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Professora Cristina Cardoso 8º Ano EDUCAÇÃO VISUAL Escola Básica e Secundária D. Martinho Vaz de Castelo Branco

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Professora Cristina Cardoso

8º Ano EDUCAÇÃO VISUAL

Escola Básica e Secundária

D. Martinho Vaz de Castelo Branco

Orfismo . Nome dado à pintura de Delaunay por Apollinaire . “Começava o período dos «disques simultanés» (círculos órficos), das formas circulares, onde a cor é empregada na sua essência circular e a forma se desenvolve a partir do seu ritmo dinâmico circular. A superfície circular mais simples era uma tela pintada, na qual as cores, postas em contraste umas com as outras, não queriam significar mais do que aquilo que é de facto visível [objectiva ou simbolicamente]; cores a que os contrastes davam um movimento circular.” (Robert Delaunay citado por

Walter Hess in Documentos para a compreensão da pintura moderna, pag. 130) . O sentido da vida emprestada à matéria, traduz-se através da própria matéria: através da cor.” (Robert Delaunay citado por Walter Hess in Documentos

para a compreensão da pintura moderna, pag. 131)

Robert Delaunay (1885-1941) . Nasceu em Paris. . Em 1906 começa a interessar-se pela decomposição da cor e inicia as suas pesquisas sobre a lei do contraste simultâneo das cores a partir do trabalho desenvolvido por Chevreul. . A partir de 1909/10 começa a desenvolver um estilo pessoal, procurando o equilíbrio entre a forma e a cor. . Em 1912 faz a sua primeira exposição individual.

Sonia Delaunay (1885-1972)

. Nasceu na Ucrânia em Gradziihsk .

. As suas primeiras obras são fortemente influenciados por Van Gogh e Gauguin o que se pode verificar na explosão de cor dos seus trabalhos da altura. . Em 1912 desenvolve o seu trabalho em várias áreas (artes gráficas, têxteis e vestuário) começando a mostrar o seu enorme eclectismo.

Paysage aux vaches, 1916

Robert Delaunay

Nu jaune, 1908

Sonia Delaunay

Robert e Sonia Delaunay . Em 1914, quando é declarada a guerra encontram-se de férias em Espanha e no ano seguinte vêm a Portugal, possivelmente a convite de Amadeu de Sousa Cardoso. Decidem estabelecer-se em Vila do Conde onde permanecem até 1917 encantados com a luminosidade e a cor de Portugal. . Em 1916 voltam a Espanha, regressando em agosto a Portugal, agora para Valença do Minho. . A estadia vem a tornar-se muito importante no seu trabalho pois “recuperam as suas energias criativas e sentem um renovado interesse pela matéria que os leva a experimentar a pintura com cera quente (…) que ensinam aos seus amigos portugueses e que em conjunto com a luz brilhante de Portugal lhes permite conseguir uns efeitos de grande saturação cromática.” (ALARCÓ, Paloma in Robert e Sónia Delaunay exposicion e

catalogo a cargo de Thomas Llorens et al, pág.181) .

. “Inspirados nos motivos da arte popular portuguesa, ambos Robert e Sonia Delaunay produzem trabalhos que estão ligados pelos seus objetos figurativos e representativos às formas circulares de 1913.” (DUCHTING, Hajo in ROBERT AND SONIA DELAUNAY The triumph of colour, pág. 51) É um período de grande produção artística “pintávamos desde de manhã cedo até ao fim da tarde” (Sonia Delaunay citada por Paulo Ferreira in Correspondance de quatre artistes portugais … pág.44) utilizando sempre cores puras em formas circulares que parecem emanar da luminosidade que encontraram em Portugal e que exaltava todas as cores. . Estes dois artistas figuram entre os pioneiros da pintura abstracta, especialmente na investigação da cor, das leis dos contrastes e discos simultâneos, interessam-se por temas da vida moderna – os bailes, os anúncios luminosos – que transportam para uma nova linguagem plástica, rompendo com o cubismo do momento.

Premier Disque, 1912

Robert Delaunay

Nature morte portugaise, 1915

Robert Delaunay

Femme nue lisant, 1915

Robert Delaunay

Nature morte portugaise, 1916

Robert Delaunay

Grande Femme portugaise, 1916

Robert Delaunay

Formes Circulaires, 1930

Robert Delaunay

Prismes eléctriques, 1914

Sonia Delaunay

Jouets Portugaises, 1915

Sonia Delaunay

Marché Portugais, 1915

Sonia Delaunay

Auto Portrait, 1916

Sonia Delaunay

Marché au Minho, 1916

Sonia Delaunay

Rytme, 1938

Sonia Delaunay

Amadeo de Souza-Cardoso

(1887-1918) . Nasceu em Manhufe, Amarante. . Em 1905, inscreve-se na Real Academia de Belas Artes em Lisboa no curso de Arquitetura mas, no ano seguinte ruma a Paris onde rapidamente troca a Arquitetura pela Pintura . Em 1909 começa a frequentar, regularmente, as aulas da Academia Vitti com o pintor espanhol Hermenegildo Anglada-Camarasa que utilizava métodos muito diferentes e mais atrevidos na execução da sua pintura. Começa também a relacionar-se diretamente com vários artistas da vanguarda.

. Em 1912 conhece o casal Delaunay de quem se torna bastante próximo e através dos quais trava conhecimento com vários artistas, galerista e críticos de arte que lhe abrem a porta para a internacionalização do seu trabalho. . Amadeo foi um precursor da arte moderna. Não conseguir fixar-se apenas num estilo, cruzou quase todos os percursos estéticos relacionados com as vanguardas. . Misturou de forma harmoniosa o cubismo, o futurismo, o expressionismo e mesmo o abstracionismo de tal forma que é muito difícil classificar as suas obras. . Adaptou os ensinamentos de Robert Delaunay sobre discos coloridos e aplicou-os à paisagem, transformando folhas e árvores em manchas esféricas de cor tímbrica.

Étude B, 1913

Amadeo de Souza-Cardoso

Mucha, 1915

Amadeo de Souza-Cardoso

Canção Popular, a Russa e o Fígaro, 1916

Amadeo de Souza-Cardoso

Título desconhecido (Máquina registadora), 1917

Amadeo de Souza-Cardoso

Zinc, 1917

Amadeo de Souza-Cardoso

Título desconhecido, 1917

Amadeo de Souza Cardoso

Eduardo Viana (1881-1967) . Nasceu em Lisboa e com apenas 15 anos inscreveu-se

na Escola de Belas Artes, onde frequentou o curso de desenho e o de pintura histórica. . Em 1905 vai para Paris onde frequenta várias academias e convive com os outros pintores portugueses aí residentes. Mantém o contacto com os Salões da Sociedade Nacional de Belas Artes onde expõe regularmente e é mesmo premiado. . Em 1915, em Portugal, conhece os Delaunay, possivelmente através de Amadeo, e vive com eles em Vila do Conde durante cerca de dois anos.

. Este período foi muito importante no seu trabalho pois conduziu-o a um confronto com a pintura moderna e utilizou novos materiais. Começou a geometrizar as formas e a utilizar a cor segundo os princípios “órficos” de Robert Delaunay. . Em 1919 participa no 3º Salão dos Modernistas, no Porto onde foi considerado “o mais modernista de todos os pintores pela singular disposição das tintas berrantes”. (FRANÇA, José Augusto in A Arte em Portugal

no Século XX, pág. 106) e, no ano seguinte realiza, também no Porto, a sua primeira exposição individual. . Depois de longas temporadas a viver em Paris e Bruxelas, em 1940 regressa definitivamente ao Portugal onde é considerado um mestre pelos jovens pintores da altura, com quem convive mas não partilha pesquisas, pintando de forma solitária, no seu atelier.

A Revolta das Bonecas, 1916

Eduardo Viana

Sem título, 1916

Eduardo Viana

As Três Abóboras,1919

Eduardo Viana

O rapaz das louças, 1919

Eduardo Viana

. Quando chegaram a Portugal os Delaunay já tinham adquirido um certo prestígio nos meios artísticos, em França e na Alemanha. Tinham muitos amigos no mundo artístico que recebiam regularmente em sua casa. . Em Portugal mantiveram esses contactos com os artistas portugueses que tinham para com eles uma atitude de respeito e admiração artística. . O poder expressivo da cor já era, para eles, determinante nos seus quadros e, em Portugal, a cor, a luz, a vida dos mercados e atmosfera visual do Minho fascinaram-nos.

. Eduardo Viana, que na época ainda se sentia muito inseguro

relativamente ao seu percurso artístico, pede-lhes constantemente opiniões sobre o seu trabalho que sofre bastante a sua influência. . Amadeo de Souza-Cardoso que já tinha adquirido maturidade no seu trabalho acaba por ser influenciado por eles, na época, através do regresso à figuração, de alguns temas e ao nível da cor.

Bibliografia . ALARCÓ, Paloma – in Robert y Sonia Delaunay 1905-1941. Madrid: Museo Thyssen-Bornemisza, 2002. . DUCHTING, Hajo – Robert and Sonia Delaunay, The triumph of colour. Colónia: Benedikt Taschen, 1994. . FERREIRA, Paulo – Correspondance de quatre artistes portugais: Almada Negreiros, José Pacheco, Souza-Cardoso, Eduardo Viana avec Robert et Sonia Delaunay. Paris, Presses Universitaires de France, 1981. . FRANÇA, José-Augusto – A Arte em Portugal no século XX. Lisboa: Livros Horizonte, 2009. . FREITAS, Helena de, Amadeo de Souza Cardoso: diálogo de vanguardas. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, Centro de Arte Moderna José Azeredo Perdigão, 2006. . FREITAS, Helena de [et al.], Amadeo de Sousa Cardoso, pintura: Catálogo Raisonné. 1ª ed. Lisboa: Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão, Fundação Calouste Gulbenkian, 2008. . HESS, Walter - Documentos para a compreensão da pintura moderna. Lisboa: Livros do Brasil, sd.