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Anais do I Simpósio de Comunicação e Tecnologias Interativas Disponível em: http://www2.faac.unesp.br/pesquisa/lecotec/eventos/simposio/anais.html 91 O UNIVERSO DAS CRIANÇAS NA MÍDIA DIGITAL: A EXPERIÊNCIA DE BLOGS Mayra Fernanda Ferreira 1 RESUMO O presente trabalho pretende discutir a relação das crianças com as mídias digitais. Diante desta relação, é importante verificar como o aprendizado/formação infantil é alterado, ao mesmo tempo em que tais mídias podem favorecer a participação efetiva do seu público na construção do conhecimento e na interação interpessoal. Com a finalidade de verificar as possibilidades de interação na mídia digital, realizamos uma análise exploratória de blogs infantis. Palavras-chave: Infância. Mídia Digital. Novas Tecnologias. Interatividade. Blogs Infantis. Introdução Pensar a relação das crianças com a mídia digital é a proposta de discussão deste trabalho. Diante da presença das novas tecnologias no cotidiano infantil e sua incorporação nas atividades das crianças, é importante verificar as ferramentas utilizadas pela mídia digital para se direcionar, direta ou indiretamente, ao universo infantil. Como as crianças da Geração Net 2 já nascem respirando tecnologias, é inegável a interdependência entre elas para desenvolver uma nova cultura infantil, ao mesmo tempo em que se desenvolve uma nova cultura de mídia. Nesse sentido, a troca de experiências e a interação entre as crianças e as mídias digitais contribuem para a formação e o desenvolvimento da infância, a partir de novas relações de ensino-aprendizado e relações interpessoais. No ambiente desta mídia, o ciberespaço, as crianças encontram novas formas de se divertir, aprender e se relacionar. Entretanto, a independência e autonomia conquistadas pelas crianças frente às tecnologias não são garantias de uma participação efetiva na mídia, no que se refere a sua atuação livre e espontânea na produção e difusão de mensagens. Além disso, a representação infantil nas mídias tende a se pautar pelos interesses e opiniões de adultos, que subjugam o papel de educadora de tais mídias. 1 Mestranda em Comunicação Midiática do Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação – FAAC – Unesp Bauru. E-mail: [email protected] 2 “O termo Geração Net ou N-Gen refere-se à geração de crianças que, em 1999, tem entre 2 e 22 anos de idade, não apenas aquelas que são ativas na Internet. A maioria dessas crianças ainda não tem acesso à Internet, mas tem algum grau de fluência no meio digital. A vasta maioria dos adolescentes afirma saber usar um computador. Quase todo mundo tem experiência com videogames. A Internet está entrando nos lares tão rapidamente quanto a televisão o fez na década de 50.” (TAPSCOTT, 1999, p. 03)

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O UNIVERSO DAS CRIANÇAS NA MÍDIA DIGITAL: A EXPERIÊNCIA DE BLOGS

Mayra Fernanda Ferreira1 RESUMO O presente trabalho pretende discutir a relação das crianças com as mídias digitais. Diante desta relação, é importante verificar como o aprendizado/formação infantil é alterado, ao mesmo tempo em que tais mídias podem favorecer a participação efetiva do seu público na construção do conhecimento e na interação interpessoal. Com a finalidade de verificar as possibilidades de interação na mídia digital, realizamos uma análise exploratória de blogs infantis. Palavras-chave: Infância. Mídia Digital. Novas Tecnologias. Interatividade. Blogs Infantis. Introdução Pensar a relação das crianças com a mídia digital é a proposta de discussão deste trabalho.

Diante da presença das novas tecnologias no cotidiano infantil e sua incorporação nas atividades das

crianças, é importante verificar as ferramentas utilizadas pela mídia digital para se direcionar, direta

ou indiretamente, ao universo infantil.

Como as crianças da Geração Net2 já nascem respirando tecnologias, é inegável a

interdependência entre elas para desenvolver uma nova cultura infantil, ao mesmo tempo em que se

desenvolve uma nova cultura de mídia. Nesse sentido, a troca de experiências e a interação entre as

crianças e as mídias digitais contribuem para a formação e o desenvolvimento da infância, a partir

de novas relações de ensino-aprendizado e relações interpessoais.

No ambiente desta mídia, o ciberespaço, as crianças encontram novas formas de se divertir,

aprender e se relacionar. Entretanto, a independência e autonomia conquistadas pelas crianças frente

às tecnologias não são garantias de uma participação efetiva na mídia, no que se refere a sua

atuação livre e espontânea na produção e difusão de mensagens. Além disso, a representação

infantil nas mídias tende a se pautar pelos interesses e opiniões de adultos, que subjugam o papel de

educadora de tais mídias.

1 Mestranda em Comunicação Midiática do Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação – FAAC – Unesp Bauru. E-mail: [email protected] 2 “O termo Geração Net ou N-Gen refere-se à geração de crianças que, em 1999, tem entre 2 e 22 anos de idade, não apenas aquelas que são ativas na Internet. A maioria dessas crianças ainda não tem acesso à Internet, mas tem algum grau de fluência no meio digital. A vasta maioria dos adolescentes afirma saber usar um computador. Quase todo mundo tem experiência com videogames. A Internet está entrando nos lares tão rapidamente quanto a televisão o fez na década de 50.” (TAPSCOTT, 1999, p. 03)

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Concomitantemente, a proposta de interatividade na mídia digital não atende eficazmente o

que consideramos fundamental para o aprendizado coletivo. A dialogicidade, que segundo Freire

(2002) garante uma comunicação e uma educação emancipatórias e formadoras dos sujeitos, não é

estimulada para concretizar a construção coletiva de conhecimento e a partilha de informações.

Cabe frisar que reconhecemos que o processo de ensino-aprendizado não é restrito aos sistemas

formais de ensino, uma vez que as relações sociais e culturais, por meio de intercâmbios simbólicos,

medeiam também a formação do indivíduo. E a mídia como uma forma de comunicação

mediatizada favorece a construção de vínculos, na maioria das vezes afetivos, que contribuem para

o relacionamento coletivo.

Desse modo, percebemos a necessidade de espaços colaborativos na mídia digital,

relacionada ao universo infantil, para promover a participação efetiva das crianças, além de

contribuir para a formação educativa de uma nova geração da infância, que está familiarizada com o

cenário de tecnologias “inteligentes” e busca se aventurar em um mundo sem fronteiras. Assim, é

imprescindível que a mídia reconheça seu papel com educadora de uma geração que busca interagir

com as mídias, ou seja, quer ser uma usuária interativa de mídias.

Entre as ferramentas de mídia no mundo digital, encontramos nos blogs uma possibilidade

de estimular esse diálogo entre as crianças e sua representação/participação na produção midiática.

Ao estimular formas de escrita3, individual ou coletiva, os blogs podem proporcionar a auto-

expressão infantil, ao passo que permitem a interlocução e a interatividade por meio das postagens e

dos comentários. Nessa perspectiva, nosso objetivo é verificar como os blogs infantis em mídias

digitais, ou seja, em sites para crianças, atuam na promoção dessa interatividade, enfatizando o

diálogo e a participação como formas de valorizar a expressividade infantil e sua produção, a fim de

responder a uma representação dos interesses infantis nesse cenário de cultura de mídia tecnológica.

Antes de nos atermos aos blogs infantis, é importante nos situamos na temática das crianças

e das tecnologias midiáticas e as contribuições dessa relação para o aprendizado e a formação

infantis. Dessa forma, poderemos articular o papel dos blogs com o contexto dessa geração da

infância.

3 Cabe frisar que ao citarmos a escrita não restringimos as possibilidades dos blogs a apenas disponibilizar textos. Mas reconhecemos que o blog também é uma tecnologia multimídia que trabalha com textos, imagens e sons.

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A infância na mídia digital

Diante da perspectiva da Geração Net que já nasce respirando tecnologias, como nos postula

Tapsott (1999), as crianças no universo digital “têm a possibilidade de ser autores e co-autores de

novos espaços interativos e de aprendizagem coletiva [...], fazem amigos virtuais, vivem novos

relacionamentos, simulam novas experiências e identidades” (FERREIRA; LIMA; PRETTO, 2005,

p.247). Considerando ainda a curiosidade típica das crianças, as informações disponíveis na rede

podem despertar a atenção e contribuir na formação da infância enquanto segmento social. Segundo

Litto (arquivo digital), essa geração que cresce com a rede tem características estupendas para o

futuro da sociedade, já que está acostumada a ambientes interativos e à liberdade na criação do seu

próprio conhecimento. Negroponte (apud Transição Digital, 2006) afirma que o advento da era

digital possibilitou a criação de conteúdos pelos usuários e não apenas o consumo. Porém, é válido

questionar se na rede há realmente espaços que permitam essa liberdade aos usuários, especialmente

às crianças, que são uma fase da vida em construção.

Aliado a isso, com as novas tecnologias presentes no cotidiano dessa geração da infância,

observa-se uma alteração nos valores e costumes, construindo assim o que Capparelli (2002)

denomina de cibercultura infantil.

Compartilhamos igualmente a idéia da construção e reconstrução da cultura infantil bem como da própria infância, na medida em que essas construções e reconstruções se baseiam em tecnologias originadas na cultura, conformadas por ela, e que, por sua vez, ajudam a criar novas situações sociais e culturais para essa mesma infância. (CAPPARELLI, 2002, p.131)

Entretanto, a cibercultura, na concepção de Lèvy (2000), expressa uma mutação da própria

essência da cultura, o que significa o universal sem totalidade. Diante disso, a cultura da infância

nessa mídia digital deve ser entendida como a representação de segmentos dessa infância, não

abrigando todas as especificidades desse público heterogêneo e em formação. Somando a isso,

questiona-se se a liberdade da Web opõe-se ao confinamento das crianças em lares e instituições e à

privatização das relações sociais. “Outra questão é saber se nessa cibercultura infantil, a relação

com a diversidade/uniformidade, com a autonomia e controle em rede, emergem nesses espaços

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públicos virtuais. E ainda mais, se é alterada a tendência da transformação das relações humanas e

sociais em mercadorias.” (CAPPARELLI, 2002, p.139)

Referindo-se à questão do consumo, essa geração é vista do seu potencial de compra, já que

interferem diretamente nas compras da família. Os novos consumidores têm no mundo digital uma

gama de opções que os levam a relacionamentos e compras on-line. “Sua vida existe em torno da

mídia: do relacionamento com amigos no Orkut ao telefone celular” (Geração Digital, 2006). Nesse

contexto, a tecnologia digital permite que o mundo de informações se fragmente cada vez mais a

fim de atender o interesse individual de cada consumidor. E, a nova geração vem conquistando

espaço como consumidor e produtor de informações no ambiente virtual.

Se para o adulto a rede funciona como apenas um complemento de sua vida, para o jovem, a

relação é outra, beirando a interdependência.

Hoje em dia, as crianças conseguem acessar com muita rapidez várias formas de mídia. Envolvidos com tudo, do videogame à Internet, nossos jovens passam a esperar maneiras ativas de buscar o conhecimento e o entretenimento. No entanto, os adultos incluindo os educadores, são em sua maioria novatos nesse mundo tecnológico. Como resultado está surgindo algo como uma lacuna entre as gerações. (PALLOFF; PRATT, 2002, p. 38)

Concatenada com essa relação, está a forma como as crianças constroem seu conhecimento.

Segundo Barbosa Filho e Costa (2005), por meio de ações como recortar, copiar, colar, simular,

tudo se modifica, novas possibilidades vão surgindo e conceitos estão sendo ressignificados. Na

Geração Net, o conhecimento é criado ativamente a partir “da experimentação, exploração,

manipulação e teste de idéias da realidade. A interação e o retorno que os outros dão ajudam a

determinar a exatidão e a pertinência das idéias. Colaboração, objetivos em comum e trabalho de

equipe são forças poderosas no processo de aprendizagem.” (PALLOFF; PRATT, 2002, p. 38)

Na mesma linha de raciocínio, Lemos (arquivo digital) afirma que a cibercultura, baseada

nas tecnologias de princípio digital-interativo, valoriza as interações sociais, e não simplesmente a

relação homem-máquina. Nesse sentido, a interação entre as crianças, e até mesmo entre crianças e

adultos, deve ser estimulada nas mídias digitais a fim de atender a essa cibercultura infantil que se

baseia em novas relações sócio-culturais. Além disso, essa interação social corresponde à proposta

de ação dialógica de Freire (2002) e a interatividade no que se refere à evolução do mecanismo

dialógico entre produto tecnológico e seus usuários (SILVA, arquivo digital).

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Diante desta breve descrição da cibercultura infantil, entendemos que as crianças da geração

Net estão envoltas em um novo cenário que precisa se articular com ferramentas interativas para

atender as novas demandas da infância, principalmente nas novas formas de relacionamento que as

crianças buscam e constroem na rede. Como a Internet, nas palavras de Castells (1999, p. 433),

caracteriza-se como o meio de comunicação interativo universal via computador da Era da

Informação, é fundamental que nela haja mecanismos que favoreçam tal interação, e isso é o que

pretendemos verificar na análise dos blogs. No entanto, para reconhecer essa interação, cabe

discutirmos as novas relações que se estabelecem na rede, atuando no aprendizado infantil e na

valorização da participação das crianças, sendo que esses fatores influem diretamente no que

entendemos e defendemos por interação/interatividade na mídia digital.

Aprendizado e participação infantis nas mídias

Tendo em vista a tese de Johnson (2005) de que as mídias digitais, especialmente a televisão

e o videogame, tornam as crianças mais inteligentes devido à complexidade de suas tramas

narrativas e o estímulo ao raciocínio para encontrar soluções para os problemas virtuais, o processo

de aprendizado infantil é constantemente alterado por meio da relação com tais mídias. Ao mesmo

tempo, o domínio que essa geração da infância tem frente às tecnologias lhe dá segurança para atuar

de forma livre e independente também no mundo real porque estão mais acostumadas a selecionar e

analisar informações.

Na sua maneira de ser, de se relacionar, de agir, [a geração digital] apresenta grandes desafios aos comunicadores e educadores, exatamente pela potencialidade de ser uma geração questionadora, que não aceita mais a condição de simples objeto da ação, quer como espectador, quer como receptor. Uma geração que deseja interagir, tecendo novos fios, amarrando outros nós e conectando diferentes links como possibilidades para a transmissão e a construção de conhecimentos, visando a um planeta justo e solidário. (BARBOSA FILHO; COSTA, 2005, p. 251)

Na busca por práticas que alimentem esses interesses a nova geração, encontra-se a

dualidade exposta por Negroponte (2001, p. 189): crianças menos incapazes de aprender e

ambientes mais incapazes de ensinar. Nesse cenário, as Novas Tecnologias da Informação e da

Comunicação podem se tornar aliadas para se chegar às crianças com diferentes estilos cognitivos e

de aprendizagem, seja nos sistemas formais de ensino ou não. Como a mídia digital se situa no

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cotidiano dessas crianças e exerce um papel de educadora, o processo de ensino-aprendizado

infantil também é permeado pela relação da infância com tal mídia.

Ao pensarmos nessa relação, situamos o público infantil como educandos e defendemos que

estes têm um papel essencial para a construção do conhecimento e a produção de mensagens. Porém

isso só se torna valorizado quando se promove a participação das crianças na mídia, ou seja, elas se

tornam interlocutores do sistema midiático. A interlocução, a partir da participação efetiva na

comunicação, permite aos educandos comunicar-se não apenas com o educador, mas fazer-se

ouvido e compreendido pelos demais.

El ideal del estudiante aislado y conectado a una máquina niega en los hechos el carácter social del aprendizaje. La navegación solitária en las autopistas de la información no puede remplazar el aprendizaje, que es esencialmente social. Claro que esto tampoco se da en una aula presencial en la que no hay diálogo, en la que no hay verdadera comunicación. El problema es, en ambos, pedagógico y comunicacional y no tecnológico. (KAPLÚN, 2006, p. 43)

Essa problemática nos processos de ensino-aprendizagem, aliada à participação e à interação

na mídia digital, tem em vista o desenvolvimento de ferramentas educativas e comunicativas que

atuem também na formação crítica do público infantil. “O trabalho educativo sugere a conexão de

todos os espaços e dos múltiplos tempos como potência no processo de formação, permitindo que

os sujeitos possam construir sua autonomia em um clima de partilha, de negociação e de

democracia.” (FERREIRA; LIMA; PRETTO, 2005, p.241).

Considerando que as crianças formulam suas teorias a partir da troca de experiências com o

mundo e com as pessoas ao seu redor, a construção do conhecimento infantil se dá de forma

compartilhada. Assim, o processo de aprendizagem se desenvolve em um clima de mútua

responsabilidade e autonomia dos educandos, ou melhor, dos sujeitos. “A noção de partilha de

conhecimentos está associada, também, a idéia de que todos os agentes envolvidos no sistema são

potencialmente beneficiários e provedores de conhecimentos, e que cada um aprenderá com outros

agentes que constituem o sistema e ajudará os outros a melhorar suas competências.” (ALAVA,

2002, p.157)

Nesta perspectiva, Freire (2002) já citava que aprendemos uns com os outros mediatizados

pelo mundo. Dessa forma, no contexto das mídias digitais, essa mediatização se fortalece porque a

mídia tende a se apresentar como representação da realidade para os diferentes universos de

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público. Segundo Alava (2002), comunicar é participar do vínculo social, por isso, a mídia, ao se

dirigir a um determinado e, ao mesmo tempo, diverso público, deve fornecer subsídios para que este

se sinta parte da sociedade e possa, por meio das mensagens e conteúdos transmitidos, ter suas

competências desenvolvidas para intervir na realidade.

Devido a isso é que defendemos a participação efetiva dos sujeitos na mídia, não mais como

mero destinatários de informações, mas como produtores de mensagens. Nesse ponto, a

interatividade nas mídias digitais causa mudanças de hábito no usuário-receptor que passa a ser

atuante, ou seja, além de produzir mensagens, ele tem espaço para criar. “A emergência da

interatividade entendida não apenas como possibilidade de modificar o conteúdo da mensagem, mas

como experiência inovadora de conhecer potenciada no universo infotécnico, como possibilidade

libertadora de autoria do usuário sobre sua ação de comunicar, conhecer e criar.” (SILVA, arquivo

digital).

Diante dessa possível liberdade em mídias interativas, as crianças seriam estimuladas a criar

e a desenvolver suas habilidades criativas, além de reconhecer que sua voz/opiniões e produções

têm valor. Assim, consideramos importante verificar, mesmo que empiricamente, como se

comporta uma mídia digital, em tese, interativa, ao se relacionar com as crianças. Para isso,

voltamos nossa atenção para blogs em sites infantis.

Blogs infantis: uma visita empírica Com a intenção de verificar como os blogs infantis promovem a representação da geração

digital da infância, a partir da interação das crianças com a ferramenta e com outras crianças,

realizamos uma pesquisa exploratória em sites infantis para selecionar alguns exemplos de bolg.

Entre os sites visitados, selecionamos o da Recreio (http://recreionline.abril.com.br) e o da UOL

Crianças (www.criancas.uol.com.br). Nesses sites, encontramos diversas seções de entretenimento,

atividades e informações infantis, bem como um blog voltado para o público infantil.

Ao direcionarmos nossa atenção para os blogs, julgamos necessário fazer uma breve

explanação sobre essa forma de mídia digital. Conforme nos apresenta Piscitelli (2005), os weblogs,

ou simplesmente blogs, são uma nova ferramenta de comunicação para distribuir notícias,

atividades e idéias. Além disso, Primo (2008) ressalta que os blogs vieram reestruturar a estrutura

midiática tradicional, uma vez que se consolidam como ferramenta de publicação, expressão, debate

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e escrita coletiva. Nesse sentido, os blogs devem ser vistos além de seus aspectos técnicos e de

conteúdos, mas de seu potencial relacional, já que possibilita a conversação.

A estrutura dos blogs pode ser resumida da seguinte forma: uma pessoa cria um blog – para

publicar textos, para ser um canal de jornalismo ou para ser um diário íntimo – e posta alguma

mensagem. Esta fica disponível para todos aqueles que visitarem o endereço do blog. Além da

mensagem, o blog apresenta uma janela de comentários para que os visitantes possam comentar o

conteúdo da mensagem, ou colaborar com sua continuidade. Essa proposta de diálogo e

participação é que torna o blog um instrumento interativo. A partir das atualizações de um blog, isto

é, novas postagens, uma cadeia de relações se desencadeia por meio da opinião e interação de

diferentes atores. “Porque lo más interesante y reconfortante de los blogs es que generan

conversaciones que (nos) importan, conversaciones en las que ser parte del juego es uma

recompensa que ninguna moneda (vil o no) podría sustituir jamás.” (PISCITELLI, 2005, p. 91).

Ao mesmo tempo, devemos reconhecer o potencial do blog na construção coletiva do

conhecimento. Para o autor citado acima, os blogs constituem uma poderosa ferramenta para formar

comunidades virtuais baseadas no conhecimento compartilhado. Além disso, Palloff (2002) afirma

que nessas comunidades reconstruímos nossas identidades porque nos deparamos com novas

realidades e relacionamentos que nos ajudam a construir um EU coletivo. Nos blogs, essa

manifestação ocorre quando percebemos a presença recorrente de comentários de mesma autoria às

postagens.

Retomando a relação da criança com a mídia digital, os blogs infantis seriam, então,

instrumentos de socialização e formação das crianças, ao passo que promoveriam a interação e a

partilha de conhecimento, reconhecendo os usuários infantis como co-autores das mensagens

midiáticas. Diante disso, a análise a que nos propusemos pretende verificar se os blogs selecionados

estimulam ou não a interação com e entre o universo infantil.

No site UOL Crianças, encontramos o Blog do Lelê que é publicado desde a Copa do

Mundo de 2006 pelo escritor José Roberto Torero. O blog é atualizado às sextas-feiras e, além do

texto verbal, conta com fotos e/ou ilustrações sobre o tema discutido naquela semana. A página do

blog apresenta a identificação do “autor”, no caso o perfil do Lelê, e um link para o perfil do “tio”

do Lelê, o escritor Torero. Há também um histórico dos textos e comentários, sistema de busca e

indicações de sites do Lelê aos usuários.

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O Blog do Lelê se estrutura com um diário de um menino fictício, o Lelê. As postagens são

narrativas, com diálogos entre Lelê e outras “personagens”, nas quais ele compartilha com os

leitores suas aventuras. Nos comentários, evidenciamos a participação de crianças, comentando a

história e, muitas vezes, interagindo com a mesma e com o autor. Este, por sua vez, responde os

comentários que fazem alguma pergunta ou complementam o tema discutido na postagem.

A observação empírica deste blog nos mostrou que as narrativas de Lelê estão concatenadas

com muitos elementos da infância, uma vez que o narrador é um menino de 08 a 12 anos. Nesse

sentido, as narrativas versam sobre animais de estimação, festas escolares, amigos e familiares. Os

textos trazem diálogos de Lelê, especialmente com sua mãe e seu tio. A presença do tio é muito

enfatizada, o que nos leva a entender que o tio fictício é na verdade o autor do blog, o escritor

Torero.

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Blog do Lelê

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Janela de Comentários do Blog do Lelê

A interlocução com os usuários também está presente neste blog. Percebemos que as

crianças participam, emitindo vários comentários sobre cada postagem. Entretanto, não verificamos

uma intervenção efetiva das crianças na narrativa, além da ausência de elementos que promovam o

conhecer e o criar, que segundo Silva (arquivo digital), caracterizam a verdadeira interatividade

nessas mídias. É claro que consideramos relevante esse mecanismo de interação dos usuários com o

autor do blog.

Aliado a isso, a relação entre ambos é extremamente afetiva, o que consolida uma mídia

digital infantil de extrema conexão com seu público, independentemente de não visualizarmos a

possibilidade de uma construção coletiva de conhecimento, visto que a maioria das narrativas se

coloca aos usuários como pronta e acabada. Desse modo, o blog atua como ferramenta de

comunicação com as crianças, com conteúdo que se reportam à infância e agradam aos usuários

Porém, ainda há lacunas a serem preenchidas para que haja uma verdadeira interatividade que

estimule a participação infantil, no que se refere à produção de mensagens que interfiram na mídia e

promovam a criatividade e o diálogo entre os usuários e não apenas com o autor do blog.

Já no site da Recreio, encontramos o Clube Recreio, na qual há elementos que visam à

participação dos usuários como o blog, a enquete, a piada da vez e promoções. No blog, não

percebemos uma periodicidade de postagem bem demarcada. Nos textos, o que prevalece são

perguntas para crianças relacionadas ao conteúdo do website. Tal interlocução pressupõe a

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participação de crianças para responder essas perguntas. Isso deveria ocorrer nos comentários que

aparecem na seqüência do texto e não em outra janela.

Observamos que não há uma participação efetiva das crianças nos comentários, apesar da

proposta do blog estimular a criatividade e a possibilidade da criança criar seu próprio texto e atuar

na construção coletiva do conhecimento sobre o tema em questão. Tal fato pode ser explicado pela

necessidade dos usuários se cadastrarem para comentar os textos. Porém, o cadastro pode garantir

maior privacidade às crianças.

Na perspectiva do compromisso do blog em retratar o universo infantil, o Blog Recreionline

permanece na proposta de trazer a criança para a construção do mesmo, uma vez que os textos se

baseiam em questões sobre o universo infantil, incitando a participação de crianças para relatar sua

experiência e opinião.

Blog Recreionline

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Cabe ressaltar que o website da Recreio é um complemento da edição impressa. A Revista

Recreio é uma publicação mensal da editora Abril desde 1999. Devido a isso, no website e no blog

há várias conexões com o conteúdo da revista.

Diante das observações sobre dois blogs infantis, decidimos construir um blog para

promover a interação das crianças com o jornalismo para crianças, sendo que este é o tema de uma

pesquisa em desenvolvimento pela autora deste trabalho. Há três semanas no ar, o blog Jornalismo

para Crianças é um diário de bordo da pesquisa de campo com crianças, tendo em vista que as

consideramos usuárias críticas de mídia, podendo contribuir na construção de um webjornal infantil

que atenda seus interesses. Nesse sentido, já observamos que elas se sentem representadas em blogs

infantis e gostam de participar, emitindo sua opinião.

Com atualizações previstas para às sextas-feiras, o blog Jornalismo para Crianças tem a

intenção de trazer a criança para o processo de construção de um site infantil. Além disso,

pretendemos valorizar as opiniões infantis sobre a temática e promover a interação entre as opiniões

das crianças, a fim de ampliarmos nossa discussão sobre como a mídia digital contribui para o

aprendizado, formação e interação infantis. Como defendemos a participação efetiva das crianças na

mídia, uma vez que as consideramos como usuária críticas e criativas de mídia, esperamos

encontrar neste blog respostas para nossas indagações sobre novas ferramentas para estimular o

diálogo, uma vez que só o diálogo comunica (FREIRE, 2002). Essa recente experiência, somada a

novos trabalhos sobre a infância digital e sua relação com as tecnologias, ainda pode contribuir para

o debate – iniciado por Capparelli (2002)- da reconstrução da cultura infantil dessa geração digital.

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Blog Jornalismo para Crianças

Janela de Comentários do Blog

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Considerações Finais

Ao longo deste trabalho, apontamos como as crianças se relacionam com a mídia digital e

esperamos vislumbrar, em breve, novas ferramentas de comunicação que promovam a efetiva

participação e criação infantis para que a mídia atenda às necessidades das crianças. Os blogs se

mostram como uma saída possível, porém ainda há problemas de concepção, no que se refere a uma

verdadeira interação. Ressaltamos mais uma vez a afirmação de Silva (arquivo digital) sobre

interatividade: “a pregnância das tecnologias interativas ocorre não apenas por imposição da técnica

e do mercado, mas também porque contemplam o perfil comunicacional do novo receptor”.

É inegável que as crianças são novas receptoras de mídias e, diante da presença das

tecnologias em seu cotidiano, querem estabelecer novas relações com tais mídias digitais. Devido a

isso, o processo de aprendizado é alterado, já que as crianças percebem sua autonomia e controle

sobre as tecnologias, ao mesmo tempo em que não percebem um real reconhecimento de seu

potencial criativo e liberdade para se expressar nessas mídias. E, como afirmou Tapscott (1999), as

crianças da Geração Net querem ser usuárias interativas de mídia.

Devido ao contato dessa nova geração com o ambiente virtual, seja como ambiente de

aprendizagem ou, simplesmente, de diversão, é fundamental que ela encontre produtos que

satisfaçam seus interesses, ao mesmo tempo em que despertem sua curiosidade e criatividade e

estimulem sua participação enquanto produtora cultural tanto na sociedade quanto na mídia. Dessa

forma, pensar em um produto que alie a comunicação com fins educativos, mesmo sendo uma

educação informal, é um caminho que deve ser perseguido por aqueles que estão interessados no

bem-estar das crianças e na sua formação cidadã em um cenário que propõe a democratização das

informações e a inclusão frente aos novos suportes e produtos midiáticos.

Na mídia digital, os blogs podem vir a promover essa educação a partir de suas ferramentas

de estímulo à participação e à interação, bem como a possibilidade de construir e partilhar

coletivamente novos conhecimentos. No entanto, cabe aos produtores de tais mídias reconhecerem

as crianças como colaboradoras de uma mídia para elas próprias, ao passo em que elas também

contribuem para a construção de uma nova cultura de mídia. O universo infantil nessa nova cultura

ou cibercultura, mediatizada pela comunicação digital, é caracterizado pela busca por participar,

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construir, ressignificar, dialogar, aprender e interagir livremente. Frente a isso, frisamos mais uma

vez: tornam-se necessárias novas ferramentas de comunicação para motivar e valorizar

verdadeiramente o ser criança nessa geração.

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