6856 Vício Do Produto BIG MOVEIS Guarda Roupa Restituir Dano Moral - Acolhe Ilegitm de 1

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    ESTADO DO ESPÍRITO SANTO

    PODER JUDICIÁRIO3º JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DE SERRA/ES

    Processo n.º: 048.11.016685-6Requerente: NILCEIA SANGALIRequerido: BIG MÓVEIS E OUTRO

    S E N T E N Ç A

     Vistos, etc.

    Trata-se de ação ordinária ajuizada porNILCEIA SANGALI em face deBIG MÓVEIS eARAPLAC – INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE MÓVEIS LTDA.

    Dispensado o relatório na forma do artigo 38 da Lei 9.099/95.

    Decido.

    PRELIMINARMENTE: DA ILEGITIMIDADE PASSIVA:Alega a segunda Requerida ser aBIG MÓVEIS a única legitimada a responder aos termos da lide, pois os defeitos apontadospela Requerente no tocante ao guarda-roupa, se existentes, foram oriundos de falha na

    montagem feita pelos prepostos da primeira Requerida.

    Posto isso, entendo como plausíveis os argumentos eACOLHO a preliminar ora arguida,pois o negócio jurídico em questão foi realizado entre a Requerente e a primeira Ré, BIGMÓVEIS, sendo esta a responsável pelos eventuais defeitos apresentados nos produtos porela vendidos aos consumidores.

    Sendo assim, excluo do polo passivo da presente demanda a segunda requerida, ARAPLAC– INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE MÓVEIS LTDA e, via de consequência, fica em face desta,extinto o processo, sem resolução do mérito, nos termos do art. 267, inciso VI, do Código de

    Processo Civil.

    Passo à análise do mérito.

    Aduz a Requerente, em síntese, que no dia 21/12/2010 compareceu à loja BIG MÓVEIS eefetuou a compra de um guarda roupa 6P ROMA 18460-3 TAB/AMENDOA, cujo fabricanteé a ARAPLAC, no valor de R$ 370,00 (trezentos e setenta reais). Ocorre que no momento daentrega do produto, a Requerida verificou pequenos defeitos de fabricação. Ademais, nomomento da montagem, alega que o montador produziu novas avarias no produto por falta

    E - Processo nº: 048.11.016685-6

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    de zelo. Informa que está impossibilitada de mudar de domicílio, com receio de que ocorramnovas avarias no produto, dada sua fragilidade.

    Por tais razões, requer a restituição do valor do produto, bem como indenização por danosmorais.

    Por ocasião da audiência conciliatória, assentada à fl. 19, não foi possível a composição deacordo. Apresentada contestação pela segunda Requerida às fls. 36/56. A primeira Requeridanão apresentou contestação. As partes concordaram com o julgamento antecipado da lide. Éo que passo a fazer.

    Inicialmente, é necessário destacar que a relação existente entre as partes corresponde àquelaprevista nos artigos 2º e 3º do Código de Proteção e Defesa do Consumidor, razão pela qual

    admitir-se-á a responsabilidade objetiva e a inversão do ônus da prova em virtude dahipossuficiência do consumidor.

    Ressalto que a aplicação da inversão do ônus probatório neste momento processual em nadaprejudica a empresa demandada, uma vez que o processo obedeceu aos princípios da ampladefesa e do contraditório, tendo a Requerida tempo e oportunidade para produzir todas asprovas que fossem pertinentes ao caso em apreciação.

    No caso em comento, verifico que a primeira Ré, única legitimada para responder aos termosdesta ação, deixou de apresentar contestação. Porém, não há que se falar em presunção de

    veracidade dos fatos alegados na inicial (art. 319, CPC), uma vez que a segunda Requeridaapresentou contestação, aplicando-se o art. 320, inciso I, do CPC.1

    Não obstante, inexistindo provas em sentido contrário ao que fora relatado na inicial, emboraa primeira Requerida tenha declarado que traria contestação em quinze dias (fl. 19), reputocomo verdadeiros os fatos narrados. Assim, é lícito à Requerente optar pelo ressarcimento dovalor pago devidamente corrigido, uma vez o guarda-roupa lhe fora entregue com defeitos,tendo o funcionário da primeira Requerida provocado novas avarias ao produto no momentoda montagem.

    No que tange ao pedido de danos morais, cumpre esclarecer que a Constituição de 1988consagrou a inviolabilidade da intimidade, da vida privada, da honra e da imagem daspessoas, além da indenização pelo dano moral decorrente de sua violação. Assim, paradefinir dano moral, a maioria da doutrina refere-se à lesão que afeta a paz interior de umapessoa, atingindo-lhe o sentimento, o decoro, o ego, a honra, enfim, aquilo que não tem valoreconômico, mas que lhe causa dor e sofrimento.

    1 Art. 320. A revelia não induz, contudo, o efeito mencionado no artigo antecedente: I - se, havendo pluralidade de réus, algum deles contestar a ação;

    E - Processo nº: 048.11.016685-6

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    Entretanto, como em qualquer área da responsabilidade civil, põe-se em evidência, comopressuposto da obrigação de reparar o dano moral, o nexo de causalidade entre a ação ouomissão voluntária e o resultado lesivo.

    No caso em voga, entendo que a conduta da primeira Requeridas acarretou transtorno àAutora, ainda que de pequena monta, uma vez que lhe fora entregue produto danificado.Dessa forma, plenamente cabível a indenização por dano moral pleiteada.

    No que tange à quantificação, entendo que o montante de R$ 800,00 (oitocentos reais) semostra suficiente para apaziguar o ânimo ferido da parte autora, ao mesmo tempo que estálonge de se apresentar como forma de enriquecimento sem causa para o jurisdicionado.

    Diante do exposto, julgoPROCEDENTES os pedidos iniciais, nos termos do artigo 269, I, do

    CPC, paraCONDENAR a primeira Requerida,BIG MÓVEIS,ao pagamento em favor daRequerente,NILCEIA SANGALI, da quantia deR$ 370,00 (trezentos reais), valor a serdevidamente corrigido a contar do desembolso (21/12/2010) e com incidência de juros demora a contar da citação, bem como ao pagamento da quantia deR$ 800,00 (oitocentosreais), a título de indenização por dano moral, valor esse devidamente corrigido com jurosde mora a partir desta data (súmula 362 do STJ).

    Faculto à Ré BIG MÓVEIS a recolher o guarda-roupa junto à residência da Autora noprazo de 15 (quinze) dias após o trânsito em julgado, entregando-lhe recibo.

    Fica extinto o processo em face da segunda requerida,ARAPLAC – INDÚSTRIA ECOMÉRCIO DE MÓVEIS LTDA,sem resolução do mérito, nos termos do art. 267, inciso VI,do Código de Processo Civil.

    Ausente a condenação de custas e honorários advocatícios (art. 55 da Lei 9.099/95).

    Publique-se, registre-se e intimem-se.

    Aguarde-se o trânsito em julgado, assim como o prazo para cumprimento voluntário daobrigação, na forma do art. 475-J do CPC, devendo, nessa hipótese, ser expedido alvará em

    nome da parte demandante, arquivando-se, após, advertindo que o prazo para pagamentosem multa independe de nova intimação. Não havendo depósito efetivado, com o decurso doprazo previsto no artigo supracitado, arquive-se após o prazo de 10 (dez) dias, caso nada sejarequerido.

      Serra-ES, 25 de Setembro de 2012.

     GUSTAVO ZAGO RABELO

    E - Processo nº: 048.11.016685-6

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     Juiz de Direito

    E - Processo nº: 048.11.016685-6