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X Salão deIniciação Científica
PUCRS
A construção do Outro no Brasil: uma análise dos discursos daCâmara Federal sobre política criminal
Mayara Annanda Samarine Nunes da Silva, Clarice Beatriz da Costa Söhngen (orientadora), LígiaMori Madeira (orientadora)
Faculdade de Direito, PUCRS
Resumo
Introdução
Partimos da ideia antropológica de que a relação do homem com o mundo é
intermediada pelas representações que aquele faz deste. Essas representações, concepções
formadas a respeito de algo, são construídas através de nossas experiências vividas,
influenciam de forma constante as nossas relações, tanto consciente quanto
inconscientemente, e não são necessariamente partilhadas de igual modo por todos os
homens, pois estão inseridas em contextos histórico-culturais, e relacionam-se também com
experiências pessoais. Por exemplo, quando ouvimos um trovão, lembramos que pode chover
e, ao sairmos de casa, resolvemos levar conosco um guarda-chuva. Já alguém inserido em
outro meio cultural, como um indígena, pode reagir de forma diferente ao trovão, por
exemplo, associando-o à manifestação de um ser superior, e lembrando-se de que é hora de
cumprir determinado ritual. O mesmo ocorre com a representação que fazemos a respeito do
outro com o qual convivemos: podemos associar cor da pele a um determinado tipo de
atitude, e reagir com base nessa associação.
Nesta pesquisa não nos voltamos para a busca de representações individuais, das
quais dá conta a psicologia, mas procuramos as que emergem de uma sociedade, no caso, a
brasileira, e são partilhadas, de certa forma, por todos os componentes desse grupo.
Encaramos o Direito como resultado, positivação dessas representações. Por isso, o trabalho
insere-se na área da antropologia jurídica. A questão da alteridade surge quando nos
propomos a trabalhar o conceito de Outro e analisar sua influência na relação entre os
brasileiros.
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Justificativa
O constante exame da produção legislativa é imprescindível para garantir uma
adequação das regras legais de uma sociedade a seus valores. Esta pesquisa justifica-se pela
importância da análise do conceito de Outro formado no Brasil, conceito este que fundamenta
qualquer relação social, e, consequentemente a formação do ordenamento jurídico de um país.
É a visão que temos do outro que determinará tanto as nossas ações no dia a dia, como o
cumprimentar as pessoas na rua ou não, quanto ações políticas, como a definição de quais
condutas serão criminalizadas.
Metodologia
O método utilizado é o da pesquisa empírico-teórica, baseada na revisão da
bibliografia existente sobre o tema e coleta de dados, que serão analisados através da técnica
de análise do discurso.
A revisão bibliográfica não se restringe às produções da antropologia, mas é
interdisciplinar, dialogando com as áreas do direito, política, filosofia, lingüística e psicologia.
Os dados coletados consistirão nos discursos dos deputados federais em sessões de debates
que versem sobre política criminal, discursos estes retirados do site da Câmara dos
Deputados. Os discursos serão examinados através da análise do discurso, técnica consistente
na análise das construções ideológicas existentes em um texto.
Definição de termos:
• Alteridade: ideia de que o “eu” defini-se a partir da relação com o “outro”.
• Política Criminal: produção legislativa voltada para o tratamento, prevenção ou
punição de crimes e/ou contravenções penais.
• Relações sociais: toda relação que leva em conta uma concepção a respeito do Outro.
• Representação: concepções resultantes de uma interação social que possuem um
significado comum para os participantes desta.
Conclusão
Estando a pesquisa em andamento, conclusões definitivas ainda não foram
alcançadas. Todavia, a partir da revisão bibliográfica, já é possível chegarmos a algumas
conclusões preliminares. De acordo com uma perspectiva antropológica, o homem não se
encontra sozinho no mundo, e, por isso, estabelece relações com outros homens. A concepção
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que temos a respeito do quê ou de quem é o Outro, portanto, se encontra na base de quaisquer
relações sociais, incluídas aí relações éticas e jurídicas. Sendo o Direito o representante por
excelência dos valores de uma sociedade, é a partir da sua análise que podemos chegar às
categorias ideológicas de compreensão do Outro nela predominantes, e, dessa forma, à raiz de
problemas éticos tão presentes na atualidade como a reificação, a invisibilidade da dor alheia
e a violência.
Referências
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