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OSTENSIVO 1-1 CAPÍTULO 1 DIODOS 1.1 - ESTRUTURA BÁSICA DOS DIODOS SEMICONDUTORES 1.1.1 - Estrutura da matéria Matéria é tudo aquilo que tem massa e ocupa lugar no espaço. Ela é constituída por substâncias que são definidas segundo algumas propriedades. Os estados sólidos, líquido e gasoso em que encontramos certas substâncias são exemplos de propriedades físicas da matéria. A matéria pode ser composta por um só tipo de elemento, por dois ou mais tipos. a) Elementos São substâncias encontradas na natureza e que diferem uns dos outros em função de sua constituição atômica. Existem na natureza cerca de 92 elementos químicos, exemplificando o hidrogênio, o cobre, os silícios, etc; e outros que foram criados em laboratórios. Qualquer substância pode ser dividida em partes cada vez menores até chegar a menor, que é conhecida como molécula. b) Molécula É a menor parte de uma substância que ainda conserva todas as suas características. Exemplo: a molécula da água é formada por dois átomos de hidrogênio e um de oxigênio (H 2 O). 1.1.2 - Constituição do átomo Átomo é a menor parte em que podemos dividir uma substância simples, sem que ela perca todas as suas características. Os átomos se combinam e formam as moléculas das substâncias. O átomo é formado por um núcleo, onde se encontram os prótons e os neutrons, situados ao redor do núcleo ficam os elétrons. a) Elétron É uma pequena partícula carregada negativamente, que gira em grande velocidade ao redor do núcleo do átomo. b) Próton Faz parte do núcleo, possui carga elétrica positiva de mesmo valor absoluto que o elétron e massa 1.836 vezes maior. c) Nêutron

7 ELETRONICA

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Page 1: 7 ELETRONICA

OSTENSIVO 1-1

CAPÍTULO 1

DIODOS

1.1 - ESTRUTURA BÁSICA DOS DIODOS SEMICONDUTORES

1.1.1 - Estrutura da matéria

Matéria é tudo aquilo que tem massa e ocupa lugar no espaço.

Ela é constituída por substâncias que são definidas segundo algumas propriedades. Os

estados sólidos, líquido e gasoso em que encontramos certas substâncias são exemplos

de propriedades físicas da matéria. A matéria pode ser composta por um só tipo de

elemento, por dois ou mais tipos.

a) Elementos

São substâncias encontradas na natureza e que diferem uns dos outros em função de

sua constituição atômica. Existem na natureza cerca de 92 elementos químicos,

exemplificando o hidrogênio, o cobre, os silícios, etc; e outros que foram criados em

laboratórios.

Qualquer substância pode ser dividida em partes cada vez menores até chegar a

menor, que é conhecida como molécula.

b) Molécula

É a menor parte de uma substância que ainda conserva todas as suas características.

Exemplo: a molécula da água é formada por dois átomos de hidrogênio e um de

oxigênio (H2O).

1.1.2 - Constituição do átomo

Átomo é a menor parte em que podemos dividir uma substância simples, sem que ela

perca todas as suas características. Os átomos se combinam e formam as moléculas das

substâncias.

O átomo é formado por um núcleo, onde se encontram os prótons e os neutrons, situados

ao redor do núcleo ficam os elétrons.

a) Elétron

É uma pequena partícula carregada negativamente, que gira em grande velocidade ao

redor do núcleo do átomo.

b) Próton

Faz parte do núcleo, possui carga elétrica positiva de mesmo valor absoluto que o

elétron e massa 1.836 vezes maior.

c) Nêutron

Page 2: 7 ELETRONICA

OSTENSIVO 1-2

Faz parte do núcleo, não possui carga elétrica e sua massa é aproximadamente igual a

do próton.

O átomo, em seu estado natural, é eletricamente neutro, ou seja, o nº de prótons é

igual ao de elétrons.

Fig. 1.1 - Constituição do átomo.

1.1.3 - Camadas de valência

Os elétrons giram em torno do núcleo em diversas camadas. A partir da mais interna são

chamadas: K, L, M, N, O, P e Q.

Em cada camada existem um número máximo de elétrons permitidos. Para sabermos o

número máximo de elétrons até a quarta camada, basta aplicar a seguinte fórmula: nº de

elétrons = 2 x n2 ; onde “n” é o número da camada.

a) Camada saturada

Quando a camada possui o número máximo de elétrons permitidos.

b) Camada de valência

É a camada mais distante do núcleo, e dela dependem as propriedades elétricas do

átomo. Os elétrons da camada mais próxima do núcleo estão mais rigidamente

ligados ao núcleo.

À medida que vamos afastando do núcleo, os elétrons vão ficando mais fracamente

ligados ao mesmo e, por isso, os elétrons da camada externa (camada de valência)

possuem maior facilidade de se liberarem.

A camada de valência mais estável é aquela que possui 8 elétrons.

Exemplos:

Cloro: K = 2; L = 8; M = 7. (“M” é a camada de valência).

Silício: K = 2; L = 8; M = 4.

Germânio: K = 2; L = 8; M = 18; N = 4. (“N” é a camada de valência).

1.1.4 - Condutores, isolantes e semicondutores

Elétrons Núcleo

Page 3: 7 ELETRONICA

OSTENSIVO 1-3

a) Condutores

São caracterizados pelo fato dos elétrons de valência estarem fracamente ligados ao

núcleo do átomo, podendo ser facilmente deslocados do mesmo. Os corpos

condutores apresentam baixa resistência à passagem da corrente elétrica. Ex.: prata,

cobre, alumínio, ouro, etc.

Percebemos bem isso quando olhamos a estrutura atômica do cobre, onde vemos um

elétron de valência numa órbita muito grande em torno da parte central. Então o

núcleo exerce uma força de atração muito pequena, ocasionando um fácil

desprendimento deste elétron de valência.

Fig. 1.2 - Átomo de cobre.

b) Isolantes

São corpos que apresentam alta resistência à passagem da corrente elétrica, pois os

elétrons de valência dos seus átomos estão rigidamente ligados ao núcleo. Ex.:

borracha, mica, porcelana, etc. Os isolantes são elementos de valência 8, ou seja,

possuem 8 elétrons na camada de valência.

c) Semicondutores

São elementos cuja resistência situa-se entre as dos condutores e as dos isolantes.

Ex.: germânio e silício. Um semicondutor é um elemento de valência 4.

Observamos então que os condutores são elementos de valência 1, os semicondutores

de valência 4 e os isolantes de valência 8. Os semicondutores estão em

condutibilidade entre os isolantes e condutores.

1.2 - ESTRUTURA DA JUNÇÃO PN

+29

Page 4: 7 ELETRONICA

OSTENSIVO 1-4

1.2.1 - Substância cristalina

É toda substância onde os átomos se posicionam no espaço formando uma estrutura

ordenada. Quando átomos de silício, por exemplo, se combinam para formar um sólido,

eles são arranjados segundo um padrão ordenado chamado cristal.

1.2.2 - Ligação covalente

Os átomos procuram atingir a sua situação mais estável (oito elétrons na camada de

valência). Como o material semicondutor possui apenas quatro elétrons nessa camada,

eles se combinam com outros átomos para que se complete oito elétrons. A ligação é

chamada covalente porque o semicondutor recebe elétrons ao mesmo tempo que

empresta os seus próprios elétrons para o átomo usado na ligação.

1.2.3 - Estrutura covalente

É a estrutura formada por ligação covalente. Neste tipo de estrutura, ao aplicarmos uma

tensão, não resultará numa corrente, pois os elétrons acham-se presos à ligação de

valência, não havendo, por conseguinte, elétrons livres para a condução.

Para que haja circulação de corrente teremos de romper as ligações covalentes mediante

a aplicação de energia suficiente para tal. Essa energia pode ser em forma de luz, calor,

etc.

1.2.4 - Formação de buracos ou lacunas

Com o rompimento da ligação covalente, ocorre a liberação de elétrons e o espaço vazio

(buraco) deixado pela liberação comporta-se como uma carga positiva móvel.

Suponhamos uma estrutura cristalina sobre a qual aplicamos uma diferença de potencial

(ddp):

Fig. 1.3 - Fluxo de elétrons no material

Cada elétron retirado do material pelo polo positivo da bateria ocasionará a formação de

uma lacuna, porém, o polo negativo da bateria se encarregará de repor um outro elétron

nessa lacuna.

B

E

E

E

E E

EE E E E E E

E

E

E

E E

E

E E E Pos. Neg. Lacunas

Elétrons

A

Page 5: 7 ELETRONICA

OSTENSIVO 1-5

Notamos na Fig que um elétron passou a ocupar a lacuna originada pelo elétron atraído,

porém, ao deslocar-se em seu antigo lugar, uma nova lacuna e, por este mecanismo,

teremos duas circulações de corrente dentro do material, uma de portadores positivos

(buracos) e outra de portadores negativos (elétrons). O buraco apresenta carga igual a do

elétron, porém com polaridade oposta.

A energia necessária para quebrar a ligação covalente do germânio é de 0,2V a 0,3V e

do silício é de 0,6V a 0,7V.

A zero grau Kelvin (- 273ºC) as ligações covalentes ficam intactas e o cristal se

comporta como isolante.

1.2.5 - Conceitos fundamentais

a) Semicondutor intrínseco

É o cristal semicondutor puro, isto é, sem impurezas.

Os corpos básicos empregados na construção de semicondutores são o germânio e o

silício. Esses cristais em estado puro são excelentes isolantes, porque a estrutura

cristalina mantém, convenientemente, em seu lugar, todos os elétrons externos,

formando uma união covalente, que é como se o núcleo “enxergasse” , na órbita

externa, oito elétrons, apesar desses cristais serem tetravalentes (quatro elétrons na

última camada).

O corpo cristalino puro impede que a corrente elétrica circule por ele e, desta forma,

o germânio e o silício têm que ser modificados em sua estrutura, para que seja

possível que a circulação de corrente se dê de maneira controlável.

b) Dopagem

Processo de introduzir impurezas (doadoras ou receptoras de elétrons) em um cristal

semicondutor.

c) Elemento trivalente

É todo elemento que possui na sua camada de valência um total de três elétrons.

Exemplos: boro, alumínio, gálio, índio e tálio (grupo 3A da tabela periódica).

d) Elemento pentavalente

É todo elemento que possui em sua camada de valência um total de cinco elétrons.

Exemplos: antimônio, fósforo, arsênico, etc (grupo 5A da tabela periódica).

1.2.6 - Formação do material tipo “N”

O semicondutor tipo “N” é aquele que se obtém adicionando (dopando) ao cristal puro,

átomos com cinco elétrons na camada de valência (átomos pentavalentes).

Page 6: 7 ELETRONICA

OSTENSIVO 1-6

O tipo de semicondutor assim tratado recebe a denominação de tipo N porque um dos

elétrons adicionado ao átomo não consegue se ligar firmemente na estrutura do cristal,

podendo ser facilmente deslocado do material.

Como essas impurezas fornecem (doam) elétrons, elas são chamadas de impurezas

doadoras ou impurezas tipo N.

A corrente circulante neste tipo de material consiste de excesso de partículas negativas,

daí chamar-se corrente de elétrons.

Fig. 1.4 - Material semicondutor dopado com fósforo (semicondutor tipo N).

1.2.7 - Formação do material tipo “P”

Semicondutor tipo P é aquele que se obtém adicionando-se ao cristal puro, átomos com

três elétrons na camada de valência (átomos trivalentes).

Essa ligação covalente ficará incompleta, uma vez que o átomo do semicondutor tem

quatro elétrons e o da impureza trivalente três elétrons na camada de valência

Esse semicondutor recebe a denominação de tipo “P” porque um dos átomos a ele

adicionado causou uma falta de elétron na estrutura do cristal o qual, facilmente

aprisionará um elétron.

Essas impurezas trivalentes que dão origem a buracos na rede cristalina são chamadas

impurezas aceitadoras ou impurezas tipo P.

A corrente circulante neste tipo de material deve-se a deficiência de elétron, daí chamar-

se lacunas (buracos).

Ge ou Si

Ge ou Si

Ge ou Si

Ge ou Si

AS

Ge ou Si

Ge ou Si

Ge ou Si

Ge ou Si

Si

Si

Si P Si

Elétron

Page 7: 7 ELETRONICA

OSTENSIVO 1-7

Fig. 1.5 - Material semicondutor dopado com alumínio (semicondutor tipo P).

1.3 - FUNCIONAMENTO DA JUNÇÃO PN

1.3.1 - Fluxo de corrente nos semicondutores

a) Fluxo de corrente no semicondutor tipo N

Se aplicarmos uma bateria em um material tipo N, haverá um fluxo de elétrons livres

através do material em direção ao potencial positivo da bateria.

Podemos afirmar que os elétrons livres são os responsáveis pela condução extrínseca

e os buracos pela condução intrínseca. Os elétrons são portadores majoritários e os

buracos portadores minoritários.

Fig. 1.6 -Fluxo de corrente

Si

Al

Si

Si Si

Buraco

Ge ou Si

Ge ou Si

Ge ou Si

Ge ou Si

Ga

Ge ou Si

Ge ou Si

Ge ou Si

Ge ou Si

fluxo de elétrons fluxo de buracos

Semicondutor tipo N

Page 8: 7 ELETRONICA

OSTENSIVO 1-8

b) Fluxo de corrente no semicondutor tipo P

Se aplicarmos uma bateria em um material tipo P, haverá um fluxo de buracos através

do material em direção ao polo negativo da bateria.

No cristal tipo P, os buracos são os portadores majoritários e os elétrons são os

portadores minoritários. A quantidade de portadores minoritários está diretamente

ligada à execução externa tal como calor e luz.

Fig. 1.7 - Fluxo de corrente

1.3.2 - Princípio de funcionamento dos diodos semicondutores

Por si só, um pedaço de semicondutor tipo N tem a mesma utilidade um resistor de

carbono; o mesmo pode ser dito do semicondutor tipo P. Mas quando um fabricante dopa

um cristal de modo que metade dele seja tipo P e a outra metade tipo seja tipo N, acontece

um fato novo.

Supondo-se um cristal de germânio ou silício no qual, por um processo qualquer, foi feita

uma dopagem diferente em duas regiões:

Fig. 2.8 - Funcionamento dos diodos semicondutores

Do lado N haverá muitos elétrons livres, ao passo que do lado P existirão buracos, como

conseqüência, haverá um processo de difusão entre os elétrons e os buracos.

Semicondutor

tipo P

O elétron é atraído (difundido)

Átomo doador

Átomo aceitador

P N P N P N

Junção PN

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OSTENSIVO 1-9

N P N P N P

Fig. 1.9 -funcionamento da junção NP

Juntando-se quimicamente os dois tipos de semicondutores forma-se um diodo do estado

sólido, também chamado de junção PN.

Assim, teremos duas regiões distintas a saber: a região N e a região P. Do lado N haverá

muitos elétrons livres, ao passo que do lado P existirão buracos e como conseqüências,

haverá um processo de difusão entre os elétrons e os buracos na junção dos dois tipos de

materiais (região de contato).

Nessa região, forma-se uma barreira de potencial causada por íons positivos e íons

negativos, polarizando positivamente a região de contato tipo N; e negativamente a região

de contato do material tipo P.

Conforme os elétrons passam para o cristal P, esse potencial vai crescendo até atingir um

ponto que impede que eles transitem pela junção. A região da junção onde não existe

elétrons livres, nem buracos, recebe o nome de zona de deplexão (região de transição).

O potencial que aparece entre os dois cristais devido à ionização de ambos recebe o nome

de barreira de potencial. Essa barreira é da ordem de 0,2V para o germânio e da ordem de

0,6V para o silício.

Fig. 1.10 -Barreira de potencial através da região de esgotamento

Dependendo do material usado na construção e do método de construção dos diodos

(ponto de contato, difusão, liga, etc), encontramos aplicações prática dos diodos em:

Os elétrons são repelidos na junção por íons negativos

Região de esgotamento

Átomos carregados

Elétrons difundindo-se através da junção

Carga de 0,1V

Íon positivo Íon negativo

Outro elétron é atraido

Íon Negativo ooo

Íon positivo

N P N P N P

Page 10: 7 ELETRONICA

OSTENSIVO 1-10

fontes de alimentação (atuando como retificador), em circuitos detetores, circuitos

limitadores, etc.

A borda entre o material tipo P e o material tipo N é chamada de junção PN e foi ela que

deu origem a todos os tipos de invenções, incluindo diodos, transistores e circuitos

integrados. A compreensão da junção PN permite que você entenda todos os tipos de

dispositivos encontrados.

1.3.3 – Simbologia

Fig.1.11 - diodo

Os diodos semicondutores são representados de forma que a barra vertical simboliza o

material tipo N, e a ponta da seta, o material tipo P.

A barra é denominada catodo, e a ponta da seta, ânodo.

Um fabricante pode produzir um cristal simples com um material tipo P de um lado e um

material tipo N do outro. A junção é a borda onde as regiões do tipo P e do tipo N se

encontram e o diodo de junção é outro nome dado para um cristal PN. A palavra diodo é a

contração de dois eletrodos.

1.3.4 - Polarização direta

Um diodo está diretamente polarizado, quando o catodo estiver negativo em relação ao

ânodo com uma diferença de potencial superior ao valor da barreira de potencial do

diodo, para que o efeito da mesma possa ser vencido. Ou seja, positivo da bateria no lado

P (ânodo) e negativo no lado N (catodo).

Lembrando que para uma temperatura de 25ºC, a barreira de potencial é

aproximadamente igual a 0,3V para os diodos de germânio e 0,7V para os diodos de

silício.

A K

(anodo) (katodo)

(material tipo P)(material tipo N)

Page 11: 7 ELETRONICA

OSTENSIVO 1-11

corrente elevada

Fig. 2.12 - fluxo de corrente na polarização direta

Os elétrons livres do lado N serão repelidos pelo terminal negativo da bateria e tenderão a

penetrar na junção. Os buracos também serão repelidos pelo terminal positivo da bateria e

também tenderão a penetrar na junção. Como conseqüência, haverá uma diminuição da

região de deplexão e circulará grande corrente através da junção. A corrente circula

facilmente num diodo de silício com polarização direta, enquanto a tensão aplicada for

maior que a barreira de potencial.

1.3.5 - Polarização inversa

É o tipo de polarização que torna o catodo positivo em relação ao ânodo. Ela reforça

(aumenta) o efeito da barreira de potencial.

Positivo da bateria no lado N Catodo) e negativo no lado P (ânodo).

baixa corrente

Fig. - 1.13 - fluxo de corrente na polarização inversa

Os elétrons livres do material N serão atraídos pelo potencial positivo da bateria externa e

as lacunas do material P são preenchidas com elétrons do terminal negativo da bateria.

Como conseqüência, haverá aumento da zona de deplexão, tornando praticamente

impossível o deslocamento de portadores, ou seja, não haverá circulação de corrente.

Não deveria circular nenhuma corrente através do diodo, no entanto nota-se uma corrente

muito débil (corrente de fuga), devido à ruptura de certas ligações na estrutura cristalina,

N P

PN

lâmpada apagada

Lâ m p a d aa c es a

c o rre n te in te ns a

Page 12: 7 ELETRONICA

OSTENSIVO 1-12

por causa da agitação térmica (corrente de portadores minoritários). Existe uma pequena

corrente com a polarização reversa (inversa). Lembre-se de que a energia térmica gera

pares de elétrons livres e lacunas incessantemente. Isso significa que existem alguns

poucos portadores minoritários nos dois lados da junção. Muitos deles se recombinam

com os portadores majoritários, mas aqueles dentro da camada de deplexão podem não

existir suficientemente para cruzar a junção.

Quando isso ocorre uma pequena corrente circula pelo circuito externo .

1.3.6 – Ruptura e Efeito Avalanche

Os diodos têm tensões nominais máximas. Existe um limite do valor de tensão reversa

que um diodo pode suportar antes de ser destruído.

Continue a aumentar a tensão reversa e você atingirá sua tensão de ruptura. Para os

diodos retificadores (aqueles fabricados para conduzir melhor de um modo que de outro),

a tensão de ruptura é usualmente maior que 50V.

Uma vez atingida a tensão de ruptura, um grande número de portadores minoritários

aparece repentinamente na camada de deplexão e o diodo conduz fortemente.

1.3.7 - A curva característica do diodo

I (A)

Ruptura Região Direta

Corrente de fuga V (volts)

Região Joelho ≈ 0,6 a 0,7V(p/ o diodo de silício)

Reversa (0,2 a 0,3V p/ o diodo de germânio)

Fig. 1.14 - Curva característica do diodo

1.3.8 - Teste dos diodos

a) Determinação do ânodo e catodo

Através do Ohmímetro é possível determinar o catodo e o ânodo.

Antes de se proceder o teste, verifica-se se as marcações do instrumento (–) e (+), na

posição ohmímetro, correspondem aos terminais negativo e positivo da bateria interna

do instrumento, o que, na maioria deles, é invertida.

Page 13: 7 ELETRONICA

OSTENSIVO 1-13

Aplicando-se a ponta do instrumento que corresponde ao terminal negativo da bateria

interna em um dos lados do diodo, e a outra ponta, ao outro lado do mesmo, e obtendo-

se leitura de baixa resistência, o diodo está polarizado diretamente. O terminal do

diodo à ponta negativa do ohmímetro é o catodo e consequentemente o outro é o

ânodo.

Se a leitura obtida fosse alta resistência, o diodo estaria polarizado inversamente.

b) Condições de funcionamento do diodo

Aplicando-se as pontas de prova do ohmímetro no diodo, podemos verificar o seu

estado, observando o seguinte:

I) alta resistência em um sentido e baixa resistência no outro sentido: diodo bom;

II) alta resistência nos dois sentidos: diodo aberto; e

III) baixa resistência nos dois sentidos: diodo em curto.

ΩΩ

− + − +

Fig. 2.15 - teste dos diodos

1.3.9 - DIODO ZENER

a) – Simbologia

Fig. 1.16 – diodo zener

b) - Diferenças essenciais ao diodo retificador

Os diodos de pequeno sinal e retificadores nunca operam intencionalmente na região de

ruptura porque isso danifica-os. Um diodo Zener é diferente. Ele é um diodo de silício

que o fabricante otimizou para operar na região de ruptura. Algumas vezes chamado de

“diodo de ruptura”, o diodo Zener é o elemento principal dos reguladores de tensão,

circuitos que mantêm a tensão na carga quase constante, independentemente da alta

variação na tensão de linha e na resistência de carga (RL).

A diferença essencial entre o diodo retificador e o Zener deve-se ao fato de que o

primeiro não deve atingir a zona Zener (ruptura), sob pena de possível destruição,

enquanto que o segundo é projetado e fabricado para trabalhar nesta região.

N P P N

Diodo polarizado diretamente Diodo polarizado inversamente

Page 14: 7 ELETRONICA

OSTENSIVO 1-14

Externamente, o diodo Zener possui aparência similar aos demais retificadores e,

eletricamente, é capaz de retificar correntes alternadas. São únicos entre os dispositivos

semicondutores pelo fato de serem projetados para operarem na região reversa de

ruptura.

Na região de tensão inversa, isto é, quando o diodo estiver polarizado inversamente,

aparece uma região de tensão constante. Essa tensão é uma característica de cada diodo,

não se alterando com as variações de temperatura, esta região é também denominada de

tensão Zener, especificada por “Vz” (a tensão Zener é provocada pela quebra das

ligações covalentes do material).

Se a tensão inversa aplicada ao diodo atingir a tensão Zener, ficará praticamente

constante dentro de um limite de variação de corrente, por este fato os diodos Zener são

muito utilizados em duas aplicações: como dispositivo de referência ou em estabilização

(regulação) de tensão.

c) - Especificações da tensão ZENER

Existem diodos Zener comerciais com tensões Zener variando de alguns volts até

centenas de volts. Estas tensões são determinadas pelo fabricante quando o diodo é

projetado.

Variando o nível de dopagem de um diodo de silício, um fabricante pode produzir diodos

Zener com tensões de ruptura de cerca 2V até 200V. Esses diodos podem operar em

qualquer uma das três regiões: direta, de fuga e de ruptura.

Esta tensão tem a particularidade de se manter aproximadamente constante para grande

variação de corrente. Tal característica, faz o diodo Zener um regulador de tensão em

fontes de baixo consumo e tensão de referência em fontes de elevado consumo.

Para o diodo Zener operar como regulador de tensão ou fonte de tensão referencial

devemos polarizá-lo inversamente, ou seja, o ânodo negativo em relação ao catodo.

0 ,7 v2 a 2 0 0 V

V z

V

I

IZ T

IZ M

I Z T = c o r re n te de tes te

I Z M = c o r re n te m áx i m a

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OSTENSIVO 1-15

Fig. 1.17 -Curva característica do Diodo Zener

Page 16: 7 ELETRONICA

OSTENSIVO 1-16

CAPÍTULO 2

FONTES DE ALIMENTAÇÃO

2.1 - FINALIDADE

2.1.1 - Conceito

Fonte de alimentação é um circuito ou aparelho usado para transformar a

energia elétrica da rede (CA) na quantidade de (CA) ou (CC) que necessitam

os diversos circuitos eletrônicos.

2.1.2 - Finalidades das fontes

A maioria dos equipamentos eletrônicos operam com uma grande variedade de

tensões. A única tensão disponível é a da rede elétrica e que, geralmente, é de

110 ou 220Vca, a qual não tem utilidade prática nesta forma. É necessário,

então, um dispositivo para transformarmos essa tensão da rede em uma tensão

própria para o uso dos equipamentos e, para tal, usamos uma fonte de

alimentação.

A fonte de alimentação é, portanto, um circuito destinado a prover alimentação

de tensões e/ou correntes alternadas e/ou contínuas necessária ao

funcionamento dos equipamentos.

2.1.3 – Fonte de alimentação Ideal

Uma fonte de alimentação perfeita ou ideal produz uma tensão de saída

constante. O exemplo mais simples de uma fonte de alimentação ideal é uma

bateria perfeita, aquela que tem resistência interna zero. A Fig. 3.1 mostra uma

resistência de carga ajustável (reostato). A fonte de alimentação ideal produzirá

sempre 12V na resistência de carga, independentemente do valor ajustado.

Portanto, a tensão na carga é constante; apenas a corrente na carga muda.

Fig. 2.1 – Fonte ideal

RL 12V

Page 17: 7 ELETRONICA

OSTENSIVO 1-17

2.2 - DIAGRAMA EM BLOCOS

2.2.1 - Partes componentes de uma fonte de alimentação

Uma fonte de alimentação apresenta quatro partes, mostrados pela ordem no

diagrama abaixo: transformador, retificador, filtro e regulador.

Entrada (CA)

Saída (CC)

Fig. 2.2 – Diagrama em bloco

a) - Transformador

As companhias de energia elétrica no Brasil fornecem uma tensão senoidal

monofásica de 127Vrms, ou dependendo da região, de 220Vrms com uma

freqüência de 60Hz. Essa tensão de linha é muito alta para a maioria dos

dispositivos usados nos equipamentos eletrônicos. É por isso que um

transformador é encontrado geralmente em quase todos os equipamentos

eletrônicos. Esse transformador abaixa a tensão CA a níveis mais compatíveis

com os dispositivos em uso, como os diodos e os transistores.

Transformador é um componente que transforma a tensão de CA de entrada

(110/220Vca) nos diversos valores de tensão de CA necessários à alimentação

dos diversos circuitos. Os transformadores são projetados para fornecerem

tensões de CA a diversos valores de corrente.

N1 : N2

V1 V2

Fig. 3.3 - Transformador

b) - Retificador

Transformador Retificador Filtro Regulador

~

Page 18: 7 ELETRONICA

OSTENSIVO 1-18

Tem a função de eliminar uma das polaridades da tensão CA aplicada, ou seja,

transforma CA em CC pulsativa. Tipos de retificadores: meia onda, onda

completa e em ponte.

c) - Filtro

Tem a função de eliminar a tensão CC pulsante, tornando-a praticamente em

uma onda contínua pura.

d) - Regulador

É o elemento capaz de manter constante a tensão de saída da fonte, ou seja,

para uma determinada faixa de valores de queda de tensão, o regulador supre a

fonte para manter constante a tensão.

Outros circuitos podem ser utilizados em fontes de alimentação, tais como:

protetor de sobrecarga, eliminador de ruídos, etc.

2.3 - CIRCUITOS RETIFICADORES

2.3.1 - Tipos de circuitos retificadores

Meia onda, onda completa e retificador em ponte.

I ) - Retificador de meia onda

É aquele que aproveita somente um dos semiciclos do sinal de entrada,

utilizando a propriedade do diodo de só conduzir em um sentido.

Entrada

Saída

ou

Fig. 3.4 - Forma de onda de entrada esaída

Um circuito retificador de meia onda é composto de um transformador e um

diodo retificador.

V (RL)

+

I RL

_

Retificador de Meia Onda

Page 19: 7 ELETRONICA

OSTENSIVO 1-19

Fig. 2.5 - Retificador de meia onda

Os semiciclos positivos tornam o ânodo positivo em relação ao catodo,

polarizando o diodo diretamente.

Deste modo, circula corrente através do resistor de carga com a polaridade

indicada. Os semiciclos negativos tornam o ânodo negativo em relação ao

catodo, polarizando o diodo inversamente. Não havendo corrente através do

resistor de carga, não há tensão de saída. O retificador de meia onda só conduz

durante um dos semiciclos do sinal de entrada, isto é, quando o diodo está

diretamente polarizado.

a) Desvantagens

O retificador de meia onda, embora seja o mais barato e mais simples em

relação aos outros tipos de retificadores, apresenta certas desvantagens,

como: utiliza apenas metade da potência fornecida pelo transformador, e

maior tensão de ripple (ondulação).

b) Característica

A freqüência de saída é igual a da entrada.

c) Valor CC ou valor médio de saída

É o valor medido por um voltímetro CC. O valor médio (Vdc ou Vm) é

igual ao valor de pico dividido por “pi” (“π” = 3,14). Pode-se dizer também

que o valor médio é igual a 31,8% da tensão de pico.

Vdc = Vp ÷ 3,14 ou Vm = 0,318 xVp (onde: Vp = Vrms ÷ 0,707).

II ) - Retificador de onda completa

É aquele que aproveita os dois semiciclos do sinal de entrada fazendo com que

um diodo conduza durante um semiciclo e outro durante o semiciclo seguinte.

O circuito retificador de onda completa permite a circulação de corrente na

mesma direção através da carga durante os dois semiciclos do sinal de entrada.

Um circuito retificador de onda completa é composto por dois diodos

retificadores e um transformador com “centertrap” (derivação central no

enrolamento secundário).

V (RL)

D1

D2

RL

I

Sinal de saída do retificador

Page 20: 7 ELETRONICA

OSTENSIVO 1-20

A

D2 D1

Fig. 2.6 - Retificador de onda completa

Por causa da tomada central, o circuito é equivalente a dois retificadores de

meia onda. Cada diodo retifica um semiciclo.

Quando os sinal é positivo na entrada, faz com que a parte superior do

secundário fique positivo e a parte inferior negativo, o diodo D1 estará

polarizado diretamente e D2 inversamente, neste instante D1 estará conduzindo

e D2 cortado.

O caminho de corrente será da parte central do transformador no secundário

através de RL e D1.

No semiciclo negativo do sinal de entrada, D2 ficará polarizado diretamente e

D1 inversamente. D2 estará conduzindo e D1 cortado. O caminho de corrente

será do ponto central do secundário através de RL e D3.

a) Vantagens

Maior tensão média de saída, pois aproveita os dois semiciclos do sinal de

entrada; filtragem mais fácil; e melhor regulação.

b) Característica

A freqüência de saída é o dobro da entrada.

c) Valor médio (CC) de saída

É 63,6 % da voltagem máxima no diodo, ou seja, o dobro da tensão máxima

dividido por “pí” .

Vm = 0,636 x Vp ouVm = 3.VP / 3,14.

III ) - Retificador em ponte

O circuito retificador em ponte necessita de 4 diodos e dispensa o uso do

“centertrap” (tomada central). A vantagem de não usarmos uma tomada central

é que a tensão retificada na carga é o dobro daquela que teria o retificador de

onda completa com tomada central.

V (RL)

RL

I

D1

Page 21: 7 ELETRONICA

OSTENSIVO 1-21

B

D4

D3

Fig. 2.7 - Retificador em ponte

Durante o semiciclo positivo, o ponto “A” é positivo em relação ao ponto “B”.

Os diodos D2 e D4 estão polarizados diretamente e estarão conduzindo, ao

passo que os diodos D1 e D3 estão polarizados inversamente, portanto estarão

cortados.

No instante do semiciclo negativo, as polaridades dos pontos “A” e “B” são

invertidas. Assim, os diodos D1 e D3 passam a conduzir e os diodos D2 e D4

ficam no corte.

Durante o corte, cada diodo deve suportar uma tensão inversa (TIP) igual a

tensão máxima do secundário (Vp). A tensão de pico inversa (TIP ou PIV) é a

característica mais importante dos diodos, pois indica a tensão máxima que o

diodo pode suportar sem se danificar (TIP = Vp do secundário).

a) Vantagem

A tensão média de saída (Vdc) é aproximadamente o dobro da saída do

retificador de onda completa.

b) Característica

A freqüência de saída é o dobro da de entrada.

Exercício

Num circuito retificador em ponte (diodos de silício), a tensão da rede é de

240Vrms, o transformador possui uma relação de espiras de 5:1, qual o valor

médio em cima do resistor de carga? (Considere a segunda aproximação do

diodo).

R.: Vp1 = 240 V ÷ 0,707 ⇒ Vp1 ≅340V⇒ Vp2 = 340V ÷ 5 ⇒ Vp2 ≅ 68V ⇒

Vp2 = 68V – (2 x 0,7V) ⇒ Vp2 = 68V – 1,4V ⇒ Vp2 ≅ 66,6V ⇒

Vm = Vp x 0,636 ⇒ Vm = 66,6V x0,636 ⇒ Vm ≅ 41,5V.

2.4 - CIRCUITOS DE FILTROS

2.4.1 - Características gerais dos filtros

Page 22: 7 ELETRONICA

OSTENSIVO 1-22

A finalidade do filtro é suavizar as pulsações de saída do retificador, a fim de

produzir uma tensão constante com a menor ondulação possível.

Os filtros têm como principal função minimizar as variações de corrente

contínua fornecida pelo retificador. Uma outra função é a de minimizar o ruído

gerado tanto pela carga como pela fonte geradora de CA.

A saída do circuito retificador é uma onda contínua pulsativa que varia em

torno de um valor médio, indo de zero até o valor máximo (Vp ou Vmáx). No

caso do retificador de onda completa, o valor médio é de 63,6% do valor

máximo de pico e do retificador de meia onda é de 31,8% do valor de pico.

Esse não é o tipo de tensão CC que a maioria dos circuitos eletrônicos precisa.

É necessária uma tensão estável ou constante similar à produzida por uma

bateria. Para obter esse tipo de tensão retificada na carga, precisamos de

“filtro”.

a) Ondulação ou “ripple”

É a flutuação da voltagem em torno do valor médio na saída do filtro.

b) Fator de ondulação

É o fator que determina a quantidade de CA em relação à CC, é dada em

porcentagem.

% ond. = (Erms ÷ Em) x 100, onde “Erms” é valor eficaz da tensão de

ondulação e “Em” é o valor de tensão médio (Vdc ou Vm).

O “ripple” de um retificador de meia onda é de 121%; o “ripple” de um

retificador de onda completa é de 48%.

Ret. meia onda Ret. com saída

filtrada

(Em)

Em

Ret. onda completa E (max) E

(min)

(Em)

Page 23: 7 ELETRONICA

OSTENSIVO 1-23

Fig. 2.8 - Gráfico da % de ondulação

Exemplo: Em = +180Vcc; Emax = +181Vcc; Emin = +179Vcc; qual a

porcentagem de ondulação?

% ond. = (Erms ÷ Em) x 100 ⇒ Erms = Ep x 0,707 ⇒ Erms = 1V x 0,707 ≅

0,707V ⇒ % ond = (0,707V ÷ 180V) x 100 ⇒ % ond = 0,003927 x 100 ⇒

% ond ≅ 0,39%

A porcentagem de ondulação ideal é de 0%.

2.4.2 - Filtros RC

V Saída do retificador

R

t

RL

Saída filtrada por C1

t

t0 t1 t2

Fig. 2.9 - Filtros RC

O capacitor C1 em paralelo com a carga armazenará energia no período t0 a t1

e quando a voltagem de entrada começar a cair (t1 a t2) o capacitor começará a

se descarregar através da carga. O segundo pulso quando chega encontra o

capacitor ainda com certa quantidade de carga, devido a constante RC e

novamente carrega o capacitor. Após alguns pulsos do sinal de entrada, a saída

será então uma CCperto da ideal (pura).

Quanto maior a capacitância, menor será a ondulação e quanto maior a carga

(IRL) maior a ondulação:

Transformador e retificador deOnda Completa.

C1

Vm

Page 24: 7 ELETRONICA

OSTENSIVO 1-24

(VR = IRL ÷ f.C); onde “VR” é a tensão de ondulação pico a pico, “IRL” é a

corrente CC na carga, “f” é a freqüência de ondulação e “C’ é a capacitância do

capacitor de filtro.

O capacitor de entrada, combinado com as impedâncias do circuito da fonte,

têm baixa constante de tempo RC (o tempo de carga é muito rápido).

Nos filtros RC, a resistência (R) deve ser muito maior que Xc na freqüência de

ondulação. Tipicamente R > 10 x Xc.

a) Corrente de surto

Como o capacitor está descarregado antes da alimentação do circuito ser

ligada, no instante em que a alimentação for ligada, o capacitor

descarregado funcionará como se fosse um curto circuito. Portanto, a

corrente de carga inicial é muito alta. Os únicos elementos que limitam a

corrente é a resistência do enrolamento e a resistência de corpo dos diodos.

Por essa razão, a corrente inicial é muito alta. À medida que o capacitor se

carrega, a corrente diminui a níveis mais baixos.

A alta corrente instantânea quando a alimentação é ligada pela primeira vez

é chamada corrente de surto.

Se o capacitor de filtro for menor que 1000µF, a corrente de surto é muito

rápida e não causará danos aos diodos. Mas quando o capacitor é muito

maior que 1000µF, ele necessita de alguns ciclos para carregar o capacitor;

nesse caso, o diodo pode ser danificado.

Capacitor de alto valor, significa corrente de surto prolongada. Se a corrente

de surto for muito alta, o capacitor pode sofrer danos pelo aquecimento e

pela formação de gases na eletrólise.

b) Vantagem

A principal vantagem deste tipo de filtro é a alta tensão de saída.

c) Desvantagem

Queda de tensão em R. O filtro RC é adequado apenas para cargas leves

(baixa corrente de carga ou alto valor de RL).

2.4.3 - Filtros RL

D1 L1 E Saída filtrada por L1

Em

Page 25: 7 ELETRONICA

OSTENSIVO 1-25

RL

Em

t

D2

t0 t1 t2

Fig. 2.10 - Filtro RL

Intervalo t0 a t1: a onda pulsativa sendo aplicada ao indutor cria neste uma

FCEM e impede que esta venha a atingir seu valor máximo sobre a carga.

Intervalo t1 a t2: quando a onda pulsativa começa a cair, a FCEM começa a

fornecer para a carga a sua voltagem. Após o equilíbrio, a saída tenderá a uma

onda CC pura.

Devido ao efeito da FCEM, a corrente na carga também não atingirá o seu

valor máximo e se manterá praticamente constante.

a) Vantagem

Maior corrente de saída que o filtro RC.

b) Desvantagem

Menor tensão de saída que o filtro RC. O filtro RL raramente é usado em

retificadores de meia onda, pois não há nenhum dispositivo para manter a

circulação de corrente durante os meios ciclos.

Apenas o capacitor ou o indutor em um circuito de filtro não oferece uma

boa filtragem, além do fato de que a carga participa no processo de

filtragem. Assim sendo, esses componentes são associados de diversas

maneiras para se obter uma melhor filtragem (filtros LC).

2.4.4 - FiltroLC em “L”

L1 E Saída filtrada

Em

C1 RL

t

Fig. 2.11 – Filtro LCem L

Transformador e

Retificador de Onda Completa

Page 26: 7 ELETRONICA

OSTENSIVO 1-26

O filtro em “L” é também conhecido como filtro de entrada por choque ou a

indutor. O filtro em raramente é usado com retificador de meia onda, porque não

há nenhum dispositivo para manter a circulação de corrente durante os meios

ciclos.

Devido ao nível uniforme de corrente, o filtro em “L” tem aplicação na maioria

dos circuitos de alta potência tal como transmissores.

Obs.: nos filtros LC, a reatância indutiva tem que ser muito maior que a

reatância capacitiva na freqüência de ondulação (XL>>> Xc).

2.4.5 - Filtro LC em “pí”

L1 E Tensão em

cima de RL

Em

C1 C2 RL

Fig. 2.12 - Filtro em “pi”

Este tipo de filtro recebe o nome de “pí” devido a configuração do diagrama

esquemático que é semelhante à letra grega “π”. Recebe também o nome de

filtro de entrada a capacitância.

Com este tipo de filtro, a forma de onda de saída aproxima-se muito de uma CC

pura (é o que mais se aproxima de uma CC pura).

O capacitor C1 atua para derivar à terra a porção maior do componente “ripple”

(ondulação). Em todos os filtros, a parte principal de ação do filtro é realizada

por componente.

O choque (indutor) em série no filtro em “pí” serve para manter a corrente a um

nível quase constante durante os ciclos de carga e descarga capacitor de entrada.

O capacitor C2 atua para derivar as flutuações residuais existentes depois de

filtrada pelo capacitor de entrada e a indutância.

O filtro em “pí” é empregado em instalações de baixa corrente, tais como

receptores de rádio.

Transformador e

Retificador

Page 27: 7 ELETRONICA

OSTENSIVO 1-27

2.5 - CIRCUITOS REGULADORES A ZENER E A CIRCUITOS INTEGRADOS

DA SÉRIE 78XX, 79XX &LM

+Vs Rs

Vz RL

Fig. 2.13 - Reguladorzener

2.5.1 - Regulador a Zener

O diodo Zener às vezes também é chamado regulador de tensão, porque

mantém uma tensão de saída constante, embora a corrente nele varie.

Quando polarizado inversamente conduz apenas num determinado valor de

tensão, tensão essa conhecida como tensão Zener (Vz). Esse efeito é conhecido

como efeito avalanche.

O diodo Zener deve ser polarizado inversamente, para obter uma operação na

ruptura (região Zener), a tensão da fonte (Vs) deve ser maior que a ruptura

(Vz). Um resistor em série (Rs) é sempre usado para limitar a corrente do

Zener num valor abaixo de sua corrente máxima nominal. Caso contrário, o

diodo Zener queimaria como qualquer outro dispositivo submetido a uma

dissipação de potência muito alta.

O mais interessante que se observa é que a corrente que circula pelo Zener

aumenta ou diminui em função de manter a tensão Vz constante. Por esta

propriedade o Zener é muito utilizado como estabilizador de tensão.

Is = (Vs – Vz) ÷ Rs ⇒ IL = VL÷ RL⇒ Is = Iz + IL⇒ Iz = Is + IL .

Onde, Is = corrente em Rs; IL = corrente na carga; Iz = corrente no Zener.

a) Diodo Zener em circuito de regulação de tensão alternada (ou limitador

de picos)

Rs V (RL)

Região Zener de D1

D1

RL t

D2

Transformador Retificador

Filtro

Page 28: 7 ELETRONICA

OSTENSIVO 1-28

Região Zener

de D2

Fig. 3.14 – Zener como limitador de pico

Para diminuirmos as variações, usam-se dois diodos Zener em oposição. No

semiciclo positivo, o diodo D1 entra na região Zener (corta), quando a

tensão iguala a tensão de ruptura, estando o outro (D2) sendo polarizado

diretamente e funcionando praticamente como um curto circuito.

No semiciclo negativo, o diodo D1 funciona como um curto e D2 limita a

tensão no valor Zener. Quando a tensão CA alterna seu valor, seja para mais

ou para menos, os diodos Zener limitam a onda de tensão sempre nos

mesmos valores, fixados pelas suas tensões Zener.

2.5.2 - Circuitos integrados série 78XX, 79XX e LM

O filtro LC era muito usado. Hoje em dia, eles estão obsoletos por causa das

dimensões e custo dos indutores nas fontes de alimentações típicas. Para as

fontes de baixos valores, os filtros LC foram substituídos por CI reguladores de

tensão, filtros ativos que reduzem a ondulação e mantém a tensão média de

saída constante.

No mercado existem vários circuitos integrados com a função de regulador.

Podem ser encontrados para diversas tensões de saída e também com saídas

ajustáveis.

Os reguladores mais populares atualmente são os reguladores da série 78XX e

79XX.

78XX = reguladores de tensões positivas.

79XX = reguladores de tensões negativas.

Os reguladores da série 78XX e 79XX são dispositivos reguladores de tensões

com somente três pinos, um para a entrada da tensão não regulada, um para a

saída da tensão regulada e um para terra.

a) Símbolo

1 (Entrada) 3 (Saída)

78XX ou (79XX)

Page 29: 7 ELETRONICA

OSTENSIVO 1-29

2 (GND) 1 2 3

Exemplos: 7805 = regulador positivo de 5V de saída. 7905 = reg. negativo

de 5V.

7812 = reg. positivo de 12V. 7912 = reg. Negativo

de 12V.

Fig. 2.15 – Regulador 78XX

b) Série LM

A série LM340, igual a 78XX, é típica da nova linha de reguladores de

tensão com três terminais.

Com uma impedância da saída de aproximadamente 0,01Ω, o LM340-5 é

uma fonte de tensão muito estável para todas as cargas dentro da sua

especificação máxima de corrente. O LM 340-5 ligado como regulador fixo,

tem uma tensão de saída de 5V± 2%, uma corrente de carga máxima de

1,5A, uma regulação de carga de 10mV, uma regulação da fonte de 3mV,

uma rejeição de ondulação de 80dB.

O LM320, semelhante ao 79XX, é do grupo de reguladores de tensão

negativa.

O LM317 caracteriza-se por ser um regulador ajustável.