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Direitos da Criança em Situações de Crise e Propensas a Riscos 7 Módulo

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Direitos da Criança em Situações de Crise e Propensas a Riscos

7Módulo

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ÍNDICE

Acrónimos e abreviaturas 2

1. Introdução 31.1 Finalidade e objetivos 4

2. Considerações-chave 42.1 O que é a resiliência? 42.2 Integrar a resiliência em diferentes contextos 72.3 Coordenação de esforços para promover a resiliência 72.4 Enquadramento legal internacional e principais princípios da ação humanitária 92.5 Compromissos da UE para com crianças em situações de crise e propensas a riscos 92.6 Desafios 11

3. Integrar a resiliência na programação por país 123.1 Planeamento de prevenção e preparação 12

4. Pontos de entrada para envolvimento: Dar prioridade a crianças em esforços de construção de resiliência 174.1 Apoiar capacidades nacionais para a redução do risco de catástrofes (DRR) 174.2 Apoiar a participação de crianças em planeamento local, avaliações de riscos e monitorização 194.3 Garantir abordagens e estratégias de programas integrados 224.4 Participar em avaliações de necessidades conjuntas 23

FERRAMENTAS 27Ferramenta 7.1 Identificar ativos de capacidade e necessidades para

resposta a crises 27Ferramenta 7.2 Orientação operacional: Integração de preocupações com os direitos da criança na programação de DRR 29Ferramenta 7.3 Lista de verificação para avaliar a integração da resiliência

e preocupações com os direitos da criança em propostas de financiamento 30

Ferramenta 7.4 Orientação operacional: Fatores a considerar para análises contextuais 32

Ferramenta 7.5 Ferramentas e enquadramentos-chave de avaliação interagência 34

Anexos 36Anexo 7.1 Instrumentos-chave internacionais para proteger os direitos da criança em situações de emergência 36Anexo 7.2 Princípios humanitários 40Anexo 7.3 Referências/recursos 42

Notas finais 44

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ACRÓNIMOS E ABREVIATURAS

AGIR-Sahel Aliança Global para a Iniciativa Resiliência – SahelAAC Adaptação às Alterações ClimáticasCDC Convenção sobre os Direitos da CriançaOSC Organização da Sociedade CivilDRR Redução do Risco de CatástrofesFAO Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura IASC Comité Permanente Interagências PDI Pessoas Deslocadas InternamenteOIM Organização Internacional para as Migrações JHDF Quadro Conjunto de Desenvolvimento Humanitário IERD Interligação entre ajuda de emergência, reabilitação e desenvolvimento ONG Organização Não-governamentalOCHA Gabinete para a Coordenação de Assuntos HumanitáriosANPC AvaliaçõesdeNecessidadesPós-ConflitoNBRPC NecessidadesBásicasdeRecuperaçãoRápidaPós-ConflitoANPD Avaliações de Necessidades Pós-DesastreSHARE Apoio à Resiliência no Corno de ÁfricaUNDG-ECHA

Comité Executivo do Grupo de Desenvolvimento das Nações Unidas para Assuntos Humanitários

PNUD Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento ACNUR Alto Comissário da ONU para os Refugiados WASH Água, Saneamento e HigienePAM Programa Alimentar Mundial OMS Organização Mundial de Saúde

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1. Introdução

As crianças, as famílias, as comunidades e os sistemas que as apoiam enfrentam vários choques e tensões. Em muitos casos, o risco de catástrofe, as alterações climáticas, a degradaçãoambiental,oconflito/violênciapersistentes,asepidemiaseosefeitosdechoqueseconómicos (incluindo os aumentos do preço do combustível e dos alimentos a nível mundial) estão a impedir e a inverter ganhos de desenvolvimento e a criar maior vulnerabilidade, principalmente entre aqueles que já são marginalizados e excluídos. A rápida urbanização não-planeada, os riscos climáticos cada vez mais intensos1 e os ambientes naturais degradados exacerbam a vulnerabilidade e expõem mais pessoas a tensões e choques.

A rutura de mecanismos de proteção comunitária e estatal tradicionais que normalmente deriva de crises deixa as crianças sem serviços e proteções de que gozavam anteriormente. As consequências indiretas de crises podem incluir a perda de serviços básicos – tais como água, saneamento, saúde e educação – bem como o aumento da subnutrição e de doenças. Algumas crianças podem enfrentar práticas discriminatórias (i.e., com base no género, em deficiências,naetnia,etc.)quereduzemdrasticamenteoseuacessoaserviçossociaisbásicos.Mais,acrescentepobrezaresultantedecrisespodelevarfamíliasaempurrarassuasfilhasparacasamentosprecocesouosseusfilhosparaavidalaboralprecocecomomecanismoderesposta. O impacto de crises em populações já vulneráveis perpetua a pobreza, iliteracia e mortalidade precoce e rouba a infância, a família, a segurança, a educação, a saúde, o bem-estar psicossocial e as oportunidades de desenvolvimento de rapazes e raparigas.2

Porém, há um reconhecimento global de que os impactos destes choques e tensões podem ser evitados, mitigados e preparados. O Quadro de Ação de Hyogo (2005–2015), assinado por 168 governos, apela à “construção de nações e comunidades resilientes”; o resultado do 2012 Rio, “The Future We Want”, chama a atenção para a resiliência incluindo através da Adaptação às Alterações Climáticas (AAC), Redução do Risco de Catástrofes (DRR), paz e segurançaeproteçãodoambiente;e,“Conflito,ViolênciaeDesastre”éumdosonzetemaspara os quais a ONU está a incentivar “coligações amplas para a mudança” para informar a agenda de desenvolvimento pós-2015.3

Construir resiliência também está no cerne dos esforços da UE em contextos humanitários e de desenvolvimento. É visto como um objetivo a longo prazo que tem deestarfirmementecontidoempolíticaseno planeamento de um país. Os programas de desenvolvimento têm de resolver as causas de origem de crises recorrentes em vez de apenas as suas consequências de forma a garantir que os ganhos de desenvolvimento são genuinamente sustentáveis. Trabalhar com populações vulneráveis para construir a sua resiliência também é uma parte fundamental da redução da pobreza, que é o derradeiro objetivo da política de desenvolvimento da UE.

Programar para a resiliência colocando as crianças no seu centro requer focar-se nas capacidades das crianças, comunidades e autoridades locais e nacionais para gerir melhor o conjunto de choques e tensões que poderão enfrentar. Isto inclui assegurar que os serviços sociais básicos reduzem a vulnerabilidade estando acessíveis e adaptados ao risco, que as

“Oenfoque na resiliência salva mais vidas, é mais eficiente em termos

de custos e contribui para a redução da pobreza – reforçando assim o impacto da ajuda e promovendo o desenvolvimento sustentável.”4

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medidas de segurança social estão disponíveis aos mais pobres e que questões subjacentes, incluindo as normas sociais e desigualdades, são tratadas. Também requer o fomento da apropriação comunitária, o planeamento e a programação informados dos riscos, o trabalho com parceiros não-tradicionais e a melhoria de sinergias entre diferentes setores e agências, bem como entre a ação humanitária e a programação de desenvolvimento.

1.1 Finalidade e objetivos

Este módulo destina-se a intervenientes do desenvolvimento e humanitários no contexto de prevenção e preparação para catástrofes, bem como da conceção de intervenções de programas e interligação de esforços de desenvolvimento a longo prazo com atividades contínuas de assistência humanitária e de recuperação.

Neste módulo, iremos:

1. Definirasobrigaçõesdeparceirosgovernamentaisededesenvolvimentoparapreparar,evitar, mitigar e responder ao impacto de eventos adversos em crianças, prestando particular atenção à resposta e redução da vulnerabilidade de crianças em situações de catástrofes naturais e causadas pelo Homem

2. Explicar como coordenar com intervenientes humanitários em catástrofes naturais e causadaspeloHomemaidentificaçãodenecessidades,preparaçãoerespostaacatástrofescom o objetivo de construir resiliência para promover os direitos da criança

3. Identificaraçõesespecíficasparagarantirqueapreparação,arespostaaemergênciaseos esforços de desenvolvimento a longo prazo contribuem para construir resiliência e promover os direitos da criança

2. Considerações-chave

2.1 O que é a resiliência?

O conceito de resiliência invoca o reconhecimento de que choques e tensões impedem e invertem ganhos de desenvolvimento e criam maior vulnerabilidade, particularmente entre gruposmarginalizadoseexcluídostaiscomoraparigas,criançascomdeficiênciasecriançasem comunidades indígenas. Potenciar a resiliência implica uma abordagem a longo prazo baseada em aliviar as causas subjacentes que originam crises e potenciar capacidades para gerir melhor incertezas e mudanças futuras. Os programas humanitários e de desenvolvimento que contribuem para construir resiliência são mais eficazes na prestação de serviços ena proteção dos direitos das crianças e de outras populações vulneráveis.

DEFINIÇÃO: RESILIÊNCIA

“Resiliência é a capacidade de um indivíduo, uma família, uma comunidade, um país ou uma região suportar, adaptar-se e recuperar rapidamente de tensões e choques tais como secas, violências, conflitos ou catástrofes naturais.”5

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Assim sendo, a programação para a resiliência requer um enfoque no fortalecimento de sistemas, tais como serviços sociais ou governação sub-nacional, bem como capacitar as comunidades mais vulneráveis e expostas, incluindo crianças, com a capacidade de lidar com choques e tensões. Para isto, a resiliência é compreendida como um objetivo a longo prazo para cuja consecução é crucial a interface humanitária-desenvolvimento.

Eis algumas das características-chave de uma comunidade resiliente:

� Basederendimentoeestratégiasdemeiosdesustentodiversificados,incluindooacessoa mercados e informações, bem como a presença de oportunidades económicas

� Acesso a ativos (financeiros, sociais, humanos, físicos, naturais) e a serviços sociaisbásicosflexíveisedequalidadeparaseadaptarachoquesetensões

� Acesso a programas de segurança social incluindo redes de segurança antes e especialmente durante períodos difíceis

� Instituições/estruturas recetivas e inclusivas que trabalham com realidades variáveis de comunidades e famílias

� Acesso a informação e aptidões que permitam comportamentos adaptativos positivos em antecipação de e, quando necessário, em resposta a choques

� Agência e ligação – entre contextos urbanos e rurais, entre diferentes gerações e géneros, entre sistemas de Estado e respetivos equivalentes consuetudinários locais e entre agênciasprestadorasdeserviçoseosutilizadoresfinais.

CRESCIMENTO COM RESILIÊNCIA: OPORTUNIDADES NA AGRICULTURA AFRICANA6

Desenvolvimento

Tempo

Tensão ouChoque

Melhorar a resiliência

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Exemplos de apoio em diferentes contextos

Países com elevada vulnerabilidade e sistemas nacionais com baixa capacidade para evitar e gerir choques: Nestas situações, os intervenientes de desenvolvimento e humanitários tendem a estar envolvidos em apoio localizado à prestação de serviços, acompanhado por estratégias explícitas de capacitação direcionadas para as origens de fragilidade através de uma mistura de intervenções humanitárias e de desenvolvimento. Estas estratégias devem estar informadas por análises de risco de conflitos e catástrofes.

Países com elevada vulnerabilidade e sistemas nacionais limitados mas com capacidade crescente para evitar e gerir choques: Nestas situações, o apoio focaliza-se no fortalecimento de sistemas ao longo do tempo, ao mesmo tempo que ajuda a colmatar lacunas críticas para ajudar a chegar a populações excluídas como parte de uma abordagem explícita para transferir gradualmente a liderança para instituições nacionais.

Países com elevada vulnerabilidade e sistemas nacionais com alta capacidade para evitar e gerir choques: O apoio à ação humanitária nesses países geralmente focaliza-se na defesa dos padrões de direitos da criança, DRR e aconselhamento de políticas centradas na criança.

Países com contextos de governação desafiada/conflitos civis onde os sistemas nacionais anteriormente avaliados como relativamente fortes sofrem de um desafio de legitimidade e/ou tornam-se menos operacionais: Estas situações podem ser bastante desafiantes no que diz respeito à promoção dos direitos da criança pois as autoridades podem-se tornar uma das partes beligerantes envolvidas em violações contra os seus próprios cidadãos.

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2.2 Integrar a resiliência em diferentes contextos

Há diferentes tipos de crises e choques que podem ocorrer e afetar adversamente a capacidade de populações afetadas suportarem e recuperarem dos seus efeitos. Cada um apresentaumconjuntoúnicodedesafiose,porisso,requerumaestratégiaderespostaquesejaespecíficaparaocontexto,flexível,adaptávele informadaporumaanálisede causas subjacentes e necessidades imediatas. Pode-se implementar uma estratégia de resposta sólida que garantirá intervenções eficientes com impacto sustentável alongoprazodeformaaabordareficazmenteasnecessidadesdaspopulaçõesemrisco,principalmente crianças.

2.3 Coordenação de esforços para promover a resiliência

O apoio prestado a governos nacionais e locais e às populações afetadas em situações de crise requer um elevado grau de coordenação de forma a assegurar que os esforços para construirresiliênciaepromovercapacidadeslocaisestãoalidareficazmentecomquestõesprioritárias e para evitar a duplicação ou lacunas na entrega. A proteção de crianças não pode ser alcançada através dos esforços de um indivíduo, uma organização ou um setor. Requer a combinação de conhecimento, aptidões e recursos e resolução conjunta de problemas entre a comunidade local, organizações governamentais e intervenientes de desenvolvimento e humanitários.

A boa coordenação é crítica tanto ao nível internacional como nacional. Permite a intervenientes de desenvolvimento e humanitários explorar a respetiva especialização e conhecimento e garantir uma resposta completa que associe o alívio de desastres à recuperação e ao desenvolvimento e esteja relacionado com as prioridades de comunidades afetadas.

Como forma de potenciar a coordenação entre intervenientes humanitários em particular, o Comité Permanente Inter-agências (IASC) adotou a “abordagem conjunta” (“cluster approach”)emDezembrode2005comomecanismopararesolverlacunasidentificadasnaresposta e potenciar a qualidade da ação humanitária. Faz parte de um processo de reforma maisabrangentedestinadoamelhoraraeficáciadarespostahumanitáriaassegurandoumamaior previsibilidade e responsabilização, enquanto ao mesmo tempo se fortalece parcerias entre organizações da sociedade civil (OSC), organizações internacionais, o Movimento InternacionaldaCruzVermelhaedoCrescenteVermelhoeagênciasdaONU.

Ao nível global, o objetivo da abordagem conjunta é fortalecer a preparação ao nível do sistema e a capacidade técnica para responder a emergências humanitárias ao assegurar que existe liderança previsível e responsabilização em todos os setores ou áreas principais de resposta humanitária.7

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LISTA DE GRUPOS (CLUSTERS) GLOBAIS

SETOR OU ÁREA DE RESPONSABILIDADE

PESSOAS DESLOCADAS INTERNAMENTE (PDI) OU SITUAÇÕES DE CATÁSTROFE

LÍDER GLOBAL DO GRUPO / CLUSTER

Agricultura � Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO)

Coordenação/gestãode campos

� PDI de conflitos

� Situações de catástrofe

� Agência das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR)

� Organização Internacional para as Migrações (OIM)

Recuperação rápida � Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD)

Educação � Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), Save the Children

Abrigo de emergência

� PDI de conflitos

� Situações de catástrofe

� ACNUR

� Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho (IFRC) (Convocador)

Telecomunicações de emergência

� Gabinete para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA)

� UNICEF

� Programa Alimentar Mundial (PAM)

Saúde � Organização Mundial de Saúde (OMS)

Logística � PAM

Nutrição � UNICEF

Proteção � PDI de conflitos

� Catástrofes/civis afetados por conflitos (outros que não PDI)

� ACNUR

Água, saneamentoe higiene (WASH)

� UNICEF

A abordagem conjunta oferece uma oportunidade melhorada para coordenar esforços de resiliência ao proporcionar uma plataforma para:

� Esforços de capacitação de intervenientes internacionais, nacionais e locais para prevenção, preparação e resposta a crises

� Desenvolver uma estratégia de saída nos esforços contínuos com metas e objetivos de resiliência a longo prazo

� Reunir intervenientes humanitários e de desenvolvimento para definir necessidadesimediatas, ações prioritárias e atribuição de responsabilidades.

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2.4 Enquadramento legal internacional e principais princípios de ação humanitária

Além da Convenção sobre os Direitos da Criança (CDC), que se aplica a todas as crianças em todos os contextos, as provisões para proteger crianças durante crises humanitárias recorrem ao enquadramento mais abrangente da lei internacional – incluindo o direito internacional em matéria de direitos humanos, o direito humanitário internacional, o direito dos refugiados e o direito penal internacional. Além de convenções internacionais, resoluções relevantes do Conselho de Segurança e da Assembleia Geral da ONU, Princípios Orientadores sobre a Deslocação Interna e outros instrumentos de direito indicativo fornecem âmbitos normativos para proteção. (Para mais informações, consulte o Anexo 7.1.)

Os Estados têm a principal responsabilidade de garantir que os direitos humanos dos seus cidadãos são respeitados, protegidos e cumpridos. Durante tempos de crises humanitárias, se os Estados não conseguirem ou não estiverem dispostos a cumprir o seu papel, as organizações humanitárias tentam prestar assistência e proteção a populações em necessidade. A forma como a assistência é prestada pode afetar muito a recuperação de crianças, das suas famílias e comunidades.

Bem como um enquadramento legal adicional que se aplica a contextos humanitários, há um conjunto diferente de princípios que orientam a ação humanitária. Conhecidos como “princípios humanitários e padrões de conduta”, estes baseiam-se largamente no direito humanitáriointernacionalenotrabalhodoComitéInternacionaldaCruzVermelha(CICV).(Para mais informações, consulte o Anexo 7.2.)

2.5 Compromissos da UE para com crianças em situações de crise e propensas a riscos

Em 2012, a Comissão Europeia adotou um Comunicado sobre “A Abordagem da UE à Resiliência: Aprender com a crise de segurança alimentar”. O comunicado baseia-se na experiênciasignificativadaComissãoaresponderacriseshumanitáriaseenfrentarascausasde origem da vulnerabilidade e fragilidade – tais como as crises massivas de seca recentes em África onde a Comissão se foca não só na resposta imediata a crises, mas também em fomentar a segurança alimentar e nutricional a longo prazo e em aumentar a capacidade da população para lidar com secas futuras.

O comunicado realça 10 passos para aumentar a resiliência e reduzir a vulnerabilidade das pessoas mais vulneráveis do mundo. Estes passos incluem o apoio à conceção de estratégias nacionaisderesiliência,planosdegestãodecatástrofesesistemasdealertaprecoceeficientesem países propensos a catástrofes, bem como a apresentação de abordagens à gestão de riscos através da colaboração com a indústria dos seguros. O comunicado também anunciou um Plano de Ação para Resiliência para 2013 que ditará a base para a implementação dos princípios que delineia.

As principais iniciativas relacionadas com a resiliência da Comissão até à data são o Apoio à Resiliência no Corno de África (SHARE) e a Aliança Global para a Iniciativa Resiliência – Sahel (AGIR-Sahel). O objetivo do novo comunicado sobre resiliência é usar a experiência obtida através

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destas e de outras iniciativas para garantir que o apoio da UE ajuda comunidades vulneráveis não só a sobreviver a catástrofes mas também a tornarem-se mais capazes de lidar com elas e recuperar com êxito. As lições aprendidas com estas respostas a crises de segurança alimentar serão usadas para outros contextos e noutros setores também.

O conceito de resiliência também constou firmemente da agenda internacional comopartedo4.ºFórumdeAltoNívelsobreaEficáciada Ajuda que decorreu em Busan em 2011. No Fórum, os intervenientes do desenvolvimento comprometeram-se a “…garantir que estratégias e programas de desenvolvimento dão prioridade à construção de resiliência entre pessoas e sociedades em risco de choques, especialmente em cenários altamente vulneráveis tais como pequenos Estados insulares em desenvolvimento. Investir na resiliência e redução de riscos aumenta o valor e a sustentabilidade dos nossos esforços de desenvolvimento”.

Além dos compromissos gerais dos Estados na promoção dos direitos da criança em todas as ações internas e externas (ver Módulo 1: Visão geral dos Direitos da Criança na Cooperação para o Desenvolvimento), a Agenda da UE para os Direitos da Criança (2011) estabelece um compromissoespecíficodeproteger crianças em situações vulneráveis, que é especialmente relevante em situações de emergência, bem como em todas as fases de interligação entre ajuda de emergência, reabilitação e desenvolvimento (IERD).

O Documento de Trabalho dos Serviços da UE de 2008 sobre Crianças em Situações de Emergência e Crisedefineque“as crianças estão no cerne do mandato humanitário da Comissão” e que “são a parte da população mais afetada por crises humanitárias […pois] são uma presa fácil para recrutamento por grupos armados para exploração sexual, trabalhos forçadosetráficointernacional[e]sãofrequentementevítimasdeviolênciaeabusosexual”.

O documento também reconhece que “as crianças têm necessidades que têm de ser diferenciadasdeacordocomassuascircunstânciasespecíficas(deficiências,portadorasdeVIH,deslocadas,etc.)eidade”eabordatrêsquestõesespecíficasquerequerematenção:

� Crianças separadas ou não acompanhadas � Desmobilização e reintegração de crianças-soldado � Educação em emergências

As DiretrizesdaUEsobreCriançaseConflitosArmados (atualizadas em 2010) abordam particularmenteofactodeque“ascriançastêmnecessidadespós-conflitoespeciaisacurtoe longo prazo, tais como encontrar familiares, correção e reintegração social, programas de

O Consenso Europeu sobre Ajuda Humanitária (2007)

Para responder a necessidades humanitárias, tem de se ter em conta vulnerabilidades particulares. Neste contexto, a UE prestará especial atenção a mulheres, crianças, idosos, doentes e pessoas com deficiências. Mais, tem de se incorporar estratégias de proteção contra violência sexual e baseada em género em todos os aspetos da assistência humanitária.

Diretrizes da UE sobre Crianças e Conflitos Armados (2010)

As crises duradouras podem ter um efeito devastador nas crianças que crescem no seio de uma situação destas, criando “gerações perdidas” que se arriscam a alargar o conflito e a perpetuar a violência e a instabilidade, uma vez que as crianças só conhecerão violência e crise.

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reabilitação psicossocial, participação em programas de desarmamento, desmobilização e reintegração, bem como em enquadramentos jurídicos transicionais”.

Em linha com os princípios de IERD, as diretrizes também reconhecem a “importância de garantir a coordenação e continuidade entre as várias políticas e ações direcionadas à situaçãodecriançasafetadasporconflitosarmadosemváriasáreasdepolítica,incluindoassistência externa e ajuda humanitária”.

2.6 Desafios

Protegerosdireitosdacriança–oquepodesersuficientementedesafianteemcontextosnormais de desenvolvimento – torna-se ainda mais difícil no contexto de crises humanitárias, principalmente em relação a garantir que preocupações de resiliência se transformam em respostas de emergência e esforços de desenvolvimento a longo prazo. Isto deve-se a um conjunto de variáveis incluindo:

� Silos institucionais e diferentes prazos para resposta, prioridades, alocação de recursos, especialização de pessoal e mandatos institucionais.

� Aumento do número de intervenientes operacionais, onde intervenientes não-estatais não se consideram vinculados a um enquadramento de direitos humanos.

� Múltiplos contextos sobrepostos: Em algumas situações, parte do país pode ser relativamente estável, seguindo uma estratégia de desenvolvimento normal, enquanto noutras pode surgir uma crise localizada sobre a qual o governo pode ter pouco ou nenhum controlo administrativo. Um país também pode experienciar uma mistura de catástrofes naturais,tensãosocialeconflitoarmado.Portanto,podeserrequeridoaumaagênciatervárias abordagens diferentes no trabalho no país e nas suas relações com o governo.

� Sentido de urgência e pressão para responder rapidamente: As crises de início rápido podem-se caracterizar por uma rutura administrativa e social drástica e obrigam a uma ação humanitária para salvar vidas e proteger crianças. Porém, nem todas as crises sãorápidaspoisalgumaspodemestourar,enfraquecerefluir– istoéparticularmenteverdadeiro em emergências complexas que são políticas por natureza e que estão associadasaconflitosarmados.Umconflitodebaixaintensidadepodedurardécadas.

� Os titulares de deveres são infratores: Elementos no governo e intervenientes não-estatais, dois dos principais titulares de deveres em situações de conflito armado, perpetramintencionalmente e com frequência graves violações de direitos da criança como parte de um plano deliberado, em vez de devido à falta de capacidade. A violência sexual tem sido usada como arma de guerra, destinada a aterrorizar a população do inimigo ou criar gravidezes que diminuem um grupo étnico. As forças e os grupos armados incluíram as crianças nas suasfileiras.A limpeza étnica tem sidousadaparapurgarumgrupoparticular de uma área. Em algumas circunstâncias, os governos ou atores não-estatais tentaram o genocídio. Noutras, os governos ou grupos insurgentes impediram a ajuda humanitária de chegar a populações vulneráveis com a intenção de negar a essas pessoas as provisões necessárias. Por vezes, roubaram essas mesmas provisões para as usarem ou revenderem para obter lucro.

� Capacidade nacional diminuída: As crises humanitárias podem resultar na destruição de ativos, criar exigências que não podem ser cumpridas com a capacidade existente ou levar ao redirecionamento de recursos nacionais. As OSC podem ser importantes aliados na assistência e proteção de populações afetadas e agir como vozes poderosas

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na exigência de maior responsabilização por parte do governo, das agências das NU e outros. Contudo, estes grupos também sentem os mesmos impactos na sua capacidade administrativa e programática durante uma crise e lutam para proteger recursos valiosos.

3. Integrar a resiliência na programação por país

Construirresiliênciaéumesforçoalongoprazoquetemdeestarfirmementecontidoempolíticase no planeamento de um país. Garantir que as estratégias de resiliência têm em conta preocupações relativas aosdireitosda criançanão sópotenciaráa eficácia eo impactodaassistência, comotambém contribuirá inerentemente para alguns dos seus objetivos estratégicos. Em particular:

� Na examinação das causas imediatas, subjacentes e de origem de uma crise, e na convocação de intervenientes para lhes darem prioridade e as resolverem, uma abordagem baseada em direitos encoraja o investimento em estratégias de redução do risco de catástrofes (DRR) e preparação de alerta precoce, estratégias de prevenção de conflitosedeconstruçãodapazpós-crise,entreoutras.

� Ao requerer uma análise situacional, uma abordagem baseada em direitos exige que o contexto económico, social e político mais abrangente de um programa seja considerado em todas as fases e áreas de intervenção (esta análise pode ajudar a moldar a natureza frequentemente complexa e cíclica das crises).

� Ao requerer capacitação, apropriação local e sustentabilidade, uma abordagem baseada em direitos encoraja os planeadores de programas a garantir que a assistência humanitária é concebida de forma a que a fase transicional seja consistente com objetivos de desenvolvimento e sustentabilidade a longo prazo.

Algumas estratégias-chave para garantir que as crianças constam dos esforços de construção de resiliência de programas nacionais são discutidas na próxima secção.

3.1 Planeamento de prevenção e preparação

Definida de uma forma ampla, a preparação inclui atividades e medidas tomadasantecipadamente para garantir uma resposta eficaz ao impacto de riscos. Os esforçosde preparação de emergências podem garantir que os governos tenham informações exatas e atualizadas, antes de uma crise, acerca da população em risco e acerca das suas vulnerabilidadesecapacidadesdistintas.Tambémpodemajudarosgovernosaidentificarlacunas na sua própria preparação e capacidade de resposta e informar esforços para eliminar essas lacunas antes de estalar uma crise.

Os esforços de preparação também se podem focar na redução da exposição de grupos populacionais e ajudar a dirigir recursos para construir a resiliência de crianças e famílias. Envolver diferentes intervenientes institucionais e da sociedade civil – bem como diferentes grupos populacionais, incluindo crianças e adolescentes – no planeamento de preparação é crítico para informar uma resposta baseada tanto em direitos como provas e para construir resiliência.

Para apoiar esforços de planeamento de prevenção e preparação, os intervenientes de desenvolvimento e humanitários podem levar a cabo as seguintes atividades.

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A. Antecipar crises através da avaliação de riscos

É importante realizar avaliações multi-riscos e multissetoriais de riscos e que os respetivos resultados sejam devidamente refletidos através do diálogo de políticas com parceirosnacionais.Esteexercíciodeve-sedestinara identificareanalisarascausasimediatasedeorigem de vulnerabilidades de uma crise, os intervenientes-chave responsáveis pela redução de riscos e as necessidades a responder em termos de capacidade. As avaliações de risco, baseadas em análises de perdas e estimativa de potenciais perdas futuras, são essenciais para uma tomada de decisões informada. Os governos, os decisores e outros agentes-chave relevantesdevemencorajarodesenvolvimentoefinanciamentodeplanospararesiliênciade uma forma coordenada e coerente entre setores.

Enquadramento modelo

� Que perigos significativos e ameaças representam o maior risco para crianças e mulheres? Onde surgirão estes perigos? Quem são os mais vulneráveis e, consequentemente, os mais afetados?O exercício de identificação e priorização de riscos deve servir para identificar os perigos naturais e causados pelo Homem mais significativos no país e deve-se realizar envolvendo a mais ampla representação governamental possível, a ONU, doadores e parceiros não-governamentais. A medida em que os perigos, especialmente os relacionados com conflitos e agitações sociais, podem ser discutidos dependerá da compreensão e cooperação do governo. Em alguns casos, o planeamento à volta de catástrofes naturais pode proporcionar um representante adequado para planear riscos de conflito politicamente mais sensíveis.

� Porque é que estes perigos afetam os mais vulneráveis com uma força assim? Quais são as causas subjacentes e de origem das vulnerabilidades que levam certos grupos a sofrer da ocorrência de catástrofes naturais ou causadas pelo Homem?As origens de vulnerabilidades socioeconómicas estão frequentemente bem estabelecidas cultural, histórica ou politicamente e, por isso, não podem ser corrigidas no período de um ciclo de programa humanitário. Mesmo que tenham sido criadas intervenções de programas para aumentar a capacidade de resposta imediata e a médio prazo dos grupos em risco, não substituem medidas para abordar as causas de origem de vulnerabilidades. Os intervenientes humanitários e de desenvolvimento devem determinar se e em que medida as causas básicas politicamente sensíveis – tais como violações flagrantes dos direitos humanos, discriminação racial, étnica, baseada no género ou religiosa, ou corrupção – podem e devem ser resolvidas.

� Quem ou que indivíduos e/ou instituições têm o dever de reduzir estes riscos?Um processo de análise situacional informada dos riscos de emergência deve identificar e analisar os papéis de intervenientes regionais, nacionais e sub-nacionais governamentais e não-governamentais que tenham uma responsabilidade primária para reduzir riscos para crianças e mulheres. As capacidades da sociedade civil e do setor privado também devem ser incluídas nesta análise.

� Que capacidades são necessárias para abordar os riscos de emergência de maior impacto e mais prováveis, tanto para aqueles cujos direitos são negados através da vulnerabilidade como para aqueles que têm o dever de resolver estes problemas?As capacidades existem no seio familiar, na comunidade e ao nível governamental sub-nacional e central, em países vizinhos e na comunidade internacional e na sociedade civil, em organizações não-governamentais (ONG) e no setor privado. É importante rever todas estas capacidades, explorando disparidades ao nível sub-nacional, bem como entre diferentes grupos populacionais.

Módulo 7: Direitos da Criança em Situações de Crise e Propensas a Riscos

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Exemplo: Alerta precoce na prática

No Nepal, os sistemas de alerta precoce apoiados pela UE provaram a sua importância em Agosto de 2010. Quando os níveis das cheias no rio Rapt excederam o nível de alerta ao longo do rio, as comunidades a jusante foram avisadas através de uma rede de rádio e telefone. Tiveram tempo para deslocar os seus bens essenciais e móveis para locais mais altos e seguros. Quando as cheias atingiram as vilas, as pessoas já estavam em segurança. Os sistemas de alerta precoce minimizaram perdas de vida e propriedade.8

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B. Construir capacidades nacionais para preparação e resposta

O desenvolvimento de capacidades está pensado para obter os melhores resultados na construção de resiliência e na ligação entre os esforços de ajuda de emergência e de desenvolvimento. Investir em capacidades nacionais ajuda a assegurar que a assistência prestada salva vidas e é sustentável, ao mesmo tempo que também prepara as pessoas para serem agentes relevantes de esforços de preparação futuros.

Que capacidades devem ser construídas?

1. Coordenação e liderançaA capacidade de coordenação, conforme definida nos termos da abordagem conjunta, aponta claramente para apoiar as seguintes capacidades: desenvolvimento de políticas, desenvolvimento de estratégias, planeamento e estabelecimento de prioridades, estabelecimento de normas, monitorização de desempenho e gestão do conhecimento e da informação. O desenvolvimento da capacidade nacional é crítico tanto nas fases de preparação, como também de recuperação.

2. Abordagens programáticas específicas de setorA maioria dos elementos de resposta humanitária setorial envolve a priorização, o direcionamento e o aumento de intervenções de salvamento de vidas e proteção que já fazem parte de programas e serviços num contexto de desenvolvimento. A necessidade de aumentar intervenções de programas selecionadas poderá apontar para áreas específicas para o desenvolvimento da capacidade nacional. Além disso, a experiência em ação humanitária e recentes desenvolvimentos nos grupos (clusters) priorizaram intervenções programáticas inovadoras – tais como a Rede Internacional para a Educação em Emergências (INEE) “Minimum Standards for Education: Preparedness, response, recovery” (Padrões Mínimos para Educação: Preparação, resposta, recuperação), gestão baseada na comunidade de subnutrição aguda grave, e programação psicossocial, só para mencionar algumas – que requerem desenvolvimento de novas capacidades entre intervenientes nacionais.

3. Mobilização de recursos e gestão de operaçõesOs governos devem conseguir mobilizar recursos, incluindo provisões, recursos humanos, competências, logística, fundos e informação. Devem conseguir gerir o processo interno e externo para fazer isto.

4. Planeamento de alerta precoce e preparaçãoO planeamento de contingência para potenciais emergências e sistemas de alerta precoce completos, que incluem a recolha e análise de dados e estruturas em ministérios, são vistos como outras funções importantes conforme ilustrado pela crise de nutrição no Níger, por exemplo.

5. Redução do riscoA redução do risco ocorre a vários níveis e é crítica para incorporar uma abordagem integrada – focando-se na partilha de informação e conhecimento, em plataformas multi-agentes, resiliência e adaptação – bem como estratégias de alerta precoce tradicionais. O desenvolvimento da capacidade nacional para a redução do risco deve-se focar no desenvolvimento de estratégias de resposta ao nível comunitário, ligando-se igualmente à liderança nacional e a padrões, políticas e plataformas existentes. O conhecimento e a cultura locais devem ser centrais em todos os esforços de redução do risco; apesar de haver elementos comuns em termos de enquadramentos, abordagens e ferramentas, os resultados finais têm de refletir as necessidades, capacidades e tradições locais.9

Módulo 7: Direitos da Criança em Situações de Crise e Propensas a Riscos

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Abordagem de duas vias para a prestação de serviços: Haiti

No contexto das estruturas de governação central extremamente fracas no Haiti, seguir uma abordagem de duas vias ao nível nacional e sub-nacional demonstrou a vantagem comparativa da UNICEF e dos seus parceiros no apoio à prestação de serviços a ambos os níveis. Ao nível sub-nacional, a UNICEF pretendeu capacitar estruturas de governação local e fortalecer esforços comunitários para apoiar e manter intervenções sustentáveis. Ao nível nacional, a UNICEF apoiou o governo nacional a exercer o seu papel regulamentar, normativo, em vez de se focar estritamente no rescaldo do terramoto. A UNICEF também desempenhou um papel fulcral na promoção de serviços e na capacitação fora da capital, o que ajudou ao descongestionamento de Port-au-Prince e à descentralização da prestação de serviços.

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Paraisso,éimportanteverificartambémquemsãoosagentes-chave,analisarascapacidadesrelativase lacunasdecadagrupoe identificaraçõesconcretasnecessáriasparacapacitarintervenientes para garantir que as capacidades de resposta a emergências e preparação a longo prazo estão implementadas.

Ver Ferramenta 7.1 sobre a identificação de ativos de capacidade e necessidades para resposta a crises.

C. Investir em sistema de alerta precoce

O alerta precoce refere-se ao processo de fornecimento de informação atempada através da recolha sistemática de informação e de análises de risco sobre potenciais emergências que permitem a preparação e resposta à emergência criteriosas e melhor informadas. Os sistemas de alerta precoce podem, por exemplo, dar às populações afetadas a oportunidade de fugir dos efeitos de uma catástrofe natural, permitir às autoridades locais abrigar ou realojar um grande número de pessoas antes de uma cheia ou de um furacão, facultar informações sobre a ocorrência de um perigo para a saúde pública e permitir uma resposta mais rápida a problemas de insegurança alimentar. Os alertas emitidos com muita antecedência também permitem às pessoas protegerem alguma propriedade e infraestruturas. Por isso, é crítico para intervenientes do desenvolvimento apoiarem o desenvolvimento de sistemas de alertaprecocequepodemlevara reduçõessignificativasdeperdasdevidasedanosempropriedade.

Tersistemasdealertaprecoceeficientesimplementadostambémpodepermitirqueprogramasde desenvolvimento ajam rapidamente e se adaptem conforme for necessário. Estes programas a longo prazo podem estar posicionados para responder a previsões de uma crise, pois já existem intervenientes do desenvolvimento no terreno, que já estabeleceram ligações com comunidades e organismos governamentais e têm pessoal e organizações parceiras a trabalhar.

As informações facultadas através destes sistemas de alerta precoce, por sua vez, têm de estar sistematicamente associadas a políticas e à tomada de decisões ao nível local e nacional. Por exemplo, os dados emergentes sobre subnutrição infantil devem informar políticas de segurança alimentar e agricultura sustentável.

4. Pontos de entrada para envolvimento: Dar prioridade as crianças nos esforços de construção de resiliência

4.1 Apoiar capacidades nacionais para a redução do risco de catástrofes (DRR)

Apoiar capacidades nacionais para a DRR10 é essencial para reduzir a vulnerabilidade e o risco norescaldodeumaemergência.ADRRéumaabordagemsistemáticaparaidentificar,avaliarereduziresserisco.Especificamente,asuafinalidadeéminimizarvulnerabilidadeseosriscosdecatástrofes em toda a sociedade de forma a evitar (prevenir) ou limitar (mitigar e preparar para) os impactos adversos de desastres naturais e facilitar o desenvolvimento sustentável.

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Quénia: Consultas à comunidade realizadas pela UNICEF na zona árida para promover o papel e dar voz às mulheres para identificar vulnerabilidades e capacidades.

Vietname: Foram feitas mudanças de comportamento para poupança de água, eficiência e conservação em áreas propensas a secas/cheias.

Níger: Transferências de dinheiro condicionais promoveram práticas familiares em áreas que sofriam de insegurança alimentar.

Ásia Central: Análises de risco levaram a um programa de educação adaptado que formou 10 000 professores/atores de gestão de catástrofes e 380 000 crianças em segurança escolar.

Exemplos: Resiliência na prática

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As abordagens de DRR estão frequentemente consonantes com o lema “reconstruir melhor”, que podem lidar amplamente com questões de “hardware” ou infraestruturais. É crucial lembrar que também têm de apoiar as questões de “software” ou recuperação humana.

“Reconstruir melhor” não significa meramente reconstruir “mais bonito” nemtecnologicamente melhor; deve significar construir melhor em termos de resiliência esustentabilidade, associando a reabilitação física à recuperação e transformação sociais. As abordagens de capacitação e participação ajudam a garantir que tanto as abordagens de “hardware” como de “software” são intervenções bem projetadas – incluindo participação e apropriação – que podem ser uma base para assistir a transformação social.

Ver Ferramenta 7.2 sobre integração de preocupações com os direitos da criança na programação de DRR.

4.2 Apoiar a participação de crianças em planeamento local, avaliações de risco e monitorização

Implementarmedidasdeconstruçãoderesiliênciaeficazesnãosignificaránadasemaparticipaçãoorganizada das próprias comunidades locais. O seu envolvimento total e os seus contributos são essenciais para fazer progredir as agendas de resiliência e desenvolvimento sustentável.

Como as crianças, os adolescentes e os jovens representam frequentemente mais de 60 por cento das populações afetadas por crises, apoiar o seu envolvimento positivo em esforços de prevenção, preparação e recuperação é um aspeto importante no fomento de sociedades mais inclusivas. A sua participação sustentada em esforços comunitários e nacionais pode contribuir para o seu próprio desenvolvimento positivo e sentido de bem-estar. (Ver Módulo 3: Participação da criança.)

As crianças podem desempenhar uma série de papéis na prevenção, preparação, resposta e recuperação de crises. Podem contribuir para políticas e processos de planeamento, participar na conceção de avaliações, recolher dados e facultar informações, agir como advogados dos direitos da criança e consciencializar para problemas. As crianças mais velhas até podem estar envolvidas na prestação de serviços.

Trabalhar com crianças em emergências tem demonstrado a importância de não só assegurar o respeito pelo direito que a criança tem a ser um participante ativo nessas circunstâncias, mas também garantir os resultados mais positivos para a sua recuperação11. Deve-se ter em consideração as seguintes ações de forma a promover oportunidades para o envolvimento de crianças em formas que usarão o seu potencial contributo de forma otimizada tanto para elas próprias como indivíduos, como para outras crianças e as suas comunidades12:

� Preparar atempadamente as crianças para a preparação e resposta a emergências, e primeiros-socorros. Os mecanismos de redução do risco de catástrofes e resposta às mesmas baseados na comunidade que envolvem crianças antes de uma emergência ajudam as crianças a sobreviverem e podem permitir-lhes ajudar terceiros. Quem trabalha com esses mecanismos deve ter formação para trabalhar com crianças e jovens para alavancar o seu potencial e a sua participação na assistência à emergência e recuperação.

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Exemplo obtido no terreno: Ensinar crianças mais novas

Em Bihar, na Índia, as cheias ocorrem todos os meses de Julho. As escolas são usadas para armazenar material de assistência e estão fechadas durante catástrofes de água. Agora, em muitos distritos, as crianças têm funções no período pós-cheia. As suas funções incluem cuidar e ensinar outras crianças. Os adolescentes tomam conta de crianças mais novas e órfãs ou de crianças cujos pais estão a trabalhar longe de casa. São criadas escolas temporárias em abrigos em tempo de cheias e os horários de aulas são ajustados para acolher crianças que têm de trabalhar, bem como crianças que são responsáveis pelo pastoreio de gado. As crianças com 12 anos ensinam outras acerca de questões sociais, tais como o casamento de crianças e o trabalho infantil.13

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� Envolver as crianças como agentes sociais no seu próprio direito, com a capacidade deinfluenciarasuasituaçãodeformapositiva.Devemserreconhecidaseaceitescomoparceiros estratégicos, com reconhecimento do seu papel como recursos essenciais para o desenvolvimento comunitário em vez de serem vistas como problemas. As suas opiniões devem ser inferidas através da apreciação, conceção, implementação, monitorização e avaliação de programas. Existe um conjunto crescente de provas do contributo significativo que as crianças conseguem dar em situações de conflito, resolução pós-conflitoeprocessosdereconstruçãodepoisdeemergências.

� Reconhecer competências e pontos fortes das crianças, e focalizar-se na regeneração de resiliência conforme é entendida por essas crianças e pelos mais velhos. As crianças precisam de oportunidades para falar sobre estes temas preocupantes para elas e de estar envolvidas em questões mais abrangentes de preocupação local imediata. Isto ajudá-los-á a adquirir aptidões de resolução de problemas e a ganhar um sentido de controlo sobre as suas vidas. E partilhar o sofrimento com outras pessoas pode ajudar as crianças a superar o seu sentido de perda.

� Proporcionar um espaço seguro para interação com pares e promover oportunidades positivas para crianças e jovens para se juntarem e se organizarem e aos seus próprios programas. Os programas devem encorajar a participação ativa das crianças na tomada de decisão, resolução de problemas, formação de equipas e tutoria de pares para reforçar atributos individuais em crianças que contribuem para a auto-estima, a auto-eficáciae o fazer frente aos problemas. Por exemplo, as crianças em campos de refugiados podem ser encorajadas a contribuir para a sua própria segurança e bem-estar através do estabelecimento de fóruns de crianças.

� Apoiar ações, projetos e grupos existentes para crianças e descobrir que crianças e jovens já estão envolvidos e quem está a trabalhar com eles. Através destas redes, é possível consultar crianças e aprender com elas sobre problemas locais e as suas preocupações.

� Desenvolver abordagens de proteção infantil que assentem em recursos locais e perceções locais de crianças e adultos. As crianças precisam de proteção e segurança para alcançarem um desenvolvimento saudável mesmo em situações de emergência. Isto pode ser conseguido através da criação de um “ambiente protetor” que incluiria a prestação de serviços, o estabelecimento de sistemas e redes de apoio, a garantia de proteção e leis e a existência de políticas para permitir a sua implementação. Podem existir riscos bem como benefíciosassociadosàparticipaçãodeadolescentes.Emsituaçõespós-conflito,odireitodos adolescentes à participação pode estar em divergência com o seu direito à proteção. Osconflitospodemsurgirdevidoao controlode recursosedepessoas.Emsituaçõesaltamente politizadas, pode ser perigoso para crianças e adolescentes assumirem papéis públicos. Ao longo de todo o trabalho de emergência, é essencial assegurar que estão implementadas políticas, procedimentos emecanismosde proteção infantil eficazes eque todo o pessoal tem formação nestes sistemas.

� Desenvolver capacidades de crianças através do apoio a crianças mais velhas para ensinar as mais novas, e para lhes permitir prestar apoio psicossocial e cuidados a crianças mais novas.

� Estabelecer parcerias com agências locais que trabalham com crianças: Isto pode ser mais eficiente do que tentar construir as capacidades do pessoal de outras agênciasdurante uma emergência. Porém, é importante assegurar que as capacidades ou agendas de agências locais não são minadas no processo.

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4.3 Garantir abordagens e estratégias de programas integrados

Construir resiliência requer que intervenientes humanitários e de desenvolvimento trabalhem juntosdeformadiferenteemaiseficaz.Dadososaspetosmulti-facetadosdaconstruçãoderesiliência, os esforços têm de ser multissetoriais, multi-parcerias, multi-níveis e planeados conjuntamente por atores humanitários e de desenvolvimento a curto, médio e longo prazo. Também requer políticas e mecanismos de financiamento mais flexíveis, bem como umacoordenaçãomaiseficazesequenciaçãoentreotrabalhohumanitárioededesenvolvimento.

Ver Ferramenta 7.3 para obter uma lista de verificação para avaliar a integração da resiliência e preocupações com os direitos da criança em propostas de financiamento.

Os atores humanitários e de desenvolvimento devem, assim, implementar abordagens de programas integrados que possam ser usados para associar diferentes compromissos setoriais, bem como para fortalecer as interligações entre as diferentes fases de prevenção, preparação e ação humanitária. Esta integração pode ser alcançada:

� Usando a DRR para minimizar vulnerabilidades e reduzir riscos de catástrofe para crianças e mulheres em toda a programação através do investimento em alertas precoces e preparação para emergências e do fortalecimento da resiliência a catástrofes.

� Assegurando um papel crítico para a preparação que levará a uma resposta humanitária rápida,eficazeatempada.

� Gerindo resultados e padrões para garantir que a soma de todas as intervenções é suficienteparaalcançarosresultadosesperados.Istoéorientadopordecisõesdegestãoestratégica baseadas em e informadas por dados atualizados, avaliações, marcos de referência, alvos e monitorização de desempenho.

� Começando intervenções de desenvolvimento paralelamente com a resposta humanitária de forma a sustentar os resultados de intervenções de salvamento de vidas e fortalecer capacidades ao nível comunitário e nacional para reduzir a vulnerabilidade a riscos de futuras crises.

Melhores ligações, coordenação e aperfeiçoamento entre a programação de desenvolvimento e de ajuda humanitária podem assegurar maior eficácia (incluindo eficácia em termosde custos) e eficiência em todos os esforços de assistência. Os esforços de construçãode resiliência bem-sucedidos requerem compreensão e interação entre intervenientes humanitários e de desenvolvimento através da capacitação, formação e consciencialização. Deve-se considerar o reforço das disposições de coordenação existentes entre os diferentes intervenientes humanitários e de desenvolvimento.

É crucial obter a sequenciação e os tempos de ações de resposta e os processos de planeamento certos. A ênfase dada ao planeamento de recuperação precoce não deve negligenciar a avaliação e abordagem a necessidades imediatas, nem deve desviar recursos da resposta. Ao mesmo tempo, a resposta de emergência é uma oportunidade para construir e desenvolver sistemas, providenciando o ímpeto para desenvolver ou reativar políticas e abordagens.

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4.4 Participar em avaliações de necessidades conjuntas

Uma das principais barreiras à coordenação – e para determinar “quem faz o quê, onde e quando” – entre intervenientes humanitários e de desenvolvimento na proteção de direitos da criança e na construção de resiliência tem que ver com a falta de análises de situação conjunta e de necessidades. É importante que os atores humanitários e de desenvolvimento participem em análises de situações conjuntas, realizem uma avaliação de necessidades e desenvolvam uma resposta consolidada assente nos respetivos pontos fortes e pontos fracos de forma a garantir uma ação verdadeiramente coordenada.

Avaliações contínuas e análises de situação fornecem ferramentas críticas através das quais se assegura que os direitos da criança estão a ser cumpridos. Ajudam a construir uma perceção e uma base de provas do contexto a partir de uma perspetiva política, humanitária, desegurança,económica,socialecultural.Tambémajudamaidentificarosintervenientesresponsáveis por garantir os direitos às crianças e aqueles que conseguem realizar a ação necessária da forma mais célere e apropriada.

São necessárias avaliações conjuntas humanitárias-de desenvolvimento para identificar aescalaenaturezadoimpactodacrisenasituaçãodecriançasemulhereseparaidentificarações humanitárias prioritárias. As avaliações de necessidades geralmente são levadas a cabo em séries. Num contexto instável, podem ser necessárias novas avaliações à medida que uma área ou um grupo de pessoas se torna acessível ou uma situação muda drasticamente. Da mesma forma, à medida que uma situação progride, é necessária informação mais aprofundada. Cada avaliação deve ser concebida para ter em conta dados pré-crise, sistemas de informação existentes e dados locais, atualizando e expandindo, desta forma, análises da situação. Além de avaliar as necessidades da população, também deve avaliar a medida em que rapazes, raparigas, homens ou mulheres poderão estar impedidos de participar ou de beneficiardeformaequitativadequalquerprojetoouserviço.

Quando uma equipa começa a trabalhar numa situação de crise, tem de procurar entender o ambiente operacional e como isso afeta o trabalho com e para crianças. As informações sobre o contexto onde se espera que os intervenientes humanitários e de desenvolvimento prestem serviços podem ser obtidas através de um exercício de análise contextual.

Ver Ferramenta 7.4 sobre fatores a considerar para análises contextuais.

A avaliação e a análise baseadas nos direitos da criança devem ser usadas em todas as fases de prevenção, preparação, resposta e esforços de recuperação. Mais, deve-se realçar que as avaliações insensíveis à dimensão do género podem levar a serviços que não abordem necessidades distintas de rapazes e raparigas, podem desperdiçar recursos ou, em alguns casos, podem causar danos. Por exemplo, a fase de preparação oferece uma importante oportunidade de garantir que políticas, procedimentos e práticas planeadas chegarão a todas as crianças de uma forma imparcial e assegurar que as crianças e quem trata delas conhecem os seus direitos e sabem como os reivindicar durante uma crise. Ao avaliar o impacto de uma emergência e preparar-se para a recuperação, por exemplo, é necessária informação para compreender o contexto, para determinar prioridades de programação e criar estratégias adequadas.

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Ver Ferramenta 7.5 para obter um resumo das avaliações e dos enquadramentos inter-agências chave.

Para responder a este desafio à coordenação, a Comissão Europeia desenvolveu umametodologia em 2011 para criar um “Quadro Conjunto de Desenvolvimento Humanitário” (JHDF) para situações de transição.14 Este Quadro integra diferentes perspetivas, a análise de intervençõesdaUEcontínuase/ouplaneadaseaidentificaçãodeprioridadesestratégicas,que são essenciais para desenvolver uma perceção comum da situação em questão e para harmonizar políticas e abordagens. 7Módulo

Ferramentas e Anexos

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7MóduloFerramentas e Anexos

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FERRAMENTAS

Ferramenta 7.1 Identificar ativos de capacidade e necessidades para resposta a crises

Afinalidadedestaferramentaémostrarostiposdequestõesquepodemserincluídasnumaavaliação de capacidade. Apesar de poderem ser indicativas, as organizações que realizarem uma avaliação de capacidade têm de desenvolver um conjunto completo de questões que seja relativo ao contexto local e aos setores a avaliar.

CONJUNTO DE QUESTÕES INDICATIVAS: IDENTIFICAR ATIVOS DE CAPACIDADE E NECESSIDADES PARA RESPOSTA A CRISES

AUTORIDADEGoverno � O organismo governamental tem acesso livre e consistente à área

afetada? Se não, quem tem?

� A agência tem um estatuto suficiente junto do governo para a permitir levar a cabo o seu mandato? A comissão nacional para os direitos da criança tem a autoridade para coordenar outros ministérios na preparação para proteger e promover os direitos da criança durante crises?

Sociedade civil

� Tem o mandato organizacional e legal? A organização está licenciada junto do governo para cuidar de crianças separadas ou órfãs?

QUADRO LEGISLATIVO, REGULAMENTAR E POLÍTICOGoverno � Que regulamentos estão implementados para proteger os direitos

da criança durante crises? Onde estão as lacunas? O exército tem procedimentos operativos normalizados para tratar crianças-soldado capturadas ou rendidas que respeitem as normas de justiça juvenil?

Sociedade civil

� Que normas aplicam as organizações da sociedade civil local quando trabalham com crianças?

RECURSOS HUMANOSGoverno � Quais são as necessidades de recrutamento para a agência cumprir

as suas obrigações para com os direitos da criança? O departamento de segurança social tem pessoal suficiente para difundir e monitorizar atividades? Tem funcionários treinados para responder às necessidades psicossociais das crianças?

� O que deve ser incluído na descrição de funções de funcionários responsáveis? Está incluído um entendimento dos direitos da criança?

� A equipa de avaliação é composta por coletores de dados tanto do sexo masculino como feminino para consultar a população afetada sobre questões sensíveis?

Sociedade civil

� A organização tem pessoal suficiente para prestar serviços? A ONG tem pessoal treinado em monitorização da proteção ética? Tem pessoal administrativo suficiente para garantir o funcionamento da organização? Consegue responder às necessidades apresentadas pelos seus parceiros?

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GESTÃO DO CONHECIMENTO E DA INFORMAÇÃO

Governo � Quais são as necessidades de conhecimento e informação da agência em termos de direitos da criança e abordagens baseadas em direitos? Que formação recebe o pessoal de diferentes níveis sobre proteção e promoção dos direitos da criança em tempos de crise? Quais são as necessidades de formação do pessoal da organização?

� Quais são as agências fontes de informação sobre direitos da criança? Como é organizada e aplicada esta informação? Como é que o conhecimento influencia a política e prática?

Sociedade civil

� Quais são as necessidades de conhecimento e de informação da organização em termos de direitos da criança e abordagens baseadas em direitos? Quais são as necessidades de formação do pessoal da organização?

� Como é que a organização acede e partilha conhecimento internamente sobre os direitos da criança?

� Como é os que parceiros da organização partilham informação com ela?

LIDERANÇAGoverno � Quais são as necessidades de liderança da agência para garantir que os

direitos da criança são protegidos e promovidos?

� Onde têm de estar localizados os líderes na agência/sistema?

Sociedade civil

� De que informações e aptidões precisam os líderes comunitários para proteger melhor as crianças na sua área? Os líderes comunitários compreendem os princípios dos direitos da criança e aplicam-nos?

� Que aptidões têm os líderes comunitários sobre as quais se apoiam? Como evitaram o recrutamento de crianças nas suas áreas?

RECURSOS MATERIAISGoverno � De que recursos materiais precisa a agência para cumprir as suas

responsabilidades? O departamento de segurança social tem o equipamento necessário para realizar a gestão de casos? O departamento da educação tem tendas ou estruturas alternativas para escolas danificadas numa situação de catástrofe?

Sociedade civil

� A NGO local tem o equipamento necessário para monitorizar a subnutrição, por exemplo?

AVALIAÇÃO E MONITORIZAÇÃO DE DESEMPENHOGoverno � Que aspetos do desempenho da agência devem ser monitorizados?

� Como é que estão a ser monitorizados?

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Ferramenta 7.2 Orientação operacional: Integração de preocupações com os direitos da criança na programação de DRR15

ORIENTAÇÃO OPERACIONAL: INTEGRAÇÃO DE PREOCUPAÇÕES COM OS DIREITOS DA CRIANÇA NA PROGRAMAÇÃO DE DRR

RESULTADO ESTRATÉGIAS DE APOIO

1. A DRR para crianças e mulheres é uma prioridade nacional e local

� Promover a inclusão de DRR focalizada nas crianças em estratégias de redução da pobreza (ERP) e planos de desenvolvimento nacional e instrumentos de política e orçamentação relacionados

� Colaborar com governos, a ONU, ONG e outros parceiros para avançar a implementação do Quadro de Ação de Hyogo

� Promover a voz e participação de raparigas, rapazes, adolescentes/ jovens e mulheres na DRR

2. São identificados e abordados diferentes riscos enfrentados por raparigas, rapazes e mulheres

� Incluir uma avaliação sólida do risco de catástrofe, incluindo vulnerabilidades e capacidades relacionadas em análises de situação, recolha e monitorização de dados e outras investigações focalizadas em crianças

� Promover a avaliação de vulnerabilidade e capacidade sub-nacional em contextos de alto risco, conforme for apropriado; garantir que a avaliação é informada por uma análise de género e de direitos

� Incluir a monitorização de riscos no ciclo de gestão de programas, revisão e avaliação

� Promover e fortalecer sistemas nacionais para avaliar e monitorizar o risco, incluindo sistemas de alerta precoce centrados em pessoas

� Colaborar com ONG parceiras e outras para estabelecer uma base de provas e investigação sobre riscos de catástrofe com um enfoque em vulnerabilidades e capacidades diferenciais de raparigas, rapazes e mulheres

3. Condições mais seguras e mais resilientes para raparigas, rapazes e mulheres

� Promover o conhecimento e a consciencialização para a DRR ao nível familiar e comunitário através da comunicação para o desenvolvimento

� Fortalecer a segurança escolar e a educação formal e não-formal de crianças em DRR e adaptação às alterações climáticas

� Garantir que os meios de abastecimento de água, saneamento e higiene estão protegidos contra perigos e contribuem para a resiliência

� Fortalecer sistemas de proteção infantil e estratégias de política social para reduzir riscos apresentados por catástrofes

� Promover estratégias de saúde e nutrição para aumentar a segurança e resiliência

� Promover em contextos de alto risco específicos uma abordagem de programação integrada que ligue processos de desenvolvimento e política nacional a enquadramentos de resiliência da comunidade; assegurar que a abordagem está informada por uma análise de género e de direitos

4. Fortalecer a preparação, resposta e recuperação precoce humanitária

� Apoiar o desenvolvimento de capacidades de parceiros nacionais e sub-nacionais na preparação e resposta, incluindo abordagens de recuperação precoce

� Apoiar grupos humanitários liderados/co-liderados pela UNICEF para avançar a DRR, incluindo o desenvolvimento de capacidades de parceiros nacionais e sub-nacionais mencionados acima

� Fortalecer as capacidades internas da UNICEF na preparação, no alerta precoce e na resposta com uma abordagem de recuperação precoce.

Módulo 7: Direitos da Criança em Situações de Crise e Propensas a Riscos

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Ferramenta 7.3 Lista de verificação para avaliar a integração da resiliência e preocupações com os direitos da criança em propostas de financiamento

Deseguida,apresentamosumexemplodeumalistadeverificaçãocriadaparaajudarosgestoresdeprojetosaavaliaramedidaemquepropostasdefinanciamentotêmemcontaos direitos da criança e preocupações relativas à resiliência. As perguntas devem ser consideradas indicativas e nem todas as perguntas têm de ser respondidas. Estas perguntas podemseradaptadasparaavaliaroconteúdodediferentespropostasdefinanciamento.

Uma avaliação de necessidades é um primeiro passo essencial para conceber uma resposta humanitária que seja eficaz e segura e que restaure a dignidade.As perguntas-chave aconsiderar incluem:

LISTA DE VERIFICAÇÃO PARA AVALIAÇÃO DE NECESSIDADES

GERAL

A avaliação de necessidades desagrega dados sobre a população por sexo e idade? São feitas distinções entre diferentes faixas etárias de crianças, incluindo adolescentes?

Comentários:

Sim Não

A avaliação de necessidades identifica os grupos mais vulneráveis e especifica as suas necessidades e prioridades distintas?

Comentários:

Sim Não

A avaliação de necessidades faz referência específica aos direitos da criança? Identifica riscos de proteção específicos enfrentados por diferentes grupos?

Comentários:

Sim Não

Foram identificados padrões de discriminação e desigualdade sistemáticos e, em caso afirmativo, que grupos são mais afetados?

Comentários:

Sim Não

A avaliação de necessidades identifica tanto as consequências imediatas da crise em crianças e nas suas famílias, como as causas subjacentes?

Comentários:

Sim Não

A avaliação de necessidades identifica um conjunto de agentes? Identifica as suas capacidades e lacunas (i.e., de capacidade ou vontade) que podem ajudar ou impedir a resposta?

Comentários:

Sim Não

A avaliação baseia-se em consultas diretas a grupos populacionais distintos (homens, mulheres, rapazes, raparigas, minorias étnicas, deficientes)? Estes grupos foram consultados separadamente ou em conjunto?

Comentários:

Sim Não

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A avaliação inclui uma combinação de dados qualitativos e quantitativos?

Comentários:

Sim Não

ACTIVIDADES: As atividades nas fichas de projeto devem refletir os resultados da avaliação de necessidades com base em direitos e devem basear-se em direitos na medida em que adotam uma abordagem holística multissetorial que trata as causas imediatas e subjacentes.As atividades incluem provisões para abordar e responder aos mais vulneráveis e/ou discriminados?

Comentários:

Sim Não

As atividades incluem provisões para prevenção e proteção contra violações de direitos?

Comentários:

Sim Não

As atividades refletem uma resposta multissetorial e holística?

Comentários:

Sim Não

As atividades são concebidas de forma a abordar tanto as causas imediatas como as subjacentes de lacunas de direitos?

Comentários:

Sim Não

As atividades estabelecem mecanismos para a participação de crianças e das suas famílias na conceção, implementação e monitorização de programas? Estabelecem mecanismos para obter feedback por parte da comunidade afetada pela crise?

Comentários:

Sim Não

As atividades estão concebidas de forma a capacitar titulares de direitos e titulares de deveres e promover, assim, a sustentabilidade?

Comentários:

Sim Não

As atividades são realizadas ao nível micro, meso e macro de forma a afetar uma mudança a longo prazo?

Comentários:

Sim Não

RESULTADOSOs resultados previstos destinam-se a afetar mudanças institucionais e/ou comportamentais (i.e., uma mudança no desempenho de titulares de direitos para exercerem e reivindicarem os seus direitos e de titulares de deveres para respeitarem, protegerem e cumprirem estes direitos)?

Comentários:

Sim Não

Os resultados descrevem novas aptidões e capacidades, produtos ou serviços que abordem as lacunas de capacidades de titulares de direitos e titulares de deveres?

Comentários:

Sim Não

Módulo 7: Direitos da Criança em Situações de Crise e Propensas a Riscos

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Ferramenta 7.4 Orientação operacional: Fatores a considerar para análises contextuais

Este tipo de análises usa diferentes fontes de informação e métodos de investigação. Durante a primeira fase, a equipa de emergência geralmente tenta conciliar todos os recursos existentes para produzir um cenário global da situação. As fontes variarão dependendo do tipo e da duração da crise mas incluirão tipicamente documentos governamentais dos ministérios em questão, relatórios de ONG e artigos de jornais/notícias.

Quando são usados métodos de recolha de dados primários, particularmente em emergências complexas cuja natureza é muito política, é crucial que as informações facultadas não possamserrastreadasainquiridosespecíficos.Aproteçãodequemparticipaemavaliaçõese inquéritos é primordial.

Nas fases iniciais, é necessária informação para determinar prioridades de programas abrangentes. O processo de priorização assenta num julgamento daquilo que é mais devastador para as pessoas afetadas pela emergência e do que é mais apropriado e alcançável.16

Depois de determinar áreas de prioridade abrangentes, os intervenientes humanitários terão de planear a melhor forma de entregar os recursos, serviços e apoio técnico. Têm de ser analisados fatores contextuais para determinar estratégias operacionais e/ou de defesa apropriadas.

As seguintes perguntas têm de ser colocadas repetidamente ao longo das semanas e dos meses de resposta a emergências. Nenhuma é estática e, por isso, a situação requer atenção constante para permitir à organização responder de uma forma relevante e responsável.

LOCALIZAÇÃO

Que áreas foram afetadas pelo conflito ou pela catástrofe natural?

Comentários:

POPULAÇÃO

Quantas crianças se estima que vivam nessas áreas?

Comentários:

Quais são as características típicas de subgrupos da população (em termos de religião, etnia, língua, meio de sustento, estrutura familiar, localização física, etc.)? Afetam o acesso de pessoas a serviços, recursos e informações?

Comentários:

Que crianças estão em maior risco? Porquê? Comentários:

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DESLOCAÇÃO

As pessoas foram deslocadas? Para que áreas?

Comentários:

Quais são as condições? Comentários:

ACESSO HUMANITÁRIO

Onde foi permitido o acesso humanitário? Comentários:

O que envolveu o processo para proteger o acesso?

Comentários:

DINÂMICAS DE CONFLITO: Em situações de conflito armado, as equipas humanitárias devem ter uma forte compreensão das dinâmicas que influenciam tensões e procurar minimizar o grau em que os programas pioram a situação. Isto está no centro do princípio “não causar danos” (“do no harm”). As análises de conflitos ajudarão as organizações a minimizar o seu contributo para o conflito.Que grupos estão a lutar? Comentários:

Que áreas controlam? Comentários:

Quais são os principais fatores de conflito (económicos, políticos, sociais)?

Comentários:

Quais são as principais fontes de rendimento?

Comentários:

SITUAÇÃO DE DIREITOS HUMANOS

Que direitos não estão a ser respeitados? Porquê?

Comentários:

Existem preocupações (existentes ou potenciais) relativamente a violações dos direitos humanos por meio de violência, exploração ou abuso?

Comentários:

Quais são (ou poderão ser) as motivações para essas violações (por exp., económicas, políticas, familiares, discriminação enraizada, psicológicas)?

Comentários:

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Ferramenta 7.5 Ferramentas e enquadramentos-chave de avaliação interagência

A avaliação para o objetivo de planeamento de contingência e de resposta permite uma compreensãoda situaçãode crianças afetadas, facilitandoassimodirecionamento eficazda assistência. Existe atualmente uma série de ferramentas e enquadramentos de avaliação interagência para ação humanitária e recuperação pós-crise, apesar de este sistema ainda estar em evolução e de os governos terem também as suas próprias ferramentas que aplicam em tempo de crise. Os processos e resultados dos direitos da criança têm de ser integrados em cada uma das ferramentas listadas abaixo. A maioria destas ferramentas examina necessidades imediatas da comunidade afetada e, por isso, os dados que recolhem podem não se limitar a crianças e podem não incluir a profundidade de informação de que os trabalhadores de emergência com um enfoque nas crianças podem precisar.

FERRAMENTA DE AVALIAÇÃO COM FINALIDADE E NÍVEL DE ESTANDARDIZAÇÃO E CALENDARIZAÇÃO

FERRAMENTA NÍVEL DE ESTANDARDIZAÇÃO CALENDARIZAÇÃO

Planos de contingência

� Ajuda uma organização a preparar um plano de contingência para reduzir a vulnerabilidade e resposta a catástrofes naturais e conflitos armados. Não está previsto nenhum standard interagência para estes planos, apesar de o Comité Permanente Interagências (IASC) orientar sobre o que deve ser incluído num plano (ver abaixo).

� Pré-emergência

Avaliação rápida de emergência

� Recolhe dados sobre questões que são críticas para a segurança imediata e a sobrevivência da população.

� Logo que possível após uma crise de início rápido

Necessidades Básicas de Recuperação Rápida Pós-Conflito (NBRPC)

� O desenvolvimento desta ferramenta foi iniciado pelo PNUD. Pretende identificar necessidades na fase de recuperação precoce e, apesar de se poder focar na sobrevivência, o seu enfoque principal é o desenvolvimento e a capacitação nacional.

� Após um cessar-fogo ou o final de um conflito armado

Avaliações de Necessidades Pós-Conflito (ANPC)

� Actualmente, está em desenvolvimento uma versão estandardizada desta ferramenta no âmbito de grupo tripartido composto pela ONU, pelo Banco Mundial e pela CE.

� Após um cessar-fogo ou acordo de paz; requer um grau de estabilidade

Avaliações de Necessidades Pós-Desastre (ANPD)

� Uma série de agências diferentes tem ANPD que abordam um aspeto particular de resposta pós-catástrofe. Os governos também têm as suas próprias.

� Após a fase de resposta imediata a emergências ter estabilizado

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As normas e os indicadores-chave que informam estas avaliações de necessidades e quadros de monitorização surgem de uma série de fontes, incluindo:

� Grupo de Trabalho de Proteção Infantil, Padrões Mínimos para Proteção Infantil em Ação Humanitária, 2012.

� Comité Permanente Interagências (IASC) Orientação Operacional para Avaliações Coordenadas em Crises Humanitárias, 2012.

� Comité Permanente Interagências (IASC) Manual de Género em Ação Humanitária: Mulheres, raparigas, rapazes e homens – diferentes necessidades, oportunidades iguais, 2006

� Rede Internacional para Educação em Emergências (INEE), Padrões Mínimos para Educação: Preparação, resposta, recuperação, 2010.

No IASC, estão em desenvolvimento outras normas e indicadores no seio de clusters e no Grupo de Missão de Avaliação de Necessidades.

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ANExOS

Anexo 7.1 Instrumentos-chave internacionais para proteger os direitos da criança em situações de emergência

Direito internacional em matéria de direitos humanos

Os direitos da criança estão protegidos pelo direito internacional em matéria de direitos humanos: o conjunto de regras internacionais, estabelecidas por tratado ou uso estabelecido, com base nas quais os indivíduos e grupos podem esperar e/ou reivindicar um determinado comportamento ou benefícios de governos sem discriminação.

Além da Declaração Universal dos Direitos Humanos, que forma um pilar-chave do trabalho das Nações Unidas, as principais fontes de tratados internacionais incluem:

1. Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos (1966)2. Pacto Internacional sobre os Direitos Económicos, Sociais e Culturais (1966)3. Convenção para a Prevenção e Repressão do Crime de Genocídio (1948)4. Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial (1965)5. Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres

(1979)6. Convenção contra a Tortura e Outras Penas ou Tratamentos Cruéis, Desumanos ou

Degradantes (1984)7. Convenção sobre os Direitos da Criança (1989).

Os principais instrumentos regionais são a Convenção Europeia para a Proteção dos Direitos humanos e das Liberdades Fundamentais (1950), a Declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem (1948) e Convenção dos Direitos Humanos (1969) e a Carta Africana dos Direitos Humanos e dos Povos (1981).17

Convenção sobre os Direitos da Criança

A Convenção sobre os Direitos da Criança (CDC) ocupa uma posição especial quando considerar a integração dos direitos da criança em ação humanitária e recuperação pós-crise. Ao contrário de vários outros instrumentos internacionais de direitos humanos, a CDC não inclui cláusulas que suspendam quaisquer das suas provisões durante hostilidades, implicando assim que esses direitos têm de ser protegidos para crianças de forma igual em tempos de guerra e em tempos de paz.

Direito internacional em conflitos armados/direito humanitário internacional

Em situações de conflitos armados, quer sejam internacionais ou não-internacionais, odireito humanitário internacional entra em vigor para complementar o direito internacional dos direitos humanos. Os documentos principais são as quatro Convenções de Genebra de 12 de Agosto de 1949 e os dois Protocolos de 1977.

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Fundamental para o direito humanitário internacional é a distinção entre a população civil e os combatentes. Protege pessoas que não, ou já não, fazem parte das hostilidades e regula osmétodosemeiosdeguerraentreaspartesdeumconflito.Asforçasarmadaseosgruposarmados têm sempre que distinguir civis e combatentes de forma a poupar a população civil, a propriedade civil e materiais essenciais à sobrevivência de civis.

O direito humanitário internacional oferece uma proteção especial a crianças nas áreas da educação,prevençãoderecrutamento,reunificaçãoeáreasprotegidas.OArtigo3,comuma todas as quatro Convenções de Genebra, e o Protocolo 2 apresentam restrições à conduta de conflitos armados não-internacionais e contêm provisões que servem para protegermulheres e crianças.

Direito dos refugiados

A Convenção de 1957 relativa ao Estatuto de Refugiados e o seu protocolo adicional oferecem outra barreira de proteção a crianças afetadas por conflitos que tenham sido deslocadasatravés de fronteiras internacionais. Pretende garantir o seu tratamento igual ao de crianças na comunidade de acolhimento e protegê-las de serem forçadas a voltar para uma área que não é segura.

Direito penal internacional

O Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional é usado para responsabilizar líderes individuais por genocídio, crimes contra a Humanidade e crimes de guerra. Apesar de o Estatuto de Roma não fazer parte do direito humanitário internacional, destina-se a garantir quequemcometecrimesgraves,incluindoviolaçõesaessedireito,nãoficaimpune.Desdeo final de 2009, foi aplicado para investigar e responsabilizar líderes governamentais einsurgentes na República Centro-Africana, na República Democrática do Congo, no Sudão e no Uganda.

A adoção do Estatuto de Roma em Julho de 1998 foi um importante passo em frente em termosdeproteçãolegalacivisemconflitosarmadosnão-internacionais.

� OEstatutodefineoenvolvimentoativodecriançascommenosde15emhostilidadesou o seu recrutamento em forças armadas nacionais ou internacionais como um crime de guerra.

� Reconhece a violação sexual, a escravatura sexual e outras formas de violência sexual como um crime de guerra e um crime contra a Humanidade.

� Estão estipuladas provisões especiais para a proteção de crianças como vítimas e testemunhasdeconflitoarmado.

� As crianças com menos de 18 anos estão isentas de ação penal pelo tribunal, pois o seu papel é punitivo em vez de reabilitativo.

Módulo 7: Direitos da Criança em Situações de Crise e Propensas a Riscos

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O Caso de Thomas Lubanga Dyilo

A primeira detenção e julgamento realizados pelo TPI foram de Thomas Lubanga Dyilo, que foi acusado de crimes de guerra por “recrutar e alistar crianças com menos de quinze anos… e usá-las para participar ativamente em hostilidades”. Lubanga, o líder da União de Patriotas Congoleses e comandante da ala militar da UPC, as Forças Patrióticas para a Libertação do Congo (FPLC), foi preso e transferido para Haia em Março de 2006. Foi considerado culpado em Março de 2012 e condenado em Julho desse ano a 14 anos de prisão.18

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Direito consuetudinário e direito indicativo

As populações afetadas por conflitos também estão protegidas pelos PrincípiosOrientadores sobre a Deslocação Interna de 1996. Os Princípios foram desenvolvidos como resposta aos níveis massivos de deslocação gerados durante guerras e catástrofes naturais nos anos 90. Destinam-se a prevenir a deslocação; garantir que as pessoas forçadas a migrar têm direitos iguais a quem não o é, e que as suas vulnerabilidades especiais são consideradas; e assegurar um regresso ou realojamento para outro local em segurança e com dignidade dentro do país.

Regra básica: as crianças têm de ter proteção especial

Crianças civis (regras selecionadas):

� As crianças têm de receber tratamento especial. � Devem estabelecer zonas para proteger civis (incluindo crianças) de hostilidades. � Ascriançasdevemserretiradasdeáreascercadaseevacuadasdeáreasdeconflito

apenas por razões de saúde e segurança (e com o consentimento de um adulto e da identificaçãoadequada).

� As crianças devem ter prioridade na provisão de bens de primeira necessidade. � As crianças devem ser mantidas junto das suas famílias sempre que for possível e a

elas reagrupadas se estiverem separadas. � Nem a sentença de morte nem a prisão perpétua sem possibilidade de libertação

devem ser impostas a crianças com menos de 18 anos aquando da infração.

Crianças recrutadas por forças armadas ou grupos armados (regras selecionadas)

� Crianças com menos de 15 anos não devem ser usadas para participar diretamente em combate.

� Não se deve recrutar crianças com menos de 15 anos. � Quando se recrutar crianças entre 15 e 18 anos, a prioridade deve ser dada às mais

velhas. � Quandocriançascommenosde15anosparticiparememconflitosarmadoseforem

capturadas, têm de receber tratamento especial enquanto crianças.

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Anexo 7.2 Princípios humanitários

A Resolução da AG 46/182, que estabeleceu o presente sistema de coordenação da ONU em crises humanitárias, lista os três principais princípios que orientam a ação humanitária. São eles:

1. Humanidade: O sofrimento humano tem de ser abordado sempre que é encontrado, com particular atenção para os mais vulneráveis na população tais como crianças, mulheres, deslocados e idosos. A dignidade e os direitos de todos aqueles que necessitam de assistência humanitária têm de ser respeitados e protegidos. O imperativo humanitário implica um direito a receber assistência humanitária e um direito de a oferecer. Por vezes, o acesso humanitário a populações civis é negado por autoridades por razões políticas ou de segurança. As agências humanitárias têm de manter a sua capacidade de obter e manter acesso a todas as populações vulneráveis e a negociar esse acesso com todas as partesdoconflito.

2. Neutralidade: As agências humanitárias não podem tomar partido nas hostilidades ou em controvérsias com base na identidade política, racial, religiosa ou ideológica (não-parcialidade/independência). A transparência e a abertura são questões-chave para manter a neutralidade. Porém, a neutralidade de uma organização que assumiu uma abordagem baseada em direitos não pode ser um obstáculo para enfrentar violações dosdireitoshumanos.Aneutralidadenãoéjustificaçãoparaperdoaraimpunidadeouignorar abusos graves dos direitos humanos. Não nega a necessidade de alguma forma de ação, quer seja através da defesa estratégica, da simples presença, de diligências políticas, negociações locais, etc.A neutralidade também requer que intervenientes humanitários sejam claros quanto às circunstânciasespecíficaselimitadasondepodemserusadosativosmilitares:sócomoúltimo recurso (quando não há alternativa civil comparável); a operação como um todo tem de permanecer sob a autoridade geral e controlo da organização humanitária responsável; e qualquer uso de ativos militares deve ser claramente limitado no tempo e em escala. Os ativos de defesa militar e civil de forças beligerantes nunca devem ser usados para apoiar atividades humanitárias.

3. Imparcialidade: A ajuda é prestada a todos que estão em sofrimento; o princípio orientador é somente a sua necessidade e o direito correspondente. Os direitos humanos são a base e o enquadramento para uma avaliação de necessidades. Este princípio inclui tanto a proporcionalidadeànecessidade(quandoosrecursosnãosãosuficientes,aprioridadeésempre dada aos mais afetados), bem como o princípio de não-discriminação (ninguém deve ser discriminado com base no sexo, na idade, na etnia, na identidade, etc.). É crucial enfatizar a responsabilidade do Estado na garantia de que a ajuda é prestada de uma forma imparcial.

Além disso, os intervenientes humanitários também aderem aos seguintes princípios humanitários:

1. Nenhum/pouco dano: Apesardeaajuda fazerpartedadinâmicadoconflitoepoderaté mesmo prolongá-lo, as organizações humanitárias têm de lutar para “não causar dano” ou minimizar o prejuízo que possam estar a fazer inadvertidamente simplesmente estando presentes e prestando assistência. Os intervenientes humanitários têm de estar conscientes disto e fazer diligências para minimizar o dano quando, por exemplo, a ajuda é usada como um instrumento de guerra através da negação de acesso ou do ataque a

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escoltas; a ajuda éumaparte indiretadadinâmicado conflitoporque cria empregos,dá rendimentos na forma de impostos, não deixa nenhuma ou pouca responsabilidade ao Estado pela segurança social, etc.; ou a ajuda exacerba as causas de origem do conflito ao proteger atividades de rebeldes. Para minimizar possíveis danos a longoprazo, as organizações humanitárias devem prestar assistência de formas que apoiam a recuperação e o desenvolvimento a longo prazo.

2. Responsabilização: Há quatro atores na prestação de assistência a emergências: a comunidadebeneficiária, a autoridadenacional/local,odoadoreaagênciadeajuda.Nesta relação, as agências de ajuda internacional devem-se responsabilizar tanto perante as comunidades beneficiárias (que as suas necessidadesde assistência e proteção sãorespondidas, com dignidade) como perante os doadores (que a assistência é prestada paraafinalidadeproposta).Acoordenaçãoentreorganizaçõesé,assim,umaparte-chavedeste princípio. As autoridades nacionais/locais, pela sua parte, devem responsabilizar-se pela proteção, segurança e bem-estar de populações que vivem em áreas sobre as quais reivindicam controlo.

3. A participação de populações afetadas, em particular mulheres e crianças: A ação humanitária tende a olhar para necessidades a curto prazo e esquecer as responsabilidades da comunidade de ajuda para prestar ajuda sustentável de uma forma que cumpra o direito de populações afetadas a participar em decisões que afetam as suas vidas. Porém, éimportantecapacitarapopulaçãoafetadaepromoveraparticipaçãodebeneficiáriosem todas as atividades humanitárias. A participação levanta questões, nomeadamente “a participação de quem?” (mulheres, homens, raparigas e rapazes de diversos antecedentes, instituições tradicionais e modernas, etc.); “a participação para quê?” (os objetivos da participação, por exp., para facilitar o direcionamento de programas, para garantir a aquisição de populações locais, etc.); e “como fazer a participação?” (por exp., como lidar com a discriminação em processos participativos, como assegurar que as pessoas envolvidas e que participam no processo de ajuda não serão alvos de violações de direitos humanos e estigmatizados como resultado da sua participação).

4. Respeito pela cultura e pelos costumes: Compreender costumes e tradições locais é, claro, importante não só na realização do trabalho humanitário mas também para compreender valores locais quando os associam a direitos humanos internacionalmente reconhecidos. Apesar de a cultura e os costumes locais variarem, os direitos humanos são universais e aplicáveis a todos os seres humanos, independentemente do contexto cultural, e têm de ser primordiais. Algumas intervenções requerem uma sensibilidade particular aos costumes locais. Por exemplo, para lidar com sobreviventes de violação sexual, é importante estar consciente de como a violação e os sobreviventes de violação são percebidos na comunidade local para responder melhor às suas necessidades.

Módulo 7: Direitos da Criança em Situações de Crise e Propensas a Riscos

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Anexo 7.3 Referências/recursos

1. ICC-01/04-01/06-2842, O Promotor Público v. Thomas Lubanga Dyilo, Situação na República Democrática do Congo, Registos Públicos do Tribunal - Câmara de Julgamento I, Julgamento segundo o Artigo 74 do Estatuto de Roma, 14 de Março de 2012.

2. Boyden, Jo e Gillian Mann, “Children’s Risk, Resilience and Coping in Extreme Situations” (Risco, Resiliência e Resposta de Crianças em Situações Extremas), documento de base para a Consulta sobre Crianças na Adversidade, Oxford, 9 – 12 de Setembro de 2000

3. Bailey, Sarah, “Early Recovery Approach in Humanitarian Appeals” (Abordagem de Recuperação Precoce em Apelos Humanitários), Grupo de Política Humanitária, Instituto para o Desenvolvimento Internacional, Londres, 2010.

4. Grupo de Trabalho para a Recuperação Precoce em cooperação com o Grupo de Trabalho UNDG-ECHA para a Transição, “Guidance Note on Early Recovery” (Nota Orientadora sobre Recuperação Precoce), Genebra, Abril de 2008.

5. Collier, Paul, Anke Hoeffler e Måns Söderbom, “Post-Conflict Risk” (Risco Pós-Conflito), CSAE WPS/2006-12, Centro para o Estudo de Economias Africanas, Departamento de Economia, Universidade de Oxford, 2006.

6. Comissão das Comunidades Europeias, “Children in Emergency and Crisis Situations” (Crianças em Situações de Emergência e Crise), Documento de Trabalho dos Serviços da Comissão, Bruxelas, 5 de Fevereiro de 2008.

7. Comissão Europeia, “EU Approach to Resilience: Learning from food crises” (A Abordagem da UE à Resiliência: Aprender com a crise de segurança alimentar), Ficha informativa ECHO/EuropeAid, Resiliência, Maio de 2013 http://ec.europa.eu/echo/files/aid/countries/ factsheets/thematic/resilience_en.pdf, acedida a 9 de Janeiro de 2014.

8. Comissão Europeia, “EU Approach to Resilience: Learning from food crises” (A Abordagem da UE à Resiliência: Aprender com a crise de segurança alimentar), Ficha informativa ECHO/EuropeAid, Resiliência, Maio de 2013 http://ec.europa.eu/echo/files/aid/countries/ factsheets/thematic/resilience_en.pdf, acedida a 9 de Janeiro de 2014.

9. Comissão Europeia, “EU Approach to Resilience: Learning from the food security crisis” (A Abordagem da UE à Resiliência: Aprender com a crise de segurança alimentar), Comunicado da Comissão para o Parlamento Europeu e o Conselho, COM (2012) 586 final, 10 de Março de 2012, disponível em http://ec.europa.eu/echo/files/ policies/resilience/com_2012_586_resilience_en.pdf, acedido a 9 de Janeiro de 2014.

10. Comissão Europeia, “Linking Relief, Rehabilitation and Development: An assessment” (Interligação entre Ajuda de Emergência, Reabilitação e Desenvolvimento: Uma avaliação), Comunicado da Comissão para o Parlamento Europeu e o Conselho, COM(2001) 153, 23 de Abril de 2001.

11. Comissão Europeia, “An EU Agenda for the Rights of the Child” (Uma Agenda da UE para os Direitos da Criança), Comunicado da Comissão para o Parlamento Europeu, o Conselho, o Comité Europeu para o Progresso Económico e Social e o Comité das Regiões, Bruxelas, 15 de Fevereiro de 2011.

12. Comissão Europeia, “Proposal for a Regulation of the European Parliament and of the Council Establishing a Financial Instrument for Development Cooperation” (Proposta para uma Regulamentação do Parlamento Europeu e do Conselho que Estabeleça um Instrumento Financeiro para a Cooperação para o Desenvolvimento), COM(2011) 840 final, Bruxelas, 7 de Dezembro de 2011.

13. União Europeia, “Update of the EU Guidelines on Children and Armed Conflict” (Atualização das Diretrizes da UE sobre Crianças e Conflitos Armados), Conselho dos Assuntos Gerais, 16 de Junho de 2008.

14. Comité Permanente Interagências, “Guidance Note on Using the Cluster Approach to

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Strengthen Humanitarian Response” (Nota Orientadora sobre o Uso da Abordagem Coletiva ao Fortalecimento da Resposta Humanitária), IASC, Genebra, 24 de Novembro de 2006.

15. Painel Intergovernamental sobre as Alterações Climáticas, “Managing the Risks of Extreme Events and Disasters to Advance Climate Change Adaptation: Special report” (Gerir os Riscos de Eventos Extremos e Catástrofes para Avançar a Adaptação às Alterações Climáticas: Relatório especial), Cambridge University Press, Nova Iorque, 2012.

16. Lowry, Christopher, “Mental Health Interventions for War-affected Children, Taking into Account Children’s Resilience and Coping in Armed Conflict” (Intervenções de Saúde Mental para Crianças Afetadas pela Guerra, Tendo em Conta a Resiliência e o Enfrentamento de Crianças em Conflitos Armados), documento apresentado na Consulta a Crianças na Adversidade, Oxford, 9 – 12 de Setembro de 2000.

17. O Painel de Montpellier, “Growth with Resilience: Opportunities in African agriculture” (Crescimento com Resiliência: Oportunidades na Agricultura Africana). Agricultura para o Impacto, Londres, 2012.

18. Gabinete do Representante Especial do Secretário-Geral para Crianças e Conflitos Armados em colaboração com o Fundo das Nações Unidas para a Infância, Revisão Estratégica dos 10 anos do Estudo Machel: As crianças e o conflito num mundo em mudança, UNICEF, Nova Iorque, 2009.

19. O’Neill, William G., “A Humanitarian Practitioners Guide to International Human Rights Law” (Um Manual para Trabalhadores Humanitários sobre o Direito Internacional em Matéria de Direitos Humanos), Documento Ocasional 34, Instituto para Estudos Internacionais, Universidade de Brown, Providence, RI, 1999.

20. Ramet, Valerie, “Linking Relief, Rehabilitation and Development: Towards more effective aid” (Interligação Entre Ajuda de Emergência, Reabilitação e Desenvolvimento: Rumo a uma assistência mais eficaz”, Apresentação de Política, Direção-Geral para as Políticas Externas, Parlamento Europeu, Julho de 2012.

21. Slim, Hugo e Andrew Bonwick, “Protection. An ALNAP Guide for Humanitarian Agencies” (Proteção. Um Manual de ALNAP para Agências Humanitárias), Instituto para o Desenvolvimento Internacional, Londres, 2005.

22. Gabinete da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários, “Humanitarian Response” (Resposta Humanitária), OCHA da ONU, www.humanitarianresponse.info, acedido a 9 de Janeiro de 2014.

23. Gabinete para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), Princípios Orientadores sobre Deslocamento Interno, Nações Unidas, Nova Iorque, 2001.

24. Nações Unidas, “Strengthening of the Coordination of Humanitarian Emergency Assistance of the United Nations” (Fortalecer a Coordenação da Assistência Humanitária a Emergências das Nações Unidas), Resolução da Assembleia-Geral A/RES/46/182, 78.ª reunião de plenário, Nova Iorque, 19 de Dezembro de 1991.

25. Fundo das Nações Unidas para a Infância, “The Participation of Children and Young People in Emergencies” (A Participação de Crianças e Jovens em Emergências), UNICEF Ásia Oriental e Pacífico, 2007

26. Fundo das Nações Unidas para a Infância, “Programme Guidance Note on Disaster Risk Reduction” (Nota Orientadora de Programação sobre Redução de Riscos de Catástrofe), EMOPS/DPP, UNICEF, Nova Iorque, 2010.

27. Fundo das Nações Unidas para a Infância, “Capacity Development for the Core Commitments for Children in Humanitarian Action: Technical note” (Capacitação para os Compromissos Principais para Crianças em Ação Humanitária: Nota técnica), UNICEF, Nova Iorque, Julho de 2011.

28. Fundo das Nações Unidas para a Infância, “Disaster Risk Reduction Programme Guidance Note” (Nota Orientadora de Programação sobre Redução de Riscos de Catástrofe), UNICEF, Nova Iorque, 2011.

Módulo 7: Direitos da Criança em Situações de Crise e Propensas a Riscos

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NOTAS FINAIS

1. Painel Intergovernamental sobre as Alterações Climáticas, “Managing the Risks of Extreme Events and Disasters to Advance Climate Change Adaptation: Special report” (Gerir os Riscos de Eventos Extremos e Catástrofes para Avançar a Adaptação às Alterações Climáticas: Relatório especial), Cambridge University Press, Nova Iorque, 2012.

2. GabinetedoRepresentanteEspecialdoSecretário-GeralparaCriançaseConflitosArmadosem colaboração com o Fundo das Nações Unidas para a Infância, Revisão Estratégica dos 10 anosdoEstudoMachel:Ascriançaseoconflitonummundoemmudança, UNICEF, Nova Iorque, 2009.

3. Osoutrostemassão:desigualdades,saúde,educação,crescimentoeemprego,conflitoefragilidade, governação, sustentabilidade ambiental, segurança alimentar e nutrição, energia e água.

4. Comissão Europeia, “EU Approach to Resilience: Learning from the food security crisis” (A Abordagem da UE à Resiliência: Aprender com a crise de segurança alimentar), Comunicado daComissãoparaoParlamentoEuropeueoConselho,COM(2012)586final,10deMarçode 2012, disponível em http://ec.europa.eu/echo/files/policies/resilience/com_2012_586_resilience_en.pdf,acedidoa9deJaneirode2014.VertambémComissãoEuropeia,“EUApproach to Resilience: Learning from food crises” (A Abordagem da UE à Resiliência: Aprender com a crise de segurança alimentar), Ficha informativa ECHO/EuropeAid, Resiliência, Maio de 2013 http://ec.europa.eu/echo/files/aid/countries/factsheets/thematic/resilience_en.pdf, acedida a 9 de Janeiro de 2014.

5. Op.cit. Comissão Europeia, http://ec.europa.eu/echo/files/aid/countries/factsheetsthematic/resilience_en.pdf.

6. Adaptado do Painel de Montpellier, “Growth with Resilience: Opportunities in African agriculture” (Crescimento com Resiliência: Oportunidades na Agricultura Africana), Agricultura para o Impacto, Londres, 2012.

7. Poderá encontrar mais informação sobre a abordagem conjunta e coordenação junto do Gabinete da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários, “Resposta Humanitária”, OCHA da ONU, www. humanitarianresponse.info, acedido a 9 de Janeiro de 2014.

8. Op.cit. Comissão Europeia, http://ec.europa.eu/echo/files/aid/countries/factsheetsthematic/resilience_en.pdf.

9. Baseado no Fundo das Nações Unidas para a Infância, “Capacity Development for the Core Commitments for Children in Humanitarian Action: Technical note” (Capacitação para os Compromissos Principais para Crianças em Ação Humanitária: Nota técnica), UNICEF, Nova Iorque, Julho de 2011..

10. Fundo das Nações Unidas para a Infância, “Programme Guidance Note on Disaster Risk Reduction”, (Nota Orientadora de Programação sobre Redução de Riscos de Catástrofe), EMOPS/DPP, UNICEF, Nova Iorque, 2010.

11. Ver Boyden, Jo e Gillian Mann, “Children’s Risk, Resilience and Coping in Extreme Situations” (Risco, Resiliência e Enfrentamento de Crianças em Situações Extremas), papel de base para a Consulta sobre Crianças na Adversidade, Oxford, 9 – 12 de Setembro de 2000; e Lowry, Christopher, “Mental Health Interventions For War-Affected Children, Taking into Account Children’s Resilience and Coping in Armed Conflict” (Intervenções de Saúde Mental para Crianças Afetadas pela Guerra, Tendo em Conta a Resiliência e o Enfrentamento de Crianças em Conflitos Armados), documento apresentado na Consulta a Crianças na Adversidade, Oxford, 9 – 12 de Setembro de 2000.

12. Para obter orientação mais detalhada sobre o envolvimento de crianças, ver Fundo das Nações Unidas para a Infância,”The Participation of Children and Young People in Emergencies” (A Participação de Crianças e Jovens em Emergências), UNICEF Ásia Oriental e Pacífico,2007.

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13. Ibid. 14. EquipadeCoordenaçãoEuropeAid,“VoicesandViews:Actingintransitionsituations:

Fromcrisisinterventiontolong-termdevelopment”(VozeseVisões:Agiremsituaçõesde transição: Da intervenção em crises ao desenvolvimento a longo prazo), http://capacity4dev.ec.europa.eu/article/acting- transition-situations-crisis-intervention-long-term-development#sthash.a25LnFEa.dpuf, acedido a 6 de Janeiro de 2014.

15. Fundo das Nações Unidas para a Infância, “Programme Guidance Note on Disaster Risk Reduction”, (Nota Orientadora de Programação sobre Redução de Riscos de Catástrofe), EMOPS/DPP, UNICEF, Nova Iorque, 2010.

16. Slim, Hugo e Andrew Bonwick, “Protection. An ALNAP Guide for Humanitarian Agencies” (Proteção. Um Manual de ALNAP para Agências Humanitárias), Instituto para o Desenvolvimento Internacional, Londres, 2005.

17. Para obter uma discussão detalhada da aplicação do direito internacional em matéria de direitos humanos em situações humanitárias, ver O’Neill, William G., “A Humanitarian Practitioners Guide to International Human Rights Law” (Um Manual para Trabalhadores Humanitários sobre o Direito Internacional em Matéria de Direitos Humanos), Documento Ocasional 34, Instituto para Estudos Internacionais, Universidade de Brown, Providence, RI, 1999.

18. ICC-01/04-01/06-2842, O Promotor Público v. Thomas Lubanga Dyilo, Situação na República Democrática do Congo, Registos Públicos do Tribunal - Câmara de Julgamento I, Julgamento segundo o Artigo74 do Estatuto de Roma, 14 de Março de 2012.

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CRÉDITOS DE FOTOGRAFIAS

Capa: � © UNICEF/NYHQ2013-0062/JOSH ESTEY - INDONÉSIA, 2013

Página 6: � © UNICEF/NYHQ2013-0494/JOHN WREFORD - REPÚBLICA ÁRABE DA SÍRIA, 2013 � © UNICEF/NYHQ2011-1345/ANTONY NJUGUNA - QUÉNIA, 2011 � © UNICEF/NYHQ1997-0594/ROGER LEMOYNE - ALBÂNIA, 1997

Página 14: � © UNICEF/NYHQ2009-0874/BRIAN SOKOL - NEPAL, 2009

Página 16: � © UNICEF/HTIA2011-00362/MARCO DORMINO - HAITI, 2011

Página 18: � © UNICEF/NYHQ2012-0613/JIRO OSE - ETIÓPIA, 2012 � © UNICEF/KENA00449/SHEHZAD NOORANI - QUÉNIA, 2005 � © UNICEF/NYHQ2009-0237/JOSH ESTEY - VIETNAME, 2009 � © UNICEF/NYHQ2011-2401/GIACOMO PIROZZI - FILIPINAS, 2011

Página 20: � © UNICEF/NYHQ2005-2392/ANITA KHEMKA - ÍNDIA, 2005

Página 24: � © UNICEF/NYHQ2010-0733/ROGER LEMOYNE - HAITI, 2010

Página 38: � © UNICEF/NYHQ2007-2447/PIERRE HOLTZ - REPÚBLICA CENTRO-AFRICANA, 2007

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