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ANO LECTIVO 2011-2012 Leia o texto de Isabel Leal, psicóloga e professora de psicologia clínica no ISPA (instituto superior de psicologia aplicada). O artigo foi publicado na revista Caras. Dos usos dos psicólogos empre que acontece um qualquer acidente trágico, a comunicação social faz eco da mobilização de psicólogos para o apoio à vítimas. Quer para os acidentados, quer para as suas famílias. As razões da banal mobilização destes técnicos, que fazem parte de equipas de saúde, são tão curiosas como contraproducentes. Pareceria razoável que, em casos excecionais, se disponibilizassem todos os recursos disponíveis, todos eles importantes e meritórios. Para lá dos bombeiros e dos diferentes técnicos intervenientes nos salvamentos, têm de existir as equipas de saúde onde os paramédicos, os enfermeiros, os médicos, os assistentes sociais e mais quem for preciso e fizer sentido, nomeadamente os psicólogos, façam o seu trabalho o melhor que podem e sabem, seguramente. Mas, ao realçar o papel dos psicólogos e insistir no facto de as vítimas terem apoio psicológico, como se isso não fosse absolutamente normal e não fizesse parte de um protocolo de gestão deste tipo de situações, presta-se um mau serviço. Por um extenso conjunto de razões: porque é injusto realçar o papel de uns, ignorando completamente o de outros e mencionando, na passada, o de mais alguns; porque a relativa novidade da profissão se presta a ignorâncias e desconhecimentos vários, do público em geral e das próprias vítimas, que não sabem o que os psicólogos têm para oferecer; porque, tal como as coisas são postas, até parece que se despacha rapidamente o choque e o trauma da situação, o real sentimento de quem sofre, na invocação de que há quem trate disso. Do que se sabe, é legítimo concluir que, quando acontecem situações inusitadas, acontecimentos inesperados e de grande impacto emocional negativo, ninguém está verdadeiramente preparado para lidar com isso. Não existem defesas humanas que dêem para tudo ou aguentem o confronto com os piores medos de forma impassível. O papel dos psicólogos não é, nem poderia ser, o de ajudar a branquear situações complexas, diminuir o impacto do acontecimento ou desenvolver o conformismo das vítimas. O papel dos psicólogos nestas situações, como em tantas outras, é fazer o que aprenderam a fazer: ajudar as pessoas nas suas específicas condições e particularidades a usar, o melhor possível, todos os recursos de que dispõem. O que, sendo muito, é, apenas, o seu trabalho. Isabel Leal S DISCIPLINA: Psicologia B ANO: 12º 19 Setembro Responda às questões que se seguem. 1. Identifique o tema que a autora aborda no texto. 2. Registe a principal questão colocada pela autora. 3. Indique algumas das funções dos psicólogos referidas no texto. 4. Escreva a frase do texto que mais significado teve para si. Justifique a sua escolha. 5. Defina os seguintes conceitos: cultura, aprendizagem, memória, motivação, inteligência, psiquiatra, psicólogo. 6. Selecione um elemento da escola que considere poder relacionar-se com a psicologia (pode ser físico ou humano). Justifique. A professora, Antónia Couto

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ANO LECTIVO 2011-2012

Leia o texto de Isabel Leal, psicóloga e professora de psicologia clínica no ISPA (instituto superior de psicologia aplicada). O artigo foi publicado na revista Caras.

Dos usos dos psicólogos

empre que acontece um qualquer acidente trágico, a comunicação social faz eco da mobilização de psicólogos

para o apoio à vítimas. Quer para os acidentados, quer para as suas famílias. As razões da banal mobilização destes técnicos, que fazem parte de equipas de saúde, são tão curiosas como contraproducentes. Pareceria razoável que, em casos excecionais, se disponibilizassem todos os recursos disponíveis, todos eles importantes e meritórios. Para lá dos bombeiros e dos diferentes técnicos intervenientes nos salvamentos, têm de existir as equipas de saúde onde os paramédicos, os enfermeiros, os médicos, os assistentes sociais e mais quem for preciso e fizer sentido, nomeadamente os psicólogos, façam o seu trabalho o melhor que podem e sabem, seguramente. Mas, ao realçar o papel dos psicólogos e insistir no facto de as vítimas terem apoio psicológico, como se isso não fosse absolutamente normal e não fizesse parte de um protocolo de gestão deste tipo de situações, presta-se um mau serviço. Por um extenso conjunto de razões: porque é injusto realçar o papel de uns, ignorando completamente o de outros e mencionando, na passada, o de mais alguns;

porque a relativa novidade da profissão se presta a ignorâncias e desconhecimentos vários, do público em geral e das próprias vítimas, que não sabem o que os psicólogos têm para oferecer; porque, tal como as coisas são postas, até parece que se despacha rapidamente o choque e o trauma da situação, o real sentimento de quem sofre, na invocação de que há quem trate disso. Do que se sabe, é legítimo concluir que, quando acontecem situações inusitadas, acontecimentos inesperados e de grande impacto emocional negativo, ninguém está verdadeiramente preparado para lidar com isso. Não existem defesas humanas que dêem para tudo ou aguentem o confronto com os piores medos de forma impassível. O papel dos psicólogos não é, nem poderia ser, o de ajudar a branquear situações complexas, diminuir o impacto do acontecimento ou desenvolver o conformismo das vítimas. O papel dos psicólogos nestas situações, como em tantas outras, é fazer o que aprenderam a fazer: ajudar as pessoas nas suas específicas condições e particularidades a usar, o melhor possível, todos os recursos de que dispõem. O que, sendo muito, é, apenas, o seu trabalho.

Isabel Leal

S

DISCIPLINA: Psicologia B ANO: 12º 19 Setembro

Responda às questões que se seguem.

1. Identifique o tema que a autora aborda no texto.

2. Registe a principal questão colocada pela autora.

3. Indique algumas das funções dos psicólogos referidas no texto.

4. Escreva a frase do texto que mais significado teve para si. Justifique a sua escolha.

5. Defina os seguintes conceitos: cultura, aprendizagem, memória, motivação, inteligência,

psiquiatra, psicólogo.

6. Selecione um elemento da escola que considere poder relacionar-se com a psicologia

(pode ser físico ou humano). Justifique.

A professora, Antónia Couto