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PESQUISA E TECNOLOGIA NÚMERO 74 BOLETIM TÉCNICO 2019 ISSN 2317-7934 CCGL PESQUISA E TECNOLOGIA CCGL | CRUZ ALTA/RS | (55) 3321.9400 Nativa do continente americano, Elephantopus mollis (Pata de Elefante, Sussuaiá) é da família Asteraceae e ocorre dos Estados Unidos até o Uruguai. Comum em campo nativo, recentemente surgiu como planta daninha nas áreas de cultivo de grãos em alguns pontos da região norte e centro do Rio Grande do Sul. Sussuaiá é perene, com dispersão principalmente por sementes. Depois de instalada na área, propaga-se pre- ferencialmente por rizomas, formando reboleiras (Balbinot, 2016). É uma planta herbácea que concentra suas folhas na parte basal (Figura 1A). As folhas apresentam forma oblonga ou oval, dispersas de forma alternada ao longo do caule (Figura 1B), com o brotamento de novas folhas debaixo de folhas já estabelecidas (Figura 1C), indicando presença de pontos de crescimento próximos ao nível do solo, conferindo- lhe grande capacidade de rebrote. No Brasil, não existem produtos registrados para o controle de Sussuaiá, bem como estudos concretos a esse respeito. Herbicidas comumente utilizados de forma isolada, como o glifosato, paraquate e metsulfurom, possuem pouco efeito. No Havaí, o controle desta planta daninha foi obtido com uma roçada, com posterior aplicação de 2,4-D no início do inverno. Na Austrália, a mistura formulada de triclopyr + picloran possui registro para o controle da espécie (Queensland Government, 2013). INTRODUÇÃO 01 SUSSUAIÁ: ESPÉCIE EM EXPANSÃO E DE DIFÍCIL CONTROLE Copyright © 2019 CCGL - Todos os direitos reservados. A reprodução de partes ou do todo deste trabalho só poderá ser feita medi ante a citação da fonte. Figura 1. (Sussuaiá). A) Planta adulta. B) Planta Elephantopus mollis jovem. C) Surgimento de folhas novas na base do caule. METODOLOGIA O estudo foi conduzido em 2017, no município de Sertão-RS, aos 40 dias após a colheita da soja (12/04/2017), com sussuaiá em diferentes estádios de desenvolvimento (Figura 2). Foram avaliados herbicidas aplicados em duas etapas. Na primeira aplicação, utilizou-se glifosato [1080 g equivalente ácido (e.a.) ha ], 2,4-D amina (670, 1005, 1340 e -1 1675 g e.a. ha ), glifosato + 2,4-D amina (1080 g e.a. + 1340 g -1 e.a. ha ) e glifosato + saflufenacil [1080 g e.a. + 35 g -1 ingrediente ativo (i.a.) ha ], e uma testemunha. Na segunda -1 aplicação, 28 dias após a primeira, utilizou-se paraquate (400 g i.a. ha ) em metade da parcela, ficando a outra metade -1 como testemunha da primeira aplicação. A B C

#87922 Boletim 74 - Up Herb#87922_Boletim 74.cdr Author fernando.batista Created Date 10/25/2019 5:29:41 PM

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PESQUISA ETECNOLOGIAN

ÚM

ERO

74 BOLETIMTÉCNICO

2019 ISSN 2317-7934

CCGL PESQUISA E TECNOLOGIA CCGL | CRUZ ALTA/RS | (55) 3321.9400

Nativa do continente americano, Elephantopusmollis (Pata de Elefante, Sussuaiá) é da família Asteraceae eocorre dos Estados Unidos até o Uruguai. Comum em camponativo, recentemente surgiu como planta daninha nas áreasde cultivo de grãos em alguns pontos da região norte e centrodo Rio Grande do Sul.

Sussuaiá é perene, com dispersão principalmentepor sementes. Depois de instalada na área, propaga-se pre-ferencialmente por rizomas, formando reboleiras (Balbinot,2016). É uma planta herbácea que concentra suas folhas naparte basal (Figura 1A). As folhas apresentam forma oblongaou oval, dispersas de forma alternada ao longo do caule(Figura 1B), com o brotamento de novas folhas debaixo defolhas já estabelecidas (Figura 1C), indicando presença depontos de crescimento próximos ao nível do solo, conferindo-lhe grande capacidade de rebrote.

No Brasil, não existem produtos registrados para ocontrole de Sussuaiá, bem como estudos concretos a esserespeito. Herbicidas comumente utilizados de forma isolada,como o glifosato, paraquate e metsulfurom, possuem poucoefeito. No Havaí, o controle desta planta daninha foi obtidocom uma roçada, com posterior aplicação de 2,4-D no iníciodo inverno. Na Austrália, a mistura formulada de triclopyr +picloran possui registro para o controle da espécie(Queensland Government, 2013).

INTRODUÇÃO

01

SUSSUAIÁ:ESPÉCIE EM EXPANSÃO E DE DIFÍCIL CONTROLE

Copyright © 2

019

CCGL

- Todos os direito

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Figura 1. (Sussuaiá). A) Planta adulta. B) PlantaElephantopus mollisjovem. C) Surgimento de folhas novas na base do caule.

METODOLOGIA

O estudo foi conduzido em 2017, no município deSertão-RS, aos 40 dias após a colheita da soja (12/04/2017),com sussuaiá em diferentes estádios de desenvolvimento(Figura 2). Foram avaliados herbicidas aplicados em duasetapas. Na primeira aplicação, utilizou-se glifosato [1080 gequivalente ácido (e.a.) ha ], 2,4-D amina (670, 1005, 1340 e-1

1675 g e.a. ha ), glifosato + 2,4-D amina (1080 g e.a. + 1340 g-1

e.a. ha ) e glifosato + saflufenacil [1080 g e.a. + 35 g-1

ingrediente ativo (i.a.) ha ], e uma testemunha. Na segunda-1

aplicação, 28 dias após a primeira, utilizou-se paraquate (400g i.a. ha ) em metade da parcela, ficando a outra metade-1

como testemunha da primeira aplicação.

A

B

C

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Resultados estão sujeitos à variação em virtude das condições locais e ambientais.Para obter informações específicas para sua operação, entre em contato com o técnico de sua cooperativa ou com os profissionais .da CCGL

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- Todos os direito

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RESULTADOS

Aos 28 dias após a primeira aplicação, o glifosatoapresentou controle de 16%; o 2,4-D (670 a 1675 g e.a. ha )-1

ficou entre 20 e 35%; glifosato + 2,4-D (1080 g e.a. + 1340 ge.a. ha ) ficou em 38% e glifosato + saflufenacil (1080 g e.a. +-1

35 g i.a. ha ) com 60% de controle, sendo este o melhor valor-1

em comparação aos demais tratamentos (resultados nãoapresentados).

Após 50 dias da primeira aplicação ou 22 dias após asegunda aplicação (paraquate, 400 g ha ), os níveis de-1

controle aumentaram em relação à ausência de paraquate(Figura 3). Na média dos tratamentos, a aplicação de para-quate incrementou em 44% o controle em comparação àaplicação isolada. Com a aplicação sequencial, os tratamen-tos com 2,4-D apresentaram maiores níveis de controle.Verificou-se que plantas aspergidas com 2,4-D apresentarampouca capacidade de rebrota. Já com glifosato ou glifosato +saflufenacil, as rebrotas foram mais evidentes, reduzindo ocontrole visual (Figura 3).

Figura 2. Infestação de Sussuaiá ( ) no momento daElephantopus mollisaplicação dos herbicidas.

Figura 3. Controle (%) de Sussuaiá aos 50 dias após a primeira aplicação de herbicidas (barra azul) ou 22 dias após a aplicação sequencial deparaquate (400 g i.a. ha ) (barra laranja). Valor entre parênteses indica a dose dos herbicidas na primeira aplicação. Barras com a mesma letra não-1

diferem pelo teste de Tukey (5%). Letras minúsculas comparam barras com cor diferente e letras maiúsculas comparam barras com a mesma cor.

CONCLUSÃO

De maneira efetiva, o controle de Sussuaiá( ) é obtido com glifosato + 2,4-D aminaElephantopus mollis(1080 g e.a. + 1340 g e.a. ha ) seguido da aplicação de-1

paraquate (400 g i.a. ha ).-1

LITERATURA CONSULTADA

BALBINOT, Andrisa. Elephantopus moll is Kunth(ASTERACEAE): Fluxo de emergência e curvas de dose-resposta a herbicidas 2016. 71 f. Dissertação. UFSM, SantaMaria, 2016.

QUEENSLAND GOVERNMENT, 2013. Tobacco weed( ). Queensland, Australia: QueenslandElephantopus mollisGovernment, Department of Agriculture, Fisheries andForestry.

MarioAntonio Bianchi l Pesquisador da CCGLE-mail: [email protected]

Mauro Antonio Rizzardi | Professor, Universidade de Passo Fundo

Anderson Luis Nunes | Professor, Instituto Federal do RS (IFRS)Bruno Cazaroto | Graduando emAgronomia, IFRS

AUTORES