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EXCELENTÍSSIMO SENHOR MINISTRO PRESIDENTE DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL JOSÉ SÉRGIO GABRIELLI DE AZEVEDO, brasileiro, casado, professor universitário aposentado, CPF 042.750.395-72, [email protected], representado por seus Advogados (DOC. 01: Procuração e Custas), com endereço no SAS, Quadra 06, Bloco K, Ed. Belvedere, Sala 1.002, Brasília/DF, 70.070-915, vem, à presença de Vossa Excelência, impetrar MANDADO DE SEGURANÇA COM PEDIDO DE LIMINAR indicando como autoridade coatora o PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO, Ministro Aroldo Cedraz, a ser notificado no SAFS, Quadra 04, Lote 01, Ed. Sede, Sala 159, CEP 70.042-900, telefone 61 3316-5002, [email protected], por ato coator consistente no Acórdão 927/16 do Plenário, datado de 20/04/16, o qual estendeu bloqueio cautelar de bens para além do período de um ano, violando as limitações impostas pela Lei Orgânica do TCU, naquilo em que estabelece seu Art. 44, § 2º: “poderá o Tribunal [de Contas da União], sem prejuízo das medidas previstas nos arts. 60 e 61 desta Lei [8.443/92], decretar, por prazo não superior a um ano, a indisponibilidade de bens do responsável”, desafiando dessa forma direito líquido e certo não passível de recurso administrativo que seja dotado de efeito suspensivo. Impresso por: 827.130.651-00 MS 34233 Em: 08/06/2016 - 19:58:15

827.130.651-00 MS 34233 08/06/2016 - 19:58:15 · indicando como autoridade ... o qual estendeu bloqueio cautelar de bens para além do período de um ... não há previsão regimental

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EXCELENTÍSSIMOSENHORMINISTROPRESIDENTEDOSUPREMOTRIBUNALFEDERAL JOSÉSÉRGIOGABRIELLIDEAZEVEDO,brasileiro,casado,professoruniversitário aposentado, CPF 042.750.395-72, [email protected],representadoporseusAdvogados(DOC.01:ProcuraçãoeCustas),comendereçonoSAS,Quadra06,BlocoK,Ed.Belvedere,Sala1.002,Brasília/DF,70.070-915,vem,àpresençadeVossaExcelência,impetrar

MANDADODESEGURANÇACOMPEDIDODELIMINAR

indicandocomoautoridadecoatoraoPRESIDENTEDOTRIBUNALDECONTASDAUNIÃO,MinistroAroldoCedraz,asernotificadonoSAFS,Quadra04,Lote01,Ed.Sede,Sala159,CEP70.042-900,telefone613316-5002,[email protected],poratocoatorconsistentenoAcórdão927/16doPlenário,datadode20/04/16,o qual estendeu bloqueio cautelar de bens para além do período de um ano,violando as limitações impostas pela Lei Orgânica do TCU, naquilo em queestabeleceseuArt.44,§2º:“poderáoTribunal[deContasdaUnião],semprejuízodasmedidasprevistasnosarts.60e61destaLei[8.443/92],decretar,porprazonãosuperioraumano,aindisponibilidadedebensdoresponsável”,desafiandodessaformadireitolíquidoecertonãopassívelderecursoadministrativoquesejadotadodeefeitosuspensivo.

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I. SÍNTESEEATOCOATOR

1. A Segunda Turma desse Eg. Supremo Tribunal Federal, em 24/03/15,

denegoua segurançapleiteadacontraatodoTribunaldeContasdaUnião (TCU),que

decretou a indisponibilidade de bens dos impetrantes domandado de segurançaMS

33.092/14. Nesse MS, relatado pelo Ministro Gilmar Mendes, foi apontado como ato

coator o Acórdão 1.927/2014 do TCU, proferido no bojo da Representação

005.406/2013-7.

2. Como síntese dessa linha temporal, consigna-se que o TCU iniciou a

apuraçãosobrePasadenaem2013,vindoadecidirpelobloqueiodebensem23/07/14.

Nasemanaseguinte,foiimpetradooreferidoMS,cujasegurançafoidenegadaapósoito

meses. Atualmente, passados quase dois anos do primeiro julgamento, o caso

praticamente não fez progresso de mérito no TCU, transcorrendo – sem que mais

providênciasfossemtomadas–oprazodobloqueioincialmenteimposto.

3. O ato coator agora combatido foi gestado nesse contexto: de um lado a

inérciadoTCUemrelaçãoaodesenlacedoméritoe,deoutro,aobrigatoriedadedese

manifestardiantedaexpiraçãodoprazodobloqueio.A respostaveio inicialmenteno

Acórdão 425/16, por meio do qual, em 02/03/16, o TCU renovou a ordem de

indisponibilidadedebensanteriormenteimposta.Talordem,submetidaanovorecurso

do impetrante, gerou o Acórdão 927/16, proferido pelo TCU em 20/04/16, o qual é

indicadonesteMScomoatocoator.Suaementaéaseguinte(DOC.02:AtoCoator):

AGRAVOE EMBARGOSDEDECLARAÇÃOEM FACEDEDECISÃODESTACORTEDECONTASQUEDECRETOUAINDISPONIBILIDADEDEBENSDOSRECORRENTES. NÃO CONHECIMENTO DO AGRAVO ANTE A FALTA DEPREVISÃO REGIMENTAL. CONHECIMENTO DOS EMBARGOS DEDECLARAÇÃO.REJEIÇÃO.ConsoantejurisprudênciadestaCortedeContas,não há previsão regimental para o conhecimento de agravo em face demedidacautelarinstituídacomfundamentonosarts.273e274doRITCU.Osrecursosqueseprestemaatacardeliberaçõesdecunhocautelardevemserrecebidossemefeitosuspensivo,umavezque,tantooantigocomoonovoCódigodeProcessoCivil,aplicadossubsidiariamenteaosprocessosdesta Corte por força da Súmula 103/TCU e do art. 298 do RegimentoInterno/TCU, excepcionamesteefeito suspensivoemcasosdeadecisãoatacada versar sobre concessão de medida cautelar, arts. 520 e 1.012,respectivamente.(Acórdão425/16)

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4. Nota-sequeoatocoatoréilegal,poisnãoconheceudorecursointerposto

pelo impetrante, evitando o duplo grau de julgamento. E isso ocorreu sem qualquer

fundamento,impondo-seilegalmenteaoimpetranteaextensãodoprazodobloqueiode

bens,oqualélimitadoporleiaumano.Apesardaconclusãoequivocada,orelatóriodo

atocoatoréprecisoaoresumirque:

“Emapertadasíntese,oagravantefundamentaoseurecursonasseguintesrazões:

i.ORegimentoInterno/TCUestabeleceque“cabeagravo(art.277)contramedidacautelar(art.289)concedidacombasenaurgência,plausibilidadeouriscodeineficáciadafuturadecisãodemérito(art.276)”;ii.Amedidateve como exclusivo fundamento a preservação da possibilidade deeventualressarcimentoaoErário;iii.ALeiOrgânicalimitaobloqueiodebens a prazo não superior a um ano (art. 44, §2º); iv. A renovação damedida constritiva teve como base "novos fatos observados nos autos,sobretudo algumas medidas protelatórias processuais adotadas pelosdefendentes";v.Questionaquaisseriamessesfatosnovosequaisseriamasmedidastidascomoabusododireitodedefesa;vi.Nadafoilevantadoaté o presente momento contra o agravante e que ele somente semanifestou nos autos uma única vez; vii. Solicita a “reconsideração dobloqueio somente no que toca ao Sr. Gabirelli, pois as apuraçõesconfirmaramainexistênciadeplausibilidadedasimputaçõesfeitasemseudesfavor”;viii.OacórdãoimpugnadoéinválidopoisoTribunalultrapassouos limites de sua competência, criando de ofício uma possibilidade deindisponibilidade por prazo indeterminado, que viola frontalmente alegislaçãovigente

Aofinal,pedeprovimentodesteAgravopararevogarobloqueiodebensinjustamenteimpostoaoSr.Gabrielli;ou,casoassimnãoseentenda,queesta irresignação seja subsidiariamente recebida como EmbargosDeclaratórios,aosquaissejamatribuídosefeitosmodificativos,afimdequesirvampara veicular o pedido de reconsideração da ordembloqueio debensemcomento.”

5. Ou seja, a controvérsia foi compreendida pelo TCU. E isso demonstra

tambémqueojurisdicionadoesgotoutodasasviasdisponíveiscomefeitosuspensivo,

poisfezusodosrecursoscabíveis(DOC.03:DemaisAcórdãosdoTCU).Noentanto,oTCU

mantém sua posição de ilegalidade, ao violar a literalidade da lei sem fundamentar

adequadamenteosmotivosdasuainterpretação.

II. OPRIMEIROMANDADODESEGURANÇA

6. Cabe lembrar que, na ocasião da impetração do primeiroMS, ainda em

2014, foram litisconsortes: José Sérgio Gabrielli de Azevedo (ora impetrante), Nestor

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CuñatCerveró,AlmirGuilhermeBarbassa,RenatodeSouzaDuque,GuilhermedeOliveira

Estrella, Ildo Luis Sauer e Luís CarlosMoreira Silva. Todos foram representados pelo

escritóriodeadvocaciaSiqueiraCastro,que,nodesempenhodecontratoinstitucional,

realizou a defesa dos interessados sem individualização das respectivas condutas e

responsabilidades.(DOC.04:InicialdoMS33.092/14)

7. Embora articulada, é preciso reconhecer que a primeira tentativa de

submeter o bloqueio de bens à revisão desse Eg. Tribunal apresentou argumentos

genéricos.Diantedisso,foinaturalqueorelatórioeovotocondutordoMS33.092/14se

orientassepelaconfirmaçãotambémgenéricadeque,emtese,pelaviadomandadode

segurança, o TCU é passível de controle por esse Eg. Supremo. No entanto, as

circunstâncias expostaspeladefesa, naquelemomento,de fato, não foramcapazesde

evidenciarailegalidadedoatocombatido.(DOC.05:AcórdãoMS33.092/14)

8. Assim,asegurançafoidenegadaporunanimidade,somando-seaovotodo

Ministro Relator Gilmar Mendes as declarações dos vogais Ministra Cármen Lúcia e

MinistroCelsodeMello.NaocasiãooMinistroCelsodeMello fezusodapalavrapara

destacarsuasmanifestaçõesanteriores,emfavordousodopodergeraldecautelapor

partedoTCU,tantonoMS2.547equantonoMS24.510.

III. ASAPURAÇÕESSUPERVENIENTES

9. Conformejádestacado,passadosquasedoisanosdaprimeiraimpetração,

oSr.Gabriellientendequeosfatossupervenientes,quandodetidamenteavaliados,são

suficientesparaaconcessãodaordemdedesbloqueioemseu favor.Foioque tentou

exaustivamentejuntoaoTCU,demonstrandoquenãomaisseencontrampresentesos

requisitoscautelaresemseudesfavor.

10. Nessesentido,comprova-sequeatrajetóriadecadaumdosinvestigados

aolongodasapuraçõesfoimuitodistinta.SegundooPortalG1,NestorCunatCerveró,

litisconsortedoprimeiroMS,foicondenadoemprimeirainstânciaporcorrupçãopassiva

elavagemdedinheiro,estandorelacionadotambémaapuraçõessobreostemas“navios

sonda”,“coberturadeluxo”eao“núcleoBumlai”.Ouseja,ascondenaçõesversaramsobre

temasalheiosàapuraçãopromovidapeloTCU,cujoobjetofoiaaquisiçãodePasadena.

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11. Já Renato de Souza Duque, também litisconsorte do primeiro MS, foi

condenado em primeira instância por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e

associaçãocriminosa.Asinvestigaçõesemandamentosapontamconexõessuascomos

núcleos “Andrade Gutierrez”, “Diretoria de Serviços”, “Odebrecht I e II”, “Grupo

Setal/SOG”, “Estaleiro Jurong”, “Núcleo Dirceu”, “Italiana Saipem” e “Acarajé”. Assim

comonocasodeNestorCunatCerveró,ascondenaçõessãoalheiasaosfatosapurados

peloTCU:

12. Síntesedascondenaçõespodeserconsultadaemdiversasfontes,inclusive

noPortalG1(http://bit.ly/1TKFH6z),deondefoiextraídaaseguintelistadecondenados

naLavaJato:

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13. Ora, como bem se nota, o impetrante não está implicado em nenhum

acontecimentodaLavaJatoeascondenaçõesdoslitisconsortesdecorremdeoutrosfatos.

OnomedoSr.GabriellinãopodeserassociadoàLavaJato,notadamenteporqueocaso

dePasadena,peloqualoimpetranterespondejuntoaoTCU,nãoéalvodasinvestigações

organizadaspeloMinistérioPúblicoepelaPolíciaFederal.

14. AinterpretaçãográficafeitapeloEstadão(http://bit.ly/1TKGcxp)sobrea

LavaJato,combasenascondenaçõesatéagoraobtidas,confirmaqueoesquemaocorria

nos níveis de Diretoria e Gerência da Petrobras, diretamente ligadas a Empreiteiras,

OperadoresePolíticos.

15. Ou seja, descobriu-se um sistema de operação loteada por partidos

políticos, semqualquerorquestraçãodapartedaPresidênciadaPetrobras.Conforme

infográficodoEstadão,PasadenanãoestánoescopodaLavaJato.EmuitomenosoSr.

Gabrielli teria qualquer qualquer relação com as irregularidades apuradas dentro da

Petrobras.

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16. O infográfico do Estadão, que compila todas as apurações da Lava Jato,

deixaclaroquemsãooscondenadosequaissuasligações.Análisedetidadopanorama

revelaqueoimpetrantenãofiguranasinvestigaçõesmaisavançadas,emboraseunome

seja rotineiramente citado, tendo em vista a posição de destaque que ocupou na

PresidênciadaPetrobras.

17. Pede-sevêniaparaenfocarademandaporessaperspectiva,poistudoleva

acrerobloqueiodebensaqui impugnadoderivedecerta intuiçãoorientadaporuma

malhadelembrançasdasmatériasdejornal.Mesmoemmandadodesegurança,esses

fatosprecisamser relembrados, sobpenanão ser alcançadoodireito líquidoe certo,

consistenteemqueoimpetranteteveseubloqueiodebensrenovadossemjustacausa.

18. Emoutraspalavras,emboraaLavaJatonãotenhanenhumarelaçãocoma

apuraçãodoTCU,foinecessáriocolocaremperspectivaaevoluçãodefatoseconclusões

atinentesaosimpetrantesdoprimeiromandadodesegurança.Essacomparaçãoserve

apenasdecontrasteparaquesejaevidenciadaaausênciadeimplicaçõesdoSr.Gabrielli

em vários fatos conexos às apurações mencionadas. O tempo e os acontecimentos

serviram,atéagora,paradeixarclaroquenãomilitaemdesfavordoSr.Gabriellidúvida

sobresuareputação.

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IV. RAZOÁVELDURAÇÃODOPROCESSO

19. Como é sabido, a Constituição Federal elevou a direito fundamental a

razoável duração do processo: “Art. 5º (...) LXXVIII - A todos, no âmbito judicial e

administrativo,sãoasseguradosarazoávelduraçãodoprocessoeosmeiosquegarantam

aceleridadedesuatramitação.”Seriarazoáveladuraçãodeumprocessoadministrativo

que,semavançarsignificativamenteemsuasapurações,tornapereneobloqueiodebens

semqualqueragravamentodascircunstânciasautorizadorasdessamedidaexcepcional?

Salvomelhorjuízo,entende-sequenão.

20. Emoutraspassagens,oordenamentojurídicobrasileirotambémprotegeo

jurisdicionadodainércia.Porexemplo,oautorquetemcautelardeferida,precisaajuizar

aaçãoprincipalem30dias.Oincidentederesoluçãodedemandasrepetitivasapenas

suspendeaslidesconexasporumano.E,porfim,talvezumadiscussãomaisinspiradora

e mais madura, seja a do excesso de prazo da prisão cautelar, que pode gerar

constrangimentoilegal.

21. Infelizmente,oTCUtemumadinâmicaprocedimentalcontrastantecomo

processojudicial.Origordoprocessojudicialcontenciosoémaispreparadoparalidar

comlitisconsórciomultitudinário.Nocasoconcreto,tramitaumarepresentaçãocom14

interessados,noqualestãohabilitados72advogados.A flexibilidadeeaamplitudeda

representaçãoemcursofazcomque,apósdoisanos,aindaestejamsendo julgadosos

recursosinterpostoscontraaliminarquedeterminouobloqueiodascontasbancárias.

22. Nãohánoprocessoadministrativoindicativodesaneamento,apesardas

mais de 1500movimentações burocráticas realizadas. Existem também12 processos

apensadosàrepresentação005.406/2013-7.Alémdisso,émuitoprovávelquevenhama

ser intimadososmembrosdoConselhodeAdministraçãodaPetrobras,oque fariaas

investigações retornaremaopatamar inicial.Diantedisso, quantos anosmais deveria

persistir o bloqueio liminar de bens? Afinal, à luz da Constituição, qual é a duração

razoáveldeumbloqueiobens?

23. Comoessaéumaperguntamuitodifícildeserrespondida,oqueseespera

desseEg.SupremoTribunalFederaléque,liminarmente,determineasuspensãoparcial

dobloqueiodebens,somentequantoaoimpetrante,comautorizaçãoparaquelevante

mensalmenteaquantiadeR$10mil,correspondenteaorendimentodesuasaplicações

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financeiras acumuladas ao longo de uma vida de trabalho. Essa é a quantia mínima

necessáriaàmanutençãodopadrãodevidadoimpetrante,estandodentrodamédiade

remuneraçãodecargosdofuncionalismofederal,oqueseriacompatívelcomeventuais

posiçõesqueviesseaocupardentrodacarreirapública.

V. AEXECUÇÃOMENOSGRAVOSA

24. Nãocustalembrarquefoiexaustivamentedebatidaessapossibilidadede

umaexecuçãomenosgravosacomoTCU,queinclusiveinstalougrupodetrabalhopara

criar meios de manter uma remuneração digna ao impetrante. Infelizmente, não se

chegou a bom termo, pois oAcórdão 425-6/16-P, emitido em02/03/16, restringiu a

liberaçãodevaloressomenteàscontas-salário.ConsignouoRelatordoTCU:

“Nessediapasão,paradarcumprimentoàcautelar,semqueissoimplicasserestrição às verbas de natureza alimentícia, determinei que minhaassessoria se reunisse com técnicos do Banco Central do Brasil e comauditoresdestaCasalotadosnoServiçodeCobrançaExecutivadaSegecex,afimdetomarasdecisõesquemelhorseamoldassemaocaso.

Mencionada reunião ocorreu na sede do Banco Central do Brasil em9/6/2015,consoanteaataacostadaàpeça584,oportunidadeemqueficouassenteque “a conta-salário é o instrumento ideal para garantir tanto aindisponibilidadedebenscomoapossibilidadedequeosresponsáveisnãofiquemsemacessoaosseusvencimentos”.

Por conseguinte, a partir de então, foi autorizado aos responsáveismovimentaremcontasquefossemdotiposalário.”

25. Ouseja,acautelarexecutadasemnenhumaflexibilizaçãoviolaoprincípio

da execução pormeiomenos gravoso. E essa violação associada à longa duração do

processotrazem,paraocasoconcretoumestadoextremamenteinjustoaoimpetrante.

Casotalconjugaçãosetorneumaregra,qualquerjurisdicionadocomcasocomplexoede

altovalorterámuitoatemer,poisoTCUnãotemsemostradocapazdeimprimiruma

marchaadequadaaodesenlacedosfatos.

VI. OSACORDÃOSQUEANTECEDERAMOATOCOATOR

26. ORegimentoInternodoTCUestabelecequecabeAgravo(art.277)contra

amedidacautelar(art.289)concedidacombasenaurgência,plausibilidadeouriscoda

ineficáciada futuradecisãodemérito(art.276).Nocasoconcreto,amedidacautelar,

estendidapeloAcórdão425/16,de02/03/16,baseou-senaLeiOrgânicadoTCU(art.44),

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tendo como exclusivo fundamento a preservação da possibilidade de eventual

ressarcimentoaoErário.

27. Ouseja,nãosetratoudemedidaurgente,nemfundadanaplausibilidade

dasalegações.Acautela,emumprimeiromomento,foiconcedidaparaevitaraineficácia

da eventual condenação.Por tratar-sedo fundamentomais frágil entreos legalmente

previstos (pois independentedeurgênciaouplausibilidade),aLeiOrgânica limitao

bloqueiodebensa"prazonãosuperioraumano"(art.44,§2º).

28. EmrespeitoàlimitaçãotemporalexpressaemleiereplicadanoRegimento

Interno(arts.273e274),foideterminadoobloqueiode"tantosbensquantosbastantes"

de"todososarrolados".Em2014,portanto,oTCUseposicionoudeformaconservadora,

colocando no mesmo patamar todos os arrolados e quantificando o potencial

ressarcimentoemcentenasdemilhõesdedólares,nostermosdoAcórdão1.927/14.

29. Quemsabe,considerandodacogniçãorarefeitasobreosfatos,essatenha

sidoaposturamaisadequadaparaoanode2014.Noentanto,chegamosa2016comuma

compreensãomuitomelhorsobreos fatosesobrearesponsabilidadedecadaumdos

arrolados.

30. Nãoobstante,oTCUmanteveintegralmentebloqueiocautelar.E,comoos

fundamentos eleitos para a renovaçãodamedidanoAcórdão425/16 foramdiversos

daqueles do Acórdão 1.927/14, o impetrante interpôs novo agravo. Após o referido

recurso, sobreveio o Acórdão 927/16, datado de 20/04/16, apontado aqui como ato

coator.

31. Como essa progressão de decisões gravita em torno domesmo tema, é

necessáriorecapitularoqueaconteceuemcadaumdeles.NostermosdoAcórdão425/16,

item9.4,arenovaçãodamedidaconstritivatevecomobase"novosfatosobservadosnos

autos, sobretudo algumas medidas protelatórias processuais adotadas pelos

defendentes".

32. Diantedesse julgado,pormeiodeagravo,o impetranteapresentouduas

questõesaoTCU.Aprimeira:Quaisseriamosnovosfatos(acompanhadospeladescrição

individualdacondutadecadaumdosarrolados)?Easegunda:Quaisseriamasmedidas

tidascomoabusododireitodedefesa?

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33. Conforme reiterado, em que pese a multiplicidade de envolvidos e

descobertaspoliciaisemrelaçãoàPetrobras,nadaselevantoucontraoSr.Gabrielli.Além

disso,oSr.Gabriellifezquestãodesemanifestarapenasumavez,aindaem2014,emum

documentode62páginas,comtodososelementosdesuadefesa.Maistardeoprocesso

administrativoveioaserdesmembrado,oqueexigiudoSr.Gabrielliodesmembramento

desuadefesa.Issoveioaserfeitosemadiçãodenovoselementos.

34. Portanto, a resposta aos questionamentos postos pelo Sr. Gabrielli é

simples. Não há fato superveniente em seu desfavor, bem como não houve abuso do

direitodedefesa,poisapenassemanifestousubstancialmenteumaveznosautos,ainda

em2014.Nomais,limitou-searecorrercontraobloqueiodebens.

35. Combasenisso,solicitou-sereconsideraçãodobloqueiosomentenoque

tocaaoSr.Gabrielli,poisasapuraçõesconfirmaramainexistênciadeplausibilidadedas

imputaçõesfeitasemseudesfavor.EssefundamentofoirejeitadopeloTCU,quenoato

coator limitou-seadeclararqueorecursodeagravonãoseriacabíveldaextensãodo

bloqueio.Essajáéumailegalidadesuficienteàconcessãodaliminar,tendoemvistaque

oTCUnãopodenegarvigênciaacabimentorecursalexplícito.Ora,seoatodebloqueio

consisteemdecisãoliminar,édesafiadoorecursodoagravo.

VII. INVALIDADESDOATOCOATOR

36. Pelos motivos já tratados, nota-se que o ato coator é inválido, pois, ao

deixar de conhecer do agravo do impetrante, o TCU ultrapassou os limites de sua

competência, criando de ofício uma possibilidade de indisponibilidade por prazo

indeterminado,queviolafrontalmentealegislaçãovigente.Rememora-se,nessesentido,

que,naliteralidadedalei,somenteépermitidaaindisponibilidadeporatéumano.

37. Talencaminhamentocausa tantoestranhamentoqueopróprioMinistro

Relator,noAcórdãoqueinicialmenteestendeuobloqueio,reconheceuquealeidispõe

em sentido diverso do entendimento fixado no Acórdão 425/16, posteriormente

confirmadopeloAcórdão927/16.AssimfundamentousuavisãooRelatornoTCU:

“63. Em primeiromomento, poder-se-ia alegar que o prazo previsto nomencionado dispositivo não poderia ser elastecido, porquanto a normamenciona,inlitteris,"porprazonãosuperioraumano”.

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64.Entendoqueessanãosejaamelhorexegese.Explico.

65.Adespeitodeonormativoestabelecerqueamedidaseráadotadacomprazo não superior a um ano, inexiste limitação formal quanto àpossibilidade de nova decretação, quando permanecerem presentes osrequisitosiniciaisparaasuaadoção.Assim,nãovejoóbiceparaque,pordecisão igualmentedoPlenáriodoTCU,aCorte,porperíodo igualmentenãosuperioraumano,decretenovamentea indisponibilidadedosbensdos responsáveis. Essa medida tem por fim a assegurar o desfecho daanálise do mérito processual e, consequentemente, numa interpretaçãológico-sistemática da lei, o alcance do seu objetivo, qual seja, garantir oressarcimentodopotencialdanoaoerário.”

38. A fundamentação “contra-legem” terminou por evidenciar uma

inconsistência lógica, pois, “data venia”, o TCU assumiu um exercício cognitivo que a

Psicologiachamade“beliefbias”(ouviésdecrença):atendênciaquetodosnóstemosde

admitir argumentos que conduzem a conclusões que desejamos, ainda que os

argumentosnãosearticulemlogicamentecomessaconclusão.

39. Embora o Relator do TCU tenha reconhecido claramente que não pode

haverumaprorrogaçãodoprazo,buscacontornaravedaçãolegalpormeiodaafirmação

de que seria possível nova decretação porque “inexiste limitação formal quanto à

possibilidadedeumanovadecretação”.Esseéumargumentoespecialmentefrágil,

poisinvertealógicadodireitopúblico.SualógicaéadequeaAdministraçãosomente

temospoderesquelhesãoconferidospelalei.Essaéabasedodireitopúblico.

40. Para contornar o princípio da legalidade e impor a um cidadão a

indisponibilidadedosseusbensatéadecisãodomérito,oMinistroRelatorapresentou

duasjustificativascentrais:

1. “A interpretação lógico-sistemática da lei, o alcance do seu objetivo”,exigiria a continuidade da indisponibilidade dos bens dos investigados,mesmosemqueexistaprevisãoexpressadessapossibilidade.

2.Ateoriadospoderesimplícitos,aplicadaaoTCUporesseEg.SupremoTribunalFederal,pormeiodoMS24.510,queconfeririaàCortedeContasa possibilidade de editar cautelares,mesmo que não houvesse previsãoexplícitadessacompetênciaemsuaLeiOrgânica.

41. Ocorre, contudo, salvo melhor juízo, que ambas essas afirmações são

insubsistentes. Afinal, o posicionamento do Acórdão impugnado por agravo violou

qualquer interpretação sistemática razoável (pois apresentapara o casouma solução

contráriaaosistema)eporquebuscajustificarpoderesimplícitosparalimitardireitos

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fundamentaiscombaseemumadecisãodesseEg.Supremo,cujovotocondutorselimita

areconhecerqueoTCU,noexercícioliteraldoart.246doseuRegimentoInterno,pode

sustarlicitaçõesquandoháfundadoreceiodegravelesãoaoerário.

42. Emsíntese,osfatosapuradosnoúltimoanovãonosentidodequeoSr.

Gabriellinãoestáimplicadoemnenhumatoilícito.Alémdisso,oSr.Gabriellinãopraticou

nenhum ato passível de enquadramento como abuso do direito de defesa. Por fim, a

manutençãodoAcórdãorecorridoimplicariailegalidade,poisnãoésustentáveldecisão

contráriaàlei,naquiloemqueprescreveliteralmentealimitaçãotemporaldeumano

paraobloqueiocautelar.

VIII. REQUISITOSLIMINARES

43. Tratando-se de pleito de desbloqueio de verbas de monta e origem

alimentar,aurgênciaéfacilmenteidentificável.Eaplausibilidadedopedidoderivadas

razõesdeinvalidadedoatocoator,quenãopoderiaterdeixadodeconhecerdorecurso

deagravodoimpetrante,tendoemvistaque–nomínimo–aextensãodobloqueiode

bensmereceriareexame.Ademais,pelasrazõesexpostas,égrandeaplausibilidadede

queoprópriobloqueiodebens,semadevidafundamentação,sejaemsiilegal.

44. Nesse sentido,merece ser esclarecido que o bloqueio determinado pelo

TCU foi incondicional, imposto sobre a integralidade do patrimônio e seus frutos,

independentementedevalorouorigem.Aúnicaformaderetiradadevalorespermitida

peloTCUfoipelaviadacontasalário.Noentanto,pormaiscomumquesejaacontasalário

entreosempregadoseosfuncionáriospúblicosdaativa,essaformaderecebimentonão

estádisponívelparatodasaspessoas.

45. Oefeitopráticoéqueo impetrante seencontra reduzidoa condiçãode

indignidade,decorrendodissoaurgêncianoprovimento,poisoTCUinsisteemmanter

um bloqueio ilegal, ao fundamento de que não caberia agravo contra liminar que

determinabloqueiodebens(RegimentoInternodoTCU,art.289).Ademais,tambémna

forma,oTCUadotaatesedequeolimitetemporaldeumano(LeiOrgânicadoTCU,art.

44,§2º)nãoprecisariaserobservado.Comoépossívelconcluir,asquestõestrazidasa

esseEg.SupremoTribunalFederalsãotodasdedireito,detalmodoqueoMandadode

Segurançaéviaadequadaparasuaimpugnação.

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IX. PEDIDO

46. Pleiteiaoimpetrante,atribuindoàcausaovalordeR$1.000,00(milreais)

ecolocando-seàdisposiçãoparaeventuaisaudiências,que:

i. seja a demanda submetida a livre distribuição, pois o ato coator doMS33.092/14 (Acórdão 1.27/14 do TCU) é distinto do atacado por estemandadodesegurança(Acórdão927/16doTCU);

ii. seja notificada a autoridade coatora para que preste informações,seguindo-se a intimação do órgão de representação judicial da pessoajurídica vinculada, declarada para essa finalidade como sendo a UniãoFederal.

47. Pleiteiatambémaimpetranteque:

iii. seja,liminarmente,suspensooatocoatorimpugnado(qualsejaoAcórdãodo TCU, de número 927/16, datado de 20/04/16), autorizando-se asuspensãoparcialdobloqueiodebens,somentequantoaoimpetrante,compermissão para que levante mensalmente, de sua conta correntemantidajuntoàagência8603-7doBancodoBrasil,aquantiadeR$10milatédecisãodeméritonestemandadodesegurança.

iv. seja, ao final, julgado procedente o pedido para anular o ato coator,emitindo-seordemdedesbloqueiodosbensconstritoscautelarmentepeloTCU.

Pededeferimento.Brasília,07dejunhode2016.ANTÔNIOPERILOTEIXEIRA

OAB/DF21.359HENRIQUEARAÚJOCOSTA

OAB/DF21.989

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