20
NOVIDADES EM CÓRNEA E SUPERFÍCIE OCULAR As patologias da córnea e da superfície ocular estão em foco neste 58.º Congresso Português de Oftalmologia, organizado pela Direção da Prof.ª Maria João Quadrado (1). Ontem, o Prof. José Augusto Ottaiano (4) falou sobre as novidades na terapêutica do herpes ocular na criança (pág.8). Hoje, no simposium do Grupo Português de Superfície Ocular e Córnea, que é coordenado pela Dr.ª Esmeralda Costa (3), o Prof. Jesús Merayo (2) aborda os avanços nas terapias biológicas, sobretudo ao nível da expansão das células estaminais da córnea para o tratamento da insuficiência límbica e para a produção de tecidos artificiais (pág.14) 1 2 3 4 Publicação de distribuição gratuita e exclusiva neste Congresso | www.spoftalmologia.pt ACEDA À VERSÃO DIGITAL EDIÇÃO DIÁRIA 58º CONGRESSO PORTUGUÊS DE OFTALMOLOGIA | | 3 4 5 DEZ 2015 TIVOLI MARINA VILAMOURA 4 Dezembro 6.ª feira

6.ª feira Novidades em córNea e superfície ocular · canismos de bloqueio do organis- ... Um dispositivo cirúrgico aplicado na cirurgia da catarata, ... incorporou os contributos

  • Upload
    dothuy

  • View
    212

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: 6.ª feira Novidades em córNea e superfície ocular · canismos de bloqueio do organis- ... Um dispositivo cirúrgico aplicado na cirurgia da catarata, ... incorporou os contributos

Novidades em córNea e superfície ocular

As patologias da córnea e da superfície ocular estão em foco neste 58.º Congresso Português de Oftalmologia, organizado pela Direção da Prof.ª Maria João Quadrado (1). Ontem, o Prof. José Augusto Ottaiano (4) falou sobre as novidades na terapêutica do herpes ocular na criança (pág.8). Hoje, no simposium do Grupo Português de Superfície Ocular e Córnea, que é coordenado pela Dr.ª Esmeralda Costa (3), o Prof. Jesús Merayo (2) aborda os avanços nas terapias biológicas, sobretudo ao nível da expansão das células estaminais da córnea para o tratamento da insuficiência límbica e para a produção de tecidos artificiais (pág.14)

12

3 4

Publicação de distribuição gratuita e exclusiva neste Congresso | www.spoftalmologia.ptAcedA à versão digitAl

edição diária 58º coNGresso pOrtuguês de OftalmOlOgia

| | 3 4 5 deZ 2015tivOli marina vilamOura

4 dezembro6.ª feira

Page 2: 6.ª feira Novidades em córNea e superfície ocular · canismos de bloqueio do organis- ... Um dispositivo cirúrgico aplicado na cirurgia da catarata, ... incorporou os contributos

publicidade

Page 3: 6.ª feira Novidades em córNea e superfície ocular · canismos de bloqueio do organis- ... Um dispositivo cirúrgico aplicado na cirurgia da catarata, ... incorporou os contributos

OlhO secO, «um prOblema de saúde pública»

Os highlights de 2015 no âmbito da superfície ocular, nomeadamente

do olho seco, dominaram ontem a inter-venção do Prof. Luiz Carlos Portes, ex--presidente da Sociedade Brasileira de Oftalmologia (SBO), que discutiu o im-pacto das patologias da superfície ocular, os meios de diagnóstico e as soluções terapêuticas de futuro. «O olho seco é uma das queixas mais comuns, corres-pondendo a cerca de um quarto de todas

as consultas nas clínicas oftalmológicas. Esta patologia está relacionada com a insuficiência de lágrimas ou o excesso da sua evaporação», alertou este veterano especialista brasileiro.

Com um olhar atento para o crescente número de fatores de risco, Luiz Carlos Portes enumerou algumas das causas do contínuo aparecimento desta condição de cariz crónico, que considera «um pro-blema de saúde pública»: «O olho seco tem-se vindo a acentuar com a utilização prolongada de aparelhos eletrónicos, o uso de certos fármacos, a poluição, al-guns problemas hormonais e o aumento da idade.»

De acordo com este orador, a aborda-gem dos oftalmologistas à fisiopatologia do olho seco deve, portanto, focar-se em três eixos – «as alterações do filme la-crimal, a inflamação da superfície ocular e a disfunção das glândulas de meibo-miana». Relativamente a este último as-peto, Luiz Carlos Portes fez questão de enfatizar a sua influência nesta síndrome face ao «comprometimento da superfície ocular», apontando as terapêuticas que

se devem aplicar, como as lágrimas arti-ficiais, de preferência sem conservantes, para a hidratação do olho.

Além da análise dos tratamentos do olho seco disponíveis no presente ano de 2015, este ex-presidente da SBO deixou ainda um vislumbre sobre os «lançamen-tos previstos para 2016, que estão em fase de teste». Na sua palestra, tam-bém não foi esquecida a importância dos meios de diagnóstico, coma a avaliação do quadro clínico e a realização de exa-mes específicos. João Paulo Godinho

Quando ocorre uma ferida, os me-canismos de bloqueio do organis-

mo são ativados para a curar. Em mui-tas partes do corpo, se se verificar uma fibrose cicatricial, isso pode resultar numa aparência inestética (quando acontece na pele) ou numa perda de função (como na fibrose pulmonar ou na cirrose hepática). Porém, quando a ferida ocorre na córnea, a mínima opacidade pode levar a que o órgão da visão perca a sua função, pro-vocando cegueira corneal.

Esta situação ocorre com frequência devido a acidentes de trabalho, a envol-vimento ocular do vírus do herpes ou, de forma mais rara, na sequência de cirur-gia refrativa. A superfície ocular saudável tem mecanismos regeneradores através da lágrima e da resposta imune que, pe-rante uma ferida, atuam na regeneração

O valOr dO plasma ricO em fatOres de crescimentO

da córnea para que não ocorra fibrose. No entanto, às vezes, isso não é sufici- ente e torna-se necessário ajudar a rege-nerar tecidos com fatores regeneradores. As plaquetas e os secretores plaquetários estão incumbidos de alcançar a ferida, fe-chá-la e iniciar a regeneração. Portanto, o uso de plaquetas tem sido bem-sucedido na cirurgia orofacial e ortopédica.

Nos últimos anos, tem-se apostado no desenvolvimento da aplicação de plasma rico em fatores de crescimento na forma de colírio e como remendos regenerado-res para patologias graves da superfície ocular. Os resultados são surpreenden-tes na síndrome do olho seco, que não responde às terapêuticas convencionais com os melhores resultados no grupo das patologias neurotróficas. Adicionalmente, o plasma rico em fatores de crescimento

está a ser utilizado no transplante de cór-nea, na cirurgia refrativa e na cirurgia do glaucoma, na qual se pretende reduzir a fibrose nas feridas e promover a sua re-generação.

Oftalmologista, diretor de investigação no Instituto Universitário Fernández-Vega e docente na Universidade de Oviedo | Preletor da conferência «Plasma rico em fato-res de crescimento nas patologias da superfície ocular: regeneração versus cicatrização. Blefarites na criança»

OPINIÃO

PrOF. Jesús MerayO

«a abordagem à fisio-patologia do olho seco deve focar-se nas alte-

rações do filme lacrimal, na inflamação da super-fície ocular e na disfun-

ção das glândulas de meibomiana»

3D E z E M b r O 2 0 1 5

ONTEMquinta-feira, dia 3 V

isão

SP

O

Page 4: 6.ª feira Novidades em córNea e superfície ocular · canismos de bloqueio do organis- ... Um dispositivo cirúrgico aplicado na cirurgia da catarata, ... incorporou os contributos

Um dispositivo cirúrgico aplicado na cirurgia da catarata, um fármaco para o tratamento da inflamação ocular e da dor após este procedimento e uma lente intrafocal para a correção da presbiopia foram as três novidades apresentadas no simpósio-satélite organizado ontem pela Alcon.

Luís Garcia

nOvas abOrdagens na cirurgia dO cristalinO

Dr. Miguel Trigo (orador), Prof.ª Filomena ribeiro (moderadora), Prof. Joaquim Murta (coordenador e orador) e Dr. Fernando Vaz (orador)

O simpósio começou com uma apresentação do Dr. Miguel Tri-go, diretor do Serviço de Oftal-

mologia do Centro Hospitalar de Lisboa Central, sobre o UltraSert®, um sistema de lente pré-carregada, utilizado na cirur-gia da catarata. Segundo o especialista, embora as vantagens das lentes intra-oculares pré-carregadas na cirurgia da catarata sejam há muito conhecidas, «os dispositivos existentes têm preenchido as necessidades com várias limitações que reduzem a expansão da sua utilização».

O UltraSert®, desenvolvido recente-mente, incorporou os contributos e su- gestões de melhorias dos cirurgiões re-lativamente aos modelos anteriores. De acordo com Miguel Trigo, este dispositivo representa «um enorme avanço na con-sistência e na adequação da inserção das lentes intraoculares, sem os constrangi-mentos na segurança e na qualidade dos resultados conhecidos anteriormente».

Na intervenção, este especialista apre-sentou as características que, no seu entender, tornam este sistema «mais sim-ples de utilizar, mais consistente e mais suave», como, por exemplo, a existência de uma extremidade que protege mais efi-cazmente as incisões e de um batente que impede que o injetor penetre subitamente no olho. Miguel Trigo partilhou ainda algu-

ma da sua experiência pessoal com o Ul-traSert®, que considera ser «francamente positiva».

Avanços no tratamento da presbiopiaAlém de coordenar a sessão, o Prof. Joaquim Murta, diretor do Centro de Res-ponsabilidade Integrado de Oftalmologia do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, falou sobre a AcrySof IQ Pan- Optix®, uma lente intrafocal lançada no mercado recentemente pela Alcon, para correção da presbiopia. Segundo o ora-dor, esta lente trifocal tem como grande vantagem uma melhor visão intermédia, com grande impacto na vida das pessoas que, crescentemente, utilizam computa-dores e smartphones na vida quotidiana, bem como uma diminuição dos efeitos disfotópsicos.

Joaquim Murta elencou os pontos for-tes da AcrySof IQ PanOptix®: «Otimiza a utilização da luz, permite uma transição mais confortável da visão perto-inter-média, sem penalizar a visão de longe, depende menos do diâmetro pupilar e é construída sobre a plataforma AcrySof®, conhecida há longos anos pela comuni-dade oftalmológica.»

O Dr. Fernando Vaz, diretor do Servi-ço de Oftalmologia do Hospital de Braga, centrou a sua intervenção no nepafe-nac, um anti-inflamatório não esteroide (AINE) com indicação para o tratamento da inflamação e da dor após cirurgia da catarata. Segundo este especialista, «o nepafenac apresenta eficácia e seguran-ça superiores na prevenção e no trata-mento do edema macular cistoide após cirurgia da catarata, especialmente em doentes de alto risco. «O esquema poso-lógico disponível é o mais cómodo e efi-caz existente em Portugal», acrescentou o orador.

Eficácia comprovada Nepafenac 3 mg/ml, colírio, suspensão, é superior ao seu excipiente no trata-mento da inflamação e da dor associadas à cirurgia da catarata; Na dose de 3 mg/ml instilado, uma gota por dia, não é inferior no tratamento da inflamação e da dor do que na dose 1mg/ml, instilado, uma gota três vezes ao dia.

Perfil de segurança estabelecido Na dose de 3 mg/ml instilado, uma gota por dia, apresenta um perfil de segu-rança comparável ao da dose de 1 mg/ml, instilado, uma gota três vezes ao dia.

VAntAGEnS DO nEPAfEnAC 3 MG/Ml

5 8 .º CO n G r E S S O P O rt U G U ê S D E O f tA l M O lO Gi A4

Ontemquinta-feira, dia 3V

isão

SP

O

Page 5: 6.ª feira Novidades em córNea e superfície ocular · canismos de bloqueio do organis- ... Um dispositivo cirúrgico aplicado na cirurgia da catarata, ... incorporou os contributos

na mesa-redonda que ontem abordou o retinoblastoma, foram evidenciados os aspetos clínicos e anatomopato- lógicos; os métodos de rastreio e as novas modalidades terapêuticas, como a administração de quimio-terapia suprasseletiva da artéria oftálmica e quimioterapia intravítrea.

João Paulo Godinho

dO rastreiO aO tratamentO nO retinOblastOma

A primeira mesa-redonda deste Con-gresso foi dedicada ao retinoblas-toma, refletindo sobre o impacto

deste cancro na Oftalmologia. Esta sessão coordenada pelo Dr. Guilherme Castela, chefe da Secção de Órbita e Oculoplástica do Serviço de Oftalmologia do Centro Hos-pitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), o debate fez-se com um painel de orado-res de áreas distintas para traçar um retra-to completo do tumor.

Do Canadá veio o Prof. Miguel Burnier, docente de Oftalmologia na McGill Uni-versity, para abordar os aspetos clínicos e anatomopatológicos do retinoblastoma. Segundo o especialista, este tumor é ge-ralmente diagnosticado no primeiro ano de vida, quando é hereditário, ou entre um e dois anos e meio, na forma espo-rádica. «O sinal mais importante é a pre-sença de leucocoria, um reflexo branco na pupila», explicou.

«O retinoblastoma pode ser bilateral, denotando a sua natureza hereditária, ou unilateral, que geralmente é uma forma esporádica», referiu Miguel Burnier. Após a sua introdução, este orador falou sobre os traços clínicos do retinoblastoma. «Há uma elevada massa retiniana esbranqui-çada com áreas de calcificação e estas po-dem ser diagnosticadas por ecografia ou clinicamente. Na histologia, as células são agressivas e têm uma tendência para in-vadir o nervo ótico, pelo que o diagnóstico precoce deve ser realizado», esclareceu.

A apresentação sobre o rastreio do re-tinoblastoma ficou a cargo da Dr.ª Sónia Silva, oncologista pediátrica no CHUC. «Quando o tumor está localizado no olho, a sobrevida é superior a 90%, mas cai drasticamente para 10% quando exis-tem lesões secundárias, nomeadamente ao nível do sistema nervoso central, daí a importância do diagnóstico precoce», lembrou. Nessa ótica, foi reforçada a ne-cessidade de testes genéticos, face aos 40% de casos hereditários.

Esta oradora descreveu então as ar-mas de rastreio, designadamente a pes-quisa do reflexo vermelho e o teste de Hirschberg, e em que idades deverão ser realizadas. Já ao nível do tratamento sistémico, Sónia Silva reconheceu que, «nos casos de retinoblastoma localizado, a quimioterapia sistémica tem indicações muito precisas no atual contexto de cres-cente desenvolvimento das técnicas de terapêutica locais».

Novos trilhos terapêuticosO coordenador da mesa-redonda assu-miu também o papel de orador. Abor-dando o tema «Novas modalidades tera-pêuticas no retinoblastoma», Guilherme Castela falou sobre a evolução recente do tratamento em Portugal, que acompa-nha o que de melhor se faz a nível inter-

nacional. «Há duas grandes novidades terapêuticas: a injeção de quimioterapia dentro da artéria oftálmica, que aumenta o efeito no local e tem menos efeitos sis-témicos; e a quimioterapia intravítrea, que é indicada para determinados tipos de tumor, especialmente os que têm sementeira vítrea», referiu. O impacto destas novas técnicas foi enaltecido por Guilherme Castela através das estatísti-cas, que dizem que a taxa de cura do reti-noblastoma aproxima-se agora dos 90%, reduzindo também, de forma substancial, o número de enucleações.

O Dr. Egídio Machado, neurorradiolo-gista de intervenção no CHUC, fechou a mesa-redonda com uma preleção dedica-da à quimioterapia arterial suprasseletiva da artéria oftálmica. «É uma forma efe-tiva de tratamento, que permite otimizar a concentração do citostático no tumor e que consiste na colocação de um micro-catéter no óstio da artéria oftálmica por cateterismo suprasseletivo», elucidou. De resto, este orador assinalou o êxito da quimioterapia arterial suprasseletiva a diferentes níveis nas crianças: «É eficaz na redução do tumor, tem baixa morbi-lidade, tempo de internamento curto e é bem tolerada pela criança, com redução dos efeitos secundários relativamente à quimioterapia sistémica.»

Dr. João Cabral, Dr.ª Maria araújo (moderadora), Dr.ª sónia silva, Dr. Guilherme Castela (coordenador), Dr. egídio Machado, Prof. Miguel Burnier e Dr.ª ana Vide escada (moderadora)

5D E z E M b r O 2 0 1 5

fiCHA téCniCA

Propriedade: Sociedade Portuguesa de Oftalmologia

Campo Pequeno, 2-13.º • 1000 - 078 LisboaTel.: (+351) 217 820 443 • Fax: (+351) 217 820 445

[email protected] • www.spoftalmologia.pt

Nota: Os textos desta publicação estão escritos segundo as regras do novo Acordo Ortográfico

Edição: Esfera das Ideias, Lda. Campo Grande, n.º 56, 8.º B • 1700 - 093 Lisboa • Tel.: (+351) 219 172 [email protected] • www.esferadasideias.ptDireção: Madalena Barbosa ([email protected]) Marketing e Publicidade: Ricardo Pereira ([email protected]) Textos: Ana Rita Lúcio, João Paulo Godinho, Luís Garcia e Marisa TeixeiraFotografia: Rui Jorge • Design/paginação: Susana Vale

Patrocinadores desta edição:

Page 6: 6.ª feira Novidades em córNea e superfície ocular · canismos de bloqueio do organis- ... Um dispositivo cirúrgico aplicado na cirurgia da catarata, ... incorporou os contributos

Estabelecer uma base de evidências para demonstrar a eficácia dos pro-

cedimentos cirúrgicos e monitorizar os re-sultados da nossa equipa para ver se se enquadram no «padrão de excelência» é particularmente desafiante na cirurgia do estrabismo, devido à grande variabilidade

O pesO da evidência na cirurgia dO estrabismOdas caraterísticas clínicas dos doentes e da definição do resultado que é razoável alcançar em cada caso.

Esta variabilidade torna difícil definir critérios de inclusão, tanto para ensaios clínicos randomizados, como para audi-torias que geram grupos suficientemente grandes para uma análise estatística signi-ficativa, mas apenas incluem doentes com um número suficiente de semelhanças para uma comparação útil. Paralelamente, um procedimento como a ressecção dos músculos retos mediais numa criança com estrabismo convergente pode ser feito por várias razões e apontar para diferentes re-sultados. Por exemplo, numa criança mais nova e com estrabismo de longa data, a função binocular é pouco provável após a cirurgia, ao passo que, numa criança mais velha e com estrabismo de início súbito, esse resultado já deve ser esperado.

Além disso, pode também ser neces-sário equilibrar diferentes aspetos do resultado cirúrgico. Num adulto com exotropia intermitente, pode ser ne-cessário reduzir a ressecção de um músculo reto lateral e deixar alguma exoforia para ser controlada na posi-ção primária, no sentido de prevenir a visão dupla. Esta situação pode ser importante, caso o doente seja, por exemplo, um motorista de profissão.

Estamos a desenvolver um ensaio clínico randomizado que compara os resultados da cirurgia do estrabismo em crianças com exotropia intermiten-te, mas tem sido um processo moroso e com limitações. Assim, embora a maio-ria dos doentes esteja satisfeita com o desfecho da sua cirurgia, a avaliação dos resultados continua a ser mais uma arte clínica do que uma ciência exata.

Presidente da european strabismological association, oftalmologista no Moorfields eye Hospital, em Londres, e preletor da conferência «Can we do evidence-based strabismus surgery?»

OPINIÃO

PrOF. JOHn sLOPer

As dúvidas relacionadas com a utili-zação de anti-VEGF (sigla em inglês

para fator de crescimento endotelial vas-cular) estiveram ontem em debate na ses-são «Tarde com… anti-VEGF». Como fri-sou o Dr. João Nascimento, oftalmologista no Instituto da Retina de Lisboa e coorde-nador desta sessão, estes fármacos «me-lhoraram muito o prognóstico dos doentes com degenerescência macular relaciona-da com a idade (DMI) e edema macular associado à retinopatia e à diabetes, e a forma de administração tem vindo a ser otimizada, com novos esquemas terapêu-ticos e timings para fazer o switch».

Nesta sessão, cada orador abordou três questões que considerou serem as mais relevantes sobre cada uma das indicações dos anti-VEGF: DMI exsudativa (Prof.ª Ân-gela Carneiro, Centro Hospitalar de São João); edema macular diabético – EMD (Dr. António Campos, Centro Hospitalar de Leiria/Hospital de Santo André); oclusões venosas (Dr.ª Rita Flores, Centro Hospita-lar de Lisboa Central – CHLC); retinopatia diabética proliferativa (Prof. Mário Motta, Hospital Federal dos Servidores do Estado, Rio de Janeiro); outras causas de neovas-cularização coroideia (Dr. Luís Mendonça,

dúvidas na utilizaçãO dOs anti-vegf

Hospital de Braga); glaucoma neovascular e cirurgia filtrante (Dr. José Fernandes, Ins-tituto Oftalmológico Dr. Gama Pinto); neo-vascularização da córnea (Dr. João Feijão, CHLC); e futuro dos anti-VEGF (Dr.ª Sara Vaz Pereira, Centro Hospitalar Lisboa Nor-te/Hospital de Santa Maria).

O convidado estrangeiro, Mário Motta, partiu de um caso clínico recente para discutir os possíveis desdobramentos do uso dos anti-VEGF na retinopatia diabéti-ca proliferativa (RDP). «Considerando-se os efeitos colaterais e a não regressão ou regressão parcial dos neovasos após a fotocoagulação panretiniana, alguns auto-

O Prof. Mário Motta falou sobre a utilização dos anti-VeGF no tratamento da retinopatia diabética proliferativa

res preconizam a utilização de anti-VEGF como terapêutica adjuvante antes de rea-lizar a vitrectomia em olhos com hemor-ragia vítrea e descolamento tracional da retina decorrentes da RDP», frisou.

Esta estratégia tem sido amplamente utilizada pelos especialistas em retina, com resultados satisfatórios, «mas, em casos raros, observou-se grave proliferação fibro-sa, com agravamento irreversível do des-colamento tracional da retina». Nos olhos com EMD e RDP associados, pelo contrá-rio, os anti-VEGF mostraram-se eficazes na redução do edema macular e do risco de hemorragia vítrea. Luís Garcia

5 8 .º CO n G r E S S O P O rt U G U ê S D E O f tA l M O lO Gi A6

Ontemquinta-feira, dia 3V

isão

SP

O

Page 7: 6.ª feira Novidades em córNea e superfície ocular · canismos de bloqueio do organis- ... Um dispositivo cirúrgico aplicado na cirurgia da catarata, ... incorporou os contributos

A sessão «investigação em Oftalmologia» apresentou exemplos de investigações recentes e em curso que abrem novos caminhos no futuro desta especialidade. Entre as intervenções dos oradores portugueses e estrangeiros, sobressaiu uma mensagem comum – a importância de os oftalmologistas apostarem na investigação clínica.

João Paulo Godinho

nOvOs caminhOs da investigaçãO em OftalmOlOgia

Os novos sistemas genéticos para avaliar o risco de progressão da retinopatia diabética foram apresentados pela Dr.ª Maria Dolores Piñazo-Durán

Abordando questões como a pai-xão pela investigação, os meios existentes para a atividade em

Portugal e as descobertas que prome-tem novos caminhos na Oftalmologia, a sessão coordenada pelo Prof. Amândio Rocha-Sousa, oftalmologista no Centro Hospitalar de São João (CHSJ), no Porto, deixou ontem um desafio aos participan-tes para se unirem à causa da investiga-ção clínica.

A primeira oradora foi a Prof.ª Fátima Pedrosa Domellöf, presidente da Socie-dade Sueca de Oftalmologia, que definiu a investigação como «uma paixão possível e fascinante», com regras claras. «Deve ser bem fundamentada, eticamente cor-reta e de qualidade», advogou esta espe- cialista, acrescentando: «A pergunta que pretendemos responder deve ser ba-seada numa pesquisa cuidada dos co-nhecimentos que existem e, a partir daí, deve-se formular uma hipótese sólida e testável.» Falando sobre a investigação fundamental, Fátima Pedrosa Domellöf sintetizou alguns pontos de partida, como o material colhido em doentes ou em ani-

mais que imitem o problema que se quer resolver, usando técnicas histológicas, de cultura de células, etc.».

De seguida, a Dr.ª Maria Dolores Piña-zo-Durán, da Unidade de Investigação Oftalmológica Santiago Grisolía, em Va-lência, Espanha, fez uma apresentação sobre os novos sistemas genéticos para avaliar o risco de progressão da retino-patia diabética, que se baseiam na interfe-rência com os microácidos ribonucleicos (miRNAs, na sigla em inglês). Sustentada num estudo que incluiu 132 diabéticos de tipo 2, esta investigadora defendeu que «os miRNAs estão envolvidos na inflama-ção, na resposta imune, nos mecanismos de apoptose, na disfunção endotelial e nos processos de stresse oxidativo». «Pensa-mos que a identificação dos miRNAs nas lágrimas permite obter um diagnóstico pre-coce e não invasivo», frisou. Como conclu-são, Maria Dolores Piñazo-Durán propôs a utilização destes microácidos como bio-marcadores moleculares para a base de futuras bioterapias.

Investigação made in PortugalA logística necessária para uma inves-tigação clínica de sucesso em Portugal foi sublinhado pela Dr.ª Cecília Martinho, chief executive officer da European Vision Clinical Research Network (EVICR.net). A oradora apresentou esta rede europeia de investigação clínica oftalmológica, com 97 centros de investigação em 19 países e o centro coordenador em Coimbra, e desa-fiou todos a aproveitarem os seus serviços.

«Quando o objetivo é realizar uma investigação que implica um grande nú-mero de doentes, é necessário identifi-car os centros dedicados à área cientí-fica respetiva e envolvê-los, permitindo assim ajudar a indústria a pôr o seu estudo a funcionar ou os investigadores que queiram fazer investigação de sua iniciativa», explicou Cecília Martinho. O apoio a nível logístico, na submissão dos estudos às entidades regulamentares, na identificação dos centros de investi-gação mais adequados e o acompanha-mento a nível central são alguns dos serviços prestados pela EVICR.net, que conta já uma década de existência.

A fechar a sessão, a Dr.ª Raquel Santiago, investigadora no Instituto de Imagem Biomédica e Ciências da Vida (IBILI) da Faculdade de Medicina da Uni-versidade de Coimbra, apresentou o pro-jeto «Managing Inflammation in Diabetic Retinopathy by Adenosine A2A Recep-tor Blockade». Este trabalho de inves-tigação pretende identificar estratégias terapêuticas para as fases iniciais da retinopatia diabética. «Os resultados an-teriores mostram que, se bloquearmos o recetor A2A de adenosina nas células da microglia, responsáveis pela resposta pró-inflamatória da retina, conseguimos prevenir a reatividade destas células e a degeneração da retina», resumiu a investigadora, salientando que esta «não será ainda a cura para a retinopatia dia-bética, no entanto, poderá ser mais uma peça do puzzle».

Atitude pró-ativa, apaixonada e eticamente rigorosa;

Cumprimento das normas e boas práticas clínicas;

Formulação de uma hipótese sóli-da e testável, após verificação dos conhecimentos existentes;

Qualidade dos processos escruti-nada e aprovada pelos pares, para posterior publicação.

PrinCíPiOS PArA UMA bOA inVEStiGAçãO

7D E z E M b r O 2 0 1 5

Page 8: 6.ª feira Novidades em córNea e superfície ocular · canismos de bloqueio do organis- ... Um dispositivo cirúrgico aplicado na cirurgia da catarata, ... incorporou os contributos

A mesa-redonda dedicada ontem ao herpes ocular colocou em discussão as especificidades desta patologia na idade pediátrica, as suas formas de apre- sentação e diagnóstico, as graves consequências possíveis e as terapêuticas à disposição dos oftalmologistas.

João Paulo Godinho

riscOs dO herpes Ocular na visãO das crianças

as novidades na abordagem terapêutica do herpes ocular na criança foram evidenciadas pelo Prof. José augusto Ottaiano

Alertar para os graves riscos do her-pes ocular nas crianças foi o prin-cipal objetivo da mesa-redonda

que decorreu ontem sob a coordenação da Dr.ª Esmeralda Costa, oftalmologis-ta no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) e coordenadora do Grupo Português de Superfície Ocular e Córnea (GPSOC) da SPO.

O primeiro a tomar a palavra foi o Dr. Luís Figueira, oftalmologista no Cen-tro Hospitalar de São João (CHSJ), no Porto, que definiu a apresentação clínica do herpes ocular como base do diagnós-tico e o seu timing como a «pedra basilar na abordagem». Enfatizando a «maior taxa de recorrência e a tendência para o envolvimento precoce do estroma da córnea» na doença ocular herpética da criança, este orador frisou que um even-tual erro no diagnóstico pode ter «com-plicações oculares irreversíveis», como a perda de transparência da córnea e o risco de ambliopia.

«O meio de diagnóstico mais impor-tante é mesmo a observação clínica. Já

as serologias são pouco úteis, dado a elevada prevalência de anticorpos con-tra o herpes. Em termos de inovação, os casos atípicos ou particularmente complexos podem hoje ser confirmados com recurso a técnicas de biologia mo-lecular, como a PCR (sigla em inglês para reação em cadeia da polimerase) para ácidos nucleicos da família her-pes», referiu Luís Figueira, lembrando que o cariz recorrente da doença pode levar ao absentismo escolar e à ne-cessidade de tratamentos profiláticos prolongados.

Continuando a análise da patologia, a discussão avançou para as novidades na abordagem terapêutica, apresenta-das pelo Prof. José Augusto Ottaiano, vice-presidente do Conselho Brasileiro de Oftalmologia. «A utilização dos antivi-rais realmente teve um comportamento importante», referiu este especialista, destacando entre as drogas anti-herpéti-cas sistémicas o aciclovir, o valaciclovir e o penciclovir. «Estes fármacos propi-ciam uma melhoria substancial, sobretu-

do no herpes epitelial. Noutros tipos de envolvimento mais profundos na córnea e com quadro imunológico, há uma de-pendência de outras drogas associa-das, principalmente os anti-inflamatórios hormonais.»

Para José Augusto Ottaiano, o oftalmo-logista deve estar muito atento a três as-petos: a especial gravidade desta doença nas crianças, devido à resposta «exacer-bada do sistema imunológico», à maior recorrência e à perpetuação no tempo; as dificuldades acrescidas de diagnóstico pela ausência de colaboração dos doen-tes; e, finalmente, o necessário ajuste da dosagem da medicação em função do crescimento da criança.

Os «segredos» do herpes ocularA Dr.ª Graça Rocha, pediatra no CHUC, fechou a discussão com a análise de al-guns dos traços distintivos da infeção her-pética na idade pediátrica, distinguindo, logo à partida, os dois tipos que podem afetar o olho, ou seja, o herpes simplex (HSV1) e o herpes Zoster.

Desde a identificação do HSV1 como a manifestação mais comum da infeção nas crianças até à sinalização do estado de latência do vírus, a especialista res-salvou a frequência das recidivas e o que as pode influenciar. «Vários fatores favo-recem a recorrência das manifestações herpéticas, que aparecem quando há défice imunitário, mas também noutras situações mais comuns, como infeções respiratórias, exposição solar e outras», esclareceu.

Como corolário do debate, ficou o ape-lo para uma maior colaboração entre as equipas de Pediatria e Oftalmologia na educação das crianças e das famílias sobre a natureza do herpes ocular, dos sintomas, dos fatores de risco para a re-corrência, das soluções terapêuticas e do acompanhamento clínico. Sem essa entreajuda, o combate a esta doença fica ainda mais difícil.

Olho vermelho

Fotofobia

Irritação ocular

Sensação de corpo estranho

Lacrimejo

PrinCiPAiS SintOMAS

5 8 .º CO n G r E S S O P O rt U G U ê S D E O f tA l M O lO Gi A8

Ontemquinta-feira, dia 3V

isão

SP

O

Page 9: 6.ª feira Novidades em córNea e superfície ocular · canismos de bloqueio do organis- ... Um dispositivo cirúrgico aplicado na cirurgia da catarata, ... incorporou os contributos

As dificuldades que os oftalmologistas encontram no processo de criação e

publicação de um artigo científico estive-ram ontem em debate no Curso I, intitu-lado «Da Pesquisa Bibliográfica à Publi-cação de um Artigo». Sob a coordenação do Prof. Amândio Rocha-Sousa, oftal-mologista no Centro Hospitalar de São João (CHSJ) e docente na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, a for-mação visou «dar uma perspetiva prática e crítica do processo de elaboração e pu-blicação de um artigo científico».

A sessão contou ainda com os contri-butos da Prof.ª Helena Donato, do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra; da Dr.ª Joana Rodrigues Araújo, do CHSJ; e da Prof.ª Fátima Pedrosa-Domellöf, presidente da Sociedade Sueca de Oftalmologia. Segundo o coordenador, a intervenção desta última especialista refletiu «a progressiva importância da pu-blicação em revistas indexadas por parte dos médicos em formação na sua carreira futura».

da pesquisa à publicaçãO de um artigO científicO

A abordagem da pesquisa científica e a apresentação de «algumas dicas práticas» para o seu desenvolvimento esteve a car-go de Helena Donato. O passo seguinte foi dado por Joana Rodrigues Araújo, que falou sobre a avaliação metodológica de um artigo e a atenção que deve ser dada a aspetos essenciais na sua elaboração, através da transmissão de um conjunto de conheci-mentos práticos que facilitam o processo de submissão, revisão e publicação, evitando assim o aparecimento de «erros básicos».

a Prof.ª Helena Donato apontou pistas para a preparação de um artigo científico, enfatizando o papel da adequada pesquisa bibliográfica

«Uma abordagem total de como se tratam as anoftalmias e de

que forma se conseguem reabilitar, face à perda do globo ocular.» É desta for-ma que o Dr. Guilherme Castela, chefe da Secção de Órbita e Oculoplástica do Serviço de Oftalmologia do Centro Hospi-talar e Universitário de Coimbra (CHUC), resume o curso que coordenou ontem, no qual se pormenorizou as diferentes eta-pas da abordagem clínica e cirúrgica das anoftalmias.

Distinguindo os casos congénitos (em que a criança nasce sem o olho) das per-das adquiridas (quando o doente teve de

uma abOrdagem de 360º às anOftalmias

a Dr.ª Filipa Ponces explicou o que fazer perante o défice de volume orbitário e a contração da cavidade conjuntival

De seguida, Amândio Rocha-Sousa abor-dou as plataformas de submissão dos arti-gos, aprofundando as diferentes fases deste processo, nomeadamente «quais os fichei-ros indispensáveis, o que é e como elaborar uma carta de apresentação, como preen-cher um formulário de autoria e os diversos passos da submissão». Por fim, Fátima Pe-drosa-Domellöff deixou «um conjunto de dicas sobre as possíveis críticas dos revi-sores e como elaborar uma resposta». João Paulo Godinho

retirar o olho devido a um traumatismo, um tumor ou uma outra doença ocular), o coordenador salientou a premência des-tes conhecimentos. «Infelizmente, todos nós lidamos com doentes que aparecem no Serviço de Urgência e que têm de reti-rar o olho, pelo que é preciso saber como se reabilita a cavidade. Isso é muito im-portante e interessa transversalmente a todos os oftalmologistas.»

Este curso contou, então, com a inter-venção de um orador diferente para cada etapa do processo. As técnicas de evisce-ração e enucleação e a melhor forma para se adaptar uma prótese foram abordadas

pela Dr.ª Mara Ferreira; os tipos de im-plantes que se podem colocar para a rea-bilitação estiveram a cargo da Dr.ª Sandra Prazeres; e as complicações que podem decorrer desses procedimentos, como extrusão ou exposição do implante, pas-saram pela análise do Dr. João Cabral. A Dr.ª Filipa Ponces apontou o que fazer no défice de volume orbitário, nomeadamente a técnica de lipoestrutura com a injeção de gordura para preenchimento da cavidade.

As anoftalmias congénitas e a atenção especial que estas requerem nas crianças, devido à fase de grande desenvolvimento ósseo, em que é essencial dar volume à órbita para permitir a evolução normal da face, foram abordadas por Guilherme Castela. A última intervenção coube à Dr.ª Cecília Ramos, que transmitiu ensi-namentos sobre próteses oculares e sua adaptação nos doentes. Este último mo-mento do curso é realçado pelo coordena-dor devido ao caráter inovador da aborda-gem: «É importante o oftalmologista deixar um bom trabalho cirúrgico para depois adaptar a prótese e isso é uma novidade – trazer ao oftalmologista o trabalho do pro-tésico.» João Paulo Godinho

9D E z E M b r O 2 0 1 5

Page 10: 6.ª feira Novidades em córNea e superfície ocular · canismos de bloqueio do organis- ... Um dispositivo cirúrgico aplicado na cirurgia da catarata, ... incorporou os contributos

Prof. Miguel Morgado, Prof.ª Maria João Quadrado, Dr. augusto Magalhães, Dr.ª Lucília Lopes, Dr. antónio Limão e Dr.ª rita Flores

A evolução do papel da mulher na sociedade, na Medicina e na Oftalmologia esteve em destaque na Sessão de Abertura do Congresso. As diferentes teorias sobre a luz ao longo da história da Humanidade também foram abordadas.

Luís Garcia

luz feminina iluminOu abertura dO cOngressO

A Prof.ª Maria João Quadrado, pre-sidente da SPO, recebeu oficial-mente os congressistas, desta-

cando a importância da simbiose entre «a sabedoria dos mais velhos e a dinâmica refrescada e novos métodos de pensar e fazer das gerações mais recentes». Seguiu-se uma conferência proferida pelo Prof. Miguel Morgado, investigador no Ins-tituto Biomédico de Investigação em Luz e Imagem (IBILI) e docente na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, que teve como mote as come-morações do Ano Internacional da Luz e das Tecnologias Baseadas na Luz.

Numa viagem pela forma como a luz tem sido encarada ao longo da história, o palestrante começou pela Grécia Antiga, cujos filósofos trocaram argumentos acer-ca da natureza da luz: seria uma qualidade ou uma substância? Apesar de atraves-sar vários marcos importantes, o debate manteve-se essencialmente filosófico até ao aparecimento dos primeiros modelos físicos da luz, no século XVII. Seguiram-se os trabalhos de cientistas como Newton, Maxwell e Einstein, cujas descobertas fo-ram invocadas por Miguel Morgado.

O investigador referiu também as im-plicações sociais do acesso à iluminação artificial, no passado e no presente. «Para cerca de 1,5 mil milhões de pessoas, o pôr do sol significa a escuridão ou a luz fraca de uma vela», lembrou Miguel Morgado, que terminou a sua palestra com uma

breve referência a alguns dos projetos em que está envolvido no IBILI, quer no intuito de aumentar a informação dos meios de diagnóstico, quer desenvolvendo novas técnicas óticas em Oftalmologia.

A mulher na OftalmologiaEm seguida, Maria João Quadrado dis-correu sobre o crescente contributo das mulheres para a Medicina e, em particular, para a Oftalmologia. No entanto, o cami-nho da igualdade não tem sido fácil, como frisou a oftalmologista, salientando o papel pioneiro das duas primeiras mulheres a exercerem esta especialidade nos Esta-dos Unidos: Isabel Barrows (1845-1913) e Elisabeth Sargent (1857-1900).

Em Portugal, quando a Ordem dos Mé-dicos (OM) reconheceu as especialidades,

em 1944, Branca Rumina era a única mu-lher entre 76 homens. Outras se seguiram, como a Dr.ª Lucília Lopes, presidente ho-norária deste 58.ª Congresso Português de Oftalmologia, com um currículo que fala por si: primeira mulher nos corpos ge-rentes da SPO (entre 1985 e 1988), mem-bro da direção do Colégio da Especiali- dade de Oftalmologia da OM (1991/1992, 1995/1996 e 2008/2009) e diretora do Ser-viço de Oftalmologia do Centro Hospitalar de Lisboa Central/Hospital de Santo Antó-nio dos Capuchos (2003-2008).

Atualmente, o cenário é bem distinto: 387 dos 954 sócios da SPO são mulheres, que ultrapassaram os homens no núme-ro de trabalhos submetidos a este Con- gresso (170 versus 158). Também a dire-ção da SPO integra três mulheres e outras tantas coordenam secções desta Socieda-de. «O contributo das mulheres oftalmolo-gistas para o avanço do conhecimento científico tem crescido exponencialmen-te», salientou Maria João Quadrado.

No final da sessão, foi distribuído o e-book «Fillers e toxina botulínica em oculoplástica». Para o Dr. Guilherme Castela, coordenador do Grupo Portu-guês de Órbita e Oculoplástica, este projeto visa «impulsionar a área da es-tética periocular e da face em Oftalmolo-gia» e está dividido em duas partes. Na primeira, são transmitidos alguns concei-tos teóricos sobre a toxina botulínica e os preenchimentos com ácido hialuróni-co. A segunda é composta por oito víde-os com casos clínicos.

5 8 .º CO n G r E S S O P O rt U G U ê S D E O f tA l M O lO Gi A10

Ontemquinta-feira, dia 3V

isão

SP

O

equipados a rigor, cerca de 120 congressistas participaram na iniciativa «3 km a correr ou a caminhar com a sPO», no final do dia de ontem. Por cada participante, a Théa Portugal vai doar 10 euros à associação dos Cegos e amblíopes de Portugal (aCaPO)

«Mexe-te pela ACAPO»

Page 11: 6.ª feira Novidades em córNea e superfície ocular · canismos de bloqueio do organis- ... Um dispositivo cirúrgico aplicado na cirurgia da catarata, ... incorporou os contributos

publicidade

Page 12: 6.ª feira Novidades em córNea e superfície ocular · canismos de bloqueio do organis- ... Um dispositivo cirúrgico aplicado na cirurgia da catarata, ... incorporou os contributos

é a esta questão que pretende responder a sessão «Atualidades 2015», que terá lugar na sala Gemini, entre as 11h15 e as 12h00. O objetivo é analisar os últimos desenvolvimentos na cirurgia implanto-refrativa, da córnea e na inflamação ocular.

João Paulo Godinho

que nOvidades trOuxe 2015?

O ano de 2015 tem sido marcado por inúmeros progressos em áre-as distintas da Oftalmologia. Por

isso, este Congresso não passa ao lado do futuro que já se trabalha no presente e organiza hoje a sessão «Atualidades 2015», cujo objetivo é apresentar os mais recentes desenvolvimentos ao nível da cirurgia implanto-refrativa, da córnea e da inflamação ocular.

Ao Dr. Fernando Vaz, diretor do Ser-viço de Oftalmologia do Hospital de Bra-ga, caberá a responsabilidade de abrir a sessão, com uma palestra sobre a cirur-gia implanto-refrativa. Sustentada nos recentes congressos da American So-ciety of Cataract and Refractive Surgery (ASCRS) e da sua homóloga europeia (ESCRS), a intervenção deste especialis-ta refletirá o que há de novo a nível tecnoló-gico, cirúrgico e de diagnóstico. «Estamos a atravessar um período de mudança de paradigma na cirurgia de catarata. Hoje, o objetivo já não é apenas restaurar a visão,

mas também proporcionar ao doente uma visão de 10/10 com o menor erro refrativo possível», assegura.

O aparecimento de tecnologias como o femtofaco, que oferece maior seguran-ça e previsibilidade, e de outros equipa-mentos que revolucionaram a precisão do cálculo das lentes para implantar nas cirurgias será especialmente valorizado por Fernando Vaz. «A cirurgia implanto--refrativa é reflexo do avanço tecnológico a que assistimos nos últimos 20 anos. A expectativa de médicos e doentes em relação à cirurgia é hoje completamente diferente e os nossos doentes são agora muito mais exigentes do que no passa-do», considera este orador, que promete ainda mais novidades para 2016.

Avanços ao nível da córnea e da inflamação Em seguida, a Dr.ª Cristina Péris Marti-nez, subdiretora médica da Fundação Oftalmológica do Mediterrâneo e profes-sora na Universidade Católica de Valên-cia, vai abordar a profunda transformação que se tem verificado ao nível da córnea. Considerando este tecido como «a porta de entrada» para todas as cirurgias in-traoculares, a especialista espanhola evi-dencia o «aumento exponencial no conhe- cimento da sua fisiopatologia».

«Passámos por uma caracterização clí-nica e morfológica e começamos agora a caracterizar a córnea de um ponto de vista biomecânico, o que vai permitir prever as nossas ações de remodelação e reforço, tanto na córnea saudável como na doen-te», adianta Cristina Péris Martinez. Nesse sentido, os enormes avanços registados, por exemplo, nas técnicas cirúrgicas do transplante endotelial seletivo ditam que uma cirurgia outrora muito invasiva seja

agora mínima, proporcionando uma rápida recuperação da função visual.

Por sua vez, a problemática da inflama-ção ocular, centrada na uveíte e na sua fisiopatologia, será revisitada na preleção da Dr.ª Marta Guedes, oftalmologista no Hospital de Egas Moniz, do Centro Hos-pitalar de Lisboa Ocidental. À apresenta-ção de alguns estudos e ensaios clínicos juntar-se-á, sobretudo, a divulgação das principais novidades ao nível do diagnós-tico e das terapêuticas das uveítes. No que toca ao diagnóstico, a especialista destaca a utilização da tomografia de co-erência ótica (OCT, na sigla em inglês) en face, «nomeadamente em algumas corio-capilaropatias», bem como da angiografia por OCT e de campo amplo.

Marta Guedes realça a importância dos agentes biológicos e da terapêutica intravítrea no tratamento da uveíte, com «alguns resultados positivos do sirolimus intravítreo e dos implantes de corticoides prolongados». «Existem bons resultados de eficácia e segurança», garante esta oradora. E acrescenta: «Estas novas ar-mas, quer a nível sistémico quer de uso intravítreo, vão permitir que seja cada vez mais fácil lidar com as patologias inflama-tórias e com melhores resultados.»

Cirurgia de catarata sustentada no objetivo de uma visão 10/10 e com menor erro refrativo; Generalização do uso do laser de femtosegundo; Abordagem e caracterização da córnea numa ótica biomecânica; Recurso à OCT en face e à angiografia por OCT e de campo amplo; Terapêutica biológica e intravítrea nas uveítes.

PrinCiPAiS MUDAnçAS DE 2015

Dr. FernanDO VaZ

Dr.ª CrIsTIna PérIs MarTIneZ

«atravessamos uma mu-dança de paradigma na cirurgia de catarata. O

objetivo já não é apenas restaurar a visão, mas também proporcionar

ao doente uma visão de 10/10 com o menor erro

refrativo possível»

5 8 .º CO n G r E S S O P O rt U G U ê S D E O f tA l M O lO Gi A12

hOJesexta-feira, dia 4V

isão

SP

O

Page 13: 6.ª feira Novidades em córNea e superfície ocular · canismos de bloqueio do organis- ... Um dispositivo cirúrgico aplicado na cirurgia da catarata, ... incorporou os contributos

No dia 13 de novembro deste ano, foi publicado, no Journal of the Ameri-

can Medical Association, um ensaio clíni-co conduzido pela DRCR.net, envolven-do 305 doentes com retinopatia diabética proliferativa provenientes de 55 centros

estadO da arte nO tratamentO da retinOpatia diabéticanorte-americanos. Este estudo comparou a fotocoagulação panretiniana, conside-rada o gold standard no tratamento des-ta patologia desde meados dos anos de 1970, com o ranibizumab, comprovando a maior eficácia deste fármaco.

Na minha conferência, vou apresentar os resultados deste trabalho, bem como os de um outro grande estudo que pu-blicámos em fevereiro de 2015, no New England Journal of Medicine, com aqui-lo que chamamos o protocolo T, que compara a eficácia dos três fármacos anti-VEGF disponíveis – bevacizumab, ranibizumab e aflibercept – no tratamen-to do edema macular diabétivo (EMD), durante um ano. Nos doentes com EMD e má visão (pior do que 20/60), o afliber-cept foi mais eficaz do que os outros dois fármacos. Nos doentes com visão 20/40 ou melhor, os três agentes apresentaram

resultados sobreponíveis. A publicação deste trabalho provocou uma alteração muito importante na prática clínica, mu-dando o comportamento de especialistas em retina de todo o mundo.

Também vou falar sobre o nosso pro-tocolo I, que comparou o laser, até agora considerado como a terapêutica standard no EMD, com a medicação anti-VEGF. Este estudo mostrou claramente que es-tes fármacos são muito melhores do que o laser como tratamento inicial. O problema da terapêutica anti-VEGF é que requere várias injeções (até 14 em dois anos). Por isso, seria muito útil conseguir outra forma de administrar o fármaco no olho e há vá-rias equipas a trabalhar nesse sentido. Os anti-VEGF continuarão a ser o principal tratamento nos próximos anos, mas haverá novidades em outras vias, como a genéti-ca, que resultarão em novos fármacos.

Professor de Oftalmologia na northwestern University Feinberg school of Medicine, em Chicago, e membro da direção da Diabetic retinopathy Clinical research ne-twork (DrCr.net) | Preletor da Conferência Cunha-Vaz, que decorre entre as 12h00 e as 12h30, na sala Gemini

OPINIÃO

Dr. Lee MerrIL JaMPOL

Na área de Oftalmologia Pediátrica e estrabismo, tem havido uma evolu-

ção marcada de conceitos em diversas patologias. Tentarei, em breves palavras, dar uma ideia do que se está a passar. A meu ver, um dos conceitos que mais modificou foi o de ambliopia, a sua rever-sibilidade e o seu tratamento. Durante muito tempo, pensou-se que a ambliopia se devia ao menor desenvolvimento neu-ronal cortical por estimulação deficiente dos centros nervosos, sobretudo na ani-sometropia e no estrabismo.

Hoje, questiona-se se o problema está no olho que vê mal ou se não estará antes no olho que vê bem, que inibe o compor-tamento dos neurónios do olho amblíope. O estrabismo e mesmo a anisometropia seriam uma consequência, em vez de uma causa. O tratamento seria, então, não a oclusão do olho bom, mas antes a modificação do seu comportamento inibitório.

atualizaçãO em OftalmOlOgia pediátrica

Outro conceito em realce é a impor-tância dos ligamentos intermusculares na génese de algumas formas de es-trabismo, nomeadamente o chamado heavy eye dos míopes ou o sagging eye da idade. Surgiram vários estudos para avaliar o crescimento da miopia em crianças, designadamente no seu relacionamento com tablets e com a ne-cessidade de luz exterior. No capítulo da cirurgia do estrabismo, deve ser sa-lientado o aperfeiçoamento de algumas técnicas, como a miopexia muscular às pulleys, a pexia ao periósseo, a inova-ção na transposição muscular, a cirur-gia de microincisão e a miopexia do reto superior.

Além disso, a World Society of Pae-diatric Ophthalmology and Strabismus publicou alguns consensos sobre as ar-mações e lentes para crianças. Por sua vez, a American Academy of Ophthal-mology inaugurou um website educati-

vo sobre Oftalmologia Pediátrica, com o apoio da Fundação dos Templários. Finalmente, vou referir as novidades ao nível das estratégias para a preven-ção da retinopatia da prematuridade e os resultados da terapêutica génica na amaurose de Leber publicados recente-mente.

responsável pela Unidade de Oftalmologia Pediátrica e estrabismo do serviço de Oftalmologia do Centro Hospitalar de são João, no Porto | Preletor da sessão Highlights 2015 de hoje, entre as 10h30 e as 10h45, na sala Gemini

OPINIÃO

Dr. JOrGe BreDa

13D E z E M b r O 2 0 1 5

Page 14: 6.ª feira Novidades em córNea e superfície ocular · canismos de bloqueio do organis- ... Um dispositivo cirúrgico aplicado na cirurgia da catarata, ... incorporou os contributos

A evolução e as novas aplicações do laser na Oftalmologia estão hoje em

destaque na sessão que decorre entre as 14h30 e 15h30, na sala Pégaso. Com o foco apontado às inovações desta tecno-logia no século XXI, o Dr. Marco Medei-ros, oftalmologista no Centro Hospitalar Lisboa Central (CHLC) e coordenador desta sessão organizada pela Socieda-de Portuguesa Interdisciplinar do Laser Médico (SPILM), considera que «os la-sers se tornaram tão importantes para o oftalmologista como o bisturi e as luvas para o cirurgião». Por isso, defende o combate ao abandono desta técnica. «É uma arma fundamental na cirurgia refrati-va e na retina, de forma isolada (no último caso) ou em combinação com outras te-rapêuticas, como os anti-VEGF (sigla em inglês para fator de crescimento endote-lial vascular) e a corticoterapia, o que nos permite otimizar resultados e adotar uma abordagem racional e mais sustentável, em termos de recursos económicos e lo-gísticos», refere.

O papel do laser estende-se também ao diagnóstico. «Uma das áreas inovado-

laser cOmO arma terapêutica e diagnóstica

Dr. José Henriques, Dr. Marco Dutra Medeiros (coordenador) e Prof. Joaquim Murta. ausentes na foto: Prof. rufino silva e Dr.as ana Duarte e Maria João Menéres

ras é o uso de técnicas de microscopia confocal que combinam a ótica adaptativa com a oftalmoscopia de varrimento laser (AO-SLO) e que resultam na aquisição iconográfica da retina humana com eleva-da resolução, permitindo a visualização in vivo de células retinianas», explica Marco Medeiros. Com base nesta tecnologia, surgem novos meios de diagnóstico que irão condicionar uma mudança de para-digma na prática clínica oftalmológica.

O update sobre o laser será abordado nesta sessão com as seguintes interven-ções: Prof. Joaquim Murta, membro do conselho científico da SPILM e diretor do

Serviço de Oftalmologia do Centro Hospi-talar e Universitário de Coimbra (CHUC), que vai falar do laser em cirurgia refrati-va e de catarata; Dr.ª Ana Duarte, fellow no Hospital da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (São Paulo, Brasil), que abordará o laser em oculoplástica; Dr.ª Maria João Menéres, do Centro Hos-pitalar do Porto (CHP), com o laser em glaucoma; Dr. José Henriques, presiden-te da SPILM, sobre o laser em retina; e Prof. Rufino Silva, membro do conselho científico da SPILM e do Serviço de Of-talmologia do CHUC, que falará sobre o laser no diagnóstico. João Paulo Godinho

Ao longo de uma hora (14h30-15h30), na sala Gemini, irá lançar-se um olhar

ibérico sobre o tema da córnea e as mais recentes terapêuticas nesta área. Será um simpósio fundamentado na «partilha de conhecimentos» entre o Grupo Português de Superfície Ocular e Córnea (GPSOC) da SPO e o seu congénere espanhol (GESOC), como sublinha a Dr.ª Esmeral-da Costa, oftalmologista no Centro Hospi-talar e Universitário de Coimbra (CHUC) e coordenadora do GPSOC e desta sessão.

Olhar ibéricO sObre córnea e superfície Ocular

A representar o outro lado da fronteira estará o Prof. Jesús Merayo, diretor de investigação no Instituto Universitário Fernández-Vega e pro-fessor na Universidade de Oviedo, com uma in-tervenção dedicada aos conceitos atuais e às terapias biológicas. «As terapias avançadas en-globam a terapia celular,

a terapia genética e a engenharia de te-cidos», avança o especialista espanhol.

A aplicação destas técnicas na su-perfície ocular será defendida por Jesús Merayo, sobretudo ao nível da expansão das células estaminais da córnea para o tratamento de insuficiência límbica e para a produção de tecidos artificiais, «como o estroma e o endotélio». Nesse sentido, este orador apresentará também «resul-tados da engenharia de tecidos do endo-télio corneano em diferentes suportes e

Dr.ª esmeralda Costa e Prof. Jesús Merayo

as alternativas de manipulação não subs-tancial de tecidos para substituir o endo-télio com tecido humano».

No que toca à perspetiva portuguesa, Esmeralda Costa centrar-se-á nas tera-pias celulares, particularmente o trans-plante de células estaminais límbicas. «É o gold standard para o tratamento de in-suficiências límbicas secundárias a trau-matismos químicos unilaterais. Nestes casos, estamos a falar de um autotrans-plante, ou seja, ir buscar ao olho saudá-vel uma pequena biópsia, que depois é expandida em laboratório e transplantada no olho doente», esclarece. Esta terapêu-tica deve anteceder um eventual trans-plante de córnea, pois a insuficiência lím-bica e a neovascularização estão na base da rejeição dos transplantes.

Antecipando um encontro «muito inte-ressante» e repleto de novidades, a co-ordenadora do GPSOC enaltece ainda «a proximidade e a colaboração estreita com o GESOC há já alguns anos». João Paulo Godinho

5 8 .º CO n G r E S S O P O rt U G U ê S D E O f tA l M O lO Gi A14

hOJesexta-feira, dia 4V

isão

SP

O

Page 15: 6.ª feira Novidades em córNea e superfície ocular · canismos de bloqueio do organis- ... Um dispositivo cirúrgico aplicado na cirurgia da catarata, ... incorporou os contributos

O conhecimento das mutações ge-néticas para o diagnóstico pré-natal do glaucoma congénito, os métodos de diagnóstico e os procedimentos cirúrgicos mais adequados, e o segui-mento criterioso dos doentes são os tópicos em análise no simpósio que decorre entre as 14h30 e as 15h30, na sala Vega.

João Paulo Godinho

estadO da arte nO glaucOma cOngénitO

Dr. João Filipe silve e Dr. Mário Cruz (coordenador)

Dr. sérgio estrela silva e Prof. Homero Gusmão de almeida

Coordenado pelo Dr. Mário Cruz, oftalmologista no Centro Hospi-talar Tondela-Viseu, o simpósio

«Estado da arte e referenciação do glau-coma congénito» vai assentar em três pilares de análise: genética, cirurgia e seguimento. A componente genética será abordada pelo Dr. Sérgio Estrela Silva, of-talmologista no Centro Hospitalar de São João (CHSJ), no Porto, que vai explicar as «mutações genéticas até agora descri-tas nos doentes com glaucoma congénito e qual a sua importância no prognóstico e no aconselhamento genético».

Este orador vai também apresentar uma análise dos estudos genéticos so-bre o glaucoma congénito em Portugal, detendo-se particularmente nos testes ao gene CYP1B1 do citocromo P450, pois «é neste gene que se encontra a maio-ria das mutações descritas nos doentes». Sublinhando a escassez de estudos e de referenciação dos doentes em Portugal, Sérgio Estrela Silva vai ainda alertar para os últimos desenvolvimentos no campo da investigação genética. «Há já uma exi-gência por parte dos nossos doentes para que se procure identificar o gene ou as alterações genéticas que podem ser res-

ponsáveis pelo glaucoma congénito, de forma a permitir um aconselhamento ge-nético adequado e informativo», justifica.

Diagnóstico, tratamento e seguimento No simpósio, o Prof. Homero Gusmão de Almeida, presidente do Conselho Brasileiro de Oftalmologia, descreverá o processo cirúrgico enquanto «tratamento- -padrão do glaucoma congénito», salien-tando a importância do diagnóstico pre-coce na preservação da anatomia e das funções oculares. A este nível, o especia-lista brasileiro adverte que um diagnósti-co preciso «deve assentar no exame da criança sob narcose para permitir a bio-microscopia, na medida da pressão intra-ocular, no exame de fundo do olho com avaliação do nervo ótico, nas medidas dos diâmetros corneanos, na ecobiome-tria e na paquimetria».

Segundo este oftalmologista, a primei-ra cirurgia a realizar é a que apresenta as melhores hipóteses, com taxas de suces-so em torno de 70% a 80%. «A gonioto-mia e a trabeculotomia são as cirurgias de escolha para o tratamento. A primeira é menos traumática e não implica forma-

ção de bolsas conjuntivais; a segunda pode ser realizada mesmo na presen-ça de opacidades corneanas.» Homero Gusmão de Almeida aponta os implantes de drenagem e a ciclofotocoagulação a laser como outras opções cirúrgicas.

Segue-se a intervenção do Dr. João Filipe Silva, oftalmologista no Centro Hos-pitalar de São Francisco, em Leiria, sobre o seguimento dos doentes com glaucoma congénito, incidindo na abordagem ade-quada dos profissionais de saúde e dos próprios pais. «De nossa parte, devemos monitorizar estas crianças para que não haja progressão. Ou seja, devemos fazer uma avaliação quando são mais peque-nas, sob sedação, para podermos moni-torizá-las bem, havendo uma interação entre o que nós vemos e o que os pais veem em casa», salienta.

Apesar de o glaucoma congénito ser uma doença para a vida e que acarreta alguns condicionalismos, João Filipe Silva defende que «gravidade não significa in-capacidade». Por isso, vai realçar a impor-tância da estimulação visual precoce, da monitorização (com o eventual uso de colí-rios antiglaucomatosos) e da colaboração no acompanhamento das crianças. «A in-ter-relação entre o “glaucomatologista”, o oftalmologista pediátrico, os pais e o meio escolar em que a criança está inserida, com esta no centro do circuito, é funda-mental para o seu bom desenvolvimento e desempenho», conclui este orador.

Lacrimejamento

Fotofobia

Blefarospasmo

Aumento do globo ocular (buftalmia)

QUADrO ClíniCO CláSSiCO

15D E z E M b r O 2 0 1 5

Page 16: 6.ª feira Novidades em córNea e superfície ocular · canismos de bloqueio do organis- ... Um dispositivo cirúrgico aplicado na cirurgia da catarata, ... incorporou os contributos

A sala Vega acolhe esta tarde, entre as 15h30 e as 16h30, o curso «Algorit-

mo Médico e Cirúrgico no Glaucoma», destinado a estimular o debate e a troca de experiências sobre o tratamento desta patologia. «Vários intervenientes vão dar as suas perspetivas sobre a evolução mé-dica e cirúrgica, discutindo o que se pode fazer nos casos de glaucoma suspeito e de ângulo fechado.» Quem o afirma é o Dr. José Moura Pereira, oftalmologista no Centro Hospitalar e Universitário de Coim-bra (CHUC) e coordenador do Grupo Por-tuguês de Glaucoma (GPG) da SPO.

Esta formação, sustentada na ideia de que «não se pode generalizar o tratamen-to», vai pormenorizar as abordagens ao glaucoma de ângulo fechado, que se de-teta através da gonioscopia, «o primeiro passo em qualquer doente»; e ao glauco-ma suspeito, cujo «ângulo é normalmen-te aberto». Apesar de reconhecer que «não tem havido grandes inovações» no campo terapêutico, José Moura Pereira adianta que «serão abordados o laser, a cirurgia, os medicamentos e toda a panó-plia que existe para combater o flagelo do

diferentes Olhares sObre O glaucOma

glaucoma suspeito e do glaucoma de ân-gulo fechado».

A assumir o papel de formadores es-tarão os seguintes especialistas: Dr. Pedro Faria («Como abordar o doente com hipertensão ocular/glaucoma sus-peito»); Dr.ª Manuela Carvalho («Como abordar o doente com ângulo estreito»); Dr. António Figueiredo («Diagnóstico de estrutura dinâmica»); Prof. Cristiano Caixeta Umbelino («Decisão - iridotomia periférica, iridoplastia e trabeculoplastia laser seletiva»); Dr.ª Teresa Gomes («Ci-

Dr. antónio Figueiredo, Dr.ª Manuela Carvalho, Prof. José Moura Pereira (coordenador), Prof. Cristiano Caixeta Umbelino e Dr. Pedro Faria. ausentes na foto: Dr.ª Teresa Gomes e Dr. nuno Lopes

rurgia combinada»); e Dr. Nuno Lopes («Algoritmo cirúrgico no glaucoma»).

Com o desígnio de refletir sobre os diferentes paradigmas terapêuticos no glaucoma, José Moura Pereira acredita que a discussão será enriquecedora para todos os participantes. «O debate de ideias pode trazer-nos a experiência de cada um, abrir-nos a mente para novos tratamentos e para não fazermos só aqui-lo a que estamos habituados. O fim último é inovar e melhorar as hipóteses de trata-mento dos doentes.» João Paulo Godinho

O curso «Qualidade da Visão na Cirur-gia de Segmento Anterior», promovi-

do pela secção de Cirurgia Implanto-Refra-tiva de Portugal (CIRP) da SPO, realiza-se entre as 15h30 e as 16h30, na sala Gemi-ni, e dá o mote para uma reflexão sobre a importância da avaliação de parâmetros da qualidade de visão. A orientar a sessão estará a Prof.ª Conceição Lobo, coordena-dora da CIRP e responsável pela Secção de Cirurgia Implanto-refrativa do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra

nOvOs parâmetrOs na avaliaçãO da qualidade visual

(CHUC). Esta especialista realça a impor-tância de ir além dos habituais critérios de análise, como a acuidade visual. «Existem outros parâmetros que definem a sua qua-lidade, embora sejam mais subjetivos e di-fíceis para quem está a avaliar», defende.

Conceição Lobo alertará para algumas causas da subjetividade nestes parâme-tros, que, quando não considerados, po-dem explicar queixas de doentes, mesmo com boa acuidade visual. «Esta situação pode estar relacionada com aberrações

Dr. Fernando Faria Correia, Prof. José salgado Borges, Prof.ª Conceição Lobo (coordenadora), Dr.ª andreia rosa e Dr. José Costa

óticas», refere. O aparecimento de novas metodologias de avaliação é cada vez mais «uma exigência dos doentes», quer no caso de lentes intraoculares, quer no da cirurgia refrativa com recurso a laser na córnea. Aliás, a oradora defende que a cirurgia refrativa e a do segmento anterior «são um bom exemplo do papel crucial do oftalmologista na resolução adequada de um problema concreto do doente».

Neste curso, assumirão o papel de for-madores os seguintes oftalmologistas: Dr.ª Andreia Rosa, do CHUC («Resso-nância magnética funcional como forma inovadora de avaliar a qualidade visual»); Prof. José Salgado Borges, do Hospital Privado Boa Nova, na Maia («Light distor-tion analysis: novo método para avaliar»); Dr. Fernando Faria Correia, do Hospital de Braga («Parâmetros de função visu-al e qualidade da visão com diferentes lentes multifocais»); e Dr. José Costa, do CHUC («Posicionamento das lentes intraoculares multifocais e sua influência na aberrometria»). João Paulo Godinho

5 8 .º CO n G r E S S O P O rt U G U ê S D E O f tA l M O lO Gi A16

hOJesexta-feira, dia 4V

isão

SP

O

Page 17: 6.ª feira Novidades em córNea e superfície ocular · canismos de bloqueio do organis- ... Um dispositivo cirúrgico aplicado na cirurgia da catarata, ... incorporou os contributos

publicidade

Page 18: 6.ª feira Novidades em córNea e superfície ocular · canismos de bloqueio do organis- ... Um dispositivo cirúrgico aplicado na cirurgia da catarata, ... incorporou os contributos

No que toca a formação, o segundo dia deste Congresso encerra com o

Curso Teórico-Prático de Eletrofisiologia Ocular: do Laboratório à Clínica, na sala Vega, entre as 17h00 e as 18h00. «Esta formação tem como objetivo a aquisição de conhecimentos básicos sobre a ele-trofisiologia ocular», esclarece o Prof. Amândio Rocha-Sousa, oftalmologista no Centro Hospitalar de São João (CHSJ), no Porto, coordenador e orador neste curso, que terá duas componentes: a realização dos exames eletrofisiológicos mais comuns e a correta interpretação desses mesmos exames no contexto da atividade clínica.

Esta formação conta também com os contributos dos ortoptistas no CHSJ Pau-lo Rocha e Daniela Rodrigues, que serão responsáveis pela explicação da execu-ção dos vários exames eletrofisiológicos. A saber: teste de potencial evocado visu-al (PEV), para avaliação da progressão da mensagem através da via ótica até às áreas visuais occipitais; eletrorretino-

Entre as 15h30 e as 16h30, a sala Pé-gaso será palco de um autêntico fó-

rum de debate sobre as patologias retinia-nas, que se debruçará sobre o diagnóstico e as terapêuticas médicas e cirúrgicas. Com moderação a duas vozes – pelo Prof. João Figueira, oftalmologista no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) e coordenador do Grupo Portu-guês de Retina-Vítreo (GPRV) da SPO, e pelo Prof. Rufino Silva, oftalmologista no CHUC e coordenador do Grupo de Estu-dos da Retina (GER) –, este curso prome-te fugir às apresentações clássicas.

visãO teóricO-prática da eletrOfisiOlOgia Ocular

fórum abertO sObre patOlOgias retinianas

grafia (ERG) padrão, para distinção da disfunção macular do nervo ótico; ERG flash, para avaliação da função retiniana em massa; ERG multifocal e eletroculo-grama (EOG).

Depois da parte prática de execução, segue-se «a interpretação destes exames eletrofisiológicos com aplicabilidade clíni-ca», pelo Prof. Amândio Rocha-Sousa e

Por conseguinte, estarão presentes oito oradores para responder, «da for-ma mais pessoal e didática possível», a seis questões consideradas «perti-nentes» pelos coordenadores. «Para as diferentes patologias, vamos abor-dar as melhores opções terapêuticas, partindo da experiência pessoal e do know-how dos oradores para passar o testemunho», elucida João Figueira, que defende o contributo da dinâmica deste modelo e da troca de ideias para o melhor esclarecimento dos partici-pantes na formação.

PrOF. JOÃO FIGUeIra PrOF. rUFInO sILVa

pelo Dr. Renato Santos Silva, também oftalmologista no CHSJ. «Serão de-batidas as formas de interpretar os dados complementares fornecidos pelos diver-sos exames e a sua aplicabilidade no diagnóstico, no tratamento e na monito-rização dos doentes com patologia ocu-lar», adianta o coordenador deste curso. João Paulo Godinho

O painel de peritos do debate será cons-tituído por: Dr. João Branco, Dr.ª Teresa Quintão, Dr. Paulo Rosa, Dr.ª Bernardete Pessoa, Dr. Nuno Gomes, Dr.ª Carla Teixeira, Dr. Miguel Amaro e Dr.ª Belmira Beltrán. Já as questões em análise ver-sarão sobre: o laser na retinopatia dia-bética proliferativa; a facovitrectomia em doentes acima dos 50 anos; o regime de tratamento do edema macular diabético; o futuro da vitrectomia de microincisão; a segurança da ocriplasmina; e, por fim, a cirurgia do buraco macular.

«Para cada pergunta, haverá duas respostas contraditórias, seguidas de votação pela audiência. Depois, os oito formadores, que têm ampla experiência clínica, vão responder às questões, as-sumindo uma posição que poderá não ser aquela que regularmente seguem na sua prática diária, justificando a sua decisão», adianta Rufino Silva. De acor-do com este coordenador, as respostas claras, objetivas e fundamentadas na prática serão preponderantes para refor-çar os conhecimentos dos participantes sobre as diversas patologias da retina. João Paulo Godinho

PrOF. aMânDIO rOCHa-sOUsa Dr. renaTO sanTOs sILVa

5 8 .º CO n G r E S S O P O rt U G U ê S D E O f tA l M O lO Gi A18

hOJesexta-feira, dia 4V

isão

SP

O

Page 19: 6.ª feira Novidades em córNea e superfície ocular · canismos de bloqueio do organis- ... Um dispositivo cirúrgico aplicado na cirurgia da catarata, ... incorporou os contributos

hoje a ideia de que o sigilo médico de-verá ser relativo, sendo a sua revelação sempre fundamentada em razões éticas, legais e sociais. E acrescenta: «Deve atuar-se com cuidado em situações es-peciais do exercício da Medicina, quando se afirma que um interesse superior exige a violação do segredo profissional. A re-velação, em certas situações, não pode configurar-se como infração ética ou le-gal, sobretudo se visa proteger um inte-resse contrário superior e mais importan-te», ressalva a coordenadora da sessão.

Marisa Teixeira

sigilO e segredO médicOs em OftalmOlOgia

O propósito da sessão que se realiza hoje entre as 17h00 e as 18h00, na

sala Pégaso, é debater questões relacio-nadas com o sigilo e o segredo médicos, já que, hoje em dia, exige-se uma conduta mais rigorosa. «Enquanto o sigilo médico é, na prática, o silêncio que o profissional está obrigado a manter sobre factos de que tomou conhecimento no exercício da sua atividade e que não seja imperativo divulgar; o segredo médico relaciona-se com qualquer facto que não deve ser re-velado», explica a Prof.ª Leonor Almei-da, oftalmologista no Centro Hospitalar Lisboa Norte/Hospital de Santa Maria e coordenadora desta sessão.

Estes temas vão ser discutidos, do pon-to de vista jurídico, pelo Prof. André Dias Pereira, diretor do Centro de Direito Bio-médico, em Coimbra. A mesa incluirá ain-da a presença da Dr.ª Maria João Veludo, oftalmologista no Hospital CUF Infante Santo, em Lisboa. De acordo com André Dias Pereira, «há casos em que o oftal-mologista tem o dever de quebrar o sigilo médico, designadamente nas hipóteses de consentimento do doente, consen-timento presumido, estado de necessi-

dade, prossecução de interesses legíti-mos, cobrança de honorários, defesa da dignidade do próprio médico ou por uma autorização legal específica». Por outro lado, associado a este dever, está o di-reito à proteção dos dados pessoais, «em especial a regulamentação do processo clínico, sendo que o acesso ao mesmo, quer por parte do doente quer de tercei-ros, é uma matéria controversa, tal como o problema da transmissão de processos clínicos para um novo consultório».

Apesar da complexidade da questão, Leonor Almeida sublinha que prevalece

A sessão «Fim de tarde com…» de hoje é dedicada à traumatologia ocu-

lar e está agendada para as 17h00, na sala Gemini. Estima-se que existem cer-ca de 1,6 milhões de indivíduos cegos em todo o mundo devido a traumas oculares, 2,3 milhões com baixa visão bilateral e 19 milhões com cegueira ou baixa visão unilateral. Números que comprovam a re-levância de abordar este tema.

A Dr.ª Angelina Meireles, responsável pela Secção de Cirurgia Vitreorretiniana

impactO das lesões traumáticas Oculares

Dr. Vítor Maduro e Dr.ª angelina Meireles (coordenadora) Dr. Heryberto alvim Dr. Joaquim Mira

e Traumatologia Ocular do Centro Hospi-talar do Porto/Hospital de Santo António, além de coordenar esta sessão, vai abor-dar as lesões referentes ao segmento posterior. Para esta oftalmologista, uma das principais mensagens a reter rela-ciona-se com a persistência do médico, pois, por mais que a lesão aparente ser muito grave, «é importante não desistir, porque há agradáveis surpresas e situa-ções que, embora à partida não pareçam, são recuperáveis».

Já as fraturas da órbita serão comenta-das pelo Dr. Heryberto Alvim, oftalmolo-gista em Campinas, Brasil, que sublinha a importância da abordagem precoce na prevenção de sequelas estéticas e fun-cionais. «Muitas vezes, o trauma orbitário é parte de uma lesão craniofacial mais extensa, sendo a intervenção multidisci-plinar necessária», sublinha este orador, ressalvando que «existem controvérsias sobre a melhor técnica e o material ide-al para as reconstruções, além do tempo mais adequado para cada intervenção».

Por outro lado, Heryberto Alvim sublinha que, «além do dano ósseo, é necessário estar atento aos danos do globo ocular e anexos, portanto, um exame oftalmoló- gico minucioso deve sempre ser feito». Os traumatismos na córnea e no segmento anterior do olho serão os outros dois te-mas abordados nesta sessão, respetiva-mente pelo Dr. Vítor Maduro, oftalmologis-ta em Lisboa, e pelo Dr. Joaquim Mira, que exerce em Leiria. Marisa Teixeira

PrOF.ª LeOnOr aLMeIDa PrOF. anDré DIas PereIra Dr.ª MarIa JOÃO VeLUDO

Dr

19D E z E M b r O 2 0 1 5

Page 20: 6.ª feira Novidades em córNea e superfície ocular · canismos de bloqueio do organis- ... Um dispositivo cirúrgico aplicado na cirurgia da catarata, ... incorporou os contributos

publicidade