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    Aline do Carmo Borges1

    1 Filiao institucional. Analista ambiental do Intituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovveis,doutoranda do programa de ps-graduao em oceonografia e pesquisadora do grupo de estudos e pesquisa em psicologiapoltica, poltica pblicas e multiculturalismo da Universidade de So Paulo, So Paulo - SP, Brasil.

    Correspondncia: E-mail: [email protected]

    Resumo Buscou-se fazer uma anlise do atual processo de agilizao dolicenciamento ambiental no Brasil, que, embora travestido deroupagens tcnico-cientficas, apresenta motivaes polticas, uma vezque grupos de interesse com poder de negociao tm agido nosentido de pressionar os rgos ambientais para a rpida aprovao de

    pedidos de concesso de licenas ambientais. O resultado soestratgias, mais e menos visveis atravs de evidncias empricas, taisquais a flexibilizao de normas existentes e criao de novas normasa fim de facilitar a obteno de licenas ambientais, bem como oaumento de tenses interinstitucionais e intrainstitucionais nos rgosambientais. O entendimento do momento atual, de relativoesmorecimento do movimento ambientalista e de crise global podeajudar a compreender as reais motivaes por trs destas mudanas.Entende-se que qualquer poltica pblica ambiental que esbarre nodesenvolvimento econmico enfrentar o mesmo problema, de formaque discusses sobre a questo ambiental deveriam transcender oambiente acadmico, demandando participao poltica ativa de todos

    os setores da sociedade, na busca da chamada justia ambiental.

    Artigo

    A Dimenso Poltica do Atual Processo de Agilizao do Licenciamento Ambiental

    no Brasil

    The Political Dimension of Current Streamlined Process of Environmental Licensing inBrazil

    La dimensin Poltica del Actual Proceso de Licenciamiento Ambiental en Brasil

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    Palavras-chaves: Polticas Pblicas Ambientais, Avaliao de

    Impactos Ambientais, Licenciamento Ambiental, Legislao

    Ambiental, Brasil.

    Abstract The paper analyzes the current process of streamlining theenvironmental licensing in Brazil, which, though disguised as atechnical-scientific discourse, presents political motivations, sincestakeholders with bargaining power acted to push the environmentalagencies into rapid approval of applications for environmental licensing.The results are strategies, more and less visible through empiricalevidence, such as the loosening of existing standards and the creationof new standards, in order to facilitate the obtaining of environmentalpermits, as well as increased tensions in environmental agencies. Theunderstanding of the present moment, when we have the relativeweakening of the environmental movement and the global crisis, mayhelp to understand the real motivations behind these changes. Weconclude that any environmental policy that hinders the economicdevelopment will face the same problem, thus, discussions about theenvironmental issue should transcend the academic space, requiringactive political participation by all sectors of society in the pursuit of aso-called environmental justice.

    Keywords: Environmental Public Policy, Environmental Impact

    Assessment, Environmental Permitting, Environmental Legislation,

    Brazil.

    Resumen Hemos tratado de analizar el actual proceso de racionalizacin del

    licenciamiento ambiental en Brasil, que, aunque disfrazado de atuendotcnico-cientfico, tiene motivaciones polticas, ya que los grupos deinters que tienen poder de negociacin han actuado para empujar losrganos ambiente para la rpida aprobacin de las solicitudes delicencias ambientales. Los resultados son estrategias, ms o menosvisibles a travs de pruebas empricas, tales quai la flexibilizacin delas normas existentes y la creacin de nuevas normas con el fin defacilitar la obtencin de los permisos ambientales, as como el aumentode las tensiones en las agencias ambientales. La comprensin delmomento presente, el debilitamiento relativo del movimiento ambientaly la crisis global puede ayudar a entender las motivaciones realesdetrs de estos cambios. Se entiende que cualquier poltica ambiental

    que borra el desarrollo econmico se enfrentar el mismo problema,por lo que las discusiones sobre el tema ambiental deberan trascenderel mbito acadmico, lo que requiere la participacin poltica activa detodos los sectores de la sociedad en la bsqueda de la llamada justiciaambiental.

    Palabras Clave: Poltica Pblica Ambiental, Evaluacin Ambiental,

    Legislacin Ambiental, Licenciamiento Ambiental Brasil.

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    Introduo

    A questo ambiental est incorporada na agenda poltica da atualidade,sendo que, segundo Mello-Thry (2011), avanos conceituais e institucionais tm

    marcado as relaes entre meio ambiente global e polticas pblicas, desdemeados do sculo XX ao incio do sculo XXI. Um exemplo da importncia dotema no Brasil est na existncia, h mais de duas dcadas, do Ministrio doMeio Ambiente (MMA), bem como a presena na Constituio Federal de umartigo exclusivamente dedicado ao assunto, o artigo 225, o qual preceitua queTodos tm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de usocomum do povo e essencial sadia qualidade de vida, impondo-se ao PoderPblico e coletividade o dever de defend-lo e preserv-lo para as presentes efuturas geraes. (Constituio Federal, 1988). A Carta Magna prev no mesmoartigo, em seu pargrafo 1, inciso IV, que cabe ao Poder Pblico - exigir, na

    forma da lei, para instalao de obra ou atividade potencialmente causadora designificativa degradao do meio ambiente, estudo prvio de impacto ambiental,a que se dar publicidade.

    A Poltica Nacional do Meio Ambiente (Lei n 6938 de 1981) prev aavaliao de impactos ambientais e a elaborao de estudos de impactoambiental como instrumentos para efetivao do previsto na ConstituioFederal. Adicionalmente, outras normas, como a Resoluo CONAMA n 001 de1986, a Resoluo CONAMA n 237 de 1997 e, mais recentemente a LeiComplementar 140/2011 oferecem as diretrizes para a avaliao de impactos

    ambientais e para o Licenciamento Ambiental de atividades potencialmentepoluidoras ou utilizadoras de recursos naturais, sendo este licenciamento oprocedimento administrativo pelo qual a avaliao de impactos ambientais deprojetos tem sido realizada no Brasil.

    O licenciamento ambiental tem gerado intensa controvrsia no Brasilenvolvendo tanto aqueles para quem as licenas so concedidas por presseseconmicas e polticas em detrimento de relevantes questes ambientais comoos que defendem que os requerimentos excessivos e a demora no processo delicenciamento so responsveis pelo retardamento na execuo de importantes

    obras de infraestrutura (Lima & Magrini, 2010). Um relatrio do Banco Mundial(2008) ao tratar dos procedimentos adotados para o licenciamento ambiental noBrasil afirma: "Embora o sistema regulatrio de licenciamento no Brasil sejaconsiderado bom quando comparado ao de outros pases em desenvolvimento,seus inmeros dispositivos impem encargos e custos econmicos aosproponentes de projeto e que apesar de complexo e sofisticado, ele [olicenciamento] no tem sido modernizado e atualizado de acordo com osdesafios de crescimento econmico e competitividade sobre a governana doEstado, que foco de bastantes expectativas e conflitos entre os diferentessetores da sociedade.

    Para Teixeira (2007), os interessados na aprovao de novosempreendimentos apresentariam o projeto sempre como um passo a mais em

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    direo ao progresso, com inmeras possibilidades tecnolgicas para mitigaremimpactos e corrigir danos sem, contudo, considerarem a viabilidade ambiental deseus projetos, pois as solues tcnicas estariam a para provar essa viabilidade,acordadas pelo Relatrio de Impacto Ambiental-RIMA e o Estudo de Impacto

    Ambiental-EIA. Dirigentes de rgos governamentais, responsveis pela tomadade deciso final nos processos de licenciamento ambiental, por sua vez,colocariam a reformulao das bases do conhecimento tcnico-cientfico comocondio fundamental para acelerar os licenciamentos, ou seja, para que ocronograma das obras de infraestrutura previstas no seja alterado, sugerindomedidas como cadastro com tcnicas de georreferenciamento, adoo desoftwares para aprimorar o planejamento e avano na qualidade dos estudos(Almeida, 2012)

    Este processo de acelerao dos licenciamentos ambientais vem se

    intensificando ainda em funo da necessidade de regulamentao do artigo 23da Constituio Federal, o que culminou, mais recentemente, na publicao daLei Complementar 140/11, que alterou fortemente os processos de licenciamentoambiental, na medida em que atribuiu principalmente aos municpios estacompetncia. Outras legislaes recentes e novos procedimentos tratados nestetexto tm tambm contribudo com a diminuio nos prazos de anlise eaprovao de licenas ambientais.

    Dessa forma, cabe uma anlise do momento atual do processo deavaliao de impactos ambientais no Brasil, para em seguida apresentarexemplos empricos da acelerao na emisso de licenas a que o pas temassistido, com destaque para as novas legislaes. Ao final, sublinha-se anecessidade de se destacar princpios da justia ambiental e da transparncia,como alternativas para a construo de uma sociedade sustentvel, quedemandaria um novo modelo civilizatrio.

    O Modelo Civilizatrio Atual Requer a Acelerao na Emisso de

    Licenas Ambientais

    No campo ambiental, a produo dos pontos que pautam essa agendapblica atravessada por mltiplas demandas que nem sempre so relativas aomeio ambiente, mas com a dinmica do capital que orienta a lgica social nacontemporaneidade. (Carmo & Silva, 2013). Para Mello-Thry (2011), a agendainternacional que inclui temas de proteo ambiental e do respeito ao meioambiente apoia-se em negociaes poltico-diplomticas de convenes eacordos, na cooperao econmica, financeira e tecnolgica, mas tambm emtecnologias e em um arcabouo de novas metodologias que proliferaram no finaldo sculo XX, constituindo-se em motores da globalizao ambiental.

    Zhouri et al (2005), elaboraram uma leitura crtica da concepohegemnica de desenvolvimento sustentvel, em que problemas ambientais e

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    sociais, os efeitos no-sustentveis do desenvolvimento entendido aqui comocrescimento econmico via industrializao direcionada exportao demercadorias , so concebidos como meros problemas tcnicos eadministrativos, passveis de soluo por meio da utilizao de novas tecnologias

    e de um planejamento racional. Os autores argumentam que a despolitizaodesta viso considera o meio ambiente como uma realidade externa s relaessociais e, como tal, objeto passvel e passivo de um conhecimento ilustrado,cientfico, portanto, gerador de uma conscincia nica, base de um consensouniversal.

    Guimares (2008) opina que a natureza holstica e, ao mesmo tempoespecfica das mudanas globais em andamento ressalta a natureza poltica dasescolhas no mbito ambiental uma vez que, como no se podem atacar todos osproblemas ao mesmo tempo, esforos governamentais acabam sendo

    concentrados em reas ou problemas especficos. Tal escolha acabaria porprovocar disputas jurisdicionais nas instituies burocrticas e sociais, resultandoem critrios (padres, regulamentos, normas) que, sob a roupagem de tcnicose cientficos tm, na verdade que ser negociados politicamente, de forma que,como em qualquer outra poltica, alguns interesses sero favorecidos sobreoutros. Pierri (2008) deixa claro que esta realidade existe inclusive ao se abordara questo do processo de avaliao de impactos ambientais e explica que opapel decisrio do governo est subordinado garantia de defesa da acumulaodo capital e que seu papel de mediar diferentes interesses em relao sustentabilidade depender da presso de diferentes setores. A mesma autora

    reconhece desigualdades socioeconmicas na apropriao do conhecimento e nacapacidade de exercer presso poltica.

    O resultado desta desigualdade em exercer presso, somado ao relativoesmorecimento do movimento ambiental vivido na atualidade e intensificaoda crise econmica mundial resultou em um processo de precarizao doprocesso de avaliao de impactos ambientais, ainda que sob uma roupagemmuitas vezes tcnico-cientfica.

    A distino entre proteo, que deriva de mecanismos de uma ao

    ambiental conservacionista perpetrada por agncias multilaterais, e

    protecionismo, que consiste, como veremos adiante, numa ao de Estado

    inspirada principalmente no potencial de crescimento econmico, torna-se

    elementar para uma compreenso mais detida das transformaes em jogo. A

    denominada proteo da natureza e o conjunto de medidas preconizadas

    pela Organizao Mundial do Comrcio (OMC) estariam passando por um

    processo de dessemantizao que leva essa mencionada proteo a

    assumir sentidos opostos queles ulteriormente adotados pelas agncias

    multilaterais. (Almeida, 2012, p. 63 e 64)

    Um dos reflexos deste processo no Brasil tem sido verificado

    principalmente pela flexibilizao de normas ambientais. A principal delas foimaterializada pela a Lei Complementar n 140/2011, a qual, segundo Carta

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    Aberta do V Congresso da ASIBAMA2 Nacional, integrada pelos ServidoresFederais da Carreira de Especialistas em Meio Ambiente do IBAMA, InstitutoChico Mendes de Conservao da Natureza e Ministrio do Meio Ambiente: sob aroupagem de regulamentao do Art. 23 da Constituio Federal, retirou as

    atribuies da Unio, especialmente do IBAMA, impedindo-o de fiscalizarempreendimentos licenciados pelos rgos municipais e estaduais, contrariandoo Artigo 225 da Constituio Federal e transferindo responsabilidades, semavaliao prvia quanto s condies destes rgos para atuarem nolicenciamento, controle e monitoramento ambiental. Para Souza e Von Zuben(2012), o sistema de competncias criado no foi demasiadamente claro epretendeu depositar maior responsabilidade ao ente federativo com a menorcapacidade tcnica e cientfica para anlise de tal procedimento administrativo,ou seja, os municpios. Adicionalmente, outras legislaes foram criadas duranteo mesmo perodo com o objetivo claro de agilizar o processo de licenciamento

    ambiental sob competncia do rgo ambiental federal, o IBAMA.

    Formas de Simplificar ou Agilizar o Processo de AIA

    A primeira forma, e tambm a mais visvel de flexibilizar e acelerar oprocesso de emisso de licenas ambientais atravs da modificao dalegislao existente, com a criao de novos dispositivos legais. Estesdispositivos, alm de estabelecerem prazos mximos para a emisso de licenas

    ambientais, limitaram a quantidade de exigncias e estudos necessrios para aemisso destas licenas, diminuram a complexidade destes estudos, reduziramas possibilidades de pedidos de complementao aos empreendedores e,principalmente, transferiram a competncia do licenciamento ambiental parambitos estaduais e municipais na maioria dos casos, limitando ainda afiscalizao ambiental apenas para o ente federativo licenciador doempreendimento. A Tabela 01 mostra as principais legislaes relacionadas aolicenciamento ambiental, sobretudo federal, editadas recentemente, com o ano,os tipos de facilitao propiciadas e os detalhes sobre estas facilitaes.

    2Associao dos Servidores da Carreira de Especialista em Meio Ambiente e do PECMA

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    Tabela 1: Principais legislaes relacionadas ao licenciamento

    ambiental editadas entre 2009 e 2013 no Brasil.

    Novas legislaes ambientais relacionadas ao licenciamento ambiental

    Ano Legislao Tipo de facilitao Detalhes2009 Portaria

    Normativa n 10de 22/05/2009 /IBAMA - InstitutoBrasileiro do MeioAmbiente e dosRecursos NaturaisRenovveis-Restringe a

    aplicao daInstruoNormativa n 146,de 10 janeiro de2007, apenas aolicenciamento deempreendimentosdeaproveitamentohidreltrico.

    1. Facilitao doprocesso delicenciamento atravsda diminuio daquantidade deexigncias e estudosnecessrios.

    No processo delicenciamento ambiental,estudos e atividades delevantamento, resgate emonitoramento de faunasilvestre, mais detalhados,conforme InstruoNormativa 146/2007 doIBAMA, a qual estabelece os

    critrios paraprocedimentos relativos aomanejo de fauna silvestre(levantamento,monitoramento,salvamento, resgate edestinao) em reas deinfluencia deempreendimentos eatividades consideradas

    efetiva ou potencialmentecausadoras de impactos fauna sujeitas aolicenciamento ambiental,como definido pela Lei n6938/81 e pelas ResoluesConama n 001/86 e n237/97, ficaram restritosapenas a empreendimentosde aproveitamento

    hidreltrico. Os demaistipos, que eram igualmenteabrangidos pela citada IN,ficaram dispensados dasexigncias da citada IN146/07.

    2011 PORTARIAINTERMINISTERIALNo-419,DE 26 DE

    OUTUBRO DE2011-

    1. Diminuio de prazospara manifestaotanto do IBAMA comodos demais rgos

    envolvidos nolicenciamento tanto na

    Estabelece o prazo deapenas 15 dias para osrgos envolvidos semanifestarem sobre a

    necessidade de estudosespecficos na temtica de

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    regulamenta aatuao da FUNAI,da FundaoCultural

    Palmares,doInstituto doPatrimnioHistrico eArtstico Nacional-IPHAN e doMinistrio daSade,incumbidos daelaborao de

    parecer emprocesso delicenciamentoambiental decompetnciafederal, a cargodo IBAMA.

    elaborao do Termode Referncia, como naanlise dos estudos;2.Diminuio das

    possibilidades depedidos decomplementao aoempreendedor aapenas uma vez;3.Limitao espacial degrupos consideradosatingidos peloempreendimento,diminuindo assim as

    obrigaes doempreendedor nasmedidas mitigatriaspara o meio scio-econmico.

    sua alada nos Termos deReferncia, sendo esteprazo prorrogado por mais10 dias em casos

    excepcionais. Expirado oprazo estabelecido, o

    Termo de Referncia serconsiderado consolidado,dando-se prosseguimentoao procedimento delicenciamento ambiental.Alm disso, os rgos eentidades envolvidos nolicenciamento ambiental

    devero apresentar aoIBAMA manifestaoconclusiva sobre o EstudoAmbiental exigido para olicenciamento, nos prazosde at 90 dias no caso deEIA/RIMA e de at 30 diasnos demais casos, a contarda data do recebimento dasolicitao. Em casos

    excepcionais, devidamentejustificados, o rgo ouentidade envolvida poderrequerer a prorrogao doprazo em at 15 dias para aentrega da manifestao aoIBAMA.Os rgos e entidadesenvolvidos podero exigiruma nica vez, mediante

    deciso motivada,esclarecimentos,detalhamento oucomplementao deinformaes, com base notermo de refernciaespecfico, a serementregues peloempreendedor no prazo deat 60 (sessenta) dias no

    caso de EIA/RIMA e 20(vinte) dias nos demais

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    casos.Estabelece limites mximospara a existncia de gruposafetados pelo

    empreendimento quetornem obrigatria aconsulta aos rgos eentidades citadas nestaportaria, a saber:- Ferrovias- 10 km naAmaznia e 5 km nasdemais regies;- Dutos- 5 km na Amazniae 3 km nas demais regies;

    - Linhas de transmisso- 8km na Amaznia e 5 km nasdemais regies;-Rodovias- 40 km naAmaznia e 10 km nasdemais regies;- Empreendimentospontuais (portos, mineraoe termeltricas- 10 km naAmaznia e 8 km nas

    demais regies;- Hidreltricas (UHEs ePCHs)- - 40 km ou rea decontribuio direta oureservatrio acrescido de20 km a jusante naAmaznia e 15 km ou reade contribuio direta oureservatrio acrescido de20 km a jusante nas demais

    regies;2011 PORTARIA N 421,

    DE 26 DEOUTUBRO DE2011- estabeleceprocedimentospara olicenciamento e aregularizaoambiental federal

    de sistemas detransmisso de

    1. Diminuio nacomplexidade dosEstudos necessriospara o licenciamentoambiental;2. Definio de prazospara manifestao doIBAMA e grandepossibilidade de no

    participao pblica noprocesso (s ocorre se

    Estabelece 3 tipos delicenciamento ambientalfederal dos sistemas detransmisso de energiaeltrica: procedimentosimplificado, com base noRelatrio AmbientalSimplificado-RAS peloprocedimento ordinrio,

    com base no Relatrio deAvaliao Ambiental-RAA;

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    energia eltrica requerida em um prazode 20 dias apsrequerimento dalicena);

    3. Diminuio daspossibilidades depedidos decomplementao aoempreendedor aapenas uma vez;4. Limitao espacialpara rea de influnciaindireta para meiosfsico e bitico,

    diminuindo assim asobrigaes doempreendedor nasmedidas mitigatrias.

    ou por meio de Estudo deImpacto Ambiental-EIA e oseu respectivo Relatrio deImpacto Ambiental-RIMA,

    conforme o grau de impactodo empreendimento.Apenas empreendimentosque, aps anlise do IBAMA,no se enquadrarem comode pequeno potencial deimpacto ambiental, ficarosujeitos aos demaisprocedimentos delicenciamento ambiental

    que no o RAS. O prazopara a manifestao doIBAMA sobre isso de at10 (dez) dias teis, a partirdo requerimento da licenaprvia. No caso de RAS, aparticipao pblicasomente ocorrer no casode uma pessoa semanifestar por escrito no

    prazo de at 20 (vinte) diasda publicao dorequerimento de licena,cabendo ao IBAMA juntar asmanifestaes ao processode licenciamentoambiental, ou quandosolicitado por entidade civil,Ministrio Pblico, oucinquenta pessoas maiores

    de dezoito anos, o IBAMApromover reunio tcnicainformativa s expensas doempreendedor.Estabelece ainda prazosmximos para emisso daslicenas prvia, deinstalao e de operao,sendo que o IBAMA spoder solicitar a

    apresentao deesclarecimentos,

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    detalhamentos oucomplementaes deinformaes, uma nica vezem relao aos estudos

    ambientais.Estabelece valor mximopara AII para meios fsico ebitico (5km).

    2011 PORTARIA No-422, DE 26 DEoutubro de 2011-estabelece osprocedimentos aserem observados

    pelo IBAMA nolicenciamentoambiental federaldas atividades eempreendimentosde explorao eproduo depetrleo e gsnatural situadosno ambiente

    marinho e emzona de transioterra-mar

    1. Diminuio daspossibilidades depedidos decomplementao aoempreendedor aapenas uma vez;

    2. Definio de prazosmximos para emissode Termos deReferncia eanlise dosestudos ambientaisapresentados peloempreendedor;3. Reduo para umnico processo delicenciamento

    ambiental paravriosempreendimentosse os mesmos foremsimilares em umamesma regio e escalatemporal consideradacompatvel.4. Diminuio donmero de programasambientais de

    obrigao doempreendedorem umamesma rea deconcentrao deempreendimentos,compartilhados ou noentre empresas, emcomplementao ousubstituio aosprojetos ambientais

    individuais.

    O IBAMA somente podesolicitar esclarecimentos ecomplementaes umanica vez para licena depesquisa ssmica.O prazo mximo para

    deciso do IBAMA sobre odeferimento ouindeferimento do pedido deLPSe de licena deoperao para perfurao de 12 (doze) meses quandoo licenciamento forconduzido na Classe 1 ou 6(seis) meses para olicenciamento nas Classes 2

    e 3.O prazo de emisso do

    Termo de Referncia parassmica e para perfuraode tem o prazo de 15(quinze) dias teis,contados a partir da datade protocolo da Ficha deCaracterizao deAtividade.

    O IBAMA poder licenciar asatividades de perfurao deforma integrada, sob aforma de polgonos deperfurao. A delimitaodo polgono ser propostapelo empreendedor eestabelecida pelo IBAMA,com base na localizao ena extenso da rea

    geogrfica, bem como onmero estimado, a

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    densidade e a localizaoprevista dos poos.Poder ser admitido umnico processo de

    licenciamento ambientalpara empreendimentossimilares em uma mesmaregio, em escala temporalcompatvel, desde quedefinida a responsabilidadepelo conjunto deempreendimentos. Seradmitida pelo IBAMA aimplementao de

    programas ambientaisregionais, para uma mesmarea de concentrao deempreendimentos,compartilhados ou noentre empresas, emcomplementao ousubstituio aos projetosambientais individuais,desde que definida

    responsabilidade pela suaexecuo

    2011 PORTARIA No-424, DE 26 DEOUTUBRO DE2011- dispesobreprocedimentosespecficos a

    serem aplicadospelo InstitutoBrasileiro do MeioAmbiente e dosRecursos NaturaisRenovveis-IBAMA naregularizaoambiental deportos e terminais

    porturios, bemcomo os

    1. Estabelecimento deprazo mximo para aemisso de LO paraempreendimentos jem funcionamento.2. Permisso parafuncionamento dos

    empreendimentosdurante o processo deanlise, antes daemisso da LO.

    O IBAMA expedir aslicenas de operao, apsa aprovao dosrespectivos relatrios decontrole ambiental, cujaanlise se dar em atcento e oitenta dias.

    Os portos e terminaisporturios, que seencontram em processo deobteno de licena deoperao podero sebeneficiar das condiesora estabelecidas e optarentre os cronogramas jacordados e os previstosnesta Portaria

    Durante o processo deregularizao, ficam

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    outorgados scompanhiasdocas, previstosno art. 24-A da Lei

    no 10.683, de 28de maio de 2003.

    autorizadas a operao doporto ou terminal porturioe as atividadesdemanuteno rotineira e

    de segurana operacional.

    2011 INSTRUONORMATIVA N14, DE 27 DEOUTUBRO DE2011- Altera eacrescedispositivos Instruo

    Normativa n184/2008, quedispe sobreprocedimento delicenciamentoambiental.

    1. Definio de prazospara manifestao dosrgos estaduais demeio ambiente emprocessos federais nolicenciamento tanto naelaborao do Termode Referncia, como na

    anlise dos estudos

    Os rgos estaduais demeio ambiente envolvidosna estruturao do TRdevero manifestar-se, noprazo de quinze dias, sobreos levantamentosnecessrios para aavaliao do projeto,seus

    impactos e medidas decontrole e mitigao, emconsonncia com osrespectivos planos,programas e leis estaduais .Os rgos estaduais demeio ambiente envolvidosdevero manifestar-se, noprazo de trintadias,contados da cincia de

    entrega do estudoambiental, sobre o projeto,seus impactos e medidasde controle e mitigao, emconsonncia com planos,programas e leis estaduais.

    2011 Lei Complementar140 de 08 dedezembro de

    2011- fixanormas, nostermos dosincisos III ,VI docaput e dopargrafo nicodo art. 23 daConstituioFederal, para acooperao entre

    a Unio, osEstados, o Distrito

    1. Transferncia decompetncia dolicenciamento

    ambiental para mbitosestaduais e municipaisna maioria dos casos.2.Limitao dafiscalizao ambientalapenas para o entefederativo licenciadordo empreendimento.

    Promove a descentralizaodo processo regulamentardas atribuies da Unio,

    Estados e Municpios naproteo do meio ambiente.Permite que os estados(incluindo o DistritoFederal) e os municpiostenham ampla autonomiapara decidir o que pode e oque no pode ser feito nombito da gestoambiental. Alm disso,

    transfere para esses entesfederativos a competncia

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    Federal e osMunicpios nasaesadministrativas

    decorrentes doexerccio dacompetnciacomum relativas proteo daspaisagensnaturaisnotveis, proteo do meioambiente, ao

    combate poluio emqualquer de suasformas e preservao dasflorestas, dafauna e da flora.Limita a atuaodo rgolicenciador federal

    e da fiscalizaofederal. Passagemde competnciasno licenciamentoambiental para aesfera municipal.

    para emitir a maioria daslicenas ambientais.Determina que somenteaquele que concedeu a

    licena poder efetuar afiscalizao ambiental deum empreendimento.

    2013 Portaria n 289 de16 de julho de2013- Dispe

    sobreprocedimentos aserem aplicadospelo InstitutoBrasileiro do MeioAmbiente e dosRecursos NaturaisRenovveis- IBAMA nolicenciamento

    ambientalde rodovias e na

    1. Facilitao doprocesso delicenciamento atravs

    da diminuio daquantidade deexigncias e estudosnecessrios;2.Diminuio daspossibilidades depedidos decomplementao aoempreendedor aapenas uma vez;

    3. Definio de prazosmximos para emisso

    No licenciamento deimplantao epavimentao de rodovias

    federais, localizadas fora daAmaznia Legal e comextenso inferior a 100 Km,o procedimento noobedecer os trmitestradicionais delicenciamento ambiental,podendo ser especfico,quando a atividade nocompreender remoo de

    populao que implique nainviabilizao da

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    regularizaoambiental derodovias federais.

    de Termos deReferncia eanlise dosestudos ambientaisapresentados pelo

    empreendedor;

    comunidade e/ou suacompleta remoo ouafetao de unidades deconservao de proteo

    integrale suas respectivasZonas de Amortecimento-ZA. Este procedimentoespecfico trata-se deemisso direta deLicenade Instalao, comemisso, por parte doempreendedor de EstudoAmbiental-EA e ProjetoBsico Ambiental-PBA,

    ou,para atividades deduplicao ou ampliao decapacidade de rodoviasfederais existentes emissode Relatrio AmbientalSimplificado-RASouEstudoAmbiental-EA,a critrio do IBAMA,apresentadoconcomitantemente ao

    Projeto Bsico Ambiental-PBA .Aps o requerimento delicenciamento ambientalespecfico, o IBAMA tem 20dias para ratificar ou no opedido. O prazo parafinalizao pelo IBAMA dotermo dereferncia de at30 dias, solicitando-se a

    manifestao dos rgoseentidades envolvidos,quando couber, conformelegislao vigente. OIBAMA dever proceder anlise dos estudosambientaisem at 180 dias,contados a partir do seuaceite. Nos casos em que oprocedimento de

    licenciamentoambientalrequeira a elaborao de

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    um Relatrio AmbientalSimplificado- RAS, o IBAMAdever proceder sua anliseno prazo deat 90 dias.

    Ao analisar os estudosambientais, o IBAMApoderexigir, mediantedeciso motivada efundamentada, aapresentaodeesclarecimentos,informaes adicionais oucomplementaestcnicasuma nica vez.

    Previso de novas modificaes na legislao referente ao tema

    Ano Projeto Detalhes

    2013 3Governo preparamudanaestrutural noprocesso delicenciamentoambiental no pas,um conjunto de

    medidas queservir debalizamento paraos investimentosbilionrios que aUnio pretendeestimular no setorprivado, por meiode novasconcesses. As

    novas regrasatingemdiretamente osportos, quecontam com novoregime legal

    1. Diminuio para umanica licena para todoo polgono de um portoorganizado;2. Passagem deatribuies paraEstados e Municpios;

    3. Possvel eliminaode necessidade de

    Termo de Referncia;4. Reclassificao deUnidades deConservao paracategorias menosrestritivas.

    Em entrevista revistaValor PRO, a ministra doMeio Ambiente Isabella

    Teixeira afirmou que o MMAquer acelerar olicenciamento ambientaldos 34 portos organizados,

    liberando uma nica licenaprvia para todo o polgonodo porto. A deciso dealterar a lgica dolicenciamento ambiental dosetor porturio, reduzindopara uma etapa o que atento era feito em diversasfases, apenas uma dasmedidas que o Ministrio do

    Meio Ambiente pretendepr em prtica paraacompanhar o ritmo deinvestimento planejado pelogoverno. A ministra querenviar presidncia a

    3 Fonte: Borges, A. & Veloso, T2013- Governo acelera licenas ambientais. Revista ValorEconmico, Braslia, 10 de Junho de 2013 site: http://www.valor.com.br/brasil/3155030/governo-acelera-licencas-ambientais. Acesso em 12 de junho de 2013.

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    (revista valoreconmico,10/06/2013)

    proposta que define,exatamente, que tipos deempreendimentos- e emque situao- devem ser

    objeto de licenciamentoambiental. O objetivo delimitar que projetosdevem ser avaliados peloIBAMA e quais devempassar para a alada dosEstados e Municpios. Almdisso, pretende redefinir anecessidade daapresentao do Termo de

    Referncia para projetos deconcesso e como estaregra vai dialogar comoutras regras novas, como,por exemplo, ascontrataes baseadas emRDC (regime diferenciadode contratao ).A ministrasustenta ainda que ogoverno trabalha na

    reclassificao dasUnidades de Conservaono pas e h uma tendnciacrescente de que asFlorestas Nacionais naAmaznia sejam concedidas iniciativa privada para aexplorao de madeira.

    Outras formas de agilizao e flexibilizao do licenciamento ambientalso alteraes internas nos trmites burocrticos de aprovao de licenasambientais. Um exemplo emblemtico deste processo foi o deferimento delicena para instalao do canteiro de obras de Belo Monte pelo IBAMA, no anode 2011. Em 26 de janeiro de 2011, o IBAMA deu a "autorizao de supresso devegetao" ao Consrcio Norte Energia, uma espcie de licena parcial, noprevista em nenhum dispositivo legal. O incio dessas obras infraestruturais queantecedem a construo de Belo Monte deveria ser autorizado quando daemisso da Licena de Instalao da usina, conforme previso legal de que aslicenas no devem ser fragmentadas com a finalidade de acelerar o

    licenciamento, sobretudo porque as condicionantes exigidas pela Licena Prviaainda no haviam sido atendidas. Este procedimento irregular tem ensejado

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    inmeras aes e paralisaes da obra por parte do poder judicirio, tornando oprocesso ainda mais controverso4.

    Por fim foi observada a emisso de Ordens de Servio5a tcnicos do IBAMA

    dando prazos para a anlise de projetos especficos. No ano de 2012 houve umagrande mobilizao dos servidores do IBAMA por melhores condies de trabalhoe valorizao da carreira. No foi realizada uma greve, devido a cortes de pontoque o governo efetuou em greves anteriores; ao invs disso, foi feita umaespcie de operao padro, que significou, segundo os prprios servidoresdefiniram na Carta Aberta do V Congresso da ASIBAMA Nacional seguinteproposta de atuao: canalizaremos nossos esforos no atendimento dasdemandas de gesto ambiental, aes consideradas por ns servidores comoessenciais conservao do meio ambiente e ao desenvolvimento realmentesustentvel que ficaram represadas em detrimento de prioridades estabelecidas

    pelo governo. No caso do licenciamento ambiental, os servidores pararam deanalisar processos na ordem ditada por seus superiores, e passaram a analisarpassivos de processos j aprovados ou analisar novos processos na ordem emque eles eram protocolados. Como resultado, o IBAMA passou a editar Ordens deServios, assinadas pela Diretora de Licenciamento Ambiental e pelo prprioPresidente do rgo, as quais determinavam um prazo, normalmente exguo,para cada servidor (ou grupo de servidores) analisarem empreendimentosespecficos, de interesse do governo. Estas Ordens de Servio determinavamprioridades na anlise pela importncia estratgica da obra para o governo e nopela ordem de chegada, deixando clara a prioridade para emisso de novas

    licenas em detrimento das outras demandas de gesto ambiental s quais osservidores estavam atendendo.

    Consideraes Finais

    O quadro ilustrado demanda o entendimento destas medidas como frutosdo momento histrico atual, a fim de se esclarecer como tm se dado estastomadas de deciso que tm se refletido diretamente na mudana de rumo daspolticas pblicas ambientais, e tambm nas condies de execuo do trabalhocotidiano dos tcnicos da instituio. Estes aspectos conjunturais produtores decontextos e situaes fazem surgir

    4Fonte: RITO, Agnaldo. (27 de janeiro de 2011). Ibama d licena parcial para Belo Monte. Folha deS.Paulo, Caderno Mercado site: www1.folha.uol.com.br/fsp/mercado/me2701201130.htm

    Acessoem 27 de janeiro de 20115Exemplos consultados: Ordem de Servio IBAMA n 04 de 24 de julho de 2012; Ordem de Servion 13 de 02 de agosto de 2012 DILIC/IBAMA; Ordem de Servio n 14 de 06 de agosto de 2012DILIC/IBAMA; Ordem de Servio n 16 de 07 de agosto de 2012 DILIC/IBAMA.

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    tenses, conflitos e disputas de poder intra-institucionais e

    interinstitucionais que se refletem indubitavelmente no processo de

    formulao, avaliao e monitoramento de polticas pblicas no campo

    ambiental e em suas dimenses micropolticas. Ou seja Ou seja, na ponta da

    ao pblica realizada pelos agentes responsveis pela execuo das AIAs,pela anlise das solicitaes de licenciamento e, portanto, pela negociao

    dos conflitos sociais inerentes aos processos contidos na prpria AIA.

    (Carmo e Silva, 2013).

    A figura 01 ilustra uma consequncia deste quadro de instabilidade internanos rgos ambientais, mostrando a mobilizao realizada pelos servidorespblicos da carreira de Especialista em Meio Ambiente, ocorrida no ano de 2012.

    Figura 01: Foto da mobilizao dos servidores pblicos da da Carreira de Especialista emMeio Ambiente ocorrida no ano de 2012.

    A gesto ambiental no Brasil apresenta lacunas considerveis,principalmente no que diz respeito ao planejamento, com notvel ausncia deuma poltica integrada e multisetorial de sustentabilidade para o pas (Costa eSilva, 2012, Almeida, 2012, Carmo e Silva, 2013). H problemas tambm noarmazenamento, compilao e utilizao de dados ambientais sobre asdiferentes regies e biomas. Sem esta base, o processo de licenciamentoambiental est pautado em incertezas e subjetividades, estando muito maissujeito a interesses particulares.

    A no se veem muralhas nem foram erguidos guetos, mas se

    sente, com todo vigor, a fora das presses de polticas que articulam a ao

    governamental, objetivando uma organizao hierarquizada dos territrios.

    Essa ao tem sido rpida, com objetivos de curtssimo prazo, que exigem

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    prontos resultados (hidreltricas, gasodutos, minerodutos, hidrovias,

    rodovias, portos, aeroportos, linhas de transmisso de energia), cujos efeitos

    referem-se a acidulados debates jurdicos e intensificao de conflitos

    sociais. (Almeida, 2012, p. 67)

    H tambm a questo da falta de participao de setores da sociedade noprocesso de licenciamento ambiental, com um papel mais ativo nesta arena, bemcomo a existncia de poucas instncias em que tal participao possa de dar.Isso leva reflexo de que propostas de reviso da poltica ambiental brasileiradeveriam se pautar em ampliar a participao dos setores atingidos pelosimpactos de obras licenciadas, e que jamais poderiam fazer retroagir conquistassociais j consolidadas - e jamais admitir interferncias que visem aconformizao de desconformidades, como as que vm ocorrendo.

    Um modelo de avaliao de impactos ambientais para a sustentabilidade um processo que exige elementos indissociveis, como indicadores de qualidadeambiental com reconhecimento das reas prioritrias para a proteo ambiental.Integra-se a este fato a necessidade do reconhecimento e ampliao dapercepo e controle social por meio de processos participativos, garantindoinformao e reconhecimento s comunidades, sobretudo quelas maisvulnerveis, em um processo de justia ambiental, conforme definido porZhouri(2008).

    Finalizo destacando a fala de Roberto Guimares, que sintetiza a questodas polticas pblicas ambientais, na qual se destaca o atual momento vivido

    pelo licenciamento ambiental brasileiro, mostrando que qualquer tentativa debusca pela sustentabilidade, para ser efetiva, transcende discusses acadmicase demanda participao ativa de todos os setores da sociedade, em umaredefinio de todo um processo civilizatrio.

    Qualquer discusso sobre polticas ambientais requer um enfoque

    poltico ao invs de meramente cientfico ou tcnico, uma vez que no se

    limita simples organizao de aes polticas em determinada rea, mas

    discusso do prprio conceito de desenvolvimento. Uma poltica ambiental

    que exceda questes relativas ao controle de poluio ou a manuteno da

    biodiversidade ir fatalmente implicar na redefinio ou redirecionamentodo processo de desenvolvimento.- (Guimares, 2008, p..)

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    Instruo Normativa IBAMA n 14 de 27 DE OUTUBRO DE 2011 (2011, 27 de

    outubro). Altera e acresce dispositivos Instruo Normativa n 184/2008,que dispe sobre procedimento de licenciamento ambiental. .Braslia, DF:IBAMA- Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos NaturaisRenovveis.

    Lei n 6938 de 31 de agosto de 1981 (1981, 31 de agosto). Dispe sobre aPoltica Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulao e

    aplicao, e d outras providncias. Braslia, DF: Presidncia da Repblica.

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    Lei Complementar no 140 de 08 de dezembro de 2011 (2011, 08 de dezembro).Fixa normas, nos termos dos incisos III, VI e VII do caput e do pargrafo nicodo art. 23 da Constituio Federal, para a cooperao entre a Unio, osEstados, o Distrito Federal e os Municpios nas aes administrativas

    decorrentes do exerccio da competncia comum relativas proteo daspaisagens naturais notveis, proteo do meio ambiente, ao combate poluio em qualquer de suas formas e preservao das florestas, da faunae da flora; e altera a Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981. Braslia, DF:Presidncia da Repblica.

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    Portaria Normativa IBAMA n 10 de 22 de maio de 2009 (2009, 25 de maio) .Restringe a aplicao da Instruo Normativa n 146, de 10 de janeiro de2007, apenas ao licenciamento de empreendimentos de aproveitamento

    hidreltrico.

    Portaria Interministerial no 419 de 26 de outubro de 2011 (2011, 28 de outubro) .Regulamenta a atuao da FUNAI, da Fundao Cultural Palmares,do Institutodo Patrimnio Histrico e Artstico Nacional-IPHAN e do Ministrio da Sade,incumbidos da elaborao de parecer em processo de licenciamentoambiental de competncia federal, a cargo do IBAMA. Dirio Oficial da Unio,seo 1.

    Portaria MMA n 421 de 26 de outubro de 2011(2011, 28 de outubro). Estabelece

    procedimentos para o licenciamento e a regularizao ambiental federal desistemas de transmisso de energia eltrica. Dirio Oficial da Unio, seo 1.

    Portaria MMA no422 de 26 de outubro de 2011 (2011, 28 de outubro). Estabeleceos procedimentos a serem observados pelo IBAMA no licenciamentoambiental federal das atividades e empreendimentos de explorao eproduo de petrleo e gs natural situados no ambiente marinho e em zonade transio terra-mar. Dirio Oficial da Unio, seo 1.

    Portaria MMA no424 de 26 de outubro de 2011 (2011, 28 de outubro). Dispesobre procedimentos especficos a serem aplicados pelo Instituto Brasileiro

    do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovveis-IBAMA naregularizao ambiental de portos e terminais porturios, bem como os

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    outorgados s companhias docas, previstos no art. 24-A da Lei no 10.683, de28 de maio de 2003. Dirio Oficial da Unio, seo 1.

    Portaria MMA n 289 de 16 de julho de 2013 (2013, 19 de julho) . Dispe sobre

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    Recebido em 15/04/2013

    Aceito 01/06/2013