintas. Vejamos

sua ponderação sobre o tema em apreço:

À Polícia Militar executa seu mister em duas fases distintas. A primeira delas é quando a situação é normal, ou seja, não há nenhuma quebra da ordem pública, neste caso deve, a Polícia Militar, promover ações de caráter preventivo que visam a dissuadir quaisquer quebra da ordem que possam vir a ocorrer, utilizando para isto o policiamento preventivo. A segunda fase por sua vez dá-se quando a ordem já foi quebrada, neste caso a polícia agirá de maneira repressiva, trata-se do policiamento repressivo (OLIVEIRA et al, 2006, p. 4).

Não é só. Em sua obra, Luiz Ferraz Moulin (2003), destaca que as polícias militares

passaram a ser administradas pelos governadores de Estado e do Distrito Federal,

continuando como força auxiliar do Exército, abrindo-se espaços para funcionalidade

de uma nova Segurança Pública que seja discutida e exercida em prol do benefício

popular.

Nesse mesmo sentido discorre inflamado o professor Luis Ferraz Moulin (2003), ao

acentuar outra função constitucional da Polícia Militar, que não o caráter ostensivo e

de preservação do controle social:

A criação da Polícia Interativa surgiu do nosso compromisso com o povo de dotar a cidade de uma polícia não violenta, respeitadora dos direitos humanos, submetida à vontade civil, organizada hierarquicamente, disciplinada e cidadã. Comunitária, na essência da palavra (MOULIN, 2003, p. 35).

Fica claro, portanto, que aos órgãos da administração pública competem a guarda e

vigilância sobre a sociedade. É dever constitucional apregoado como fator

determinante no convívio coletivo.

Não obstante, também por dever constitucional, compete à Polícia Militar o controle

direto e imediato aos criminosos que apontam cada vez mais preparados para a

prática criminosa, conforme alusão supra mencionada.

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Daí a cabal necessidade de melhor investimento no aparelhamento das policias, em

especial a Militar, pois a esta foi incumbida a árdua tarefa de controle piamente o

verdadeiro “estado paralelo” que se incrustou no seio da sociedade. Para alcance

dessa determinação constitucional, mister seja implantado medidas eficazes no

controle à violência.

Nesse ponto, a tecnologia de vigilância pública, objeto do presente estudo, vem ao

auxílio da polícia, que agora conta com um aparato moderno e eficaz, tanto para

coibir ações de cunho delituoso como para a identificação das ações e sujeitos das

condutas criminosas.

1.3.1 A origem histórica da Polícia Militar

Conforme visto, a Polícia Militar atua junto à sociedade com o fim de manter a ordem

pública e a incolumidade das pessoas, bem como do patrimônio, seja ele público ou

particular.

Pois bem. A origem da instituição da Polícia Militar tem registro histórico da época do

Imperialismo Nacional, em meados da década de 30 do século XIX, mais

precisamente após a revolução de 1831. Diogo Feijó – então Ministro da Justiça do

período conhecido como “Regencial”, preocupado em fortalecer as bases

institucionais do referido período, dissolveu a Guarda Real de Polícia e dispensou

dois terços do efetivo do Exército Nacional (MOULIN, 2003, p. 15).

Feijó foi buscar no modelo francês bonapartista a Polícia de Estado, que agregava

funções policiais e administrativas, de guerra e de paz, entre outras, perdurando, na

França, desde o período monárquico que sucedeu Bonaparte (1815) como também

mantida pela República Francesa.

Nesse sentido, em relação à polícia recém criada no Brasil, surgiu a Polícia de

Estado, uma força paramilitar com honras e tradições guerreiras próprias dos

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exércitos de guerra, “uma das primeiras colunas que sustentaram a paz pública e a

tranqüilidade dos povos”, nos dizeres do próprio Feijó (MOULIN, 2003, p. 16).

A estruturação da então criada Polícia de Estado competiu tão somente ao, hoje,

patrono do Exército Brasileiro, Duque de Caxias. Vejamos, por derradeiro, a

explanação de MOULIN (2003):

Ao major Luiz Alves de Lima e Silva, futuro Duque de Caxias, que de 1831 a 1839 exerceu o comando da nova polícia – designada ‘Corpo de Guardas Permanentes’, atual Polícia Militar –, foi confiada a missão de normatizá-la e estruturá-la. [...] Era o braço armado do Estado no seu trabalho contínuo de autoproteção (2003, p. 15).

Assim surgiu a Polícia Militar no Estado brasileiro, com o escopo parecido ao que foi

adotado na atual Constituição pátria, qual seja, a manutenção da ordem e da defesa

do Estado Democrático de Direito.

1.4 SEGURANÇA PÚBLICA E TECNOLOGIA

Diante dos conflitos sociais cada vez mais aterrorizantes, surgiu a necessidade de

imposição de leis mais severas e de penas elevadas a fim de reprimir a

criminalidade.

Aliás, é essa a intenção do Código Penal ao discorrer sobre a aplicação da pena ao

condenado pela Justiça. No bojo do seu artigo 59, impõe de modo expresso o

conteúdo da condenação, conforme seja necessário e suficiente para a reprovação e

prevenção da atividade criminosa:

Art. 59. O juiz, [...] estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para a reprovação e prevenção do crime:I - as penas aplicáveis dentre as cominadas;II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos;III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade;IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de pena, se cabível. (grifo nosso)

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É de se notar, nesse ponto, o caráter final da pena, que é castigar o agente

(reprovação), dando exemplo à sociedade (prevenção). Haveria de constar,

inclusive, a função reeducativa da sanção penal (NUCCI, 2007, p. 376).

A repressão tratada arriba, é a prevenção aplicada após a sentença condenatória do

réu, depois de um longo e dispendioso processo criminal ao qual é submetido. A

bem da verdade, o trabalho da polícia é bem mais rápido e expressivo, pois a sua

função preventiva se dá antes da prática do delito, não deixando que ele ocorra; e

não após a aplicação da pena pelo Estado ao infrator, como acontece na função

jurisdicional.

Nessa esteira, a organização policial evoluiu continuamente face às mudanças

tecnológicas. Há um maior controle político e organizacional em todos os seus

setores, propiciando uma maior efetividade no campo da prevenção e do

cumprimento das leis.

O professor de Sociologia na Cátedra William Graham Sumner, da Universidade de

Yale, nos Estados Unidos, Arbert J. Reiss Junior (1992), destaca:

(...) os maiores progressos na organização da polícia ocorreram nas áreas de estruturação do comando e mobilização dos patrulheiros e no acesso e uso de sistemas de informação por todos os níveis de pessoal (REISS JUNIOR apud TONRY; MORRIS, 2003, p. 65).

Então, de encontro aos grandes problemas da seguridade social, como é o caso da

delinqüência crescente, há a melhor preparação e aparelhamento das policias,

sendo fator determinante na redução adequado da agrura social que é a

criminalidade.

Da década de 70 do século passado até os dias atuais, os dispositivos de vigilância,

evoluíram sobremaneira. Fernanda Bruno, em seu artigo “Estética do flagrante:

controle e prazer nos dispositivos de vigilância contemporâneos”, é categórica em

afirmar que esses mecanismos de vigilância contemporâneos são “intrínsecos ao

processo de modernização e suas práticas de gestão racional das instituições, da

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produção, do governo, da saúde, da segurança dos estados e das populações etc.”

(BRUNO, [200-?], p. 1).

A autora salienta ainda, que apesar da intencionalidade direta ou indireta e do

“caráter multifacetado” de todos os dispositivos voltados para o controle da

criminalidade, a vigilância contemporânea “não é, portanto, boa nem má por

natureza, assim como seus efeitos não se medem por suas intenções” (BRUNO,

[200-?], p. 4).

Sendo assim, o aspecto que vai nos interessar mais precisamente na segurança

pública atual será aquele exercido nas medidas de coordenação da circulação de

pessoas. É nesse contexto que há maior incidência criminosa, como é o caso dos

grandes centros urbanos.

Com um policiamento efetivo tendente a melhorar a segurança como um todo, nos

diversos conglomerados urbanos, são utilizados métodos de controle da violência

urbana e de cumprimento das leis. Esse assunto também é merecedor de destaque

e discussão pelos organismos internacionais, que ventilam sobre o tema.

Vale ressaltar a resolução da Organização das Nações Unidas (ONU) de n° 34/169,

de 17 de dezembro de 1979, que trata especificamente do Código de Conduta para

os Encarregados da Aplicação da Lei (CCEAL), servindo de orientação para os

governos na resolução de questões relacionadas a direitos humanos e justiça

criminal.

Organização das Nações Unidas (ONU) reconhece que a elaboração de um Código de Conduta para os Funcionários Responsáveis pela Aplicação da Lei é apenas uma das várias medidas importantes que visa a garantia de todos os direitos e interesses dos cidadãos, objetivando em última instância a prevenção ao crime e luta contra a delinqüência; já que é ao funcionário policial que recai o dever de tal gerenciamento do sistema de segurança pública, já que a conduta de cada funcionário do sistema tem uma incidência sobre o sistema no seu conjunto.Dentre as recomendações expostas no Código de Conduta para os Funcionários Responsáveis pela Aplicação da Lei, a Onu coloca como premissa básica que o policial trabalhe servindo a comunidade, protegendo todas as pessoas contra atos ilegais (PEDROSO, 2004) (grifo nosso).

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Tal resolução serve de base de orientação para implantação de métodos eficazes de

coibição aos atos ilegais, resguardando, contudo, os direitos e interesses dos

cidadãos na preservação da ordem pública, controlando os atos de corrupção

existentes na sociedade.

Ponto importante é o entendimento de TORNAGHI apud LYRA (1989, p. 23) ao

lançar a idéia da divisão da atividade policial. Para ele a atividade policial é exercida

com segurança e de forma administrativa que compreende a polícia judiciária e a

ostensiva.

Segundo o autor acima citado, a polícia administrativa tem “por objeto as limitações

impostas a bens jurídicos e individuais”; já quanto à polícia ostensiva, “as medidas

preventivas que em sua prudência julga necessárias para evitar o dano ou perigo

para as pessoas”.

Nesse exato sentido é a lição do sapiente professor José Afonso da Silva apud

Marcus Cláudio Acquaviva quando faz a divisão da polícia em Administrativa e de

Segurança, compreendendo esta última em polícia ostensiva, bem como judiciária:

A Polícia Administrativa tem por objetivo as limitações dos bens jurídicos individuais, relativos à liberdade e à propriedade. Quanto a polícia Ostensiva, tem por finalidade preservar a ordem pública, tendo, portanto, caráter preventivo, no sentido de coibir, impedir a prática futura de crimes. Como é impossível prevenir, de forma absoluta, a prática destes, existe a Polícia Judiciária, cuja atribuição é apurar a autoria de delitos, mediante investigação e revelação de sua autoria, para fornecer subsídios ao Ministério Público, que iniciará a competente ação penal pública (SILVA apud ACQUAVIVA, 2000, p. 1035).

Extrai-se do texto acima citado, a patente impossibilidade de prevenção absoluta

dos crimes por parte do policiamento ostensivo, passando-se, então, a tarefa de

identificação dos infratores para a polícia judiciária para que esta forneça dados

suficientes a fim de que o Ministério Público inicie a persecução penal.

A impossibilidade de prevenção absoluta da atividade criminosa é certa. Contudo, o

avanço tecnológico auxilia todas as fases expostas na citação. O

Videomonitoramento, por si só, não é capaz de coibir a ação delituosa servindo de

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apoio à polícia ostensiva, como será demonstrado oportunamente em tópico infra

dissertado.

De outro lado, caso a conduta criminosa venha a eclodir, as câmeras de vigilância

servem para identificar a pessoa do infrator no exato momento do crime, vindo ao

socorro da polícia judiciária. Além disso, provê subsídios suficientes para a Ação

Penal pertinente. Não obstante, em eventual processo criminal instaurado, as

câmeras de segurança auxiliam o magistrado para que profira uma sentença justa e

adequada ao caso em análise.

O Coronel da Reserva da Polícia Militar do Estado de São Paulo, José Vicente da

Silva Filho, ex-Secretário Nacional de Segurança Pública, redigiu um artigo,

intitulado “Ecologia do Crime e Tecnologia Policial”, exaltando a poderosa tecnologia

de informação no controle do crime, em especial nos praticados nos centros

urbanos:

Se o criminoso faz o levantamento das oportunidades do local, a polícia deve fazer o mesmo. Com as informações detalhadas fornecidas pelo computador, os policiais devem buscar compreender a dinâmica social da área onde atuam, ou não entenderão adequadamente a formação dos problemas que enfrentam para adotar estratégias adequadas para dificultar ou impedir a ação dos predadores locais. O uso da tecnologia de informação, portanto, depende essencialmente das unidades locais de policiamento que detêm melhor conhecimento da área e dispõem dos recursos para agir com mais flexibilidade e eficácia. Essa situação vai exigir a revisão das estratégias centralizadoras, a ênfase nas estruturas e ações do policiamento dos bairros e a focalização prioritária no crime ao invés de enfocar o criminoso. (SILVA FILHO, 2000).

Importante ressaltar que os agentes estatais que mantêm contato direto e imediato

com a pessoa do investigado são os policiais, razão pela qual, em caráter inicial, faz-

se necessário esclarecer onde se acham inseridos esses agentes públicos e qual o

seu papel nessa atividade, voltada essencialmente para a manutenção da paz

social.

O jurista TORNAGHI apud LYRA (1989, p. 23), lembra que “aos poucos, polícia

passa a significar a atividade administrativa tendente a assegurar a ordem, a paz

interna, a harmonia e, mais tarde, o órgão do Estado que zela pela segurança dos

cidadãos”.

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A polícia, portanto, é vista como conservadora da ordem pública, prevenindo na

medida do possível a realização de delitos e investigando as desordens que não

puderem ser impedidas.

Soma-se a isso, a importância da tecnologia no controle ao crime. Um exemplo da

parceria entre as policias e o sistema de informação encontra sustentação em

matéria veiculada pela imprensa on line, sob o título: “Microsoft e Polícia Federal

lançam sistema contra a exploração infantil”, que assim diz sobre o tema:

A Microsoft Brasil e a Polícia Federal apresentam hoje a versão local do CETS - Child Exploitation Tracking System (pronuncia-se ‘kéts’) ou Sistema de Rastreamento de Exploração Infantil. Trata-se de um projeto internacional que tem como objetivo combater a exploração on line infantil. Com a ferramenta, a polícia brasileira espera tornar ainda mais eficiente sua luta contra este tipo de crime. (2006).

E não é só isso. Várias outras medidas vêm sendo tomadas para uma melhor

interação da tecnologia no controle ao crime. Novamente o ex-Secretário Nacional

de Segurança Pública, José Vicente da Silva Filho, nos esclarece acerca da

tecnologia e sua utilidade na esfera policial, no artigo intitulado “A Polícia no Novo

Século”:

Um arsenal de inovações tecnológicas já oferece produtos no mercado policial, de armas a supervisão das viaturas policiais por satélites. A investigação dos crimes será facilitada com técnicas periciais como bancos de amostras de DNA e identificação eletrônica de impressões digitais ou de fisionomias. O planejamento policial já dispõe de poderosas ferramentas como variados bancos de dados interligados, mapeamento digital dos crimes e de outras informações de interesse policial, além de softwares sofisticados que indicam e acompanham criminosos atuando numa região (SILVA FILHO, 2001).

Um outro bom exemplo da tecnologia a serviço do bem comum e servindo de apoio

a atividade estatal é o recém criado método de vigilância dos detentos, através do

rastreamento eletrônico por tornozeleira, em pessoas condenadas, que se utilizam

do benefício livramento condicional ou que cumprem pena no regime semi-aberto,

entre outras possibilidades.

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O Projeto de Lei já foi aprovado pela Câmara dos Deputados e sancionado pelo

Presidente da República, estando apenas pendente o seu período de vacatio legis

para a entrada em vigor.

Infindáveis são os exemplos onde a tecnologia auxilia a atividade policial. Mas

dentre os exemplos podemos destacar um de grande importância e que está

evoluindo dentro dos meios políticos e sociais, que é o Videomonitoramento, objeto

de grande estudo e discussão nos dias contemporâneos.

Assim como em qualquer outra atividade, seja ela de cunho particular ou público, de

caráter individual ou coletivo, não se pode deixar de levar em consideração as

vantagens advindas de uma Era baseada, quase que exclusivamente, em

informações e tecnologias.

Necessário, destarte, um pesado investimento em Segurança Pública por parte do

Estado, em virtude de norma imperativa constitucional, ao passo que ele é

garantidor da ordem pública dentro de seus territórios.

Um desses investimentos, para melhor capacitação dos profissionais que controlam

o crime, é o sistema de Videomonitoramento.

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2 VIOLÊNCIA SOCIAL

A violência pode ser definida de várias formas. O significado exposto pelos

dicionaristas J. Fernando e Rosa Maria Cardoso (1999, p. 619) é a seguinte:

“Violência. Qualidade de violento; ato violento; ato de violentar”. Em seguida

definem o verbete violento, da seguinte forma: “Exercer violência; violar; forçar;

constranger; coagir [...]”.

Para Rita de Cássia Souza (2006), ressalta que o medo que gera insegurança,

vivenciado em decorrência da violência social e da mídia que rodeiam os

acontecimentos, acaba por ameaçar a qualidade de vida das pessoas, amputando

sua vida social, e acrescenta:

Podemos apontar, como sendo um dos meios de manifestação da violência, a violação das normas do Estado Democrático de Direito, incitando como exemplo, as legislações penais que vão apontar os ilícitos penais e a forma de represália a essas condutas. No caso da criminalidade, os critérios de seleção adotados pelas mídias contribuem para fazer com que o mundo pareça mais assustador do que ele realmente é. Ao destinar maior espaço para a divulgação de notícias que tratam dos chamados ‘crimes hediondos’, com elevado grau de danos, ou para os ‘crimes aleatórios’, de difícil previsão, as mídias acentuam e generalizam a sensação de insegurança, posto que, pelas suas características, tanto de danos causados quanto de imprevisibilidades, estes crimes elevam a todos, indiscriminadamente, à condição de vítimas em potencial (LEAL, 2006, p. 91 e 92).

Assim é o caso do agente que pratica o crime de homicídio simples descrito no

artigo 121 do Código Penal. In verbis: “Art. 121 - Matar alguém: Pena – reclusão, de

06 (seis) a 20 (vinte) anos”.

Por outro lado, há a violência legalmente instituída. Ainda dentro do campo da esfera

penal temos as causas excludentes de ilicitude, que são as causas legitimadoras da

ação descrita dentro do tipo penal.

Trazendo novamente o exemplo do homicídio simples, há casos em que o verbo

matar alguém está legitimado. Em outras palavras, o Estado autoriza que o agente

mate alguém. Exemplo: homicídio simples em legítima defesa repelindo, o agente, a

injusta agressão, seja ela atual ou iminente.

40

Page 41: 6064823-Videomonitoramento

Abrindo um pequeno parêntese, relembramos que o Videomonitoramento pode ser

um instrumento determinante para a elucidação do caso concreto. No exemplo

adrede, poder-se-ia averiguar se o agente repeliu a injusta agressão utilizando-se

dos meios moderados a fazê-la, bem como se a agressão sofrida foi realmente

injusta, o que, em princípio, caracterizaria a legítima defesa.

É bem verdade que os casos trazidos pela lei são excepcionalíssimos, mas não de

rara constatação. Entre as causas legitimadoras de condutas criminosas

encontramos no próprio diploma penal o artigo que trata da exclusão de ilicitude.

Vejamos o enunciado do artigo relacionado ao tema:

Exclusão de ilicitudeArt. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato:I - em estado de necessidade;II - em legítima defesa;III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.

Saindo da seara penal, também encontramos legitimações de violência dentro do

Direito Civil. É o caso do oficial de justiça que sem o consentimento do proprietário,

mas respaldado por determinação judicial, realiza o arresto e a penhora dos bem do

devedor na ação de execução, por exemplo.

Há vários tipos de violência que estão categoricamente autorizados por lei e são

praticados cotidianamente, inclusive para a manutenção da ordem pública. Mas a

discussão que permeia o presente capítulo não é a violência legitimada pela lei, mas

sim a violência que assombra a sociedade e merecedora de repressão. Aglair

Bernardo referindo-se a FOUCAULT, colaciona que:

Foucault, ao abordar a formação da ‘sociedade disciplinar’ e seu aparecimento no final do século XVIII e início do século XIX, chama atenção para o surgimento de uma nova definição do criminoso, que não terá mais nada a ver com a falta, com a lei natural, divina, religiosa etc. O criminoso será visto como aquele que perturba e danifica a sociedade e rompe com o pacto social, é um inimigo interno. Segundo ele, trata-se de uma definição nova e fundamental na história da teoria do crime e da penalidade (FOUCAULT apud BERNARDO, 2007, p. 60).

É de salutar importância a distinção para o presente estudo, pois o

Videomonitoramento vem ao socorro da polícia a fim repelir esse tipo de violência e

41

Page 42: 6064823-Videomonitoramento

auxiliá-la no caso específico, para melhor identificação da atividade criminosa e

identificação dos infratores, assim como melhor esclarecimento sobre fatos que lhes

são transmitidos por suas lentes às autoridades de direito.

Michel Foucault, em sua obra “A verdade e as Formas Jurídicas” (2003) ressalta

uma teoria de punição. Explica que, para que haja punição sobre uma atividade

humana, necessário se faz que essa mesma ação esteja moldada por um preceito

normativo. Só assim é que o Estado deve agir para reparar ou prevenir o dano social

advindo da lesão ao bem jurídico tutelado.

Esta teoria da punição subordina o fato de punir, a possibilidade de punir, à existência de uma lei explícita, à constatação explícita de uma infração a esta lei e finalmente a uma punição que teria por função reparar ou previnir, na medida do possível, o dano causado pela infração à sociedade (FOUCAULT, 2003) (grifo nosso).

Impende ressaltar, por oportuno, que o século XIX, compreendido como um período

histórico para se compreender a formação da sociedade e das cidades modernas,

está caracterizado por um processo vivo de individualização, o que contribuiu para o

crescimento da violência dentro dos setores sociais. Essa individualização

representa nos dizeres de Alain Corbin, um duplo movimento:

Ao mesmo tempo, o temor da violação do eu e seu segredo engendra o fantástico desejo de decifrar a personalidade que se oculta e de intrometer-se na intimidade dos outros; muda preocupação que embasa o esnobismo do incógnito, atiça a tentação da carta anônima, contribui para o prestígio do voyeurismo do fim-de-século, explica a emergência da personagem do detetive em busca de pistas (CORBIN apud BERNARDO, 2007, p. 88 e 89).

Toda violência, quando não legitimada pelo Estado, deve ser retaliada de modo

direto e preciso tendo por azo as leis, a justiça e todos os órgãos institucionalizados,

como é o caso das policias, dentro do contexto da política de segurança pública.

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Page 43: 6064823-Videomonitoramento

2.1 CRESCIMENTO DA VIOLÊNCIA NOS CENTROS URBANOS

BRASILEIROS

É notório no contexto mundial que a violência, via de regra, aflora nos grandes

conglomerados populacionais. Diante disso, medidas mais urgentes devem ser

tomadas para seu melhor controle e conseqüente melhora da qualidade de vida da

sociedade.

Ao sentido de violência podem ser agregados diversos valores. A segurança no seio

social é um dos fatores que mais preocupam os moradores das grandes cidades; e a

ação policial reduz os índicies de criminalidade. Essa assertiva pode ser melhor

analisada no texto de Thiago Cid, onde é citado o pesquisador e sociólogo do

Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo, Marcelo Batista Nery

(2007):

O sentido de violência, para o pesquisador, é algo muito mais amplo e tem dimensões psicológicas. A violência é o próprio sentimento de medo com que a população vive. ‘Depois dos atentados do PCC, pensamos que a sociedade se mobilizaria para combater a criminalidade. Uma pesquisa que estamos fazendo revela que segurança é uma das principais preocupações do paulistano, mas que eles sequer pensam em como auxiliar no combate a ela’, afirma o sociólogo. ‘As ações da polícia são de extrema importância e determinaram, sim, a redução dos homicídios. Mas não se pode pautar a política de segurança pública apenas na atividade policial’, diz (CID, 2007).

Ratificando esse pensamento no que tange a crescente violência e o pânico social

que ela perpetra, temos o texto de Teresa P. R. Caldeira que assim se refere sobre o

tema em análise:

O crescimento da violência como motivo para o aumento da sensação de medo é um fenômeno pontuado por vários autores, em especial a partir da década de 1980, e atribuído a diferentes questões, que vão de fatores como industrialização, urbanização, migração, e pobreza, ao desempenho de instituições como polícia, tribunais, prisão e legislação (CALDEIRA, 2000).

Conforme é noticiado diariamente na imprensa, a criminalidade nos dias atuais

cresce de forma contínua e alarmante, o que vem assustando, principalmente, os

moradores das metrópoles.

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Page 44: 6064823-Videomonitoramento

Para Gustavo Almeida Paolinelli de Castro (2001), o problema não é só esse.

Destaca o autor que quanto maior a riqueza que se apresenta nas cidades, mais

intensa é a ação de atos criminosos. Nesse sentido, o autor acrescenta que “As

grandes cidades cresceram de maneira totalmente desordenada [...]” (CASTRO,

2001, p. 83).

Azamor dos Santos Filho (2007), destaca a problemática das grandes cidades

encontrada no Brasil quanto à delinqüência avassaladora:

A segurança pública no Brasil têm sofrido graves ataques por parte da delinqüência que se instalou nas suas grandes cidades, fruto de uma sociedade desigual e injusta que não oferece as condições de evolução aos jovens residentes em subúrbios infectos (SANTOS FILHO, 2007).

A evolução social do Brasil desde a Época Colonial até os dias atuais sempre foi

pautada na diferenciação de classes – sejam elas raciais, religiosas, de poder, entre

outras. Assim, desde a origem da formação da nação brasileira, aconteceram

disputas de poder que geraram divisões de classes, em sua grande maioria

desiguais, o que explica a razão da violência social acentuada em nosso país.

Adorno (1995) em sua obra explica e expõe uma das razões que levaram, e que

ainda produzem efeitos hodiernamente, à violência social, principalmente dentro do

Período Republicano:

Ao longo de mais de cem anos de vida republicana, a violência em suas múltiplas formas de manifestação permaneceu enraizada como modo costumeiro, institucionalizado e positivamente valorizado – isto é, moralmente imperativo – de solução de conflitos decorrentes das diferenças étnicas, de gênero, de classe, de propriedade e de riqueza, de poder, de privilégio, de prestígio. Permaneceu atravessando todo o tecido social, penetrando em seus espaços mais recônditos e se instalando resolutamente nas instituições sociais e políticas em princípio destinadas a ofertar segurança e proteção aos cidadãos. (ADORNO, 1995, p. 301).

Com o escopo de por fim ao aumento dos dados estatísticos, os governos vêm

investindo em novos métodos de controle à delinqüência. Podemos citar como

medidas de coibição ao crime, o aperfeiçoamento policial através de cursos de

formação, bem como por intermédio de melhor aparelhamento e tecnologia,

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Page 45: 6064823-Videomonitoramento

preparando melhor suas unidades policiais, a fim de se obter melhores resultados

para a redução do medo junto à sociedade.

De acordo com a notícia veiculada no sítio do Clube dos Oficiais do Estado do

Espírito Santo, no dia 10 de junho de 2005, sob o título “Policiais do ES serão

treinados para proteger autoridades capixabas”, ficaram demonstradas algumas

ações no sentido de melhor capacitação policial em âmbito nacional. O coordenador

geral de Ações de Integração de Segurança Pública da Secretaria Nacional de

Segurança Pública (SENASP), José Ilário Nunes Medeiros, explica quais foram as

medidas adotadas:

Aproximadamente 30 policiais capixabas serão treinados para proteger autoridades do Espírito Santo. [...] O treinamento começou na última segunda-feira e engloba 120 agentes de sete Estados brasileiros. Serão capacitados policiais federais, civis e militares do Espírito Santo, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Bahia e Distrito Federal. [...]. O coordenador explicou que inicialmente foram convocados policiais dos Estados de São Paulo e Minas Gerais para serem treinados na primeira etapa do programa. Na segunda etapa, serão treinados em média 20 a 30 policiais da Secretaria de Segurança Pública do Espírito Santo. [...] Além do curso na área de proteção de autoridades, o coordenador de ações da Senasp informou que outras medidas serão anunciadas para o Espírito Santo, incluindo cursos na área de inteligência e treinamentos para cães farejadores de drogas e explosivos.(2005).

De outro lado, os particulares, por não se acharem seguros em seu convívio

coletivo, utilizam-se de aparatos tecnológicos para coibir a violência que tanto lhes

amedronta. Assim o fazem também por meio de aparelhamento tecnológico, como é

o caso de Videomonitoramento dos condomínios, shoppings, escolas, hospitais,

entre outros.

Há de se destacar que um dos objetivos dominantes da polícia, como resolução do

problema público urgente, é a prevenção de crimes e controle à violência. Maria

Sylvia Carvalho Franco destaca:

Fica evidente a sua incorporação às condutas socialmente sancionadas. O fato de circularem desimpedidas de juízos restritivos indica também que a violência é incorporada não apenas como comportamento regular, mas positivamente valorado (FRANCO apud C. MORAES,1998).

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Page 46: 6064823-Videomonitoramento

Constitui as atribuições das organizações policiais, no tocante à Segurança Pública,

servir e proteger os cidadãos, garantindo a ordem social. O melhor aproveitamento

das instituições que velam pela Segurança Pública está pautado em um modelo

coletivo de pesquisa e desenvolvimento visando solucionar tais problemas.

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Page 47: 6064823-Videomonitoramento

3 DESENVOLVIMENTO DO POLICIAMENTO E AS TECNOLOGIAS DE

INFORMAÇÃO

O desenvolvimento da polícia e o seu modo de atuação junto à sociedade surgiram

de longa data. A cidade do Rio de Janeiro, convertida em Reino, foi escolhida para

ser a sede da monarquia portuguesa.

Como cediço, foi a partir da chegada do príncipe regente D. João que foi criada a

Divisão Militar da Guarda Real de Polícia que tinha como objetivo, manter a ordem e

o sossego públicos, como bem destacou o jurista Luiz Ferraz Moulin, em sua obra

“Polícia Interativa” (2003).

A partir daí, foi criada a primeira força policial ostensiva, com adaptações do modelo

francês bonapartista, com atribuições e funções repressivas a fim de normalizarem o

comportamento público, estando aí o nascedouro da Polícia Militar, conforme

anteriormente dito.

A partir desse contexto, iniciou-se um longo e árduo trabalho de aperfeiçoamento e

aparelhamento das polícias brasileiras, respeitando-se a própria evolução social.

Cada governo subseqüente, mesmo durante o Período Monarquista Nacional e após

a Proclamação da República, investiu e normatizou a polícia institucionalizada.

Em exemplo, podemos citar o governo de Getúlio Vargas e o seu particular modo de

condução do Estado, da mesma maneira no que tange à segurança pública:

Getúlio Vargas, ao assumir a chefia do governo revolucionário, desenharia um novo modelo de Estado, centralizador, reestruturando-o e modernizando todo o aparelho institucional, adequando-o à nova realidade nacional e mundial (MOULIN, 2003, p. 20).

Acompanhando a evolução social, também foram objeto de aprimoramento as

políticas de segurança adotadas no país ao longo dos períodos. O modelo de

segurança do Império seguiu rumo próprio, ao passo que os modelos subseqüentes,

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Page 48: 6064823-Videomonitoramento

assim como o de Vargas acima citado, adotaram políticas que melhor convinham

com o momento histórico e com a tecnologia disponível.

É o que ocorre nos dias atuais. A sociedade em que vivemos, cada vez mais violenta

e delinqüente, adota políticas mais repressivas para controle da criminalidade, como

é o caso de leis penais mais severas.

Além disso, para maior eficiência nesse embate, a polícia se vale dos novos meios

tecnológicos que estão sendo criados e explorados pelo mundo atual. Nesse

diapasão, as polícias se vêem diante de novas tecnologias que lhes auxiliam de

sobremaneira ao cumprimento de sua função institucional.

De acordo com o professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Luiz

Eduardo Soares (2003):

O investimento da qualificação e reforma das polícias é fundamental, valorizando-as, revigorando suas lideranças saudáveis, estimulando seu comportamento com o trabalho preventivo, com os direitos humanos, apoiando sua presença interativa e dialógica nas comunidades, e, na fase municipal, solicitando seu apoio permanente. Para que intervenções preventivas logrem êxito, freqüentemente, têm de ser acompanhadas por iniciativas policiais [...] (SOARES, 2003).

Assim, ao lado do investimento, necessário na qualificação dos profissionais da

segurança pública, mister o aproveitamento dos novos sistemas de informação para

um melhor estudo acerca da criminalidade e o seu aproveitamento em medidas de

repressão ao crime.

As tecnologias de informação são ferramentas de uso comum no meio social. Não é

diferente o que acontece com o Estado no que se refere à segurança pública. As

tecnologias de um modo geral auxiliam e muito na qualidade de vida do cidadão e

estão presentes também nos planos e modelos adotados pelos governantes como

instrumentos de controle à delinqüência social.

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3.1 SURGIMENTO DAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO

Com o crescimento dos grandes centros urbanos e desenvolvimento das indústrias,

surgiram novos meios de comunicação. O primeiro método de comunicação foi o

rádio criado pelo cientista italiano Guglielmo Marconi, nascido em 1874 na cidade de

Bolonha.

Através dos estudos de Herts, MARCONI entendeu que as ondas de Herts poderiam

transmitir mensagens; e no ano de 1895, realizou suas primeiras experiências, com

os aparelhos criados com materiais rudimentares. O texto “A Criação do Rádio: 70

anos de Rádio no Brasil”, assim explica:

A primeira irradiação musicada foi feita em 1920, e, em detembro (sic) de 1922, conseguiu pela primeira vez, na Inglaterra, alcançar a Austrália, também com o emprego de transmissão por centelha (timed spark system). Em 12 de outubro de 1931, comprimindo um botão em Roma, Marconi transmitiu sinais de rádio que ligaram o comutador geral da iluminação do monumento do Cristo Redentor, erguido no Alto do Corcovado, no Rio de Janeiro. Marconi morreu em Roma em 1937 ([19--?]).

No Brasil, os dados apontam que em 1923, vários aparelhos de recepção instalados

no Rio de Janeiro receberam os primeiros sons e vozes dos discursos de

inauguração da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, tendo como seu difusor

Roquete Pinto.

Foi na década de 30 no Brasil que os estúdios começaram a se difundir entre o

público, em face da evolução tecnológica ocorrida devido à concorrência entre as

emissoras.

O rádio, explorando a oralidade e a transmissão ao vivo, adentrou com muita

facilidade nos lares brasileiros e, logo mais, com o surgimento de modernos

aparelhos portáteis, pôde ser transmitido a qualquer parte aonde esse aparelho

fosse levado.

A fase seguinte, da difusão da comunicação foi com o surgimento da televisão,

marcada pelo fim do Século XX com a transmissão de voz e imagem, ao vivo e por

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volta de 100 anos depois, foi marcada pela Internet. O constitucionalista da UERJ,

Luis Roberto Barroso (2004), adverte: “Hoje, mediante um computador conectado à

rede mundial (Internet) em banda larga, é possível ler um jornal, ouvir música ou

assistir a uma programação audiovisual idêntica a da televisão convencional”.

Aglair Bernardo ratifica os dizeres supra expostos ao discorrer da seguinte maneira:

O encontro gerado entre as tecnologias de produção e reprodução de imagens com os dispositivos e estratégias de monitoração social construídos ao longo do tempo - e isso se deu com a fotografia logo após sua invenção - resultou não apenas em uma aproximação de ordem técnica, mas também conceitual. Semelhante ao olhar do diretor de obra fílmica ou do documentarista que seleciona estrategicamente um determinado ângulo, enquadramento, personagens e o set para narrar uma história, o olhar vigilante vale-se dessas mesmas operações para eleger o espaço, as ações criminosas que podem nele acontecer, os sujeitos que nele circulam, o tipo de enquadramento e ângulos para monitorar o ambiente (BERNARDO, 2007, p. 13 e 14).

De posse da tecnologia, o homem começa cada vez mais a ser dependente dela,

em razão da praticidade bem como de sua eficiência. A segurança, para aprimorar

seus métodos de trabalho e de conduta, também lança mão dessas tecnologias e as

aproveita em seu benefício.

Daí, com o advento de novas tecnologias, como as câmeras de monitoramento, as

polícias iniciam uma “Era de uso e costume tecnológico”, pra tornar-se mais eficiente

e comedida na sua atividade.

3.1.1 Tecnologias de informação e a polícia

Há muito a polícia vem desejando que a tecnologia possa facilitar os problemas que

mais a atormentam. Rita de Cássia Souza Leal (2006) sustenta que uma das

principais reivindicações políticas da sociedade quanto à insegurança e à incerteza,

é o próprio controle da segurança através de métodos de monitoração:

Nesse cenário, as novas tecnologias – que possibilitam a produção, a coleta, a armazenagem e o cruzamento das informações em tempo ínfimo – e as mídias, principais divulgadoras dos dados estatísticos e das opiniões dos peritos,

50

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assumem importância central como disseminadoras de notícias relacionadas a situações de risco. Estas por sua vez, incentivam discursos de prevenção e instauram a estética do medo, gerando um clima de total insegurança que conduz a população não somente a aceitar como também a requisitar, participar e legitimar práticas, [...], de monitoração e de controle. Neste cenário de insegurança e incerteza, a segurança se constitui em uma das principais reivindicações políticas da sociedade. (LEAL, 2006, p. 63).

Das inovações em tecnologia, a que tem maior valor está relacionada aos

computadores e respectivos softwares. Está inclusa nesse rol, a câmera de

filmagens 24 (vinte e quatro) horas – cujos dados e imagens são codificados e

emitidos para um centro especializado de monitoramento.

Nos Estados Unidos da América, a polícia urbana vinha há muito esperando uma

tecnologia que pudesse melhorar seu status profissional, a fim de facilitar o

policiamento nos centros urbanos.

Para tal, a Comissão Presidencial de Policiamento e Administração da Justiça

(President’s Comission on Law Enforcement and Administration of Justice), no ano

de 1967, acreditou que com a implementação de métodos tecnológicos, os gastos

com dinheiro seriam economizados. Nesse sentido, Peter K. Manning:

(...) defendeu o aprimoramento da tecnologia policial como um meio de controle do crime, declarando que a tecnologia reduziria o tempo de processamento, aceleraria a chegada da polícia à cena dos crimes e aumentaria as prisões. (MANNING, apud TONRY; MORRIS, 2003, p. 376).

De acordo com Peter K. Manning (1992), a LEAA – Administração de Auxílio ao

Policiamento (Law Enforcement Assistance Administration), considerou as

informações prestadas pela LEAA, e no começo dos anos 70, “estava financiando

sistemas computadorizados de comando e controle e estimulando a centralização

das comunicações” (MANNING apud TONRY; MORRIS, 2003, p. 376).

51

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3.2 SURGIMENTO DOS SISTEMAS DE CIRCUITO FECHADO DE

TELEVISÃO E VIDEOVIGILÂNCIA

Fig. 01 - Sistemas de videovigilância (CCTV)

Nos grandes países da União Européia, o desenvolvimento da vigilância com

câmeras de vídeo é uma tendência, onde seus cidadãos são, cada dia mais,

observados.

O líder da videovigilância, na Europa, é a Grã-Bretanha. Em sua capital Londres, as

câmeras do Close Circuit Television, ou Circuito Fechado de Televisão (CCTV)

surgiram em 1961 no metrô e não param de se multiplicar. Em termos aproximados,

já representam cerca de 10% do total das instaladas no mundo inteiro (Texto

extraído da matéria “Aumenta vigilância sobre europeus”, [200--?]).

Paul Virilio e Andrés Vitalis apud Marta Mourão Kanashiro (2006) afirmaram que os

primeiros sistemas de vigilância foram instalados na realidade européia no início da

década de 1970:

O monitoramento em espaços abertos, no entanto, não é tão recente. Autores como Paul Virilio e Andrès Vitalis (1998), dentre muitos outros, afirmam, referindo-se à realidade européia, que os primeiros sistemas de vídeo vigilância foram instalados no início da década de 1970 com objetivo de controlar o tráfego, combater assaltos a bancos e a estabelecimentos comerciais de luxo. Ao longo dos anos 1980, esses sistemas se multiplicaram nos transportes coletivos, no comércio, em locais de trabalho e prédios públicos e, na década de 1990, nos estádios, em vias públicas e ruas de algumas cidades (KANASHIRO, 2006, p. 1 e 2).

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VIRILIO e VITALIS apud KANASHIRO (2006, p. 2), sustentaram que “nessa época,

existiriam na França um milhão de sistemas de câmeras de vigilância de circuito

fechado e, aproximadamente, 150 mil instalações em lugares públicos”.

O circuito fechado de televisão é um conjunto de câmeras que gera um sistema de

televisionamento que partilha sinais provenientes de câmeras localizadas em locais

específicos e estratégicos, dentro da área de alcance da câmera, colocadas em

lugares com grande afluência de público, que captam e transmitem imagens para

um sistema de monitoração dedicado.

Túlio Lima Vianna acrescenta que “Na América Latina, os circuitos internos de TV,

até então só encontrados em centros comerciais e metrôs, começaram a ser

instalados em ruas, praças e ônibus, seguindo-se a tendência mundial” (VIANNA,

Tulio Lima, 2007, p. 3) (grifo nosso).

A tendência mundial é clara: por razões de segurança e política preventiva e

repressiva, países europeus implantaram em seus territórios diversas câmeras de

monitoramento tendentes a reduzir a delinqüência que os acomete. Vejamos a

matéria “Aumenta vigilância sobre europeus”:

Ao todo, há de 4 a 7 milhões de câmeras instaladas em todo o país, embora o número verdadeiro continue sendo difícil de calcular. Todas elas foram aperfeiçoadas com inovações como a imagem digital ou os sistemas para leitura labial.Na Espanha, a videovigilância se desenvolveu para lutar contra os atentados do grupo armado basco ETA. As câmeras são onipresentes no metrô, estações de trem, shoppings e prédios públicos. Na Alemanha, os aeroportos e cerca de cento e vinte estações de trem são vigiados desde 1993. [...] Já na Itália, haverá um milhão de câmeras nas ruas, de acordo com a imprensa. Após os atentados de Londres, o país decidiu aumentar o número e a qualidade das câmeras no metrô de Roma e Milão e nas principais atrações turísticas, como o Coliseu ([20--?]).

No Reino Unido, a vigilância eletrônica em locais públicos “[...] sofreu um

significativo acréscimo no início deste século, desencadeado principalmente pelos

ataques terroristas de 11 de setembro de 2001 aos Estados Unidos da América”

(VIANNA, Túlio Lima, 2007, p. 2).

.

53

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O videomonitoramento londrino, “por exemplo, é freqüentemente citado como sendo

aquele que tem mais câmeras e que serve como exemplo para a implantação desse

sistema em outras cidades do mundo” (KANASHIRO, 2006, p. 2).

Nesse aspecto, cresce também vertiginosamente a indústria tecnológica da

segurança no Brasil, que serve um cardápio cada vez mais variado de sistemas de

Circuito Fechado de Televisão.

Os sistemas de videovigilância em espaços públicos instituem um olhar, que por sua

multiplicação, tendem à onipresença, descortinando a sociedade. Todo esse

crescimento dá-se, vale notar, a despeito de evidências de que o uso de câmeras de

vigilância são eficazes na redução da criminalidade (BRUNO, [200-?], p. 4).

As câmeras de videomonitoramento possibilitam ao utilizador uma visualização do

que se passa a todo o instante, inclusive em locais com baixa luminosidade, como,

por exemplo, observando às escuras nas esquinas, de forma a controlar o que se

passa ao longe, graças à capacidade de organização de dados no computador das

imagens coletadas, minimizando assim, o número de pessoas necessárias para este

fim.

No circuito fechado de televisão, pode-se incluir uma televisão a fim de se associar

mais de uma câmara. A empresa LR Segurança, atuante no Estado de São Paulo,

fundada em 1998, no texto “Circuitos (sic) Fechado de TV”, esclarece que:

Os sistemas de Web Câmeras baseados em redes estão se popularizando dia a dia, pois permitem a supervisão remota via Internet e aproveitam toda uma estrutura montada para um sistema de rede LAN ou WAN. E ainda os sistemas Digitais que hoje se tornaram os mais usados dos mercados, com placa de Captura ou stand alone. ([1998?]).

Significa dizer que, o crescimento do mercado privado de segurança foi um dos

grandes responsáveis pelo desenvolvimento de diversas áreas de proteção como

patrimonial, pessoal, orgânica, eletrônica, do trabalho e da informação, que

contempla a proteção de dados e transações via redes de comunicação.

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Hodiernamente é comum observamos casas, conjuntos habitacionais, escolas,

condomínios, entre outros, que se utilizam do circuito de televisão para prevenir

incidentes de qualquer natureza.

As autoridades que têm por dever a garantia da Segurança Pública, se aperceberam

da grande utilidade dos circuitos fechados de TV e as estudaram para a sua

aplicação nas ruas, com as devidas alterações que prouvessem mais vantajosas

para o fim colimado. Daí, a idéia do circuito de TV transpondo o setor privado para

ser aproveitado no setor público.

A sociedade brasileira, como exaustivamente demonstrado, por se encontrar acuada

e amedrontada pela criminalidade e delinqüência, anseia por novos métodos,

seguros e eficazes, no controle à mazela da violência.

Segundo a advogada e cientista política em Anápolis, no estado de Goiás, Silena

Jaime (2006),

A sociedade se encontra refém do medo e procura por formas de defesa: sistemas cada vez mais complexos de segurança, cercas elétricas, cães de guarda, vigilância informal, blindagem de veículos, são recursos de que se valem as classes economicamente favorecidas na busca de proteção. [...] Mas ainda que as formas de se proteger da criminalidade variem conforme as condições sócio-econômicas, há uma constante: todas as classes sociais reclamam uma pronta intervenção estatal objetivando o combate à violência e o estabelecimento de uma condição de segurança social (JAIME, 2006) (grifo nosso).

Na esteira do raciocínio, Rita de Cássia Souza Leal (2006, p. 89), acrescenta que “o

medo, racionalmente construído, se transcreve em artifícios de neutralização e

monitoramento [...]”.

Gustavo Almeida Paolinelli de Castro evidencia que “[...] tanto os direitos à

segurança ‘da pessoa’ quantos os direitos à segurança coletiva (pública) exigem

prestações do Estado [...]” (CASTRO, 2007, p. 85).

O oficial da Reserva da Brigada Militar do Rio Grande do Sul, Luiz Antônio Brenner

Guimarães (2007), salienta que foi a partir da década de 90 que os governos

começaram a investir na Segurança Pública em espaços públicos tendo em vista os

55

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grandes avanços da tecnologia eletrônica, implantando as câmeras de

videomonitoramento:

Na década de 90, aproveitando os avanços tecnológicos na eletrônica e nas comunicações, diversos governos, pressionados pelo agravamento da insegurança pública, apresentaram como uma das alternativas para tornar as cidades mais seguras, a vigilância eletrônica em espaços públicos (GUIMARÃES, 2007, p. 1).

Acrescentou, ainda, GUIMARÃES (2007), que a tendência da implantação do

Videomonitoramento começou a tomar força logo nos primeiros anos desta década,

especificamente no Estado do Rio Grande do Sul, que inclusive promulgou uma

portaria para fixação de normas de utilização das câmeras de Videomonitoramento

nos espaços públicos:

[...] Em novembro de 2004, o Secretário de Estado da Justiça e da Segurança do RS, anunciou a instalação imediata de 16 câmeras de vídeo na área central da Capital como parte de um projeto que prevê a compra de 64 destes aparelhos até março de 2005, com verbas próprias da SJS/RS. [...]. Em 25 de abril de 2005, a SJS/RS editou a Portaria N°.° 042, fixando normas de utilização de videomonitoramento em vias públicas para atividades de segurança pública e, hoje, o Estado possui em torno de vinte cidades que estão utilizando as câmeras em via pública, num cenário que, em médio prazo, prevê mais de cem municípios com esse sistema (GUIMARÃES, 2007, p. 1).

Gustavo Almeida Paolinelli de Castro (2007), completando a idéia, diz:

[...] o poder público passou a desenvolver técnicas alternativas de combate à violência, sendo que, entre as mais procuradas, a videovigilância destacou-se no Brasil e no mundo, como exemplificam as experiências em Londres, na Inglaterra, Nova Iorque, nos EUA, São Paulo capital, Rio de Janeiro capital, Sobradinho/RS, Criciúma/SC, e Cuiabá/MT (CASTRO, 2007, p. 84).

A necessidade de melhor aparelhamento das polícias frente à criminalidade

crescente e à sensação constante de medo experimentado, levou as autoridades

nacionais a adotar medidas que serviriam para responder aos anseios, tanto da

polícia quanto da sociedade.

Assim, iniciou-se, em um primeiro momento de modo tímido, a utilização das

câmeras de segurança nas ruas da cidade, o que viria a se tornar um grande

investimento para as polícias e acalentador da aspiração de bem estar da

sociedade.

56

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4 O PANÓPTICO E A VISÃO CONTEMPORÂNEA DA VIGILÂNCIA

ELETRÔNICA

A origem da expressão panóptico é de autoria de Jeremy Bentham (2000), referindo-

se a um gênero específico de controle visual e disciplinador, fundamentado em um

sistema penitenciário, por ele desenvolvido.

De acordo com Leila B. Ribeiro et al ([200-?]), o filósofo Michel Foucault, durante

suas abstrações sobre penalidades se deparou com um modelo apropriado de poder

que pairava sobre os detentos e atingia diretamente seus corpos, baseado numa

nova estrutura de vigilância denominada de panóptica. Referindo ainda ao fiolósofo

FOUCAULT, RIBEIRO et al, acrescentam:

Ele percebeu ainda que o panoptismo não estava presente somente nas prisões, mas também nas escolas, fábricas, hospitais, casernas. Em A verdade e as formas jurídicas afirmou, por um lado, que a prisão, surgida no século XIX, era a instituição emblemática do panoptismo social e ainda deste novo poder. Por outro, que este aspecto paradigmático permitia justificar o aparecimento e o sucesso dela, destarte todo seu paroxismo e controvérsias (RIBEIRO, et al, [200-?], p. 3).

FOUCAULT apud Fernando Bruno (2004, p. 162) ressalta que o filósofo observa a

figura do panóptico como um dispositivo disciplinar e de controle, um mecanismo

arquitetônico onde predomina a vigilância permanente obtendo-se informações

diuturnas de forma intermitente com o fulcro de se construir e aperfeiçoar o exercício

do poder através da exposição do cidadão à luz (visibilidade), do controle do seu

tempo e na sua posição no espaço.

A soma desses três aspectos gera um domínio sobre o ser observado e observável,

que no caso do panóptico moderno, é o pária que o Estado quer resgatar para o

convívio social.

Acrescenta ainda a autora que a sociedade disciplinar analisada por Foucault tem

seu ápice até o começo do século XX. Uma nova subjetividade ganha outros

contornos ainda mais sofisticados. Os Novos apetrechos de vigilância, suas

onipresenças e suas quase ausências de materialidade são estudados por Foucault

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Page 58: 6064823-Videomonitoramento

que os define como detentores de um longo poder de alcance objetivado na

neutralização e adestramento do corpo e da mente do indivíduo tornando-o social e

politicamente produtivo, não mais enfraquecido ou destruído (BRUNO, 2004, p. 201).

Estabelece-se então um vínculo crucial entre o poder e o saber entrelaçado com a

vigilância na medida em que se verifica que “[...] a subjetividade é inseparável dos

dispositivos de visibilidade” (FOUCAULT apud BRUNO, 2004, p. 111).

BRUNO afirma que as instituições disciplinares de FOUCAULT vão ao encontro do

modelo ideal do panóptico na medida em que elas enquanto instrumento de visão,

neutralizam o indivíduo produzindo nele um novo sujeito, disciplinado e moldado

para a sociedade que o Estado deseja (BRUNO, 2004, p.111).

Discorre BRUNO que a aproximação entre a disciplina norteadora do Estado que

condiciona o homem a uma individualização permanente produzindo-lhe uma

identidade nova, um novo ser, uma nova subjetividade, estará sempre imbricada ao

sistema de vigilância moderno constituído por todos os artefatos disponíveis para o

período quer seja a própria estrutura arquitetônica das salas de aulas na escola, dos

hospícios, dos presídios, passando por técnicas de coleta de dados e de informação,

capitalizando e capilarizando uma rede de informação, contribuindo para tornar o

visível ainda mais visível e voltado para o direcionamento do poder/saber, que vem a

se constituir na estrutura disciplinar foucaultiana (BRUNO, 2004, p. 114).

Denota-se por parte de FOUCAULT que há uma percepção por parte do indivíduo de

que o sistema coercitivo está ali para ser aplicado no seu ser e na contribuição

decisiva da sua subjetividade (BRUNO, 2004, p. 28).

Nesse aspecto constata-se a diferença no tipo de poder anterior ao desse contexto

disciplinador. FOUCAULT narra que anteriormente, o olhar estava sobre quem

detinha o poder, no soberano, um olhar de temor (2004, p. 42).

Agora, o monitoramento está voltado para aqueles sobre quem o poder atua. E

nesse aspecto, FOUCAULT indaga e responde ao mesmo tempo: “Será uma

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Page 59: 6064823-Videomonitoramento

transformação geral de atitude, uma ‘mudança que pertence ao campo do espírito e

da subconsciência?’ Talvez” (Foucault, 2004 p.66).

De acordo com BRUNO, na modernidade, a observação paira sobre todos. Sobre as

pessoas delineadas como normais e sobre as pessoas que destoam da

subjetividade traçada pela máquina disciplinar, os párias da sociedade: o doente, o

aluno rebelde, o criminoso, o trabalhador ineficaz.

Esse poder agora “individualiza pelo olhar” (BRUNO, 2004, p.111), dissecando

extremamente o ser rudimentar, transportando a esfera de poder para um anonimato

intransponível. Não se faz mais necessário expor o corpo do criminoso ao suplício

diante de toda a sociedade oferecendo esse espetáculo ao público com patrocínio

do poder real.

Afirma BRUNO (2004) que agora, o pária e o normal é que estão expostos nas

vitrines, constituídos como objeto a serem esmiuçados, cada um com seu rótulo de

identificação quer seja na fábrica, no asilo, no presídio ou na escola. Constrói-se a

partir daí uma classificação de seus comportamentos individualizantes, registrando-

se tudo, desde “bons” procedimentos e “maus” procedimentos. Os “bons” modos

serão utilizados para formatarem a individualização de cada um e os “maus”, para

serem utilizados nos seres objetivados como uma maneira de como não agir,

através da “autovigilância” (2004, p. 112).

Essa instrumentalização da vigilância nos reporta novamente ao Panóptico de

Bentham que possibilitava observar e ser observado. Da torre central, tudo se vê.

Dos compartimentos individualizados, nada se vê ou a visão é imaginada. Essa

compartimentação e esse isolamento aliados ao olho que tudo vê, produz a ordem.

FOUCAULT (2004) acreditava que mantendo em isolamento esses seres patológicos

uns dos outros, se produzia uma “coleção de individualidades separadas” (Foucault,

2004 p.166).

Há uma certeza individual de que se é constantemente vigiado mesmo não podendo

se verificar se há um vigia na torre central. Em virtude disso Foucault dirá que essa

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Page 60: 6064823-Videomonitoramento

não constatação da observação imediata produzirá o efeito mais importante do

panóptico: “Induzir no detento um estado consciente e permanente de visibilidade

que assegura o funcionamento automático do poder” (Foucault, 2004 p.166). Desta

feita, a percepção de se estar constantemente observado torna o ser auto-

observado.

BRUNO (2004, p. 112) descreve que na vigilância moderna há um ganho de

eficiência e eficácia. Mecanismo eficiente na medida em que o ser observado já

internalizou a vigilância na sua mente, normalizando-a. De modo mais simples, virou

um colaborador do poder.

Então o poder não se desgasta politicamente. A crueldade praticada na época do

soberano se reduz drasticamente. Mecanismo altamente eficaz uma vez que a

percepção de se estar sendo observado continuamente produz no indivíduo um

olhar ininterrupto sobre si mesmo provocando uma autovigilância constante,

comenta BRUNO (2004, p.112).

Agora, o olhar da torre central sobre o indivíduo reflete um olhar para dentro de si

mesmo. Agora, ele se monitora. E nesse ambiente disciplinar, surge o regulamento,

discriminado por FOUCAULT como “um pequeno mecanismo penal” (FOUCALT

apud, BRUNO, 2004, p. 112.) onde as atitudes regulares são catalogadas

externamente e, internamente, produzidas pelos próprios seres analisados, comenta

Bruno (2004, p.112).

Aliado a essa norma, entra a anormalidade que atua no íntimo de cada um no

sentido de se não querer ser um dejeto social, um anormal. E mesmo que não se

tenha um bom rendimento na escola, mesmo que eventualmente se cometa alguma

transgressão, o indivíduo através da autovigilância se posiciona agora entre dois

valores classificatórios implantados no se cerne: a conduta boa e a má conduta. E

nesse contexto, o ser autovigiado não quer possuir condutas anormais. A norma

passa a ser valorizada até mesmo cobiçada, registra BRUNO (2004, p.113).

Por isso mesmo, a avaliação dos procedimentos é fundamental para complementar

o pensamento internalizado no indivíduo: o de que os atos e as maneiras de se

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Page 61: 6064823-Videomonitoramento

comportar advêm dele, foram produzidas por ele. Esse é outro aspecto que a

vigilância moderna se diferencia da visibilidade voltada para o soberano: atinge-se

não mais o corpo, mas verdadeiramente o próprio espírito, discrimina BRUNO (2004,

p.115).

E é nessa arquitetura imperceptível que FOUCAULT (2004, p. 170) desvenda a

máquina panóptica moderna:

O esquema panóptico é um intensificador para qualquer aparelho de poder: assegura sua economia (em material, em pessoal, em tempo); assegura sua eficácia por seu caráter preventivo, seu funcionamento contínuo e seus mecanismos automáticos. É uma maneira de obter poder numa quantidade até então sem igual, um grande e novo instrumento de governo...; sua excelência consiste na grande força que é capaz de dar a qualquer instituição a que seja aplicado (FOUCAULT, 2004, p. 170).

BRUNO (2004) encerra a análise do mecanismo disciplinar moderno enfatizando a

exposição do indivíduo à visibilidade e a sua importância no contexto dos

dispositivos de vigilância contemporâneos:

Tal exposição ganha continuidade na passagem da modernidade para a atualidade, se vista sob a perspectiva das tecnologias de comunicação. É claro que esta continuidade não implica a repetição do que se passa na modernidade. As tecnologias de comunicação constituem novos dispositivos de visibilidade com diferentes implicações na sociedade e na subjetividade (BRUNO, 2004, p.115).

Sintetizando a atuação dos mecanismos de vigilância moderna, comparando-a com

os mecanismos de vigilância contemporâneos, dos Videomonitoramentos, BRUNO

(2004) enfatiza:

Eis por que, como se mostrou, a vigilância moderna deve ver e agir através, sob a superfície dos corpos e comportamentos de modo a incidir sobre a interioridade, a alma dos indivíduos. Na atualidade, trata-se, sobretudo de ver adiante, de prever e predizer, a partir dos cruzamentos e análises de dados, indivíduos e seus atos potenciais, seja para contê-los (como no caso de crimes, doenças, onde tende a predominar uma vigilância preventiva), seja para incitá-los (como no caso do consumo, da publicidade e do marketing) [...] (BRUNO, 2004, p. 117).

Agora, não se tem mais a preocupação por parte do Estado em se curar o indivíduo,

em disciplinar o aluno, em aperfeiçoar as atividades do trabalhador ou verificar o que

se passa na interioridade do indivíduo, salienta BRUNO (2004):

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Page 62: 6064823-Videomonitoramento

[...] a incidência de visibilidade sobre o indivíduo não quer curar ou reformar o criminoso, o doente físico ou mental, mas sim impedir o crime, prevenir a doença ou minimizar seus riscos. Ou seja, o foco de intervenção não é mais a alma, a interioridade, o psiquismo, mas o comportamento, o campo de ações exteriores e visíveis [...]. As câmeras que visam a manter a segurança de lugares públicos ou privados atuam sobre o crime, impedindo a ação, e não sobre o criminoso, como queria a vigilância panóptica (BRUNO, 2004, p. 117).

Para BRUNO (2004), no entanto, essa nova forma de exposição não é alvo de

cobiça por parte da sociedade individualizada:

Os dispositivos eletrônicos de vigilância representam muitas vezes a face negativa e potencialmente perversa da visibilidade, inspirando temores de atentados à privacidade e à liberdade dos indivíduos. O olhar do outro e o estatuto do observador assumem outras formas nestes dispositivos (BRUNO, 2004, p. 120).

Deixando de lado o caráter expositivo da vida privada e íntima do indivíduo – agora

transformados em dados e informações digitais – o caráter preditivo e preventivo do

Videomonitoramento são aqui ressaltados por Bruno (2004, p.121):

A preocupação com o risco em nossa sociedade vai contribuir para ‘justificar’ uma vigilância que é, sobretudo preditiva e muitas vezes preventiva, voltada para a composição de perfis que predigam e prevejam os riscos que assombram os indivíduos. Esta vigilância é tão mais eficiente quanto maior for a identificação dos indivíduos com os perfis projetados (doentes potenciais, vítimas de crimes antecipados, responsáveis por catástrofes naturais potenciais etc).

Concluindo essa parte teórica, enfatiza-se que “enquanto dispositivo de poder as

câmeras de monitoramento devem ser vistas além da aproximação com a análise

foucaultiana do panóptico de Jeremy Bentham” ( KANASHIRO, 2006, p.89).

Sugere-se então uma aproximação das câmeras a essa teoria: “A possibilidade de

começar a vislumbrar vigilante+câmera+usuário [...]”, (KANASHIRO, 2006, p.89)

onde todos os três possuem participação ativa no sistema de vigilância.

62

Page 63: 6064823-Videomonitoramento

5 VIDEOMONITORAMENTO

Fig. 02 – Câmera de Videomonitoramento

O sistema de Videomonitoramento nos grandes centros urbanos tem sido uma

excelente arma no controle à violência, pois auxilia em muito os trabalhos das forças

públicas de segurança, e se torna cada vez mais um método eficaz para o aumento

da sensação de segurança na população, vez que permitem a identificação de

pessoas infratoras e possibilitam a pronta atuação da força policial no controle à

prática de delitos.

A promoção indivisível da necessidade de segurança já compõe um novo modelo de cidadão, não mais aquele que enriquece a nação consumindo, mas o que investe primeiro na segurança, que gere melhor sua proteção [...]. A sociedade capitalista, desde a origem associou estreitamente a política à libertação do medo, a segurança social ao consumo e ao conforto (VIRILIO, 1996).

No mundo globalizado, onde as mudanças em tecnologia ocorrem com grande

freqüência, o envolvimento e participação da corporação policial fazem com que seja

mais bem aplicado e distribuído seu efetivo operacional e melhor emprego dos seus

recursos materiais tecnológicos para conquista da segurança social.

O coronel Luiz Antônio Brenner Guimarães (2007), sublinha que:

63

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Na trajetória histórica as políticas de segurança pública foram elaboradas em cima da compreensão de que a única saída para o crime era uma forte ação repressiva, capaz de inibir, reprimir e/ou isolar os maus cidadãos(ãs), criando-se um espaço seguro aos bons cidadãos. Pode-se considerar rara, a política de segurança construída a partir de uma análise mais profunda das causas que movem o crescimento deste fenômeno social – a criminalidade-, agregando a intervenção repressiva qualificada, ações de enfrentamento aos fatores geradores e motivadores das escolhas pela prática do crime. Assim, as câmeras de vídeo, são incluídas nas medidas atuais de enfrentamento do crime [...] (GUIMARÃES, 2007, p. 1 e 2).

As câmeras de Videomonitoramento, também chamadas de câmeras de vigilância,

são dispositivos de vídeo que capturam as imagens e as transmitem via circuito

fechado de televisão para uma central direcionada de videomonitoramento, onde as

imagens podem ser visualizadas pelo operador no momento dos acontecimentos

nas telas dos monitores.

No caso das “câmeras tagarelas”, o controlador, ao flagrar alguma irregularidade,

pode emitir um alerta sonoro ao autor do delito. Neste caso, têm finalidade

orientadora, já que podem ser utilizadas no trânsito, a fim de advertir motoristas

infratores e pedestres desatentos, coibir furtos e roubos, entre outros casos que

porventura sejam necessários.

De acordo com Fernando Ribeiro (2008) o sistema de implementação de câmeras

denominadas de tagarelas, começou na Inglaterra e chegando-se ao Brasil no ano

de 2007, tendo o estado de São Paulo aderido primeiramente à nova câmera com

alto falante:

A implantação de câmeras com alto falantes para dar bronca nos infratores começou no Norte da Inglaterra e chegou no Brasil no ano passado [...] A primeira cidade brasileira a receber os aparelhos foi Piracicaba, no interior de São Paulo, onde ganhou o apelido de ‘câmera tagarela’ (RIBEIRO, F., 2008, p. 15).

Já ao encontro de esclarecimentos sobre os tipos de câmeras de

Videomonitoramento existentes, Marta Mourão Kanashiro (2006), em sua

dissertação de mestrado “Sorria, você está sendo filmado: as câmeras de

monitoramento para segurança em São Paulo”, salienta que o sistema das câmeras

de vídeo podem ser analógico ou digitais, variando sua forma de exercício.

64

Page 65: 6064823-Videomonitoramento

De uma forma abrangente, pode-se dizer que as câmeras analógicas são

estabelecidas de forma definitiva ou fixa em um ponto específico e estratégico pela

equipe de segurança. Já nas câmeras digitais, a comunicação das imagens,

gravações e emissão de sensores são funções componentes de um software,

monitoradas e controlados por um computador programado (KANASHIRO, 2006).

O sistema de câmeras pode ser analógico ou digital, e sua forma de funcionamento, em ambos os casos, varia bastante. Focalizando o monitoramento em sistemas de segurança, pode-se dizer que, de forma geral, as câmeras analógicas são fixas em um ponto considerado estratégico pela equipe de segurança [...]. Nesse segundo caso, a interferência humana pode ser menor, pois a transmissão das imagens, as gravações e o controle de sensores de alarmes são funções integradas por um software, monitoradas e controladas por computador (KANASHIRO, 2006, p. 43).

Segundo KANASHIRO (2006), no sistema analógico as imagens capturadas são

propagadas e gravadas em fitas de vídeo sendo o material reabastecido pelos

funcionários competentes nessa função, que acionam a polícia nos casos de

cometimento de delitos. Todavia, a diferença do sistema digital, é que se pode

realizar o controle de vários locais ao mesmo tempo com ângulos diferentes entre si,

uma vez que esses tipos de câmeras de videomonitoramento são rotativos, podendo

girar até 360 graus, abrindo possibilidades desse sistema com outros, como é o

caso de pessoas procuradas pela polícia. Destacou ainda a autora que a

armazenagem de dados no sistema digital é muito superior comparada ao sistema

analógico.

KANASHIRO (2006) destaca ainda que existe diferença quanto à transmissão das

imagens do sistema analógico para o sistema digital, mas que ambas as imagens

podem ser combinadas, interagindo com os bancos de dados informatizados:

No caso do sistema analógico, as lentes das câmeras de vídeo projetam a imagem sobre um chip sensor (CCD63), e a convertem em impulsos elétricos gerando assim o sinal de vídeo. Quanto maior a intensidade de luz em determinado ponto do chip, maior a voltagem produzida, ou seja, existe uma analogia direta entre o brilho da imagem e a voltagem que se produz, por isso o sinal é dito analógico. [...]. No sinal digital a analogia também existe, porém não é direta. Depois de projetadas sobre o chip sensor, as imagens são convertidas em sinais elétricos, mas o sinal gerado é dividido em trechos com mesmo tamanho e para cada trecho é calculada a média da intensidade da voltagem. Em seguida, o número obtido é codificado no

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formato de número binário (sistema de numeração que só possui dois algarismos - zero e o um). Em suma, a imagem é transformada em pura informação composta de zeros e uns. [...] e as imagens podem ser transmitidas via Internet (KANASHIRO, 2006, p. 43 e 44).

A par do que cada tecnologia disponibiliza ao videomonitoramento, salutar

importância ela exerce no controle eficaz de informações úteis à sociedade e

autoridades competentes, sendo importantes também aos meios televisivos, como

por exemplo, telejornais, no momento de passar ao povo imagens concretas dos

episódios que estão sendo noticiados:

De todo modo, convém observar que as imagens oriundas das câmeras de monitoração têm se apresentado como importantes aliadas na construção narrativa dos telejornais, compartilhando espaços discursivos em torno da verdade das imagens, ao mesmo tempo em que são reforçados os argumentos que justificam as suas instalações. (BERNARDO, 2007, p. 77).

Dessa forma, para melhor esclarecimento acerca da evolução social em

concomitância com o desenvolvimento tecnológico, podemos citar dois períodos

distintos de nosso país: a Ditadura e a República pós Constituição de 1988. Na

Ditadura, todos os meios de informação – primitivos se comparados aos atuais –

pertenciam ao Estado, que ao seu bel jugo manipulava, omitia ou proibia a

propagação da informação.

Em contrapartida, no período depois da Constituição Cidadã, e com a liberdade de

imprensa e desenvolvimento tecnológico, as informações são divulgadas quase que

ao mesmo tempo do evento noticiado, dando mais credibilidade e certeza ao que

está sendo transmitido, sendo que as imagens dos circuitos fechados de TV também

são utilizadas pelos comunicadores.

5.1 O QUE É O VIDEOMONITORAMENTO

As câmeras de Videomonitoramento são equipamentos de segurança com alto

poder de resolução. Algumas têm a capacidade de um giro de 360 graus sobre o

próprio eixo uma média de alcance de até quatro quilômetros de área cada uma,

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podendo ainda ampliar as imagens em até duzentas vezes sobre o tamanho original

da imagem.

GUIMARÃES (2007) manifesta importância quanto à aproximação das imagens

concluindo que uma vez que o operador utiliza-se do subterfúgio do zoom

proveniente da câmera, a imagem transmitida se limita ao aumento perdendo a

visualização geral dos acontecimentos no local, naquele momento, sendo, portanto,

de extrema importância que os operadores estejam atentos para somente ajustar as

lentes onde precisam ser ampliadas as efígies.

A fim de uma melhor resolução e captação de imagens, são colocadas em uma

altura tornando possível abranger todo o espaço do foco, de tal maneira que sua

visão panorâmica seja comparável com uma pessoa colocada na mesma posição,

porém com um diferencial, pois as imagens produzidas pelas câmeras de vigilância

são ampliadas na medida de suas necessidades, “a semelhança de uma pessoa no

mesmo local com binóculo” (GUIMARÃES, 2007, p. 3).

GUIMARÃES (2007) destaca que as câmeras de Videomonitoramento instaladas em

ambientes públicos têm duas funções essenciais:

[...] São duas funções básicas da vigilância eletrônica em via pública: 1ª - visualizar, registrar e guardar a imagem de um fato ocorrido, no intuito de tirar o anonimato da autoria [considerando um fator facilitador/estimulador do crime] e produzir provas para a investigação policial [diminuir a impunidade – outro fator facilitador/estimulador]; e, 2ª - vigilância ostensiva em tempo real, que possibilite identificar as condições de início de uma ocorrência, criando a possibilidade de reação (GUIMARÃES, 2007, p. 2).

Acrescenta ainda o autor supra identificado, que quando as câmeras de vigilância

são alojadas em tais ambientes, contribuem para os serviços dos agentes policiais

que estão interligados a uma central da polícia:

[...] consiste na colocação de câmeras de vídeo em espaços públicos, a serviços dos agentes policiais, para propiciar a observação simultânea de vários locais, a identificação de anormalidades e a adoção das providências para reação imediata. Este sistema funciona com câmeras ligadas a uma central da polícia que, a princípio, deve monitorar as imagens e adotar os procedimentos necessários para o envio de policiais para o local, ou guardar as imagens para utilização pela investigação criminal (GUIMARÃES, 2007, p. 2).

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O acompanhamento das imagens, enviadas pelas câmeras em tempo real, contribui

para a rápida ação dos policiais militares em caso de flagrante delito, ou mesmo na

identificação de suspeitos de crimes, pela Polícia Civil.

Ademais, as imagens são gravadas em aparelhos específicos e podem ser utilizados

posteriormente, caso seja necessário. Mas esta não é a sua destinação principal:

O sistema, segundo a coordenação da Polícia Militar, baseia-se no conceito desenvolvido em Londres, cidade que tem o maior número de câmeras de vigilância instaladas em espaços públicos no mundo, apresentando resultados similares na diminuição de índices de criminalidade naqueles espaços onde operam esses dispositivos, cujo objetivo principal é atuar na prevenção de crimes a partir da identificação de atitudes consideradas suspeitas (BERNARDO, 2007, p. 198).

Logo, o intuito precípuo das câmeras de monitoração é a prevenção de delitos e

orientação dos transeuntes, conforme exposto por Aglair Bernardo, referindo-se a

Polícia Militar do Estado de Santa Catarina.

5.2 FUNCIONALIDADE E EFICÁCIA DO VIDEOMONITORAMENTO

Para se avaliar uma estratégia organizacional no setor público da polícia moderna, é

necessário considerar se a nova estratégia é bem fundamentada e se é eficiente na

moderação da criminalidade.

Segundo Lawrence W. Sherman (1992), por exemplo, na última década, tem sido

uma das áreas mais inovadoras da América, o policiamento do crime relacionado a

drogas:

À preocupação de reduzir a oferta, vigente há tempo, gradualmente vem sendo somado o desejo de restringir a demanda. No rastro da epidemia do crack, contudo, ambos objetivos ficaram em segundo lugar, sendo ultrapassados pela redução da violência e desordem na vizinhança em torno dos pontos de venda (LAWRENCE, apud TONRY; MORRIS, 2003, p. 234).

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Visualizando a ação do infrator no exato momento do cometimento ou tentativa de

cometimento do delito, as câmeras de Videomonitoramento poderão chamar a

atenção do infrator, identificando-o, ou mesmo acionando o policiamento adequado

para tal ato delituoso.

A estratégia de Videomonitoramento tem como foco a minimização e prevenção da

violência urbana, ampliando dessa forma a abrangência do policiamento, em face da

monitoração. Têm também, poder educativo, conscientizando os infratores de seus

atos.

José Bittencourt Filho afirma que “As câmeras têm fim educativo, é uma forma de

coibir a conduta irregular. A intenção é muito boa e já é aplicada em outros países”

(BITTENCOURT FILHO, 2008).

Nesse mesmo sentido o secretário de Defesa Social da Serra, Ledir Porto,

acrescenta que: “Todo o trabalho é educativo, punição só se for necessário. Mas

quem cometer uma infração de trânsito, por exemplo, pode ser multado mesmo sem

a presença de um guarda no local” (PORTO apud RIBEIRO, F., 2008, p. 15).

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Fig. 03 – Funcionamento das Câmeras Tagarelas nos Municípios de Vitória e Serra -ES

O professor de Política e Administração em Justiça Criminal da cátedra Daniel e

Florence V. Guggenheim, na John F. Kennedy School of Government da

universidade de Harvard, em Cambridge, Prof. Mark Harrison Moore (1992), nesse

sentido, destaca:

[...] é necessária a articulação de uma série de valores que podem servir como um contrato básico para orientar o trabalho conjunto da polícia e da comunidade, enquanto, juntas, elas buscam definir e resolver os problemas do crime e do medo. Há uma questão adicional que vale a pena considerar quando se pensa no policiamento para solução de problemas e no policiamento comunitário como possíveis formas de estratégia de policiamento. Tem a ver com a questão de como os problemas das drogas e a aparente ameaça do aumento da violência generalizada vão afetar o potencial sucesso destas estratégias. Para muitos, a urgência de tais problemas constitui uma razão importante para ficar com o que já foi usado e comprovado, e resistir a qualquer experimento. Minha tendência é pensar o oposto. Se há âmbitos em que as estratégias de policiamento para solução de problemas e policiamento comunitário são mais necessárias, é onde existe tais problemas específicos. (MOORE, apud TONRY; MORRIS, 2003, p. 170).

Para Mark Harrison Moore (1992), um fator importante para controlar os distúrbios

urbanos é ter uma rede de relações que alcancem todas as comunidades, dando

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ímpeto a futuros desenvolvimentos no policiamento para solução de problemas

comunitários.

Portanto, deve haver uma aproximação da responsabilidade da polícia na segurança

urbana e melhor acesso aos cidadãos na visualização de seus direitos. Nesse

aspecto, acrescentou Ledir Porto apud Fernando Ribeiro que: “O papel da câmera é

tornar a cidade cidadã e segura. Segurança é qualidade de vida [...]” (PORTO, apud

RIBEIRO, F., 2008, p. 15).

De acordo com Luiz Antônio Brenner Guimarães (2007):

O princípio ativo de emprego da vigilância eletrônica é o do controle do comportamento das pessoas, pela inibição e modelagem, através do vigiar e punir, na perspectiva de resolver ou controlar a criminalidade, pela ocupação dos espaços e endurecimento das penas (GUIMARÃES, 2007, p. 1) (grifo nosso).

As câmeras de videomonitoramento foram implantadas a fim de minimizarem a

violência urbana através de seu poder de rápida atuação, vez que são capazes de

visualizar o ato criminoso dentro de seu grau de alcance, possibilitando a pronta

atuação policial e identificação dos infratores.

Uma das principais promessas dos projetos de videomonitoramento em via pública tem sido a ampliação dos espaços de vigilância e da ação do estado através da visão eletrônica, permitindo uma ação efetiva do policiamento na intervenção dos fatos que estão ocorrendo ou, então, na identificação e na descrição do ocorrido e de seus autores para as devidas responsabilizações, o que inibiria comportamentos criminosos e/ou violentos e preveniria os delitos (GUIMARÃES, 2007, p. 2).

É certo que as câmeras de monitoramento diminuem os espaços que estão isentos

de vigilância e proteção. Além disso, como dito em tópico anterior, algumas câmeras

de Videomonitoramento também possuem aparelho de áudio acoplado ao vídeo,

permitindo ao controlador emitir um alerta ao autor do delito no exato momento do

cometimento da conduta, funcionando dessa forma, como repressão e orientação.

É oportuna, porém, a lição do professor Carlos Ari Sundfeld, ao concluir que: “Tem

de se controlar o uso posterior dessa imagem, ver onde ela será guardada, não

deixar divulgar” (SUNDFELD apud BRITO, 2007).

71

Page 72: 6064823-Videomonitoramento

É necessário, pois, a devida administração e armazenamento das imagens sob pena

de abuso e ilegalidade por parte da administração pública, para que não sejam

violados, dessa forma, diversos preceitos constitucionais basilares da democracia,

tendo, a título exemplificativo, a violação do direito à privacidade e da dignidade da

pessoa humana, em tese.

BRITO aporta-se a SUNDFELD e conclui que: “Na opinião de Sundfeld, o ideal é

preservar as imagens por um longo tempo porque mesmo que não haja ação

suspeita no material gravado ele pode servir para outras investigações” (BRITO,

2007). Assim, todo e qualquer tipo de gravação das imagens podem beneficiar a

identificação futura de criminosos.

José Serra apud Mariana Garbim e Manoel Schlinwein (2008) acrescenta:

[...] as câmeras têm tecnologia avançada, giram 360º e possibilitam a visualização de objetivos a uma distância aproximada de 600 metros. As imagens ficam armazenadas durante 15 dias nos computadores da corporação para eventuais consultas e depois são eliminadas (GARBIN; SCHLINDWEIN, 2008).

As informações guardadas em um banco de dados são de grande valia se

devidamente utilizadas para a guarda da ordem pública, não podendo ser utilizadas

de outro modo, sob pena de graves violações ao Estado Democrático de Direito,

conforme anteriormente aduzido.

Dessa maneira, Marcos Rolim (2004) em seu artigo denominado “Câmeras”,

acentua questões pertinentes ao favorecimento da implantação do sistema de

vigilância eletrônica, concluindo que os crimes sofrerão uma diminuição significativa:

”A depender do sistema de vigilância montado, então, muitos crimes sofrerão

redução significativa e é exatamente esse o resultado que se deve procurar”

(ROLIM, 2004).

72

Page 73: 6064823-Videomonitoramento

5.3 FUNCIONALIDADE DA IMPLANTAÇÃO DO PROJETO DE

VIDEOMONITORAMENTO NO MUNICÍPIO DE SERRA-ES

Fig. 04 – Centro de monitoramento do município de Serra - ES.

No final do ano de 2006, em virtude dos festivos referentes ao Santo padroeiro da

cidade e o verão do ano de 2007, foi realizado um projeto piloto no município de

Serra, onde nos meses de janeiro e fevereiro, as praias de Jacaraípe e Manguinhos,

foram monitoradas por vídeo, melhorando sensivelmente o atendimento aos turistas

e freqüentadores do balneário.

As imagens obtidas através das câmeras eram monitoradas vinte e quatro horas de

uma central por policiais militares do 6º BPM e em tempo real, sendo que as

informações contribuíram para uma rápida ação dos policiais militares do

policiamento ostensivo em caso de flagrante delito, ou mesmo na identificação de

suspeitos de furtos e roubos pela Polícia Civil.

O projeto de videomonitoramento no município de Serra-ES, implantado em caráter

experimental na orla de Jacaraípe e Manguinhos, desde o dia 27 de dezembro de

2006, foi beneficiado com seis câmeras de alta resolução, com capacidade de

alcance de 4 quilômetros de área cada uma, com funcionamento 24 horas por dia. O

serviço funcionou em conjunto com o Centro Integrado de Segurança e o 6°

73

Page 74: 6064823-Videomonitoramento

Batalhão da Polícia Militar. Os investimentos com o Videomonitoramento no

Município de Serra-ES contaram com uma gestão participativa entre a Polícia Militar

e a Prefeitura Municipal de Serra-ES.

Atualmente o sistema foi implantado em outras regiões do município, com um total

de 12 (doze) câmeras, distribuídas da seguinte forma: 07 (sete) na região comercial

do bairro Laranjeiras, 03 (três) no bairro Feu Rosa e 02 (duas) na avenida Abdo

Saad no bairro Jacaraípe, monitorada no turno diurno por policiais aposentados, que

são contratados pela empresa executora do contrato.

A central de Videomonitoramento fica localizada na sede do grupamento ciclístico de

Laranjeiras, onde existe um local reservado e apropriado para o monitoramento das

imagens, tendo no local equipamentos de telefonia e rádio local e com Centro de

Comunicações da PMES, de forma a providenciar os recursos necessários para o

cumprimento de suas atribuições.

No município de Serra, existem 04 (quatro) câmeras que possuem o recurso de

áudio adaptado ao vídeo e popularmente são chamadas de “câmeras tagarelas”,

permitindo que o controlador possa assim chamar a atenção dos infratores no exato

momento dos fatos ou passar informações educativas ou de emergências à

populares. Fernando Ribeiro destaca:

Monitoradas por um policial, as “tagarelas” avisam quando o motorista estaciona em local proibido ou quando um pedestre joga lixo no chão, por exemplo. É só cometer a infração que ela está lá, pronta para dar um puxão na orelha dos infratores (RIBEIRO, F., 2008, p. 9).

Podem, ainda, as câmeras de videomonitoramento, ser utilizadas para inibir as

ações de delinqüentes que por ventura tenham conduta suspeita e, em assim sendo,

a critério do policial em vigília, percebendo que a medida é necessária e

conveniente, aplicar a intervenção sonora.

Pode-se acionar, por paradigma, efetivos policiais, que ao serem informados de

situações e pessoas suspeitas, se dirigem ao local próximo e efetuam abordagens,

inibindo a ação delituosa que porventura viria a se concretizar. Assim, no caso do

74

Page 75: 6064823-Videomonitoramento

Videomonitoramento, a exposição ao perigo por parte do policial é bem menor e o

seu campo de visão é em muito aumentado.

Fernando Ribeiro (2008) apresenta um exemplo do funcionamento das câmeras de

videomonitoramento:

No primeiro dia em que a câmera funcionou, ontem, alguns motoristas foram alertados. Um dos avisos foi para o proprietário da camionete cinza estacionada na curva da praça para que retirasse o veículo. Dois avisos foram suficientes para que o motorista retirasse o carro (2008, p. 09).

O Município de Serra está incluído no programa Nacional do PRONASCI, sendo

contemplado com recursos financeiros para serem investidos em projetos da

Segurança Pública, desta forma existindo uma previsão de ampliação do sistema de

Videomonitoramento, onde há previsão de serem instaladas mais trinta e cinco

câmeras.

O Secretário de Defesa Social da Serra, Ledir da Silva Porto, em entrevista (ANEXO

B), ratifica a importância da participação do município no contexto da Segurança

Pública, ao “ressaltar que o Estado não consegue obter bons resultados nessa área

trabalhando sozinho, bem como, os municípios também não conseguem atender a

contento seus munícipes tomando iniciativas isoladas”.

75

Page 76: 6064823-Videomonitoramento

5.4 FUNCIONALIDADE DA IMPLANTAÇÃO DO PROJETO DE

VIDEOMONITORAMENTO NO MUNICÍPIO DE VITÓRIA-ES

Fig. 05 – Videomonitoramento da Guarda Municipal de Vitória, no CIODES.

Em Vitória, o projeto de Videomonitoramento teve início em dezembro do ano de

2007, contando inicialmente com 05 (cinco) câmeras de vídeo e posteriormente o

número passou para 06 (seis) câmeras, distribuídas nas avenidas Jerônimo

Monteiro (Praça Costa Pereira), no Parque Moscoso, na Avenida Reta da Penha, na

Avenida Dante Micheline, na Avenida Princesa Isabel e na Avenida Marcos Azevedo

(Vila Rubim).

A Central de monitoramento é situada na sala do CIODES – Centro Integrado

Operacional de Defesa Social, em Vitória, sendo que as imagens são monitoradas

diuturnamente por Agentes da Guarda Municipal, que dentre suas atribuições,

também estão a de observação de fatos que necessitem intervenção do poder

público, no âmbito da Segurança Pública. A ação conjunta entre a Guarda Municipal

e as polícias é que garante a eficiência do serviço.

76

Page 77: 6064823-Videomonitoramento

De acordo com o Major Nylton Rodrigues, chefe do Centro Integrado Operacional de

Defesa Social, “as câmeras serão mais uma forma de garantir a presença da

autoridade policial em vários pontos da região metropolitana” (RODRIGUES apud

RANGEL, 2007).

As câmeras de Videomonitoramento têm como objetivo gerar maior eficiência nas

intervenções preventivas e repressivas realizadas pelo policiamento ostensivo e

auxiliam no processo investigativo para identificação de infratores.

Especificamente, o município de Vitória-ES não implantou até o presente momento

nenhuma câmera “tagarela”, como é chamada no município de Serra-ES.

Conforme entrevista, o Coordenador de Pesquisa e Monitoramento da Violência

Urbana e Gestor do Contrato de Videomonitoramento da Prefeitura Municipal de

Vitória-ES, Sr. Everaldo Francisco Costa (ANEXO D, 2008), “não descarta o uso das

câmeras tagarelas, entretanto, a maior preocupação da prefeitura é dar a contra-

resposta aos delitos e crimes visualizados pelas câmeras de forma imediata”.

Ressalta, ainda, que o município de Vitória tem assumido de forma pró-ativa a

questão da segurança, atuando com um conjunto de políticas públicas na área

social, como por exemplo: Programa Vitória da Paz, Guarda Municipal e o

Videomonitoramento.

O município de Vitória já tem convênio assinado com o Ministério da Justiça, com

previsão de recursos para a instalação de 35 (trinta e cinco) câmeras, possibilitando

uma ampliação do sistema, de forma a atender outras localidades da cidade, de

acordo com as informações prestadas por Everaldo Francisco Costa.

77

Page 78: 6064823-Videomonitoramento

5.5 FUNCIONALIDADE DO SISTEMA DE VIDEOMONITORAMENTO

NOS ESTADOS FEDERATIVOS

Nesse aspecto, mister ressaltar o funcionamento das câmeras de vigilância

eletrônica em ambientes públicos de alguns dos estados da federação,

apresentando estatísticas significativas.

O Cel. Luiz Antônio Brenner Guimarães (2007), referindo-se a capital Porto Alegre

do Estado do Rio Grande do Sul, quanto a implantação do sistema de

Videomonitoramento, apresenta:

Em dezembro de 2004, ao analisar os dois meses de implantação das primeiras dez câmeras, no Bairro Floresta e São Geraldo na Capital do estado, as autoridades fizeram um balanço deste período em comparação com o mês anterior a instalação. Constataram que no 1° mês de funcionamento houve uma redução de 55,34% das ocorrências e no segundo mês (ainda em comparação aos 30 dias anteriores à instalação) apresentou uma diminuição de 24,52%, sendo que os crimes que apresentaram quedas foram furtos a pedestres e estabelecimentos comerciais, lesão corporal leve e roubo de telefone celular. O balanço referia-se somente aos locais onde estavam instaladas as câmeras GUIMARÃES, 2007, p. 9 e 10).

Seguindo a linha do pensamento acima, Guimarães (2007), completa:

Em maio de 2005, a SJS apresentou outra estatística do índice de criminalidade nas 19 ruas e avenidas de Porto Alegre vigiadas por câmeras, referente ao período de Dez04 a Mar05, afirmando que neste período em comparação aos quatro meses anteriores a instalação do sistema, o índice de criminalidade caiu em 24,57% e que no topo da lista dos delitos que reduziram estão o furto em 48%, furtos de veículos em 14,6%, roubos a estabelecimento em 10 em 10,3% e roubos a pedestres em 5,5% [...] (GUIMARÃES, 2007, p. 9 e 10).

GUIMARÃES (2007), ainda tratando sobre o assunto, relatou que “Em novembro de

2006, o Secretário Municipal de Transporte, Trânsito e Segurança de Novo

Hamburgo, declarou que nos locais monitorados pelas câmeras de vídeo desde abril

de 2002, houve uma redução de 90% das ocorrências [...]” (GUIMARÃES, 2007, p.

10).

78

Page 79: 6064823-Videomonitoramento

Fazendo o comparativo no Estado, descreveu ainda GUIMARÃES (2007), que no

município de Caxias do Sul, depois da instalação das câmeras, “as ocorrências

diminuíram em 70%, em 2004 foram 345 flagrantes, em 2005, 119 e [...] 2006 até

outubro, 62 flagrantes [...]” (GUIMARÃES, 2007, p. 10).

Já em Florianópolis, Santa Catarina, com o apoio da Secretaria de Segurança

Pública e de Defesa do Cidadão de Florianópolis, a Associação de Comerciantes da

Rua Bocaiúva contratou o projeto piloto de Videomonitoramento.

De acordo com o Fórum de Segurança, Ildo Raimundo da Rosa apud Maria de

Fátima Guimarães Oliveira (2008), destaca que tal implementação já trouxe

resultados evidentes para a comunidade:

[...] Além da vigilância preventiva de segurança voltada à proteção dos cidadãos, estamos em sintonia com outras visões de monitoramento, com a preservação do patrimônio histórico e cultural da cidade, considerando o local no qual as câmeras estão operando [...] (ROSA apud OLIVEIRA, M., 2008).

Gustavo Almeida Paolinelli de Castro (2007) salienta que no Estado de Minas

Gerais, a cidade de Belo Horizonte possuía 72 câmeras distribuídas em locais de

grande comércio, e acrescenta que:

[...] Em relação à efetividade da medida, a Polícia Militar tem defendido sua eficiência, apontando uma redução de 7,91% da criminalidade no primeiro semestre de 2005, em comparação com o mesmo período de 2004 [...] (CASTRO, 2007, p. 84).

De acordo com Mariana Garbin e Manoel Schlindwein (2008), no Estado de São

Paulo, os equipamentos de videovigilância são usados por um grupo de operadores

e supervisores, e em caso de visualização de ocorrência, o operador da câmera

transfere os dados ao COPOM – Centro de Operações da Polícia Militar.

As câmeras de videovigilância implantadas no estado possuem tecnologia

avançada, com visualização aproximada de 600 metros e as imagens são

armazenadas por um período de 15 dias:

79

Page 80: 6064823-Videomonitoramento

[...] as câmeras têm tecnologia avançada, giram 360º e possibilitam a visualização de objetivos a uma distância aproximada de 600 metros. As imagens ficam armazenadas durante 15 dias nos computadores da corporação para eventuais consultas e depois são eliminadas (GARBIN; SCHLINDWEIN, 2008).

Nota-se que o sistema de videomonitoramento tem sido bem sucedido e

apresentando bons resultados com a diminuição da violência na grande maioria dos

municípios que utilizam o sistema de circuito fechado de TV.

5.6 INVESTIMENTOS NO VIDEOMONITORAMENTO

É importante considerar não apenas o aumento das despesas com a Segurança

Pública. Deve-se preponderar que o sistema de Videomonitoramento é um

investimento necessário à modernização da segurança, pois busca obter resultados

positivos em favor da sociedade.

As prefeituras de Vitória e de Serra são atendidas pela mesma empresa de

Videomonitoramento (Empresa START Tech Solução em Tecnologia Ltda), como

será visto um pouco mais adiante. Ao se analisar os contratos firmados, pode-se

constatar uma variação nos valores dos contratos, após ser analisado o custo total

do projeto nos dois referidos municípios. Na Serra o valor é superior em R$ 1.737,16

(um mil, setecentos e trinta e sete reais e dezesseis centavos) por câmera,

comparando-se com o município de Vitória.

A justificativa se dá em virtude das particularidades de equipamentos compatíveis

em cada região, bem como, à quantidade de câmeras e o custeio com pessoal. A

diferença nos valores se dá ainda posto que no município de Serra já estão inclusas

as despesas dos operadores, que são policiais aposentados.

80

Page 81: 6064823-Videomonitoramento

5.6.1 Investimentos no Videomonitoramento no município de Vitória-ES

No município de Vitória, segundo Everaldo Costa (2008), tendo em vista que o

projeto ainda é novo e com modernos recursos tecnológicos, o custo do sistema

ainda é considerado elevado, entretanto, com novos processos licitatórios, e com a

experiência adquirida com a atual funcionalidade do sistema, é bem provável que os

valores sejam reduzidos.

Para regular os procedimentos e valores a serem custeados pela Prefeitura de

Vitória, foi firmado no dia 14 de novembro do ano de 2007, um Contrato de

Prestação de Serviços de n° 278/2007 com a Empresa Start Tech Solução em

Tecnologia Ltda.

Item Descrição Valor mensal Valor Global( 12 meses )

01 Prestação de serviços de videomonitoramento, incluindo instalação e manutenção dos equipamentos.

R$ 41.575,00 R$ 498.900,00

Total R$ 498.900,00Tab. 01 – Dados do Contrato de Videomonitoramento de Vitória-ES.

Analisando os valores acima expostos na tabela, observamos um custo anual

unitário de cada câmera no valor de R$ 83.150,00 (oitenta e três mil, centro e

cinqüenta reais), enquanto que o valor mensal por cada câmera instalada fica em

torno de R$ 6.929,16 (seis mil, novecentos e vinte e nove reais e dezesseis

centavos).

Para a instalação do sistema de Videomonitoramento em vias públicas e

conservação de uma central de monitoramento, tem-se um custo total. Quando se

acrescenta um número maior de câmeras em vias públicas a tendência é que o

impacto de custo unitário seja reduzido. (Anexo D).

81

Page 82: 6064823-Videomonitoramento

O contrato firmado entre a Prefeitura de Vitória e uma empresa privada, tem prazo

estipulado em 12 (doze) meses, destacando que todas as despesas de instalação e

manutenção do sistema são da empresa contratada.

5.6.2 Investimentos no Videomonitoramento no município de Serra-ES

No dia 14 de dezembro do ano de 2006, o município de Serra-ES, firmou o contrato

de n°.° 609/2006 SEDES – Secretaria de Defesa Social, de caráter emergencial para

prestação de serviços. O objetivo inicial de sua implantação era de atender as festas

de fim de ano na Sede do município e atender a programação do verão de 2007 na

orla, de forma a melhorar a sensação de segurança dos freqüentadores dos

balneários de Jacaraípe e Manguinhos.

O primeiro contrato celebrado no município teve vigência do dia 24/12/2006 até

21/02/2007, ano esse que foi celebrado novo contrato, conforme será abordado

adiante.

De acordo com o contrato de prestações de serviços de Videomonitoramento

celebrado no município de Serra-ES no ano de 2006 à 2007, podemos observar os

seguintes valores referentes ao investimento no sistema de videomonitoramento:

Item Descrição Valor mensal Valor Global

( 02 meses )01 Prestação de serviços de

videomonitoramento, incluindo instalação e manutenção dos equipamentos.

R$ 39.925,00 R$ 79.850,00

Total R$ 79.850,00Tab. 02 – Dados do Primeiro Contrato de Videomonitoramento de Serra-ES.

A tabela acima descrita informa os valores investidos pela Prefeitura de Serra-ES no

início do projeto de Videomonitoramento, que ocorreu no final do ano de 2006, com

05 (cinco) câmeras instaladas no balneário do município no período do verão, onde

82

Page 83: 6064823-Videomonitoramento

foi possível observar uma despesa média mensal de R$ 7.985,00 (sete mil,

novecentos e oitenta e cinco reais) por câmera instalada.

Conforme destacado, o segundo contrato de videomonitoramento no município de

Serra-ES, o qual ainda está vigente, teve como termo de início o dia 21/12/2007.

Item Descrição Valor Mensal

01 Prestação de serviços de videomonitoramento, incluindo instalação e manutenção dos equipamentos.

R$ 104.000,00

Total R$ 104.000,00Tab. 03 – Dados do Segundo Contrato de Videomonitoramento de Serra-ES.

O custo mensal do sistema na Serra é de R$ 104.000,00 (cento e quatro mil reais) –

conforme pode ser observado do quadro supramencionado – sendo incluídas todas

as despesas com pessoal, sala de operações e despesas de manutenção dos

equipamentos.

Como demonstrado, o Contrato de Prestação de Serviço de Locação de

Videomonitoramento de n° 543/2007, firmado no dia 21 de dezembro do ano de

2007, com instalação de 12 (doze) câmeras, em um valor fixado em R$ 416.000,00

(quatrocentos e dezesseis mil reais), destinados para o período de dezembro de

2007 a março de 2008, dividindo o valor total pela quantidade de câmeras instaladas

(12), temos o custo mensal do sistema de R$ 104.000,00 (cento e quatro mil reais).

Considerando que a despesa mensal do sistema é de R$ 104.000,00 (cento e quatro

mil reais), onde funciona 12 (doze) câmeras instaladas, dividindo esse valor total

mensal pelo número de câmeras instaladas (12), temos o valor mensal de cada

câmera em R$ 8.666,66 (oito mil, seiscentos e sessenta e seis reais e sessenta e

seis centavos).

De acordo com a SEDES – Secretaria de Estado de Desenvolvimento (2008) no dia

01 de abril de 2008, foi realizado um Termo aditivo ao contrato, de forma a prorrogá-

lo por mais 96 (noventa e seis) dias. Da mesma maneira foi realizado um segundo

83

Page 84: 6064823-Videomonitoramento

Termo aditivo em 06 de julho de 2008. Prorrogando o contrato, novamente, por mais

96 (noventa e seis) dias.

5.7 COMPARATIVOS ENTRE OS MUNICÍPIOS DE SERRA E DE

VITÓRIA: ANTES E DEPOIS DA IMPLANTAÇÃO DO

VIDEOMONITORAMENTO

A seguir, serão realizadas comparação e análise dos dados estatísticos acerca da

implantação do sistema de Videomonitoramento dos municípios de Vitória e Serra.

JACARAIPE2006 2007 2008

Jan Fev Jan Fev Jan FevAV NOSSA SENHORA NAVEGANTES 08 11 25 13 12 13

MANGUINHOS2006 2007 2008

Jan Fev Jan Fev Jan FevAV BEIRA RIO 1 0 2 1 1 3AV MANGUINHOS 3 2 1 1 0 3Total 4 2 3 2 1 6Tabela 04 – Principais Crimes: Contra Pessoa, Contra o Patrimônio registrados no município de Serra no verão no Balneário de Jacaraípe e Manguinhos em 2007 e 2008. Fonte: GEAC/SESP.

JACARAIPE2006 2007 2008

Jan Fev Jan Fev Jan FevAV NOSSA SENHORA NAVEGANTES 48 49 47 50 30 29

MANGUINHOS2006 2007 2008

Jan Fev Jan Fev Jan FevAV BEIRA RIO 4 2 6 2 4 7AV MANGUINHOS 6 9 9 7 4 7Total 10 11 15 9 8 14Tabela 05 – Atendimentos registrados no Verão no Balneário de Jacaraípe e Manguinhos em 2007 e 2008. Fonte: GEAC/SESP.

O sistema de videomonitoramento foi instalado no ano de 2007, porém, no verão de

2006, não estava ainda em prática tal sistema, dito isto, ao se avaliar os dados

84

Page 85: 6064823-Videomonitoramento

estatísticos das tabelas 04 e 05, destaca-se uma redução de 39,17% do número de

atendimentos no comparativo entre 2006 e o mesmo período em 2008.

Bairro Local2006

Jan

Fev

Mar

Abr

Mai

Jun Total

DOUTOR PEDRO F ROSA RUA DOS CRAVOS 2 5 3 10

JACARAIPEAV ABDO SAAD 21 10 19 21 11 12 94N S DOS NAVEGANTES 8 11 3 8 4 2 36

PRQ R LARANJEIRAS

AV CENTRAL 1 6 8 8 7 7 37AV PRIMEIRA AVENIDA 1 1 2AV SEGUNDA AVENIDA 1 1 1 3RUA PITAGORAS

Total 30 28 34 37 28 25 182

Bairro Local2007

Jan

Fev

Mar

Abr

Mai

Jun Total

DOUTOR PEDRO F ROSA RUA DOS CRAVOS 1 1 4 2 2 1 11

JACARAIPEAV ABDO SAAD 22 20 19 12 17 14 104N S DOS NAVEGANTES 7 3 3 1 1 3 18

PRQ R LARANJEIRAS

AV CENTRAL 7 7 4 4 5 9 36AV PRIMEIRA AVENIDA 1 2 3AV SEGUNDA AVENIDA 1 1RUA PITAGORAS

Total 39 31 32 19 25 27 173

Bairro Local2008

Jan

Fev

Mar

Abr

Mai

Jun Total

DOUTOR PEDRO F ROSA RUA DOS CRAVOS 7 2 1 10

JACARAIPEAV ABDO SAAD 30 17 19 11 22 22 121N S DOS NAVEGANTES 2 4 5 2 2 1 16

PRQ R LARANJEIRAS

AV CENTRAL 4 11 10 9 3 4 41AV PRIMEIRA AVENIDA 1 2 1 4AV SEGUNDA AVENIDA 1 1RUA PITAGORAS 1 1

Total 36 1 37 22 1 23 194Variação Absoluta 2008 - 2007 21Variação Percentual 2008/2007 12,14Variação Absoluta 2008 - 2006 12Variação Percentual 2008/2006 6,59

85

Page 86: 6064823-Videomonitoramento

Tabela 06 – Principais Crimes: Crimes contra Pessoa e Crimes contra Patrimônio registrados no município de Serra 1º Semestre 2007/2008 - Locais de Câmeras. Fonte: GEAC/SESP.Em relação à tabela 06, vale ressaltar que somente em meados do mês de abril de

2008, foi instalado o Videomonitoramento nas regiões de Laranjeiras e Feu Rosa,

portanto, um período curto para se ter uma melhor avaliação em termos estatísticos.

Assim sendo, para termos de análise foi disponibilizado números estatísticos no

período de janeiro a junho dos anos de 2006, 2007 e 2008. Com relação aos crimes

contra a pessoa e contra o patrimônio no período 2008, comparado ao mesmo

período do ano de 2006, houve um aumento nos registros de 6,59%. Há uma

pequena variação em termos de número no período referenciado no período de

2007/2008, registrando um aumento de ocorrências de crimes contra a pessoa e

patrimônio em 6,59%.

Bairro Local2006

JanFev

Mar

Abr

Mai Jun Total

FEU ROSA RUA CRAVOS 2 5 3 10

JACARAIPEAV ABDO SAAD 104 84 72 83 66 60 469AV N S NAVEGANTES 48 49 23 31 23 16 190

PRQ R LARANJEIRAS

AV CENTRAL 1 6 8 8 7 7 37AV PRIMEIRA AVENIDA 1 1 2AV SEGUNDA AVENIDA 1 1 1 3RUA PITAGORAS 0

Total153

140

107

122

102 87 711

Bairro Local2007

JanFev

Mar

Abr

Mai Jun Total

FEU ROSA RUA CRAVOS 11 4 11 8 6 6 46

JACARAIPEAV ABDO SAAD 128 121 90 85 83 100 607AV N S NAVEGANTES 47 50 28 17 14 18 174

PRQ R LARANJEIRAS

AV CENTRAL 25 22 20 18 21 20 126AV PRIMEIRA AVENIDA 1 4 5AV SEGUNDA AVENIDA 2 1 4 1 8RUA PITAGORAS 1 1 2

Total214

198

157

128

126

145 968

Bairro Local2008

JanFev

Mar

Abr

Mai Jun Total

FEU ROSA RUA CRAVOS 8 14 10 6 5 5 48

JACARAIPEAV ABDO SAAD 133 85 100 66 87 85 556AV N S NAVEGANTES 30 29 29 16 20 9 133

86

Page 87: 6064823-Videomonitoramento

PRQ R LARANJEIRAS

AV CENTRAL 19 24 24 26 15 21 129AV PRIMEIRA AVENIDA 1 2 1 2 4 2 12AV SEGUNDA AVENIDA 3 1 2 2 2 1 11RUA PITAGORAS 1 2 1 4

Total194

156

168

118

134

123 893

Variação Absoluta 2008 - 2007 -75Variação Percentual 2008/2007 -7,75Variação Absoluta 2008 - 2006 182

Variação Percentual 2008/200625,6

0Tabela 07 – Atendimentos registrados no município de Serra 1º Semestre 2006/2007/2008 - Locais de Câmeras. Fonte: GEAC/SESP.

Na tabela 07, percebe-se o aumento do número de ocorrências atendidas no

período de janeiro a junho de 2006, comparado ao mesmo período de 2008, em

25,60%. No primeiro semestre dos anos de 2007 e 2008, houve uma redução em

-7,75%.

Local2007 2008 Total

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jan Fev Mar Abr Mai Jun 2007 2008

Var Abs

Var %

AV JERONIMO MONTEIRO 48 55 51 48 46 44 37 44 52 51 47 84 292 315 23 7,88AV PRINCESA ISABEL 35 26 32 32 28 36 36 24 29 32 22 28 189 171 -18 -9,52AV N S DOS NAVEGANTES 31 25 28 29 27 31 25 28 28 20 44 44 171 189 18 10,53

AV DANTE MICHELINE 108 81 86 64 67 55 107 80 82 62 63 47 461 441 -20 -4,34

AV N S DA PENHA 56 25 52 47 44 51 33 30 36 40 45 43 275 227 -48

-17,45

TOTAL 278 212 249 220 212 217 238 206 227 205 221 246 1.388 1.343 -45 -3,24Legendas Var. abs. : variação absoluta

Var. % : variação percentualTabela 08 – Atendimentos registrados no município de Vitória 1º Semestre 2007/2008 - Locais de Câmeras. Fonte: GEAC/SESP.

Em relação à tabela acima, vale ressaltar que no 1º Semestre de 2007, ainda não

havia o Videomonitoramento no município de Vitória-ES, tendo iniciado somente em

dezembro de 2007, sendo disponibilizado dados no período de janeiro à junho de

2008. No período referenciado, nota-se uma pequena diminuição dos números de

atendimentos em – 3,24%.

87

Page 88: 6064823-Videomonitoramento

Embora as câmeras possuam recursos que permitem a aproximação da imagem e

capacidade de visualização de até 04 (quatro) Km, não é possível cobrir toda a via

onde estão instaladas, pois existem trechos com obstáculos ou curvas que

prejudicam a captação de imagens – como por exemplo, a avenida Dante Micheline

(Praia de Camburi), que possui uma vasta extensão e com curvas e contornos

próprios.

Local2007 2008 Total

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jan Fev Mar Abr Mai Jun 2007 2008

Var Abs

Var %

AV JERONIMO MONTEIRO 9 5 6 15 5 7 7 6 6 6 5 6 47 36 -11 -23,4

AV PRINCESA ISABEL 10 18 13 16 10 8 10 11 7 9 6 11 75 54 -21 -28

AV N S DOS NAVEGANTES 6 7 5 9 7 6 8 9 2 3 5 7 40 34 -6 -15

AV DANTE MICHELINE 14 13 10 12 10 11 17 12 18 6 11 7 70 71 1 1,4

AV N S DA PENHA 17 9 27 12 12 14 16 6 11 17 21 14 91 85 -6 6,59

TOTAL 56 52 61 64 44 46 58 44 44 41 48 45 323 280 -4313,3

%Legendas Var. abs. : variação absoluta

Var. % : variação percentualTabela 09 – Principais Crimes: Crimes contra Pessoa e Crimes contra Patrimônio registrados no município de Vitória 1º Semestre 2007/2008 - Locais de Câmeras. Fonte: GEAC/SESP.

Com a implantação do sistema de videomonitoramento nas regiões mencionadas

nas tabelas analisadas, observa-se o efeito pró-ativo dos órgãos de segurança

pública, pois há uma maior facilidade de registro de fatos criminosos, e em muitos

casos, o próprio acionamento da polícia que vai ao encontro do cidadão, mesmo

antes deste tentar acionar a polícia pelo telefone (190).

Desta forma o estudo em relação à análise de dados estáticos é bem complexo,

sendo que nem sempre o aumento do número de registros, significa o aumento de

criminalidade.

88

Page 89: 6064823-Videomonitoramento

Os investimentos do Estado em novas tecnologias na área de Segurança Pública

permitem aos órgãos policiais uma maior facilidade de acesso do cidadão aos

serviços de urgências como, por exemplo, o Centro Integrado Operacional de

Defesa Social (CIODES), que atende pelo número de telefone 190. Esse serviço de

atendimento à população na Grande Vitória, foi notoriamente reconhecido através do

prêmio INOVES 2007.

89

Page 90: 6064823-Videomonitoramento

6 VIGILÂNCIA ELETRÔNICA: PERSPECTIVAS DOS DIREITOS À

PRIVACIDADE E À SEGURANÇA

Com o aumento da criminalidade, o medo e a insegurança dos cidadãos acabam por

legitimar a interferência do Estado no âmbito privado. A solução encontrada por

alguns como uma das tentativas de conter os atos ilícitos, foi a instalação de

câmeras de Videomonitoramento em locais públicos a fim de inibirem atos de

vandalismo, fazendo com que as pessoas respeitem às normas estabelecidas de um

melhor convívio social.

Marcos Rolim (2004) afirma que tal medida tem contribuído a fim de inibir a prática

de crimes. Assim destacou:

Quando as pessoas sabem que estão sendo observadas tendem a agir em conformidade com as normas de convívio. Quando, ao contrário, têm certeza de que não se saberá das suas ações ou que não serão identificadas, agem mais facilmente em desrespeito às mesmas normas (ROLIM, 2004).

Desta forma, a medida implantada de Videomonitoramento, precedente da

Administração Pública, releva questões acerca dos princípios constitucionais da

privacidade e da segurança devido à instalação de câmeras filmadoras em locais

públicos.

No Brasil, somente após o advento da Constituição da República Federativa do

Brasil de 1988 que o direito à privacidade foi positivado e considerado princípio

constitucional.

Reza o inciso X, do artigo 5º da Constituição da República Federativa do Brasil,

promulgada em 05 de outubro de 1988 que:

Art. 5°.[...]X – São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurando o direito à indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação.

90

Page 91: 6064823-Videomonitoramento

O artigo 5.º, inciso X da Constituição Federal de 1988 oferece guarnição ao direito à

preservação da intimidade, assim como ao da vida privada. Segundo Celso Ribeiro

Bastos e Ives Gandra Martins, a intimidade consiste:

[...] na faculdade que tem cada indivíduo de obstar a intromissão de estranhos na sua vida privada e familiar, assim como de impedir-lhes o acesso a informações sobre a privacidade de cada um, e também impedir que sejam divulgadas informações sobre esta área da manifestação existencial do ser humano (BASTOS, [200-?], p. 63).

Não se pode, pois, colocar em evidência as pessoas a constrangimentos ou mesmo

interferir em sua vida particular de maneira a violá-la e expô-la.

Uma das maiores problemáticas levantadas com o uso de câmeras de

Videomonitoramento é quando essas imagens ultrapassam os seus objetivos

principais e passam a visualizar além do objetivo pelo qual foram instaladas,

adentrando em estabelecimentos particulares, flagrando atos pessoais de cada um,

por exemplo, e violando os direitos da privacidade dos cidadãos.

Marcos Rolim (2004) salienta que as pessoas devem ter conhecimento das áreas

onde existem as câmeras de Videomonitoramento. “Todos devem saber dessas

áreas até para as decisões cotidianas” a fim das pessoas poderem, por exemplo,

escolher se irão sair para um local videomonitorado ou se preferirão locais sem

vigilância eletrônica.

O professor da PUC de Minas e Doutor em Direito pela UFPR, Túlio Vianna (2007)

destaca a problemática quando o operador ultrapassa os limites permitidos violando

a privacidade, ressaltando que “não é porque se pode registrar que se pode

necessariamente divulgar”:

[...] é aqui que se encontra uma das principais dificuldades na correta compreensão do direito à privacidade: não é porque alguém tem o direito de monitorar outrem que se pode deduzir daí, necessariamente, que este alguém pode também registrar as cenas e gravar os sons. De forma semelhante, não é porque se pode registrar que se pode necessariamente divulgar [...] (VIANNA, 2007).

91

Page 92: 6064823-Videomonitoramento

Como cediço, o direito à privacidade está inserido entre os direitos da personalidade,

na medida em que a intimidade é elemento essencial à condição humana, sem

julgamentos morais na sociedade.

Carlos Alberto Bittar apud Priscila Madallozzo Pivatto (2005, p. 488 e 489), narra que

o direito à privacidade “consubstancia-se em mecanismos de defesa da

personalidade humana contra injunções, indiscrições ou intromissões alheias”.

A seu turno, José Serpa de Santa Maria, lembrado por Priscila Medallozzo Pivatto

(2005, p. 489) considera a privacidade como ”modo de vivência reservada, sob a

resistência moral, a qualquer intromissão, bem como na razoável exclusão do

conhecimento público de fatos, idéias e emoções pessoais do interessado”.

Desta forma, deve-se ter cautela e observância ao princípio da privacidade quando

da divulgação das imagens, não podendo ser publicadas nos meios de comunicação

em massa sem os devidos cuidados.

Túlio Vianna (2007), destaca que existem três graus de violação a serem

observados quando um indivíduo encontra-se em locais públicos videomonitorados:

no caso da monitoração, do registro e principalmente, da divulgação, ressaltando

que independentemente do indivíduo se encontrar em local público e estar sendo

tele-assistido, tais imagens não podem ser divulgadas sem as devidas cautelas.

Nesse aspecto acrescenta o Doutor:

[...] O simples fato de se encontrar em um local público não gera em ninguém a expectativa de ter sua imagem ou suas conversas divulgadas posteriormente para um número potencialmente infinito de pessoas. Toda e qualquer análise do direito à privacidade deve partir do pressuposto de que há três graus possíveis de violação desse direito fundamental: a monitoração, o registro e a publicação. Os limites desse direito estarão condicionados à expectativa de privacidade de cada um em cada momento (VIANNA, 2007).

Nesse sentido, abre-se a discussão acerca da ponderação entre o conflito existente

entres os direitos à privacidade e a necessidade de novas técnicas para controle à

criminalidade, como é o caso do Videomonitoramento de maneira a não violar a

intimidade e privacidade dos indivíduos. Deve haver ponderação e cautela no que

92

Page 93: 6064823-Videomonitoramento

concerne à necessidade de segurança de implementação de novas técnicas a fim de

rebaixar a criminalidade sem que para que isso ocorra, precise, necessariamente,

expor e levar ao conhecimento do público, os indivíduos ao ridículo.

6.1 POSSIBILIDADES DE PONDERAÇÃO NO CONFLITO ENTRE OS

DIREITOS À PRIVACIDADE E À SEGURANÇA

A partir da instalação de câmeras de filmagens é possível verificar a existência de

colisão entre os princípios constitucionais de privacidade e segurança em áreas

públicas. Ao mesmo tempo em que a utilização de câmeras é essencial para

preservação de direitos e segurança dos indivíduos, podem acabar revelando a

privacidade e a intimidade de alguns.

Através da matéria Publicada XIII Encontro Nacional do CONPEDI (Conselho

Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Direito), realizado em Florianópolis,

Priscila Meddalozzo Pivatto (2005), destaca que os usos de câmeras de filmagens

podem ultrapassar limites da esfera da privacidade na medida em que objetivam a

segurança pública:

Na hipótese concreta do monitoramento com câmeras filmadoras, é possível considerar que a tutela do direito à segurança ultrapasse limites da esfera da defesa da privacidade. Em certa medida, as câmeras, objetivando garantir a segurança pública, penetram na vida privada dos indivíduos. Além de filmar, registrar e armazenar imagens de indivíduos em atividades corriqueiras, as pessoas têm cerceadas nuances de sua liberdade, pois agem como se estivessem sendo constantemente observadas. (PIVATTO, 2005, p. 492-493).

Nesse sentido, João Bosco Araújo Fontes Júnior (2005) ensina que “[...] os conceitos

de intimidade e domicílio são indissociáveis, de forma que a proteção do domicílio

constitui uma manifestação diretamente vinculada à tutela da intimidade [...]”

(FONTES JUNIOR, 2005, p. 125).

Gustavo Almeida Paolinelli de Castro, em sua obra “Direitos Humanos e Segurança

Pública: a modernização do espaço público” ([200-?]), completa:

93

Page 94: 6064823-Videomonitoramento

Em princípio, é necessário observar que uma política pública que pretenda a instalação de câmeras como forma de exercício da ordem, deve considerar, com apurado rigor, a existência dos direitos fundamentais, como o direito à intimidade [...] (CASTRO, [200-?], p. 8).

O importante aqui a se destacar, é a cautela que se deve ter quando do

direcionamento das câmeras de Videomonitoramento para obtenção de imagens e a

restrição da divulgação dessas imagens, resguardando a privacidade de cada um,

sendo permitidas as divulgações de imagens de pessoas quando autorizadas por

estas, caso contrário, deve-se resguardar sua privacidade utilizando métodos de

proteção à imagem da pessoa.

Na capital de Portugal, Lisboa, todas as imagens captadas e gravadas através do

Videomonitoramento são notificadas para serem autorizadas ou não pela entidade

administrativa independente chamada de CNPD – Comissão Nacional de Proteção

de Dados, que funciona conjuntamente com a Assembléia da República daquele

país.

Tal comissão, segundo informações extraídas da comissão em Portugal (2008),

destaca que a notificação deve ser realizada pelo responsável pelo processamento

de dados. A CNPD, nesse aspecto, tem como atribuições:

Controlar e fiscalizar o cumprimento das disposições legais e regulamentares em matéria de proteção de dados pessoais.Emitir parecer prévio sobre quaisquer disposições legais, bem como sobre instrumentos jurídicos comunitários ou internacionais relativos ao tratamento de dados pessoais. Exercer poderes de investigação e inquérito, podendo para tal aceder aos dados objeto de tratamento. Exercer poderes de autoridade, designadamente o de ordenar o bloqueio, apagamento ou destruição dos dados, assim como o de proibir temporária ou definitivamente o tratamento de dados pessoais. Advertir ou censurar publicamente o responsável do tratamento dos dados, pelo não cumprimento das disposições legais nesta matéria. Intervir em processos judiciais no caso de violação da lei de proteção de dados. Denunciar ao Ministério Público as infrações penais nesta matéria, bem como praticar os atos cautelares necessários e urgentes para assegurar os meios de provas ([20--?]).

O objetivo da CNPD ([20--?]) é emitir pareceres relativos ao tratamento de dados

pessoais fixando prazos na conservação de dados, em função da finalidade,

assegurando o acesso de retificação e atualização. Pode ainda, a pedido de

qualquer pessoa, verificar a ilicitude de um tratamento de dados no caso de acesso

94

Page 95: 6064823-Videomonitoramento

indireto promovendo a divulgação e esclarecimento dos direitos à proteção de dados

dando publicidade periódica à sua atividade.

Aqui no Estado, existe a Lei de n° 2.903/2005, promulgada em 28 de dezembro de

2005 que tem por objetivo dispor sobre a instalação de câmeras filmadoras no

município de Serra-ES e sobre outras providências. Já no município de Vitória-ES

ainda não existe uma lei regulamentadora específica.

CASTRO (2007), referindo-se aos direitos da intimidade e privacidade tendo em

vista a segurança pública, expressa que:

Não se trata, pois, de dizer que o princípio da segurança pública é superior ou inferior ao da intimidade. Tal postura, aliás, é totalmente rechaçável se analisada sob uma lógica reflexiva e construtivista-discursiva de aplicação dos direitos fundamentais [...] (CASTRO, 2007, p. 89).

Significa dizer que, deve haver ponderação quanto ao sistema tecnológico de

segurança pública e os direitos da privacidade preservados. Acrescenta ainda o

autor que:

Nesse sentido, o ponto fundamental para o equilíbrio sociojurídico está na harmonia do programa com os princípios erigidos na Constituição, e na sua aceitabilidade racional por parte de todos os possíveis afetados pela medida, o que nem de longe se avistou (CASTRO, 2007, p. 89).

Desta forma, a medida implantada pelos governos como ferramenta de controle da

criminalidade não deve ser vista como violação dos direitos à intimidade e à

privacidade e sim como técnica inovadora no controle a criminalidade, destacando

que os administradores e controladores do sistema de Videomonitoramento devem

ter cautela na administração e captação das imagens e principalmente quanto à

divulgação destas.

Luísa Brito (2008), reportando-se a visão dos advogados em um modo geral

colaciona que “é preciso regulamentar o sistema para que as câmeras sejam

colocadas somente em locais onde realmente haja necessidade como pontos com

alto índice de criminalidade ou de vandalismo” (BRITO, 2008).

95

Page 96: 6064823-Videomonitoramento

O presidente do IBDE - Instituto Brasileiro de Direito do Estado e professor da

Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Mário Cammarosano apud

BRITO, acrescenta que:

Tem que haver uma conciliação entre o princípio do direito à privacidade e o da segurança pública. A polícia não pode usar o sistema para monitorar uma pessoa individualmente [...] a imagem só deve ser aproximada por meio de zoom quando houver suspeita do comportamento de alguém. O professor defende também que seja disciplinado o uso das imagens para que apenas pessoas determinadas tenham acesso ao que é filmado (CAMMAROSANO, apud BRITO, 2008).

Assim, algumas empresas se destacam apresentado e concluindo estudos acerca

do posicionamento das lentes das câmeras a fim de focarem pontos estratégicos

específicos, sem que para isso precisem adentrar na intimidade e privacidade de

seus cidadãos.

6.2 POSICIONAMENTO E DIRECIONAMENTO DA IMAGEM

PRODUZIDA PELAS CÂMERAS DE VIDEOMONITORAMENTO COMO

MEDIDA ALTERNATIVA PARA NÃO VIOLAÇÃO DOS DIREITOS À

INTIMIDADE E À PRIVACIDADE

Para melhor compreensão acerca do tema, mister se fazer alguns esclarecimentos

quanto ao significado de foco de imagem e profundidade de foco ou também

chamado de profundidade de campo. Conforme informações da empresa Fazendo

Vídeo (2007), o foco é o local onde a imagem é projetada pela objetiva da câmera

dentro da profundidade do campo da área:

[...] foco é o local onde forma-se a imagem projetada pela objetiva da câmera. Quando um feixe de raios de luz atinge a superfície de uma lente instalada em uma câmera, a mesma desvia sua trajetória de maneira que para determinado ponto. [...] profundidade de foco da mesma forma como a profundidade de campo é a área na frente da lente (em frente à câmera) para a qual todos os pontos ali localizados apresentam-se nítidos à visão humana [...] (2008).

96

Page 97: 6064823-Videomonitoramento

Exemplifica ainda a empresa, que quando a imagem é desviada para outro ponto

denominado ‘A’, “situado em um objeto na frente da câmera seja formada a imagem

do mesmo ponto no interior da mesma” (2008). De maneira a exemplificar tais

informações, a empresa Fazendo Vídeo apresentou uma figura exemplificativa,

conforme pode se observar abaixo.

Fig. 06 – Imagem projetada pela objetiva da câmera.

Contudo, se o anteparo sobre o qual se desenvolveu a imagem for deslocado para

trás ou para frente, a imagem não estará mais focalizada, e sim fora de foco, isto é,

se for movido o anteparo será possível obter vários pontos dispersos e não mais um

único foco em específico (2008).

Fig. 07 – Vários pontos dispersos da imagem.

A empresa conclui que “Se ao invés de se deslocar o anteparo, deslocar-se o objeto

(ponto A) o resultado será o mesmo: a imagem ficará desfocalizada”, ou seja, o

campo do foco e de imagem será aumentado, vez que possibilitará visualizar vários

pontos ao mesmo tempo(2007).

97

Page 98: 6064823-Videomonitoramento

A imagem, quando focalizada, mostra-se nítida sobre o anteparo; pode-se deslocar

então o anteparo para frente ou para trás, por uma fração de milímetro e a imagem

continuar nítida. Esta é a profundidade de foco, como exemplifica a imagem abaixo:

Fig. 08 – Profundidade de foco de imagem e profundidade de campo de imagem.

E acrescentam que “Enquanto a profundidade de campo corresponde a uma área

medida normalmente em metros (podendo variar de alguns centímetros, [...], até

dezenas ou centenas de metros [...]), a profundidade de foco, [...], é extremamente

menor [...]” (2008).

Como salientado no tópico anterior, as câmeras podem ter os seus focos desviados

ou distorcidos na medida de suas necessidades, dessa forma, pode-se desviar o

foco imediatamente para o local onde mereça melhor observação. A empresa

Fazendo Vídeo ressalta ainda essa questão:

[...] ajustando o foco no anel da objetiva x rack focus o efeito rack focus consiste em mudar rapidamente o foco de um elemento da cena para outro, para chamar a atenção do público, como em uma sala com pessoas conversando ao fundo (local onde está inicialmente o foco) e um telefone em primeiro plano (desfocado). Quanto o telefone toca, o foco muda das pessoas para ele (2008).

Uma questão bastante interessante levantada pela empresa é que existem maneiras

de fazer com que o fundo da imagem fique fora de foco, concentrando o foco em

primeiro plano. Esse tipo de procedimento pode-se enquadrar como um tipo de

ponderação entre o direito à privacidade sem desmerecer a segurança da

sociedade.

98

Page 99: 6064823-Videomonitoramento

Tal procedimento pode ser usado no intuito de preservar os direitos da privacidade

do cidadão uma vez que o operador não terá a visibilidade da imagem projetada no

fundo da tela quando esta se tratar de, por exemplo, de imóvel residencial ou

ambientes particulares, possuindo o operador do sistema somente a imagem de

interesse da segurança social.

[...] existem algumas maneiras de fazer com que o fundo da imagem fique fora de foco, concentrando o foco no primeiro plano. Uma delas é aumentar a abertura do diafragma manualmente, quando a câmera permite este controle direto. Neste caso, quando isto é feito, aumentará a quantidade de luz que entra pela objetiva e o sistema de exposição automática da câmera aumentará a velocidade do obturador para compensar esta quantidade extra de luz. [...] Se a câmera não possuir controle manual direto sobre a abertura do diafragma, pode ser tentado o aumento da velocidade do obturador - controle este presente na maioria das câmeras - que produzirá o mesmo efeito. A outra alternativa para se desfocar o fundo é simplesmente mover a câmera para mais próximo do objeto a ser focalizado: quanto menor esta distância, mais desfocado ficará o fundo atrás do mesmo (2008).

Desta forma, deve-se haver ponderação no armazenamento e divulgação das

imagens obtidas através do controle de videomonitoramento, bem como a realização

de novos estudos de técnicas alternativas para o uso e manutenção das câmeras

sem que para isso necessite violar a privacidade e a intimidade de cada um como

bem asseverado no presente estudo.

99

Page 100: 6064823-Videomonitoramento

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Desnudou-se que ao longo da história, no contexto mundial, a violência aumentou

nos grandes conglomerados populacionais gerando medo e insegurança. Diante

disso, medidas mais urgentes foram adotadas a fim de propiciarem uma melhora da

segurança, e conseqüentemente, da qualidade de vida da sociedade.

Uma das novas soluções tecnológicas encontradas para o resguardo da Segurança

Pública foi a aplicação de câmeras de Videomonitoramento em locais públicos a fim

de inibirem atos criminosos, fazendo com que as pessoas respeitem às normas

estabelecidas, favorecendo um melhor convívio social.

Essa é uma tendência verificada em outras nações, notadamente na Inglaterra, onde

a aplicabilidade ganhou mais forma a partir de um ataque terrorista ao centro de

investimentos londrino em 1993, causando uma morte e dezenas de feridos. Mais

recentemente, após ocorrência de outro ataque terrorista, nas torres gêmeas em

Nova York, Estados Unidos, no ano de 2001, espalhou-se em nosso país o sistema

de Videomonitoramento em vias públicas, não como instrumento de controle aos

terroristas, mas como ferramenta auxiliadora na redução da criminalidade.

Diante dos conflitos sociais exacerbados na sociedade, os órgãos policiais adotaram

esse sistema revolucionário de controle à criminalidade e de revelação de infratores

que ferem a ordem constitucionalmente estabelecida, permitindo assim, que todos

os cidadãos exerçam suas atividades sem perturbação de outrem.

Nesse contexto, as câmeras de vídeo são instaladas em locais estratégicos,

facilitando dessa forma o trabalho da polícia local, tanto na atividade de antecipação

do fato delituoso, quanto na sua prevenção.

Os índices criminológicos verificados após a implantação do sistema, bem

destacados no presente trabalho comprovam a sua eficácia na medida em que se

100

Page 101: 6064823-Videomonitoramento

começa a utilizar desses artifícios tecnológicos com planejamento e sem

suplantação de outras atividades de segurança.

Essas aplicabilidades se tornaram muito mais visíveis no projeto desenvolvido na

cidade de Serra, onde se notou um melhor planejamento estrutural do

Videomonitoramento, além de um corpo profissional específico para o

acompanhamento das imagens angulares das câmeras. Em Vitória, o

acompanhamento ainda é parcial e mesclado com outras atividades policiais,

diminuindo o ângulo favorecedor do fator predição. Porém o fator visibilidade, ou

seja, “ver-ser visto” conforme bem asseverou Fernanda Bruno (2004), está inibindo

muitas pré-concepções delituosas nos logradouros videomonitorados.

O que se deve destacar quanto à obtenção de imagens captadas através das lentes

das câmeras é a importância da preservação dessas imagens e resguardo quanto à

publicação das imagens, de modo a não se violar a privacidade e a intimidade de

cada um.

Um detalhamento esmiuçado nessa monografia encontra escopo na literatura de

Priscila Meddalozzo Pivatto (2005), João Bosco Araújo Fontes Júnior (2005) e outros

autores, haja vista ser imprescindível a preservação dessas garantias fundamentais,

fatores que não se sobrepõe à segurança, mas andam primordialmente de mãos

dadas.

Deve-se, portanto, haver equilíbrio entre o conflito existente através da captação e

armazenamento de imagens, e os direitos à privacidade e à intimidade dos

indivíduos, de maneira que se preserve a privacidade e a intimidade da sociedade e

ao mesmo tempo consiga se obter um excelente resultado com o uso das câmeras

na prevenção da ordem pública e a identificação de criminosos como bem

asseverado no presente estudo.

É oportuna, porém, a lição do professor Carlos Ari Sundfeld, ao concluir que: “Tem

de se controlar o uso posterior dessa imagem, ver onde ela será guardada, não

deixar divulgar” (SUNDFELD apud BRITO, 2007).

101

Page 102: 6064823-Videomonitoramento

A devida administração e armazenamento das imagens sob pena de abuso e

ilegalidade por parte da administração pública deve ser necessário, não violando,

dessa forma, diversos preceitos constitucionais basilares da democracia, tendo a

título exemplificativo, a violação do direito à privacidade e da dignidade da pessoa

humana, em tese.

Vale ressaltar, por oportuno que o emprego do sistema de Videomonitoramento não

substitui a atuação presencial das forças policiais. Muito pelo contrário, ele auxilia o

trabalho policial, fazendo com que os operadores do sistema visualizem as infrações

no exato momento dos acontecimentos, ampliando desta forma, o “campo de visão

policial” para prevenção e controle da violência social.

Em suma, os recursos disponibilizados pela redução da demanda nos espaços de

Videomonitoramento agora poderão ser mais bem empregados em outras áreas

com taxas de criminalidade acentuadas e que ainda não foram contempladas por

esse sistema.

Algumas câmeras de Videomonitoramento também possuem aparelho de áudio

acoplado ao vídeo, permitindo ao controlador emitir um alerta ao autor do delito no

exato momento do cometimento da conduta, funcionando dessa forma, como

repressão e orientação. A “autovigilância” relatada por Foucault (apud Bruno, 20004)

ganha aqui uma nova matiz na medida em que o olho que tudo vê agora se

comunica com o indivíduo e o repreende se o caso requerer.

Portanto, esse trabalho discorreu essencialmente sobre a boa funcionalidade do

Videomonitoramento, que foi devidamente constatada através dos dados estatísticos

apresentados, apesar do pouco tempo em que o sistema está em funcionamento.

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VIRILIO, Paul. Velocidade e Política. São Paulo:Estação Liberdade, 1996.

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Page 109: 6064823-Videomonitoramento

ANEXO A

DIÁRIO OFICIAL Porto Alegre, quarta-feira, 27 de abril de 2005, p.42Secretaria da Justiça e da Segurança

PORTARIA SJS Nº 042, DE 25 DE ABRIL DE 2005.Fixa normas de utilização do videomonitoramento de vias públicas para as

atividades de Segurança Pública.O SECRETÁRIO DE ESTADO DA JUSTIÇA E DA SEGURANÇA,

no uso de suas atribuições legais e administrativas, em especial as constantes no art. 2º da Lei n.º 10.356, de 10 de janeiro de 1995;

Considerando a necessidade de atendimento que preceitua a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, no seu Artigo 5º, Inc X: “São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito à indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação”; em respeito ao cidadão, buscando a seriedade que merece e o profissionalismo necessário ao funcionamento do Serviço de Monitoramento por câmeras de vídeo em local público, processo útil para a Segurança Pública, no qual estão envolvidas diversas entidades e forças vivas da comunidade;

Considerando as disposições da Lei nº 8.159, de 08 de janeiro de 1991, e a necessidade de salvaguarda de dados, informações, documentos e materiais sigilosos de interesse da Segurança da Sociedade e do Estado, o resguardo da inviolabilidade da intimidade, da vida privada, da honra e da imagem das pessoas;

Considerando que todas as imagens recolhidas, armazenadas e/ou processadas por meio do videomonitoramento são consideradas informações sensíveis e devem ser tratadas conforme as condições indicadas nesta política de privacidade das informações. Entende-se por informação sensível, qualquer informação captada pelo sistema de videomonitoramento de vias públicas, pois trata de comportamentos, hábitos, características, rotinas ou quaisquer outras informações que, direta ou indiretamente, permita ao espectador das filmagens inferir sobre qualquer pessoa, seja esta pessoa física ou jurídica;

Considerando que deverão ser adotados níveis de segurança da informação conforme as melhores práticas da tecnologia da informação, para evitar perda, mau uso, alteração, acesso não autorizado ou subtração indevida dos dados sensíveis recolhidos;

Considerando a necessidade de garantir a preservação da privacidade, confidencialidade, integridade e disponibilidade das informações, o sistema tecnológico e os processos administrativos sobre videomonitoramento voltados à segurança pública;

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Considerando que a tecnologia disponível para captação, armazenamento e transmissão de imagens está cada vez mais disponível no mercado sendo empregada a tecnologia para proteção do patrimônio, de edifícios, transmissão de imagens para canais de televisão, páginas na internet,acompanhamento de eventos, segurança privada de estabelecimentos comerciais, e outras;

Considerando a proliferação do uso de câmeras de videomonitoramento no Estado do RioGrande do Sul, com finalidades diversas daquelas que devem ser prestadas pelos organismos de segurança pública;

Considerando a necessidade de modernização tecnológica dos órgãos de segurança pública por meio da correta utilização destas ferramentas na melhor prestação do serviço público;

Considerando os aspectos constitucionais que regulam a atividade policial;

RESOLVE:Definir as seguintes regras indispensáveis ao funcionamento de

videomonitoramento de vias públicas como ferramenta de apoio às atividades policiais no Estado do Rio Grande do Sul:

Art. 1º - Qualquer projeto de monitoramento de vídeo de vias públicas, antes de ser implementado, deverá possuir a aprovação técnica da Secretaria da Justiça e da Segurança, sendo função do Departamento de Relações Institucionais, através da Divisão de Monitoramento de Vídeo, receber o projeto, analisar, manifestar-se quanto a aprovação, e fiscalizar a implementação e desenvolvimento dos trabalhos de videomonitoramento, sendo vedada a participação de funcionários da área da Justiça e da Segurança em qualquer projeto que não tenha a aprovação prévia da pasta.

Parágrafo único – São partes indispensáveis para aprovação de qualquer projeto, independente da origem dos recursos para sua instalação:a) Descrição técnica do projeto;b) Responsável técnico;c) Local de instalação das câmeras com as justificativas técnicas e operacionais;d) Fixação de responsabilidade de observação por videomonitoramento (qual o órgão executará a tarefa);e) Descrição dos objetivos do projeto (especificando que atende exclusivamente interesses da Segurança Pública obedecendo aos preceitos legais ou eventualmente outras finalidades);f) Definição dos encargos e providências dos observadores, e do administrador do sistema de videomonitoramento;g) Tempo de armazenamento das imagens (nunca inferior a trinta dias);h) Situações em que poderão ser extraídas imagens do sistema de armazenamento para atendimento de solicitações.

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Art. 2º - Os administradores e operadores das estações de monitoramento de vídeo em qualquer projeto deverão, antes de iniciarem os seus trabalhos, ter conhecimento da Política de Segurança das Informações da SJS e assinar termo de confidencialidade relacionado ao assunto.

Art. 3º - O monitoramento de áreas públicas deverá observar os mesmos preceitos que o monitoramento público convencional desenvolvido pelos agentes de segurança pública tanto em suas atividades preventivas, quanto em suas atividades repressivas, devendo sua observação buscar manter a sensação coletiva de segurança das pessoas que circulam pela área monitorada. Portanto devem ser observadas quaisquer aglomerações de pessoas, distúrbios da ordem, situações ou movimentações suspeitas, em consonância com o disposto no artigo 240, § 2º e artigo 244, do Código de Processo Penal, o qual versa sobre o instituto da “fundada suspeita”.

Art. 4º - O monitoramento executado pelos observadores deverá buscar unicamente prover segurança tanto preventivamente quanto repressivamente aos transeuntes, moradores e trabalhadores das regiões monitoradas.

Art. 5º - Durante o monitoramento deve ser mantida a tônica da vigilância realizada pelos servidores em ação convencional, ou seja, deve-se prestar atenção a indivíduos com ações suspeitas em detrimento a indivíduos que, a priori, não ensejem algum tipo de suspeita.

Art. 6º - Informações pessoais são aquelas relacionadas aos indivíduos que foram filmados ou estão sendo observados por meio do sistema de videomonitoramento e que não estejam em situação de flagrante delito.

Art. 7º - Qualquer tipo de informação seja ela relativa a pessoa, fato, evento, infração, encontro entre uma ou diversas pessoas, comportamento de transeuntes, placas de carro, identificação de indivíduos – tais como roupa ou características pessoais, horário de funcionamento de estabelecimentos comerciais, comportamento de moradores, comportamento de lojistas oudemais informações que puderem ser observadas, são consideradas informações pessoais e devem ser mantidas seguras, atentando os aspectos confidencialidade, integridade e disponibilidade.

Art. 8º - Nenhuma informação pessoal poderá ser divulgada externamente, independentemente de quem for o requerente, sem aprovação do Administrador do sistema ou mediante autorização judicial.

Art. 9º - Os observadores do sistema de câmeras devem se comprometer a não coletar informações que não tenham relação com os processos de segurança pública.

Art 10 - A visualização de informações pessoais em telas de computador, documentos ou outras formas semelhantes deve ser realizada com o máximo cuidado a fim de evitar invasão de privacidade, bem como a leitura ou a visualização não autorizada por terceiros.

Art 11 - As Centrais de Monitoramento (Administração do Sistema) deverão estar localizadas em instalações de propriedade das instituições que

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compõem a SJS. Nas cidades em que existirem os Centros Integrados de Operações de Segurança Pública, estes deverão abrigar as Centrais de Monitoramento. Nos demais casos deverão estar localizadas junto aos órgãos que desenvolvem o policiamento ostensivo preventivo, e a atividade de observação deve ser exercida exclusivamente por agentes dos quadros da Polícia Preventiva, cabendo a esta a coordenação operacional da execução do serviço.

Art 12 - Toda vez que o projeto tiver origem na iniciativa privada, universidades ou outras espécies de instituições, para uso híbrido, deverá ser firmado Protocolo de Cooperação Técnica entre estas e a Secretaria da Justiça e da Segurança, definindo o uso individualizado da imagem de acordo com a especificidade de cada objetivo.

Art 13 - Os projetos que já se encontrarem em funcionamento por ocasião da edição desta Portaria terão o prazo de trinta dias para se ajustarem à presente.

José Otávio GermanoSecretário da Justiça e Segurança do Estado do RS (sic)

Disponível em: <https://www.corag.com.br/diario/index.php>Acesso em: 28 de jul. 2008.

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ANEXO B

ENTREVISTA DO SR. LEDIR PORTO

PERGUNTAS E RESPOSTAS:

1) Existem quantas câmeras instaladas em vias públicas em Serra?

R. Ao todo são 12 (doze), com previsão de aumentar com recursos do programa

do PRONASCI (Ministério da Justiça) em mais de 35 câmeras. As atuais

câmeras estão instaladas nas áreas de comércio intenso (laranjeiras), litoral

(Plano Verão) e em áreas de elevados índices de crime contra a vida (Bairro Feu

Rosa).

2) O número de câmeras instaladas na cidade é o ideal?

R. devido a demanda da cidade o número de câmeras instaladas é insuficiente,

como dito antes a tendência de aumentar para 35. Vale destacar o seu

incremento necessitaria de um maior investimento em aumentar o número de

pessoas que trabalham diretamente no monitoramento das filmagens.

3) Como é feito o controle do monitoramento em Serra?

R. Sua central fica no Destacamento da bike patrulha da PMES em

Laranjeiras/Serra, sendo seu monitoramento realizado 24 (vinte e quatro) horas

por dia por policiais militares aposentados em sistema de revezamento. Vale

ressaltar que o responsável pelo monitoramento das filmagens tem a sua

disposição equipamentos de telefone, rádio local (ponto a ponto) e o com o rádio

do Centro de Operações da Polícia (CIODES). É importante salientar que a

capacitação das pessoas que monitoram as filmagens tem que ter prioridade, a

fim de utilizarmos melhor os recursos que sistema disponibiliza.

4) Qual é o objetivo do sistema?

R. A construir uma cultura de paz e melhorar ou potencializar o controle das

questões de segurança, gerando com essas ações uma maior tranqüilidades

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pública para a comunidade serrana, bem como as pessoas que circulam pela

cidade.

5)Quais os bairros de Serra que são atendidos pelo sistema?

R. são atendidos os bairros de Laranjeiras (sete câmeras), Jacaraípe (duas

câmeras) e Feu Rosa (duas câmeras).

6)Analisando custo / benefício, é viável a manutenção de investimento

neste sistema?

R. Sim. Diante do quadro de criminalidade que se encontrava o município, o que

destoava do crescimento econômico da cidade, o que poderia prejudicar os

investimentos privados nesse processo, o investimento em vídeo monitoramento

tem trazido consideráveis resultados na segurança dos cidadãos serranos.

Implementando um sistema pioneiro no Estado, inclui a segurança pública em

termos de avanço tecnológico, de forma a melhor dispor o aparato policial da

região.

7 ) Existe instrumento legal que regula o vídeo monitoramento?

R. sim. Existe uma lei municipal que regula.

8) Há previsão de que seja instalado o sistema em outras regiões do

município?

R. Sim. Devido a mobilidade das câmeras, poderão ser deslocadas câmeras para

outros bairros, com no caso de jardim limoeiro (prostituição), e com a colocação

em prática do programa do PRONASCI, outros bairros seriam atendidos pelo

serviço.

9) A participação do município no contexto da Segurança Pública é

fundamental e especificamente no vídeo monitoramento ?

R. É claro, na segurança pública, o Estado não conseguir gerir sozinho todas a

ações de cunho preventivo e repressivo, se faz necessário a participação do

município, investimentos em projetos sociais, melhorias na rede ensino público,

e logicamente investimentos na própria segurança pública e em ações de seus

órgãos fiscalizadores. Vale ressaltar que o Estado não consegue obter bons

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resultados nessa área trabalhando sozinho, bem como, os municípios também

não conseguem atender a contento seus munícipes tomando iniciativas isoladas.

10) Qual o objetivo do uso das Câmeras tagarelas?

R.Ela opera com objetivo de levar cidadania ao cidadão, passando informações e

dicas de segurança, orientações quanto normas de trânsito de forma a evitar

acidentes e até mesmo prevenção de delitos, além de divulgar o próprio sistema.

Ledir Porto.

Secretário de Defesa Social da PMS.

Local da Entrevista: Central de monitoramento em Laranjeiras/Serra.

Dia da Entrevista: 25 de julho de 2008.

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ANEXO C

ENTREVISTA DO SR. JOSÉ ROBERTO BARBOSA DA SILVA

PERGUNTAS E RESPOSTAS:

1) Existem quantas câmeras instaladas em vias públicas em Vitória?

R. Ao todo são 06 ( seis ), devendo passar para 12 ( doze ) brevemente, a indicação

de da localização da instalação de cada câmera é dinâmica e se dá em razão do

acompanhamento estatístico do mapa do crime que pode ser mutável.

2) O número é ideal?

R. Com certeza não, mas já projetos para ampliação do sistema.

3) Como é feito o controle do monitoramento em Vitória?

R. Sua central fica no CIODES, sendo seu controle realizado 24 ( vinte e quatro )

horas pela Guarda Municipal de Vitória. Vale ressaltar que é fundamental a

participação do 1BPM no projeto, pois a polícia está diretamente interligada ao

sistema.

4) Qual é o objetivo do sistema?

R. a prevenção de delitos e agilidade da polícia para o atendimento ao cidadão em

crime em andamento ou já ocorrido.

5) A SESPES tem utilizado as filmagens para elucidar alguns delitos?

R. A SESP disponibiliza em seu site um recurso chamado TESTEMUNHA VIRTUAL,

que permite ao cidadão o envio e o acesso a vídeos gravados em estabelecimentos

particulares vitimados nas diversas modalidades de crimes, facilitando o

reconhecimento dos agressores.

6) Analisando custo / benefício, é viável a manutenção de investimento neste

sistema?

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R. Sim. Principalmente Vitória que é a capital do Estado, sendo detentora de maior

arrecadação de recursos, corroborada pela maior circulação de recursos financeiros

e de pessoas.

7) Existe instrumento legal que regula o vídeo monitoramento?

R. Há uma lacuna no que refere a regulamentação quanto a utilização desses

recursos tecnológicos, mas a SESP procura apenas divulgar as imagens após uma

criteriosa análise de seus técnicos, editando o material de forma a não trazer

embaraços a administração pública.

8) Há previsão de que seja instalado o sistema em outros municípios?

R. Sim. Como no caso do município de Anchieta, que já está assinado e com

previsão de entrar em funcionamento em Setembro de 2008. Do mesmo modo estão

em estudo a implementação do sistema nos municípios de Aracruz, Linhares,

Castelo e Cachoeiro.

9) A parceria entre o Estado no campo da segurança pública com o município

é fundamental?

R. É claro, é um dos elos mais importantes, o município é o gestor do projeto, sendo

responsável por metade dos recursos financeiros empregados no sistema. Ressalta-

se ainda a exigência com relação à lei seca estadual, que prevê que em eventos

com público acima de 5.000 ( cinco mil ) pessoas, deva ser o vídeomonitorado.

10) Como vai ser o Observatório da Violência da região sudeste?

R. De forma a integrar os trabalhos das Secretarias de Segurança Pública da

região, sendo para isso criado um banco de dados que contenham informações de

criminosos que agem na região e que possam ter ramificações em outros Estados

da região.

JOSÉ ROBERTO BARBOSA.DA SILVA.

Chefe do planejamento e modernização da SESP.

Local da Entrevista: SESP – Secretaria de Segurança Pública

Dia da Entrevista: 17 de julho de 2008.

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ANEXO D

ENTREVISTA DO SR. EVERALDO FRANCISCO COSTA

PERGUNTAS E RESPOSTAS:

1) Existem quantas câmeras instaladas em vias públicas em Vitória?

R. 06 (seis) câmeras distribuídas nas principais vias de circulação de pessoas da

cidade, funcionando como um projeto piloto.

2) O número de câmeras instaladas na cidade é o ideal? Vitória tem

previsão de receber recursos do PRONASCI para a instalação de mais

câmeras de vídeo monitoramento?

R. Não é o número ideal de câmeras. O município de Vitória já tem convênio

assinado com o Ministério da Justiça, com recursos para a instalação de 35

(trinta e cinco) câmeras, possibilitando uma ampliação do sistema.

3) Como é feito o controle do monitoramento em Vitória?

R. A central de monitoramento fica no CIODES/SESP. É produzido um

informativo do monitoramento das câmeras todos os dias.

4) Qual é o objetivo do sistema?

R. Ser mais um instrumento de controle da violência e criminalidade. Inibir a

prática de delitos, contribuindo para a prevenção.

5)Quais os bairros de Vitória que são atendidos pelo sistema?

R. Neste momento (30/07/2008), temos câmeras instaladas nas seguintes

localidades: 01 (uma) em Jardim Camburi, 01 (uma) na praça do Papa, 01 (uma)

na avenida Jerônimo Monteiro (praça Costa Pereira), 01 (uma) na avenida

Marcos de Azevedo (Vila Rubim), 01 (uma) na rua Jurema Barroso (Ilha do

Príncipe) e outra na rodoviária de Vitória.

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6)Analisando custo / benefício, é viável a manutenção de investimento

neste sistema?

R. Este é um sistema caro. No entanto, temos a possibilidade de novos

processos licitatórios baixando estes custos, como nosso sistema é novo e é

piloto estávamos trabalhando a mensuração dos resultados do impacto do vídeo

monitoramento.

7 ) Existe instrumento legal que regula o vídeo monitoramento em via

pública?

R. Em Vitória não há lei ainda para regular o sistema em vias públicas.

8) Há previsão de que seja instalado o sistema em outras regiões do

município?

R. As 35 (trinta e cinco) novas câmeras a serem instaladas, devem ser cobertas

as principais vias de entrada e saída da ilha de Vitória, pontes, principais

corredores e locais indicados pelo mapa do crime, além dos locais indicados

pelos comandantes das companhias e batalhões da Polícia Militar.

09) A participação do município no contexto da Segurança Pública é

fundamental e especificamente no vídeo monitoramento ?

R. O município de Vitória tem assumido de forma pró-ativa a questão da

segurança, atuando com um conjunto de políticas públicas na área social

(Programa Vitória da Paz); Guarda Municipal; vídeo monitoramento, dentre

outras ações.

10) O município de Vitória tem interesse de fazer uso de Câmeras

tagarelas?

R. É possível que seja usado este tipo de instrumento, entretanto, nossa maior

preocupação é ampliar o sistema, e em parceria com a PMES dar contra-

resposta aos delitos e crimes visualizados pelas câmeras, ou seja, todos os

casos suspeitos e eventos criminais captados pelas filmagens precisam de

respostas imediatas.

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Everaldo Francisco Costa.

Coordenador de pesquisa e monitoramento da violência urbana e gestor do contrato

de vídeo monitoramento da Prefeitura Municipal de Vitória.

Local da Entrevista: Secretaria Municipal de Segurança Urbana.

Dia da Entrevista: 30 de julho de 2008.

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