27
125 9. MOVIMENTO UNIFORME EM CANAIS A hidráulica de condutos livres apresenta algumas diferenças importantes em relação a hidráulica de condutos forçados. Nos condutos forçados geralmente a seção transversal é circular, e os condutos livres podem assumir qualquer outra forma. Nos condutos livres a rugosidade das paredes tem maior variação que nos condutos forçados, podendo variar com a profundidade do escoamento e ao longo do canal, conseqüentemente a seleção do coeficiente de atrito é cercada de maiores incertezas do que no caso de condutos forçados. A forma do canal pode variar muito, desde seções prismáticas bem definidas à seções não prismáticas e irregulares, dependendo de uma série de fatores, entre os quais se destacam: - características hidrodinâmicas do escoamento; - resistência a erosão das paredes e do fundo do canal; - do tipo de máquina usada na escavação ou manutenção do canal; - da vazão escoada; - do custo de construção do canal; Os cursos naturais apresentam-se, geralmente, com secções transversais muito irregulares, aproximando-se de uma parábola ou de um trapézio. Nos cursos sujeitos a fortes incrementos de vazão, o canal poderá consistir numa secção principal capaz de atender as descargas normais e uma ou mais secções complementares à principal, para atender as vazões esporádicas. Os canais artificiais geralmente são projetados com secções de regularidade geométrica. A forma trapezoidal da seção é comumente adotada para canais sem revestimento, como canais com margens de terra, e com paredes laterais de taludes que ofereçam condições de estabilidade. As secções retangulares e triangulares constituem-se em casos especiais das secções trapezoidais. As secções retangulares, com paredes laterais verticais, são recomendadas para construção de canais em leitos naturais muitos estáveis (rochosos) ou no caso de canais revestidos (alvenaria, concreto ou gabiões). A forma triangular é, usualmente adotada para canais de pequenas dimensões, como, em canais laterais de encostas, sarjetas, etc..

9. Movimento Uniforme Em Canais

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Page 1: 9. Movimento Uniforme Em Canais

125

9. MOVIMENTO UNIFORME EM CANAIS

A hidráulica de condutos livres apresenta algumas diferenças importantes em relação a

hidráulica de condutos forçados. Nos condutos forçados geralmente a seção transversal é

circular, e os condutos livres podem assumir qualquer outra forma. Nos condutos livres a

rugosidade das paredes tem maior variação que nos condutos forçados, podendo variar com a

profundidade do escoamento e ao longo do canal, conseqüentemente a seleção do coeficiente

de atrito é cercada de maiores incertezas do que no caso de condutos forçados.

A forma do canal pode variar muito, desde seções prismáticas bem definidas à seções

não prismáticas e irregulares, dependendo de uma série de fatores, entre os quais se

destacam:

- características hidrodinâmicas do escoamento;

- resistência a erosão das paredes e do fundo do canal;

- do tipo de máquina usada na escavação ou manutenção do canal;

- da vazão escoada;

- do custo de construção do canal;

Os cursos naturais apresentam-se, geralmente, com secções transversais muito

irregulares, aproximando-se de uma parábola ou de um trapézio.

Nos cursos sujeitos a fortes incrementos de vazão, o canal poderá consistir numa

secção principal capaz de atender as descargas normais e uma ou mais secções

complementares à principal, para atender as vazões esporádicas.

Os canais artificiais geralmente são projetados com secções de regularidade

geométrica. A forma trapezoidal da seção é comumente adotada para canais sem

revestimento, como canais com margens de terra, e com paredes laterais de taludes que

ofereçam condições de estabilidade.

As secções retangulares e triangulares constituem-se em casos especiais das secções

trapezoidais. As secções retangulares, com paredes laterais verticais, são recomendadas para

construção de canais em leitos naturais muitos estáveis (rochosos) ou no caso de canais

revestidos (alvenaria, concreto ou gabiões).

A forma triangular é, usualmente adotada para canais de pequenas dimensões, como,

em canais laterais de encostas, sarjetas, etc..

Page 2: 9. Movimento Uniforme Em Canais

126

A seção circular é a forma mais utilizada para seções de tamanho pequeno ou

médio, sendo a forma mais utilizada para drenagem urbana, galerias pluviais e bueiros.

Apresenta grande vantagem da facilidade de construção, instalação e custos relativamente

mais baixos. A seção semicircular, é um caso especial da seção circular sendo recomendada

para vazões menores.

A seção em formato de parábola é muito utilizada como secções aproximadas à

morfologia natural dos cursos d’água de pequenas e médias dimensões. Também os terraços

usados na conservação do solo podem ser considerados como canais parabólicos de pequena

dimensão.

Algumas outras formas podem ser empregadas em casos especiais. A secção

retangular de fundo arredondado é uma adaptação da secção retangular visando suavizar os

efeitos das arestas e seu incremento ao atrito do movimento da massa fluvial.

A secção de fundo sob a forma de um triângulo arredondado aproxima-se do modelo

parabólico sendo, usualmente, resultado dos trabalhos de escavações de dragas mecânicas ou

equipamentos usados na limpeza e manutenção do canal.

Os problemas de dimensionamento de canais são mais difíceis de se resolver por que a

superfície livre pode variar no tempo e no espaço, e em conseqüência a profundidade, a

vazão, a declividade do fundo e do espelho líquido são grandezas interdependentes.

Neste capítulo estudaremos as condições de movimento uniforme, isto é, de

velocidade média constante e profundidade constante.

9.1. Elementos geométricos da seção do canal.

No escoamento em condutos livres tem-se os seguintes elementos geométricos:

a) Profundidade de escoamento (Y): é a distância entre o ponto mais baixo da seção e a

superfície livre.

b) Área molhada (A): é toda a seção perpendicular molhada pela água.

c) Perímetro molhado (P): é o comprimento da linha de contorno molhada pela água:

d) Raio hidráulico (Rh) : é a relação entre a área e o perímetro molhado:

RhA

P [9.1]

e) Profundidade Média ou Profundidade Hidráulica (Ym): é a relação entre a área

molhada (A) e a largura da superfície liquida (B).

Page 3: 9. Movimento Uniforme Em Canais

127

YmA

B [9.2]

f) Declividade de Fundo (I): é dada pela tangente do ângulo de inclinação do fundo do canal.

g) Declividade de Superfície (J) : é dada pela tangente do ângulo de inclinação da superfície

livre da água.

h) Talude (z): é a tangente do ângulo () de inclinação das paredes do canal (Figura 9.1), isto

é:

z = tag () [9.3]

Figura 9.1.

No cálculo dos canais circulares e semi-circulares deve-se conhecer o ângulo que a

superfície livre da água forma com o centro do canal, como representado na Figura 9.2. As

relações entre o ângulo () com o diâmetro (D) e a profundidade hidráulica (Y) são dadas

por:

D

Y21arccos2 [9.4]

)cos(12

DY [9.5]

Figura 9.2.

Page 4: 9. Movimento Uniforme Em Canais

128

Nas Tabelas 9.9 e 9.10 são apresentadas as fórmulas para calcular os diversos

elementos geométricos dos canais com diferentes formatos da seção.

9.2. Fórmulas para o cálculo da velocidade média (V) e da Vazão (Q)

As fórmulas mais empregadas no dimensionamento de canais são:

9.2.1. Fórmula de Chézy

A fórmula de Chezy para calcular a velocidade de escoamento é dada por:

IRhCV [9.6]

em que: V = velocidade média de escoamento (m/s) ;

C = coeficiente de rugosidade da parde do canal;

Rh = Raio hidráulico (m);

I = declividade do canal (m/m).

A equação de Chezy é similar a equação de Darcy para condutos forçados. O coeficiente

C depende da rugosidade, do número de Reynolds e da forma da seção transversal. Pode-se

demonstrar que o coeficiente C se relaciona com f da seguinte forma:

f

gC

8 [9.7]

Dessa forma pode-se usar o diagrama de Moody para determinar o valor de C.

9.2.2. Fórmula de Bazin

De grande aceitação na França, Itália, Alemanha, tem a seguinte apresentação:

Rhm

Rh87C

[9.8]

Onde: Rh = Raio Hidráulico (m)

m = coeficiente que depende da natureza das paredes de acordo com a Tabela 9.1

As experiências realizadas por Bazin foram realizadas em canais pequenos, sendo

válidas unicamente para estas condições. Posteriormente obtiveram-se os valores de m mais

detalhados conforme a Tabela 9.6.

Page 5: 9. Movimento Uniforme Em Canais

129

Tabela 9.1. Valores do coeficiente m de Bazin.

Classe Natureza das paredes m

1 Muito lisas (cimento alisado, madeira aplainada) 0,06

2 Lisas ( madeira não aplainada, pedra regular, tijolos) 0,16

3 Alvenaria de pedra bruta 0,46

4 Paredes mistas (parte revestida com pedra e parte sem revestimento) 0,85

5 Canais em terra 1,30

6 Canais em terra com grande resistência ao escoamento

(fundo com vegetação e pedras) 1,75

Fonte: Neves (1989)

9.2.3. Fórmula de Ganguillet e Kutter

De grande aceitação os Estados Unidos, Inglaterra e Alemanha, atualmente vem sendo

substituída pela fórmula de Manning.

Rh

n

I

00155,0231

n

1

I

00155,023

C

[9.9]

em que: C = coeficiente de rugosidade de Chezy;

n = coeficiente de rugosidade de Ganguillet e Kutter e também de Manning;

I = declividade do canal (m/m);

Rh = raio hidráulico do canal (m).

A influência da declividade só é significativa para declividade do fundo for menor do

que 0,1% (I 0,001 m/m).

Inicialmente formam consideradas oito categorias para a natureza das paredes,

conforme a Tabela 9.2. A fórmula de Manning foi muito estudada e os valores de n foram

tabelados por vários pesquisadores conforme as Tabelas 9.2 , 9.7 e 9.8.

9.2.4. Formula de Kutter

Para declividades maiores de 0,0005 m/m Kutter simplificou a fórmula anterior,

usando a seguinte expressão, bastante usada na Alemanha e Itália:

Rhm

Rh100C

[9.10]

em que m são valores tabelados (Tabela 9.3) conforme a rugosidade da parede.

Page 6: 9. Movimento Uniforme Em Canais

130

Tabela 9.2. Valores de coeficiente n de Ganguillet e Kutter

Classe Natureza das paredes n

1 Paredes muito lisas ( cimento alisado, madeira aplainada) 0,010

2 Paredes lisas (tijolos, pedra aparelhada, madeira não aplainada) 0,013

3 Paredes pouco lisas ( alvenaria de pedra regular) 0,017

4 Paredes rugosas (alvenaria de pedra bruta) 0,020

5 Parede de terra, ou com taludes de pedra 0,025

6 Paredes de terra, com pedras e vegetação 0,030

7 Idem, irregulares e mal conservadas 0,035

8 Idem, muito irregulares, com vegetação e lodo 0,040

Fonte: Neves (1989)

Tabela 9.3. Valores do coeficiente m da fórmula de Kutter (Neves, 1989)

Natureza da parede m

Cimento liso, seção semicircular 0,12

Cimento liso, seções retangulares 0,15

Tubos novos de ferro fundido 0,175

Tubos de concreto 0,175

Madeira aplainada, seção retangular 0,20

Madeira bruta, alvenaria aparelhada 0,25

Tubos de ferro fundido novos 0,275

Alvenaria comum 0,35

Tubos de ferro fundido muito usados 0,375

Águas de esgoto, canais de alvenaria ordinária sem argamassa 0,45

Alvenaria comum com má conservação 0,55

Alvenaria mal executada, fundo coberto de lodo 0,75

Alvenaria abandonada, fundo com lodo 1,00

Canais abertos em rochas mal desbastadas, canais de terra com seções regulares 1,25

Canais de terra mal conservados com vegetação e seixos no fundo 1,75

Cursos dágua naturais com leito de terra 1,75

Canais de terra abandonados, cursos dágua naturais com leito pedregoso 2,50

Fonte: Neves (1989)

Page 7: 9. Movimento Uniforme Em Canais

131

9.2.5. Formula de Manning

A fórmula de Manning resultou de uma simplificação da fórmula de Ganguillet-

Kutter, fazendo:

61

Rhn

1C [9.11]

e substituindo na fórmula de Chézy obtém-se:

5,03/21IRh

nV [9.12]

Aplicando a equação da continuidade é obtida a expressão para o cálculo da vazão

pela formula de Manning, dada por:

5,03/2 IRhn

AQ [9.13]

onde n é o mesmo da fórmula de Ganguuillet e Kutter. Esta fórmula dá resultados bastante

próximos aos da fórmula de Ganguillet e Kutter e, por ser mais simples, está sendo usada em

lugar desta, com grande aceitação nos Estados Unidos e Inglaterra, o seu emprego vai aos

poucos se generalizando entre nos, substituindo a fórmula de Bazin. Os coeficientes de n

podem ser obtidos nas Tabelas 9.7 e 9.8.

9.2.6. Fórmula de Forchheimer

Aconselhada especialmente para canais de grandes dimensões, tem a seguinte

expressão:

IRhCV 7,0 [9.14]

sendo C praticamente igual a 1/n (n é o coeficiente de Manning e Ganguillet-Kutter).

Tabela 9.4. Valores do coeficiente C de Forchheimer

Natureza da parede C

Canais com revestimento de cimento liso ou madeira 80 a 90

Canais revestidos de alvenaria de pedra em boas condições 70

Canais revestidos de concreto, novos sem alisar 60

Canais com revestimento pouco liso de cimento ou alvenaria comum 50

Canais de terra em boas condições 30 a 42

Para cursos dágua naturais 24 a 30

Fonte: Neves (1989)

Page 8: 9. Movimento Uniforme Em Canais

132

9.2.7. Fórmula de Strickler

Análoga a fórmula de Manning, sendo K = 1/n.

IRhKV 3/2 [9.15]

em que K é o coeficiente de rugosidade da parede (Tabela 9.5 ) para a fórmula de Strickler.

Tabela 9.5. Valores de K da fórmula de Strickler .

Natureza da parede K

Canais com revestimento de concreto bruto 53 a 57

Canais com revestimento bem alisado 80 a 90

Galerias de concreto lisas 90 a 95

Canais mal conservados 40 a 50

Galerias escavadas em rocha 25 a 40

Galerias com fundo e abóbada de concreto comprimido, paredes laterais de

alvenaria de pedra

85 a 90

Galerias com fundo e paredes laterais com revestimento, abóbada sem

revestimento

55

Canais antigos com depósito ou vegetação 43 a 52

Canais de terra 30 a 40

Canais com fundo não revestido

– seixos grandes 35

- seixos médios 40

- pedra fina 45

- pedra fina e areia 50

- areia fina Até 90

Canais de alvenaria bruta 50

Canais de alvenaria comum 60

Canais de tijolos ou pedra emparelhada 80

Canais muito lisos Até 90

Rios e arroios fundo rochoso, rugoso 20

medianamente rugoso 20 a 28

Fonte: Neves (1989)

Page 9: 9. Movimento Uniforme Em Canais

133

Exemplo 9.1. Calcular a vazão e a velocidade de um canal trapezoidal de terra, com talude

2:1 tendo 2,4 m de largura de fundo e 1,5 m de altura de água sendo a declividade de 0,5

m/km.

A = Y (b + zY) = 1,5 (2,4 + 2.1,5) = 8,10 m²

m108,9125,124,21zY2bP 22

Rh =0,889 m

a) Fórmula de Bazin: m = 1,3 (Tabela 9.1)

Rhm

Rh87C

=

889,03,1

889,087C

= 36,6

V = s/m771,00005,0889,06,36IRhC

Q = A V = 8,10m² 0,771 m/s = 6,24 m³/s

b) Fórmula de Ganguillet e Kutter : n = 0,025 (Tabela 9.2)

Rh

n

I

00155,0231

n

1

I

00155,023

C

= 06,39

889,0

025,0

0005,0

00155,0231

025,0

1

0005,0

00155,023

C

V = s/m824,00005,0889,006,39IRhC

Q = A V = 8,10m² 0,771m/s = 6,67 m³/s

c) Fórmula de Kutter: m = 1,25 (Tabela 9.3)

Rhm

Rh100C

= 43

889,025,1

889,0100

V = s/m906,00005,0889,0x43IRhC

Q = A V = 8,10m² x 0,906 m/s =7,34 m³/s

d) Fórmula de Manning: n = 0,025 (Tabela 9.2)

5,03/21IRh

nV = s/m827,0)0005,0()889,0(

025,0

1 5,03/2

Q = A V = 8,10 m² 0,827 m/s = 6,7 m³/s

Page 10: 9. Movimento Uniforme Em Canais

134

e) Fórmula de Forchheimer: C = 40 (Tabela 9.4)

IRhCV 7,0 = s/m824,00005,0)889,0(40 7,0

Q = A V = 8,10 m² 0,824= 6,67 m³/s

f) Fórmula de Stickler: K =40 (Tabela 9.5)

IRhKV 3/2 = s/m827,00005,0889,0x40 3/2

Q = A V = 8,10 m² 0,827 m/s =6,7 m³/s

Page 11: 9. Movimento Uniforme Em Canais

135

Tabela 9.6. Valores de m, para a fórmula de Bazin.

Natureza da parede Estado da parede

Perfeito Bom Regular Mau

Cimento liso 0,048 0,103 0,157 0,212

Argamassa de cimento 0,103 0,157 0,212 0,321

Aqueduto de madeira aparelhada 0,048 0,157 0,212 0,267

Aqueduto de madeira não aparelhada 0,103 0,212 0,267 0,321

Canais revestidos de concreto 0,157 0,267 0,377 0,485

Pedras brutas rejuntadas com cimento 0,430 0,594 0,870 1,142

Pedras não rejuntadas 0,870 1,142 1,303 1,419

Pedras talhadas 0,212 0,267 0,321 0,430

Paredes metálicas de seção semicircular 0,103 0,157 0,212 0,321

Paredes de chapas corrugadas 0,733 0,870 1,007 1,142

Paredes de terra, canais retos e uniformes 0,430 0,594 0,733 0,870

Paredes de pedras lisas em canais uniformes 0,870 1,142 1,308 1,419

Paredes rugosas de pedras irregulares 1,419 1,690 1,965 -

Canais de terra com grandes meandros 0,733 0,870 1,007 1,142

Canais de terra dragados 0,870 1,007 1,142 1,308

Canais com leito de pedras rugosas e vegetação 0,870 1,142 1,419 1,690

Canais com fundo de terra e pedras nas margens 1,025 1,142 1,303 1,419

Canais Naturais

1) Limpos, margens retilíneas, nível máximo 0,870 1,007 1,142 1,303

2) Canais retilíneos com vegetação e pedras 1,142 1,308 1,419 1,690

3) Com meandros, zonas mortas e regiões pouco

profundas 1,419 1,690 1,965 2,240

4) mesmo que 3, durante estiagens, sem declividade

e seção menores 1,690 1,965 2,240 2,515

5) mesmo que 3, com alguma vegetação nas margens

e pedras nas margens 1,308 1,419 1,690 1,965

6) mesmo que 4, com pedras 1,965 2,240 2,515 2,780

7) Zonas de pequenas velocidades, com vegetação,

ou zonas mortas profundas 2,240 2,780 3,340 3,880

8) Zonas com muita vegetação 3,610 4,980 6,360 7,720

Fonte: Neves (1989)

Page 12: 9. Movimento Uniforme Em Canais

136

Tabela 9.7. Valores de n, para a fórmula de Manning e Ganguillet e Kutter.

Natureza da parede Estado da parede

Perfeito Bom Regular Mau

Cimento liso 0,010 0,011 0,012 0,013

Argamassa de cimento 0,011 0,012 0,013 0,015

Aqueduto de madeira aparelhada 0,010 0,012 0,013 0,014

Aqueduto de madeira não aparelhada 0,011 0,013 0,014 0,015

Canais revestidos de concreto 0,012 0,014 0,016 0,018

Pedras brutas rejuntadas com cimento 0,017 0,020 0,025 0,030

Pedras não rejuntadas 0,025 0,030 0,033 0,035

Pedras talhadas 0,013 0,014 0,015 0,017

Paredes metálicas de seção semicircular 0,011 0,012 0,0275 0,030

Paredes de terra, canais retos e uniformes 0,017 0,020 0,0225 0,030

Paredes de pedras lisas em canais uniformes 0,025 0,030 0,033 0,035

Paredes rugosas de pedras irregulares 0,035 0,040 0,045 -

Canais de terra com grandes meandros 0,0225 0,025 0,0275 0,030

Canais de terra dragados 0,025 0,0275 0,030 0,033

Canais com leito de pedras rugosas e vegetação 0,025 0,030 0,035 0,040

Canais com fundo de terra e pedras nas margens 0,028 0,030 0,033 0,035

Canais Naturais

1) Limpos, margens retilíneas, nível máximo 0,025 0,0275 0,030 0,033

2) Canais retilíneos com vegetação e pedras 0,030 0,033 0,035 0,040

3) Com meandros, zonas mortas e regiões pouco

profundas 0,035 0,040 0,045 0,050

4) mesmo que 3, durante estiagens, sem declividade

e seção menores 0,040 0,045 0,050 0,055

5) mesmo que 3, com alguma vegetação nas margens

e pedras nas margens 0,033 0,035 0,040 0,045

6) mesmo que 4, com pedras 0,045 0,050 0,055 0,060

7) Zonas de pequenas velocidades, com vegetação,

ou zonas mortas profundas 0,050 0,060 0,070 0,080

8) Zonas com muita vegetação 0,075 0,100 0,125 0,150

Fonte: Neves (1989)

Page 13: 9. Movimento Uniforme Em Canais

137

Tabela 9.8. Valores de n de Manning,.

TIPO DE CANAL Valores de (n)

mínimo máximo

Canais Revestidos

- Semicircular, metálico , liso 0,011 0,015

- Metal corrugado 0,023 0,024

- Canaleta de tábuas lisas 0,010 0,015

- Canaleta de tábuas não aplainadas 0,011 0,015

- Revestido de cimento liso 0,010 0,013

- Concreto 0,012 0,018

- Cimento e cascalho 0,017 0,030

- Alvenaria de tijolos revestidos de cimento 0,012 0,017

- Parede de tijolos lisos, esmaltados 0,011 0,015

- Superfície de argamassa de cimento 0,011 0,015

Canais não Revestidos

- Terra, retilíneo e uniforme 0,020 0,025

- Com leito dragado 0,025 0,033

- Escoamento lento e tortuoso 0,023 0,030

- Fundo com pedras, vegetação nos taludes 0,025 0,040

- Fundo de terra e taludes com cascalho 0,028 0,035

- Canais escavados em rochas, lisos e uniformes 0,025 0,035

- Irregulares com recortes e saliências 0,035 0,045

Canais de terra, pequenos rasos com vegetação

- Grama, alta (13’’), verde 0,042 -

- Grama, alta dormente 0,035 0,28

- Grama rasteira (3’’), verde 0,034 -

- Grama rasteira dormente 0,034 -

- Arbustos altos (16’’) verdes 0,076 0,22

- Arbustos curtos (2’’) verdes 0,033 -

Cursos naturais

1. Limpos, margens retas e uniformes, leito cheio, sem

desvio e sem escavações profundas 0,025 0,033

2. Como (1) com pedras e vegetação 0,030 0,040

3. Curso tortuoso, limpo, com empoçamentos e bancos de areia 0,033 0,045

4. Como (3), declive e secção irregulares 0,040 0,055

5. Como (3), algumas pedras e vegetação 0,035 0,050

6. Cursos muito cheios de vegetação, capim 0,075 0,150

Fonte: CHOW (1959)

Page 14: 9. Movimento Uniforme Em Canais

138

Tabela 9.9. Elementos geométricos das seções transversais usuais

Seções Área molhada

(A)

Perímetro

molhado (P)

Largura da

superfície

(B)

Raio Hidráulico

(Rh)

Profundidade média

(Ym)

Trapezoidal

A =Y(b+zY)

1zY2bP 2

B = b+ 2zY 2z1Y2b

)zYb(YRh

B

AYm

Triangular

A = z Y2 P =2 1

2Y z

B =2 z Y 2z12

zYRh

2

YYm

Retangular

A = b Y P = b + 2 Y

B = b

Y2b

bYRh

Ym = Y

Circular

sen*8

DA

2

2

D*P

2senDB

*

sen1

4

DRh

2

DYse

B

AYm

2

DYse

D

AYm

observação: * é o ângulo em radianos e é o ângulo em graus.

Page 15: 9. Movimento Uniforme Em Canais

139

Tabela 9.10. Elementos geométricos das seções transversais especiais

Seções Área molhada

(A)

Perímetro Molhado (P) Largura da superfície

(B)

Semicircular

8

DA

2 P = D B= D

BY3

2A

B3

Y8BP

2

Y2

A3B

Retangulo com fundos

arredondados

Y)r2b(r)22

(A 2

Y2br)2(P B= b+ 2r

Canal retangular c/

fundo inclinado

z4

BYBA 1z1

z

BY2P 2 B = b

Trinagulo com fundos

arredondados

)zcot(arcz1z

r

z4

BA

22

)zcot(arcz1z

r2z1

z

BP 2

2z1r)rY(z2B

Page 16: 9. Movimento Uniforme Em Canais

140

9.3. Variação da Velocidade na Seção Transversal

Nos canais, o atrito entre a superfície livre e o ar acentua as diferenças das velocidade nos

diversos pontos da seção transversal.

Figura 9.3. Variação da velocidade de escoamento em canais.

A velocidade máxima numa vertical da seção transversal situa-se geralmente entre 5% a

25% da profundidade de escoamento ( 0,05Y a 0,25Y). O valor da velocidade média em uma

vertical da seção reta, geralmente, é igual a média das velocidade nas profundidades de 20 e 80%

da profundidade de escoamento ( 0,2Y e 0, 8Y), ou aproximadamente igual a velocidade a 60%

da profundidade de escoamento ( 0, 6Y).

9.4. Velocidades aconselháveis.

A velocidade de escoamento deve ficar entre valores limites mínimos e máximos, que por

sua vez dependem da qualidade da água e da natureza da parede. Os valores mínimos de

velocidade são fixados para evitar que o material em suspensão contido na água se deposite no

fundo, produzindo o assoreamento do canal e deve ser obedecida, principalmente nos canais com

grande descarga sólida (coletores de esgotos). A velocidade máxima é imposta para evitar

danos físicos nas paredes do canal. Pode-se efetuar o controle da velocidade de escoamento no

canal alterando o raio hidráulico, e mais efetivamente, pela mudança da declividade através de

quedas no canal (Figura 9.4).

Page 17: 9. Movimento Uniforme Em Canais

141

(A)

(B)

Figura 9.4. Mudança da declividade (A) e alteração no formato do canal (B)

Tabela 9.11. Valores de velocidade não erosiva em canais (Neves, 1989).

Material das Paredes do Canal Velocidade (m/s)

Média máxima

Areia muito fina 0,20 a 0,30

Areia solta 0,30 a 0,45

Areia grossa, terreno arenoso pouco compactado 0,45 a 0,60

Terreno arenoso comum 0,60 a 0,75

Terreno argiloso 0,75 a 0,80

Terreno de aluvião 0,80 a 0,90

Terreno argiloso compacto 0,90 a 1,15

Terreno argiloso duro, solo cascalhento 1,15 a 1,50

Cascalho grosso, pedregulho 1,50 a 1,80

Rocha sedimentares, cascalho aglutinado 1,80 a 2,40

Alvenaria 2,44 a 3,05

Rochas compactas 2,40 a 4,00

Concreto 4,50 a 6,00

Fonte: Neves (1989)

Tabela 9.12. Valores de velocidades médias mínimas recomendadas

característica do líquido Velocidade mínimas(m/s)

Água com suspensões finas 0,30

Água transportando areias finas 0,45

Água residuárias (esgotos) 0,60

Águas pluviais 0,75

Fonte: Azevedo Netto (1998)

Page 18: 9. Movimento Uniforme Em Canais

142

Tabela 9.13. Valores práticos de velocidade recomendada

Tipo de canais Valores práticos (m/s)

Canais de navegação sem revestimento até 0,50

Aquedutos de água potável 0,60 a 1,30

Coletores e emissários de esgoto 0,60 a 1,50

Canais sem revestimento 0,40 a 0,80

Canais com revestimento 0,60 a 1,30

Fonte: Azevedo Netto (1998)

9.5. Declividades limites

A velocidade é função da declividade e, em conseqüência dos limites estabelecidos para a

velocidade podem ser estabelecidos limites para a declividade, como indicados nas Tabela 9.14

e 9.15.

9.14. Declividades recomendadas para canais.

Tipo do canal Declividade recomendada

(m/m)

Canais de navegação até 0,00025

Canais industriais 0,0004 – 0,0005

Canais de irrigação pequenos (0,1 a 3,0 m³/s) 0,0005 – 0,001

Canais de irrigação pequenos (3,0 a 10,0 m³/s) 0,00025 – 0,0005

Canais de irrigação grandes (> 10,0 m³/s) 0,0001 – 0,0003

Aquedutos de água potável 0,00015 – 0,001

Fonte: Azevedo Netto (1998)

Page 19: 9. Movimento Uniforme Em Canais

143

9.15. Declividade dos coletores de esgoto.

Diâmetro

(m)

Declividade mínima

m/m

Declividade comum (m/m)

de ate

0,10 0,020 0,020 0,250

0,15 0,006 0,016 0,200

0,20 0,004 0,004 0,150

0,25 0,003 0,0030 0,125

0,30 0,002 0,0020 0,100

0,40 0,0015 0,0015 0,050

0,50 0,0010 0,0010 0,040

0,60 0,0010 0,0010 0,030

0,80 0,00075 0,00075 0,020

1,0 0,00050 0,00050 0,010

Grande seção 0,00025 0,00025 0,005

9.6. Inclinação das paredes

Deve-se observar a limitação da inclinação das paredes, conforme a natureza das paredes.

Na Tabela 9.16 e 9.17 estão indicados os valores recomendados do talude para evitar o

desmoronamento das paredes do canal.

Tabela 9.16. Valores recomendados de inclinação das paredes.

Natureza da parede z = tg o

Canais em solos muito arenosos 3 71,6

Canais em terra sem revestimento 2,5 a 5 68,2 a 78,7

Canais em saibro, terra porosa (solo arenoso) 2 63,4

Cascalho roliço, canais de terra agrícolas (solo franco) 1,50 a 1,75 56,3 a 60,2

Terra compacta sem revestimento 1,5 56,3

Terra muito compacta, paredes rochosas 1,25 51,4

Rocha estratificada 0,5 26,5

Rocha compacta, alvenaria acabada, concreto 0 0

Page 20: 9. Movimento Uniforme Em Canais

144

Tabela 9.17. Valores Recomendados de z, V, n, para alguns tipos de canais.

Tipos de Superfície Inclinação dos

taludes z

Veloc. Máx,

m/s

Coeficiente (n)

Manning

Canais de Terra

Arenoso 3:1 0,3 – 0,7 0,030 – 0,040

barro arenoso 2:1 a 2,5:1 0,5 – 0,7 0,030 – 0,035

barro argiloso 1,5:1 a 2:1 0,6 – 0,9 0,030

argiloso 1:1 a 2:1 0,9 – 1,5 0,025 – 0,030

cascalho 1:1 a 1,5:1 0,9 – 1,5 0,030 – 0,035

rocha 0,25:1 a 1:1 1,2 – 1,8 0,030 – 0,040

Canais Revestidos

Concreto moldado no local 1:1 a 1,5:1 1,5 – 2,5 0,015

Pré fabricado 1,5:1 1,5 – 2,0 0,018 – 0,022

Tijolos 1,5:1 1,2 – 1,8 0,018 – 0,022

Asfalto 1:1 a 1,5:1 1,2 – 1,8 0,015

Membrana plástica 2,5:1 0,6 – 0,9 0,025 – 0,030

9.7. Folga nos canais ou Borda Livre

A borda livre é a distância vertical do topo do canal até o nível dágua calculado para as

condições de vazão de projeto. Esta folga é recomendada para evitar alguns problemas que

podem ocorrer nos canais, tas como:

- a diminuição de sua capacidade, causada pela deposição de material transportado pela

água;

- aumento da rugosidade das paredes do canal devido o crescimento de vegetação (canais

de terra) e/ou falta de manutenção do canal;

- aumentos de vazão devido ao escoamento superficial em ocasião de chuvas;

- formação de ondas devido a ação do vento ou fluxo de embarcações;

- ocorrência de ressalto hidráulico;

- sobre elevação do nível da água nas curvas acentuados dos canais com velocidades de

escoamento muito alta.

- incertezas no dimensionamento, como o coeficiente de rugosidade a ser adotado.

Não há regra universalmente aceita para a determinação da altura da borda ou a folga do

canal. Alguns autores recomendam a borda livre variando entre 5% e 30 % da profundidade

Page 21: 9. Movimento Uniforme Em Canais

145

hidráulica do canal. Outros autores recomendam no dimensionamento do canal deixar folga

equivalente a 20 a 30 % da vazão de projeto

USBR (1952), apresentou o critério para dimensionamento da borda livre que também

pode ser utilizado, da seguinte forma:

YC552,0F [9.16]

F = borda livre, em m;

Y = profundidade de escoamento, em m;

C = coeficiente variável entre 1,5 para vazões de até 0,60 m3 /s até 2,5 para vazões

maiores que 85 m3 /s.

Segundo ainda USBR, a borda livre pode variar de 30 cm para pequenos canais até

aproximadamente 120 cm, no caso de grandes canais (vazões maior ou igual a 85 m3/s).

Para canais de irrigação são indicados os valores de borda livre conforme a tabela 9.18.

Tabela 9.18. Valores de borda livre para canais de irrigação.

Vazão (m³/s) Borda Livre (m) autor

< 0,39 0,20 Bernardo (1986)

0,39 a 0,69 0,35 Bernardo (1986)

0,70 a 0,99 0,45 Bernardo (1986)

1,00 a 2,99 0,55 Bernardo (1986)

< 1,5 0,50 Chaudhry (1993)

1,5 – 85 0,75 Chaudhry (1993)

> 85 0,90 Chaudhry (1993)

9.8. Seções econômicas ou de máxima vazão

Dizemos que a seção transversal de um conduto livre é de máxima eficiência quando para

determinada área e declividade a vazão é máxima. Isto é, para uma dada vazão Q o canal tem

um mínimo perímetro molhado e uma máxima velocidade de escoamento.

Pela equação de Manning temos:

IRhn

AQ 3/2

aplicando o conceito de Raio Hidráulico temos,

Page 22: 9. Movimento Uniforme Em Canais

146

IP

A

n

1Q

3/2

3/5

[9.18]

Analisando a expressão acima pode-se observar que considerando A, n e I constantes a vazão

será máxima quando o perímetro molhado for mínimo. Pode-se conseguir uma maior vazão:

- aumentando a área (A), o que implica em maiores custos;

- aumentando a declividade (I), o que é limitada pela velocidade máxima para evitar a

erosão da paredes do canal;

- diminuir a rugosidade (n), que geralmente implica em maiores custos (revestimento);

- aumentar o raio hidráulico (Rh) que pode ser conseguido diminuindo o perímetro (P), que

é uma alternativa viável, pois quando P for um mínimo a vazão será máximo.

Considerando um canal retangular

A = b Y Y

Ab [9.19]

P = b + 2 Y Y2Y

AP [9.20]

Por definição a seção de máxima eficiência é aquela para o qual:

0Y

P

02

Y

A

Y

P2

[9.21]

2

2Y2A2

Y

A (9.16) [9.22]

Substituindo (9.22) em (9.19), obtém-se:

Y2bY

Y2b

2

[9.23]

Ficou demonstrado que um canal retangular é de máxima vazão quando a largura do

fundo (b) é o dobro da profundidade Y, isto é, b = 2 Y , tendo o canal o formato de um semi

quadrado (Figura 9.5).

Page 23: 9. Movimento Uniforme Em Canais

147

Figura 9.5. Canal retangular de máxima vazão

Fazendo procedimento semelhante pode-se demonstrar que para canais trapezoidais a

seção de máxima eficiência é aquela em que o talude é dado por z = 0,5773:1, levando á forma

de um semi-hexágono (Figura 9.6), isto é:

z = 3

1= 0,5773 [9.24]

Y = 0,866 b [9.25]

Figura 9.6. Canal Trapezoidal de máxima vazão

Os canais triangulares são de máxima vazão quando z = 1 e tem o formato de um semi-

quadrado (Figura 9.7).

Page 24: 9. Movimento Uniforme Em Canais

148

Figura 9.7. Canal Triangular de máxima vazão

Adotando-se os formatos de seção de máxima vazão as fórmulas para o cálculo dos

elementos geométricos se simplificam conforme a Tabela 9.19.

Para canal circular pode se demonstrar que:

a) a vazão é máxima para: = 5,379 rd = 3080, usando-se a expressão:

2cos1

2

DY , vem

2

308cos1

2

DY y = 0,95 D. [9.26]

b) a velocidade máxima para = 2570 e Y = 0,81 D. [9.27]

Observações:

a) Como nas condições de canal circular vazão máxima, o escoamento é hidraulicamente

instável, podendo trabalhar como conduto forçado para um acréscimo da profundidade,

recomenda-se como limite prático em canais circulares dimensionar o canal para a relação: Y =

0,75 D.

b) a vazão escoada para Y = 0,82 D iguala-se a vazão para o canal a seção plena.

c) a velocidade média a plena seção é igual a velocidade a meia seção porque o raio hidráulico é

o mesmo, em razão disto a vazão a seção plena é o dobro da vazão a meia seção.

No dimensionamento do canal o projetista deve dar preferência as seções de máxima vazão,

pois tendem a ser mais econômicas (considerando os custos de abertura do canal, revestimento,

etc.) No entanto, em algumas situações a forma da máxima vazão não é a ideal, pois pode ter

uma profundidade excessiva, ou a velocidade é muito alta, provocando a erosão do nas paredes e

Page 25: 9. Movimento Uniforme Em Canais

149

no fundo do canal. No dimensionamento dos canais deve-se considerar ainda outras limitações

como:

- muitas vezes a profundidade do canal é limitada por condições topográficas como cota de

drenagem ou presença de rochas compactas abaixo de uma profundidade de podem

impedir ou inviabilizar economicamente a escavação;

- em áreas urbanas há limitações quanto a largura do canal;

- o talude do canal pode ser limitado pela característica da máquina (escavadeira

hidráulica) ou pelas características do solo.

Exemplo 9.1. Calcule a velocidade e a vazão de um canal circular com diâmetro de 1,0 metros

construído em concreto (n = 0,015) com declividade de 0,0008 m/m para profundidade

hidráulica variando de 5 cm a 1,0 m.

Y (m) ARh2/3

A (m²) P(m) Rh (m) (rd) Q (m³/s) V (m/s)

0,05 0,001 0,015 0,451 0,033 0,902 0,003 0,192

0,10 0,007 0,041 0,644 0,064 1,287 0,012 0,300

0,15 0,015 0,074 0,795 0,093 1,591 0,029 0,387

0,20 0,027 0,112 0,927 0,121 1,855 0,051 0,460

0,25 0,043 0,154 1,047 0,147 2,094 0,081 0,524

0,30 0,061 0,198 1,159 0,171 2,319 0,115 0,581

0,35 0,082 0,245 1,266 0,193 2,532 0,155 0,631

0,40 0,105 0,293 1,369 0,214 2,739 0,198 0,675

0,45 0,130 0,343 1,471 0,233 2,941 0,245 0,714

0,50 0,156 0,393 1,571 0,250 3,142 0,294 0,748

0,55 0,183 0,443 1,671 0,265 3,342 0,344 0,778

0,60 0,209 0,492 1,772 0,278 3,544 0,395 0,803

0,65 0,236 0,540 1,875 0,288 3,751 0,445 0,823

0,70 0,261 0,587 1,982 0,296 3,965 0,492 0,838

0,75 0,284 0,632 2,094 0,302 4,189 0,536 0,848

0,80 0,305 0,674 2,214 0,304 4,429 0,574 0,853**

0,85 0,321 0,712 2,346 0,303 4,692 0,606 0,851

0,90 0,332 0,745 2,498 0,298 4,996 0,626 0,841

0,95 0,335 0,771 2,691 0,286 5,381 0,632*

0,819

1,00 0,312 0,785 3,142 0,250 6,283 0,588 0,748

*Vazão máxima e ** Velocidade máxima.

Na Figura 9.8 estão representadas as relações entre área (A), perímetro (P), Raio

Hidráulico (Rh), velocidade (V) e vazão (Q) em função da relação Y/D

Page 26: 9. Movimento Uniforme Em Canais

150

Figura 9.8.

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0

Y/D

A/A

D P

/PD V

/VD Q

/QD

R

H/R

HD

A P V Q RH

Page 27: 9. Movimento Uniforme Em Canais

151

Tabela 9.19. Elementos geométricos dos canais de máxima vazão

Seções Area (A) Perímetro

molhado (P)

Largura

Superficial (B)

Raio hidráulico

(Rh)

Trapezoidal

z = 0,577

3

3z

2Y3A Y32P Y3

34B Y

2

1Rh

Retangular

b = 2 Y

A = 2 Y2 P = 4 Y B = 2 Y Y

2

1Rh

Triangular

z = 1

2YA Y22P B = 2 Y Y4

2Rh

Semicircular

Y = 0,5D 8

DA

2

2

DP B = D Rh =0,25D

Parabólica

Y = 0,354B

2Y3

24A

Y3

28P Y22B Y

2

1Rh

Fonte: CHOW (1959)