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9 Traqueófitas As traqueófitas agrupam todos os vegetais que apresentam tecidos de condução, são as chamadas plantas vasculares. Para entender melhor, devemos lembrar que as plantas “terrestres” incluem 2 grandes grupos: 1. As briófitas, que não apresentam tecido vascular e, na verdade, são gametófitos com esporófitos fisicamente ligados a eles. 2. As plantas diplóides (esporófitos) produtoras de esporos, com tecido vascular bem desenvolvido. A fase haplóide (gametófito) do seu ciclo pode ser de vida livre e fotoautotrófica ou heterotrófica. As plantas vasculares exibem um grau de complexidade que não é igualado pelas plantas avasculares. As plantas vasculares primitivas consistiam de eixos ramificados dicotomicamente (divididos em duas partes iguais), nos quais faltavam folhas e raízes. Com a especialização evolutiva, várias diferenças surgiram no corpo da planta, levando a diferenciação de caule, raiz e folha. 9.1 Pteridófitas As pteridófitas são criptógamas vasculares com uma acentuada alternância de gerações. Elas apresentam certas combinações de caracteres fundamentais, que não se

9 Traqueófitas

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9 Traqueófitas

As traqueófitas agrupam todos os vegetais que apresentam tecidos de condução,

são as chamadas plantas vasculares.

Para entender melhor, devemos lembrar que as plantas “terrestres” incluem 2 grandes

grupos:

1. As briófitas, que não apresentam tecido vascular e, na verdade, são gametófitos com

esporófitos fisicamente ligados a eles.

2. As plantas diplóides (esporófitos) produtoras de esporos, com tecido vascular bem

desenvolvido. A fase haplóide (gametófito) do seu ciclo pode ser de vida livre e

fotoautotrófica ou heterotrófica. As plantas vasculares exibem um grau de complexidade

que não é igualado pelas plantas avasculares.

As plantas vasculares primitivas consistiam de eixos ramificados dicotomicamente

(divididos em duas partes iguais), nos quais faltavam folhas e raízes. Com a especialização

evolutiva, várias diferenças surgiram no corpo da planta, levando a diferenciação de caule,

raiz e folha.

9.1 Pteridófitas

As pteridófitas são criptógamas vasculares com uma acentuada alternância de

gerações. Elas apresentam certas combinações de caracteres fundamentais, que não se

encontram nas Briófitas ou nas plantas com sementes. Diferem destas últimas por possuírem

gametófito e esporófito independentes na maturidade. Nas Pteridófitas, a geração mais

desenvolvida é o esporófito, apresentando maior diferenciação anatômica e morfológica.

O gametófito (também chamado de protalo) pode ser verde, superficial ao solo,

com rizóides ou ser subterrâneo e incolor, nunca abandonando a membrana do esporo que

o originou. A fecundação se dá por meio de anterozóides flagelados.

Diferenças entre as Pteridófitas e outros grupos vegetais:

a) Em relação às Algas:

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As pteridófitas apresentam arquegônios e anterídeos e o embrião fica retido dentro

do arquegônio. Apresentam tecido de condução.

b) Em relação às Briófitas

Nas Pteridófitas, a geração esporofítica é mais desenvolvida, além de apresentarem

tecido de condução.

c) Em relação às Fanerógamas

O gametófito das pteridófitas é de vida livre. O esporófito cresce ininterruptamente,

desde zigoto até a maturidade. Não ocorre a formação de semente.

Existem duas teorias para a origem do grupo Pteridófita: 1) A partir das Briófitas e 2)

A partir de algas clorofíceas.

Classificação :

A classificação das Pteridófitas é baseada em caracteres do esporófito, tais como:

estrutura esporangial, disposição dos esporângios e estrutura vegetativa.

As Pteridófitas incluem 5 divisões :

9.1.1 Divisão Psilotophyta

O esporófito (geração duradoura) tem caule verde fotossintetizante com ramificações

dicotômicas, sendo que há apenas 2 gêneros atuais : Psilotum e Tmesiptereis. São gêneros

bastante primitivos, não possuindo raízes e tendo uma única célula apical em cada ramo.

9.1.2 Divisão Rhyniophyta

São plantas vasculares fósseis e também não possuem raízes claramente distintas. O

esporófito consiste de uma porção ramificada (caule) que pode ou não ter pequenas folhas,

de acordo com o gênero. Todos os gêneros são fósseis.

Rhynia preenche todas as qualidades essenciais de um protótipo ancestral para

todas as plantas vasculares.

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9.1.3 Divisão Lycopodiophyta

O esporófito é a geração conspícua nos licopódios, o gametófito sendo pequeno e

freqüentemente subterrâneo.

Os esporângios se localizam nas axilas das folhas ou na face axial da folha próximo a

base. As folhas que detém esporângios são chamadas esporófilos. Os esporófilos são iguais

às folhas vegetativas.

Há representantes fósseis e atuais. As 1200 espécies modernas de licopódios

dividem-se em 5 gêneros, com Lycopodium (figura 9.1), Selaginella entre eles.

9.1.4 Divisão Equisetophyta.

Possuem esporófito conspícuo e o gametófito é um pequeno talo de 1 cm de largura.

As duas gerações são fotossintética e fisiologicamente independentes na maturidade. Há

representantes fósseis e atuais.

Os representantes modernos pertencem a um único gênero: Equisetum (figura 9.2) .

Eles possuem folhas dispostas em círculos formando nós e entrenós e são estriadas

longitudinalmente. Os esporângios encontram-se em esporangióforos arranjados em círculos

em um estróbilo terminal.

9.1.5 Divisão Poliopodiophyta

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São também chamados fetos, ocorrem numa grande variedade de habitats e climas,

mas a maioria deles encontra-se em locais sombrios e úmidos, em regiões tropicais e

subtropicais, mais do que em regiões temperadas e frias. Alguns fetos são arborescentes,

com um “tronco” relativamente espesso, embora muito dessa espessura seja devido ao

crescimento de raízes adventícias aéreas.

Muitas vezes o caule é representado por um rizoma simples ou ramificado do qual

surgem as folhas. O sistema radicular do esporófito é adventício. As folhas são geralmente

divididas em um pecíolo e uma lâmina expandida, sendo as folhas chamadas frondes.

O esporófito é a geração conspícua e o gametófito é bastante reduzido (figura 9.3).

Os esporângios dos fetos formam-se sobre folhas ou apêndices associados à elas.

Numerosos esporângios crescem em cada esporófilo (folha que contém esporângios) e nas

pteridófitas atuais são geralmente agrupados em estruturas distintas denominadas soros.

A grande maioria das espécies pertencem a Ordem Filicales (Polipodiales), são os

chamados fetos verdadeiros.

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Adaptações a conquista do meio terrestre

No decorrer da evolução, as Pteridófitas representaram o primeiro grupo que

efetivamente conquistou o ambiente terrestre. A hipótese mais aceita para a origem das

plantas vasculares é que essas teriam surgido de formas aquáticas herbáceas. Vários foram

os problemas enfrentados pelos organismos na ocupação do ambiente terrestre, tais como:

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obtenção de água (“solucionados” através das raízes e sistemas condutores); conservação

da água (nos vegetais terrestres há cutícula e estômatos); sustentação e transporte (sistemas

condutores são necessários para os organismos terrrestres); superfície de assimilação de

luz e trocas gasosas, que foi aumentada em função do aparecimento de folhas.

Em resumo, o principal avanço dos fetos sobre os musgos e outras Briófitas foi a

presença de tecidos vasculares especializados. Com esses sistemas condutores, as plantas

vasculares são capazes de atingir maiores tamanhos que os musgos porque água, minerais

dissolvidos e alimento (seiva elaborada) podem ser transportados para todas as partes da

planta. Embora as pteridófitas sejam plantas relativamente pequenas em regiões

temperadas, há espécies nos trópicos que crescem a alturas de 2 a 4 metros, como as

samambaiaçu (Dicksonia sellowiana) do Brasil.

Todas as pteridófitas têm verdadeiros sistemas de tecidos vasculares, sendo a maioria

com raízes e folhas verdadeiras. O ciclo de vida das pteridófitas envolve uma alternância de

gerações claramente definida (fig. 9.4 ). A planta predominante é a geração esporof ítica.

Seu corpo é composto de um caule horizontal junto ao chão, chamado rizoma, do qual

emergem raízes e folhas (fronde).

9.2 As fanerógamas

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(Do gr. phanerós, ‘aparente’, ‘visível’; gamos, ‘casamento’)

Fanerógamas é um termo usado para se referir aos vegetais superiores que se

caracterizam pela presença de flores, como órgãos de reprodução nitidamente visíveis,

destacando-se de outras traqueófitas, como as pteridófitas. As Fanerógamas também são

conhecidas como espermatófitas, pois são plantas que produzem sementes. A maioria das

plantas bem sucedidas tem na semente seu modo primário de reprodução e dispersão.

Poderíamos dizer até que estamos vivendo a "Idade das Sementes" e essa é o maior avanço

evolutivo dos vegetais. Qual a razão de tamanho sucesso?

1) Os esporos vegetais são compostos por uma única célula, enquanto as sementes

contém uma estrutura multicelular.

2) As sementes contém um suprimento alimentar. Após a germinação, o embrião dentro

da semente é nutrido pelo alimento nela estocado, até que ele seja auto-suficiente.

3) As sementes são protegidas por uma "capa" (tegumento) bastante resistente.

Podemos dividir as fanerógamas em dois grandes grupos:

As Gimnospermas, representadas pelos pinheiros, e Angiospermas, constituídas

pelas plantas que produzem frutos.

Todas as fanerógamas possuem tecidos vasculares, xilema para condução de água

e sais minerais e floema para condução de alimento. Há a alternância de gerações, mas a

geração gametofítica é significativamente reduzida em tamanho e é inteiramente dependente

da geração esporofítica. O megasporângio retêm o megagametófito em todas as

espermatófitas. O megasporângio é envolvido por 1 ou 2 camadas adicionais de tecido, os

tegumentos. Estas envolvem completamente o megasporângio exceto por uma abertura no

ápice, a micrópila. A estrutura inteira, incluindo megasporângio com megagametófito e

tegumentos é conhecida como óvulo.

9.2.1 Divisão Gymnospermae (gimnospermas)

Gymnospermae significa literalmente “semente nua”, ou seja, seus óvulos e

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sementes encontram-se expostos na superfície dos esporófilos ou de estruturas análogas.

Incluem alguns dos vegetais mais interessantes do Reino Vegetal:

?? os maiores vegetais em termos de volume: Sequóias gigantes

?? os maiores em altura: Carvalho-vermelho

?? possuem os indíviduos de maior longevidade: pinheiro da Califórnia (Pinus aristata),

com mais de 4000 anos.

As gimnospermas apresentam uma série de vantagens evolutivas, quando as

comparamos com as pteridófitas.

a) Não há necessidade de água para transportar o gameta masculino. Ao invés disso, o

gametófito masculino parcialmente desenvolvido (chamado grão de pólen), transporta-

se para as proximidades do gametófito feminino através de um processo chamado

POLINIZAÇÃO, que geralmente ocorre pelo vento nas gimnospermas.

b) Após a polinização o gametófito masculino produz uma estrutura tubulosa: o tubo

polínico, através do qual os gametas masculinos são conduzidos até o arquegônio,

onde um deles se fundirá com a oosfera. Nas Gimnospermas atuais ambos os gametas

são imóveis. Nas cicadáceas e gimkgo ocorrem anterozóides ainda.

As gimnospermas compõem-se de 4 classes (segundo Joly, 1991), com os

seguintes representantes atuais:

Cycadopsida (Cycas), Taxopsida (Taxus), Coniferopsida (Pinus) e Gnetopsida.

9.2.1.1 CLASSE CONIFEROPSIDA (CONÍFERAS)

As coníferas ocupam vastas áreas da Terra hoje em dia. Alcançam do Ártico aos

Trópicos e são a vegetação dominante nas regiões florestais do Canadá, nordeste europeu

e Sibéria. São bastante importantes economicamente na produção de papel, extração de

resinas, ornamentação, etc., além de atraentes durante o inverno, pois estão sempre verdes.

Somente poucas espécies são decíduas (folhas caducas).

As coníferas são a classe mais significativa das gimnospermas atuais, incluindo cerca

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de 50 gêneros e 550 espécies, atingindo alturas superiores a 117m e diâmetros maiores que

11m. Pinus, que é muito comum para nós, é uma conífera típica. Produz micrósporos

(esporos masculinos) e megásporos (esporos femininos) em estruturas separadas chamadas

cones ou estróbilos, que são também chamados de micro e megastróbilos (cones

masculinos e femininos, respectivamente) e que geralmente situam-se numa mesma planta

(figura 9.5 (b) e (e)).

Em Pinus, os megastróbilos são maiores, geralmente localizados nas ramificações

superiores da árvore e abrigam as sementes após a fertilização. Os estróbilos masculinos

(microstróbilos) são menores que os femininos, sendo produzidos em ramificações menores

e compostos por estruturas semelhante a folhas sobrepostas (os microsporófilos).

O microsporângio (urna que

fica na base dos microsporófilos) abriga

numerosas "células-mãe do micrósporo"

(ou microsporócitos). Essas células

sofrem meiose para formar os

micrósporos (n).

Figura 9.5: (ao lado) Pinus

silvestris. a) ramo com estróbilos;

b)estróbilo feminino; c e d) escamas

seminíferas; e) estróbilo masculino; f)

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semente alada. (fonte: Strasburger, 1970).

Cada micrósporo se desenvolve numa geração gametofítica extremamente reduzida.

O gametófito masculino imaturo é chamado de grão de pólen. Os grãos de pólen são

liberados dos microstróbilos em grande número e alguns chegam até o estróbilo feminino

(megastróbilo), carregados pelo vento.

O megaestróbilo tem brácteas lenhosas (megasporófilos) que abrigam

megasporângios em suas bases. Dentro de cada megasporângio existem “células-mãe do

megásporo” (megasporócitos) que sofrem meiose para produzir os megásporos (n). Um

desses megásporos desenvolve-se num gametófito feminino, com uma oosfera dentro de

cada arquegônio. Não há formação de anterídeo.

O grão de pólen cresce na forma de um tubo que digere seu caminho (através do

tecido gametófito feminino) até o óvulo, dentro do arquegônio. Então, a célula dentro do

grão de pólen divide-se para formar células espermáticas (que não têm flagelos), uma das

quais se funde com a oosfera, formando o zigoto. Esse cresce, originando um embrião de

Pinus jovem, fazendo parte da semente (figura 9.6).

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O tecido do gametófito feminino que circunda o embrião, com o desenvolvimento

torna-se tecido nutritivo na semente madura. O embrião e seu tecido nutritivo ficam

protegidos por uma capa, o tegumento, e ainda ganham asas para que possam ser

dispersados pelo vento. O tecido nutritivo e o tegumento são haplóides, pois provém do

gametófito. O maior avanço no ciclo de vida de Pinus é a independência da água para o transporte das células gaméticas masculinas. A reprodução é totalmente adaptada à vida

terrestre!

Vale lembrar ainda de Ginkgo, uma espécie arbórea nativa da China e que

representa o gênero mais antigo entre as espécies viventes da classe das coníferas. Fósseis

de 200 milhões de anos foram descobertos e são muito parecidos com as espécies atuais.

Ginkgo é o único gênero vivo. É uma planta cultivada desde épocas muito remotas nos

jardins dos templos chineses e hoje é cultivada em todo o mundo (figura 9.7).

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9.2.1.2 Classe Cycadopsida (cicas)

Foram um grupo vegetal muito importante no passado. Os poucos remanescentes

são organismos tropicais com aparência semelhante às palmeiras. A reprodução é similar ao

Pinus, mas a estrutura da semente e óvulo são mais primitivos.

As cicas possuem caracteres que são reminiscências de samambaias (gametas

masculinos móveis, disposição de feixes vasculares e estrutura da folha), ao lado de

caracteres similares aos das demais gimnospermas (sementes, tubo polínico e gametófitos

reduzidos). São plantas dióicas, ou seja, produzem gametas masculinos e femininos em

indivíduos diferentes.

_______________________________________________________________________________

9.2.1.3 Classe Gnetopsida

Difere bastante das demais gimnospermas e é uma classe muito heterogênea.

Tem mais de um envoltório no óvulo e apresenta elementos de vaso no xilema, que

é uma característica de angiospermas. Os canais resiníferos comuns em outras classes são

ausentes. Há 3 gêneros atuais apenas: Ephedra, Gnetum e Welwitschia (figura 9.8).

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9.2.1.4 Classe Taxopsida

Nesta Classe estão as gimnospermas mais primitivas, justamente por não

apresentarem cones. As flores femininas são isoladas, formando portanto, sementes

isoladas. Compreende só uma ordem, Taxales, e uma família, Taxaceae (fig. 9.9). Nesta

família incluem-se 5 gêneros. São plantas arbustivas lenhosas ou árvores pequenas, com

folhas dispostas em espiral, geralmente.

9.2.2 DIVISÃO ANGIOSPERMAE (250.000 espécies)

O segundo grande grupo de plantas produtoras de sementes, as angiospermas, são

também conhecidas como plantas frutíferas e compõem o maior grupo vegetal em número

de gêneros, espécies e indivíduos, e o mais recente a se desenvolver sobre a Terra.

As angiospermas diferem das gimnospermas pelo fato de seus óvulos e sementes

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estarem encerrados dentro do m egasporófilo (aqui chamado de carpelo), que mais tarde

formará o fruto. A estrutura do carpelo em certas Angiospermas primitivas sugere que o

encerramento das sementes pode ter ocorrido pelo dobramento evolucionário de um

megasporófilo foliáceo portador de óvulo.

As angiospermas superam todas as outras plantas vasculares em termos de

diversidade do organismo, do habitat e de utilidade ao homem. Há angiospermas lenhosas,

herbáceas e, entre as últimas, há considerável diversidade de estrutura vegetativa,

representada pelos bulbos de lírios e cebolas e pelos rizomas de Iris e de muitas gramíneas.

A diversidade de habitat está demonstrada pelas plantas aquáticas como Elodea ouLemna, pelos gêneros xerofíticos como o cactos e pelas epífitas, como muitas orquídeas e

bromélias.

As angiospermas distinguem-se das gimnospermas principalmente pelas seguintes

características:

1) formação do ovário (através do dobramento e soldadura das margens do

megasporófilo, o que permitiu o desenvolvimento dos óvulos no interior de um espaço

fechado e protegido);

2) Redução mais avançada do gametófito feminino;

3) Dupla fecundação - formação de tecido de reserva de nutrientes absolutamente novo na

evolução das plantas, o endosperma.

A divisão Angiospermae (ou Magnoliophyta) divide-se em duas grandes classes:

as Dicotiledôneas (ou Magnoliopsida) e as Monocotiledôneas (ou Liliopsida), sendo que as

Dicotiledôneas englobam a maioria das espécies (mais de 150 mil).

As angiospermas ocorrem em quase todas as latitudes e altitudes, com um domínio

evidente em todas as formações vegetais terrestres, exceto nas tundras do norte da União

Soviética e nas florestas de coníferas da América do Norte. Elas podem ser desde ervas

com poucos milímetros (Lemnaceae) até árvores de mais de 100m, como certas espécies

de Eucaliptus. São geralmente terrestres, mas podem ser aquáticas, ocorrendo mais

comumente em águas continentais.

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A provável origem das angiospermas parece ser a partir de um grupo extinto de

Pteridospermales (uma ordem de gimnosperma).

A Classificação das Angiospermae (Magnoliophyta)

Joly (1991) adota o sistema de Melchior (1964), uma adaptação do sistema de

Engler, para a classificação das angiospermas. O sistema de Melchior admite na divisão

Angiospermae duas classes: Dicotyledoneae e Monocotyledonae.

O sistema de Cronquist (1981), mais recente, chama a divisão de Magnoliophyta e

as duas classes de Magnoliopsida (Dicotiledôneas) e Liliopsida (Monocotiledôneas). O

quadro abaixo fornece as subclasses das suas respectivas classes:

A Flor

A principal característica das angiospermas é a flor, que constitui um ramo

determinado, portador de esporófilos. A palavra angiosperma deriva do grego angeion,

que significa vaso, receptáculo, urna e sperma que quer dizer semente. A estrutura da flor

que mais se distingue é provavelmente o carpelo, ou seja, a urna que engloba os óvulos, o

qual se transforma em fruto logo após a fecundação. Faremos uma breve revisão a seguir,

sobre a morfologia da flor, já descrita sob outro ângulo anteriormente.

As flores podem apresentar-se unidas de várias maneiras em agregados

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denominados de inflorescências (fig. 9.10). A haste de uma inflorescência ou de uma florisolada recebe o n ome de pedúnculo e a haste de uma única flor em uma inflorescência

recebe o nome de pedicelo. O termo dado a porção do pedicelo onde as partes florais se

inserem é receptáculo.

A maior parte das flores possui dois grupos de apêndices estéreis: as sépalas e as

pétalas, que se prendem ao receptáculo situado abaixo das partes férteis da flor, ou seja,

estames e carpelos. As sépalas encontram-se abaixo das pétalas e os estames abaixo dos

carpelos.

O conjunto de sépalas forma o cálice e o de pétalas forma a corola. Juntos, cálice

e corola constituem o perianto. As pétalas e as sépalas são basicamente foliáceas em sua

estrutura e com freqüência as sépalas são verdes e as pétalas vivamente coloridas, embora

muitas flores possuam cores semelhantes em ambas as partes.

Os estames (fig. 9.11), que em conjunto formam o androceu, são microsporófilos.

Na grande maioria das angiospermas atuais, o estame consiste de uma fina haste ( filete) com uma antera bilobada na extremidade que contém 4 microsporângios, chamados de

sacos polínicos.

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Os carpelos, que são coletivamente chamados de gineceu, são megasporófilos que

se acham dobrados pelo comprimento, incluindo um ou mais óvulos (fig. 9.12). Uma certa

flor pode conter um ou mais carpelos, no caso de haver mais de um, eles podem estar

separados ou fundidos. Na maioria das flores, os carpelos separados ou o grupo de

carpelos fundidos diferenciam-se em uma parte inferior, o ovário, que encerra os óvulos e

uma parte superior, o estigma, que recebe o pólen. Em muitas flores, uma estrutura mais

ou menos alongada, o estilete, une o estigma ao ovário. Quando os carpelos são

coalescentes, isto é, unidos, estilete ou estigma podem ser comuns ou então separados

para cada carpelo e o ovário comum é, em geral, dividido em dois ou mais lóculos

(compartimentos do ovário dentro dos quais se encontram os óvulos).

A porção do ovário onde os óvulos estão inseridos denomina-se placenta, cuja

disposição varia nas diferentes flores. A placentação pode ser: parietal , quando os óvulos

situam-se na parede do ovário ou extensões dela; axial , se os óvulos encontram-se em uma

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coluna central de tecido interior de um ovário subdividido em tantos lóculos quantos forem

os carpelos existentes. Em outras flores ainda, a placentação é central livre e os óvulos

ficam situados n uma coluna central de tecido onde não há divisões que ligam a placenta

parede do ovário (figura 9.13). Finalmente, pode ser basal , se houver um único óvulo na

própria base de um ovário unilocular.

Se uma flor possui tanto estames quanto carpelos, elas são consideradas perfeitas

ou hermafroditas. Caso inexistam estames ou carpelos a flor é dita imperfeita ou

unissexuada, podendo ser masculina ou feminina. Se tanto flores masculinas como

femininas ocorrem no mesmo indivíduo, ele é denominado monóico, ao passo que, se

existirem em indivíduos distintos a planta é dióica.

Uma flor que apresenta todas as partes florais é chamada completa, mas se faltar

uma das partes ela é dita incompleta. Assim, uma flor imperfeita é sempre incompleta.

O ciclo vital das Angiospermae

Os gametófitos das angiospermas são muito pequenos, menores ainda que os de

quaisquer outros grupos vegetais heterosporados. O microgametófito maduro consiste de

apenas três células e o megagametófito adulto (que fica inserido durante toda a sua

existência nos tecidos do esporófito) compõe-se, em muitos casos, de sete células apenas.

Anterídios e arquegônios inexistem e a polinização ocorre diretamente, ou seja, o

pólen é depositado sobre o estigma e, em seguida, dois gametas imóveis são conduzidos

pelo tubo polínico até o gametófito feminino. Após a fecundação, o óvulo se transforma em

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semente e o ovário em fruto (fig. 9.14).

A reprodução nas angiospermas inclui os seguintes fenômenos:

1. Esporogênese

2. Desenvolvimento dos gametófitos e gametogênese

3. Polinização

4. Fertilização

5. Embriogenia e desenvolvimento da semente do fruto

Esporogênese

A produção de flores com seus esporófilos marca a maturação do esporófilo das

fanerógamas.

A microesporogênese, isto é, o processo de formação do micrósporo não difere,

em nenhum aspecto importante, nas angiospermas e gimnospermas. Os micrósporos são

produzidos em grupos de quatro a partir de microsporócitos que sofrem meiose no interior

dos microsporângios do estame. Os microsporângios, no seu conjunto, constituem a antera.

Os micrósporos e grãos de pólen têm paredes diversamente esculturadas e ornamentadas,

bastante características para cada espécie.

A megaesporogênese também é semelhante a das Gimnospermas. Já foi dito que o

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megaesporângios das espermatófitas estão permanentemente envolvidos por integumentos,

constituindo óvulos.

Nas angiospermas, os óvulos sempre ocorrem dentro da base mais ou menos

dilatada do megaesporófilo (carpelo), que é chamado ovário. O número de óvulos dentro

do ovário, bem como o local de inserção (placentação) variam muito. O restante do

megaesporófilo é representado pelo estilete e pelo estigma. Este último é uma superfície

receptiva especializada, onde os grãos de pólen se aderem na polinização. Como nas

gimnospermas, cada óvulo produz, geralmente, somente um megaesporócito, que sofre

meiose para formar uma tétrade linear de megásporos, enquanto a flor ainda é botão.

Somente um megásporo funcional sobrevive.

A gametogênese e o desenvolvimento de gametófitos

Se comparado com o processo nas gimnospermas, aqui o processo é rápido. Isso

porque o gametófito aqui é menor e menos complexo. É comum em certas espécies, o

desenvolvimento do gametófito masculino se dar dentro do micrósporo, exceto a formação

do tubo polínico após a polinização, podendo ser completado antes mesmo do grão de

pólen ter sido eliminado pela antera. Por outro lado, em outras espécies, a divisão nuclear ocorre durante a germinação

do tubo polínico. O gametófito masculino maduro contém somente três núcleos: um

vegetativo e dois núcleos gaméticos.

Na maioria das angiospermas, o núcleo do megásporo funcional sofre três divisões

sucessivas formando oito núcleos haplóides, que se diferenciam um pouco e têm uma

disposição bastante característica dentro do gametófito feminino maduro.

Dos três núcleos próximos do pólo micropilar do gametófito feminino (local de

entrada do gameta masculino), um funcionará como oosfera e os outros dois formarão

células chamadas de sinérgides. No pólo oposto serão formadas três células denominadas

antípodas. Os dois núcleos restantes, que migraram dos pólos para o centro do gametófito

feminino são, por isso, denominados núcleos polares.

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Não existe gametângio feminino ou arquegônio, que é representado somente pela

oosfera. A medida que a flor se abre e o estigma se torna receptivo, o(s) óvulo(s) dentro do

ovário contém gametófitos maduros ou em processo de maturação. Os gametófitos são

parasitas do esporófito, assim como nas gimnospermas.

Polinização e Fecundação (fertilização)

Após a ântese (abertura das flores), os sacos polínicos (microsporângios das

angiospermas) se abrem através de fissuras ou poros, eliminando o grão de pólen. Alguns

chegam até a superfície do estigma, graças a vários agentes.

No processo de polinização aparece uma grande diferença entre angiospermas e

gimnospermas: nas angiospermas, a polinização é a transferência dos grãos de pólen dos

microsporângios dos estames (sacos polínicos) para o estigma do megaesporófilo, e não

diretamente para a micrópila do óvulo, como se dá nas gimnospermas.

Quando no estigma, os grãos de pólen germinam rapidamente formando o tubo

polínico que atravessa o estilete até atingir o ovário. Lá, o tubo polínico se rompe e

descarrega seus núcleos gaméticos no citoplasma do gametófito feminino. Surge uma nova

diferença entre gimno e angiospermas: a dupla fecundação, um fenômeno muito particular

das plantas frutíferas. Um dos núcleos gaméticos se une com a oosfera e o outro com os

dois núcleos polares do gametófito feminino para originar um núcleo triplóide (3n). Há,

portanto, a formação de um núcleo zigótico (2n) e um outro 3n, que formará o endosperma.

A ocorrência de polinização e da dupla fecundação estimula divisões nucleares e

celulares no óvulo, carpelo e, freqüentemente, em estruturas estreitamente relacionadas,

como o receptáculo. Como conseqüência, há um aumento de tamanho, controlado por

fitormônios (hormônios vegetais). Nas gimnospermas, o óvulo alcançava seu tamanho máximo na fecundação, ma

nas angiospermas, o aumento continua após a fecundação. Estames e pétalas sã

eliminados e o ovário originará o fruto (via de regra) e os óvulos, as sementes.

O núcleo triplóide forma o endosperma celular, que é um tecido rico em metabólito

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de reserva que foram transportados da planta esporofítica-mãe e serve como fonte de

nutrição para o embrião.

Nas gimnospermas, vimos que o embrião é alimentado por um tecido haplóide do

gametófito feminino, formado antes da fecundação. O zigoto sofre uma série de divisõe

nucleares e celulares para formar o esporófito embrionário da próxima geração e q u

recebe o nome de embrião da semente (fig. 9.15).

Em certas espécies, o embrião sofre um período de dormência após o

desenvolvimento de algumas células da semente.

Quando o desenvolvimento do embrião se aproxima do fim, os tecidos do óvulo s

tornam desidratados, os tegumentos impermeáveis e de colaboração escura, os óvulos

transformam-se então em sementes. A semente consiste de um esporófito embrionário

(embrião) em situação dormente e imerso no endosperma e tecidos remanescentes do

megasporângio, sendo tudo envolvido pelos integumentos, que agora passam a se

chamados tegumentos da semente.

O fruto é o ovário amadurecido (e, em certos casos, estruturas associadas) de um

ou mais flores. Os frutos são classificados segundo a origem em simples, agregados e

múltiplos.

Simples: origina-se de um único ovário de uma flor.

Agregado: surge de um certo número de ovários separados, presos a um único

receptáculo de uma flor.

Múltiplo: desenvolve-se de diversos ovários das flores de uma inflorescência, como

é o caso da espiga de milho ou do abacaxi.

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Os frutos simples podem ser secos ou carnosos. Exemplo de frutos carnosos são as

bagas como tomate e uva e as drupas como a cereja, pêssego e ameixa.

Maçã, pera e marmelo são frutos simples que se originam de ovários compostos;

durante o desenvolvimento, o receptáculo e outras partes acessórias aumentam de tamanho

e se tornam carnosas.

A embriogenia e desenvolvimento o fruto, processos também envolvidos na

reprodução das angiospermas, já foi discutido anteriormente (veja capítulo sobre frutos).

Os Agentes Polinizadores

Os vegetais terrestres, ao contrário da maior parte dos animais, não podem se

locomover de um lugar para o outro a fim de encontrar alimento ou abrigo e muito menos,

sair em busca de seus parceiros para a reprodução. De modo geral, eles precisam satisfazer

as necessidades passivamente. As plantas floríferas, ou melhor, as angiospermas

desenvolveram uma série de características que lhes possibilitaram “movimentar-se” a

procura do parceiro, características estas que estão incorporadas à flor. A medida que

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atraem insetos e outros animais, dirigem suas atividades de modo que isto resulte numa alta

freqüência de fecundação cruzada entre os vegetais conseguindo, de certo modo,

transcender sua condição de imobilidade.

As primeiras fanerógamas, entre elas vários grupos de gimnospermas, polinizavam-

se passivamente pela ação do vento. Os óvulos que eram conduzidos sobre as folhas ou

dentro dos cones, transpiravam gotas de seiva viscosa pela micrópila, como ocorre até hoje

nas coníferas. Estas gotas levaram os grãos de pólen até as micrópilas. Insetos,

provavelmente besouros, que se alimentavam dessa seiva e da resina dos caules e folhas

devem ter se deparado com os grãos de pólen ricos em proteína e com as gotículas

viscosas dos óvulos. O fato de tais insetos passarem a retornar regularmente a estas fontes

de alimento, fizeram deles os primeiros agentes polinizadores.

Quanto mais atrativas fossem as plantas para o inseto, mais freqüentemente eles as

visitariam e mais sementes seriam produzidas. Assim, qualquer mutação que ocasionalmente

tornasse as visitas mais eficientes ou freqüentes, ofereciam uma vantagem seletiva imediata.

Muitos progressos evolutivos são considerados como uma conseqüência direta, da

polinização por meio de insetos. Além de fontes comestíveis da flor e do pólen, as plantas

também evoluíram de modo a desenvolver glândulas especializadas em suas flores,

conhecidas como nectários. Tais glândulas secretam o néctar, atrativo para insetos.

O fato de se atrair insetos para flores provocou benefícios e problemas. Problemas

porque houve a necessidade de proteger o óvulo dos insetos predadores. A evolução por

seleção natural do carpelo fechado provavelmente foi uma conseqüência disto. Mudanças

posteriores da flor (como ovário ínfero, por ex.) podem também servir para proteger os

óvulos.

Um outro desenvolvimento foi a flor bissexuada. A presença de carpelos e estames

na mesma flor serve para tornar mais eficiente cada visita de um polinizador. Isto, por sua

vez, conduziu ao desenvolvimento precoce da auto incompatibilidade genética, ou seja, a

inabilidade de um organismo autofecundar-se. A auto incompatibilidade genética

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naturalmente provoca a fecundação cruzada.

No início da era cenozóica, abelhas, vespas, borboletas e mariposas deram entrada

ao cenário evolutivo. O aumento da diversificação destes insetos de trombas compridas,

para os quais as flores são freqüentemente a única fonte de alimento, foi uma conseqüência

direta da evolução das angiospermas.

Os insetos tiveram, por sua vez, grande influência no curso evolutivo das

angiospermas e contribuíram duplamente para a sua diversificação. Uma parte dos insetos

visita um grupo muito restrito de plantas para sua alimentação, porém uma dada espécievegetal quase nunca depende completamente de um só agente polinizador. A maior parte

das flores é visitada por mais de um tipo de inseto. Inversamente, um inseto quase nunca

depende de um só tipo de flor, até aqueles que parecem mais limitados a uma espécie, na

verdade, freqüentam diversas espécies a medida que florescem.

Se a espécie vegetal é visitada por um grupo relativamente pequeno de insetos,

tende a se especializar de acordo com as características destes polinizadores. Muitas das

modificações que a flor primitiva sofreu foram essenciais para estimular a constante visita

dos insetos.

Estas modificações foram:

?? cores, odores e formas altamente distintas de outras flores, sinalizando a orientação de

seus polinizadores;

?? alterações estruturais para excluir determinados polinizadores. Por exemplo: mudança no

tubo da corola, adaptada só para insetos de tromba longa, fusão de partes da flor, como

carpelos, que permitiu com uma única porção de pólen a fertilização de um grande número

de óvulos que fossem simultaneamente produzidos. Por exemplo:

Besouros - Flores brancas ou de

cores sombrias

Abelhas - Visitam flores azuis ou

amarelas (pois enxergam no U.V.)

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- Orquídeas: têm trilhas que forçam-

nas a seguirem determinados

caminhos para dentro e para fora da

flor.

Um exemplo curioso de co-

evolução é a polinização da orquídea

do gênero Ophrys (ao lado), cuja

flor é semelhante a fêmea do inseto

polinizador. O macho pratica uma

pseudo-cópula com a flor, enganado

pela aparência semelhante dessa e

após muitas “visitas” a várias flores,

acaba disseminando o pólen entre

elas e promovendo, assim a polinização cruzada.

Flores Polinizadas por Insetos (Entomofilia)

Lepdópteros:

Estímulos visuais e olfativos atraem estes insetos. Algumas borboletas são capazes

de ver o vermelho, o azul e o amarelo. Já a maioria das mariposas voa à noite e o tipo

característico de flor que elas polinizam é branca (pois destaca-se no escuro) e possui umaforte fragrância adocicada. Ex.: tabaco e dama-da-noite. Outras flores que não são

brancas, mas que sobressaem no fundo escuro da noite são polinizadas por mariposas,

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como por ex.: Amaryllis belladonna, que é rosa.

As flores são de corola tubulosa onde na base há o nectário, de modo que o acesso

só é possível para as trombas longas das mariposas e borboletas.

Besouros :

Muitas espécies de angiospermas atuais são polinizadas principalmente por

besouros. Essas plantas têm flores grandes e solitárias, como as de magnólia, ou então são

pequenas agregadas em inflorescências, como alguns membros ad família da erva-doce

(Apiaceae). Nos besouros o olfato é muito mais desenvolvido que a visão, sendo as flores

geralmente brancas e opacas, mas com forte odor (de frutas ou de fermentação). Os

besouros podem alimentar-se diretamente das pétalas, pólen ou outras partes florais.

Abelhas vespas e moscas:

As abelhas formam o mais importante grupo de visitantes florais, sendo animais

responsáveis pela polinização de mais espécies vegetais que qualquer outro grupo animal.

Fêmeas e machos alimentam-se de néctar, e as fêmeas ainda coletam pólen para alimentar

as larvas. As abelhas têm peças bucais, pêlos e outros apêndices com adaptações especiais

para a coleta e transporte do néctar e pólen. Diferente de nós, as abelhas podem perceber

o ultravioleta como uma cor distinta, porém não o fazem com o vermelho.

As flores que são visitadas por abelhas têm pétalas vistosas, geralmente azuis ou

amarelas, com um padrão distintivo (guias de néctar, etc.) pelo qual as abelhas podem

reconhecê-las. Essas flores nunca são puramente vermelhas e frequentemente têm

características especiais não detectáveis no visível.

Flores Polinizadas por pássaros (Ornitofilia)

Alguns pássaros visitam flores regularmente para se alimentarem do néctar, das

partes florais e dos insetos que vivem nas flores, servindo assim de polinizadores.

Na América do Sul, os principais pássaros polinizadores são os beija-flores. As

flores vermelhas puras mostram-se inconspícuas para os insetos, sendo portanto,

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polinizadas por pássaros. Na Europa, não há pássaros polinizadores, pois não se encontram

flores nativas desta cor.

As flores polinizadas por pássaros são praticamente inodoras, geralmente com

néctar abundante e coloridas, predominando o vermelho e o amarelo (ex.: brinco-de-

princesa, eucalipto, hibisco, musáceas, etc.). São grandes ou então constituem parte de

grandes inflorescências.

Flores Polinizadas por Morcegos (Quiropterofilia)

Os morcegos que alimentam-se total ou parcialmente das flores têm focinhos finos

alongados e línguas extensíveis, cuja extremidades se assemelha às vezes a uma escova.

Seus dentes frontais são geralmente reduzidos ou nulos. _______________________________________________________________________________

As flores polinizadas por morcegos parecem-se em muitos pontos àquelas

polinizadas por pássaros. São grandes, possuem abundante quantidade de néctar. São

geralmente de cor sombria e abrem-se à noite, já que morcegos têm hábitos noturnos. Na

maioria são tubulosas, ou então, protegem o néctar de outra forma. Os morcegos são

atraídos principalmente pelo olfato, sendo uma das características dessas flores possuir

fortes odores como os que se desprendem da fermentação ou os que se assemelham aos

frutos. Os morcegos costumam voar de árvore em árvore em bandos ruidosos, lambendo o

néctar, comendo o pólen e outras partes florais e carregando assim o pólen em seu pêlo.

Flores polinizadas pelo vento (Anemofilia)

Acreditou-se por muito tempo que as flores anemófilas eram as mais primitivas das

angiospermas devido a semelhança com a polinização das coníferas. Entretanto, muitas

plantas recentes, como as monocotiledôneas têm sua polinização realizada pelos ventos.

As flores anemófilas são geralmente de cores sombrias, existem em grande número

e são relativamente inodoras, não têm néctar, possuem pétalas pequenas ou inexistentes e

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os sexos geralmente separados. Os estames e estigmas geralmente são grandes, há um

números abundante de grãos de pólen e as flores muitas vezes acham-se reunidas em

inflorescências.