15
1 10.5216/rpp.v13i1.8448 BARREIRAS PERCEBIDAS À PRÁTICA DE ATIVIDADE FÍSICA NO NORDESTE DO BRASIL Thiago Ferreira de Sousa Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, Santa Catarina, Brasil Sueyla Ferreira da Silva dos Santos Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, Santa Catarina, Brasil Helma Pio Mororó José Universidade Estadual de Santa Cruz, Ihéus, Bahia, Brasil Introdução A prática regular de atividades físicas representa um comporta mento que se relaciona com diversos benefícios à saúde e que devem ser motivados em todas as faixas de idade (UNITED STATES DEPARTMENT OF HEALTH AND HUMAN SERVICES USDHHS, 2008; WORLD HEALTH ORGANIZATION – WHO, 2002). O diagnóstico do nível de atividade física, principalmente em adolescentes, tem contribuído para a formulação de programas desti nados ao estímulo a um estilo de vida ativo (BARROS et al., 2009; PATE et al., 2005; SALLIS et al., 1997). Associado ao crescente aumento dos estudos de intervenção direci onados à promoção da prática de atividades físicas, surge a necessida de do levantamento de informações sobre as principais atividades praticadas (MALTA et al., 2009). Além disso, o conhecimento acerca Resumo O objetivo deste estudo foi analisar o tipo principal de atividade física praticada no lazer e as barreiras percebidas em relação a essa prática, de acordo com os indica dores sociodemográficos, em acadêmicos de um curso de Educação Física no nor deste do Brasil. Para tanto, foi conduzido um estudo de delineamento transversal com 105 acadêmicos do curso de Educação Física. Observouse que a principal atividade física praticada foi os esportes coletivos para ambos os gêneros. Como fatores limitantes à prática de atividades físicas, houve a predominância das barrei ras relativas ao clima desconfortável, excesso de trabalho, obrigações familiares e do estudo. Os esportes coletivos foram os mais praticados e as barreiras dessa prá tica foram de origem situacional. Palavraschave: Lazer Estudantes Atividade Física Barreiras Percebidas Pensar a Prática, Goiânia, v. 13, n. 1, p. 115, jan./abr. 2010

8448-37694-5-PB

Embed Size (px)

DESCRIPTION

barreiras

Citation preview

  • 110.5216/rpp.v13i1.8448

    BARREIRAS PERCEBIDAS PRTICA DE ATIVIDADEFSICA NO NORDESTE DO BRASILThiago Ferreira de SousaUniversidade Federal de Santa Catarina, Florianpolis, Santa Catarina, BrasilSueyla Ferreira da Silva dos SantosUniversidade Federal de Santa Catarina, Florianpolis, Santa Catarina, BrasilHelma Pio Moror JosUniversidade Estadual de Santa Cruz, Ihus, Bahia, Brasil

    IntroduoA prtica regular de atividades fsicas representa um comportamento que se relaciona com diversos benefcios sade e quedevem ser motivados em todas as faixas de idade (UNITED STATESDEPARTMENT OF HEALTH AND HUMAN SERVICES USDHHS, 2008 WORLD HEALTH ORGANIZATION WHO,2002). O diagnstico do nvel de atividade fsica, principalmente emadolescentes, tem contribudo para a formulao de programas destinados ao estmulo a um estilo de vida ativo (BARROS et al., 2009PATE et al., 2005 SALLIS et al., 1997).Associado ao crescente aumento dos estudos de interveno direcionados promoo da prtica de atividades fsicas, surge a necessidade do levantamento de informaes sobre as principais atividadespraticadas (MALTA et al., 2009). Alm disso, o conhecimento acerca

    ResumoO objetivo deste estudo foi analisar o tipo principal de atividade fsica praticada nolazer e as barreiras percebidas em relao a essa prtica, de acordo com os indicadores sociodemogrficos, em acadmicos de um curso de Educao Fsica no nordeste do Brasil. Para tanto, foi conduzido um estudo de delineamento transversalcom 105 acadmicos do curso de Educao Fsica. Observouse que a principalatividade fsica praticada foi os esportes coletivos para ambos os gneros. Comofatores limitantes prtica de atividades fsicas, houve a predominncia das barreiras relativas ao clima desconfortvel, excesso de trabalho, obrigaes familiares edo estudo. Os esportes coletivos foram os mais praticados e as barreiras dessa prtica foram de origem situacional.Palavraschave: Lazer Estudantes Atividade Fsica Barreiras Percebidas

    Pensar a Prtica, Goinia, v. 13, n. 1, p. 115, jan./abr. 2010

  • 210.5216/rpp.v13i1.8448

    das chamadas barreiras percebidas, em relao prtica de atividadesfsicas nas populaes, tem sido recorrente (SILVA et al., 2007 NASCIMENTO et al., 2008), haja vista a necessidade de se compreenderos fatores que podem limitar a adoo desse comportamento.Entretanto, em relao a pesquisas com estudantes do Ensino Superior, grupo que se encontra em processo constante de manuteno eadoo de hbitos de vida, observase uma escassez de informaessobre essa temtica nas bases indexadas. As pesquisas desenvolvidastm enfatizado o levantamento de informaes sobre aspectos comportamentais, como a atividade fsica, e demonstram que as moas(GUEDES SANTOS LOPES, 2006 SILVA et al., 2007 BIELEMANN et al., 2007), acadmicos de menor classe social (GUEDESSANTOS LOPES, 2006) e aqueles cursando os ltimos perodos decurso tendem a apresentar maiores nveis de inatividade fsica (SILVAet al., 2007).Tendo em vista a importncia desse tema para a atuao dos profissionais de Educao Fsica, principalmente no intuito de compreendera dinmica desse comportamento na sociedade, em especial em acadmicos oriundos da regio nordeste, o presente estudo tem como objetivo analisar o tipo principal de atividade fsica praticada no lazer e asbarreiras percebidas em relao a essa prtica, de acordo com os indicadores sociodemogrficos, em acadmicos de um curso de EducaoFsica no nordeste do Brasil.Mtodos

    Este estudo faz parte da pesquisa Perfil dos Indicadores da AptidoFsica e Sade dos Estudantes de Educao Fsica da UniversidadeEstadual de Santa Cruz (PAFIS UESC/BAHIA), de natureza aplicada, abordagem quantitativa e delineamento transversal, realizada emuma universidade pblica do Estado da Bahia. Outras informaes sobre o PAFIS UESC/BAHIA foram recentemente apresentadas(SOUSA, 2009 SOUSA et al., 2009).Visando realizao de um censo no curso de Educao Fsica, foram convidados a participar todos os acadmicos matriculados e desempenhado suas atividades frequentemente na instituio em 2007,sendo um total de 143 estudantes. A coleta de dados foi executada noms de maio de 2007, nas dependncias do curso, durante trs semanas, de maneira que os acadmicos que estavam presentes nas salasPensar a Prtica, Goinia, v. 13, n. 1, p. 115, jan./abr. 2010

  • 310.5216/rpp.v13i1.8448

    foram informados sobre os objetivos e a forma de participao queenglobou a aplicao de um questionrio e testes de aptido fsica relacionada sade.Visando sanar possveis interferncias durante a coleta, realizouseum treinamento prvio com os pesquisadores responsveis pela conduo dos testes de aptido fsica e aplicao do instrumento de pesquisa (questionrio). Este instrumento foi construdo tendo como baseoutros instrumentos validados para pesquisa com populaes adultas(BARROS, 1999 BRASIL, 2004) e foi preenchido pelos acadmicosde maneira livre. Entretanto, os pesquisadores acompanharam estaetapa e sanaram possveis dvidas. O questionrio foi composto pelasseguintes sees: indicadores sociodemogrficos, sade e qualidadede vida, estilo de vida (atividade fsica, hbitos alimentares, controledo estresse, comportamentos preventivos e relacionamentos), satisfao e controle da massa corporal.Para o presente estudo, foi investigado o tipo principal de atividadefsica praticada no lazer nas duas ltimas semanas anteriores coletade dados. Os acadmicos poderiam escolher somente uma opo deresposta das seguintes alternativas: esportes coletivos, caminhada,corrida, ciclismo, ginstica ou musculao, natao ou hidroginstica,dana ou atividades rtmicas, yoga, taichichuan ou alongamentos,artes marciais ou lutas, outras atividades fsicas, alm de no ter praticado atividades fsicas. Alm disso, essa varivel foi dicotomizadaem: praticantes, os acadmicos que referiram a prtica de qualqueruma das opes de atividades fsicas citadas e no praticantes, aqueles que referiram no terem praticado atividades fsicas.Em relao s barreiras percebidas, ou seja, os fatores que limitama prtica de atividades fsicas no lazer, os acadmicos responderamsomente uma opo das seguintes alternativas de possveis barreirasque limitaram prtica nas duas ltimas semanas anteriores coletade dados: cansao, clima desconfortvel, excesso de trabalho, falta devontade, obrigaes dos estudos, obrigaes familiares, distncia at olocal de prtica, falta de habilidade motora, falta de condies fsicas(aptido fsica, disposio), falta de instalaes, falta de dinheiro, condies de segurana, outras barreiras e no tenho percebido dificuldades. Posteriormente, as opes de respostas foram categorizadas emfatores de ordem situacional (clima desconfortvel, excesso de trabalho, obrigaes familiares e do estudo), pessoal (cansao, falta devontade, falta de habilidade motora e falta de condies fsicas) e rePensar a Prtica, Goinia, v. 13, n. 1, p. 115, jan./abr. 2010

  • 410.5216/rpp.v13i1.8448

    cursos (distncia at o local de prtica, falta de instalaes, falta de dinheiro e condies de segurana), as opes outras barreiras e no tenho percebido dificuldades permaneceram separadas.O tipo principal de prtica de atividade fsica no lazer de formaisolada, alm das barreiras percebidas, foram analisadas em relaoaos seguintes indicadores sociodemogrficos: gnero (masculino e feminino), idade (tercis de idade, 17 a 20 anos, 21 e 22 anos, e 23 a 42anos) e renda familiar mensal, mediante mltiplos do salrio mnimoque, na poca, era R$ 350,00 ( R$ 1750,00 e R$ 1751,00). A varivel do tipo principal de atividade fsica dicotomizada foi analisada somente em relao s barreiras percebidas.Foi utilizado o software estatstico SPSS verso 16.0 para a aplicao dos testes de estatstica descritiva (mdia, frequncia absoluta erelativa) e os testes do Quiquadrado (X2) e teste Fishers Exact. O valor de significncia adotado foi de p

  • 510.5216/rpp.v13i1.8448

    Tabela 1: Anlise descritiva dos indicadores sociodemogrficos em acadmicos deum curso de Educao Fsica no Nordeste, Bahia, Brasil. 2007

    Observouse que os estudantes do gnero masculino apresentaram,como principal atividade fsica (Tabela 2), os esportes coletivos(35,6%), seguido da ginstica ou musculao (20,3%), Em contrapartida, as mulheres referiram, com maior frequncia, no praticar(37,8%). Contudo, 20,0% das mulheres afirmaram a prtica de esportes coletivos e 17,8% ginstica ou musculao.Em relao aos demais indicadores sociodemogrficos, observouse que os mais jovens e os de renda inferior ( R$ 1.750,00) referirampraticar principalmente esportes coletivos. Porm, os de idade superior a 23 anos e os de renda R$ 1.751,00 referiram, com maiorfrequncia, no praticar (Tabela 2). Quanto s barreiras percebidas emrelao s variveis sociodemogrficas, no foi observada diferenaestatstica, contudo, homens e mulheres informaram as barreiras situacionais como sendo os principais limitantes (Tabela 3).Tabela 2: Frequncia de atividades fsicas no lazer praticadas por acadmicos deEducao Fsica de acordo com os indicadores sociodemogrficos, Bahia, Brasil.2007

    Pensar a Prtica, Goinia, v. 13, n. 1, p. 115, jan./abr. 2010

  • 610.5216/rpp.v13i1.8448

    Tabela 3: Frequncia de barreiras percebidas em relao aos indicadores sociodemogrficos em acadmicos de Educao Fsica, Bahia, Brasil. 2007

    Quanto associao entre as barreiras e a classificao de praticantes e no praticantes, no houve relao significativa (p=0,21). Porm, tanto os acadmicos praticantes como os no praticantesreferiram os fatores situacionais como sendo os principais limitantes.Destacase que os no praticantes apresentaram, como sendo a segunda barreira prtica, aquelas de origem pessoal (Figura 1).

    Figura 1: Frequncia de barreiras percebidas em relao condio de praticantese no praticantes de atividades fsicas no lazer em acadmicos de Educao Fsica(N=103)Discusso

    Em estudo sobre nvel de atividade fsica entre acadmicos no Egito, observouse que a prevalncia de no realizao de exerccios fsicos foi de 33,8% (ABOLFOTOUH et al., 2007), j entrePensar a Prtica, Goinia, v. 13, n. 1, p. 115, jan./abr. 2010

  • 710.5216/rpp.v13i1.8448

    universitrios brasileiros de Tocantins foi de 29,9% (RODRIGUESCHEIK MAYER, 2008). Marcondelli et al. (2008) observaram altonvel de sedentarismo nos estudantes da rea de sade (Medicina, Nutrio, Farmcia, Enfermagem, Odontologia e Educao Fsica) deBraslia, exceto nos alunos de Educao Fsica. Tais resultados demonstram que uma parcela dos acadmicos em mbito nacional e internacional apresenta baixos nveis de atividade fsica.Observouse que as principais atividades fsicas praticadas, tantopara os homens como para as mulheres, foram os esportes coletivos ea ginstica ou musculao. Vale salientar que a prtica destas atividades pode estar relacionada com a idade, haja vista que a frequncia deprtica dessas atividades foi superior para os acadmicos de idade at22 anos. Entretanto, estas diferenas no foram significativas no presente estudo. Em contrapartida, em estudos com jovens, observasetendncia semelhante (SILVA MALINA, 2001 HALLAL et al.,2006). Recentes informaes obtidas por meio do inqurito nacionalnas 26 capitais brasileiras e no Distrito Federal demonstraram que homens e mulheres com 18 anos ou mais referiram praticar, com maiorpredominncia, a caminhada, sendo tal atividade praticada, com maiorfrequncia, pelas mulheres (MALTA et al., 2009). Tal observao tambm foi evidenciada em mulheres irlandesas (LIVINGSTONE et al.,2001).Entretanto, ressaltase que uma frequncia superior de mulheresneste estudo afirmou no praticar atividades fsicas, sendo tal diferena significativa entre os gneros. Um menor nvel de atividade fsicapode ser observado desde as fases iniciais da vida para o gnero feminino, conforme observado com moas de Niteri, no Rio de Janeiro(SILVA MALINA, 2001), e do estado de Santa Catarina (SILVA etal., 2008), assim como em outros estudos com adolescentes (GORDONLARSEN NELSON POPKIN, 2004 HARDY et al., 2008).Outras pesquisas com adultos demonstraram tendncia semelhante demenores nveis de prtica de atividades fsicas no lazer para as mulheres (SALLESCOSTA et al., 2003 PITANGA LESSA, 2005).Em acadmicos, os rapazes apresentam maiores nveis de prticaque as moas (RABELO et al., 1999 SILVA et al., 2007). Conformeobservado em pesquisa com acadmicos do curso de Educao Fsicada Universidade Federal de Pelotas, a prevalncia de prtica de atividades fsica no lazer foi superior em rapazes (150 minutos ou mais porsemana) que em moas (BIELEMANN et al., 2007). Em universitriPensar a Prtica, Goinia, v. 13, n. 1, p. 115, jan./abr. 2010

  • 810.5216/rpp.v13i1.8448

    os de Alexandria, Egito, a prevalncia de no realizao de exercciosfsicos foi superior entre as mulheres (ABOLFOTOUH et al., 2007).Com base nas informaes de pesquisas em diferentes grupos populacionais, ressaltase a necessidade de incentivo prtica de atividadesfsicas, em especial para as mulheres, principalmente atividades fsicas no momento do lazer, haja vista o efeito benfico da prtica regular para a sade (UNITED STATES DEPARTMENT OF HEALTHAND HUMAN SERVICES USDHHS, 2008). Vale salientar queuma menor prtica de atividades fsicas no lazer em mulheres podeestar relacionada a questes culturais, que podem contribuir para ummaior favorecimento participao dos rapazes em atividades intensas (MALTA et al., 2009) e um possvel envolvimento das moas,quando crianas e adolescentes, em atividades artsticoculturais, como a dana (SILVA MALINA, 2000) e a participao em jogos combola (HALLAL et al., 2006). E, assim, relacionarse ao perfil de prtica na vida adulta, alm das questes relativas dupla jornada de trabalho em mulheres, que representam importantes elementosrelacionados a uma frequncia menor de prtica no lazer.Outra informao amplamente observada a maior prevalncia deinatividade fsica no lazer em universitrios de menor renda. Bielemann et al. (2007) demonstraram, em estudantes de Educao Fsica,que os acadmicos de menor classe social apresentaram nveis inferiores de prtica de atividades fsicas no lazer, corroborando com os resultados deste estudo, que 33,3% dos acadmicos de menor rendafamiliar mensal referiram no praticar atividades fsicas. O lazer ativo, em indivduos de renda inferior, , em muitas ocasies, substitudopor outras atividades, principalmente aquelas de caractersticas ocupacionais, visando suprir possveis necessidades econmicas e familiares.Outro elemento diretamente relacionado prtica de atividade fsica no lazer o componente educacional. Apesar de maiores nveiseducacionais representar um importante elemento facilitador para aprtica de atividades fsicas (BRASIL, 2009), em acadmicos observase que aqueles dos ltimos perodos de universidade, mais suscetveis a informaes acerca dos benefcios sade, tendem a apresentarmenores nveis de prtica (BIELEMANN et al., 2007 FONTES VIANNA, 2009). Isso possivelmente pode estar relacionado com umamaior preocupao para a insero no mercado de trabalho e/ou atividades prprias do curso, representando uma possvel limitao para aPensar a Prtica, Goinia, v. 13, n. 1, p. 115, jan./abr. 2010

  • 910.5216/rpp.v13i1.8448

    prtica. Pois, ao observar as barreiras prtica de atividade fsica nosacadmicos envolvidos neste estudo, os componentes de origem situacional so os principais limitantes para as moas e rapazes, assim como em acadmicos de uma universidade do sul da Califrnia, EstadosUnidos (DUNTON SCHNEIDER, 2006). Entretanto, acreditase queesses fatores de ordem situacional, na maioria das vezes, podem representar uma no priorizao da prtica no momento do lazer.Alm disso, os fatores situacionais, importantes elementos de limitao da prtica, foram observados em outras pesquisas, principalmente em adolescentes (MARANI OLIVEIRA GUEDES, 2007ALLISON DWYER MAKIN, 1999 ZUNFT et al., 1999). Em pesquisa com adolescentes do ltimo ano do Ensino Mdio, observouseque a falta de tempo representou o principal fator limitante, sendo talfrequncia superior para as moas que os rapazes (MARANI OLIVEIRA GUEDES, 2007). De forma semelhante, adolescentes da regio metropolitana de Toronto tambm reportaram a falta de tempocomo sendo a principal barreira para a prtica de atividade fsica, comnfase nas barreiras relacionadas s obrigaes dos estudos e familiares (ALLISON DWYER MAKIN, 1999). E, em pesquisa com 15pases membros da Unio Europia, observouse que as obrigaes deestudo e trabalho representaram as principais barreiras percebidas para a prtica de atividade fsica em sujeitos com 15 anos ou mais deidade (ZUNFT et al., 1999). Destacase que as informaes apresentadas, principalmente em adolescentes, representam importantes indicadores para a formulao de estratgias com foco no estilo de vidaativo, pois a maioria dos ingressantes em universidade recm concluinte do Ensino Bsico.Estudos acerca do perfil das barreiras para a prtica de atividade fsica tm sido conduzidos em diferentes populaes (REICHERT etal., 2007 SILVA PETROSKI REIS, 2009). O importante diagnsticodos possveis fatores que limita a prtica contribui para entender oprocesso inerente ao comportamento humano, que envolvido por diferentes respostas advindas dos contextos socioambiental e individualque influenciam diretamente na forma que adotado o estilo de vidaindividual. E, considerando o estilo de vida como um constructo composto por aes, valores e oportunidades (NAHAS BARROSFRANCALACCI, 2000) advindas dessa interao, outras medidas podem ser viabilizadas pelo esclarecimento de hipteses que culminemem polticas pblicas, e, para os universitrios em especial, aes insPensar a Prtica, Goinia, v. 13, n. 1, p. 115, jan./abr. 2010

  • 10

    10.5216/rpp.v13i1.8448

    titucionais que promovam uma vida ativa.Uma caracterstica interessante deste estudo foi a quantidade de sujeitos participantes que representou os acadmicos de Educao Fsicada instituio investigada. Alm disso, outras possveis variaescomportamentais foram sanadas pelo perodo curto de coleta (duas semanas). Como limitaes, destacase que o grupo investigado tende aapresentar maiores nveis de prtica de atividade fsica que os estudantes de outros cursos (MARCONDELLI et al., 2008 SILVA et al.,2007), sendo assim, pode ter sido superestimado o nvel de prticadesses graduandos. Como outra limitao, citase que as anlises realizadas no permitem o controle para as variveis de confuso, mas representam importantes indicadores acerca das principais atividadespraticadas e barreiras percebidas dessa prtica.Concluses

    Observouse que o tipo principal de prtica de atividade fsica nolazer em acadmicos foram os esportes coletivos e a ginstica ou musculao. Contudo, as mulheres apresentaram frequncia superior deno prtica de atividades fsicas, sendo tais diferenas entre os gnerosestatisticamente significativas. Em relao aos demais indicadores sociodemogrficos, como a idade e a renda, no foram observadas associaes estatsticas. Quanto s barreiras para a prtica de atividadefsica, observouse um predomnio daquelas de origem situacional, ouseja, obrigaes familiares e do estudo, alm do clima desconfortvele excesso de trabalho, tanto para os rapazes e moas, como para osacadmicos praticantes e no praticantes de atividades fsicas no lazer.O diagnstico das barreiras para a prtica de atividade fsica representa importantes informaes que possibilitam esclarecer possveishipteses relacionadas ao perfil de prtica em universitrios, haja vistaque essa populao est suscetvel adoo de hbitos negativos, como um baixo nvel de atividade fsica. Ressaltase a necessidade demelhores oportunidades de prtica de atividades fsicas no lazer, emespecial para as mulheres, assim como medidas de estmulo priorizao da prtica no lazer, que contribuam para um maior poder de organizao e a consequente adoo de um modo de vida ativo. Almdisso, o levantamento de informaes sobre os acadmicos de outroscursos fazse necessrio, visando compreenso da distribuio dasprincipais prticas de atividades fsicas e os fatores limitantes dessaPensar a Prtica, Goinia, v. 13, n. 1, p. 115, jan./abr. 2010

  • 11

    10.5216/rpp.v13i1.8448

    ReferenciasABOLFOTOUH, M. A. et al. Healthrelated lifestyle and risk bahaviours among students living in Alexandria University hostels. EastMediterranean Health Journal, Egypt, v. 13, n. 2, p. 376391,

    Practice of physical activities during leisure and barriers perceived from suchpractice in university students of a physical education course in the northeastern BrazilAbstractIn this study, we aimed at assessing the main type of physical activity practised during leisure and the perceived barriers regarding such practice. In order to do so,we were based on the sociodemographic indicators in academicians of a PhysicalEducation course in the northeastern Brazil. To do so, was performed a crosssectional study including 105 university student of a physical education course. Themain physical activity practised was the collective sports for both genera. As limiting factors to the practice of physical activities, the barriers regarding unseasonable weather, overwork, and familiar and study duties were predominant. Thecollective sports were the most practised and the barriers of such practice werefrom situations.Keywords: Leisure Students Physical Activity Perceived BarriersLa prctica de la actividad fsica en el ocio y las barreras percibidas que laprctica en acadmicos del curso de educacin fsica en el nordeste de BrasilResumenEl objetivo de este estudio fue analizar el tipo principal de actividad fsica practicada en el ocio y las barreras percibidas en relacin a esta prctica en acadmicos delcurso de Educacin Fsica en el nordeste de Brasil. Fue realizado un estudio transversal en que participaran 105 estudiantes del curso. Los principales tipos de actividad fsica practicada fueron los deportes de equipo y gimnasia / musculacinpara ambos sexos, como los factores que limitan la actividad fsica fueron: compromisos familiares y de estudio, el exceso de trabajo e incmodo del clima. Laprincipal actividad fsica fue los deportes de equipo y la principal barrera fue de lafuente de la situacin.Palabras clave: Recreo Estudiantes Actividad Fsica Barreras Percibidas

    AgradecimentosAos acadmicos de Educao Fsica, que participaram do presente estudo, e equipe de pesquisadores do Grupo de Pesquisa em Atividade Fsica e Sade daUniversidade Estadual de Santa Cruz, Ilhus, Bahia.

    prtica, e que, consequentemente, permitiro aes por meio de projeto e/ou programas de interveno, assim como medidas institucionaisque contribuam para a promoo da prtica de atividade fsica.

    Pensar a Prtica, Goinia, v. 13, n. 1, p. 115, jan./abr. 2010

  • 12

    10.5216/rpp.v13i1.8448

    mar./abr., 2007.ALLISON, K. R. DWYER, J. J. M. MAKIN, S. Perceived barriers tophysical activity among high school student. American Journal of Preventive Medicine,Atlanta, v. 28, n. 6, p. 608615, jun. 1999.BARROS, M. V. G. Atividades fsicas no lazer e outros comportamentos relacionados sade dos trabalhadores da indstria no estado de Santa Catarina, Brasil. 1999. 131f. Dissertao (Mestradoem Educao Fsica) Centro de Desportos, Universidade Federal deSanta Catarina, Florianpolis, 1999.BARROS, M. et al. Effectiveness of a schoolbased intervention onphysical activity for high school students in Brazil: the Saude na Boaproject. Journal of Physical Activity and Health, Atlanta, v. 6, n. 2,p. 163169, mar. 2009.BIELEMANN, R. et al. Prtica de atividade fsica no lazer entre acadmicos de Educao Fsica e fatores associados. Revista Brasileirade Atividade Fsica & Sade, Florianpolis, v. 12, n. 3, p. 6572,set./dez. 2007.BRASIL. Ministrio da Sade. Instituto Nacional do Cncer. Coordenao de Preveno e Vigilncia. Inqurito domiciliar sobre comportamentos de risco e morbidade referida de doenas e agravosnotransmissveis: Brasil, 15 capitais e Distrito Federal, 20022003.Rio de Janeiro: INCA, 2004.BRASIL. Ministrio da Sade. Vigilncia de fatores de risco e proteo para doenas crnicas por inqurito telefnico: estimativassobre frequncia e distribuio sciodemogrfica de fatores de risco eproteo para doenas crnicas nas capitais dos 26 Estados brasileirose no Distrito Federal em 2006. Braslia: Ministrio da Sade, 2009.DUNTON, G. F. SCHNEIDER, M. Perceived barriers to walking forphysical activity. Preventing Chronic Disease, v. 3, n. 4, p. 111, out.2006.FONTES, A. C. D. VIANNA, R. P. T. Prevalncia e fatores associados ao baixo nvel de atividade fsica entre estudantes universitriosde uma universidade pblica da regio Nordeste. Revista Brasileirade Epidemiologia, So Paulo, v. 12, n. 1, p. 2029, mar. 2009.Pensar a Prtica, Goinia, v. 13, n. 1, p. 115, jan./abr. 2010

  • 13

    10.5216/rpp.v13i1.8448

    GORDONLARSEN, P. NELSON, M. POPKIN, B. Longitudinalphysical activity and sedentary behavior trends adolescence toadulthood. American Journal of Preventive Medicine, Philadelphia,v. 27, n. 4, p. 277283, nov. 2004.GUEDES, D. P. SANTOS, C. A. LOPES, C. C. Estgios de mudanade comportamento e prtica habitual de atividade fsica em universitrios. Revista Brasileira de Cineantropometria e Desempenho Humano, Florianpolis, v. 8, n. 4, p. 515, out./dez. 2006.HALLAL, P. et al. Prevalncia de sedentarismo e fatores associadosem adolescentes de 1012 anos de idade. Cadernos de Sade Pblica, Rio de Janeiro, v. 22, n. 6, p. 12771287, jun. 2006.HARDY, L. et al. Physical activity among adolescents in New SouthWales (Australia): 1997 and 2004. Medicine and Science in Sportsand Exercise, Madison, v. 40, n. 5, p. 835841, mai. 2008.LIVINGSTONE, M. et al. Physical activity patterns in a nationally representative sample of adults in Ireland. Public Health Nutrition,Cambridge, v. 4, n. 5A, p. 11071116, out. 2001.MALTA, D. et al. Padro de atividade fsica em adultos brasileiros: resultados de um inqurito por entrevistas telefnicas em 2006. Epidemiologia e Servios de Sade, Braslia, v. 18, n. 1, p. 716, mar.2009.MARANI, F. OLIVEIRA, A. R. GUEDES, D. P. Indicadores comportamentais associados prtica de atividade fsica e sade em escolares do ensino mdio. Revista Brasileira de Cincias doMovimento, Braslia, v. 15, n. 2, p. 3946, abr./jun. 2007.MARCONDELLI, P. et al. Nvel de atividade fsica e hbitos alimentares de universitrios do 3 ao 5 semestres da rea da sade. Revistade Nutrio, Campinas, v. 21, n. 1, p. 3947, jan./fev. 2008.NAHAS, M. V. BARROS, M. V. G. FRANCALACCI, V. O pentculo do bemestar: base conceitual para avaliao do estilo de vida de indivduos ou grupos. Revista Brasileira de Atividade Fsica &Sade, Florianpolis, v. 5, n. 2, p. 4859, 2000.

    Pensar a Prtica, Goinia, v. 13, n. 1, p. 115, jan./abr. 2010

  • 14

    10.5216/rpp.v13i1.8448

    NASCIMENTO, C. M. C. et al. Nvel de atividade fsica e as principais barreiras percebidas por idosos de Rio Claro. Revista de Educao Fsica, Maring, v. 19, n.1, p. 109118, jan./mar. 2008.PATE, R. et al. Promotion of physical activity among highschoolgirls: a randomized controlled trial. American Journal of Public Health, Washington, v. 95, n. 9, p. 15821587, set. 2005.PITANGA, F. J. G. LESSA, I. Prevalncia e fatores associados ao sedentarismo no lazer em adultos. Cadernos de Sade Pblica, Rio deJaneiro, v. 21, n. 3, p. 870877, maio/jun. 2005.RABELO, L. M. et al. Risk factors for atherosclerosis in students of aprivate university in So Paulo Brazil. Arquivos Brasileiros deCardiologia, Rio de Janeiro, v. 72, n. 5, p. 575580, maio 1999.REICHERT, F. F. et al. The role of perceived personal barriers to engagement in leisuretime physical activity. American Journal of Public Health, Whasington, v. 97, n. 3, p. 515519, mar. 2007.RODRIGUES, E. S. R. CHEIK, N. C. MAYER, A. F. Nvel de atividade fsica e tabagismo em universitrios. Revista de Sade Pblica,So Paulo, v. 42, n. 4, p. 672678, ago. 2008.SALLESCOSTA, R. et al. Associao entre fatores sciodemogrficos e prtica de atividade fsica de lazer no estudo PrSade. Cadernos de Sade Pblica, Rio de Janeiro, v. 19, n. 4, p. 10951105,jul./ago. 2003.SALLIS, J. et al. The effects of a 2year physical education program(SPARK) on physical activity and fitness in elementary school students. American Journal of Public Health, Washington, v. 87, n. 8,p.13281334, ago. 1997.SILVA, G. S. F. et al. Avaliao do nvel de atividade fsica de estudantes de graduao das reas sade/biolgica. Revista Brasileira deMedicina do Esporte, Rio de Janeiro, v. 13, n. 1, p. 3942, jan./fev.2007.SILVA, R. MALINA, R. Nvel de atividade fsica em adolescentes domunicpio de Niteri, Rio de Janeiro, Brasil. Cadernos de Sade Pblica, Rio de Janeiro, v. 16, n. 4, p. 10911097, out. 2000.Pensar a Prtica, Goinia, v. 13, n. 1, p. 115, jan./abr. 2010

  • 15

    10.5216/rpp.v13i1.8448

    Recebido em: 15/12/2009Revisado em: 17/03/2010Aprovado em: 21/04/2010Endereo para [email protected] Ferreira de SousaUniversidade Federal de Santa CatarinaCoordenadoria de PsGraduao em Educao FsicaCampus Universitrio,CEP: 88.040900Florianpolis Santa Catarina Brasil

    SILVA, D. A. S. PETROSKI, E. L. REIS, R. S. Barreiras e facilitadores de atividades fsicas em frequentadores de parques pblicos.Motriz, Rio Claro, v. 15, n. 2, p. 21927, abr./jun. 2009.SOUSA, T. F. Autoavaliao do nvel de sade em estudantes de Educao Fsica. Revista Sade e Pesquisa, Maring, v. 2, n. 1, p. 1721,jan./abr. 2009.SOUSA, T. F. et al. Associao entre indicadores de prtica de atividades fsicas na adolescncia com o nvel atual de prtica de atividadesfsicas no lazer em acadmicos de um curso de Educao Fsica noNordeste do Brasil. Revista Pensar a Prtica, Goinia, v. 12, n. 3,set./dez. 2009. Disponvel em: . Acesso em: 10 jan. 2010.UNITED STATES DEPARTMENT OF HEALTH AND HUMANSERVICES (USDHHS). Physical activity guidelines for Americans.Washington, 2008. Disponvel em: . Acesso em: 20 out. 2008.WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). The World HealthReport 2002: reducing risks, promoting healthy life. Geneva, 2002.Disponvel em: .Acesso em: 24 jan. 2008.ZUNFT, H. F. et al. Perceived benefits and barriers to physical activityin a nationally representative sample in the European Union. PublicHealth Nutrition, Cambribdge, v. 2, n. 1a, p. 153160, mar. 1999.

    Pensar a Prtica, Goinia, v. 13, n. 1, p. 115, jan./abr. 2010