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(22) 2523-0001 8 Francisco Rohen é publicitário e idealizador, junto com JF, do Programa Rádio Teatro, na Rádio Comunidade, 104,9 FM Cultura Francisco Rohen [email protected] Em 1858, um navio da marinha por- tuguesa deixou Lisboa com destino a Buenos Aires. Já em alto mar a tripulação foi surpreendida por uma fortíssima tempes- tade, colocando em risco todos a bordo. Samuel Antonio Soares; oficial músico e regente da Banda de Fuzileiros Navais, ca- tólico fervoroso, devoto de Santo Antônio ro- gou então a Deus pela vida de todos; em troca prometia, na primeira cidade em que aportasse, pediria baixa da marinha e fun- daria uma banda de música e uma igreja em louvor a Santo Antônio. Ao chegarem ao Rio de Janeiro salvos, Samuel pede desligamento ao comandante do navio. Na capital do Império trabalha como professor e regente até abril de 1862. Na ocasião, por intermédio de ami- gos, é apresentado ao coronel Galeano das Neves, presidente da Câmara da Vila de Nova Friburgo. Sabendo que o Colégio Freeze precisava de um professor de músi- ca, imediatamente apresenta Samuel ao diretor do educandário que o contrata e traz o maestro para Nova Friburgo. Em 26 de fevereiro de 1863, Samuel Antônio Soares, com pessoas influentes da cidade, funda a Sociedade Beneficente Euterpe Friburguense (homenagem à deu- sa-musa grega, patrona da música e das artes), tendo o barão de Nova Friburgo como o seu primeiro presidente. Por 22 anos, ou seja, até 1885, além de professor foi tam- bém regente desta primeira manifestação artística e cultural da cidade. A segunda pro- messa aconteceria em 13 de junho de 1884, com a inauguração da capela de Santo Antônio, no Suspiro, com recursos obtidos pela diretoria da Euterpe. Entre os ilustres admiradores da Banda consta o maestro e compositor Hei- tor Vilas Lobos, que em 1915, visitando Nova Friburgo, assistiu apresentação da Euterpe, aplaudindo com entusiasmo a exi- bição da banda. A Euterpe Friburguense sempre es- teve presente nos acontecimentos marcantes de Nova Friburgo. No dia 24 de novembro de 1932, com a Banda do Corpo de Fuzileiros, recepcionou a chegada à es- tação Leopoldina (atual PMNF) do presidente Getulio Vargas e comitiva. Na segunda visita, em 30 de maio de 1943, Getulio Vargas regressa da inau- guração da Exposição de Cordeiro, e na chegada é recepcionado pelo Tiro de Guer- ra, comandado na época pelo sargento Re- nato Lopes. Getulio visitou o Colégio Anchieta, Sanatório Naval e fábricas; ao sair da prefeitura, na Praça XV de novembro (atual G. Vargas), a banda executou o hino Salve Getulio Vargas. A Banda Euterpe é a banda mais antiga em atividade ininterrupta no Brasil Atualmente, a Banda Euterpe tem 73 alunos, mais 30 alunos na Banda Escola e 55 músicos da Banda propriamente dita, num total de 158 músicos. Sob a presidência de Francisco de Assis e tendo como maestro o jovem Nelson José da Silva Neto, a Banda Euterpe Friburguense está enviando ao Ministério da Cultura o projeto “Euterpe vai as Comunidades”, um projeto onde a Banda leva a música às comunidades carentes, trazendo de lá novos alunos e futuros músicos para o seu quadro. Outro momento histórico foi o comí- cio de encerramento da campanha vitorio- sa de Juscelino Kubitscheck a presidência da república em 1955. A Euterpe foi convi- dada para abrilhantar o evento. Eleito, Jus- celino tornou-se presidente de honra da Euterpe, sócio contribuinte e honorário até falecer em agosto de 1976. Em seus 147 anos de glórias, al- guns nomes marcaram época na Euterpe: Samuel Antonio dos Santos (fundador), Humberto Picciali da Escola de Música de Milão. No comando, Picciali de 1916/33 ousou no repertório da banda introduzindo óperas e sinfonias trazidas da Itália. João Batista Madureira da Silva, professor de mú- sica, arranjador, compositor; compôs em 1945 um dobrado homenageando a funda- ção da ONU. Viraria tema de abertura do “Re- pórter Esso”. Outros baluartes Carlos Rotary, Luiz Gonzaga Caputo de Faria, Professor Rubens Coelho Gomes. Atualmente, a Ban- da Euterpe é comandada pelo jovem maes- tro Nelson José da Silva Neto. Orgulham a agremiação o Coral Euterpe, criado em 2005, composto por mais de 60 coristas, regidos por Ágni de Souza; a Escola de Música onde são formados a nova geração da banda a cargo dos professo- res Marcos Botelho Lage (diretor e maes- tro), Gilberto Pinheiro (44 anos/banda) e Marcos Antonio da Conceição. Também os cursos de piano, canto, sopro, percus- são e instrumental são abertos a comuni- dade. Na sede, o casarão do século XX arquivam-se relíquias como fotos antigas a 1ª de 1871 (ao lado), com o maestro Rangel; partituras de mais de 130 anos, a partitura original do 1º milheiro impresso do Hino Nacional Brasileiro. Mesmo com poucos recursos oriundos de sócios e sim- patizantes foram realizadas reformas in- ternas visando melhor acomodação dos alunos, pesquisadores e de visitantes. Em 1992, a Banda participou do XVII Encontro Estadual de Bandas de Músicas Civis, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, convidada pelo Coordenador da entidade Estadual Eduardo Wermelinger, chamando-a de “ Centená- ria das Centenárias”. Em 2002, participou do XXIV Con- curso de Bandas Civis da Secretaria de Cultura (RJ), na Sala Cecília Meireles, con- quistando 1º lugar da classe especial em disputa com as melhores bandas do es- tado; das maratonas de bandas promovi- das pela Secretaria de Cultura (RJ), reali- zadas na Sala Cecília Meireles em 2005, 2007, 2008 e 2009, com isso recebeu inú- meros convites para exibir-se em várias cidades fluminenses. Em fevereiro de 2010, convidada para entrega do prêmio aos me- lhores da cultura do estado do Rio de Ja- neiro, no Teatro João Caetano. Nas administrações alternadas de José Nilson e Francisco de Assis da Sil- va (Assis), que é o seu atual presidente, a Euterpe passou e passa por uma grande fase. Em reconhecimento foi agraciada, em 2007, pela Alerj com a Medalha Tiradentes, em comemoração a 145 anos de fundação; além do título de Patrimônio Cultural do Rio de Janeiro nº. 001. A Euterpe participa com frequência do Projeto “Música na Praça”, concer- tos temáticos em parceria com a prefeitu- ra e com vários artistas friburguenses, sem- pre aos quartos sábados do mês. Recen- temente, introduziu-se o prêmio-troféu “Amigos da Banda” , entregue as pessoas que colaboram com a centenária Banda Euterpe. Maiores informações sobre as ati- vidades atuais e cursos e aulas para a comunidade podem ser obtidas na secretaria, de 14 às 19 horas ou no telefone (22) 2521 1085; www.euterpefriburguense.com A primeira foto da Banda é de 1871

8 Cultura A Banda Euterpe é a banda mais antiga em ...forumseculo21.com.br/paginas/0223_sec_21_(pag.08).pdf os cursos de piano, canto, sopro, ... partitura original do 1º milheiro

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(22) 2523-0001

8

Francisco Rohen é publicitário eidealizador, junto com JF, do

Programa Rádio Teatro, na RádioComunidade, 104,9 FM

Cultura

Francisco [email protected]

Em 1858, um navio da marinha por-tuguesa deixou Lisboa com destino aBuenos Aires. Já em alto mar a tripulaçãofoi surpreendida por uma fortíssima tempes-tade, colocando em risco todos a bordo.Samuel Antonio Soares; oficial músico eregente da Banda de Fuzileiros Navais, ca-tólico fervoroso, devoto de Santo Antônio ro-gou então a Deus pela vida de todos; emtroca prometia, na primeira cidade em queaportasse, pediria baixa da marinha e fun-daria uma banda de música e uma igrejaem louvor a Santo Antônio. Ao chegaremao Rio de Janeiro salvos, Samuel pededesligamento ao comandante do navio. Nacapital do Império trabalha como professore regente até abril de 1862.

Na ocasião, por intermédio de ami-gos, é apresentado ao coronel Galeano dasNeves, presidente da Câmara da Vila deNova Friburgo. Sabendo que o ColégioFreeze precisava de um professor de músi-ca, imediatamente apresenta Samuel aodiretor do educandário que o contrata e trazo maestro para Nova Friburgo.

Em 26 de fevereiro de 1863, SamuelAntônio Soares, com pessoas influentes dacidade, funda a Sociedade BeneficenteEuterpe Friburguense (homenagem à deu-sa-musa grega, patrona da música e dasartes), tendo o barão de Nova Friburgo comoo seu primeiro presidente. Por 22 anos, ouseja, até 1885, além de professor foi tam-bém regente desta primeira manifestaçãoartística e cultural da cidade. A segunda pro-messa aconteceria em 13 de junho de 1884,com a inauguração da capela de SantoAntônio, no Suspiro, com recursos obtidospela diretoria da Euterpe.

Entre os ilustres admiradores daBanda consta o maestro e compositor Hei-tor Vilas Lobos, que em 1915, visitandoNova Friburgo, assistiu apresentação daEuterpe, aplaudindo com entusiasmo a exi-bição da banda.

A Euterpe Friburguense sempre es-teve presente nos acontecimentosmarcantes de Nova Friburgo. No dia 24 denovembro de 1932, com a Banda do Corpode Fuzileiros, recepcionou a chegada à es-tação Leopoldina (atual PMNF) do presidenteGetulio Vargas e comitiva.

Na segunda visita, em 30 de maiode 1943, Getulio Vargas regressa da inau-guração da Exposição de Cordeiro, e nachegada é recepcionado pelo Tiro de Guer-ra, comandado na época pelo sargento Re-nato Lopes. Getulio visitou o ColégioAnchieta, Sanatório Naval e fábricas; ao sairda prefeitura, na Praça XV de novembro(atual G. Vargas), a banda executou o hinoSalve Getulio Vargas.

A Banda Euterpe é a banda mais antigaem atividade ininterrupta no Brasil

Atualmente, a Banda Euterpe tem 73 alunos, mais 30 alunos na Banda Escola e 55 músicos da Banda propriamente dita, num totalde 158 músicos. Sob a presidência de Francisco de Assis e tendo como maestro o jovem Nelson José da Silva Neto, a Banda

Euterpe Friburguense está enviando ao Ministério da Cultura o projeto “Euterpe vai as Comunidades”, um projeto onde a Bandaleva a música às comunidades carentes, trazendo de lá novos alunos e futuros músicos para o seu quadro.

Outro momento histórico foi o comí-cio de encerramento da campanha vitorio-sa de Juscelino Kubitscheck a presidênciada república em 1955. A Euterpe foi convi-dada para abrilhantar o evento. Eleito, Jus-celino tornou-se presidente de honra daEuterpe, sócio contribuinte e honorário até

falecer em agosto de 1976.Em seus 147 anos de glórias, al-

guns nomes marcaram época na Euterpe:Samuel Antonio dos Santos (fundador),Humberto Picciali da Escola de Música deMilão. No comando, Picciali de 1916/33ousou no repertório da banda introduzindo

óperas e sinfonias trazidas da Itália. JoãoBatista Madureira da Silva, professor de mú-sica, arranjador, compositor; compôs em1945 um dobrado homenageando a funda-ção da ONU. Viraria tema de abertura do “Re-pórter Esso”. Outros baluartes Carlos Rotary,Luiz Gonzaga Caputo de Faria, Professor

Rubens Coelho Gomes. Atualmente, a Ban-da Euterpe é comandada pelo jovem maes-tro Nelson José da Silva Neto.

Orgulham a agremiação o CoralEuterpe, criado em 2005, composto por maisde 60 coristas, regidos por Ágni de Souza; aEscola de Música onde são formados a nova

geração da banda a cargo dos professo-res Marcos Botelho Lage (diretor e maes-tro), Gilberto Pinheiro (44 anos/banda) eMarcos Antonio da Conceição. Tambémos cursos de piano, canto, sopro, percus-são e instrumental são abertos a comuni-dade.

Na sede, o casarão do século XXarquivam-se relíquias como fotos antigasa 1ª de 1871 (ao lado), com o maestroRangel; partituras de mais de 130 anos, apartitura original do 1º milheiro impressodo Hino Nacional Brasileiro. Mesmo compoucos recursos oriundos de sócios e sim-patizantes foram realizadas reformas in-ternas visando melhor acomodação dosalunos, pesquisadores e de visitantes.

Em 1992, a Banda participou doXVII Encontro Estadual de Bandas deMúsicas Civis, no Teatro Municipal do Riode Janeiro, convidada pelo Coordenadorda entidade Estadual EduardoWermelinger, chamando-a de “Centená-ria das Centenárias”.

Em 2002, participou do XXIV Con-curso de Bandas Civis da Secretaria deCultura (RJ), na Sala Cecília Meireles, con-quistando 1º lugar da classe especial emdisputa com as melhores bandas do es-tado; das maratonas de bandas promovi-das pela Secretaria de Cultura (RJ), reali-zadas na Sala Cecília Meireles em 2005,2007, 2008 e 2009, com isso recebeu inú-meros convites para exibir-se em váriascidades fluminenses. Em fevereiro de 2010,convidada para entrega do prêmio aos me-lhores da cultura do estado do Rio de Ja-neiro, no Teatro João Caetano.

Nas administrações alternadas deJosé Nilson e Francisco de Assis da Sil-va (Assis), que é o seu atual presidente, aEuterpe passou e passa por uma grandefase. Em reconhecimento foi agraciada,em 2007, pela Alerj com a MedalhaTiradentes, em comemoração a 145 anosde fundação; além do título de PatrimônioCultural do Rio de Janeiro nº. 001. A Euterpe participa com frequênciado Projeto “Música na Praça”, concer-tos temáticos em parceria com a prefeitu-ra e com vários artistas friburguenses, sem-pre aos quartos sábados do mês. Recen-temente, introduziu-se o prêmio-troféu“Amigos da Banda”, entregue as pessoasque colaboram com a centenária BandaEuterpe. Maiores informações sobre as ati-vidades atuais e cursos e aulas paraa comunidade podem ser obtidas nasecretaria, de 14 às 19 horas ouno telefone (22) 2521 1085;www.euterpefriburguense.com

A primeira foto da Banda é de 1871