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SciELO Books / SciELO Livros / SciELO Libros COSTA, DS., org. Análise da atribuição do acento lexical no português arcaico: uma abordagem por meio da música e do texto de cantigas trovadorescas. In: Pesquisas linguísticas pautadas em corpora [online]. São Paulo: Editora UNESP, 2014, pp. 211-230. ISBN 978-85-68334-41-6. Available from SciELO Books<http://books.scielo.org>. All the contents of this work, except where otherwise noted, is licensed under a Creative Commons Attribution 4.0 International license. Todo o conteúdo deste trabalho, exceto quando houver ressalva, é publicado sob a licença Creative Commons Atribição 4.0. Todo el contenido de esta obra, excepto donde se indique lo contrario, está bajo licencia de la licencia Creative Commons Reconocimento 4.0. 7 - Análise da atribuição do acento lexical no português arcaico uma abordagem por meio da música e do texto de cantigas trovadorescas Daniel Soares da Costa

7 - Análise da atribuição do acento lexical no português ...books.scielo.org/id/z7jnq/pdf/costa-9788568334416-09.pdf · exemplo, temos, em cada linha abaixo da linha partitura,

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SciELO Books / SciELO Livros / SciELO Libros COSTA, DS., org. Análise da atribuição do acento lexical no português arcaico: uma abordagem por meio da música e do texto de cantigas trovadorescas. In: Pesquisas linguísticas pautadas em corpora [online]. São Paulo: Editora UNESP, 2014, pp. 211-230. ISBN 978-85-68334-41-6. Available from SciELO Books<http://books.scielo.org>.

All the contents of this work, except where otherwise noted, is licensed under a Creative Commons Attribution 4.0 International license.

Todo o conteúdo deste trabalho, exceto quando houver ressalva, é publicado sob a licença Creative Commons Atribição 4.0.

Todo el contenido de esta obra, excepto donde se indique lo contrario, está bajo licencia de la licencia Creative Commons Reconocimento 4.0.

7 - Análise da atribuição do acento lexical no português arcaico uma abordagem por meio da música e do texto de cantigas trovadorescas

Daniel Soares da Costa

7 ANÁLISE DA ATRIBUIÇÃO DO ACENTO

LEXICAL NO PORTUGUÊS ARCAICO: UMA ABORDAGEM POR MEIO DA MÚSICA E DO

TEXTO DE CANTIGAS TROVADORESCAS

Daniel Soares da Costa1

Introdução

Neste capítulo, apresentamos a proposta metodológica para

coleta de dados relativos à prosódia de línguas mortas – ou de perío-

dos passados de línguas vivas das quais não existem mais falantes

– elaborada por Costa (2010a) em sua tese de doutorado. Trata-se

de uma metodologia inovadora que trabalha com a articulação entre

a música e o texto de cantigas trovadorescas (textos poéticos musi-

cados) como instrumento auxiliar para a coleta de dados relativos à

atribuição do acento lexical nas palavras. Apresentaremos o funcio-

namento dessa metodologia, bem como os resultados alcançados na

pesquisa que a desenvolveu.

A língua objeto de análise da atribuição do acento lexical é o

português arcaico (doravante PA) e o arcabouço teórico utilizado

é a Teoria Métrica, na versão de grades parentetizadas de Hayes

(1995).

A metodologia aqui apresentada baseia-se na observação de três

instâncias: a observação das proeminências musicais nas partitu-

1 Professor da Faculdade de Ciências e Letras da Unesp, campus de Araraquara.

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212 DANIEL SOARES DA COSTA (ORG.)

ras que acompanham textos poéticos musicados; a observação das

proeminências linguísticas dos textos; e a observação da estrutura

métrica dos poemas que constituem o corpus de análise. Portanto,

sua aplicação depende da existência de textos poéticos musicados

escritos na língua que se deseja analisar.

Trabalhos nesse sentido, que foram elaborados nos últimos

anos, mostraram que uma metodologia envolvendo música e lin-

guística pode trazer muitas informações pertinentes à análise de

fenômenos prosódicos de línguas mortas.

Em relação ao PA, podemos citar os trabalhos de Massini-Ca-

gliari (2008a), que conclui que uma análise em paralelo da notação

musical e do texto poético de cantigas trovadorescas pode consti-

tuir um instrumento auxiliar para a análise do acento e do ritmo

do PA; Massini-Cagliari (2008b), que analisa fenômenos como a

paragoge e o ritmo na Cantiga de Santa Maria (doravante CSM)

100, sob a mesma perspectiva metodológica que descreveremos

aqui; Massini-Cagliari (2008c), em que temos a comparação do

ritmo das cantigas religiosas, visto pela análise da CSM 70, com

dois exemplares de cantigas profanas (uma cantiga de amigo e uma

cantiga de amor) que sobreviveram com sua notação musical; e

Massini-Cagliari (2008d), em que a autora faz considerações sobre

a paragoge, a silabação, o ritmo, o status prosódico de clíticos e a

existência de palavras proparoxítonas em PA por meio da análise da

estrutura musical e linguística de algumas CSM.

Além desses trabalhos, temos os trabalhos de Costa (2007),2 em

que, por meio da análise de cinco CSM, nas suas versões transcri-

tas para a notação musical atual, feitas por Ferreira (1986), o autor

observa que o tempo mais forte dos compassos musicais marca a

sílaba tônica da palavra, no texto do poema, em aproximadamente

oitenta porcento dos casos analisados naquele corpus; Costa (2008),

2 Trabalho apresentado em forma de comunicação no 55º Seminário do GEL,

com o título “Da notação musical às proeminências da fala: uma proposta

metodológica para o estudo do ritmo linguístico das Cantigas de Santa Maria

de Afonso X”, no ano de 2007.

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PESQUISAS LINGUÍSTICAS PAUTADAS EM CORPORA 213

em que o autor também trata de questões de silabação envolven-

do a distinção de ditongos e hiatos (inclusive em casos de vogais

idênticas), além de casos de ocorrência de acentos secundários em

palavras do PA. Em Costa (2009), temos a análise das dez primei-

ras CSM, em que foi feita uma breve descrição dos procedimentos

metodológicos adotados para a coleta de dados com a nova meto-

dologia que confronta as proeminências musicais e linguísticas; já

em Costa (2010b), o autor faz um estudo sobre o acento secundário

e a tonicidade dos monossílabos em PA por meio da música e da

métrica das CSM.

Corpus

O corpus utilizado por Costa (2010a) para a análise da atribui-

ção do acento no PA constitui-se de um recorte das cem primeiras

Cantigas de Santa Maria (CSM), tomadas a partir das suas versões

transcritas por Anglés (1943) para a notação musical atual, uma vez

que as partituras originais não apresentam a divisão dos compassos

musicais.

As CSM formam um conjunto de 420 cantigas, cuja autoria é

atribuída a Afonso X, o Rei Sábio de Leão e Castela, feitas com o

intuito de louvar a Virgem Maria, com textos poéticos em galego-

-português. Trata-se de um conjunto de cantigas trovadorescas

religiosas, representativo do português no período do século XII

até meados do século XIV; um monumento histórico-literário do

período medieval riquíssimo para o estudo das áreas da poesia, da

música e da pintura, constituindo fontes importantíssimas para

a história da métrica, do galego-português antigo, da música, da

arte, da religião, enfim, da cultura geral daquela época (Parkinson,

1998).

O corpus constitui-se, portanto, de textos poéticos rigorosamen-

te metrificados e musicados, representativos do período medieval

do português, permitindo a observação de proeminências nos dois

níveis, o musical e o linguístico.

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214 DANIEL SOARES DA COSTA (ORG.)

Metodologia

A metodologia utilizada fundamenta-se na observação de três

pontos: a música das cantigas, no sentido de observar o tempo mais

forte de cada compasso musical, isto é, o primeiro tempo do com-

passo, mais especificamente, a primeira nota; o texto dos poemas,

no sentido de observar qual sílaba das palavras está anexada à nota

musical mais proeminente; e a métrica da cantiga, que ajuda a so-

lucionar dúvidas em relação à separação das sílabas na hora de se

anexar as demais estrofes da cantiga à pauta musical, uma vez que

esta é apresentada apenas no refrão e na primeira estrofe, subenten-

dendo-se que as demais estrofes seguem a mesma linha melódica.

Partimos da ideia de que a nota mais proeminente do compasso

musical coincide geralmente com a sílaba mais proeminente das

palavras no nível textual e que as não coincidências entre as proemi-

nências nos dois níveis se devem a fatores de outra ordem, tais como

prolongamentos de notas musicais.

O corpus direto analisado constitui-se de edições mais atualizadas

das CSM, mais especificamente, a de Mettmann (1986) – na qual

nos baseamos para o texto dos poemas – e a de Anglés (1943), que

contém a transcrição da notação musical medieval para a notação

musical atual, uma vez que a partitura medieval não apresenta vi-

sivelmente a divisão dos compassos musicais. A seguir mostramos,

na Figura 1, um trecho da CSM 10, que apresenta a notação musical

original, medieval. Em seguida, na Figura 2, apresentamos a mesma

cantiga na versão de Anglés (1943), com a notação musical atual.

A partitura musical das cantigas vem anexada ao refrão e à pri-

meira estrofe apenas, já que, por obedecerem a uma métrica com-

posicional bastante rígida, não é necessária a repetição da música

em cada estrofe, pois todas as estrofes serão cantadas com a mesma

melodia que é indicada na primeira estrofe.

A anexação das palavras à melodia foi feita, num primeiro mo-

mento, por Anglés (1943) e, quando anexamos os demais versos de

cada cantiga à sua respectiva melodia, obedecemos à divisão silábi-

ca das palavras determinada na edição em questão.

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PESQUISAS LINGUÍSTICAS PAUTADAS EM CORPORA 215

Figura 1 – Trecho da Cantiga de Santa Maria nº X – Rosa das rosas... – Fac-

-símile To3

3 Disponível em: <http://www.pbm.com/~lindahl/cantigas/facsimiles/To/

bob010small.gif>. Acesso em: 13 ago. 2013.

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216 DANIEL SOARES DA COSTA (ORG.)

Figura 2 – Transcrição da CSM 10 (Anglés, 1943, p.18, “parte musical”)

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PESQUISAS LINGUÍSTICAS PAUTADAS EM CORPORA 217

Feita a anexação de todos os versos da cantiga à melodia da par-

titura, partimos para a marcação dos tipos de sílaba que aparecem

na posição de proeminência musical; para isso atribuímos a cada

tipo de sílaba uma marca diferente, para facilitar a visualização da

relação de proeminência entre notas e sílabas. Para a coincidência

da proeminência musical com uma sílaba tônica de palavras com

mais de uma sílaba, optou-se por marcar a sílaba com negrito; para

a coincidência com monossílabos tônicos, foram utilizadas aspas;

para átonos, optou-se por colocar um asterisco antecedendo o mo-

nossílabo; para a coincidência com sílabas pretônicas, foi utilizada

a forma sublinhada; e, por fim, as postônicas finais foram marcadas

em itálico.

Abaixo apresentamos um exemplo de como fica a ficha de análi-

se depois de anexados todos os versos à melodia da partitura. Nesse

exemplo, temos, em cada linha abaixo da linha partitura, a parte

de cada estrofe da cantiga referente ao trecho abrangido pela me-

lodia da primeira linha da partitura da versão transcrita por Anglés

(1943).

(1)

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218 DANIEL SOARES DA COSTA (ORG.)

Para cada uma das cem primeiras CSM foi feita uma ficha de

análise com a distribuição como a descrita acima. Depois de ela-

borada a ficha de análise, distribuídas todas as palavras dos versos

junto com a melodia que as acompanha e marcadas as sílabas de

acordo com o tipo de pauta acentual que coincide com a proemi-

nência musical, partiu-se para a contagem dos tipos de coincidên-

cias entre as proeminências musicais e linguísticas, cujos resultados

apresentaremos a seguir.

Levantamento de dados

Na Tabela 1, logo abaixo, apresentamos a quantificação geral

relativa às coincidências entre proeminências musicais e linguísti-

cas observadas na análise das cem primeiras CSM através da meto-

dologia apresentada no item anterior.

Tabela 1 – Quantificação geral de coincidências entre proeminências musicais e

linguísticas

Coincidências com tônica 12997 39,76%

Coincidências com monossílabo tônico 7703 23,56%

Coincidências com monossílabo átono 2531 7,74%

Coincidências com pretônica 4221 12,91%

Coincidências com postônica final 5189 15,87%

Coincidências com postônica não final 44 0,13%

Total de proeminências 32685 100%

Vale notar que a quantificação geral dessas coincidências tam-

bém foi dividida de acordo com a pauta acentual linguística (tônica,

pretônica, postônica, monossílabo átono e monossílabo tônico) da

sílaba que aparece em posição de proeminência musical, estabe-

lecendo-se os seus respectivos percentuais em relação ao total de

coincidências observadas na análise dos dois níveis, o musical e o

linguístico. Os dados coletados referentes à análise das cem primei-

ras CSM nos forneceram uma amostra de mais de 32 mil coincidên-

cias entre proeminências musicais e sílabas textuais.

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PESQUISAS LINGUÍSTICAS PAUTADAS EM CORPORA 219

Observando a tabela acima, chamamos a atenção para o total

de coincidências entre a proeminência musical e sílabas tônicas de

palavras polissilábicas, num percentual de 39,76%. Se somarmos

este percentual ao percentual de coincidências de proeminências

musicais com monossílabos tônicos, temos um total de 63,32%, o

que corrobora a nossa afirmação, feita anteriormente, de que a pro-

eminência musical marca, na maioria dos casos, uma sílaba tônica

no nível linguístico.

Também fizemos a contagem de todas as palavras que apare-

ceram no corpus, seja em posição de proeminência musical ou fora

dela, o que gerou a Tabela 2, apresentada a seguir.

Tabela 2 – Palavras de acordo com a pauta acentual linguística

Oxítonas 4733 12,44%

Paroxítonas 14539 38,24%

Proparoxítonas 113 0,29%

Monossílabos tônicos 12846 33,78%

Monossílabos átonos 5787 15,22%

Total 38018 100%

Podemos notar, pela tabela acima, que as pautas acentuais mais

recorrentes são de paroxítonas e monossílabos tônicos que, soma-

dos, representam 72,02% do corpus. Além disso, o número de pala-

vras proparoxítonas é muito reduzido em relação às demais pautas

acentuais, representando apenas 0,29% do total, o que, no entanto,

não diminui a importância dessa pauta acentual em relação à sua

representatividade dentro do corpus, já que, para alguns estudio-

sos, ainda havia dúvidas sobre a existência da pauta proparoxítona

no PA.

Apresentação dos resultados

Como dissemos anteriormente, o objetivo deste capítulo, além

demonstrar a eficácia de uma metodologia que envolva a Música e

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220 DANIEL SOARES DA COSTA (ORG.)

a Linguística na busca de pistas sobre a prosódia de línguas mortas,

é divulgar, de maneira resumida, os resultados da tese de doutora-

do A interface música e linguística como instrumental metodológico

para o estudo da prosódia do português arcaico, de Costa (2010a). O

modelo teórico utilizado na análise dos dados levantados é Teoria

Métrica, na versão de grades parentetizadas de Hayes (1995).

Tomando a Tabela 2, podemos observar que a pauta prosódica

com maior número no corpus analisado é a pauta paroxítona, o que

sugere, como pé canônico do PA, o troqueu, ou seja, um pé consti-

tuído por uma sílaba forte seguida por uma fraca (x .). A esta con-

clusão também chegaram Massini-Cagliari (1995; 1999) e Costa

(2006), devido à grande quantidade de paroxítonas encontradas nas

suas respectivas pesquisas.

A atribuição do acento lexical no PA se dá da direta para a es-

querda, não iterativamente, e é sensível ao peso silábico da última

sílaba da palavra, o que indica, dessa forma, o troqueu moraico

como o pé básico dessa língua.

Em relação à influência do peso silábico na atribuição do acento

lexical nessa língua, podemos perceber esse fenômeno, comparan-

do palavras paroxítonas com oxítonas conforme o que nos mostra o

exemplo (02) a seguir.

(02) (x .) (x) (x) (x)

an.ti.go a.ber.ta pe.ca.dor in.fer.nal ͜ ͜ _ ͜ ͜ _ _ _

Por meio desse exemplo, podemos verificar que, quando a pa-

lavra termina em duas sílabas breves, o acento cai sobre a penúlti-

ma sílaba, o que também ocorrerá se a palavra terminar em uma

sílaba longa seguida de uma breve; nestes casos, temos palavras

paroxítonas. No entanto, se houver uma sílaba pesada (travada

por consoante, desde que essa consoante não represente flexão de

número) na última sílaba da palavra, esta atrairá o acento para si,

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PESQUISAS LINGUÍSTICAS PAUTADAS EM CORPORA 221

independentemente de a penúltima sílaba ser longa ou breve, tor-

nando a palavra oxítona. Isso comprova que o PA é sensível ao peso

da última sílaba da palavra na construção dos pés.

Uma das contribuições mais importantes deste trabalho diz res-

peito à possibilidade de análise da pauta proparoxítona, fato inédito

nas pesquisas até então. Foram muito poucas palavras encontradas,

um total de 113 palavras, o qual, se descontarmos as repetições e

mais duas palavras que são originárias do latim (Domini e Domi-

num), passa a 34 palavras apenas.

Massini-Cagliari (1999, p.131) diz, em relação à análise do

acento no português brasileiro, que a maneira mais ortodoxa, den-

tro da teoria, de adequar as palavras proparoxítonas ao padrão acen-

tual das outras palavras dessa língua é lançar mão do conceito de

extrametricidade ou noções próximas.

Analisando a bibliografia existente sobre o assunto, percebemos

uma grande diversidade na maneira como os estudiosos abordam

a questão das proparoxítonas. Bisol (1992), em relação ao portu-

guês brasileiro, considera a última sílaba de palavras proparoxíto-

nas como extramétrica; outros autores, como D’Andrade e Laks

(1991), Alvarenga (1993), Duarte (1977) e Maia (1981), em relação

à análise de palavras proparoxítonas, aludem a sufixos que repelem

o acento, tais como -ico, -voro, -fero, por exemplo, ou fazem refe-

rência a sequências que não são acentuáveis, tais como -ic e -im-,

considerando não acentuáveis as vogais da penúltima sílaba da pa-

lavra. Wetzels (1992) diz que essas palavras estão sujeitas a um tipo

de neutralização chamada de abaixamento datílico, a qual é aplicada

a palavras em cuja posição tônica a vogal é média e sofre abaixa-

mento, tornando-se média-baixa, como em amul[e]to/amul[ε]tico,

formando um pé ternário excepcional nesses casos.

A solução que achamos mais adequada nesses casos, levando em

consideração os dados que temos, é a de Massini-Cagliari (1999,

p.134) para o português brasileiro, a qual transcrevemos abaixo:

Em relação a essas palavras, a solução aqui sugerida é que,

assim como as derivadas, elas são marcadas no léxico com uma

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222 DANIEL SOARES DA COSTA (ORG.)

instrução para a formação de pés datílicos, não por motivos da pre-

sença de um sufixo acento-repelente (já que isso não ocorre), mas

individualmente. Assim sendo, nesses casos, não é mais o sufixo

que recebe a marca no léxico, mas o próprio item lexical. Desta

maneira, o acento é atribuído a essas palavras ainda no primeiro

estrato do léxico e, na passagem pelo segundo, a regra default de

acentuação não pode ser mais aplicada.

Não podemos deixar de ressaltar o caráter excepcional que en-

volve as palavras proparoxítonas. O número extremamente pe-

queno de palavras desse tipo encontradas no corpus utilizado nesta

pesquisa, o qual é bem extenso, comprova a excepcionalidade des-

ses casos. Afinal, são apenas 113 palavras proparoxítonas em meio

a um corpus constituído de um total de 38018 palavras. Se descon-

tarmos as repetições, teremos apenas 34 palavras proparoxítonas.

Portanto, podemos afirmar que, no PA, as proparoxítonas tam-

bém são marcadas no léxico com uma instrução para a formação de

pés datílicos, a qual é atribuída no primeiro estrato, sendo que, na

sua passagem pelo segundo estrato, a regra de acentuação não pode

mais ser aplicada. Dessa forma, constitui-se uma palavra excepcio-

nalmente com um pé datílico.

Em relação às palavras monossilábicas, podemos dizer que há,

no PA, monossílabos pesados, constituídos de sílaba travada, tais

como bel, cruz, Deus, mal etc.; monossílabos que não são consti-

tuídos de sílaba travada, mas que são comprovadamente tônicos

(de acordo com a afirmação de estudiosos medievalistas e a análise

do percentual de incidência de proeminências musicais, sobre tais

formas, que confirma a tonicidade das mesmas – cf. Tabela 1), tais

como ca, que, si, u, entre outras; e, por fim, monossílabos leves, sem

travamento silábico ou travados por elemento representativo de fle-

xão, o que não os torna pesados, tais como de, dos, la, las, te, nos etc.

Em relação à aplicação da teoria, podemos dizer que os monos-

sílabos considerados pesados constituem, sozinhos, um pé, como

podemos ver na representação feita no exemplo (03).

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PESQUISAS LINGUÍSTICAS PAUTADAS EM CORPORA 223

(03) (x )

mal_

Já no caso dos monossílabos leves, vimos que, apesar de haver

uma tendência maior para que essas palavras sejam consideradas

átonas, uma vez que, na maior parte dos casos, tais palavras apare-

ceram mais fora da posição de proeminência musical do que nela,

eles podem assumir proeminência no PA, dependendo do contexto.

Isso pode ser considerado um indício de sua relativa independência

prosódica, aproximando nossas conclusões do apontamento feito

por Bisol (1996, p.251) em relação aos mesmos casos no português

brasileiro.

Portanto, com relação aos monossílabos leves no PA, podemos

dizer que, no caso da sua ocorrência, faz-se necessária a constituição

de pés degenerados, que são permitidos, no PA, quando nenhum pé

canônico puder ser construído.

Sendo assim, podemos dizer que o PA tem uma proibição fraca

em relação à ocorrência de pés degenerados. Isso já tinha sido cons-

tatado anteriormente em Massini-Cagliari (1999, p.170) e Costa

(2006, p.105).

(04) (x )

de͜

Outra possibilidade de análise inédita proporcionada pela me-

todologia que apresentamos diz respeito à análise do acento secun-

dário no PA.

Para encontrarmos elementos que nos permitam fazer conside-

rações a respeito da ocorrência de acentos secundários no PA, deve-

mos observar a relação entre as proeminências musicais e as sílabas

pretônicas das palavras encontradas.

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224 DANIEL SOARES DA COSTA (ORG.)

Collischonn (1994), tratando do acento secundário em portu-

guês, percebe que a porção postônica da palavra é irrelevante para a

análise do acento secundário, considerando apenas a porção da pa-

lavra que vai do acento primário para a esquerda, analisando, assim,

a ocorrência de acento em sílabas pretônicas em relação ao acento

primário. Essa postura também pode ser adotada na análise do

acento secundário em PA, uma vez que as coincidências entre proe-

minências musicais e sílabas postônicas, além de representarem um

percentual baixo em relação às coincidências entre proeminências

musicais e sílabas tônicas, são, na maioria dos casos, justificadas

por prolongamentos de sílabas condicionados pela música.

De uma maneira geral, verifica-se que os acentos secundários

ocorrem em intervalos regulares no PA, apresentando um padrão

preferencialmente binário (97,5% dos casos), isto é, a cada segunda

sílaba, conforme podemos observar na Tabela 3, de um total de

1522 palavras em que foi possível observar a ocorrência do acento

secundário, apenas 37 ocorrem com um intervalo maior do que

uma sílaba entre o acento primário e o acento secundário. Também

foi encontrado apenas um possível caso de palavra com um inter-

valo de três sílabas entre o acento primário e o acento secundário, o

qual discutiremos mais adiante.

Tabela 3 – Acento secundário no PA

Com alternância binária 1484 97,50%

Com alternância ternária 37 2,43%

Com alternância quaternária 1 0,06%

Total 1522 100%

Uma constatação desse tipo também foi feita por Abaurre e

Svartman (2008) em relação ao português brasileiro, levando em

consideração a análise acústica e processos fonológicos que inter-

ferem na atribuição do acento secundário, tais como processos de

sândi vocálico, redução ou deleção de vogal. As autoras constata-

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ram que, em 86% dos casos analisados no corpus utilizado por elas, o

padrão rítmico que se apresentou foi binário, mais especificamente

pés troqueus; o restante constitui 6% de dátilos, 5% de pés mistos

(troqueus e dátilos), e, em 3% dos casos, não foi possível verificar a

ocorrência do acento secundário.

Em relação ao PA, podemos ver a ocorrência de acento secun-

dário por meio do exemplo (05), com uma pequena amostra de

palavras, e pelo exemplo (06), que mostra diversas palavras, apa-

recendo com sua respectiva pauta musical, por meio da qual pode-

mos verificar a ocorrência dos acentos secundários nas suas sílabas

pretônicas.

(05)

a.ju.dar; a.pou.sen.tar; Ma.da.le.na; al.ber.ga.ri.a4

(06) CSM 1

Podemos perceber que há, no PA, três padrões para a atribuição

do acento secundário, dependendo do número de sílabas pretônicas

existentes nas palavras. O primeiro padrão diz respeito a palavras

que possuem um número par de sílabas pretônicas, nas quais o

acento secundário ocorre na primeira sílaba da palavra e a cada se-

gunda sílaba à direita desta, conforme o que está no exemplo (07).

4 O negrito marca a coincidência entre uma proeminência musical e a sílaba tônica

da palavra (acento primário); o sublinhado marca a coincidência entre uma proe-

minência musical e uma sílaba pretônica da palavra (acento secundário).

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(07)

a.ju.dar; de.mos.trar; desaconsellada5

Já em palavras que possuem um número ímpar de sílabas pre-

tônicas, encontramos dois padrões possíveis. No primeiro, o acento

secundário ocorre na segunda sílaba da palavra e a cada segunda

sílaba à direita desta. Vejamos o exemplo (08) a seguir.

(08)

a.pou.sen.tar; en.san.de.ceu

No segundo, o acento secundário ocorre na primeira sílaba da

palavra e há um intervalo de duas sílabas até o acento primário,

saindo do padrão binário geral, conforme o que podemos ver no

exemplo (09).

(09)

a.vo.rre.cer; Em.pe.ra.dor; fa.le.ce.rán

Observamos a ocorrência de um terceiro padrão para o acento

secundário, o qual apareceu em um caso isolado. Trata-se da pala-

vra malaventurados, na CSM 38, cuja silabação e relação de proemi-

nências linguísticas e musicais apontam para um padrão em que o

5 O itálico marca a coincidência entre uma proeminência musical e a sílaba pos-

tônica final da palavra.

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PESQUISAS LINGUÍSTICAS PAUTADAS EM CORPORA 227

acento secundário ocorre na primeira sílaba e tem-se um intervalo

de três sílabas entre este e o acento primário, conforme podemos

observar no exemplo (10).

(10)

ma.la.ven.tu.ra.dos

No entanto, podemos observar que, no caso de malaventurados,

trata-se de uma palavra composta de um monossílabo tônico (mal)

e uma palavra paroxítona com três sílabas pretônicas (aventurados)

e, como tal, mantém os acentos primários de cada membro (Collis-

chonn, 1994, p.50).

(11)

“mal” + a.ven.tu.ra.dos

Conclusão

Por meio do que foi apresentado, concluímos que a ferramenta

metodológica desenvolvida na tese de Costa (2010a) e apresentada

aqui mostrou-se bastante eficaz na busca de pistas para a análi-

se da prosódia de línguas que não possuem mais falantes, porém

possuem registros poético-musicais que podem nos fornecer dados

linguísticos.

Os dados coletados mostraram-se bastante confiáveis e rele-

vantes para a análise da atribuição do acento no PA, possibilitan-

do discussões de hipóteses levantadas por trabalhos anteriores e

apresentando hipóteses inéditas sobre casos de palavras ainda não

contemplados dentro do arcabouço teórico adotado.

Dessa forma, podemos afirmar que, além de demonstrar a efi-

cácia de uma metodologia inovadora dentro da área dos estudos

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fonológicos relacionados à prosódia de línguas mortas, este tra-

balho contribui significativamente para os estudos prosódicos do

PA, uma vez que apresenta casos de palavras inéditos em relação às

pesquisas feitas até então, além da análise da pauta proparoxítona

e do fenômeno linguístico do acento secundário dentro da Teoria

Métrica.

É mais um passo dado em direção à descrição do componente

fonológico do PA, além de representar uma inovação metodológica,

contribuindo para a melhor compreensão desse período da língua

portuguesa e da história de nosso idioma de maneira geral.

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SOBRE O LIVRO

Formato: 14 x 21 cmMancha: 23,7 x 42,5 paicas

Tipologia: Horley Old Style 10,5/14Papel: Off-set 75 g/m2 (miolo)

Cartão Supremo 250 g/m2 (capa)1a edição: 2015

EQUIPE DE REALIZAÇÃO

Coordenação GeralMarcos Keith Takahashi

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