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EXCELENTÍSSIMOSENHORMINISTROPRESIDENTEDOSUPREMOTRIBUNALFEDERAL JOSÉSÉRGIOGABRIELLIDEAZEVEDO,brasileiro,casado,professoruniversitário aposentado, CPF 042.750.395-72, [email protected],representadoporseusAdvogados(DOC.01:ProcuraçãoeCustas),comendereçonoSAS,Quadra06,BlocoK,Ed.Belvedere,Sala1.002,Brasília/DF,70.070-915,vem,àpresençadeVossaExcelência,impetrar
MANDADODESEGURANÇACOMPEDIDODELIMINAR
indicandocomoautoridadecoatoraoPRESIDENTEDOTRIBUNALDECONTASDAUNIÃO,MinistroAroldoCedraz,asernotificadonoSAFS,Quadra04,Lote01,Ed.Sede,Sala159,CEP70.042-900,telefone613316-5002,[email protected],poratocoatorconsistentenoAcórdão927/16doPlenário,datadode20/04/16,o qual estendeu bloqueio cautelar de bens para além do período de um ano,violando as limitações impostas pela Lei Orgânica do TCU, naquilo em queestabeleceseuArt.44,§2º:“poderáoTribunal[deContasdaUnião],semprejuízodasmedidasprevistasnosarts.60e61destaLei[8.443/92],decretar,porprazonãosuperioraumano,aindisponibilidadedebensdoresponsável”,desafiandodessaformadireitolíquidoecertonãopassívelderecursoadministrativoquesejadotadodeefeitosuspensivo.
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I. SÍNTESEEATOCOATOR
1. A Segunda Turma desse Eg. Supremo Tribunal Federal, em 24/03/15,
denegoua segurançapleiteadacontraatodoTribunaldeContasdaUnião (TCU),que
decretou a indisponibilidade de bens dos impetrantes domandado de segurançaMS
33.092/14. Nesse MS, relatado pelo Ministro Gilmar Mendes, foi apontado como ato
coator o Acórdão 1.927/2014 do TCU, proferido no bojo da Representação
005.406/2013-7.
2. Como síntese dessa linha temporal, consigna-se que o TCU iniciou a
apuraçãosobrePasadenaem2013,vindoadecidirpelobloqueiodebensem23/07/14.
Nasemanaseguinte,foiimpetradooreferidoMS,cujasegurançafoidenegadaapósoito
meses. Atualmente, passados quase dois anos do primeiro julgamento, o caso
praticamente não fez progresso de mérito no TCU, transcorrendo – sem que mais
providênciasfossemtomadas–oprazodobloqueioincialmenteimposto.
3. O ato coator agora combatido foi gestado nesse contexto: de um lado a
inérciadoTCUemrelaçãoaodesenlacedoméritoe,deoutro,aobrigatoriedadedese
manifestardiantedaexpiraçãodoprazodobloqueio.A respostaveio inicialmenteno
Acórdão 425/16, por meio do qual, em 02/03/16, o TCU renovou a ordem de
indisponibilidadedebensanteriormenteimposta.Talordem,submetidaanovorecurso
do impetrante, gerou o Acórdão 927/16, proferido pelo TCU em 20/04/16, o qual é
indicadonesteMScomoatocoator.Suaementaéaseguinte(DOC.02:AtoCoator):
AGRAVOE EMBARGOSDEDECLARAÇÃOEM FACEDEDECISÃODESTACORTEDECONTASQUEDECRETOUAINDISPONIBILIDADEDEBENSDOSRECORRENTES. NÃO CONHECIMENTO DO AGRAVO ANTE A FALTA DEPREVISÃO REGIMENTAL. CONHECIMENTO DOS EMBARGOS DEDECLARAÇÃO.REJEIÇÃO.ConsoantejurisprudênciadestaCortedeContas,não há previsão regimental para o conhecimento de agravo em face demedidacautelarinstituídacomfundamentonosarts.273e274doRITCU.Osrecursosqueseprestemaatacardeliberaçõesdecunhocautelardevemserrecebidossemefeitosuspensivo,umavezque,tantooantigocomoonovoCódigodeProcessoCivil,aplicadossubsidiariamenteaosprocessosdesta Corte por força da Súmula 103/TCU e do art. 298 do RegimentoInterno/TCU, excepcionamesteefeito suspensivoemcasosdeadecisãoatacada versar sobre concessão de medida cautelar, arts. 520 e 1.012,respectivamente.(Acórdão425/16)
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4. Nota-sequeoatocoatoréilegal,poisnãoconheceudorecursointerposto
pelo impetrante, evitando o duplo grau de julgamento. E isso ocorreu sem qualquer
fundamento,impondo-seilegalmenteaoimpetranteaextensãodoprazodobloqueiode
bens,oqualélimitadoporleiaumano.Apesardaconclusãoequivocada,orelatóriodo
atocoatoréprecisoaoresumirque:
“Emapertadasíntese,oagravantefundamentaoseurecursonasseguintesrazões:
i.ORegimentoInterno/TCUestabeleceque“cabeagravo(art.277)contramedidacautelar(art.289)concedidacombasenaurgência,plausibilidadeouriscodeineficáciadafuturadecisãodemérito(art.276)”;ii.Amedidateve como exclusivo fundamento a preservação da possibilidade deeventualressarcimentoaoErário;iii.ALeiOrgânicalimitaobloqueiodebens a prazo não superior a um ano (art. 44, §2º); iv. A renovação damedida constritiva teve como base "novos fatos observados nos autos,sobretudo algumas medidas protelatórias processuais adotadas pelosdefendentes";v.Questionaquaisseriamessesfatosnovosequaisseriamasmedidastidascomoabusododireitodedefesa;vi.Nadafoilevantadoaté o presente momento contra o agravante e que ele somente semanifestou nos autos uma única vez; vii. Solicita a “reconsideração dobloqueio somente no que toca ao Sr. Gabirelli, pois as apuraçõesconfirmaramainexistênciadeplausibilidadedasimputaçõesfeitasemseudesfavor”;viii.OacórdãoimpugnadoéinválidopoisoTribunalultrapassouos limites de sua competência, criando de ofício uma possibilidade deindisponibilidade por prazo indeterminado, que viola frontalmente alegislaçãovigente
Aofinal,pedeprovimentodesteAgravopararevogarobloqueiodebensinjustamenteimpostoaoSr.Gabrielli;ou,casoassimnãoseentenda,queesta irresignação seja subsidiariamente recebida como EmbargosDeclaratórios,aosquaissejamatribuídosefeitosmodificativos,afimdequesirvampara veicular o pedido de reconsideração da ordembloqueio debensemcomento.”
5. Ou seja, a controvérsia foi compreendida pelo TCU. E isso demonstra
tambémqueojurisdicionadoesgotoutodasasviasdisponíveiscomefeitosuspensivo,
poisfezusodosrecursoscabíveis(DOC.03:DemaisAcórdãosdoTCU).Noentanto,oTCU
mantém sua posição de ilegalidade, ao violar a literalidade da lei sem fundamentar
adequadamenteosmotivosdasuainterpretação.
II. OPRIMEIROMANDADODESEGURANÇA
6. Cabe lembrar que, na ocasião da impetração do primeiroMS, ainda em
2014, foram litisconsortes: José Sérgio Gabrielli de Azevedo (ora impetrante), Nestor
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CuñatCerveró,AlmirGuilhermeBarbassa,RenatodeSouzaDuque,GuilhermedeOliveira
Estrella, Ildo Luis Sauer e Luís CarlosMoreira Silva. Todos foram representados pelo
escritóriodeadvocaciaSiqueiraCastro,que,nodesempenhodecontratoinstitucional,
realizou a defesa dos interessados sem individualização das respectivas condutas e
responsabilidades.(DOC.04:InicialdoMS33.092/14)
7. Embora articulada, é preciso reconhecer que a primeira tentativa de
submeter o bloqueio de bens à revisão desse Eg. Tribunal apresentou argumentos
genéricos.Diantedisso,foinaturalqueorelatórioeovotocondutordoMS33.092/14se
orientassepelaconfirmaçãotambémgenéricadeque,emtese,pelaviadomandadode
segurança, o TCU é passível de controle por esse Eg. Supremo. No entanto, as
circunstâncias expostaspeladefesa, naquelemomento,de fato, não foramcapazesde
evidenciarailegalidadedoatocombatido.(DOC.05:AcórdãoMS33.092/14)
8. Assim,asegurançafoidenegadaporunanimidade,somando-seaovotodo
Ministro Relator Gilmar Mendes as declarações dos vogais Ministra Cármen Lúcia e
MinistroCelsodeMello.NaocasiãooMinistroCelsodeMello fezusodapalavrapara
destacarsuasmanifestaçõesanteriores,emfavordousodopodergeraldecautelapor
partedoTCU,tantonoMS2.547equantonoMS24.510.
III. ASAPURAÇÕESSUPERVENIENTES
9. Conformejádestacado,passadosquasedoisanosdaprimeiraimpetração,
oSr.Gabriellientendequeosfatossupervenientes,quandodetidamenteavaliados,são
suficientesparaaconcessãodaordemdedesbloqueioemseu favor.Foioque tentou
exaustivamentejuntoaoTCU,demonstrandoquenãomaisseencontrampresentesos
requisitoscautelaresemseudesfavor.
10. Nessesentido,comprova-sequeatrajetóriadecadaumdosinvestigados
aolongodasapuraçõesfoimuitodistinta.SegundooPortalG1,NestorCunatCerveró,
litisconsortedoprimeiroMS,foicondenadoemprimeirainstânciaporcorrupçãopassiva
elavagemdedinheiro,estandorelacionadotambémaapuraçõessobreostemas“navios
sonda”,“coberturadeluxo”eao“núcleoBumlai”.Ouseja,ascondenaçõesversaramsobre
temasalheiosàapuraçãopromovidapeloTCU,cujoobjetofoiaaquisiçãodePasadena.
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11. Já Renato de Souza Duque, também litisconsorte do primeiro MS, foi
condenado em primeira instância por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e
associaçãocriminosa.Asinvestigaçõesemandamentosapontamconexõessuascomos
núcleos “Andrade Gutierrez”, “Diretoria de Serviços”, “Odebrecht I e II”, “Grupo
Setal/SOG”, “Estaleiro Jurong”, “Núcleo Dirceu”, “Italiana Saipem” e “Acarajé”. Assim
comonocasodeNestorCunatCerveró,ascondenaçõessãoalheiasaosfatosapurados
peloTCU:
12. Síntesedascondenaçõespodeserconsultadaemdiversasfontes,inclusive
noPortalG1(http://bit.ly/1TKFH6z),deondefoiextraídaaseguintelistadecondenados
naLavaJato:
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13. Ora, como bem se nota, o impetrante não está implicado em nenhum
acontecimentodaLavaJatoeascondenaçõesdoslitisconsortesdecorremdeoutrosfatos.
OnomedoSr.GabriellinãopodeserassociadoàLavaJato,notadamenteporqueocaso
dePasadena,peloqualoimpetranterespondejuntoaoTCU,nãoéalvodasinvestigações
organizadaspeloMinistérioPúblicoepelaPolíciaFederal.
14. AinterpretaçãográficafeitapeloEstadão(http://bit.ly/1TKGcxp)sobrea
LavaJato,combasenascondenaçõesatéagoraobtidas,confirmaqueoesquemaocorria
nos níveis de Diretoria e Gerência da Petrobras, diretamente ligadas a Empreiteiras,
OperadoresePolíticos.
15. Ou seja, descobriu-se um sistema de operação loteada por partidos
políticos, semqualquerorquestraçãodapartedaPresidênciadaPetrobras.Conforme
infográficodoEstadão,PasadenanãoestánoescopodaLavaJato.EmuitomenosoSr.
Gabrielli teria qualquer qualquer relação com as irregularidades apuradas dentro da
Petrobras.
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16. O infográfico do Estadão, que compila todas as apurações da Lava Jato,
deixaclaroquemsãooscondenadosequaissuasligações.Análisedetidadopanorama
revelaqueoimpetrantenãofiguranasinvestigaçõesmaisavançadas,emboraseunome
seja rotineiramente citado, tendo em vista a posição de destaque que ocupou na
PresidênciadaPetrobras.
17. Pede-sevêniaparaenfocarademandaporessaperspectiva,poistudoleva
acrerobloqueiodebensaqui impugnadoderivedecerta intuiçãoorientadaporuma
malhadelembrançasdasmatériasdejornal.Mesmoemmandadodesegurança,esses
fatosprecisamser relembrados, sobpenanão ser alcançadoodireito líquidoe certo,
consistenteemqueoimpetranteteveseubloqueiodebensrenovadossemjustacausa.
18. Emoutraspalavras,emboraaLavaJatonãotenhanenhumarelaçãocoma
apuraçãodoTCU,foinecessáriocolocaremperspectivaaevoluçãodefatoseconclusões
atinentesaosimpetrantesdoprimeiromandadodesegurança.Essacomparaçãoserve
apenasdecontrasteparaquesejaevidenciadaaausênciadeimplicaçõesdoSr.Gabrielli
em vários fatos conexos às apurações mencionadas. O tempo e os acontecimentos
serviram,atéagora,paradeixarclaroquenãomilitaemdesfavordoSr.Gabriellidúvida
sobresuareputação.
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IV. RAZOÁVELDURAÇÃODOPROCESSO
19. Como é sabido, a Constituição Federal elevou a direito fundamental a
razoável duração do processo: “Art. 5º (...) LXXVIII - A todos, no âmbito judicial e
administrativo,sãoasseguradosarazoávelduraçãodoprocessoeosmeiosquegarantam
aceleridadedesuatramitação.”Seriarazoáveladuraçãodeumprocessoadministrativo
que,semavançarsignificativamenteemsuasapurações,tornapereneobloqueiodebens
semqualqueragravamentodascircunstânciasautorizadorasdessamedidaexcepcional?
Salvomelhorjuízo,entende-sequenão.
20. Emoutraspassagens,oordenamentojurídicobrasileirotambémprotegeo
jurisdicionadodainércia.Porexemplo,oautorquetemcautelardeferida,precisaajuizar
aaçãoprincipalem30dias.Oincidentederesoluçãodedemandasrepetitivasapenas
suspendeaslidesconexasporumano.E,porfim,talvezumadiscussãomaisinspiradora
e mais madura, seja a do excesso de prazo da prisão cautelar, que pode gerar
constrangimentoilegal.
21. Infelizmente,oTCUtemumadinâmicaprocedimentalcontrastantecomo
processojudicial.Origordoprocessojudicialcontenciosoémaispreparadoparalidar
comlitisconsórciomultitudinário.Nocasoconcreto,tramitaumarepresentaçãocom14
interessados,noqualestãohabilitados72advogados.A flexibilidadeeaamplitudeda
representaçãoemcursofazcomque,apósdoisanos,aindaestejamsendo julgadosos
recursosinterpostoscontraaliminarquedeterminouobloqueiodascontasbancárias.
22. Nãohánoprocessoadministrativoindicativodesaneamento,apesardas
mais de 1500movimentações burocráticas realizadas. Existem também12 processos
apensadosàrepresentação005.406/2013-7.Alémdisso,émuitoprovávelquevenhama
ser intimadososmembrosdoConselhodeAdministraçãodaPetrobras,oque fariaas
investigações retornaremaopatamar inicial.Diantedisso, quantos anosmais deveria
persistir o bloqueio liminar de bens? Afinal, à luz da Constituição, qual é a duração
razoáveldeumbloqueiobens?
23. Comoessaéumaperguntamuitodifícildeserrespondida,oqueseespera
desseEg.SupremoTribunalFederaléque,liminarmente,determineasuspensãoparcial
dobloqueiodebens,somentequantoaoimpetrante,comautorizaçãoparaquelevante
mensalmenteaquantiadeR$10mil,correspondenteaorendimentodesuasaplicações
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financeiras acumuladas ao longo de uma vida de trabalho. Essa é a quantia mínima
necessáriaàmanutençãodopadrãodevidadoimpetrante,estandodentrodamédiade
remuneraçãodecargosdofuncionalismofederal,oqueseriacompatívelcomeventuais
posiçõesqueviesseaocupardentrodacarreirapública.
V. AEXECUÇÃOMENOSGRAVOSA
24. Nãocustalembrarquefoiexaustivamentedebatidaessapossibilidadede
umaexecuçãomenosgravosacomoTCU,queinclusiveinstalougrupodetrabalhopara
criar meios de manter uma remuneração digna ao impetrante. Infelizmente, não se
chegou a bom termo, pois oAcórdão 425-6/16-P, emitido em02/03/16, restringiu a
liberaçãodevaloressomenteàscontas-salário.ConsignouoRelatordoTCU:
“Nessediapasão,paradarcumprimentoàcautelar,semqueissoimplicasserestrição às verbas de natureza alimentícia, determinei que minhaassessoria se reunisse com técnicos do Banco Central do Brasil e comauditoresdestaCasalotadosnoServiçodeCobrançaExecutivadaSegecex,afimdetomarasdecisõesquemelhorseamoldassemaocaso.
Mencionada reunião ocorreu na sede do Banco Central do Brasil em9/6/2015,consoanteaataacostadaàpeça584,oportunidadeemqueficouassenteque “a conta-salário é o instrumento ideal para garantir tanto aindisponibilidadedebenscomoapossibilidadedequeosresponsáveisnãofiquemsemacessoaosseusvencimentos”.
Por conseguinte, a partir de então, foi autorizado aos responsáveismovimentaremcontasquefossemdotiposalário.”
25. Ouseja,acautelarexecutadasemnenhumaflexibilizaçãoviolaoprincípio
da execução pormeiomenos gravoso. E essa violação associada à longa duração do
processotrazem,paraocasoconcretoumestadoextremamenteinjustoaoimpetrante.
Casotalconjugaçãosetorneumaregra,qualquerjurisdicionadocomcasocomplexoede
altovalorterámuitoatemer,poisoTCUnãotemsemostradocapazdeimprimiruma
marchaadequadaaodesenlacedosfatos.
VI. OSACORDÃOSQUEANTECEDERAMOATOCOATOR
26. ORegimentoInternodoTCUestabelecequecabeAgravo(art.277)contra
amedidacautelar(art.289)concedidacombasenaurgência,plausibilidadeouriscoda
ineficáciada futuradecisãodemérito(art.276).Nocasoconcreto,amedidacautelar,
estendidapeloAcórdão425/16,de02/03/16,baseou-senaLeiOrgânicadoTCU(art.44),
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tendo como exclusivo fundamento a preservação da possibilidade de eventual
ressarcimentoaoErário.
27. Ouseja,nãosetratoudemedidaurgente,nemfundadanaplausibilidade
dasalegações.Acautela,emumprimeiromomento,foiconcedidaparaevitaraineficácia
da eventual condenação.Por tratar-sedo fundamentomais frágil entreos legalmente
previstos (pois independentedeurgênciaouplausibilidade),aLeiOrgânica limitao
bloqueiodebensa"prazonãosuperioraumano"(art.44,§2º).
28. EmrespeitoàlimitaçãotemporalexpressaemleiereplicadanoRegimento
Interno(arts.273e274),foideterminadoobloqueiode"tantosbensquantosbastantes"
de"todososarrolados".Em2014,portanto,oTCUseposicionoudeformaconservadora,
colocando no mesmo patamar todos os arrolados e quantificando o potencial
ressarcimentoemcentenasdemilhõesdedólares,nostermosdoAcórdão1.927/14.
29. Quemsabe,considerandodacogniçãorarefeitasobreosfatos,essatenha
sidoaposturamaisadequadaparaoanode2014.Noentanto,chegamosa2016comuma
compreensãomuitomelhorsobreos fatosesobrearesponsabilidadedecadaumdos
arrolados.
30. Nãoobstante,oTCUmanteveintegralmentebloqueiocautelar.E,comoos
fundamentos eleitos para a renovaçãodamedidanoAcórdão425/16 foramdiversos
daqueles do Acórdão 1.927/14, o impetrante interpôs novo agravo. Após o referido
recurso, sobreveio o Acórdão 927/16, datado de 20/04/16, apontado aqui como ato
coator.
31. Como essa progressão de decisões gravita em torno domesmo tema, é
necessáriorecapitularoqueaconteceuemcadaumdeles.NostermosdoAcórdão425/16,
item9.4,arenovaçãodamedidaconstritivatevecomobase"novosfatosobservadosnos
autos, sobretudo algumas medidas protelatórias processuais adotadas pelos
defendentes".
32. Diantedesse julgado,pormeiodeagravo,o impetranteapresentouduas
questõesaoTCU.Aprimeira:Quaisseriamosnovosfatos(acompanhadospeladescrição
individualdacondutadecadaumdosarrolados)?Easegunda:Quaisseriamasmedidas
tidascomoabusododireitodedefesa?
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33. Conforme reiterado, em que pese a multiplicidade de envolvidos e
descobertaspoliciaisemrelaçãoàPetrobras,nadaselevantoucontraoSr.Gabrielli.Além
disso,oSr.Gabriellifezquestãodesemanifestarapenasumavez,aindaem2014,emum
documentode62páginas,comtodososelementosdesuadefesa.Maistardeoprocesso
administrativoveioaserdesmembrado,oqueexigiudoSr.Gabrielliodesmembramento
desuadefesa.Issoveioaserfeitosemadiçãodenovoselementos.
34. Portanto, a resposta aos questionamentos postos pelo Sr. Gabrielli é
simples. Não há fato superveniente em seu desfavor, bem como não houve abuso do
direitodedefesa,poisapenassemanifestousubstancialmenteumaveznosautos,ainda
em2014.Nomais,limitou-searecorrercontraobloqueiodebens.
35. Combasenisso,solicitou-sereconsideraçãodobloqueiosomentenoque
tocaaoSr.Gabrielli,poisasapuraçõesconfirmaramainexistênciadeplausibilidadedas
imputaçõesfeitasemseudesfavor.EssefundamentofoirejeitadopeloTCU,quenoato
coator limitou-seadeclararqueorecursodeagravonãoseriacabíveldaextensãodo
bloqueio.Essajáéumailegalidadesuficienteàconcessãodaliminar,tendoemvistaque
oTCUnãopodenegarvigênciaacabimentorecursalexplícito.Ora,seoatodebloqueio
consisteemdecisãoliminar,édesafiadoorecursodoagravo.
VII. INVALIDADESDOATOCOATOR
36. Pelos motivos já tratados, nota-se que o ato coator é inválido, pois, ao
deixar de conhecer do agravo do impetrante, o TCU ultrapassou os limites de sua
competência, criando de ofício uma possibilidade de indisponibilidade por prazo
indeterminado,queviolafrontalmentealegislaçãovigente.Rememora-se,nessesentido,
que,naliteralidadedalei,somenteépermitidaaindisponibilidadeporatéumano.
37. Talencaminhamentocausa tantoestranhamentoqueopróprioMinistro
Relator,noAcórdãoqueinicialmenteestendeuobloqueio,reconheceuquealeidispõe
em sentido diverso do entendimento fixado no Acórdão 425/16, posteriormente
confirmadopeloAcórdão927/16.AssimfundamentousuavisãooRelatornoTCU:
“63. Em primeiromomento, poder-se-ia alegar que o prazo previsto nomencionado dispositivo não poderia ser elastecido, porquanto a normamenciona,inlitteris,"porprazonãosuperioraumano”.
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64.Entendoqueessanãosejaamelhorexegese.Explico.
65.Adespeitodeonormativoestabelecerqueamedidaseráadotadacomprazo não superior a um ano, inexiste limitação formal quanto àpossibilidade de nova decretação, quando permanecerem presentes osrequisitosiniciaisparaasuaadoção.Assim,nãovejoóbiceparaque,pordecisão igualmentedoPlenáriodoTCU,aCorte,porperíodo igualmentenãosuperioraumano,decretenovamentea indisponibilidadedosbensdos responsáveis. Essa medida tem por fim a assegurar o desfecho daanálise do mérito processual e, consequentemente, numa interpretaçãológico-sistemática da lei, o alcance do seu objetivo, qual seja, garantir oressarcimentodopotencialdanoaoerário.”
38. A fundamentação “contra-legem” terminou por evidenciar uma
inconsistência lógica, pois, “data venia”, o TCU assumiu um exercício cognitivo que a
Psicologiachamade“beliefbias”(ouviésdecrença):atendênciaquetodosnóstemosde
admitir argumentos que conduzem a conclusões que desejamos, ainda que os
argumentosnãosearticulemlogicamentecomessaconclusão.
39. Embora o Relator do TCU tenha reconhecido claramente que não pode
haverumaprorrogaçãodoprazo,buscacontornaravedaçãolegalpormeiodaafirmação
de que seria possível nova decretação porque “inexiste limitação formal quanto à
possibilidadedeumanovadecretação”.Esseéumargumentoespecialmentefrágil,
poisinvertealógicadodireitopúblico.SualógicaéadequeaAdministraçãosomente
temospoderesquelhesãoconferidospelalei.Essaéabasedodireitopúblico.
40. Para contornar o princípio da legalidade e impor a um cidadão a
indisponibilidadedosseusbensatéadecisãodomérito,oMinistroRelatorapresentou
duasjustificativascentrais:
1. “A interpretação lógico-sistemática da lei, o alcance do seu objetivo”,exigiria a continuidade da indisponibilidade dos bens dos investigados,mesmosemqueexistaprevisãoexpressadessapossibilidade.
2.Ateoriadospoderesimplícitos,aplicadaaoTCUporesseEg.SupremoTribunalFederal,pormeiodoMS24.510,queconfeririaàCortedeContasa possibilidade de editar cautelares,mesmo que não houvesse previsãoexplícitadessacompetênciaemsuaLeiOrgânica.
41. Ocorre, contudo, salvo melhor juízo, que ambas essas afirmações são
insubsistentes. Afinal, o posicionamento do Acórdão impugnado por agravo violou
qualquer interpretação sistemática razoável (pois apresentapara o casouma solução
contráriaaosistema)eporquebuscajustificarpoderesimplícitosparalimitardireitos
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fundamentaiscombaseemumadecisãodesseEg.Supremo,cujovotocondutorselimita
areconhecerqueoTCU,noexercícioliteraldoart.246doseuRegimentoInterno,pode
sustarlicitaçõesquandoháfundadoreceiodegravelesãoaoerário.
42. Emsíntese,osfatosapuradosnoúltimoanovãonosentidodequeoSr.
Gabriellinãoestáimplicadoemnenhumatoilícito.Alémdisso,oSr.Gabriellinãopraticou
nenhum ato passível de enquadramento como abuso do direito de defesa. Por fim, a
manutençãodoAcórdãorecorridoimplicariailegalidade,poisnãoésustentáveldecisão
contráriaàlei,naquiloemqueprescreveliteralmentealimitaçãotemporaldeumano
paraobloqueiocautelar.
VIII. REQUISITOSLIMINARES
43. Tratando-se de pleito de desbloqueio de verbas de monta e origem
alimentar,aurgênciaéfacilmenteidentificável.Eaplausibilidadedopedidoderivadas
razõesdeinvalidadedoatocoator,quenãopoderiaterdeixadodeconhecerdorecurso
deagravodoimpetrante,tendoemvistaque–nomínimo–aextensãodobloqueiode
bensmereceriareexame.Ademais,pelasrazõesexpostas,égrandeaplausibilidadede
queoprópriobloqueiodebens,semadevidafundamentação,sejaemsiilegal.
44. Nesse sentido,merece ser esclarecido que o bloqueio determinado pelo
TCU foi incondicional, imposto sobre a integralidade do patrimônio e seus frutos,
independentementedevalorouorigem.Aúnicaformaderetiradadevalorespermitida
peloTCUfoipelaviadacontasalário.Noentanto,pormaiscomumquesejaacontasalário
entreosempregadoseosfuncionáriospúblicosdaativa,essaformaderecebimentonão
estádisponívelparatodasaspessoas.
45. Oefeitopráticoéqueo impetrante seencontra reduzidoa condiçãode
indignidade,decorrendodissoaurgêncianoprovimento,poisoTCUinsisteemmanter
um bloqueio ilegal, ao fundamento de que não caberia agravo contra liminar que
determinabloqueiodebens(RegimentoInternodoTCU,art.289).Ademais,tambémna
forma,oTCUadotaatesedequeolimitetemporaldeumano(LeiOrgânicadoTCU,art.
44,§2º)nãoprecisariaserobservado.Comoépossívelconcluir,asquestõestrazidasa
esseEg.SupremoTribunalFederalsãotodasdedireito,detalmodoqueoMandadode
Segurançaéviaadequadaparasuaimpugnação.
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IX. PEDIDO
46. Pleiteiaoimpetrante,atribuindoàcausaovalordeR$1.000,00(milreais)
ecolocando-seàdisposiçãoparaeventuaisaudiências,que:
i. seja a demanda submetida a livre distribuição, pois o ato coator doMS33.092/14 (Acórdão 1.27/14 do TCU) é distinto do atacado por estemandadodesegurança(Acórdão927/16doTCU);
ii. seja notificada a autoridade coatora para que preste informações,seguindo-se a intimação do órgão de representação judicial da pessoajurídica vinculada, declarada para essa finalidade como sendo a UniãoFederal.
47. Pleiteiatambémaimpetranteque:
iii. seja,liminarmente,suspensooatocoatorimpugnado(qualsejaoAcórdãodo TCU, de número 927/16, datado de 20/04/16), autorizando-se asuspensãoparcialdobloqueiodebens,somentequantoaoimpetrante,compermissão para que levante mensalmente, de sua conta correntemantidajuntoàagência8603-7doBancodoBrasil,aquantiadeR$10milatédecisãodeméritonestemandadodesegurança.
iv. seja, ao final, julgado procedente o pedido para anular o ato coator,emitindo-seordemdedesbloqueiodosbensconstritoscautelarmentepeloTCU.
Pededeferimento.Brasília,07dejunhode2016.ANTÔNIOPERILOTEIXEIRA
OAB/DF21.359HENRIQUEARAÚJOCOSTA
OAB/DF21.989
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