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UNIVERSIDADEFEDERALDESANTAMARIA
CENTRODETECNOLOGIAPROGRAMADEPS-GRADUAOEMENGENHARIACIVIL
CONTRIBUIESAOPROJETOARQUITETNICODEEDIFCIOSEMALVENARIAESTRUTURAL
DISSERTAODEMESTRADO
Felipe Claus Rauber
Santa Maria, RS, Brasil
2005
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CONTRIBUIESAOPROJETOARQUITETNICO
DEEDIFCIOSEMALVENARIAESTRUTURAL
por
Felipe Claus Rauber
Dissertao apresentada ao Curso de Mestrado do Programa dePs-Graduao em Engenharia Civil, rea de Concentrao em
Construo Civil, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM, RS),como requisito parcial para obteno do grau deMestre em Engenharia Civil.
Orientador: Prof. Eduardo Rizzatti
Santa Maria, RS, Brasil
2005
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Universidade Federal de Santa Maria
Centro de TecnologiaPrograma de Ps-Graduao em Engenharia Civil
A Comisso Examinadora, abaixo assinada,aprova a Dissertao de Mestrado
CONTRIBUIESAOPROJETOARQUITETNICO
DEEDIFCIOSEMALVENARIAESTRUTURAL
elaborada porFelipe Claus Rauber
como requisito parcial para obteno do grau deMestre em Engenharia Civil
COMISO EXAMINADORA:
_________________________________________Eduardo Rizzatti, Dr.
(Presidente/Orientador)
_________________________________________
Jos Mrio Doleys Soares, Dr. (UFSM)
_________________________________________Hlio Ado Greven, Dr. (ULBRA)
Santa Maria, 23 de Setembro de 2005.
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Dedico este trabalho
A Deus,
o autor da vida;
Aos meus pais, Erlo e Carin, e irmos,
pelo apoio e amor incondicional;
minha noiva, Janine,
pelo incentivo, companheirismo, pacincia e carinho.
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AGRADECIMENTOS
Ao professor Eduardo Rizzatti, que, apesar de tantas outras atividades,
aceitou a tarefa de orientar este trabalho, demonstrando dedicao, disponibilidade
e amizade.
Ao professor Odilon Pncaro Cavalheiro, meu orientador honorrio, que,
mesmo impossibilitado de prosseguir na orientao, sempre esteve acessvel,
expressando amizade e desprendimento.
Ao Eng. Msc. Marcus Daniel Friederich dos Santos, mestre e amigo, do qual
tenho sido aprendiz desde o curso de graduao. Muito mais do que conselhos,
compartilhou comigo sua experincia profissional e de vida, colaborando de forma
mpar para minha formao.
professora Margaret Souza Schmidt Jobim, pela disponibilidade e pelas
valiosas contribuies a este trabalho.
A todos os colegas do PPGEC, em especial Arq. Francli Ferreira,
companheira desde a graduao, pelo incentivo e amizade.
Aos colegas do GPDAE, em especial ao Eng. Msc. Marco Antnio Pozzobon
e acadmica Fabiana Rezende, pelo apoio e companheirismo.
Aos funcionrios Eliomar Balduno Pappis, merson Martins Wagner, bemcomo a toda a equipe do LMCC.
Ao Programa de Ps-Graduao em Engenharia Civil da Universidade
Federal de Santa Maria (UFSM) e todos seus professores, por oportunizar a
realizao de meu aperfeioamento profissional.
Capes, pela bolsa de auxlio financeiro concedida.
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v
A cincia do arquiteto ornada por
muitos conhecimentos e saberes
variados, pelo critrio da qual so
julgadas todas as obras das
demais artes. (...) O arquiteto na
verdade no deve nem pode ser
gramtico como fora Aristarco, mas
tambm no deve ser analfabeto;
nem msico como Aristoxeno, mas
no ignorante em msica; nem
pintor como Apeles, mas no inbil
em desenho; nem escultor como
Mron ou Policleto, mas que no
ignore as regras da escultura; nemainda mdico como Hipcrates,
mas que no desconhea a
medicina; nem particularmente
excelente em determinadas
cincias, mas no ignorante delas.
(Vitrvio, arquiteto romano 25 d.C)
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RESUMO
Dissertao de MestradoPrograma de Ps-Graduao em Engenharia Civil
Universidade Federal de Santa Maria
CONTRIBUIESAOPROJETOARQUITETNICODEEDIFCIOSEMALVENARIAESTRUTURAL
AUTOR:FELIPE CLAUS RAUBERORIENTADOR:EDUARDO RIZZATTI
Data e Local da Defesa: Santa Maria, 23 de Setembro de 2005.
O projeto, constituindo uma das etapas iniciais do processo da construo edefinindo as caractersticas da edificao, influencia decisivamente a exeqibilidade
da obra e o desempenho do ambiente construdo. A adoo de um sistema
construtivo racionalizado propicia maior rapidez, facilidade e qualidade execuo
e, conseqentemente, melhor desempenho do edifcio se comparado aos regimes
tradicionais de construo. Por isso, a alvenaria estrutural, sistema cuja
racionalizao se deve coordenao dimensional e integrao dos projetos, vem
sendo crescentemente empregada na construo civil. No Brasil, contudo, aresistncia em sua adoo reside, na maioria das vezes, no desconhecimento das
tcnicas construtivas prprias do sistema e no receio de abandonar as relacionadas
ao concreto armado, j plenamente dominadas e aceitas. Alia-se a isso a carncia
de literatura especificamente direcionada aos arquitetos, responsveis pela
idealizao do projeto. Visando a qualidade da edificao, este trabalho prope a
aplicao dos princpios de construtibilidade e desempenho das edificaes na
elaborao de projetos, e apresenta os principais pontos concernentes prtica doprojeto de alvenaria estrutural, direcionando a explanao aos arquitetos.
Palavras-chaves: Projeto, Alvenaria Estrutural, Construtibilidade, Desempenho.
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ABSTRACT
Master ThesisCivil Engineering Post-Graduate Program
Universidade Federal de Santa Maria
CONTRIBUTIONS FOR THE ARCHITECTURAL PROJECTOF STRUCTURAL MASONRY BUILDINGS
AUTHOR:FELIPE CLAUS RAUBERADVISER:EDUARDO RIZZATTI
Date and Local of Examination: Santa Maria, September, 23rd, 2005.
The project, constituting one of the initial stages of the construction processand defining the buildings characteristics, influences decisively to the execution of
the work and the performance of the built environment. The adoption of a rationalized
constructive system provides quickness, facility and quality to the construction, and,
consequently, a better building performance if compared with traditional ways of
construction. Therefore, the structural masonry, system whose rationalization comes
from modular coordination and integration from the projects, has been increasingly
used in Civil Construction. In Brazil, although, the resistance for its adoption resides,most times, in the lack of knowledge about the structural masonry constructive
techniques proper from the system, and the fear of abandoning the connected with
reinforced concrete, already dominated and accepted. Allied to this fact, comes the
necessity of specific literature directed to the architects, responsible for the project
idealization. To search for quality of building, this work propose the application of the
principles of buildings constructability and performance for projects elaboration, and
shows the main points about the practice of the structural masonry projects,addressing the explanation to the architects.
Keywords: Project, Structural Masonry, Constructability, Performance.
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LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1.1 Fachada e interior da igreja de Atlntida (ROMAN, 2000) ..................4
FIGURA 2.1 Exemplo de famlia de blocos cermicos (PALLOTTI, 2003) ............ 13
FIGURA 2.2 Exemplos de famlia de blocos de concreto.......................................14FIGURA 3.1 Capacidade de influenciar o custo de um empreendimento de edifcio
ao longo de suas fases (Fonte: CII, 1987) ............................................................... 20
FIGURA 3.2 Possibilidade de influenciar o projeto (BAGATELLI, 2002)................21
FIGURA 3.3 O arquiteto como coordenador do projeto (LAMBERTS, DUTRA &
PEREIRA, 1997) ......................................................................................................25
FIGURA 5.1 Efeitos da forma e altura na robustez do prdio (DRYSDALE et al.,
1994 apudDUARTE, 1999).......................................................................................40
FIGURA 5.2 Eficincia do envelope externo do prdio tomando-se o crculo como
referncia (DRYSDALE et al., 1994 apudDUARTE, 1999) ......................................41
FIGURA 5.3 Efeito da forma do prdio na resistncia toro devido a atuao de
foras horizontais (DRYSDALE et al., 1994 apudDUARTE, 1999) ..........................42
FIGURA 5.4 Tipos de sacadas mais apropriadas para edifcios em alvenaria
estrutural ...................................................................................................................43
FIGURA 5.5 Formas de introduo de sacadas em balano ................................. 43
FIGURA 5.6 Arranjos de paredes que conferem maior estabilidade estrutura
(ROMAN, MUTTI & ARAJO, 1999) ........................................................................45
FIGURA 5.7 Possveis sistemas de arranjo de paredes em edifcios de alvenaria
estrutural (HENDRY, SINHA & DAVIES, 1997) ........................................................46
FIGURA 5.8 Arranjos estruturais simtricos e assimtricos (DUARTE, 1999) ......47
FIGURA 5.9 Efeito do arranjo de paredes resistentes toro do prdio
(DRYSDALE et al., 1994 apudDUARTE, 1999) ......................................................48
FIGURA 5.10 Formas possveis de paredes estruturais (ROMAN, MUTTI &
ARAJO, 1999) ........................................................................................................48
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FIGURA 5.11 Efeito da parede na resistncia flexo (DRYSDALE et al., 1994
apudDUARTE, 1999) ..............................................................................................49
FIGURA 5.12 Exemplo de planta de primeira fiada (SOARES, SANTOS E
POLLETTO, 2003) ....................................................................................................52
FIGURA 5.13 Exemplo de elevao (POZZOBON, 2003) .................................... 53
FIGURA 5.14 Exemplo de amarrao direta (FURLAN JNIOR, 2004) ............... 54
FIGURA 5.15 Exemplo de amarrao indireta (FURLAN JNIOR, 2004) ............ 55
FIGURA 5.16 Canto com malha modular bsica e largura modular do bloco iguais
((a) RAMALHO & CORRA, 2003) .......................................................................... 55
FIGURA 5.17 Borda com malha modular bsica e largura modular do bloco iguais,
utilizando bloco especial de trs mdulos ((a) RAMALHO & CORRA, 2003) ........ 56FIGURA 5.18 Canto com malha modular bsica e largura modular do bloco iguais,
amarrado sem a utilizao de bloco especial de trs mdulos ((a) RAMALHO &
CORRA, 2003) .......................................................................................................56
FIGURA 5.19 Canto com malha modular e largura modular do bloco diferentes,
utilizando bloco especial para amarrao ((a) RAMALHO & CORRA, 2003) ........ 57
FIGURA 5.20 Borda com malha modular e largura modular do bloco diferentes,
utilizando bloco especial ((a) RAMALHO & CORRA, 2003) .................................. 57FIGURA 5.21 Borda com malha modular bsica e largura modular do bloco
diferentes, utilizando bloco especial com trs furos para amarrao ((a) RAMALHO &
CORRA, 2003) .......................................................................................................58
FIGURA 5.22 (a) Amarrao entre paredes estruturais no contrafiadas; (b)
Amarrao entre paredes estruturais e de vedao (ROMAN, MUTTI & ARAJO,
1997) ........................................................................................................................58
FIGURA 5.23 Exemplos de armaduras utilizadas na amarrao indireta (SANTOS,1998) ........................................................................................................................59
FIGURA 5.24 Exemplo de amarrao indireta em paredes ligadas em ngulo
dierente de 90..........................................................................................................59
FIGURA 5.25 Transmisso da presso do vento s paredes resistentes (DUARTE,
1999).........................................................................................................................60
FIGURA 5.26 Sistemas de lajes de entrepiso conforme sua robustez em atuar
como diafragma (DRYSDALE et al., 1994 apudDUARTE, 1999).............................61
FIGURA 5.27 Disposio recomendada das lajes armadas em uma s direo ...62
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FIGURA 5.28 Verga e contra-verga executadas com blocos do tipo canaleta
(SANTOS, 2004) .......................................................................................................63
FIGURA 5.29 Verga de concreto moldada in loco (SANTOS, 2004)......................63
FIGURA 5.30 Verga e contra-verga pr-fabricadas de concreto (SANTOS, 2004) 64
FIGURA 5.31 Verga e contra-verga com transpasse adequado (SANTOS, 2004) 64
FIGURA 5.32 Junta de controle em execuo (SANTOS, 2004) ........................... 65
FIGURA 5.33 Exemplos de juntas de controle. ......................................................65
FIGURA 5.34 (a) Juntas de expanso; (b) Juntas de retrao (CAVALHEIRO,
2004).........................................................................................................................67
FIGURA 5.35 Junta de dilatao em execuo (SANTOS, 2004)..........................67
FIGURA 5.36 Rasgos horizontais para a execuo de instalaes, prticainaceitvel em se tratando de alvenaria estrutural (SANTOS, 1998) ........................ 68
FIGURA 5.37 Instalao do eletroduto na parede (UFSM, 2001) .......................... 69
FIGURA 5.38 Detalhe de instalao das caixas de tomadas e interruptores (UFSM,
2001).........................................................................................................................70
FIGURA 5.39 Detalhe de execuo da cinta com passagem de eletroduto (UFSM,
2001).........................................................................................................................70
FIGURA 5.40 Parede hidrulica.............................................................................71FIGURA 5.41 Exemplos de shafts hidrulicos visitveis (SANTOS, 2004) ............ 71
FIGURA 5.42 Possibilidades construtivas de shafts hidrulicos, visitveis e no-
visitveis (MACHADO, 1999) ....................................................................................72
FIGURA 5.43 Tubulao horizontal embutida no piso (SANTOS, 2004) ...............73
FIGURA 5.44 Tubulao horizontal sob a laje, oculta por forro rebaixado
(SANTOS, 2004) .......................................................................................................74
FIGURA 5.45 Tubulao horizontal na parede embutida em reentrncias(SANTOS, 2004) .......................................................................................................74
FIGURA 5.46 Tubulao horizontal embutida na parede sob blocos adaptados ...75
FIGURA 5.47 Tubulao horizontal na parede embutida em blocos canaleta ....... 75
FIGURA 5.48 Representao esquemtica da escada de concreto armado
moldada in loco .........................................................................................................76
FIGURA 5.49 Execuo das formas de uma escada de concreto armado moldada
in loco (SANTOS, 2004)............................................................................................77
FIGURA 5.50 Representao esquemtica da escada do tipo jacar ...................77
FIGURA 5.51 Etapas da execuo da escada do tipo jacar (SANTOS, 2004).....78
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FIGURA 5.52 Representao esquemtica da escada pr-moldada de concreto .78
FIGURA 5.53 Exemplo de escada pr-moldada de concreto (SANTOS, 2004).....79
FIGURA 5.54 Exemplo de ventilao de cobertura (SANTOS, 2004)....................80
FIGURA 5.55 Esquema de desvinculao da laje de cobertura utilizando bloco do
tipo J (SANTOS, 2004) e, no corte esquemtico, seu detalhamento (CAVALHEIRO,
2004). ........................................................................................................................81
FIGURA 5.56 Desvinculao da laje de cobertura utilizando bloco do tipo J e
conjunto composto de manta asfltica e PVC (SANTOS, 2004)...............................82
FIGURA 5.57 Desvinculao da laje do utilizando bloco do tipo canaleta (TCHNE,
1998).. .......................................................................................................................82
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LISTA DE QUADROS
QUADRO 5.1 Relaes recomendadas entre as dimenses de uma edificao
(GALLEGOS, 1988 adaptado por CAVALHEIRO, 1995) ..........................................40
QUADRO 5.2 Relaes entre altura total e comprimento de paredes resistentes(GALLEGOS, 1988 adaptado por CAVALHEIRO, 1995). .........................................44
QUADRO 5.3 Dimenses modulares e malha bsica para modulao a partir das
dimenses dos blocos (SILVA, 2003) .......................................................................51
QUADRO 5.4 Distncia entre juntas de controle (THOMAZ, 2000 adaptado por
CAVALHEIRO, 2004). ...............................................................................................66
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SUMRIO
RESUMO.................................................................................................................... vi
ABSTRACT ............................................................................................................... vii
LISTA DE FIGURAS .................................................................................................viiiLISTA DE QUADROS ............................................................................................... xii
1. INTRODUO ........................................................................................................1
1.1 Justificativa............................................................................................................1
1.2 Objetivos ...............................................................................................................5
1.2.1 Objetivo geral .....................................................................................................5
1.2.2 Objetivos especficos .........................................................................................51.3 Limitaes da pesquisa.........................................................................................5
1.4 Organizao do trabalho .......................................................................................5
2. ALVENARIA ESTRUTURAL ...................................................................................7
2.1 Consideraes Iniciais...........................................................................................7
2.2 Conceito de Alvenaria Estrutural...........................................................................9
2.2.1 Materiais, Componentes e Elementos..............................................................102.2.2 Unidades de Alvenaria .....................................................................................12
2.2.2.1 Unidades cermicas......................................................................................12
2.2.2.2 Unidades de concreto....................................................................................13
2.2.3 Argamassa de Assentamento ..........................................................................15
2.2.4 Paredes............................................................................................................15
3. PROJETO .............................................................................................................17
3.1 Consideraes Iniciais.........................................................................................17
3.2 O conceito de Projeto..........................................................................................18
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3.3 A Importncia do Projeto .....................................................................................20
3.3.1 O Projeto Arquitetnico ....................................................................................23
3.3.2 Os Projetos Complementares ..........................................................................24
3.4 Compatibilizao de Projetos..............................................................................25
4. CONSTRUTIBILIDADE E DESEMPENHO ...........................................................27
4.1 Consideraes Iniciais.........................................................................................27
4.2 O Conceito de Construtibilidade..........................................................................28
4.2.1 Construtibilidade X Racionalizao..................................................................29
4.2.2 A Construtibilidade como Diretriz de Projeto....................................................30
5. O PROJETO DE ALVENARIA ESTRUTURAL......................................................37
5.1 Consideraes Iniciais.........................................................................................37
5.2 O Projeto Arquitetnico .......................................................................................38
5.2.1 Definio do Partido Arquitetnico ...................................................................39
5.2.1.1 Forma do prdio ............................................................................................39
5.2.1.2 Comprimento e altura total das paredes........................................................43
5.2.1.3 Distribuio e arranjo das paredes................................................................445.2.1.4 Forma da parede...........................................................................................48
5.2.2 Definies de Anteprojeto e Detalhamento ......................................................49
5.2.2.1 Escolha do bloco...........................................................................................50
5.2.2.2 Escolha das lajes ..........................................................................................60
5.2.2.3 Vergas e contra-vergas .................................................................................62
5.2.2.4 Juntas de controle e juntas de dilatao .......................................................64
5.2.2.5 Previso de instalaes.................................................................................685.2.2.6 Escadas.........................................................................................................76
5.2.2.7 Cobertura ......................................................................................................79
5.2.2.8 Revestimento ................................................................................................83
6. CONCLUSO........................................................................................................85
6.1 Consideraes finais ...........................................................................................85
6.2 Sugestes para trabalhos futuros........................................................................86
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS..........................................................................87
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1. INTRODUO
1.1 Justificativa
Segundo Garcia Messeguer (1991), a Indstria da Construo Civil apresenta
caractersticas que lhe atribuem necessidades particulares de organizao e gesto.
Diferentemente da maioria das outras indstrias, cria produtos nicos, e no
seriados (salvo excees); no possibilita a produo em cadeia (produtos mveis
passando por operrios fixos), mas sim a produo centralizada (operrios mveis
em torno de um produto fixo), o que dificulta a organizao e controle dos trabalhos,
provocando interferncias mtuas; utiliza, em geral, mo-de-obra pouco qualificada,oferecendo emprego de carter eventual e, conseqentemente, havendo limitada
possibilidade de promoo, o que repercute em baixa motivao no trabalho e perda
de qualidade; o grau de preciso com que se trabalha na construo , em geral,
muito menor do que em outras indstrias, resultando em um sistema
demasiadamente flexvel, onde se aceitam compromissos de difcil cumprimento,
que provocam diminuio na qualidade.
O mesmo autor aponta que a qualidade na construo requer cinco aes:
defini-la, o que requer algumas especificaes; produzi-la, o que requer alguns
procedimentos; comprov-la, o que pressupe controle de produo; demonstr-la, o
que exige controle de recepo; e document-la, o que significa registrar e arquivar
tudo o que foi realizado. Estas cinco aes devem se estender s cinco fases do
processo construtivo: planejamento, projeto, materiais, execuo e uso-manuteno.
Alm disso, em cada uma das medidas adotadas, devem ser atendidos dois tipos de
fatores: os tcnicos (medidas de carter tcnico) e os humanos (medidas de carter
pessoal, de organizao e de gesto).
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O processo da construo, segundo o mesmo autor, comea no usurio, pois
trata responder s suas necessidade e demandas, identificadas pelo promotor
(empreendedor). Este, por sua vez, utiliza os servios de projetistas, fabricantes e
construtores a fim de viabilizar o empreendimento que, quando concludo,
repassado ao usurio, que finaliza o ciclo da construo. Assim, uma vez
identificadas as necessidades dos usurios, sua traduo em objetos concretos
passa, fundamentalmente, pela atuao do projetista. O resultado de seu trabalho
ser a base para o andamento das demais atividades necessrias produo da
edificao.
Segundo Castells & Heineck (2001), enfocar o tema da qualidade de projeto
no setor edificaes fica justificado pela constatao, j registrada em numerosaspesquisas, de que grande parte dos tradicionais problemas da Indstria da
Construo Civil tem sua origem na etapa de elaborao de projetos. Os mesmos
autores referem que, ao analisar o processo de projeto, esses estudos visam
introduzir programas de melhoria tambm nessa rea do ciclo de produo de
edificaes, embora no se detenham, de forma mais aprofundada, nos
procedimentos e mtodos de projeto efetivamente aplicados pelos arquitetos durante
o processo de elaborao de projetos.Estudos na rea do design e arquitetura identificam, na fase de concepo do
projeto, o ponto crucial do problema, onde as necessidades identificadas so
transformadas em representaes grficas de espaos tridimensionais. Contribuem,
condicionando o programa de necessidades, as exigncias do mercado e a
competitividade entre empresas construtoras e incorporadoras. Estes fatores
constituem referenciais de determinao espacial do empreendimento (rea
construda, por exemplo), alm de, muitas vezes, induzirem as demaiscaractersticas fsicas da edificao (aparncia, acabamentos, sistema construtivo,
etc.), refletindo a cultura construtiva da empresa.
De posse de todos os fatores intervenientes, o projetista (arquiteto) procura,
atravs do ato criativo, a soluo definitiva do projeto. Nesse ponto necessrio
levar em considerao vrios itens: compartimentao interna do edifcio, exigncias
estruturais, sistemas de circulao vertical e horizontal, sistemas de instalaes
prediais, aspectos de conforto ambiental, adequao legislao, relao com o
entorno, a questo das visuais, tratamentos superficiais externos e internos, dentre
outros.
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Ora, o projeto, por ser uma das etapas iniciais do processo da construo,
possui influncia decisiva na exeqibilidade da obra e determinao do desempenho
do ambiente construdo, pois nessa fase que so definidas as caractersticas da
edificao e so considerados os aspectos relacionados a sua qualidade e custos.
Em termos ideais, o projeto pode assumir o encargo fundamental de agregar
eficincia e qualidade ao produto. Contudo, o projeto torna-se uma ferramenta eficaz
para a interface projeto-obra somente na medida em que apresenta um bom nvel de
detalhamento, clareza e objetividade, ou seja, quando h a preocupao de projetar
para produzir (BAGATTELI, 2002).
Em pesquisa realizada junto a empresrios, diretores, gerentes tcnicos e
administrativos e engenheiros de empresas associadas ao Sindicato da ConstruoCivil do Estado de So Paulo (SINDUSCON-SP), Souza & Mekbekian (1992)
promoveram uma auto-avaliao em relao a requisitos da qualidade naquelas
empresas, as quais admitiram que seus produtos, servios e organizao
apresentavam problemas em relao qualidade. O item pior avaliado foi "projeto",
em que a apresentao formal foi considerada geralmente superior ao contedo.
Dentro desse item, os pontos mais criticados foram "detalhamento das
especificaes tcnicas" e "controle da qualidade do projeto". Na opinio dosconsultados, os problemas maiores no se concentravam nas atividades de
produo propriamente ditas, mas na direo e gerenciamento das empresas e na
concepo dos empreendimentos.
Ao analisar a participao do projeto no contexto do empreendimento,
verifica-se o esvaziamento de seu significado como parte da atividade de construir. A
importncia do projeto tem sido desprezada, sendo que, muitas vezes, visto como
uma mera formalidade burocrtica cumprida por exigncia legal.A prpria construo do edifcio fica comprometida quando a precariedade
das informaes contidas no projeto obriga a que quase a totalidade das decises
sobre como constru-lo tenha de ser tomada pelos construtores, por aqueles que iro
atuar diretamente na execuo da obra. Alm disso, segundo Garcia Messeguer
(1991), a maioria dos problemas patolgicos detectados ao longo da vida til do
empreendimento originada por falhas de projeto.
Sabe-se que a adoo de um sistema construtivo racionalizado propicia,
quando bem aplicado, maior rapidez, facilidade e qualidade ao processo de
execuo e, conseqentemente, melhor desempenho do ambiente construdo em
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relao ao de regimes tradicionais de construo. Por estes e outros fatores, o
sistema construtivo de alvenaria estrutural, no qual inerente a racionalizao, em
decorrncia da coordenao dimensional e da integrao dos projetos arquitetnico
e complementares, vem sendo crescentemente empregado na construo civil.
Contudo, os arquitetos, profissionais responsveis pela idealizao do projeto,
no dispem, muitas vezes, de informaes suficientes ou adequadamente
apresentadas que os levem a utiliz-la. Silva (2003) defende que a resistncia na
adoo da alvenaria estrutural por profissionais e construtores reside, na maioria das
vezes, no desconhecimento das tcnicas construtivas prprias do sistema e no
receio de abandonar as relacionadas ao Concreto Armado, j plenamente
dominadas e universalmente aceitas.O mito do sistema de alvenaria estrutural impossibilitar edificaes de
volumetria arrojada e beleza arquitetnica h muito foi desmentido. A obra de Eladio
Dieste, engenheiro civil uruguaio, um testemunho das potencialidades do sistema
desde que empregado com conhecimento e criatividade (figura 1.1).
FIGURA 1.1 Fachada e interior da igreja de Atlntida (ROMAN, 2000)
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Cabe ao arquiteto, utilizando todos recursos tcnicos possveis, ao mesmo
tempo em que maximiza o desempenho da estrutura, explorar as possibilidades
formais e estticas da alvenaria.
1.2 Objetivos
1.2.1 Objetivo geral
Propor a aplicao dos princpios de construtibilidade e desempenho na
elaborao de projetos arquitetnicos de edifcios de alvenaria estrutural,
visando a qualidade da edificao.
1.2.2 Objetivos especficos
Reunir, em um nico volume, os principais pontos concernentes ao projeto de
alvenaria estrutural;
Disseminar o conhecimento a respeito da alvenaria estrutural, fornecendouma literatura voltada, preferencialmente, aos arquitetos;
Contribuir para o aprimoramento dos projetos de edifcios em alvenaria
estrutural.
1.3 Limitaes da pesquisa
Este trabalho se atm ao projeto arquitetnico, abordando as questes que
lhe so prprias e suas relaes com os demais projetos complementares;
Abordagem limitada alvenaria estrutural no-armada.
1.4 Organizao do trabalho
O captulo 1 aborda a justificativa e os objetivos deste trabalho.
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O captulo 2 apresenta uma contextualizao histrica do desenvolvimento
do Sistema Construtivo de Alvenaria Estrutural, bem como a conceituao deste.
Aborda tambm a terminologia relativa ao assunto, utilizada no restante do trabalho.
O captulo 3 trata do desenvolvimento histrico do projeto. Conceitua o termo
e disserta sobre importncia do projeto na construo civil.
O captulo 4 versa sobre os conceitos de construtibilidade e desempenho no
projeto de edifcios. Ambos so apresentados, aps contextualizao e
conceituao, como diretrizes de projeto, sendo apontadas as implicaes de sua
utilizao.
O captulo 5 discorre a respeito do projeto de alvenaria estrutural, abordando
desde a concepo da edificao at o detalhamento necessrio no projetoarquitetnico (apresentao das solues construtivas, recomendaes, etc.). Nesta
explanao, aplica as premissas da construtibilidade e do desempenho no projeto.
O captulo 6 trata das concluses, bem como das sugestes para trabalhos
futuros.
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2. ALVENARIA ESTRUTURAL
2.1 Consideraes iniciais
As edificaes em alvenaria esto entre as construes de maior aceitao
pelo homem desde as civilizaes antigas. Edificaes monumentais em alvenaria
de pedras e tijolos, como as pirmides do Egito e o Coliseu romano, ainda
permanecem em p, passados mais de 2000 anos de sua construo, o que serve
de testemunho da durabilidade deste sistema construtivo ao longo do tempo
(DUARTE, 1999).
No sc. XX, contudo, a rpida difuso do concreto, ocorrida graas a umintenso programa de pesquisas financiadas, em grande parte, pela Indstria do
Cimento, tornou este material o mais utilizado em todo o mundo, principalmente em
estruturas de edificaes. Paralelamente, as estruturas de ao tambm
apresentaram um grande avano tecnolgico. Conforme Camacho (1986), os
mtodos utilizados em obras de alvenaria tornaram-se obsoletos e esse material foi
abandonado, passando a ser usado quase exclusivamente como fechamento.
Em resposta a esta situao, no final dos anos 40, se iniciaram estudos mais
aprofundados sobre estruturas de alvenaria na Europa. Nos Estados Unidos, nos
anos 50, iniciou-se o desenvolvimento de regras prticas para a alvenaria,
resultando na publicao de cdigos de construo. Atualmente, em pases como
Estados Unidos, Inglaterra e Alemanha, a alvenaria estrutural atinge nveis de
clculo, execuo e controle similares aos aplicados nas estruturas de ao e
concreto, constituindo-se em um econmico e competitivo sistema.
No Brasil, a alvenaria estrutural foi incorporada somente a partir dos anos 60.
Inicialmente, o uso se manteve restrito alvenaria estrutural armada, para
construo de edifcios de quatro pavimentos, destinados habitao popular.
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pedrisco, argila e seus compostos no estado fresco, como a argamassa, o graute
(micro-concreto), alm de constituintes inseridos entre ou nos componentes, como o
ao.
A Alvenaria Estrutural possui, basicamente, dois componentes, que
constituem os elementos do sistema:
Unidades de alvenaria: blocos ou tijolos industrializados e modulados, de
formato externo de paraleleppedo, facilmente manuseveis, podendo ser
vazados, perfurados ou macios, fabricados com diversos materiais e
processos;
Junta de argamassa: lmina ou cordo de argamassa endurecida, intercalado
e aderente s unidades de alvenaria, que garante a monoliticidade do
conjunto.
Consideram-se elementos as partes elaboradas com os componentes da
alvenaria. Assim, os principais elementos da alvenaria estrutural so:
Parede: elemento vertical apoiado continuamente sobre a base, comcomprimento maior que cinco vezes sua espessura;
Pilar: elemento estrutural em que a seo transversal retangular, utilizada no
clculo do esforo resistente, possui relao de lados inferior ou igual a cinco,
prevalecendo, no caso de sees compostas, as dimenses de cada ramo
distinto;
Cinta: elemento construtivo estrutural apoiado continuamente sobre as
paredes, com funo de amarrao da mesma e distribuio de tenses; Verga e Contra-verga: elementos estruturais utilizados, respectivamente,
acima e abaixo dos vos de aberturas no maiores que 1,20 m, com a
finalidade de transmitir cargas verticais para os trechos adjacentes ao vo;
Viga: elemento estrutural utilizado sobre vos maiores que 1,20 m,
dimensionado para suportar cargas verticais, transmitindo-as para pilares ou
paredes;
Enrijecedor: elemento estrutural vinculado a uma parede resistente,objetivando o enrijecimento horizontal na direo perpendicular mesma;
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Diafragma: elemento horizontal laminar trabalhando como chapa em seu
plano e que, quando horizontal e convenientemente ligado s paredes
resistentes, tem a finalidade de transmitir esforos de seu plano mdio s
paredes.
2.2.2 Unidades de Alvenaria
As unidades de alvenaria, como j referido anteriormente, podem ser
classificadas em blocos e tijolos. Segundo Cavalheiro (1995), os blocos diferenciam-
se dos tijolos, basicamente, por terem maiores dimenses que as mximas destes
(250 x 120 x 55 mm, de comprimento, largura e altura, respectivamente). Santos
(1998) estabelece a diferenciao pela prtica na obra: o tijolo pode ser manuseado
facilmente, com apenas uma das mos, quando do seu assentamento; o bloco, no.
Os blocos, devido a suas dimenses e peso, normalmente, so assentados com
ambas as mos.
As unidades de alvenaria so fabricadas com diversos materiais e processos,
sendo que as mais empregadas so as cermicas e de concreto.
2.2.2.1 Unidades cermicas
A NBR 7171 (ABNT, 1992) denomina bloco cermico o componente de
alvenaria que possui furos prismticos e/ou cilndricos perpendiculares face que os
contm. Define, ainda, que os blocos portantes (estruturais) so unidades vazadascom furos na vertical, isto , perpendiculares face de assentamento, sendo
classificados de acordo com sua resistncia compresso.
A qualidade das unidades cermicas est intimamente relacionada
qualidade das argilas empregadas na fabricao e tambm ao processo de
produo (ROMAN, MUTTI & ARAJO, 1999). Alm disso, a conformao do bloco
desempenha importante papel para a obteno de variadas resistncias
compresso: pode-se obter resistncias muito baixas at muito elevadas.
Os blocos cermicos no devem apresentar trincas, fraturas ou outros
defeitos que possam prejudicar seu assentamento ou afetar a resistncia e
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durabilidade da construo. Blocos destinados a receber revestimento devem ter
superfcie suficientemente spera para garantir uma boa aderncia.
So fabricados diversos tipos de blocos, com diferentes funes, formando o
que se chama de famlia de blocos" (figura 2.1). Tambm se obtm variados
acabamentos, de acordo com a utilizao desejada (bloco vista ou revestido, etc.).
FIGURA 2.1 Exemplo de famlia de blocos cermicos (PALLOTTI, 2003).
2.2.2.2 Unidades de concreto
Blocos vazados de concreto, ou simplesmente blocos de concreto, de acordo
com a norma NBR 6136 (ABNT, 1994), so elementos prismticos, com dois ou trs
furos verticais dispostos ao longo da altura, em sua seo de assentamento, com
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rea til (rea lquida) igual ou inferior a 75 % da rea total da seo normal aos
furos das peas (rea bruta). Se essa condio no for satisfeita, o bloco
considerado macio.
Os blocos de concreto podem ser produzidos em diferentes geometrias e com
resistncias compresso variveis, de acordo com a proporo das matrias-
primas que os constituem. Atualmente, so oferecidos, no mercado, levando em
conta desde exigncias estruturais (blocos mais resistentes) at estticas (diferentes
texturas e cores, para utilizao vista, por exemplo).
Os blocos de concreto devem ter aspecto homogneo e arestas vivas.
Semelhantemente aos blocos cermicos, trincas, fraturas ou outros defeitos que
possam prejudicar seu assentamento ou afetar a resistncia e durabilidade daconstruo, so indesejveis. Sua superfcie deve ser suficientemente spera para
garantir uma boa aderncia quando destinados a receber revestimento.
Os blocos de concreto tambm se apresentam sob diversas formas,
especficas para cada funo (figura 2.2).
FIGURA 2.2 Exemplo de famlia de blocos de concreto.
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Paredes de contraventamento: destinam-se ao suporte das cargas horizontais
paralelas ao seu plano, absorvem esforos provenientes de aes externas,
principalmente a ao do vento e promovem o travamento da estrutura;
Paredes enrijecedoras: tm a funo de enrijecer as paredes estruturais
contra a flambagem.
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3. PROJETO
3.1 Consideraes Iniciais
As mudanas ocorridas no decorrer do processo histrico de civilizao
levaram o Homem a viver e trabalhar em abrigos artificiais por ele construdos,
gerando assim um ramo bsico da atividade humana: a construo de edifcios. Esta
sem dvida uma das atividades mais antigas e importantes para o progresso das
civilizaes. As edificaes ao longo do desenvolvimento humano foram utilizadas
para transformar a natureza de forma a atender aos propsitos referentes a abrigo,
locomoo, produo, diverso e outros. (FABRCIO & MELHADO, 2002).Durante a Antigidade clssica, Marcus Vitruvius Pollio (sc. I a.C.)
arquiteto romano popularmente conhecido como Vitrvio elaborou o seu tratado
"De Architectura" em dez captulos, abordando a formao do arquiteto, os requisitos
mecnicos e estruturais, de habitabilidade e esttica das edificaes, as
caractersticas projetuais e construtivas, geometria, propriedade dos materiais, etc.
Considerado o primeiro documento sobre arquitetura, o trabalho de Vitrvio lanou
as bases para um tratamento terico e formal da atividade de construo, at ento
realizada de forma prtica, com os conhecimentos construtivos sendo transmitidos
oralmente e por exemplos edificaes existentes. O texto vitruviano, que exerceu
influncia nas construes do Imprio Romano, caiu no esquecimento durante um
longo perodo, tendo sido redescoberto apenas no Renascimento, quando teve
vrias edies e representou um modelo para os demais tratados sobre arquitetura
que o sucederam.
O projeto pode ser considerado to antigo quanto a histria das construes.
Conforme observa Cross (1999), a habilidade para o projeto uma parte da
inteligncia humana, uma habilidade natural disseminada na maioria da populao,
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podendo ser observada nas construes vernaculares e nos desenhos rupestres
produzidos nos primrdios da humanidade. O autor desta ainda que desenhos e
esboos tm sido usados para projetar objetos muito antes do Renascimento, mas
nesse perodo experimentou-se um importante crescimento dos desenhos como
artifcio de concepo de objetos mais complexos. Tambm a partir do
Renascimento ocorreram os avanos do conhecimento tcnico e cientfico, tendo
sido lanadas as bases da engenharia. Assim, surgiram as primeiras experincias do
que hoje chamamos de projeto, iniciando-se o uso sistemtico do desenho como
principal ferramenta de pensar e representar o projeto.
Com a Revoluo Industrial, a sociedade humana tornou-se mais complexa e
passou por um intenso processo de diviso social do trabalho, o que se refletiutambm nos projetos, primeiramente, pela ciso entre projetar e construir (projetista
operrio) e, numa segunda etapa, pela separao entre arquitetura e engenharia.
De acordo com Niemeyer (1986), no passado, projetar e construir um edifcio
representava uma nica tarefa. Com o passar do tempo, a evoluo da tcnica e os
novos programas institudos pela sociedade moderna tornaram as construes mais
complexas, surgindo, ento, o arquiteto e o engenheiro: o primeiro, incumbindo-se
do projeto dos edifcios, e o segundo, atendo-se maneira de constru-los. Andrade(1994), discutindo em termos histricos a origem e o significado das profisses
vinculadas atividade de construir, analisa o sentido das palavras engenheiro e
arquiteto em latim e grego, concluindo: "ambos os termos designavam o mesmo
profissional, o inventor, o autor, o construtor".
Atualmente, para dar conta de uma crescente complexidade das demandas e
das possibilidades tecnolgicas e construtivas dos edifcios, o projeto incorpora
inmeros consultores especializados em diferentes subsistemas e processos quecompem o empreendimento.
3.2 O Conceito de Projeto
A maioria dos conceitos e definies de "projeto", obtidos a partir da
bibliografia relacionada com o tema, est ligada ao procedimento ou prtica de
projetar. Nesse sentido, pode-se entender o projeto como sendo: "... uma atividade
criativa, intelectual, baseada em conhecimentos (...) mas tambm em experincia
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(...) um processo de otimizao" (STEMMER, 1988); ... um processo para a
realizao de idias que dever passar pelas etapas de: idealizao, simulao
(anlise) e implantao (prottipo e escala de produo)" (RODRIGUEZ, 1992).
Tem-se nessas definies o enfoque de projeto como criao. Por outro lado,
possvel encontrar tambm, na bibliografia, uma srie de definies de projeto de
um ponto de vista mais voltado aos seus resultados, delineando o seu propsito
individual, social, poltico ou cultural: "... o projeto parte e reflexo de uma atitude
global de seu autor e, atravs dele, do tempo em que vive" (FERRO, 1979); "... a
ao de intervir ordenadamente, mediante atos antecipatrios, no meio ambiente. A
ao pode manifestar-se em produtos, edifcios, sinais, avisos publicitrios,
sistemas, organizaes" (BONSIEPE, 1983); "... a atividade de criar propostas quetransformem alguma coisa existente em algo melhor" (McGINTY, 1984).
Para Melhado (1994), o projeto o responsvel pelo desenvolvimento,
organizao, registro e pela transmisso das caractersticas fsicas e tecnolgicas
especficas a serem consideradas na execuo de um empreendimento e deve ser
entendido como parte de um processo maior o processo de construo, que leva
gerao de produtos. Gus (1996) acrescenta que o processo de projeto tambm
uma forma de expresso pessoal e de arte, que requer criatividade e originalidadepara traduzir e documentar as expectativas e necessidades de seus clientes e
usurios.
No que se refere aos edifcios, o projeto deve ser encarado, tambm, sob a
tica do processo, no caso, a atividade de construir. Roman et al. (2000) afirma que
os projetos da indstria da construo civil so nicos e de aplicao particular, o
que nos permite vislumbrar a complexidade do processo de projeto e a necessidade
da contemplao, no projeto, da etapa construtiva.Nesse contexto, o projeto deve ser entendido como informao, a qual pode
ser de natureza tecnolgica (como no caso de indicaes de detalhes construtivos
ou locao de equipamentos) ou de cunho puramente gerencial, sendo til ao
planejamento e programao das atividades de execuo, ou que a ela do suporte
(como no caso de suprimentos e contrataes de servios).
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3.3 A Importncia do Projeto
A etapa de projeto instrumento fundamental na construo civil. Representa
as idias, a concepo, a representao real do elemento construtivo (OHASHI,
2001) .
Melhado & Violani (1992) observam que se tem verificado, em geral, uma
dissociao entre a atividade de projeto e a de construo. O projeto, encarado
como instrumento meramente legal, recebe, muitas vezes, a mnima ateno: sem
adequado aprofundamento, comprime-se seu prazo e custo. Assim, sem adequadas
condies, postergam-se grande parte das decises para a etapa da obra.
fundamental, para a obteno da qualidade da edificao, a valorizao dafase de projeto. Na defesa desse ponto de vista, pode-se citar as consideraes
feitas pelo grupo do Construction Industry Institute - CII- acerca da importncia das
fases iniciais do empreendimento, que podem ser visualizadas graficamente na
figura 3.1: as decises tomadas nestas so as que tm maior capacidade de
influenciar o custo final.
FIGURA 3.1 Capacidade de influenciar o custo final de um empreendimento de edifcio ao longo de
suas fases (Fonte: CII, 1987).
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As etapas iniciais so fundamentais para a realizao do empreendimento,
pois constituem o momento em que avaliada sua viabilidade tcnica e econmica,
bem como identificadas as necessidades de seus usurios (SALDANHA & SOUTO,
1998). Durante as etapas iniciais, as decises de projeto podem ser exaustivamente
avaliadas e alteradas sem que isto implique em custos significativos para o
empreendimento. As possibilidades de influenciar os resultados de um
empreendimento so maiores nas primeiras etapas do projeto. medida que
avanam as etapas subseqentes, as possibilidades de influncia vo diminuindo e,
ao mesmo tempo, aumentam as despesas para os casos de intervenes (figura
3.2).
FIGURA 3.2 Possibilidade de influenciar o projeto (BAGATELLI, 2002).
Tambm Hammarlund & Josephson (1992) defendem a idia de que as
decises tomadas nas fases iniciais do empreendimento so importantes, atribuindo-
lhes a principal participao na reduo dos custos de falhas do edifcio. muito
expressiva a importncia atribuda pelos autores s fases iniciais do
empreendimento, do estudo de viabilidade concluso do projeto, nas quais, apesar
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conciliar arte e cincia, de propor solues capazes de atender no apenas
dimenso formal, mas tambm s dimenses fsicas, legais, sociais e econmicas
do projeto. A polmica sobre o tema existe, pelo menos, desde a poca de Vitrvio.
Maciel (2003) diz que somente possvel viabilizar concretamente a idia do
objeto arquitetnico a partir do conhecimento da construo. Acrescenta, de forma
enftica, que desconsiderar a construo garantir afalncia da arquitetura e do
arquiteto, pois este, ao se eximir, deixa para outro a responsabilidade fundamental
das definies que implicam na gerao da forma visvel do edifcio e na definio
da ambincia e da conformao do espao interior destinado vida humana.
Segundo Laranjo & Cimatti (2003), freqentemente, entre engenheiros e
operrios da construo civil, diz-se que o arquiteto cria e o engenheiro se vira paraconstruir, criticando a postura do arquiteto diante da execuo de seu projeto. As
autoras afirmam ainda que esta viso , muitas vezes, correta, pois claro o
desinteresse do arquiteto pela execuo e implantao de seu projeto, quando no
se preocupa e nem valoriza o detalhamento e a integrao com as reas tcnicas.
A respeito desta questo, no ambiente acadmico, discutem-se algumas
conjecturas, entre elas a considerao de que, uma das causas da omisso do
arquiteto, sua insuficiente formao acadmica. O arquiteto Joaquim Guedes(PROJETO DESIGN, 2000) diz que no se ensina tecnologia e construo de
verdade nas escolas de arquitetura. Trata-se apenas de um verniz de tecnologia; a
verdadeira tecnologia fica para as escolas de engenharia e os institutos. A respeito
disso, fato que a formao acadmica dos arquitetos em outros pases diferente
da brasileira, havendo, comparativamente, mais nfase nas reas relacionadas
Construo Civil e Sistemas Estruturais.
3.3.2 Os Projetos Complementares
Denominam-se complementares todos os demais projetos da edificao.
Subdividem-se em dois grupos principais, a saber: estrutural e de instalaes.
O projeto estrutural se refere ao detalhamento da estrutura da edificao.
Compreende as fundaes e a superestrutura. Os projetos de instalaes detalham
os sistemas prediais existentes na edificao, bem como os equipamentos
especiais. Destacam-se: instalaes eltricas, hidrulicas, sanitrias, telefnicas, de
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GLP (gs liquefeito de petrleo), de preveno de incndio, calefao, refrigerao,
elevadores, monta-cargas, etc.
Tanto o projeto estrutural quanto os projetos de instalaes esto
condicionados ao projeto arquitetnico (figura 3.3), uma vez que este, para a
organizao do espao, supe a interferncia da estrutura (locao de pilares, altura
de vigas, vos mximos de lajes, por exemplo), alm de localizar e pr-dimensionar
os compartimentos utilizados pelas instalaes (shafts, rebaixos de forro, quadros de
medidores, posio e altura de reservatrios de gua, posio de interruptores e
tomadas, elevadores, etc.). Assim, para que no haja prejuzo aos projetos
complementares, a arquitetura deve ser concebida visando a perfeita
compatibilizao, o que requer do arquiteto conhecimentos bsicos acerca dascondies necessrias para a realizao dos projetos complementares.
FIGURA 3.3 O arquiteto como coordenador do projeto. (LAMBERTS, DUTRA & PEREIRA, 1997).
3.4 Compatibilizao de Projetos
Da interferncia entre os projetos arquitetnico e complementares surge a
necessidade de compatibilizar, ou seja, estudar a maneira de todos os projetoscoexistirem harmonicamente na edificao. Em outras palavras, compatibilizar
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fazer com que todas as solues de projeto se encaixem perfeitamente na
construo.
H quem acredite que projetar necessariamente compatibilizar. Mas o ato
de projetar pode ser dividido em uma etapa conceitual e outra dimensional. Sob este
ponto de vista, pode-se ter uma etapa de identificao de um espao e, em um
momento seguinte, o dimensionamento preciso deste mesmo espao. Pode-se
tambm considerar a situao inversa: havendo um padro dimensional de espao,
o projetista, com base neste padro, redimensiona-o em uma nova situao
conceitual (FERREIRA, 2001).
Quando se trata de um projeto simples, estas diferentes etapas ocorrem
quase simultaneamente, isto , os dois modos de estruturar o pensamentopraticamente se misturam. Em projetos mais complexos, porm, difcil atingir
tamanha flexibilidade mental a ponto de conciliar a viso geral com a preocupao
pelo detalhe.
Conforme aumenta a complexidade do empreendimento, cresce a
necessidade da integrao entre as atividades tcnicas de projeto (arquitetura,
estrutura, instalaes prediais, iluminao, comunicao visual, paisagismo,
impermeabilizao, entre outras) para a construo de um edifcio. Esta integraopermite a troca de informaes entre os projetistas a fim de otimizar solues
tcnicas e econmicas (CORRA & NAVIERO, 2001).
Rocha (1990), referindo-se compatibilizao da arquitetura com a estrutura
da edificao, diz que "tudo isto, muitas vezes, se transforma em um verdadeiro
'quebra-cabeas' que o projetista tem que resolver da melhor maneira possvel, para
o que h necessidade de muita arte e grande experincia". Sem dvida pode-se
estender a validade desta afirmao tambm para as demais especialidades.
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4. CONSTRUTIBILIDADE E DESEMPENHO
4.1 Consideraes Iniciais
A soluo adotada num projeto tem grande influncia no processo de
execuo da obra, por definir detalhes construtivos e especificaes que levam a
uma maior ou menor facilidade de execuo.
Analisando a participao do projeto no processo construtivo, Scardoelli
(1995) cita que o projeto permite planejar no s a forma do produto final, mas
tambm define uma srie de aspectos da edificao que tm grande influncia na
produtividade, no tempo de execuo e qualidade do processo. O contedo doprojeto interfere ainda na possibilidade de ocorrncia de perdas de materiais e erros
de execuo, bem como a qualidade final do servio executado. Na prtica, tem se
observado que, geralmente, o projeto se limita definio do produto sem
incorporar-lhe os mtodos e processos construtivos, os materiais e equipamentos
(BARROS, 1996), o que contraria a busca pela qualidade.
Assim, o arquiteto deve possuir uma boa formao sobre processos
construtivos e os materiais empregados, para que as informaes contidas no seu
projeto guardem um grau de preciso e detalhe coerentes com o processo de
produo, tornando-o transparente, sem a introduo de variveis incontrolveis e
gerao de dvidas durante a obra.
As decises de projeto influenciam tambm o comportamento da edificao
ao longo de sua vida til. O desempenho de um edifcio depende das caractersticas
de uma srie de elementos que o constituem e suas respostas aos diversos tipos de
solicitaes. Assim, o comportamento isolado destes elementos representa apenas
uma parcela do desempenho da edificao como um todo. inegvel, porm, que a
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utilizao de partes com bom desempenho isolado fundamental para uma boa
performance do conjunto.
A partir da industrializao da construo, foram introduzidos muitos novos
produtos nos edifcios. Assim, a aplicao do conceito de desempenho parte do
pressuposto de que os produtos devem apresentar certas propriedades a fim de
cumprirem a funo qual se destinam quando submetidos a certas condies
durante a sua vida til.
O atendimento a estas condies deve ser preocupao constante do
projetista da edificao, uma vez que esta deve apresentar um mnimo de qualidade,
atendendo s prescries normativas quanto exigncia de desempenho. O edifcio
e suas partes constituintes possuem determinadas propriedades e caractersticasque influenciam, de uma forma ou de outra, o modo como reagem s solicitaes
durante a vida til (MITIDIERI FILHO, 1998).
4.2 O Conceito de Construtibilidade
Durante a dcada de 80, quase ao mesmo tempo, dois diferentes grupos depesquisadores publicaram, com grande intensidade, trabalhos divulgando conceitos
relacionados com a orientao e integrao das atividades realizadas ao longo de
um empreendimento de construo com foco na etapa de execuo. Nos EUA, tal
tipo de filosofia gerencial surgiu com a denominao "constructability"e, no Reino
Unido, como "buildability"(MELHADO, 1994).
Da primeira origem citada, tem-se que construtibilidade pode ser definida
como "o uso timo do conhecimento e da experincia em construo, noplanejamento, projeto, contratao e trabalho em canteiro, para atingir os objetivos
globais do empreendimento" (CII, 1987). Por outro lado, para a Construction Industry
Research and Information Association (CIRIA) - Inglaterra - construtibilidade o
campo de aes a partir do qual a concepo do edifcio simplifica e facilita as
atividades de execuo, sujeitando-se a todos os requisitos do edifcio acabado.
Sabbatini (1989) discute o significado morfolgico dos termos
respectivamente adotados em cada pas, concluindo, em sua anlise que ambos,
apesar das diferenas de enfoque, deixam explcito que o conceito de
construtibilidade fundamenta-se na considerao dos fatores relacionados s
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operaes construtivas, na etapa de projeto, para a otimizao de todo o processo
da construo. Esse autor afirma, com base no significado semntico da palavra,
que a construtibilidade uma propriedade inerente ao projeto.
Outros autores tambm definem o termo. Griffith & Sidwell (1995) entendem a
construtibilidade no projeto como a considerao detalhada dos elementos de
projeto, visando atender os requisitos tcnicos e financeiros do empreendimento,
considerando a relao projeto/construo para melhorar a efetividade do projeto,
subsidiando o processo de construo. Para O'Connor & Tucker (1986), a
construtibilidade a habilidade das condies de projeto de permitir a tima
utilizao dos recursos da construo; e ainda "orientao do projeto execuo".
Sabbatini (1989) traduz o conceito afirmando que o edifcio tem um grau superior deconstrutibilidade se, o seu projeto descer a um nvel tal de detalhamento que,
demonstre perfeitamente como ele dever ser construdo.
Assim, pode-se dizer que construtibilidade refere-se ao emprego adequado do
conhecimento e da experincia tcnica, em vrios nveis, visando racionalizar a
execuo dos empreendimentos, tendo como nfase a inter-relao entre as etapas
de projeto e execuo. Entende-se por construtibilidade no projeto a aplicao desse
conhecimento e experincia no desenvolvimento dos projetos, junto a diretrizesgerais que permitam racionalizar a execuo dos empreendimentos.
4.2.1 Construtibilidade X Racionalizao
Arajo (1995) faz uma comparao entre os conceitos de construtibilidade e
racionalizao e conclui que pouco se distanciam. Na verdade, so conceitos que secomplementam. Ambos so empregados quando se faz uso de um sistema que
busca a organizao e adequao dos meios para se obter o produto final desejado.
Segundo Barros (1996), a racionalizao na construo consiste no esforo
para tornar mais eficiente a atividade de construir, na busca da soluo tima para
os problemas da construo. Na definio de Rosso (1980) percebe-se a maior
abrangncia do termo racionalizao: um processo mental que governa a ao
contra os desperdcios temporais e materiais dos processos produtivos, aplicando o
raciocnio sistemtico, lgico e resolutivo. Para este autor, a racionalizao um
conjunto de aes reformadoras que se prope substituir as prticas rotineiras
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convencionais por recursos e mtodos baseados em raciocnio sistemtico, visando
eliminar a casualidade das decises. Sabbatini (1989) resume o conceito, de forma
simples: racionalizar eliminar desperdcios. Complementa afirmando que a razo
de ser da racionalizao fazer o melhor uso dos recursos disponveis.
Sabbatini (1989) apresenta a construtibilidade como alavanca da
racionalizao construtiva, enfatizando dois aspectos como justificativa: a
considerao de todos os parmetros que realmente importam para a soluo de
projeto e a adoo inevitvel, por parte de todos os intervenientes, de uma viso
global do processo da construo. O mesmo autor afirma que utilizar o conceito de
construtibilidade implica em estar constantemente buscando atingir a mxima
racionalizao construtiva, isto , preocupar-se em obter a maneira mais fcil,simples e racional (por conseqncia, mais econmica) de construir.
Os conceitos de racionalizao e construtibilidade aproximam-se bastante em
alguns pontos, mas sua adoo implica em pontos de vista distintos. A
racionalizao enfoca a disseminao de aes que visam otimizar cada uma das
partes do sistema em si prprias e como parte de um todo; enquanto que a
construtibilidade coloca como questo bsica a orientao de todo o sistema para a
etapa de obra, privilegiando o processo de produo (MELHADO, 1994).
4.3 O Conceito de Desempenho
As primeiras prescries acerca do desempenho das construes podem ser
encontradas no Cdigo de Hammurabi, legislao mesopotmica criada,
aproximadamente, em 2000 a.C. Novos registros aparecem na obra DeArchitectura, do arquiteto romano Marcus Vitruvius Pollio (sc. I a.C.). J em 1925,
o Cdigo de Construo, baseado no conceito de desempenho proposto pelo NBS,
implementou o desenvolvimento de normas de desempenho nos anos 30 e 40
(MITIDIERI FILHO, 1998).
Internacionalmente, o conceito de desempenho vem sendo utilizado h
bastante tempo, mas o seu uso sistematizado iniciou nos anos 60 e 70 (MITIDIERI
FILHO, 1998). Instituies como a Runion Internationale de Laboratories dEssais
et de Recherches sur les Materiaux et Construtions (RILEM), aAmerican Society for
Testing and Materials (ASTM), o International Council for Research and Innovation in
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Building and Construction (CIB) e a International Organization for Standardization
(ISO) foram pioneiras na promoo de eventos tcnicos para apresentao e
discusso de trabalhos sobre a aplicao do conceito de desempenho em edifcios.
Merece destaque a atuao da ISO na publicao de normas que consolidam o
conceito de desempenho, as quais se constituem em referncias importantes no
assunto. As quatro instituies mencionadas mantm grupos permanentemente
ocupados com a questo do desempenho de edifcios (GONALVES et al., 2003).
O Conseil International du Btiment pour la Recherche lEtude et la
Documentation (1975), apud HINO & MELHADO (1998), conceitua desempenho
como comportamento relacionado ao uso. Caracteriza a necessidade de um
produto apresentar certas propriedades que permitam o cumprimento de sua funoquando sujeito a determinadas influncias ou aes, durante sua vida til (SOUZA,
1988; MITIDIERI FILHO & HELENE, 1998).
A NBR 5674 (ABNT, 1999) denomina desempenho a capacidade de uma
edificao atender s necessidades de seus usurios, a saber, exigncias quanto
segurana, sade, conforto, adequao ao uso e economia, cujo atendimento
condio para realizao das atividades previstas no projeto durante a vida til do
empreendimento, isto , durante o intervalo de tempo ao longo do qual a edificaoe suas partes constituintes atendem aos requisitos funcionais para os quais foram
projetadas, obedecidos os planos de uso, operao e manuteno previstos.
Segundo Souza et al. (1995),as edificaes esto sujeitas a solicitaes de
naturezas diversas, tais como a ao dos ventos, da radiao solar, da chuva, e
outros fatores relacionados ao frio, ao calor e umidade, caractersticos do ambiente
onde esto inseridas. H ainda que se considerar as solicitaes advindas da
prpria concepo do edifcio, como aes de cargas permanentes e variveis,esforos de manuseio, rudos internos e externos, entre outros, alm de uma
infinidade de outras solicitaes imprevisveis inerentes ao uso das edificaes,
como a ao de agentes qumicos provenientes de produtos de limpeza, impactos e
choques acidentais, incndios, entre outras. Pode-se identificar e mensurar as
diversas solicitaes do edifcio, ao longo de sua vida til, a partir de ensaios e
observaes do ambiente onde o empreendimento estar inserido. A todas estas
solicitaes d-se o nome de condies de exposio.
So denominados requisitos de desempenho as condies qualitativas s
quais uma edificao deve atender quando submetida a determinadas condies de
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construdo apresentar desempenho insatisfatrio, este diagnstico ser til apenas
para os empreendimentos futuros, a fim de que no se repitam os mesmos erros.
4.4 A Construtibilidade como Diretriz de Projeto
O grupo do Construction Industry Institute - CII, sediado na Universidade do
Texas (EUA), acerca das vantagens de adotar a construtibilidade como diretriz,
considera que "os resultados mais positivos so obtidos quando profissionais com
experincia e conhecimento de construo so envolvidos desde realmente o incio
do empreendimento" (CII, 1987). A participao de profissionais ligados diretamente execuo de construes nas vrias etapas do empreendimento , portanto,
considerada indispensvel dentro da filosofia da construtibilidade - com grande
reflexo sobre a etapa de projeto.
Sabbatini (1989) afirma que, ao considerar a construtibilidade como diretriz de
projeto, o projetista se v obrigado a interagir mais com a construo, comunicando
as intenes de projeto, olhando seriamente as informaes e recursos da
construo, os cronogramas e as especificidades da obra, produzindo um projetoconstruvel e de custo otimizado e providenciando suporte tcnico para o construtor
e o gerente do empreendimento.
A construtibilidade auxilia o projetista a expressar, no projeto, sua experincia
e compreenso bsica sobre materiais e processos, conferindo transparncia ao
processo construtivo. Tambm possibilita que os agentes responsveis pelo
planejamento da obra possam, a partir de um projeto com boa construtibilidade,
medir at que ponto o produto pode ser prontamente executado com os recursosdisponveis (MACHADO, 1999).
Como resultado de um projeto que considere a construtibilidade, espera-se
obter um edifcio de construo mais rpida, facilitada e econmica. Griffith (1987)
afirma que "muitos projetos so possveis de executar, mas alguns so claramente
mais fceis de construir do que outros", destacando que a aplicao da
construtibilidade pode fazer com que os projetos tornem mais fcil, rpida e barata a
execuo das obras.
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A construtibilidade pode ser obtida com emprego de solues simples e
eficazes, buscando maior definio e controle sobre as operaes de execuo.
Segundo Roman et al. (2000), a construtibilidade permitida quando h:
uma maior comunicao entre o projeto e a obra;
desenvolvimento de seqncias construtivas;
padronizao dos materiais;
acessibilidade aos locais de trabalho;
liberao das montagens em qualquer seqncia executiva;
eliminao de embutimentos e sobreposies de elementos construtivos;
respeito a nvel, prumo e esquadro;
uso de materiais convencionais;
o uso de materiais locais, requerendo mo-de-obra facilmente encontrada.
Oliveira et al. (1994) destaca e explica alguns fatores fundamentais para o
aumento da construtibilidade de uma edificao:
Simplificao do projeto: utilizao do menor nmero de componentes,
elementos ou peas; utilizao de materiais facilmente disponveis no
mercado, com tamanhos e especificaes usuais; uso de componentes que
cubram grandes reas, volumes ou metragens lineares; respeito a prumo,
nvel e esquadro (evitando ngulos, inclinaes e superfcies curvas); uso de
materiais fceis de serem instalados, no dependentes de mo-de-obra
especializada e com poucos cuidados em relao armazenagem e
transporte; ateno e detalhamento de juntas e interfaces entre componentes;
Padronizao e repetio de projetos: de componentes, de detalhes de
execuo, de dimenses; flexibilidade ligada tipificao, padronizao,
coordenao dimensional e modular;
Comunicao projeto/obra: organizao dos projetos e detalhes construtivos
em locais acessveis e com referncias claras para uso; comunicao rpida
aos projetistas de alteraes realizadas durante a execuo da obra e de
projetistas obra sobre mudanas realizadas nos projetos; reviso detalhada
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Mesmo os aspectos relacionados ao conforto, por exemplo, que sugerem
preocupaes no sentido de tornar o ambiente construdo o mais agradvel possvel
para quem o utiliza, limitam-se, basicamente, observncia de nveis de rudos,
temperatura e estabilidade estrutural (BAGATELLI, 2002).
Mas, a aplicao do conceito de desempenho na indstria da construo
consiste em traduzir as necessidades e expectativas dos usurios em requisitos
tcnicos e critrios quantitativos de desempenho. Assim, ressalta-se a necessidade
de identificar e mensurar todas essas necessidades e expectativas como forma de
garantir o sucesso do empreendimento (BECKER, 1999).
O atendimento s necessidades dos usurios o alvo de todo projeto de
edificao, sendo que este parte do projeto arquitetnico. O projeto, por ser uma dasetapas iniciais do processo da construo, possui influncia decisiva na
determinao do desempenho do produto ambiente construdo, pois nessa fase
que so definidas as caractersticas do produto e so considerados os aspectos
relacionados a sua qualidade, custos, entre outros. Conclui-se, assim, que papel
do arquiteto conhecer, avaliar, julgar e propor as melhores solues de projeto para
cada situao especfica, garantindo o pleno atendimento das necessidades dos
usurios da edificao.
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5. O PROJETO DE ALVENARIA ESTRUTURAL
5.1 Consideraes iniciais
As diretrizes de projeto apresentadas visam a obteno da qualidade na
edificao e a otimizao dos recursos (fsicos, financeiros, materiais, etc.)
empregados na sua produo. A soluo tima para cada situao resultado do
equilbrio das decises e aes, empreendidas na fase de projeto, na busca do nvel
de qualidade desejado. Isto nos remete ao fato de existirem diversos nveis de
qualidade possveis de serem alcanados, sendo sua determinao geralmente
relacionada exigncia do pblico alvo do empreendimento. Assim, as decises deprojeto devem ser coerentes com o nvel de qualidade previsto, provocando
resultados compatveis com a expectativa. Caso contrrio, obter-se- um produto
deficiente ou anti-econmico para a classe qual se destina.
A aplicao conjugada dos princpios de construtibilidade e desempenho no
projeto visa atingir de forma global a qualidade da edificao, pois, enquanto o
primeiro se ocupa dos aspectos relacionados s operaes construtivas, o segundo
trata do comportamento da edificao aps a construo.
Em termos de hierarquia, porm, considerando-se que a vida til do edifcio
muito superior ao perodo dedicado a sua construo, as primeiras definies do
projeto devem recair sobre as especificaes de desempenho. Por recomendao
de Sabbatini (1989), somente aps a seleo dentre as opes disponveis
(principalmente componentes e elementos), as alternativas selecionadas devem ser
analisadas luz do conceito de construtibilidade.
Qualquer que seja o sistema construtivo adotado, para que seja possvel
experimentar plenamente suas vantagens necessrio que o projeto seja concebido
para este sistema. Na etapa de projeto, deve-se buscar a maximizao de suas
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potencialidades, agregando eficincia atravs do emprego de todos os recursos
tcnicos possveis. Assim, recomenda-se que, em havendo interesse na adoo da
alvenaria estrutural, esta opo j esteja definida desde o incio do empreendimento,
para que se obtenham as vantagens tcnicas e econmicas que levem a
racionalizao, gerando aumento de produtividade e reduo de custos.
Caso sejam tomadas todas as medidas recomendadas pela boa tcnica, h
um considervel incremento na construtibilidade e no desempenho da edificao de
alvenaria estrutural. Os ganhos, contudo, so substancialmente maiores quando da
utilizao da alvenaria estrutural no-armada. Neste caso, desde o projeto, todas as
etapas, mas principalmente o processo construtivo, so facilitadas, pois ao contrrio
das alvenarias estruturais armada e protendida, no h a necessidade da utilizaode armaduras, exceto as recomendadas por necessidades construtivas, que afetam
a produtividade. Com base nesta constatao, este trabalho ater-se- abordagem
da alvenaria estrutural no-armada.
Conforme Roman, Mutti & Arajo (1999), todo o projeto de alvenaria estrutural
deve considerar o princpio de que a alvenaria pode suportar grandes tenses de
compresso, mas pequenas tenses de trao. Assim, a fim de viabilizar a alvenaria
estrutural no-armada, deve-se trabalhar visando eliminar os esforos de trao,geralmente causados por momento fletor.
importante o conhecimento, por todos os projetistas envolvidos no projeto
da edificao, das formas de potencializar as vantagens da alvenaria estrutural.
5.2 O Projeto Arquitetnico
A opo pela utilizao do sistema de alvenaria estrutural implica em certas
restries que devem ser consideradas j pelo arquiteto, uma vez que a arquitetura
e estrutura esto inter-relacionadas. Aspectos como volumetria, simetria, dimenses
mximas dos vos e a flexibilidade da planta devem ser estudados. Parte-se sempre
do princpio de que, na construo em mltiplos pavimentos, as paredes do andar
sobrejacente devem estar apoiadas sobre as do andar subjacente, isto , deve-se
buscar configuraes do tipo parede sobre parede. Paredes em andar
sobrejacente suportadas por vigas no andar subjacente podem ocorrer, embora esta
no seja a soluo mais coerente com a filosofia do sistema. Isso no significa a
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inflexibilidade arquitetnica da edificao de alvenaria estrutural: a remoo de
paredes possvel desde que estas no desempenhem funo estrutural, o que
deve ser definido j no projeto arquitetnico. Assim, todas as diferentes
possibilidades de planta devem ser estudadas pelo arquiteto, o que requer
conhecimento dos princpios bsicos do sistema.
A atuao do arquiteto deve se dar em todas as etapas do projeto, isto , da
definio do partido arquitetnico ao detalhamento da estrutura. O desempenho do
edifcio, bem como seu grau de construtibilidade, esto diretamente relacionados a
sua atuao.
5.2.1 Definio do Partido Arquitetnico
O lanamento da estrutura a etapa mais importante do projeto. Caso o
partido arquitetnico no seja adequado, ser muito difcil compens-lo atravs de
medidas tomadas nos projetos complementares ou em intervenes na obra. Para
um bom lanamento estrutural devem ser observadas algumas importantes
premissas do sistema de alvenaria estrutural.
5.2.1.1 Forma do prdio
No projeto arquitetnico, a forma de uma edificao condicionada, muitas
vezes, pela sua funo. Isto ocorre pela necessidade de distribuio interna dos
espaos. Assim, a forma da edificao pode determinar a distribuio das paredes,sobretudo estruturais.
Do ponto de vista estrutural, podemos dizer que quanto mais robusta uma
edificao, maior sua capacidade de resistir esforos horizontais, principalmente a
ao do vento. Estes introduzem indesejveis esforos de trao na alvenaria.
Sendo assim, devem, se possvel, ser neutralizados. A robustez do prdio funo
de sua volumetria. Na figura 5.1, podem ser observados os efeitos da forma e altura
na robustez do prdio.
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FIGURA 5.1 - Efeitos da forma e altura na robustez do prdio (DRYSDALE et al.,1994 apudDUARTE,
1999).
Gallegos (1988) recomenda algumas relaes dimensionais, referenciadas
no quadro 5.1, indicando parmetros ideais e tolerveis visando o aumento da
robustez do conjunto.
QUADRO 5.1 Relaes recomendadas entre as dimenses de uma edificao (GALLEGOS, 1988
adaptado por CAVALHEIRO, 1995).
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Analisando a figura 5.1 e quadro 5.1, verifica-se que em edificaes baixas
(conseqentemente, mais robustas) h pouca influncia da ao do vento. Observa-
se ainda que, sob o aspecto da robustez, a forma cbica a ideal. Considerando
estes fatores, a norma NBR 10837 (ABNT, 1989) prescreve que no h necessidade
de considerar a ao do vento em edificaes de at 4 pavimentos em alvenaria
estrutural. Assim, possvel explorar, com maior arrojo, as formas das edificaes
que se enquadrem nesta situao.
A forma geral e a planta do prdio so fortemente influenciadas pela
geometria, orientao e dimenses do terreno, relao da edificao com o entorno
imediato, necessidade de circulaes internas, exigncias legais de recuos, reas
mnimas de iluminao e ventilao, etc. O custo tambm , muitas vezes,considerado. Estudos (MASCAR, 1998; DRYSDALE et al., 1994) relacionam o
comprimento das paredes externas da edificao com a rea de planta baixa, o que
fornece um parmetro de custo da envolvente por rea til a ser construda. A figura
5.2 apresenta formas em planta baixa comparando-as ao crculo mais eficiente de
todas as formas, por apresentar a maior rea para um mesmo permetro.
FIGURA 5.2 Eficincia do envelope externo do prdio tomando-se o crculo como referncia(DRYSDALE et al.,1994 apudDUARTE, 1999).
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mais aconselhadas (figura 5.4). Porm, as sacadas em balano podem ser
resolvidas com as solues apresentadas na figura 5.5, a