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brasil de 8 a 14 de dezembro de 2011 8 Leonardo Wexell Severo de Curitiba (PR) ALAVANCADO POR políticas públi- cas como o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o Minha Casa, Minha Vida, e as sucessivas desonera- ções de impostos, o ramo da constru- ção cresceu aproximadamente 12% em 2011 e tem sido o carro-chefe na cria- ção de empregos – 2,8 milhões até ou- tubro. As empresas vêm nadando de braçada e registram altíssimas taxas de produtividade, que se reproduzem em resultados mais do que positivos nos seus lucros. Com a proximidade da Copa do Mun- do de 2014 e das Olimpíadas em 2016, sindicalistas têm se mobilizado para ga- rantir a sua fatia do bolo, a m de que não se repitam no país os abusos pra- ticados na Copa da África do Sul, onde 26 greves precisaram ser realizadas pa- ra garantir empregos e salários dignos. Para tanto, a Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e da Madeira (Conticom/ CUT) defende a organização no local de trabalho, o combate às práticas antis- sindicais e iniciativas como a do com- promisso nacional da construção, que vincula a participação em licitações pú- blicas a um selo obrigatório. Os operários brasileiros lembram que embora a maior parte dos investimen- tos nos canteiros de obras esteja sendo nanciada com o seu próprio dinheiro – do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) -, isso não tem se tra- duzido em melhorias concretas nas su- as condições de vida e trabalho. Lon- ge disso, muitas empreiteiras contrata- das para gerir obras públicas como a do Complexo Petroquímico do Rio de Ja- neiro (Comperj), maior obra já realiza- da pela Petrobrás – que é parte do PAC – têm abusado. No Comperj, o “consór- cio da picaretagem” passou por cima do acordo rmado no Tribunal Regional do Trabalho e demitiu, de forma arbi- trária e discriminatória, 37 trabalhado- res, incluindo todos os nove integran- tes da Comissão de Negociação. Na mesma toada truculenta, em Volta Redonda (RJ), a Odebrecht radicaliza. Conando na impunidade, a empresa anunciou no nal de outubro a demis- são de 80 operários que trabalhavam na ampliação da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), entre eles 10 integran- tes da Comissão de Negociação. Em Minas Gerais, no município de Divinópolis, a Cotemil, empresa rein- cidente nas transgressões, mantinha num motel abandonado 56 operários em condições análogas à escravidão. A obra em que trabalhavam era do Minha Casa Minha Vida, onde “alguns chega- vam a usar tijolos como travesseiros”, conforme revelou o auditor scal Vi- cente Fidélis, coordenador da ação. Diante de tantos e tão agrantes achincalhes à legislação social e traba- lhista, patrocinados com recursos pú- blicos – o que só agrava o problema -, a Conticom/CUT lidera mobilização pelo estabelecimento de um Contrato Cole- tivo Nacional para o setor. Audiência No dia 29 de novembro, com a pre- sença de dezenas de lideranças sindi- cais, a Audiência Pública Copa 2014 e os trabalhadores, realizada na Câmara Municipal de Curitiba, defendeu o Con- trato como forma de assegurar “condi- ções equânimes de salários e benefí- cios”. Entre os pontos da Carta de Curi- tiba, ressaltou o vice-presidente da Conticom/CUT, Luiz Carlos de Quei- roz, encontram-se as seguintes reivin- dicações: pisos salariais unicados; cesta básica de R$ 300; Participação nos Lucros e Resultados (PLR) de dois salários base; plano de saúde extensi- Operários exigem contrato coletivo SINDICAL Na Câmara de Curitiba, Audiência Pública Copa 2014 e os trabalhadores da construção reivindicam “condições equânimes de salários e benefícios” vo a seus familiares; hora-extra de 80% de segunda a sexta-feira; 100% aos sá- bados; e 150% aos domingos e feria- dos; garantia de organização por local de trabalho; adicional noturno de 50%; folga familiar de 5 dias úteis a cada 60 dias trabalhados; implantação de me- lhores condições de saúde e trabalho nas frentes de serviço; e contrato de ex- periência de 30 dias. A pauta pode ser encarada até como modesta diante do tamanho dos benefícios ofertados pelo governo às empresas do setor. Ao mesmo tempo em que o presiden- te estadual da Central Única dos Tra- balhadores (CUT-PR), o petroleiro Ro- ni Barbosa, lia o documento, enfatizan- do que “as maiores diculdades são as condições precárias de trabalho, envol- vendo principalmente a segurança”, o Sindicato dos Trabalhadores nas In- dústrias da Construção Civil de Curiti- ba (Sintracon) era informado de mais um acidente. O mestre de obras Nelson de Jesus Freitas, de 48 anos, operário da empreiteira G.Ferdinandi Constru- ção e Incorporação Ltda, a serviço da empresa Casa Alta, foi atingido na ca- beça por um bloco de sete quilos que despencou do alto do prédio em cons- trução. De acordo com o vereador Pedro Paulo (PT), presidente da Comissão que trata das obras da Copa na capital paranaense, a realização da audiência, com a participação da Secretaria Muni- cipal Extraordinária da Copa 2014, re- presentou uma excelente oportunidade para “enfrentar os desaos colocados pela conjuntura, onde a participação da sociedade é essencial para tornar mais efetivos e produtivos estes investimen- tos públicos, feitos com o dinheiro do trabalhador”. Ao todo, explicou, Curiti- ba receberá cerca de R$ 232 milhões do governo federal para tocar cinco proje- tos que dotarão a cidade das condições necessárias à realização dos jogos. Fiscalização O secretário geral do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria Pesada do Paraná (Sintrapav), Raimundo Ribeiro Santos Filho (Bahia) lembrou que mes- mo antes dos megaempreendimentos, “em Curitiba nós já estamos enfren- tando problemas com alojamentos em condições desumanas, barracões pre- cários, sem alimentação e estrutura sanitária”. “Temos inúmeros casos de empresas que atrasam o pagamento e descumprem os instrumentos normati- vos. Agora que vai haver esta injeção de recursos públicos, nada mais justo do que assegurar contrapartidas sociais, pois as obras estão sendo feitas com o nosso dinheiro”, acrescentou Bahia. Para o presidente do Sintracon, Do- mingos Oliveira Davide, “a scalização é fundamental para dar um basta na superexploração”. “Temos tido o apoio dos auditores scais do trabalho, mas é necessário que os governos federal, es- tadual e municipal ampliem as contra- tações e ajam com mais rigor no com- bate à impunidade. Um dia desses tive- mos um problema e quando o auditor chegou na obra, ela já havia sido con- cluída. É dinheiro público do FGTS o que está sendo investido e não é justo que ele não retorne como salário digno e emprego decente”, enfatizou. Na avaliação de Antonio Lemos do Prado, presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas de Mon- tagem Industrial do Paraná (Sindi- mont), que congrega soldadores, enca- de Curitiba (PR) Na contramão do projeto de inclusão e de direitos, no nal de novembro foi aprovado, na Comissão Especial de Estu- dos para Regulamentação da Terceiriza- ção da Câmara, o substitutivo do deputa- do Roberto Santiago (PV-SP) ao Projeto de Lei 4330/04 do deputado Sandro Ma- bel (PMDB - GO). “O substitutivo promove uma refor- ma equivocada da legislação e, com isso, a precarização do trabalho. Ou seja, au- menta a jornada, reduz salários e desres- peita questões fundamentais como saú- de e segurança no trabalho”, condenou o deputado Vicentinho (PT-SP), que votou contra o projeto, acompanhado pelo de- putado Policarpo (PT-DF). O presidente da Central Única dos Tra- balhadores (CUT), Artur Henrique, con- dena o retrocesso. “A terceirização mata, piora as condições de trabalho e a quali- dade de vida do trabalhador”. “A terceiri- zação é sinônimo de precarização nas re- lações do trabalho. Não podemos permi- ti-la na atividade m. Essa penalização no trabalho é sinal de arrocho salarial, onde os trabalhadores são tratados co- mo cidadãos de segunda classe”, frisou o presidente da Central Geral dos Traba- lhadores do Brasil (CGTB), Ubiraci Dan- tas de Oliveira (Bira). Proposta indecente Para os operários da construção, des- tacou o presidente da Conticom, Claudio da Silva Gomes, a proposta aprovada pe- la Comissão “é indecente, pois acaba com o instrumento de punir as empresas e dá embasamento legal para uma prática que combatemos”. O que acontece hoje, in- formou, “é que as empresas não são ter- ceirizadas por serem especialistas no que fazem; na verdade, o que existe é a loca- ção de mão de obra, o que é proibido. Es- sa proposta é muito negativa e vai dicul- tar o combate à precarização e a garantia do direito dos trabalhadores”. (LWS) Traíras dos trabalhadores Votaram a favor do texto contra os trabalhadores os deputados Alfredo Kaefer (PSDB-PR), Augusto Coutinho (DEM-PE), Carlos Sampaio (PSDBSP), Darcísio Perondi (PMDB-RS), Dr Ubiali (PSB-SP), Efraim Filho (DEM-PB), Gorete Pereira (PR-CE), Jerônimo Goergen (PP-RS), Laercio Oliveira (PR-SE), Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), Reinaldo Azambuja (PSDB-MS), Roberto Santiago (PV-SP), Ronaldo Nogueira (PTB-RS) e Sandro Mabel (PMDB-GO). (LWS) Terceirização só agrava o problema Proposta aumenta a jornada, reduz salários e desrespeita questões fundamentais como saúde e segurança no trabalho “O substitutivo promove uma reforma equivocada da legislação e, com isso, a precarização do trabalho” nadores e montadores de andaime, en- tre outros, é preciso fechar espaço pa- ra a terceirização e a quarteirização que são sinônimos de precarização. “São empresas rotatórias, onde o trabalha- dor está sempre sendo penalizado com a perda de direitos, pois quando a s- calização chega, a empresa picareta já foi”, explicou. Na mesma toada truculenta, em Volta Redonda (RJ), a Odebrecht radicaliza. Conando na impunidade, a empresa anunciou no nal de outubro a demissão de 80 operários Em Minas Gerais, no município de Divinópolis, a Cotemil, empresa reincidente nas transgressões, mantinha num motel abandonado 56 operários em condições análogas à escravidão No Comperj, consórcio ignorou acordo firmado no TRT e demitiu vários trabalhadores Reforma equivocada aumenta a jornada, reduz salários e desrespeita a segurança no trabalho ABr Executive Press

8 de 8 a 14 de dezembro de 2011 Operários exigem ... - CUT · 8 de 8 a 14 de dezembro de 2011 brasil Leonardo Wexell Severo de Curitiba (PR) ALAVANCADO POR políticas públi-cas

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Page 1: 8 de 8 a 14 de dezembro de 2011 Operários exigem ... - CUT · 8 de 8 a 14 de dezembro de 2011 brasil Leonardo Wexell Severo de Curitiba (PR) ALAVANCADO POR políticas públi-cas

brasilde 8 a 14 de dezembro de 20118

Leonardo Wexell Severode Curitiba (PR)

ALAVANCADO POR políticas públi-cas como o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o Minha Casa, Minha Vida, e as sucessivas desonera-ções de impostos, o ramo da constru-ção cresceu aproximadamente 12% em 2011 e tem sido o carro-chefe na cria-ção de empregos – 2,8 milhões até ou-tubro. As empresas vêm nadando de braçada e registram altíssimas taxas de produtividade, que se reproduzem em resultados mais do que positivos nos seus lucros.

Com a proximidade da Copa do Mun-do de 2014 e das Olimpíadas em 2016, sindicalistas têm se mobilizado para ga-rantir a sua fatia do bolo, a fi m de que não se repitam no país os abusos pra-ticados na Copa da África do Sul, onde 26 greves precisaram ser realizadas pa-ra garantir empregos e salários dignos. Para tanto, a Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e da Madeira (Conticom/CUT) defende a organização no local de trabalho, o combate às práticas antis-sindicais e iniciativas como a do com-promisso nacional da construção, que vincula a participação em licitações pú-blicas a um selo obrigatório.

Os operários brasileiros lembram que embora a maior parte dos investimen-tos nos canteiros de obras esteja sendo fi nanciada com o seu próprio dinheiro – do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) -, isso não tem se tra-duzido em melhorias concretas nas su-as condições de vida e trabalho. Lon-ge disso, muitas empreiteiras contrata-das para gerir obras públicas como a do Complexo Petroquímico do Rio de Ja-neiro (Comperj), maior obra já realiza-da pela Petrobrás – que é parte do PAC – têm abusado. No Comperj, o “consór-cio da picaretagem” passou por cima do acordo fi rmado no Tribunal Regional do Trabalho e demitiu, de forma arbi-trária e discriminatória, 37 trabalhado-res, incluindo todos os nove integran-tes da Comissão de Negociação.

Na mesma toada truculenta, em Volta Redonda (RJ), a Odebrecht radicaliza. Confi ando na impunidade, a empresa anunciou no fi nal de outubro a demis-são de 80 operários que trabalhavam na ampliação da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), entre eles 10 integran-tes da Comissão de Negociação.

Em Minas Gerais, no município de Divinópolis, a Cotemil, empresa rein-cidente nas transgressões, mantinha num motel abandonado 56 operários em condições análogas à escravidão. A obra em que trabalhavam era do Minha Casa Minha Vida, onde “alguns chega-vam a usar tijolos como travesseiros”, conforme revelou o auditor fi scal Vi-cente Fidélis, coordenador da ação.

Diante de tantos e tão fl agrantes achincalhes à legislação social e traba-lhista, patrocinados com recursos pú-blicos – o que só agrava o problema -, a Conticom/CUT lidera mobilização pelo estabelecimento de um Contrato Cole-tivo Nacional para o setor.

Audiência

No dia 29 de novembro, com a pre-sença de dezenas de lideranças sindi-cais, a Audiência Pública Copa 2014 e os trabalhadores, realizada na Câmara Municipal de Curitiba, defendeu o Con-trato como forma de assegurar “condi-ções equânimes de salários e benefí-cios”.

Entre os pontos da Carta de Curi-tiba, ressaltou o vice-presidente da Conticom/CUT, Luiz Carlos de Quei-roz, encontram-se as seguintes reivin-dicações: pisos salariais unifi cados; cesta básica de R$ 300; Participação nos Lucros e Resultados (PLR) de dois salários base; plano de saúde extensi-

Operários exigem contrato coletivoSINDICAL Na Câmara de Curitiba, Audiência Pública Copa 2014 e os trabalhadores da construção reivindicam “condições equânimes de salários e benefícios”

vo a seus familiares; hora-extra de 80% de segunda a sexta-feira; 100% aos sá-bados; e 150% aos domingos e feria-dos; garantia de organização por local de trabalho; adicional noturno de 50%; folga familiar de 5 dias úteis a cada 60 dias trabalhados; implantação de me-lhores condições de saúde e trabalho nas frentes de serviço; e contrato de ex-periência de 30 dias. A pauta pode ser encarada até como modesta diante do tamanho dos benefícios ofertados pelo governo às empresas do setor.

Ao mesmo tempo em que o presiden-te estadual da Central Única dos Tra-balhadores (CUT-PR), o petroleiro Ro-ni Barbosa, lia o documento, enfatizan-do que “as maiores difi culdades são as condições precárias de trabalho, envol-vendo principalmente a segurança”, o Sindicato dos Trabalhadores nas In-dústrias da Construção Civil de Curiti-ba (Sintracon) era informado de mais um acidente. O mestre de obras Nelson de Jesus Freitas, de 48 anos, operário da empreiteira G.Ferdinandi Constru-ção e Incorporação Ltda, a serviço da empresa Casa Alta, foi atingido na ca-beça por um bloco de sete quilos que despencou do alto do prédio em cons-trução.

De acordo com o vereador Pedro Paulo (PT), presidente da Comissão que trata das obras da Copa na capital paranaense, a realização da audiência, com a participação da Secretaria Muni-cipal Extraordinária da Copa 2014, re-presentou uma excelente oportunidade para “enfrentar os desafi os colocados pela conjuntura, onde a participação da sociedade é essencial para tornar mais efetivos e produtivos estes investimen-tos públicos, feitos com o dinheiro do trabalhador”. Ao todo, explicou, Curiti-ba receberá cerca de R$ 232 milhões do governo federal para tocar cinco proje-tos que dotarão a cidade das condições necessárias à realização dos jogos.

FiscalizaçãoO secretário geral do Sindicato dos

Trabalhadores na Indústria Pesada do Paraná (Sintrapav), Raimundo Ribeiro Santos Filho (Bahia) lembrou que mes-mo antes dos megaempreendimentos, “em Curitiba nós já estamos enfren-tando problemas com alojamentos em condições desumanas, barracões pre-cários, sem alimentação e estrutura sanitária”. “Temos inúmeros casos de empresas que atrasam o pagamento e descumprem os instrumentos normati-vos. Agora que vai haver esta injeção de recursos públicos, nada mais justo do que assegurar contrapartidas sociais, pois as obras estão sendo feitas com o nosso dinheiro”, acrescentou Bahia.

Para o presidente do Sintracon, Do-mingos Oliveira Davide, “a fi scalização é fundamental para dar um basta na superexploração”. “Temos tido o apoio dos auditores fi scais do trabalho, mas é necessário que os governos federal, es-tadual e municipal ampliem as contra-tações e ajam com mais rigor no com-bate à impunidade. Um dia desses tive-mos um problema e quando o auditor chegou na obra, ela já havia sido con-

cluída. É dinheiro público do FGTS o que está sendo investido e não é justo que ele não retorne como salário digno e emprego decente”, enfatizou.

Na avaliação de Antonio Lemos do Prado, presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas de Mon-tagem Industrial do Paraná (Sindi-mont), que congrega soldadores, enca-

de Curitiba (PR) Na contramão do projeto de inclusão

e de direitos, no fi nal de novembro foi aprovado, na Comissão Especial de Estu-dos para Regulamentação da Terceiriza-ção da Câmara, o substitutivo do deputa-do Roberto Santiago (PV-SP) ao Projeto de Lei 4330/04 do deputado Sandro Ma-bel (PMDB - GO).

“O substitutivo promove uma refor-ma equivocada da legislação e, com isso, a precarização do trabalho. Ou seja, au-menta a jornada, reduz salários e desres-peita questões fundamentais como saú-de e segurança no trabalho”, condenou o deputado Vicentinho (PT-SP), que votou contra o projeto, acompanhado pelo de-putado Policarpo (PT-DF).

O presidente da Central Única dos Tra-balhadores (CUT), Artur Henrique, con-dena o retrocesso. “A terceirização mata, piora as condições de trabalho e a quali-dade de vida do trabalhador”. “A terceiri-

zação é sinônimo de precarização nas re-lações do trabalho. Não podemos permi-ti-la na atividade fi m. Essa penalização no trabalho é sinal de arrocho salarial, onde os trabalhadores são tratados co-mo cidadãos de segunda classe”, frisou o presidente da Central Geral dos Traba-lhadores do Brasil (CGTB), Ubiraci Dan-tas de Oliveira (Bira).

Proposta indecentePara os operários da construção, des-

tacou o presidente da Conticom, Claudio da Silva Gomes, a proposta aprovada pe-la Comissão “é indecente, pois acaba com o instrumento de punir as empresas e dá embasamento legal para uma prática que combatemos”. O que acontece hoje, in-formou, “é que as empresas não são ter-ceirizadas por serem especialistas no que fazem; na verdade, o que existe é a loca-ção de mão de obra, o que é proibido. Es-sa proposta é muito negativa e vai difi cul-tar o combate à precarização e a garantia do direito dos trabalhadores”. (LWS)

Traíras dos trabalhadoresVotaram a favor do texto contra os trabalhadores os deputados Alfredo

Kaefer (PSDB-PR), Augusto Coutinho (DEM-PE), Carlos Sampaio (PSDBSP), Darcísio Perondi (PMDB-RS), Dr Ubiali (PSB-SP), Efraim Filho (DEM-PB), Gorete Pereira (PR-CE), Jerônimo Goergen (PP-RS), Laercio Oliveira (PR-SE), Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), Reinaldo Azambuja (PSDB-MS), Roberto Santiago (PV-SP), Ronaldo Nogueira (PTB-RS) e Sandro Mabel (PMDB-GO). (LWS)

Terceirização só agrava o problemaProposta aumenta a jornada, reduz salários e desrespeita questões fundamentais como saúde e segurança no trabalho

“O substitutivo promove uma reforma equivocada da legislação e, com isso, a precarização do trabalho”

nadores e montadores de andaime, en-tre outros, é preciso fechar espaço pa-ra a terceirização e a quarteirização quesão sinônimos de precarização. “Sãoempresas rotatórias, onde o trabalha-dor está sempre sendo penalizado coma perda de direitos, pois quando a fi s-calização chega, a empresa picareta jáfoi”, explicou.

Na mesma toada truculenta, em Volta Redonda (RJ), a Odebrecht radicaliza. Confi ando na impunidade, a empresa anunciou no fi nal de outubro a demissão de 80 operários

Em Minas Gerais, no município de Divinópolis, a Cotemil, empresa reincidente nas transgressões, mantinha num motel abandonado 56 operários em condições análogas à escravidão

No Comperj, consórcio ignorou acordo fi rmado no TRT e demitiu vários trabalhadores

Reforma equivocada aumenta a jornada, reduz salários e desrespeita a segurança no trabalho

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