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7/26/2019 85 Ricos Somam Tanto Dinheiro Quanto 3,5 Bilhões de Pobres No Mundo _ Economia _ Edição Brasil No EL PAÍS
http://slidepdf.com/reader/full/85-ricos-somam-tanto-dinheiro-quanto-35-bilhoes-de-pobres-no-mundo-economia 1/2
ECONOMIA
CLARA BLANCHAR Barcelona 19 JAN 2014 - 21:00 BRST
Os grandes
investidores
se
aproveitaram
dos planos
85 ricos somam tanto dinheiro quanto 3,5 bilhões de pobres
no mundoA parcela de 1% dos mais abastados dos EUA concentra 95% do crescimento depois da crise
80% dos espanhóis acham que a lei favorece os poderosos
Arquivado em: Crise econômica Oxfam Intermón Paraísos fiscais Desigualdade econômica Recessão econômica Conjuntura econômica ONG Pobreza Estados Unidos
Solidariedade Espanha América do Norte Problemas sociais Tributos Economia América Finanças públicas Sociedade Finanças
A concentração em massa dosrecursos econômicos nas mãos de
poucos abre uma brecha que supõeuma grande ameaça para os sistemaspolíticos e econômicos inclusivos,porque favorece poucos emdetrimento da maioria. De modo quepara lutar contra a pobreza é básicoabordar a desigualdade. Esta é aconclusão do relatório Governar paraas Elites. Sequestro democrático edesigualdade econômica, que a ONG
Oxfam Intermón publica hoje.
O estudo parte de dados objetivos devárias instituições oficiais e relatórios internacionais que constatam a “excessiva” concentraçãoda riqueza mundial nas mãos de poucos. São dados como esse, de que 85 indivíduosacumulam tanta riqueza como os 3,570 bilhões de pessoas que formam a metade mais pobreda população mundial. Ou que a metade da riqueza está em mãos de 1% de todo mundo. Issosem contar, adverte o relatório, que uma considerável quantidade desta riqueza está oculta emparaísos fiscais.
O relatório da organização, que será apresentado no Fórum Econômico Mundial de Davos junto a um clamor para que se adotem compromissos para frear a desigualdade, adverte que“as elites econômicas estão sequestrando o poder político para manipular as regras do jogoeconômico, o que massacra a democracia”.
O relatório vai acompanhado de dados que mostram com nitidez oacréscimo da concentração de riqueza em poucas mãos desde 1980até a atualidade. Ou como a concentração e a brecha seguemaumentando apesar da grande recessão do ano 2008. Nos EstadosUnidos, por exemplo, a fatia de 1% mais rica da populaçãoconcentrou 95% do crescimento posterior à crise financeira. Na
Europa, os rendimentos conjuntos das 10 pessoas mais ricassuperam o custo total das medidas de estímulo aplicadas na UniãoEuropeia entre 2008 e 2010 (217 bilhões de euros contra 200bilhões).
O calor na pressão fiscal aos ricos, os recortes sociais ou o resgateda banca com fundos públicos são exemplos de um fenômeno que é
Uma criança, em um lixeiro em Guwahati, Índia. / FOTO: REUTERS / VÍDEO: ATLAS
7/26/2019 85 Ricos Somam Tanto Dinheiro Quanto 3,5 Bilhões de Pobres No Mundo _ Economia _ Edição Brasil No EL PAÍS
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de resgate
público"
A organização
pede que se
tomem medidas
contra os paraísos
fiscais
tão visível que aumenta a consciência pública do acréscimo destepoder. A Oxfam Intermón apoia esta afirmação em uma pesquisarealizada na Espanha, Brasil, Índia, África do Sul, Reino Unido eEstados Unidos, que revela que a maior parte da população acha queas leis estão desenhadas para favorecer os ricos. Na Espanha, 80%da população acha que as leis estão feitas com este objetivo.
Sobre o caso espanhol, o diretor da Oxfam Intermón, José María Lado, afirma que o país “nãoescapa desta dinâmica” e que a atual crise se explica em parte por ela: “Os casos nos quais osinteresses de uma minoria economicamente poderosa se impuseram aos interesses da
cidadania são numerosos na história de nossa democracia. A crise econômica, financeira,política e social na qual padece a Espanha hoje tem boa parte de sua origem precisamentenessas dinâmicas perniciosas onde o interesse público e os processos democráticos foramsequestrados pelos interesses de uma minoria".
Entre as políticas desenhadas nos últimos anos que favorecem a minoria de ricos, aorganização enumera a desregulamentação e opacidade financeira, os paraísos fiscais, aredução de impostos as rendas mais altas ou os recortes de despesa em serviços einvestimentos públicos. O relatório constata como, no caso da Europa, “as tremendaspressões dos mercados financeiros impulsionaram drásticas medidas de austeridade que
atingiram as classes baixa e média, enquanto os grandes investidores se aproveitaram dosplanos de resgate público”.
Por tudo isso, a Oxfam Intermón exigirá no enquadramento do FórumEconômico Mundial de Davos a seus assistentes (sejam particularesou representantes de Governos) que adotem compromissos emáreas como os paraísos fiscais (que não se permita que se utilizempara evadir impostos); que se façam públicos os investimentos emempresas e fundos; que respaldem sistemas fiscais progressivos;que exijam a seus Governos que os impostos se destinem a serviços
públicos ou em saneamento básico e em educação universais, ouque as empresas que representam paguem salários dignos a seus empregados e os paíseslegislen nesta direção, fortalecendo pisos salariais e direitos trabalhistas.
Se ocorre a alguém pensar que as propostas da Oxfam Intermón são utópicas, a organizaçãolembra que “esta perigosa tendência” é reversível e que existem exemplos disso. Foi o caso,lembra, dos Estados Unidos ou Europa depois da II Guerra Mundial, quando o crescimentoeconômico se compatibilizou com a redução da desigualdade, ou o caso da América Latina,onde a desigualdade diminuiu “significativamente durante a última década graças a umafiscalização mais progressiva, os serviços públicos, a proteção oficial e o emprego digno”.
O relatório também contempla exemplos de concentração em países em desenvolvimento ealude à superminoritaria elite indiana, milionários que em boa parte forjaram suas fortunas emsetores cujos benefícios dependem do acesso aos serviços básicos; ao poder das elites noPaquistão e sua influência na manipulação legal; à desigualdade na África, apesar daabundância de recursos, ou à chamada “rede mundial de segredos bancários”, que não é nadamais do que a formação dos paraísos fiscais.
© EDICIONES EL PAÍS, S.L.