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SciELO Books / SciELO Livros / SciELO Libros COSTA, DS., org. Análise da atribuição do acento lexical no português arcaico: uma abordagem por meio da música e do texto de cantigas trovadorescas. In: Pesquisas linguísticas pautadas em corpora [online]. São Paulo: Editora UNESP, 2014, pp. 211-230. ISBN 978-85-68334-41-6. Available from SciELO Books<http://books.scielo.org>.
All the contents of this work, except where otherwise noted, is licensed under a Creative Commons Attribution 4.0 International license.
Todo o conteúdo deste trabalho, exceto quando houver ressalva, é publicado sob a licença Creative Commons Atribição 4.0.
Todo el contenido de esta obra, excepto donde se indique lo contrario, está bajo licencia de la licencia Creative Commons Reconocimento 4.0.
7 - Análise da atribuição do acento lexical no português arcaico uma abordagem por meio da música e do texto de cantigas trovadorescas
Daniel Soares da Costa
7 ANÁLISE DA ATRIBUIÇÃO DO ACENTO
LEXICAL NO PORTUGUÊS ARCAICO: UMA ABORDAGEM POR MEIO DA MÚSICA E DO
TEXTO DE CANTIGAS TROVADORESCAS
Daniel Soares da Costa1
Introdução
Neste capítulo, apresentamos a proposta metodológica para
coleta de dados relativos à prosódia de línguas mortas – ou de perío-
dos passados de línguas vivas das quais não existem mais falantes
– elaborada por Costa (2010a) em sua tese de doutorado. Trata-se
de uma metodologia inovadora que trabalha com a articulação entre
a música e o texto de cantigas trovadorescas (textos poéticos musi-
cados) como instrumento auxiliar para a coleta de dados relativos à
atribuição do acento lexical nas palavras. Apresentaremos o funcio-
namento dessa metodologia, bem como os resultados alcançados na
pesquisa que a desenvolveu.
A língua objeto de análise da atribuição do acento lexical é o
português arcaico (doravante PA) e o arcabouço teórico utilizado
é a Teoria Métrica, na versão de grades parentetizadas de Hayes
(1995).
A metodologia aqui apresentada baseia-se na observação de três
instâncias: a observação das proeminências musicais nas partitu-
1 Professor da Faculdade de Ciências e Letras da Unesp, campus de Araraquara.
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ras que acompanham textos poéticos musicados; a observação das
proeminências linguísticas dos textos; e a observação da estrutura
métrica dos poemas que constituem o corpus de análise. Portanto,
sua aplicação depende da existência de textos poéticos musicados
escritos na língua que se deseja analisar.
Trabalhos nesse sentido, que foram elaborados nos últimos
anos, mostraram que uma metodologia envolvendo música e lin-
guística pode trazer muitas informações pertinentes à análise de
fenômenos prosódicos de línguas mortas.
Em relação ao PA, podemos citar os trabalhos de Massini-Ca-
gliari (2008a), que conclui que uma análise em paralelo da notação
musical e do texto poético de cantigas trovadorescas pode consti-
tuir um instrumento auxiliar para a análise do acento e do ritmo
do PA; Massini-Cagliari (2008b), que analisa fenômenos como a
paragoge e o ritmo na Cantiga de Santa Maria (doravante CSM)
100, sob a mesma perspectiva metodológica que descreveremos
aqui; Massini-Cagliari (2008c), em que temos a comparação do
ritmo das cantigas religiosas, visto pela análise da CSM 70, com
dois exemplares de cantigas profanas (uma cantiga de amigo e uma
cantiga de amor) que sobreviveram com sua notação musical; e
Massini-Cagliari (2008d), em que a autora faz considerações sobre
a paragoge, a silabação, o ritmo, o status prosódico de clíticos e a
existência de palavras proparoxítonas em PA por meio da análise da
estrutura musical e linguística de algumas CSM.
Além desses trabalhos, temos os trabalhos de Costa (2007),2 em
que, por meio da análise de cinco CSM, nas suas versões transcri-
tas para a notação musical atual, feitas por Ferreira (1986), o autor
observa que o tempo mais forte dos compassos musicais marca a
sílaba tônica da palavra, no texto do poema, em aproximadamente
oitenta porcento dos casos analisados naquele corpus; Costa (2008),
2 Trabalho apresentado em forma de comunicação no 55º Seminário do GEL,
com o título “Da notação musical às proeminências da fala: uma proposta
metodológica para o estudo do ritmo linguístico das Cantigas de Santa Maria
de Afonso X”, no ano de 2007.
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PESQUISAS LINGUÍSTICAS PAUTADAS EM CORPORA 213
em que o autor também trata de questões de silabação envolven-
do a distinção de ditongos e hiatos (inclusive em casos de vogais
idênticas), além de casos de ocorrência de acentos secundários em
palavras do PA. Em Costa (2009), temos a análise das dez primei-
ras CSM, em que foi feita uma breve descrição dos procedimentos
metodológicos adotados para a coleta de dados com a nova meto-
dologia que confronta as proeminências musicais e linguísticas; já
em Costa (2010b), o autor faz um estudo sobre o acento secundário
e a tonicidade dos monossílabos em PA por meio da música e da
métrica das CSM.
Corpus
O corpus utilizado por Costa (2010a) para a análise da atribui-
ção do acento no PA constitui-se de um recorte das cem primeiras
Cantigas de Santa Maria (CSM), tomadas a partir das suas versões
transcritas por Anglés (1943) para a notação musical atual, uma vez
que as partituras originais não apresentam a divisão dos compassos
musicais.
As CSM formam um conjunto de 420 cantigas, cuja autoria é
atribuída a Afonso X, o Rei Sábio de Leão e Castela, feitas com o
intuito de louvar a Virgem Maria, com textos poéticos em galego-
-português. Trata-se de um conjunto de cantigas trovadorescas
religiosas, representativo do português no período do século XII
até meados do século XIV; um monumento histórico-literário do
período medieval riquíssimo para o estudo das áreas da poesia, da
música e da pintura, constituindo fontes importantíssimas para
a história da métrica, do galego-português antigo, da música, da
arte, da religião, enfim, da cultura geral daquela época (Parkinson,
1998).
O corpus constitui-se, portanto, de textos poéticos rigorosamen-
te metrificados e musicados, representativos do período medieval
do português, permitindo a observação de proeminências nos dois
níveis, o musical e o linguístico.
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214 DANIEL SOARES DA COSTA (ORG.)
Metodologia
A metodologia utilizada fundamenta-se na observação de três
pontos: a música das cantigas, no sentido de observar o tempo mais
forte de cada compasso musical, isto é, o primeiro tempo do com-
passo, mais especificamente, a primeira nota; o texto dos poemas,
no sentido de observar qual sílaba das palavras está anexada à nota
musical mais proeminente; e a métrica da cantiga, que ajuda a so-
lucionar dúvidas em relação à separação das sílabas na hora de se
anexar as demais estrofes da cantiga à pauta musical, uma vez que
esta é apresentada apenas no refrão e na primeira estrofe, subenten-
dendo-se que as demais estrofes seguem a mesma linha melódica.
Partimos da ideia de que a nota mais proeminente do compasso
musical coincide geralmente com a sílaba mais proeminente das
palavras no nível textual e que as não coincidências entre as proemi-
nências nos dois níveis se devem a fatores de outra ordem, tais como
prolongamentos de notas musicais.
O corpus direto analisado constitui-se de edições mais atualizadas
das CSM, mais especificamente, a de Mettmann (1986) – na qual
nos baseamos para o texto dos poemas – e a de Anglés (1943), que
contém a transcrição da notação musical medieval para a notação
musical atual, uma vez que a partitura medieval não apresenta vi-
sivelmente a divisão dos compassos musicais. A seguir mostramos,
na Figura 1, um trecho da CSM 10, que apresenta a notação musical
original, medieval. Em seguida, na Figura 2, apresentamos a mesma
cantiga na versão de Anglés (1943), com a notação musical atual.
A partitura musical das cantigas vem anexada ao refrão e à pri-
meira estrofe apenas, já que, por obedecerem a uma métrica com-
posicional bastante rígida, não é necessária a repetição da música
em cada estrofe, pois todas as estrofes serão cantadas com a mesma
melodia que é indicada na primeira estrofe.
A anexação das palavras à melodia foi feita, num primeiro mo-
mento, por Anglés (1943) e, quando anexamos os demais versos de
cada cantiga à sua respectiva melodia, obedecemos à divisão silábi-
ca das palavras determinada na edição em questão.
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PESQUISAS LINGUÍSTICAS PAUTADAS EM CORPORA 215
Figura 1 – Trecho da Cantiga de Santa Maria nº X – Rosa das rosas... – Fac-
-símile To3
3 Disponível em: <http://www.pbm.com/~lindahl/cantigas/facsimiles/To/
bob010small.gif>. Acesso em: 13 ago. 2013.
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Figura 2 – Transcrição da CSM 10 (Anglés, 1943, p.18, “parte musical”)
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PESQUISAS LINGUÍSTICAS PAUTADAS EM CORPORA 217
Feita a anexação de todos os versos da cantiga à melodia da par-
titura, partimos para a marcação dos tipos de sílaba que aparecem
na posição de proeminência musical; para isso atribuímos a cada
tipo de sílaba uma marca diferente, para facilitar a visualização da
relação de proeminência entre notas e sílabas. Para a coincidência
da proeminência musical com uma sílaba tônica de palavras com
mais de uma sílaba, optou-se por marcar a sílaba com negrito; para
a coincidência com monossílabos tônicos, foram utilizadas aspas;
para átonos, optou-se por colocar um asterisco antecedendo o mo-
nossílabo; para a coincidência com sílabas pretônicas, foi utilizada
a forma sublinhada; e, por fim, as postônicas finais foram marcadas
em itálico.
Abaixo apresentamos um exemplo de como fica a ficha de análi-
se depois de anexados todos os versos à melodia da partitura. Nesse
exemplo, temos, em cada linha abaixo da linha partitura, a parte
de cada estrofe da cantiga referente ao trecho abrangido pela me-
lodia da primeira linha da partitura da versão transcrita por Anglés
(1943).
(1)
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218 DANIEL SOARES DA COSTA (ORG.)
Para cada uma das cem primeiras CSM foi feita uma ficha de
análise com a distribuição como a descrita acima. Depois de ela-
borada a ficha de análise, distribuídas todas as palavras dos versos
junto com a melodia que as acompanha e marcadas as sílabas de
acordo com o tipo de pauta acentual que coincide com a proemi-
nência musical, partiu-se para a contagem dos tipos de coincidên-
cias entre as proeminências musicais e linguísticas, cujos resultados
apresentaremos a seguir.
Levantamento de dados
Na Tabela 1, logo abaixo, apresentamos a quantificação geral
relativa às coincidências entre proeminências musicais e linguísti-
cas observadas na análise das cem primeiras CSM através da meto-
dologia apresentada no item anterior.
Tabela 1 – Quantificação geral de coincidências entre proeminências musicais e
linguísticas
Coincidências com tônica 12997 39,76%
Coincidências com monossílabo tônico 7703 23,56%
Coincidências com monossílabo átono 2531 7,74%
Coincidências com pretônica 4221 12,91%
Coincidências com postônica final 5189 15,87%
Coincidências com postônica não final 44 0,13%
Total de proeminências 32685 100%
Vale notar que a quantificação geral dessas coincidências tam-
bém foi dividida de acordo com a pauta acentual linguística (tônica,
pretônica, postônica, monossílabo átono e monossílabo tônico) da
sílaba que aparece em posição de proeminência musical, estabe-
lecendo-se os seus respectivos percentuais em relação ao total de
coincidências observadas na análise dos dois níveis, o musical e o
linguístico. Os dados coletados referentes à análise das cem primei-
ras CSM nos forneceram uma amostra de mais de 32 mil coincidên-
cias entre proeminências musicais e sílabas textuais.
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PESQUISAS LINGUÍSTICAS PAUTADAS EM CORPORA 219
Observando a tabela acima, chamamos a atenção para o total
de coincidências entre a proeminência musical e sílabas tônicas de
palavras polissilábicas, num percentual de 39,76%. Se somarmos
este percentual ao percentual de coincidências de proeminências
musicais com monossílabos tônicos, temos um total de 63,32%, o
que corrobora a nossa afirmação, feita anteriormente, de que a pro-
eminência musical marca, na maioria dos casos, uma sílaba tônica
no nível linguístico.
Também fizemos a contagem de todas as palavras que apare-
ceram no corpus, seja em posição de proeminência musical ou fora
dela, o que gerou a Tabela 2, apresentada a seguir.
Tabela 2 – Palavras de acordo com a pauta acentual linguística
Oxítonas 4733 12,44%
Paroxítonas 14539 38,24%
Proparoxítonas 113 0,29%
Monossílabos tônicos 12846 33,78%
Monossílabos átonos 5787 15,22%
Total 38018 100%
Podemos notar, pela tabela acima, que as pautas acentuais mais
recorrentes são de paroxítonas e monossílabos tônicos que, soma-
dos, representam 72,02% do corpus. Além disso, o número de pala-
vras proparoxítonas é muito reduzido em relação às demais pautas
acentuais, representando apenas 0,29% do total, o que, no entanto,
não diminui a importância dessa pauta acentual em relação à sua
representatividade dentro do corpus, já que, para alguns estudio-
sos, ainda havia dúvidas sobre a existência da pauta proparoxítona
no PA.
Apresentação dos resultados
Como dissemos anteriormente, o objetivo deste capítulo, além
demonstrar a eficácia de uma metodologia que envolva a Música e
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a Linguística na busca de pistas sobre a prosódia de línguas mortas,
é divulgar, de maneira resumida, os resultados da tese de doutora-
do A interface música e linguística como instrumental metodológico
para o estudo da prosódia do português arcaico, de Costa (2010a). O
modelo teórico utilizado na análise dos dados levantados é Teoria
Métrica, na versão de grades parentetizadas de Hayes (1995).
Tomando a Tabela 2, podemos observar que a pauta prosódica
com maior número no corpus analisado é a pauta paroxítona, o que
sugere, como pé canônico do PA, o troqueu, ou seja, um pé consti-
tuído por uma sílaba forte seguida por uma fraca (x .). A esta con-
clusão também chegaram Massini-Cagliari (1995; 1999) e Costa
(2006), devido à grande quantidade de paroxítonas encontradas nas
suas respectivas pesquisas.
A atribuição do acento lexical no PA se dá da direta para a es-
querda, não iterativamente, e é sensível ao peso silábico da última
sílaba da palavra, o que indica, dessa forma, o troqueu moraico
como o pé básico dessa língua.
Em relação à influência do peso silábico na atribuição do acento
lexical nessa língua, podemos perceber esse fenômeno, comparan-
do palavras paroxítonas com oxítonas conforme o que nos mostra o
exemplo (02) a seguir.
(02) (x .) (x) (x) (x)
an.ti.go a.ber.ta pe.ca.dor in.fer.nal ͜ ͜ _ ͜ ͜ _ _ _
Por meio desse exemplo, podemos verificar que, quando a pa-
lavra termina em duas sílabas breves, o acento cai sobre a penúlti-
ma sílaba, o que também ocorrerá se a palavra terminar em uma
sílaba longa seguida de uma breve; nestes casos, temos palavras
paroxítonas. No entanto, se houver uma sílaba pesada (travada
por consoante, desde que essa consoante não represente flexão de
número) na última sílaba da palavra, esta atrairá o acento para si,
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PESQUISAS LINGUÍSTICAS PAUTADAS EM CORPORA 221
independentemente de a penúltima sílaba ser longa ou breve, tor-
nando a palavra oxítona. Isso comprova que o PA é sensível ao peso
da última sílaba da palavra na construção dos pés.
Uma das contribuições mais importantes deste trabalho diz res-
peito à possibilidade de análise da pauta proparoxítona, fato inédito
nas pesquisas até então. Foram muito poucas palavras encontradas,
um total de 113 palavras, o qual, se descontarmos as repetições e
mais duas palavras que são originárias do latim (Domini e Domi-
num), passa a 34 palavras apenas.
Massini-Cagliari (1999, p.131) diz, em relação à análise do
acento no português brasileiro, que a maneira mais ortodoxa, den-
tro da teoria, de adequar as palavras proparoxítonas ao padrão acen-
tual das outras palavras dessa língua é lançar mão do conceito de
extrametricidade ou noções próximas.
Analisando a bibliografia existente sobre o assunto, percebemos
uma grande diversidade na maneira como os estudiosos abordam
a questão das proparoxítonas. Bisol (1992), em relação ao portu-
guês brasileiro, considera a última sílaba de palavras proparoxíto-
nas como extramétrica; outros autores, como D’Andrade e Laks
(1991), Alvarenga (1993), Duarte (1977) e Maia (1981), em relação
à análise de palavras proparoxítonas, aludem a sufixos que repelem
o acento, tais como -ico, -voro, -fero, por exemplo, ou fazem refe-
rência a sequências que não são acentuáveis, tais como -ic e -im-,
considerando não acentuáveis as vogais da penúltima sílaba da pa-
lavra. Wetzels (1992) diz que essas palavras estão sujeitas a um tipo
de neutralização chamada de abaixamento datílico, a qual é aplicada
a palavras em cuja posição tônica a vogal é média e sofre abaixa-
mento, tornando-se média-baixa, como em amul[e]to/amul[ε]tico,
formando um pé ternário excepcional nesses casos.
A solução que achamos mais adequada nesses casos, levando em
consideração os dados que temos, é a de Massini-Cagliari (1999,
p.134) para o português brasileiro, a qual transcrevemos abaixo:
Em relação a essas palavras, a solução aqui sugerida é que,
assim como as derivadas, elas são marcadas no léxico com uma
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instrução para a formação de pés datílicos, não por motivos da pre-
sença de um sufixo acento-repelente (já que isso não ocorre), mas
individualmente. Assim sendo, nesses casos, não é mais o sufixo
que recebe a marca no léxico, mas o próprio item lexical. Desta
maneira, o acento é atribuído a essas palavras ainda no primeiro
estrato do léxico e, na passagem pelo segundo, a regra default de
acentuação não pode ser mais aplicada.
Não podemos deixar de ressaltar o caráter excepcional que en-
volve as palavras proparoxítonas. O número extremamente pe-
queno de palavras desse tipo encontradas no corpus utilizado nesta
pesquisa, o qual é bem extenso, comprova a excepcionalidade des-
ses casos. Afinal, são apenas 113 palavras proparoxítonas em meio
a um corpus constituído de um total de 38018 palavras. Se descon-
tarmos as repetições, teremos apenas 34 palavras proparoxítonas.
Portanto, podemos afirmar que, no PA, as proparoxítonas tam-
bém são marcadas no léxico com uma instrução para a formação de
pés datílicos, a qual é atribuída no primeiro estrato, sendo que, na
sua passagem pelo segundo estrato, a regra de acentuação não pode
mais ser aplicada. Dessa forma, constitui-se uma palavra excepcio-
nalmente com um pé datílico.
Em relação às palavras monossilábicas, podemos dizer que há,
no PA, monossílabos pesados, constituídos de sílaba travada, tais
como bel, cruz, Deus, mal etc.; monossílabos que não são consti-
tuídos de sílaba travada, mas que são comprovadamente tônicos
(de acordo com a afirmação de estudiosos medievalistas e a análise
do percentual de incidência de proeminências musicais, sobre tais
formas, que confirma a tonicidade das mesmas – cf. Tabela 1), tais
como ca, que, si, u, entre outras; e, por fim, monossílabos leves, sem
travamento silábico ou travados por elemento representativo de fle-
xão, o que não os torna pesados, tais como de, dos, la, las, te, nos etc.
Em relação à aplicação da teoria, podemos dizer que os monos-
sílabos considerados pesados constituem, sozinhos, um pé, como
podemos ver na representação feita no exemplo (03).
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PESQUISAS LINGUÍSTICAS PAUTADAS EM CORPORA 223
(03) (x )
mal_
Já no caso dos monossílabos leves, vimos que, apesar de haver
uma tendência maior para que essas palavras sejam consideradas
átonas, uma vez que, na maior parte dos casos, tais palavras apare-
ceram mais fora da posição de proeminência musical do que nela,
eles podem assumir proeminência no PA, dependendo do contexto.
Isso pode ser considerado um indício de sua relativa independência
prosódica, aproximando nossas conclusões do apontamento feito
por Bisol (1996, p.251) em relação aos mesmos casos no português
brasileiro.
Portanto, com relação aos monossílabos leves no PA, podemos
dizer que, no caso da sua ocorrência, faz-se necessária a constituição
de pés degenerados, que são permitidos, no PA, quando nenhum pé
canônico puder ser construído.
Sendo assim, podemos dizer que o PA tem uma proibição fraca
em relação à ocorrência de pés degenerados. Isso já tinha sido cons-
tatado anteriormente em Massini-Cagliari (1999, p.170) e Costa
(2006, p.105).
(04) (x )
de͜
Outra possibilidade de análise inédita proporcionada pela me-
todologia que apresentamos diz respeito à análise do acento secun-
dário no PA.
Para encontrarmos elementos que nos permitam fazer conside-
rações a respeito da ocorrência de acentos secundários no PA, deve-
mos observar a relação entre as proeminências musicais e as sílabas
pretônicas das palavras encontradas.
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224 DANIEL SOARES DA COSTA (ORG.)
Collischonn (1994), tratando do acento secundário em portu-
guês, percebe que a porção postônica da palavra é irrelevante para a
análise do acento secundário, considerando apenas a porção da pa-
lavra que vai do acento primário para a esquerda, analisando, assim,
a ocorrência de acento em sílabas pretônicas em relação ao acento
primário. Essa postura também pode ser adotada na análise do
acento secundário em PA, uma vez que as coincidências entre proe-
minências musicais e sílabas postônicas, além de representarem um
percentual baixo em relação às coincidências entre proeminências
musicais e sílabas tônicas, são, na maioria dos casos, justificadas
por prolongamentos de sílabas condicionados pela música.
De uma maneira geral, verifica-se que os acentos secundários
ocorrem em intervalos regulares no PA, apresentando um padrão
preferencialmente binário (97,5% dos casos), isto é, a cada segunda
sílaba, conforme podemos observar na Tabela 3, de um total de
1522 palavras em que foi possível observar a ocorrência do acento
secundário, apenas 37 ocorrem com um intervalo maior do que
uma sílaba entre o acento primário e o acento secundário. Também
foi encontrado apenas um possível caso de palavra com um inter-
valo de três sílabas entre o acento primário e o acento secundário, o
qual discutiremos mais adiante.
Tabela 3 – Acento secundário no PA
Com alternância binária 1484 97,50%
Com alternância ternária 37 2,43%
Com alternância quaternária 1 0,06%
Total 1522 100%
Uma constatação desse tipo também foi feita por Abaurre e
Svartman (2008) em relação ao português brasileiro, levando em
consideração a análise acústica e processos fonológicos que inter-
ferem na atribuição do acento secundário, tais como processos de
sândi vocálico, redução ou deleção de vogal. As autoras constata-
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PESQUISAS LINGUÍSTICAS PAUTADAS EM CORPORA 225
ram que, em 86% dos casos analisados no corpus utilizado por elas, o
padrão rítmico que se apresentou foi binário, mais especificamente
pés troqueus; o restante constitui 6% de dátilos, 5% de pés mistos
(troqueus e dátilos), e, em 3% dos casos, não foi possível verificar a
ocorrência do acento secundário.
Em relação ao PA, podemos ver a ocorrência de acento secun-
dário por meio do exemplo (05), com uma pequena amostra de
palavras, e pelo exemplo (06), que mostra diversas palavras, apa-
recendo com sua respectiva pauta musical, por meio da qual pode-
mos verificar a ocorrência dos acentos secundários nas suas sílabas
pretônicas.
(05)
a.ju.dar; a.pou.sen.tar; Ma.da.le.na; al.ber.ga.ri.a4
(06) CSM 1
Podemos perceber que há, no PA, três padrões para a atribuição
do acento secundário, dependendo do número de sílabas pretônicas
existentes nas palavras. O primeiro padrão diz respeito a palavras
que possuem um número par de sílabas pretônicas, nas quais o
acento secundário ocorre na primeira sílaba da palavra e a cada se-
gunda sílaba à direita desta, conforme o que está no exemplo (07).
4 O negrito marca a coincidência entre uma proeminência musical e a sílaba tônica
da palavra (acento primário); o sublinhado marca a coincidência entre uma proe-
minência musical e uma sílaba pretônica da palavra (acento secundário).
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(07)
a.ju.dar; de.mos.trar; desaconsellada5
Já em palavras que possuem um número ímpar de sílabas pre-
tônicas, encontramos dois padrões possíveis. No primeiro, o acento
secundário ocorre na segunda sílaba da palavra e a cada segunda
sílaba à direita desta. Vejamos o exemplo (08) a seguir.
(08)
a.pou.sen.tar; en.san.de.ceu
No segundo, o acento secundário ocorre na primeira sílaba da
palavra e há um intervalo de duas sílabas até o acento primário,
saindo do padrão binário geral, conforme o que podemos ver no
exemplo (09).
(09)
a.vo.rre.cer; Em.pe.ra.dor; fa.le.ce.rán
Observamos a ocorrência de um terceiro padrão para o acento
secundário, o qual apareceu em um caso isolado. Trata-se da pala-
vra malaventurados, na CSM 38, cuja silabação e relação de proemi-
nências linguísticas e musicais apontam para um padrão em que o
5 O itálico marca a coincidência entre uma proeminência musical e a sílaba pos-
tônica final da palavra.
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PESQUISAS LINGUÍSTICAS PAUTADAS EM CORPORA 227
acento secundário ocorre na primeira sílaba e tem-se um intervalo
de três sílabas entre este e o acento primário, conforme podemos
observar no exemplo (10).
(10)
ma.la.ven.tu.ra.dos
No entanto, podemos observar que, no caso de malaventurados,
trata-se de uma palavra composta de um monossílabo tônico (mal)
e uma palavra paroxítona com três sílabas pretônicas (aventurados)
e, como tal, mantém os acentos primários de cada membro (Collis-
chonn, 1994, p.50).
(11)
“mal” + a.ven.tu.ra.dos
Conclusão
Por meio do que foi apresentado, concluímos que a ferramenta
metodológica desenvolvida na tese de Costa (2010a) e apresentada
aqui mostrou-se bastante eficaz na busca de pistas para a análi-
se da prosódia de línguas que não possuem mais falantes, porém
possuem registros poético-musicais que podem nos fornecer dados
linguísticos.
Os dados coletados mostraram-se bastante confiáveis e rele-
vantes para a análise da atribuição do acento no PA, possibilitan-
do discussões de hipóteses levantadas por trabalhos anteriores e
apresentando hipóteses inéditas sobre casos de palavras ainda não
contemplados dentro do arcabouço teórico adotado.
Dessa forma, podemos afirmar que, além de demonstrar a efi-
cácia de uma metodologia inovadora dentro da área dos estudos
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fonológicos relacionados à prosódia de línguas mortas, este tra-
balho contribui significativamente para os estudos prosódicos do
PA, uma vez que apresenta casos de palavras inéditos em relação às
pesquisas feitas até então, além da análise da pauta proparoxítona
e do fenômeno linguístico do acento secundário dentro da Teoria
Métrica.
É mais um passo dado em direção à descrição do componente
fonológico do PA, além de representar uma inovação metodológica,
contribuindo para a melhor compreensão desse período da língua
portuguesa e da história de nosso idioma de maneira geral.
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SOBRE O LIVRO
Formato: 14 x 21 cmMancha: 23,7 x 42,5 paicas
Tipologia: Horley Old Style 10,5/14Papel: Off-set 75 g/m2 (miolo)
Cartão Supremo 250 g/m2 (capa)1a edição: 2015
EQUIPE DE REALIZAÇÃO
Coordenação GeralMarcos Keith Takahashi
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