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A adivinhação através do Tarô :: Elisabeth Cavalcante :: Atualmente, como sempre, o tarô deve a maior parte de sua popularidade ao seu uso como artifício de adivinhação. A adivinhação não envolve apenas a superstição ou a mera leitura da sorte. Pelo contrário, ela é excepcionalmente sutil, e por seu intermédio os segredos do inconsciente podem ser descobertos, nossos poderes (extra- sensoriais e outros) podem se tornar acessíveis, e podemos obter orientação para as nossas vidas confusas. O mais importante é compreendermos que não existe nada casual ou acidental no Universo e que os eventos exteriores – mesmo aqueles que parecem triviais – estão intimamente relacionados com ocorrências no interior da psique do ser humano. Desse modo, se nós aprendermos a arte de descobrir e interpretar os sinais exteriores, poderemos da mesma forma ter acesso ao mundo das realidades interiores das nossas próprias almas e da Alma Cósmica. A magia da adivinhação do tarô não está nas cartas e sim em nós mesmos. As cartas agem como instrumentos através dos quais a realidade subjetiva no interior do inconsciente se torna capaz de projetar uma parte de si mesma numa existência objetiva. Por meio dessa projeção, podemos estabelecer um relacionamento útil e significativo ou um diálogo criativo entre os lados objetivo e subjetivo das nossa vidas, o que significa uma grande façanha. Certas Escolas Iniciáticas ou Escolas de Mistérios do passado, consideravam a arte da adivinhação uma importante parte de seu curriculum. Porém, a finalidade básica não era ensinar o aluno como ver o futuro, mas tinha o intuito de construir um mecanismo psíquico no interior do iniciado, através do qual uma fonte de orientação e de conhecimento intuitivo pudesse se tornar acessível ao seu Eu consciente. A adivinhação, nesse sentido, é uma arte que constrói uma ponte entre os homens e Deus, e como todas as pontes ela deve ser atravessada e não utilizada como alicerce. Por todas as razões expostas, o trabalho com o tarô exige uma postura de respeito e seriedade, já que a intenção com que realizamos algo é essencial no que diz respeito aos resultados que serão obtidos. Stephan Hoeller, um dos mais renomados tarólogos americanos, define como, em sua opinião, podemos desenvolver a habilidade adequada na adivinhação através do tarô e ao mesmo tempo evitar as armadilhas da superstição: "Existem quatro tipos básicos de adivinhação adequada e segura através do tarô e, vamos aqui descrevê-las em linhas gerais: 1 - A atitude adequada Essa atitude deve estar localizada entre a frivolidade e o temor

A Adivinhação Através Do Tarô

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A adivinhação através do Tarô

:: Elisabeth Cavalcante ::

Atualmente, como sempre, o tarô deve a maior parte de sua popularidade ao seu uso como artifício de adivinhação. A adivinhação não envolve apenas a superstição ou a mera leitura da sorte.

Pelo contrário, ela é excepcionalmente sutil, e por seu intermédio os segredos do inconsciente podem ser descobertos, nossos poderes (extra-sensoriais e outros) podem se tornar acessíveis, e podemos obter orientação para as nossas vidas confusas.

O mais importante é compreendermos que não existe nada casual ou acidental no Universo e que os eventos exteriores – mesmo aqueles que parecem triviais – estão intimamente relacionados com ocorrências no interior da psique do ser humano.

Desse modo, se nós aprendermos a arte de descobrir e interpretar os sinais exteriores, poderemos da mesma forma ter acesso ao mundo das realidades interiores das nossas próprias almas e da Alma Cósmica.

A magia da adivinhação do tarô não está nas cartas e sim em nós mesmos. As cartas agem como instrumentos através dos quais a realidade subjetiva no interior do inconsciente se torna capaz de projetar uma parte de si mesma numa existência objetiva. Por meio dessa projeção, podemos estabelecer um relacionamento útil e significativo ou um diálogo criativo entre os lados objetivo e subjetivo das nossa vidas, o que significa uma grande façanha.

Certas Escolas Iniciáticas ou Escolas de Mistérios do passado, consideravam a arte da adivinhação uma importante parte de seu curriculum. Porém, a finalidade básica não era ensinar o aluno como ver o futuro, mas tinha o intuito de construir um mecanismo psíquico no interior do iniciado, através do qual uma fonte de orientação e de conhecimento intuitivo pudesse se tornar acessível ao seu Eu consciente. A adivinhação, nesse sentido, é uma arte que constrói uma ponte entre os homens e Deus, e como todas as pontes ela deve ser atravessada e não utilizada como alicerce.

Por todas as razões expostas, o trabalho com o tarô exige uma postura de respeito e seriedade, já que a intenção com que realizamos algo é essencial no que diz respeito aos resultados que serão obtidos.

Stephan Hoeller, um dos mais renomados tarólogos americanos, define como, em sua opinião, podemos desenvolver a habilidade adequada na adivinhação através do tarô e ao mesmo tempo evitar as armadilhas da superstição:

"Existem quatro tipos básicos de adivinhação adequada e segura através do tarô e, vamos aqui descrevê-las em linhas gerais:

1 - A atitude adequadaEssa atitude deve estar localizada entre a frivolidade e o temor supersticioso. A operação de adivinhar através do tarô é uma atividade séria, pois não invocamos os Deuses em vão. Ao mesmo tempo, devemos nos lembrar que as cartas são apenas cartas e, em hipótese alguma, são objetos dignos de medo e de veneração em si próprios. Guardar as cartas em caixas de valor, pintá-las à mão, ou acender velas perto delas não alterará o fato de que são apenas pedaços de cartolina, e nada mais. O que importa é a resposta psicológica que as cartas despertarão em nós; o resto tem pouca importância.

2 – O conhecimento adequado referente ao significado adivinhatório das cartas é a próxima exigência. Isso é bem mais importante do que o chamado médium deseja admitir. Não podemos praticar a adivinhação apenas olhando para as cartas e fazendo a "livre associação" com qualquer coisa que penetre na nossa mente. O tarô não é um

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método de teste associativo como os borrões de tinta de Rorschach. Temos que memorizar os significados básicos e simbólicos das cartas (de todas as 78), antes que possamos pretender chegar à condição de adivinho do tarô. É bem verdade que a adivinhação também inclui o uso do material inconsciente que vem de forma espontânea à tona da mente do adivinho durante uma leitura, porém esse material deve servir para ampliar e não para substituir a arte de interpretar as cartas em termos do seu significado reconhecido.

3 – Um talento natural para a imaginação mágicaÉ outra qualidade importante. Ela pode ser encontrada em determinado grau na maioria das pessoas, e o seu crescimento dentro da psique individual pode ser cultivado. A imaginação mágica é simplesmente a habilidade de fazer com que a realidade subjetiva ou psíquica se relacione de modo significativo com os sinais materiais disponíveis. O tarô é certamente um dos melhores meios de estimular essa imaginação mágica, e quanto mais o estudamos e utilizamos, mais nos tornamos aptos a cultivar essa importante e excitante faculdade.

4 – A disposição de encarar as aspectos ocultos das própria psiqueÉ a ultima condição e provavelmente a mais importante. Nenhuma pessoa que sofra das formas mais graves de neurose pode praticar qualquer arte oculta sem causar danos a si própria a aos outros. Os antigos possuíam um ditado que dizia que, num recipiente não preparado, os Deuses derramariam o seu vinho em vão. Aqueles que possuem poderosos demônios escondidos na entrada da consciência poderão permitir que eles se manifestem nas suas personalidades quando estiverem envolvidos na pratica das artes ocultas. Tais acontecimentos infelizes não desmerecem o tarô ou qualquer outro artifício adivinhatório; eles meramente revelam a falta de sabedoria do tolo que se precipita onde os anjos temem pisar. Motivos mercenários, bem como o desejo de prestigio e de poder obtidos por meio da adivinhação, são obstáculos poderosos ao sucesso de uma operação adivinhatória, pois eles tendem a liberar forças psicológicas indesejáveis que confundem o adivinho.

A adivinhação por meio do tarô é uma atividade séria, que não deve ser empreendida por razões mercenárias ou fúteis. Tais motivos representam uma profanação, não das cartas, mas do poder da alma através do qual as cartas são interpretadas. Quando a arte da adivinhação é interpretada por neuróticos ou pessoas de intenções indignas, ela passa por uma degeneração, de forma que o que foi antes um templo transforma-se num mercado vulgar onde os ladrões buscam o seu conteúdo sórdido e os vagabundos desperdiçam o seu tempo.

Não é sábio tentar os deuses. Somente quando as nossas mentes não conseguem aprender os assuntos mais sérios da nossa vida, de forma que somente a orientação mais elevada pode solucionar as nossas dúvidas e as nossas ansiedades, é aconselhável que recorramos aos ritos adivinhatórios do tarô. Em todos os assuntos comuns, o bom senso e a lógica são os juizes e os reguladores naturais, e somente aqueles temas que nem o bom senso e nem a razão podem resolver, deveriam tornar-se objetos para o exercício da elevada faculdade de adivinhação da alma".

O Arcano XVIII do Tarotpor Lucya Janeth - [email protected]

Este Arcano Maior do Tarot representa a Lua e os perigos que podemos ter que enfrentar ao longo do caminho do autoconhecimento. Representa o resgate de nosso corpo emocional em profundidade. Quando estamos sintonizados com essa lâmina em algum momento de nossas vidas, podemos estar certos de que nosso lado sombra estará nos cobrando uma maior atenção a alguma questão que necessita ser resolvida, para que a nossa verdadeira Luz possa, enfim, surgir no

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mundo com força total.

A cura do corpo emocional da humanidade é a que mais exige nossa atenção no momento presente. Nele foi registrado tudo o que vivemos desde os primórdios de nossa existência como humanos, ou até mesmo como animais, para quem assim o acredita. E uma das possibilidades que pode nos ajudar ainda mais na resolução desse desafio comum a todos está registrada na lâmina XVIII do Tarot.

Este Arcano é representado por águas escuras de onde emerge um caranguejo que nos reporta ao passado (assim como o signo de Câncer) pela figura da Lua e por dois cães que parecem uivar para ela. O sol também aparece como que nos passando a mensagem de que a verdadeira claridade vem dele e de que devemos nos focar nisso para que compreendamos definitivamente que a sombra, a depressão, as aflições e o feitiço são apenas ilusões da mente. Talvez alguns seres incautos, ou ainda não iniciados em alguma forma de contato que transcenda a condição humana comum, não consigam perceber o emaranhado em que vivem. "Muitas vezes por estarem com suas consciências tão habituadas a focarem a luz da lua, esquecem-se de que ela é apenas um pálido reflexo da grande luz solar!"

Pelas pesquisas, leituras e pela própria intuição que desenvolvo há algum tempo, posso perceber que o ano de 2008 poderá vir a ser uma grande oportunidade pessoal para um “belo” mergulho no inconsciente. A soma teosófica de minha data de nascimento (o total sem redução) acrescida de 10(dez) que define a soma do ano em curso, resulta no número 18. Obtendo mais informações através da revolução solar para o mesmo ano, encontro a lua (solitária) na casa oito, no signo de Escorpião (signo que também representa a casa oito do mapa natural). Em resumo, o cosmo planeja e está me ajudando a restabelecer um maior equilíbrio emocional desde o meu último aniversário, favorecendo-me a um contato mais íntimo com meus sentimentos mais profundos e com emoções negativas como mágoas e ressentimentos antigos (lua sempre fala de passado) que de tempos em tempos são regurgitados e vêm bloqueando a vinda do que seja o novo e fresco para minha vida afetiva. Isso irá me auxiliar na transmutação de muitas dores da infância que ainda hoje entorpecem a consciência e me impedem uma expressão mais espontânea do verdadeiro ser que habita em mim.

Percebo também que pode ser o momento ideal para um maior aprofundamento nos estudos sobre os ciclos da lua. Sua energia influencia as águas, os instintos e humores humanos e até, quem sabe, os dos animais. Espero que vivenciar este Arcano à luz da consciência não seja tão assustador. Conhecendo-se de antemão que sua energia nos coloca sob a influência de várias interferências “perigosas”, contaminações e desafios, pode-se ficar mais alerta e atento ao que nos rodeia.

Quando mergulhamos em águas profundas quase nunca podemos prever com exatidão o que iremos encontrar. No entanto, a tônica é a coragem. O enfrentamento necessário dos medos mais terríveis, dos bloqueios, das decepções, traições, da confusão mental e da insegurança, com certeza, nos tornará mais fortes e até mesmo renascidos. Depois de todo esse encontro, um despertar mais nítido do dom natural da intuição também deverá ser sentido. Uma sintonia maior com o que nos é essencial poderá ser ajustada e fortalecida.

Talvez não haja um melhor momento existencial para uma solicitação de ajuda ao Eu Superior como nesta fase tão turbulenta, quando as forças ocultas do inconsciente poderão forçar uma desistência da Luz. Será necessária muita persistência e atenção às várias armadilhas de seres inferiores e de baixos instintos que visam a desviar uma possível união interna. Mas, como se diz no cotidiano: “Faz parte”. A luta entre a Luz e as trevas já não é de hoje, ela atravessa as Eras...

Fazendo uma alusão inexata às palavras de um autor que não mais me recordo o nome: "É a partir de quando a noite se torna mais escura que podemos ter a certeza que veremos o surgir do Sol" (Arcano XIX). Assim, agarro-me às imagens de meus sonhos com uma vaga sensação de fé e esperança.

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Tarot: O Caminho do Loucopor Sabrina Amorym - [email protected]

Tarot é um oráculo que não é sequencial, mas sim simultâneo. A primeira carta O Louco é cada um de nós em seu começo de jornada: leva poucos pertences, anda distraído e, ao seu lado, há um cão que simboliza a sua consciência que precisa despertar-se para o autoconhecimento. Quando o louco se transforma no Mago, ele será iniciado no Conhecimento Profundo, que para ele ainda é algo novo, aprendendo a lidar com os quatro elementos na formação da matéria, usando todas as armas que estão a seu dispor. Já não pode ser o distraído de antes, mas tem de tomar uma posição.

Para cada transformação do Louco, um portal diferente. Cada carta representa um nível de Consciência que pode alterar-se, dependendo da situação: em níveis, ciclos, portais. Precisamos colocar a nossa vida no Tarot, com várias opções, que podem ser escolhidas ou modificadas, mas nunca negligenciadas. Tarot não é fixo, não possui regras, é livre. Isso não significa que tudo pode, mas representa a ponderação em tomar decisões e sentir quando o Universo conspira a nosso favor. O Tarot não é rasteiramente um oráculo adivinhatório, como alguns assim o desejam, mas um resgate de uma Tradição Antiga, passada de geração a geração. É a Vida em seu mais pleno potencial de realização!Nossos antepassados, estruturadores do Tarot, não deixaram receitas de bolo e isso tem uma razão de ser: não podemos nos apegar a nenhum dogma. O dogma destrói qualquer tipo de possibilidade em nível espiritual.

Carlos Castanheda dizia que há quatro inimigos no caminho do autoconhecimento: O medo, o poder, a clareza e a velhice. O medo porque ele existe, mas não pode impedir que continuemos a caminhar em nossa senda. O poder já que ele é importante, mas não o principal, afinal, o verdadeiro poder é: não usar o poder. A clareza porque quando a pessoa sente que não há mais o que aprender, agindo de modo prepotente, a consequência é: essa mesma clareza a cega.E a velhice, pois é impossível fugir dela e toda a nossa cultura tem sido usada para evitá-la, evitar o que é natural. Enfim, o Louco caminha dentro de todas as cartas, e, a cada caminhar, desilude-se, despera-se, está triste, sorri, alegra-se, e todas essas polaridades fazem parte do aprendizado.Na verdade, podemos colocar o Louco em duas situações: na primeira, quando começa a trilhar o caminho ingenuamente e nas posteriores, quando começa a lapidar o seu espírito para a compreensão dos fatos da sua existência. Neste caso, ele está terminando um ciclo, para começar outro. O Louco é o caminhante, vivenciando todas as outras cartas, até chegar à carta do Mundo pela qual o caminhante passa, para finalizar uma etapa de sua vida.Digamos que o Louco é todos os arcanos maiores e menores e, ao passar e transformar-se em todas as cartas, caminha, às vezes, hesitando, às vezes andando espontaneamente, porque ele não tem segurança de nada. Para ser um louco, um Majnun, como diria os sufis, é preciso ter ciência da ponte do mundo racional com o mundo místico. Trilhar a senda do louco, não buscar a Realização, pois não se pode buscar o que já se tem, mas uma prática de um Despertar pleno!Esse sistema altamente amplo que é o Tarot nos propõe isso: um caminho infindável em direção a nós mesmos!

O Eremita, a carta 9 do Tarot

por Alvaro Domingues

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Um velho portando uma lanterna, lembrando a figura de Diógenes, um filósofo grego da escola dos Cínicos. Ele dizia estar procurando o "verdadeiro homem", por isso portava aquela lanterna, mesmo à luz do dia. Esta figura foi popularizada nos anos 70 por ser inspiradora da capa do álbum Led Zeppelin IV. O desenho foi diretamente inspirado no Tarot de Waite.

É um arquétipo masculino típico e representa a figura do mentor, o sábio que orienta o discípulo os primeiros passos de sua senda. Ele é mais do que um professor, pois não ensina diretamente, mas cria condições para que o aprendiz descubra por si mesmo a verdade a ser mostrada. Na ficção, há figuras bastante populares: Merlim, Gandalf, Yoda (no episódio o Império Contra Ataca) e até o Imperador em relação a Anakin Skywalker.

Todos nós -mulheres e homens- temos em nosso interior um velho sábio a nos orientar, O Guia Interior, em algumas tradições místicas, e foi um dos arquétipos descobertos por Jung.

O Eremita sabe que a verdade vem de dentro para fora e não pode ser ensinada, nas tem que ser descoberta. O nosso eEremita interior nunca nos fala diretamente, mas usa da intuição ou de experiências pessoais para nos ensinar. Podemos, por exemplo, ter uma súbita vontade de mudar o caminho que normalmente usamos para ir trabalhar e acabamos por encontrar com um amigo. Com certeza este amigo terá algo importante a nos dizer. De uma forma mais radical, pode acontecer de sofrermos um acidente que nos impeça de fazer algo ou nos conduza a um aprendizado. Por isso o conselho: sempre que lhe acontecer algo ruim, pergunte o que você precisa aprender com aquilo. Pode ser o Eremita atuando para lhe ensinar.

O Louco encontra agora o Eremita e descobre que a lição mais importante é aquela que está em seu interior e a luz só virá se ele buscá-la.

O Carro, o Herói do Tarot

por Alvaro Domingues

A carta que ostenta o número sete dos arcanos maiores é O Carro. Simbolizada pelo desenho de um carro puxado por dois cavalos, normalmente representados com cores diferentes e insinuando que cada um quer seguir para um caminho diferente. Há um cocheiro, que é o sujeito da carta, que pode estar controlando a parelha. Às vezes com grande esforço, como é mostrado no Tarot Mitológico, ou não, como aparece no Tarot de Marselha, que sequer segura as rédeas.

Há um fato curioso: se os cavalos puxam igualmente para lados opostos, num ângulo menor que 180 graus, a carruagem ainda vai para frente.

Muitos associam esta carta como sujeito do Tarot, ele é o Herói que viverá a jornada. O Louco se torna o herói do carro, livre das forças mais universalizantes das cinco primeiras cartas e superando a indecisão adolescente da carta Os Enamorados, o Louco agora começa a adquirir o ego, que será lapidado no processo de individuação que se seguirá. Note que a superação da indecisão ainda não é total porque os cavalos querem ir para lados opostos.

Em O Carro, do Tarot de Marselha, parece que ele está indo mais pela inércia do que por sua vontade, já que não tem rédeas em suas mãos. Todavia, a postura "deixo a vida me levar" é apenas parcial, já que optou por entrar na carruagem e sabe em que direção ela vai.

Joseph Campbell, em seu livro "O Herói de Mil Faces", acha esta viagem da Jornada do Herói, comum a várias mitologias:

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1) O mundo cotidiano onde vive o herói. Ele está neste mundo, utópico ou distópico, vivendo sua vida sem grandes ousadias.

2) O chamado à aventura: algo perturba a vida comum do herói. 

3) Recusa ao chamado: o Herói reluta em partir para Aventura.

4) Travessia do primeiro limiar. O Herói encontra seu primeiro desafio.

5) Encontro com o mestre (pode ser um ou mais), como o Mago Merlin da saga Arthuriana.

6) Aprendizado. O Herói sofre um treinamento onde descobre seus valores e é treinado em algumas habilidades necessárias, mesmo que aparentemente esteja preparado.

7) Travessia de novos limiares. O herói é posto à prova várias vezes e algumas até é derrotado, mas isos garante seu aprendizado na jornada.

8) Situação limite. O confronto final.

9) Final da aventura (Bliss): O herói obtém a vitoria final.

10) Caminho de volta. Vencida a batlaha o Herói retorna a seu povo, porém profundamente modificado.

11) Ressignificado. A vida do Herói jamais será a mesma, ainda que retorne à sua vida normal. Há cicatrizes de batalhas, dores e alegrias da jornada que jamais esquecerá. Sua visão do mundo é profundamente alterada.

12) Dádiva pra o mundo. A ação do Herói transcende o seu próprio espaço e não só ele é modificado, mas tudo o que foi envolvido na aeventura.

Assim, o Louco descobre que pode ser um herói e embarca na aventura do autoconhecimento.

Os Caminhos da Cabalah

:: Graziella Marraccini ::

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Já falamos anteriormente que os caminhos são a representação da relação entre as Esferas. Encontramos neles três símbolos principais:

- uma Letra do Alfabeto Hebraico, - uma carta dos 22 Arcanos Maiores do Tarôt, - um número.

Estes símbolos devem ser estudados para a compreensão das energias de interligação entre as esferas. Esta interligação representa as relações de FORÇAS (ou de ENERGIAS) e são elas estados instáveis, pois passam de um estado à outro (ou de Esfera à Outra). O valor numérico está relacionado ao método Pitagórico e, representam também uma idéia e um som.

Todos estes significados são usados para o melhor entendimento da Arvore, seja através da meditação seja nos rituais de Magia, Prática ou Mental. Estes rituais servem para despertar em nós certas imagens do subconsciente, para melhor compreendermos a relação entre o CRIADOR e o CRIADO.

Não devemos esquecer porém, que a Arvore é um SÍMBOLO RELATIVO, e não um SIMBOLO ABSOLUTO, por isso sua compreensão não tem limites, e nem é intenção deste autor, dar definições absolutas.

Já dissemos que as Sephiras são ligadas entre si por caminhos. Os caminhos se iniciam entre Kether e Hochmah, e terminam entre Yesod e Malkuth. Estes caminhos representam estágios de aperfeiçoamento, que são utilizados para o aperfeiçoamento pessoal. Eles são úteis especialmente na meditação para ‘abrir’ o entendimento da Sephirah que por alguma razão encontra-se bloqueada. A eles é atribuído: - um número,- uma letra do alfabeto hebraico - um Arcano Maior do Tarôt.

O 1º caminho de número 11, entre Kether e Hochmah, é representado pela primeira letra do alfabeto hebraico, Aleph, e o Arcano Maior do Tarôt é ‘O Louco’.

A do 2º caminho de número 12, entre Kether e Binah, é representado pela segunda letra Beth, e pelo Arcano I, O Mago.

No 3º caminho, de número 13, entre Binah e Tipheret, encontramos a letra Ghimel, e o Arcano II do Tarôt: A Sacerdotisa.

No 4º caminho, de número 14, entre Hochmah e Binah, encontramos a letra Daleth, e o Arcano nº III, A Imperatriz.

O 5º caminho, de número 15, entre Hochmah e Tipheret, tem a letra Heh, e o Arcano IV: O Imperador.

O 6º caminho, de número 16, entre Hochmah e Hesed, tem a letra Vau, e o Arcano n° V: O Papa.

O 7º caminho, de número 17, entre Binah e Tipheret, contém a letra Zain, e o Arcano nº VI: Os Enamorados.

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No 8º caminho, de número 18, entre Binah e Geburah, encontramos a letra Cheth, e o Arcano n° VII: O Carro.

O 9º caminho, de número 19, entre Geburah e Hesed, contém a letra Lamed, e o Arcano nº VIII: A Justiça.

O 10º caminho, de número 20, entre Hesed e Tipheret, contém a letra Iod, e o Arcano n° IX o representa: O Heremita.

No caminho 11º, de número 21, entre Hesed e Netzach, encontramos a letra Kaph, e o Arcano X: A Roda.

No 12º caminho, de número 22, entre Geburah e Tipheret, encontramos a letra Teth, e o Arcano nº XI: A Força.

O 13º caminho, de número 23, entre Geburah e Hod, é representado pela letra Mem, e pelo Arcano nº XII: O Enforcado.

O 14º caminho, de número 24, entre Tipheret e Netzah, é representado pela letra Nun, e pelo Arcano nº XIII: A Morte.

No 15º caminho, de número 25, entre Tipheret e Yesod, encontramos a letra Samech, e o Arcano nº XIV: A Temperança.

O 16º caminho, de número 26, entre Tipheret e Hod, é representado pela letra Wayin, e pelo Arcano nº XV: O Diabo.

No 17º caminho, de número 27, entre Hod e Netzah, encontramos a letra Peh, e o Arcano nº XVI: A Torre.

No 18º caminho, de número 28, entre Netzah e Yesod, temos a letra Tzadde, e o Arcano n° XVII: A Estrela.

No 19º caminho de número 29, entre Netzah e Malkut, encontramos a letra Koph, e o Arcano nº XVIII: A Lua.

O 20º caminho, de número 30, entre Hod e Yesod, é representado pela letra Resh, ו, e pelo Arcano nº XIX: O Sol.

O 21º caminho, de número 31, entre Hod e Malkuth, é representado pela letra Shin, e pelo Arcano n° XX: O Julgamento.

E finalmente, no 21º caminho, de nº 32, entre Yesod e Malkut, encontramos a letra Tau, e o Arcano nº XXI: O Mundo.

Como vemos, somando as dez Sephiroth e os 22 caminhos, teremos o número 32, que ao ser completado e superado nos levará à chave do Conhecimento, indicado pelo número 33. Aqui podemos refletir sobre este número, usado para representar a idade de JEOVÁ, JESUS o CRISTO, aquele que percorrer todos os caminhos da Árvore da Vida, e através do Conhecimento, consegui a transmutação do estado material em espiritual, ou seja, conseguiu a Ressurreição da carne. Este número representa também o mais alto Grau da Maçonaria, nos Graus Filosóficos e é usado simbolicamente em muitos rituais mágicos.

Assim, os caminhos podem nos abrir as portas para revelar muitos mistérios. A simples meditação nas Cartas do Tarot, percorrendo todos os caminhos, de Malkut a Kether, era usada pelos iniciados na Ordem do Golden Dawn.

OS MUNDOS:

A Arvore é subdividida em Quatro mundos, ou Estados Criativos, que podem ser vistos de cima para baixo no glifo, mas que também tem sua existência dentro de cada esfera. Estes MUNDOS são:

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- ATZILUTH, que corresponde à 1ª Letra sagrada JOD ( do nome divino JHVH que em hebráico se escreve da direita para a esquerda), mundo da EMANAÇÂO, que pode ser definido como a IDEIA, ou o ARQUÉTIPO, e corresponde ao Elemento FOGO.

- BRIAH, corresponde à 2ª Letra HE, que é o plano da CRIAÇÃO, e pode ser definido como a formação do pensamento para o PLANO detalhado.

- YETZIRAH, corresponde à 3ª letra VAU, que define a FORMA, e indica a maneira com a qual o Plano será realizado.

- ASSIAH, corresponde à 4ª letra, um HE novamente, mas um segundo HE, indicando que a MATERIA, é o resultado da Criação. É o plano da ação e da realização material.

Apesar do sistema Hebraico ser Monoteísta, o termo ELOHIM é plural, o que indica que são Deuses Criadores que regem estas forças energéticas.Em Atziluth, temos a energia mais pura, Força Divina, também subdividida nas dez esferas. Em Briah, temos os Deuses Arcanjos, Em Yetzirah, os Coros Angelicais, Em Assiah, o Deus Espírito do Planeta que ordena a criação do MOB.

OS TRIÂNGULOS

Estes Mundos são divididos em três triângulos, contendo cada um três esferas.

O 1º Triângulo é chamado ATZILUTH e é o triângulo DIVINO , que representa o Arquétipo DEUS. A IDEIA. Nele encontramos as esferas KETER, HOKMAH e BINAH.

Neste Ponto da Arvore se encontra a Esfera invisível DAHAT, o Abismo ou o a esfera do Conhecimento.

No segundo triângulo, chamado BRIAH, encontramos as Esferas HESED, GEBURAH e TIPHERET. É o mundo da primeira emanação Divina, mundo dos Arcanjos. É também chamado de Triângulo Ético, porquê as esferas Hesed, Geburah e principalmente, Tipheret, são um modelo de comportamento ético e moral.

No terceiro triângulo, chamado YETZIRAH encontramos as Esferas NETZAH, YOD E YESOD. Mundo da Formação, é chamado também de Mundo das Formas Astrais, e é o Mundo dos Anjos, onde se concentram as forças espirituais .

O último Mundo não está num triângulo, mas se concentra, sozinho, sob a arvore, na Esfera MALKUTH. É o Mundo de ASSIAH, o mundo da Matéria, dos quatro elementos criativos: o Ar, a Água, o Fogo e a Terra, como resultado dos três mundos superiores.

Estes quatro Mundos, são também representados no Tarôt, onde cada naipe representa um mundo de emanação. Assim teremos:

PAUS = YOD = FOGO = ATZILUTH = ESPÍRITO

COPAS = HEH = ÁGUA = BRIAH = INTELECTO

ESPADAS = VAU = AR = YETZIRAH = ASTRAL

OUROS = HEH = TERRA = ASSIAH = MATERIAL

As Cartas dos Arcanos Menores, de 1 a 10, subdivididas pelos 4 naipes, nos indicam em que campo a ação irá se tornar realidade. Para nos aprofundarmos mais, precisaríamos estudar conjuntamente os Arcanos do Tarôt em seu significado cabalístico.

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O Tarô como instrumento terapêutico

:: Elisabeth Cavalcante ::

Uma das muitas explicações fornecidas para a misteriosa palavra Tarô é a sua origem, extraída das palavras egípcias Tar, (significa Caminho) e Ro (significa Real). Juntas, lê-se O Caminho Real da Vida ou A Estrada Real.

Embora sejam popularmente conhecidas como um meio para adivinhar ou prever o futuro, as cartas do tarô representam muito mais do que isso. Elas são, na verdade, um importante instrumento de acesso ao inconsciente do homem e podem ser de grande ajuda no seu processo de auto-conhecimento.

ORIGEMO tarô é um baralho de cartas misterioso, de origem desconhecida. Tem, pelo menos, seis séculos de existência. As lendas contam que, algum tempo depois da destruição dos mistérios da Antiguidade e antes do início da Idade Média, alguns homens sábios reuniram-se em Fez, no Marrocos. Criaram, então, o que pode ser chamado de um livro didático em gravuras. Neste livro, eles concentraram, em forma simbólica, todos os ensinamentos ocultos e as experiências místicas relatadas pelos sábios.

SIMBOLISMOAs descobertas arqueológicas da humanidade sempre trouxeram à tona representações simbólicas comuns aos seres humanos, independentemente de sua época ou cultura.

O psiquiatra suíço Carl Gustav Jung, criador do conceito de psicologia analítica, foi o primeiro a aprofundar-se no estudo destes símbolos, denominando-os de manifestações do inconsciente coletivo da espécie humana. De acordo com Jung, o consciente e o inconsciente existem num estado profundo de interdependência recíproca, e o bem-estar de um é impossível sem o do outro.

O médico apresentou provas extraídas de seu trabalho entre os chamados loucos e as centenas de pessoas neuróticas que lhe pediam uma resposta para os seus problemas.

As provas apontavam que a maior parte das formas de insanidade e desorientação mental eram causadas por um estreitamento da consciência, ou seja, quanto mais estreita e mais racionalmente focalizada fosse a consciência do homem, tanto maior seria o perigo de hostilização das forças universais do inconsciente coletivo e, conseqüentemente, o surgimento de doenças e desequilíbrios psicológicos.

Jung reconheceu de pronto, no tarô, a sua potencialidade em antecipar os padrões profundos do inconsciente coletivo. Isto significa que os conceitos trazidos `a luz da consciência pelas cartas do tarô, são comuns a todo ser humano.

O MAPA DA JORNADASimbolicamente, o tarô seria a representação da jornada interior do ser humano em seu processo evolutivo, e as energias que ele mobiliza ao longo desse processo. O baralho completo do tarô consiste em 78 cartas, divididas em dois grupos: Arcanos Maiores ou Trunfos Maiores (22) e Arcanos Menores (56).

De um modo geral, podemos dizer que as 56 cartas dos Arcanos Menores representam o eu exterior (ou a personalidade do homem). Já as 22 cartas dos Arcanos Maiores simbolizam o reino secreto do eu interior (ou a individualidade).

A psicologia junguiana reconhece quatro funções básicas da consciência: a sensação, o sentimento, o pensamento e a intuição. Essas funções são relacionadas aos quatro naipes do tarô. Assim sendo, o naipe de Pentagramas representa a função da sensação, o das Taças está relacionado com o sentimento, o dos Gládios

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com o pensamento, e dos Bastões com a intuição.

Os Arcanos Maiores ou Trunfos apresentam figuras humanas e objetos. Cada uma das figuras simboliza situações ou pessoas que fazem parte da história de qualquer ser humano. O Imperador simboliza a figura paterna, a Imperatriz está relacionada com o feminino maternal, a Lua simboliza o mundo das emoções e da intuição, o Papa representa o mestre espiritual interno e assim por diante.

CONSULTAAo realizar uma consulta para saber que atitude tomar frente à uma situação, a pessoa vai obter uma resposta do tarô que traz à tona os seus conteúdos inconscientes. São os medos, sentimentos, emoções e expectativas relacionadas àquela questão.

Assim, poderá melhor entender seu próprio comportamento diante das situações da vida e decidir-se pela opção que lhe trará equilíbrio interior e alegria.

O tarô pode ser um valioso instrumento terapêutico, ajudando o ser humano a conhecer-se e transformar-se, visando um maior equilíbrio interior e relações harmoniosas consigo e com o mundo.

Individuação e Tarot – o Jogo do Inconscientepor Bruno Calabria - Psicoterapeuta Holístico - [email protected]

Todos ansiamos pela realização total de nossas personalidades; buscamos nos tornar "nós mesmos". É a luta pelo ideal Socrático "conhece-te a ti mesmo". Uma das definições/descrições que a psicologia analítica de Jung cunhou para o processo foi: "... um processo de diferenciação, que tem por objetivo o desenvolvimento da personalidade individual...” (Jung, 1921, par.757-8)

Este impulso à auto-realização das nossas personalidades, segundo Jung, seria um instinto básico, do qual nenhum de nós tem como fugir. Assim, como numa "gincana psicológico-existencial", somos lançados ao turbilhão da vida, sujeitos a todo tipo de situações, que influenciarão a sorte deste processo: ambiente familiar, auto-imagem, bloqueios, medos, compulsões etc.

Questões de valores pessoais difíceis de se modificar influem e podem prejudicar a continuidade deste processo, resultando em toda sorte de bloqueios, auto-enganos, e quase sempre em neuroses.

É bom lembrar que “individuação” não é o mesmo que “individualismo”, pois o primeiro “deve levar a relacionamentos coletivos mais intensos e mais abrangentes e não ao isolamento (caso do individualismo)” (Jung, 1921, par 758)

O instinto de auto-realização, assim, atua ininterruptamente, durante toda existência, com intensidade variável e influencido por diversos fatores – inclusive neuroses.

E segundo Jung este processo tende se acentuar na segunda metade de nossas vidas, quando nos questionamos sobre os resultados da aplicação de nossa vontade consciente (libido): a busca por afeto, segurança, reconhecimento social etc.

E quando o questionamento vem, geralmente está associado a uma crise pessoal. É o momento em que se buscam novos horizontes pessoais, profissionais e afetivos, às vezes de modo radical: casamentos são desfeitos, muda-se de profissão, local de

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residência etc. 

É neste momento que buscamos orientação: quando a consciência esgota seus recursos. Quando, apesar da razão apontar uma direção, permanecemos em conflito: queremos certeza íntima.

Um sonho pode indicar o caminho; uma súbita inspiração (insight) e o acaso (sincronicidade) também.

Mas neste ponto eu quero falar do Tarot, que não por acaso é também chamado de “o jogo do inconsciente”, capaz de canalizar conteúdos inconscientes que, expressos através dos Arcanos e adequadamente interpretados, comunicam ao plano consciente elementos que traduzem o momento do individuo, lançando luz em seu processo de decisão.

Eles nos mostram, indicam e às vezes advertem, e este é o mistério, a beleza e a força do Tarot.

O mistério da vida nas cartas do Tarô - Parte 1

:: Elisabeth Cavalcante ::

A verdadeira origem do tarô está encoberta por um véu de mistério. Um dos mais antigos relatos data do Egito antigo, onde, de acordo com a lenda, foram encontradas no altar do templo de Ptah, em Mênfis, imagens gravadas em pratos de ouro, que se assemelhavam a algumas das gravuras dos Arcanos Maiores do tarô.

A hipótese egípcia tem inúmeros seguidores ilustres, dentre os quais Éliphas Levy, Paul Christian, Papus, e outros. Na opinião de muitos, o tarô teve a sua origem no misterioso e há muito desaparecido Livro de Thoth, atribuído ao Deus da sabedoria secreta, Thoth, mais conhecido pelo seu nome grego, Hermes.

Diz-se que o mito possui mais autenticidade do que a história porque lida com as realidades eternas da alma, e não com os pálidos reflexos dessas realidades na tela ilusória do tempo.Portanto, recorramos à tradição mística, para aprofundar-nos um pouco mais na história do tarô. A tradição conta que depois da destruição da grande biblioteca de Alexandria, e no início da Idade Média, alguns sábios que se reuniram na cidade Fez, no Marrocos, decidiram criar um meio pelo qual a sabedoria iniciática da Antiguidade pudesse ser preservada para as gerações futuras. Através de sua visão profética, eles sabiam que a igreja medieval destruiria tal projeto se ficasse aparente que ele continha idéias e símbolos contrários ao que era aceito como cristão ortodoxo.

Esses sábios também estavam cientes de que a ignorância imperaria durante muitos séculos e que, conseqüentemente, uma transmissão verbal ou escrita da sabedoria seria inútil. Os sábios, diz a lenda, resolveram então elaborar um livro de gravuras que escaparia à atenção dos inquisidores, e continuaria durante anos a fio a lembrar aos homens e às mulheres as verdades mais profundas da vida e o caráter essencial do seu próprio ser.

As cartas, que é provável terem sido feitas originalmente em metal ou couro, eram utilizadas como uma forma de jogo e de divertimento e, desse modo, eram apreciadas por muitas pessoas que não davam valor à filosofia ou ao misticismo.

Por volta do século XIV, as imagens do tarô haviam chegado à Itália, à Espanha e à França e foram levadas para outros países pelos ciganos, que parecem haver utilizado suas gravuras principalmente com a finalidade de tirar a sorte. Existem vagas indicações, contudo, de que imagens semelhantes às do tarô já circulavam em várias formas bem antes do século XIV.

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O baralho completo do tarô consiste em setenta e oito cartas, que estão divididas em dois grupos. São as cinqüenta e seis cartas dos chamados Arcanos Menores e as vinte e duas cartas dos Arcanos Maiores, esses últimos também conhecidos como Trunfos Maiores

As cinqüenta e seis cartas dos Arcanos Menores representam a origem de nossas cartas de baralho modernas. Elas estão divididas em quatro naipes, Pentagramas (Ouros), Taças (Copas), Gládios (Espadas) e Bastões (Paus), cada um dos quais composto de dez cartas numeradas de um a dez e de quatro figuras, que são o Rei, a Rainha, o Cavaleiro e o Pajem. O baralho eliminou a carta do Cavaleiro nas figuras da corte.

Além disso, as vinte e duas cartas dos Arcanos Maiores foram totalmente suprimidas, com exceção do Curinga, uma forma deturpada do Louco encontrado nos Arcanos Maiores. De um modo geral, podemos dizer que as cinqüenta e seis cartas dos Arcanos Menores representam o eu exterior ou a personalidade do homem, enquanto a vinte e duas cartas dos Arcanos Maiores simbolizam o reino secreto do eu interior ou a individualidade.

Os Arcanos Menores são elaborados com base nos números quatro e dez, uma vez que existem quatro naipes, com dez cartas numeradas e quatro figuras para cada um. Os Arcanos Maiores baseiam-se nos números três e sete, visto que as vinte e duas cartas podem ser divididas de forma mais proveitosa em três setenários mais a carta zero, que não pode ser classificada, ou 3 X 7 = 21+0.Podemos observar também que cada naipe dos Arcanos Menores possui quatorze cartas, e que quatorze é o número que Helena Blavatzky fornece em A doutrina secreta, como representando a totalidade da manifestação: Duas vezes sete é a soma total.

Por outro lado, os números três e sete quando somados ao invés de multiplicados, resultam no número dez, que é o número das Sephiroth na Árvore da Vida cabalística. Isso poderá indicar que o princípio dos números três e sete da forma como é manifestado nos Arcanos Maiores descreve a estrutura dos poderes divinos nas coisas, enquanto que o princípio dos números quatro e dez, na forma como se apresenta nos Arcanos Menores, simboliza o aspecto natural, ou o aspecto criado, da existência. O primeiro se relaciona com a vida enquanto o segundo indica a forma.

Tendo em vista que o principal objetivo do tarô é facilitar o autoconhecimento, é necessário que olhemos as cartas principalmente sob o aspecto de sua correspondência com funções e princípios psicológicos dentro da psique humana.Assim, as dez cartas numeradas e as quatro cartas com figuras dos naipes dos Arcanos Menores juntas correspondem às quatro funções da consciência, conforme foram descritas por Jung: sensação (Ouros), pensamento (Espadas), sentimento (Copas) e intuição (Bastões).Ao mesmo tempo, devemos ter em mente que as vinte e duas cartas dos Arcanos Maiores representam as imagens primordiais, ou os arquétipos, dento do inconsciente coletivo.

O mistério da vida nas cartas do Tarô - Parte 2

:: Elisabeth Cavalcante ::

Uma das mais antigas e também mais úteis representações simbólicas da personalidade humana é o círculo, cortado por uma cruz de braços iguais. Esse é o desenho também utilizado pelo Zodíaco, e pelo calendário anual, dividido nas quatro estações pelos equinócios e pelos solstícios, que, quando ligados por linhas retas, foram a cruz dentro do círculo.

Os antigos Alquimistas e Magos empregavam essa classificação quádrupla da existência quando se referiam aos quatro elementos mágicos da Terra, da Água, do

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Fogo e do Ar, e quando mencionavam as quatro substâncias alquímicas, o Mercúrio, o Enxofre, o Sal e a Água. Essa estrutura quaternária que se repete incessantemente também foi empregada por Jung na sua classificação de tipos psicológicos e, o que é ainda mais importante, das quatro funções da consciência humana.

A psicologia junguiana reconhece quatro funções básicas da consciência: a sensação, o sentimento, o pensamento e a intuição. O antigo elemento terra quando compreendido psicologicamente, é análogo à função humana da sensação, enquanto a água diz respeito à emoção, o fogo à intuição e o ar ao pensamento. A analogia pode ser mais amplamente estendida no sentido de incluir os quatro naipes do Tarô, correlacionando assim o naipe de pentagramas com a função da sensação, o das taças com o sentimento, o dos gládios com o pensamento e o dos bastões com a intuição.

Se visualizarmos os quatro naipes dos Arcanos Menores como as quatro seções de um círculo, poderemos por sua vez encarar as vinte e duas cartas simbólicas de Trunfo dos Arcanos Maiores como elos que ligam o centro do círculo à periferia, de forma análoga aos raios que ligam o aro de uma roda ao seu eixo. Inúmeros estudantes do Tarô acreditam que a palavra representa um anagrama da palavra latina correspondente à roda, rota. Utilizando essa analogia, podemos equiparar o eixo da roda à carta zero (O Louco) dos Arcanos Maiores, e as vinte e uma cartas restantes a raios, ou a porções de raios da roda.

As cartas dos Arcanos Maiores são, na verdade, os transportadores da energia psíquica primordial, que procede do centro do nosso ser para a sua periferia, onde ela se torna difusa e pode circular livremente entre as quatro funções.Elas simbolizam forças psicológicas que levam impressões do exterior de nossa personalidade para o inconsciente e, inversamente, conduzem modificações do poder interior do inconsciente coletivo para o nível consciente do nosso ser.

Como foi dito anteriormente, os Arcanos Maiores se compõem de vinte e duas cartas, numeradas de um a vinte e um, mais a vigésima segunda carta, sem número, que possui a potencialidade do zero, e tem o nome de O Louco.

O Louco, o carta zero é, sob muitos aspectos, a mais significativa e a mais poderosa carta dos Arcanos Maiores, porque simboliza a fonte espiritual primitiva e o derradeiro destino de todos os poderes e de todos os seres manifestados. Ele representa o Alfa e o Omega da manifestação, o nada de onde todas as coisas procedem e ao qual todas elas se reduzem no final dos tempos.

Por ser o símbolo dessa causa original sem causa, e portanto totalmente abstrata e insubstancial por natureza, essa carta significa loucura no sentido mundano. Do ponto de vista do espírito todos os ganhos terrenos não significam nada, a estrada para a realização terrena não leva a lugar algum. A sabedoria terrena é loucura aos olhos dos deuses e inversamente, a Sabedoria Divina parece loucura na visão dos homens, os quais, ao se esquecerem de sua herança divina, tornaram-se meros homens, ao invés de filhos de Deus.

Do ponto misterioso da unidade original e final, simbolizado pela carta zero, ou O Louco, procedem três correntes, ou raios, cada um constituído de sete cartas dos Arcanos Maiores, que juntam somam vinte e um.

- O primeiro deles (de um a sete, ou do Mago ao Carro) representa a área de poderes criativos, ou das causas no interior do inconsciente coletivo.

- O segundo setenário (de oito a quatorze, ou da Força à Temperança) consiste em representações das leis através das quais os poderes primordiais do primeiro setenário são canalizados para a manifestação.

- O terceiro e último setenário (de quinze a vinte e um ou do Diabo ao Mundo) simboliza os resultados ou as manifestações concretas concluídas dos primeiros sete poderes, quando estes surgem na sua condição concreta ou diferenciada.

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O mistério da vida nas cartas do Tarô - Parte 3

:: Elisabeth Cavalcante ::

O tarô funciona como um meio de conhecimento, sejamos nós capazes ou não de relacioná-lo de forma significativa com outros sistemas. As cartas sempre falam à nossa intuição, às forças inconscientes da nossa alma.

As cartas do tarô não só carregam o poder que é refletido por outras artes ocultas, mas também possuem e transmitem um grande poder em si mesmas. Hoje, o tarô deve a maior parte de sua popularidade ao seu uso como artifício de adivinhação. A adivinhação não envolve apenas a superstição ou a mera leitura da sorte. Pelo contrário, ela é uma técnica psicológica excepcionalmente sutil, através da qual os segredos do inconsciente podem ser descobertos, seus poderes (extra-sensoriais e outros) podem se tornar acessíveis, e podemos obter orientação para as nossas vidas confusas e desordenadas.

As cartas do tarô representam um dos mais antigos e eficazes meios de adivinhação, perdendo apenas, talvez, para o I Ching, com relação ao qual elas possuem a vantagem de ter uma maior afinidade com o inconsciente coletivo da cultura ocidental. A natureza exata da psicologia da adivinhação bem-sucedida ainda é uma questão de conjecturas, embora a moderna psicologia profunda, especialmente através da teoria da sincronicidade desenvolvida por Carl Gustav Jung, tenha derramado bastante luz sobre ela.

O fato mais importante a ser fixado na mente é que não existe nada casual ou acidental no Universo e que os eventos exteriores – não importa quão triviais possam parecer – estão intimamente relacionados com ocorrências no interior da psique do homem. Assim, se aprendermos a arte de descobrir e interpretar os sinais exteriores poderemos desse modo ter acesso ao mundo das realidades interiores das nossas próprias almas e da alma do Cosmos. A magia da adivinhação do tarô não está nas cartas, mas em nós mesmos. Elas podem agir – e de fato agem – como instrumentos por meio dos quais a realidade subjetiva no interior do inconsciente se torna capaz de projetar uma parte de si mesma numa existência objetiva.

Desse modo, a adivinhação através do tarô pode ser definida como um método prático no qual se constrói uma ponte entre o mundo onde ocorrem eventos físicos temporais e o mundo eterno dos arquétipos do inconsciente coletivo.

É útil lembrarmos que a adivinhação era considerada uma parte importante do curriculum de certas escolas de mistérios, não com a finalidade básica de ensinar as pessoas como ver o futuro, mas com o intuito de construir um mecanismo psíquico no interior do iniciado, através do qual uma fonte de orientação e de conhecimento intuitivo pudesse se tornar acessível ao seu Eu consciente. A adivinhação, nesse sentido, é uma arte que constrói uma ponte entre os homens e os deuses. Mas, como todas as pontes, ela deve ser atravessada e não utilizada como alicerce.

Se reconhecermos, mesmo de forma inconsciente, que estamos constantemente moldando o nosso futuro, ocorre então que, ao estabelecermos um contato mágico com o nosso inconsciente, podemos vir a conhecer muito sobre o nosso futuro e, o que é mais importante, podemos influenciar o nosso futuro e alterá-lo, tornando-nos, dessa forma, pelo menos até certo ponto, senhores de nosso próprio destino.

O tempo é um continuum, não uma divisão, e penetramos freqüentemente nos seus mistérios quando percebemos o verdadeiro significado dos sinais materiais para os processos espirituais. O tarô adivinhatório é apenas uma aplicação particular desses princípios às preocupações da vida diária.

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O mistério da vida nas cartas do Tarô - Parte 4

:: Elisabeth Cavalcante ::

A viagem dos Arcanos Maiores é, na realidade, a viagem do Louco, a primeira das vinte e duas cartas. Acompanhamos o Louco e, de alguma forma mais profunda, também o somos, na medida em que ele emerge da escuridão da caverna maternal e se lança no desconhecido.

Nas cartas, encontramos as experiências fundamentais da infância – os pais conhecidos e os pais interiores do espírito e da imaginação – nas cartas do Mago, da Imperatriz, do Imperador, da Sacerdotisa e do Hierofante. Podemos reconhecer os conflitos e as paixões do adolescente dentro de nós, nas cartas dos Enamorados e do Carro.

Seguindo, iremos nos encontrar com os tribunais da vida, com os julgamentos, com os grandes desafios e as tomadas de decisões, nas cartas da Justiça, da Temperança, da Força e do Eremita. Atravessamos crises, perdas e súbitas mudanças de vida, pelas cartas da Roda da Fortuna e sofremos o desalento e o desespero, nas cartas do Enforcado e da Morte. Acompanhamos o Louco em confronto consigo mesmo, na qualidade do arquiteto da própria vida, nas cartas do Diabo e da Torre. E das trevas profundas, nasce então a esperança através das cartas da Estrela, da Lua e do Sol, quando a luz vence a escuridão e nos reconciliamos com a vida, pelas cartas do Julgamento e do Mundo.

As imagens das cartas do tarô são símbolos antigos e evocam experiências de vida, pertencentes à condição humana e ao nosso próprio destino. Todas as cartas possuem um significado ambivalente, indicando tanto as dimensões positivas quanto as negativas da experiência. Dos Arcanos Maiores, nenhuma das vinte e duas cartas pode ser considerada totalmente boa ou absolutamente ruim. Na realidade, pode-se considerá-las mais fáceis ou mais difíceis, dependendo do tipo de experiência que estejam retratando no momento.

Todas as cartas dos Arcanos Maiores são ritos de passagem. São estágios e processos dinâmicos e não simplesmente resultados ou quadros estáticos que permanecem inalterados. Cada estágio da vida conduz a um outro e, embora nos esforcemos muitas vezes para tentar manter as coisas ou fazer parar o tempo para que possamos desfrutar ainda mais de uma situação confortável, jamais o conseguiremos, pois não dispomos do poder de reter em nossas mãos o tempo que mais nos agrada.

E, assim, ao final da grande jornada, o Louco começa novamente uma outra, pois a cada objetivo atingido, a cada meta alcançada, podemos sentir que mais adiante existe uma outra meta para ser seguida, e que sempre teremos que perseguir um novo ideal, ou batalhar por mais um sonho, de forma que cada finalização, cada fechamento de ciclo, torna-se na verdade a preparação para algo ainda maior, e um novo ciclo se inicia outra vez.

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A Roda da Fortuna - O Arcano X do Tarotpor Alvaro Domingues - [email protected]

O arcano X do Tarot é a Roda da Fortuna. A palavra “fortuna” no presente remete a uma grande quantidade de dinheiro, dando uma falsa impressão ao leitor contemporâneo inexperiente, como se fosse sinônimo de sucesso.

Nesta carta “fortuna” significa “destino”. Algo que

teoricamente não podemos escapar. Ela é representada por uma roda onde correm eternamente dois seres, um subindo e outro descendo em movimentos incessantes, mas que estão sempre no mesmo lugar. Isso serve para nos lembrar que tudo é cíclico, inclusive nossa vida.

Existe quatro situações na Roda da Fortuna: Ascensão (“eu reinarei”); Auge (“eu reino”); Decadência (“já reinei”) e Queda (“não reino mais”).

Quando lutamos pelo poder ou estamos envolvido na roda, esquecemos esta Lei. Quando estamos no auge, esquecemos que podemos cair e quando estamos muito oprimidos, esquecemos que podemos ascender.

Embora esta lei seja imutável, há um jeito de contorná-la. Há uma posição na Roda onde este vai e vem não é sentido: o Eixo.

Pessoas que encontram seu eixo são imunes aos revezes da fortuna, pois conseguem ver que tudo é temporário. Não são conformistas, mas equilibrados. Agem no momento certo e sabem esperar por ele.

 

por Alvaro Domingues   Alvaro Alípio Lopes Domingues é tarólogo, leitor de runas e outros oráculos,

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astrólogo, contista, cronista, resenhista e poeta. É também blogueiro, mantendo, o Site o Fantástico mora ao lado, o site Astroxaman, o Blog do Pai Nerd e o blog Sombras e Sonhos.Lido 76 vezes, 3 votos positivos e 0 votos negativos.   E-mail: [email protected] o Site do autor

A Justiçapor Alvaro Domingues - [email protected]

A carta 8 na maioria dos Tarots é associada à Justiça. Alguns baralhos invertem a carta 8 com a 11 (A Força), mas manteremos a classificação de acordo com o Tarot de Marselha.

A Justiça é um símbolo onipresente, representando a própria Justiça humana. Ela é ostentada em muitos Tribunais e Fóruns, tendo como símbolos básicos a balança e a venda nos olhos, indicando a imparcialidade da justiça e a espada representando a aplicação da punição devida.

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No Tarot ela simboliza a Justiça a nível simbólico indo além da simples interpretação de demandas judicias. Pode ser a Justiça divina a lei do carma ou da causa e efeito. Ou ainda às próprias leis do Universo.

As duas principais leis regidas pela Justiça, que na realidade representam um único princípio. A primeira é que tudo que acontece hoje é fruto de ações suas que acorreram no seu passado e somadas ao que você fizer hoje, moldarão o seu futuro. É a simples lei de causa e efeito. A segunda amplia este conceito dizendo que toda a ação causa um efeito, mas este efeito pode não ocorre de imediato. E às vezes não sabemos o que causou aquele efeito. É nesses momentos que a Justiça aparece num jogo de Tarot. É a lei do Carma se manifestando. Uma parte da coisas boas e ruins que nos acontecem são frutos de alguma ação passada da qual não nos lembramos. Isso às vezes torna difícil o aprendizado, principalmente quando é algo vindo de uma vida anterior. E o aprendizado não é se conformar ou se revoltar contra o "destino". A verdadeira Justiça não só julga e pune. Ela também ensina.

Ela é um arquétipo contraditório, pois é representada por uma mulher que maneja uma espada, símbolo essencialmente masculino.

No Tarot  o arquétipo é representado pela Deusa Atenas, deusa da sabedoria e como parte da sabedoria está o raciocínio lógico, livre de emoções.

Se fosse representado por um homem, Xangô como é na mitologia afrobrasileira, ou Thor, na mitologia Nórdica, ela seria implacável, com punições severas e imediatas, sem a mediação da balança (ou sem direito de defesa). Atenas seria a Justiça com amplo direito a defesa e Xangô seria um Tribunal de exceção.

Xangô seria a Justiça implacável

Atenas reúne a espada do raciocínio lógico e a ponderação da balança, tornando a Justiça mais branda e adequada ao aprendizado da pessoa em julgamento. Porém dela não obteremos aquilo que se espera nem o que queremos, mas o que merecemos. E para quem esta sob seu julgamento, só resta aceitar o que se obteve

E por que o Louco encontra agora com a Justiça, um arquétipo tão poderoso quanto o Imperador, por exemplo? 

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Versão feminina do Carro, arcano 7 do Tarotpor Alvaro Domingues - [email protected]

O Carro é por muitos considerado o sujeito do Tarot e está associado à Jornada do Herói, como descreveu Joseph Campbell.

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Embora o arquétipo do herói seja fortemente masculino, nada impede de uma mulher percorrer a jornada do herói. E há versões femininas deste arquétipo.

Na Tarot Encantado, que tem características fortemente femininas, temos a escolha de Brunilde, a Valquíria, como representante de O Carro.

As valquírias eram entidades nórdicas com a função de levar os guerreiros valorosos, mortos em batalha, para Valhala. E Brunilde teria sido a principal das Valquírias, mas por ter desobedecido Odin, poupando um guerreiro por achar a determinação do deus injusta, é condenada a ficar dormindo em uma montanha e só ser libertada por um homem que a derrotasse. Ele ficaria presa em uma montanha, guardada por um dragão. Quem consegue a façanha é Sigfried, filho do herói que ela salvara.

Esta lenda dá origem à história da Bela Adormecida, que foi sendo bastante atenuada ao longo dos séculos. Numa das versões mais antigas, Brunilde é estrupada pelo seu pretenso salvador.

No Tarot Encantado, a cena evocada é a da Cavalgada das Valquírias, da ópera A Valquíria de Richard Wagner. Na carta, O Carro é mero coadjuvante, já que Brunilde está montada num cervo (na lenda é um cavalo) e, ao contrário do herói do Tarot de Marselha, mantém as rédeas seguras com a determinação de conduzir o animal (ainda que seja na direção oposta a que seu dever lhe manda). O herói masculino que está no carro consegue seus feitos pela inspiração da divindade. Aqui não há nenhuma ambiguidade. As rédeas tem que ser seguras em direção ao que manda a consciência da heroína.

A Heroína fará o que for preciso ainda que sofra as penas que lhe são impostas. É um outro tipo de herói, que parte da determinação e da coragem em contradizer a ordem vigente e paga o preço, às vezes com a própria vida. Ela não escolhe o sacrifício, como, por exemplo Jesus, mas está disposta tudo para defender aquilo que acredita.

De certa forma, esta postura tem muito a ver com as lutas feministas que vem ocorrendo no mundo em busca de maior autonomia, quebrando justamente o paradigma da supremacia masculina.

Um bom exemplo de heroína que percorre a Jornada do Herói, é Doroty, do Mágico de Oz. Sua motivação é bastante simples, só quer voltar para casa e o fará ainda que tenha que derrotar a Malvado Bruxa do Oeste. E o poder masculino, que seria sua salvação, é na realidade uma farsa.

Os Enamorados ou A Indecisãopor Alvaro Domingues - [email protected]

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O Louco já conheceu a estrutura da natureza e da civilização, tomou contato com a religiosidade formal e agora dará mais um passo.

Se tomarmos ao pé da letra o nome da carta, seria o encontro com a sexualidade, a descoberta dos encantos de Eros. Fisicamente estaria na adolescência. Podemos estender esta comparação para as outras cartas: ele nasceu (ou descobriu a vida) ao encontrar o mago; passou a primeira infância sob os cuidados da sacerdotisa; aprendeu a andar com a Imperatriz; foi para a escola acompanhado pelo Imperador (que pode ser seu pai ou seu professor) e fez a primeira comunhão com o Papa. 

O Louco encontra simultaneamente com a sexualidade e a espirtualidade No Tarot de Marselha esta carta é composta por um homem entre duas mulheres, que esta prestes a ser flechado pelo Cupido.

Waite preferiu um casal sendo abençoado, porém ao lado da mulher está a serpente, sugerindo que são Adão e Eva. A sexualidade seria a figura da serpente, visto como algo maligno pela cultura judaico-cristã (e patriarcal, visto que Eva é a origem do mal).

Contudo há um outro nome atribuído a esta carta: A Indecisão.

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O jovem estaria indeciso entre dois caminhos, o espiritual e o material. Ou entre o amor mundano (sexo) e o amor espiritualizado (o casamento). Esta visão é colocada de forma mais explicita no Tarot Encantado, onde o homem está entre uma mulher que toca sua cabeça (amor espiritualizado) e olha para uma mulher em uma pose sedutora (sexualidade). 

No Tarot encantado, a dúvida entre a espiritulidade e a sensualidade está bem mais explícita. Há alegorias onde o inverso ocorre: a mulher indecisa entre dois homens. É o caso do triângulo amoroso de Guinevere, Arthur e Lancelot, retratado em As Cronicas de Arthur de Bernard Cornwell. Ou de Isolda entre o Rei da Cornualha e Tristão. Aqui

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há o conflito entre o casamento imposto pela sociedade e o amor verdadeiro (que envolve sexualidade) e termina de forma trágica para todos os envolvidos. 

Um outro nome para esta carta é A Indecisão A separação entre sexualidade plena e espiritualidade é típica da Idade Média e tanto uma visão quanto outra são colocadas na mulher: a mulher idealizada como intocável (a donzela – outra palavra para virgem – dos romances de cavalaria) ou como fonte de tentação e de todo o mal (indo da bruxa à femme fatale dos dias de hoje).A serpente aparece muitas vezes representando o desejo sexual ganhando representações cada vez mais dramáticas a ponto de virar o dragão que rapta a donzela (que curiosamente o cavaleiro de “coração puro” tem que matar com uma lança – uma forte alegoria da relação sexual). 

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 Waite optou por colocar dois amantes sendo abençoados, porém a serpente aparece como uma condenação implícita á sexualidade e à mulher. No oriente, a serpente também está associada à sexualidade, porém de uma forma mais positiva: ela representa a energia vital que está adormecida no chacra básico e pode ser despertada pelo sexo, energizando todo o ser. A dicotomia sexo / espiritualidade é inexistente, quando olhada deste ponto de vista.

Na história do ocidente esta questão tem uma relação pendular indo de um extremo ao outro ao longo do tempo. Períodos de liberdade sexual plena são alternados com períodos de repressão máxima. Da permissividade geral à culpabilização pelo sexo, quer seja por leis ou por medos disseminados (inferno ou aids). 

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Observe este quadro de Paulo Ucello, que mostra São Jorge matando um dragão:parece que mulher tem o dragão como bicho de estimação– um retrato do preconceito em relação à mulher e à sexualidade.

O Imperador -- A Força da Civilizaçãopor Alvaro Domingues - [email protected]

Da mesma forma que a Imperatriz é o arquétipo feminino por excelência, O Imperador é o arquétipo masculino por excelência. O homem, por ser incapaz de gerar, constrói. O Imperador é o Construtor da Civilização, que, em tese, se opõe à natureza. O homem também concebe. Então torna-se pai. Não é por acaso que o Tarot da revolução francesa o chama de Grand Père, Grande Pai (que também significa avô). O termos “pátria” também tem sua raiz em “pai”. A Nação (o povo, a terra e a cultura) é a Imperatriz. O Imperador é a Pátria: a organização política, os limites territoriais e as instituições.

O termo “conceber” tem outro significado: produzir uma ideia. A ideia é gerada na mente. Assim como o inconsciente é feminino, a mente consciente, arquetipicamente falando é masculina. O homem, do mesmo jeito que concebe um filho, concebe uma ideia com sua mente consciente.

Vejam bem: estas imagens são arquetípicas e não justificam nenhum preconceito de gênero.

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O arquétipo pode ser entendido com uma força psíquica, que atua nos seres humanos independentemente de seu gênero ou orientação sexual. Assim teremos homens e mulheres capazes de conceber ideias e de participarem da estrutura de poder bem como homens e mulheres com sensibilidade e amor pela natureza. Há cientistas, governantes, poetas e artistas plásticos em ambos gêneros.

O Imperador e a Imperatriz podem estar em harmonia e assim teremos o que hoje se chama um “desenvolvimento sustentável”. Um povo feliz numa pátria estável, respeitando a natureza.

Se estiverem em desarmonia, com prevalecimento do Imperador teremos o desrespeito à natureza, o desvio do papel das intuições, a concentração do poder e, no limite, um governo totalitário. O lado negro do Imperador é bem visível: imperadores romanos, ditadores de qualquer coloração política, o imperialismo dos dias atuais, a corrupção e o favorecimento das elites em detrimento do povo.

Se por outro lado, se a Imperatriz prevalecer, pode ocorrer o abandono das instituições e a sua deterioração, podendo levar ao caos. O lado negro da Imperatriz é a Lei das Selvas, que paradoxalmente favorece o mais forte.

Se pensarmos no movimento pendular da história, um Imperador em desequilíbrio leva ao totalitarismo. Que vai gerar uma Imperatriz cheia de ódio e uma revolução. O poder é derrubado e surge um caos e torna-se necessário um novo Imperador, que vai no inicio tomar as rédias da situação e depois acumular poder gerando um novo desequilíbrio. O Exemplo mais claro é a Revolução Francesa: Absolutismo, Revolução, Reinado do Terror, Napoleão Bonaparte.

 

A Revolução Francesa é simbolicamente representada por uma mulher, uma das faces da Imperatriz.

 O ideal seria um equilíbrio das duas forças arquetípicas. O Imperador e a Imperatriz lado a lado, em vez de um subordinado ao outro.

Isso vale para nosso interior também. Um excesso do Imperador nos leva a negligenciar o corpo e as relações sociais e um forte apego às regras. Um excesso de Imperatriz leva à vaidade, o consumo exagerado, valorização em demasia dos relacionamentos sociais superficiais em detrimento de outros mais significativos e um desprezo às regras, mesmo àquelas que lhe seriam benéficas.

O Louco encontrou o valor e o significado das regras e também suas limitações ele agora perdeu um pouco da espontaneidade, porém ganha mais estabilidade o que o permite seguir em frente. Se pensarmos eu Freud, o Louco aprendeu o “princípio da realidade”. Se ele

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aprendeu as lições anteriores, seguindo as regras, paradoxalmente, se tornou mais livre: agora pode pensar em seu futuro e dar forma a seus sonhos.

A Sacerdotisa e A Imperatriz – Duas figuras femininas importantespor Alvaro Domingues - [email protected]

A Sacerdotisa - a Guardiã do inconsciente

A carta seguinte, representa A Sacerdotisa, ou a Papisa. Ela é uma entidade arquetípica com uma gama enorme de significados. Em primeiro lugar é uma carta de natureza fortemente feminina e está ligada ao religioso. Esta carta é uma das que faz suspeitar que o Tarot é muito antigo, já que na Idade Média a mulher não tinha este destaque e a religião era governada pelos homens.

Entre as origens do Tarot, considerasse como uma possibilidade dele ter vindo do Egito, já que a mulher tinha um papel importante na sociedade, normalmente exercendo o papel de chefe da religião. Outra possível origem são os Cátaros, que divinizavam a mulher, ou melhor, o arquétipo feminino ou Ânima. Eles foram massacrados pela Igreja Católica e indiretamente são os responsáveis pelo crescimento do culto a Maria. Segundo algumas lendas, eles recriaram o Tarot para manter o seu conhecimento disfarçado como um jogo de cartas. A intenção dos cátaros era que o baralho sobrevivesse e a maneira dele se perpetuar era através do vício. O vício do jogo manteria vivo o baralho até que alguém o decifrasse, trazendo a luz sua sabedoria.

Verdadeira ou não esta história, ela tem em seu cerne um conceito importante: às vezes do lugar mais escuro vem a luz e no lugar onde há muita luz ela cega impedindo a verdade de ser vista. Os padres da Igreja católica se julgavam portadores da luz e ficaram cegos às verdades cátaras.

Todo este contexto leva ao significado maior da Sacerdotisa. Ela é portadora da sabedoria oculta.

A nossa fonte maior de sabedoria oculta é o nosso próprio inconsciente. Assim sendo ela é sua guardiã.

Mas por que manter um conhecimento oculto, a nível pessoal? Pelo mesmo motivo que os cátaros foram perseguidos: a humanidade não estava preparada para entender o conhecimento. Muitas coisas nós inconscientemente sabemos mas seu teor permanece oculto por que nós não conseguimos lidar. Por exemplo, um trauma de infância ou lembranças de vidas passadas, que vão mais atrapalhar que ajudar. Então eles ficam trancados lá.

A Sacerdotisa quando aparece numa leitura está ali pra revelar algo oculto, mas nunca mostra completamente, pois às vezes o segredo é inefável e só pode ser sentido e não verbalizado. Normalmente é representada com pelo menos uma das mãos oculta e está de pé diante de um portal, que é a entrada do inconsciente.

O Louco em sua viagem estaria pronto para as revelações da Sacerdotisa? No estágio em que ele está, ainda não. Mas já percebe que há algo oculto que precisa ser revelado. Neste instante ele tem uma motivação para continuar a Jornada. Ele agora tem uma Demanda, algo que vale a pena lutar.

Na mitologia e nas obras de ficção este momento é quando o herói recebe sua missão, a maioria das vezes de maneira indireta. É Luke encontrando R2D2,

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Gandalf mostrando o real significado do anel para Frodo, M convocando James Bond, Arthur confrontado com a espada na pedra e o primeiro encontro de Percival com o Graal. Neste momento sabem que algo precisa ser feito mas não sabem o tamanho da encrenca. Mesmo não estando explicitamente presente, quem rege este momento é A Sacerdotisa.

A Imperatriz - As forças da Natureza

O segundo arquétipo feminino é a Imperatriz. Representa a mãe e a natureza. A mulher enquanto mãe tem o mesmo atributo da natureza no sentido de reprodução.

Na maioria dos Tarots ela é representada por uma mulher altiva, sentada num trono tendo um cetro encimado por um globo (representado a totalidade) e um escudo. Por que uma Imperatriz? A Natureza nos governa através de suas leis e, embora nos dê tudo, ela é inflexível e deve ser respeitada. A mãe nos gera e nos dá a vida, mas somos dependentes dela até podermos andar com as próprias pernas. Ela nos dá sustento, educação e disciplina, tal qual a natureza.

Nos anos que se seguiram a revolução Francesa, o Tarot de Marselha sofreu modificações no sentido de transformar as figuras da realeza e eclesiásticas em figuras despojadas deste conteúdo, assim garantindo a sobrevivência do baralho. Assim, a Imperatriz foi chamada de Grand Mère, que pode significar tando a Grande Mãe, como simplesmente avó. A Grande Mãe pode significar tanto a natureza como a nação.

Por todos estes motivos, A Imperatriz é muito apropriadamente representada por Deméter grávida no Tarot Mitológico. Deméter é a deusa da natureza na mitologia grega e está grávida de Perséfone, que será raptada por Hades e descerá ao submundo. Então Deméter enquanto grávida contém os dois atributos arquetípicos femininos: a capacidade de gerar e a capacidade de descer ao inconsciente.

Representa também o corpo físico e o mundo material, onde realizamos nossa vida. O Louco agora está diante do meio ambiente e toma consciência de seu corpo. Também encontra a sua capacidade criativa. Ele pode não gerar, por ser homem, mas pode criar através da arte e da ciência. Pode também plantar, fecundando a Terra, como faria com uma mulher.

Pode-se argumentar que o Louco também poderia ser uma mulher, já que não estamos mais na Idade Média. De qualquer forma esta é a lição a ser aprendida: de que podemos gerar, com o corpo, a Terra ou a mente.

A Jornada do Louco - Iníciopor Alvaro Domingues - [email protected]

O Louco normalmente é representado por um jovem andando distraído, prestes a cair num precipício, sendo alertado por um cão. Ele é a carta zero do Tarot, mas também, pode ser a de número 22, indicando um eterno ciclo. A sequência de cartas do Tarot às vezes é conhecida como a Jornada do Louco, onde ele vai encontrar com cada um das cartas e aprenderá algo com ela. Num contexto divinatório, ele simboliza um nascimento, físico ou simbólico.

O Tarot pode ser encarado do ponto de vista da Jornada do Herói, um processo junguiano de individuação, nos parâmetros definidos por Joseph Campbell, em O Herói de mil faces. O Louco seria quem inicia a Jornada. Esta visão está descrita no livro Jung e o Tarô, de Sallie Nichols.

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O Louco seria alguém que está iniciando um processo de evolução. Por isso, a carta é associada ao nascimento. Ele, no momento em que está retratado, está se lançando no mundo, deslumbrado, mas indiferente aos perigos. Ele vai ter que aprender e a primeira lição que terá é confiar na intuição, representada pelo cão que o afasta do abismo, presente na maioria das representações do Tarot.

O processo não será simples, pois ele terá que sair deste deslumbramento prazeroso para passar pelos perigos e revezes da vida, para por fim se tornar um indivíduo completo.

Este deslumbramento pode ser quebrado por um choque. O Louco pode cair no abismo. A alternativa é encontrar alguém que lhe indique ao menos que caminhos seguir. Na nossa vida pessoal isto é feito por nossos pais e outros educadores.

No processo de individuação, isso é feito por um mentor, que pode ser um amigo, um terapeuta, alguém que já tenha de alguma forma passado pelo processo e pode mostrar ao Louco pelo menos o início do processo.

O Mago - O ilusionista que se torna Mago

O Mago Marselha - Este mentor é representado pela carta de O Mago. Sua função é mostrar os caminhos. Na Jornada do Herói, ele pode ou não acompanhar o protagonista. Se ele não o acompanhar, dará recursos pra fazê-lo. Merlim é um mentor que acompanha o herói, Arthur, por quase toda a vida dele, mudando de papel conforme ela progride. Outro mentor que acompanha o herói é Gandalf, de O Senhor dos Anéis. Ou ainda, Obi-wan Kenobi, na trilogia Clássica de Star Wars. Porém Dorothy, de O Mágico de Oz terá que caminhar sozinha após ter recebido os sapatinhos dourados (item mágico) e James Bond também está só após ter recebido vários "itens mágicos" de Q.

O Louco é um herói masculino no Tarot, porém, quem inicia a jornada pode ser uma mulher (é o caso de Dorothy e de Alice) e o mentor pode ser também uma mulher (Glinda, em O Mágico de Oz). Há mentores masculinos para mulheres (O Gato de Cheserie, em Alice no País das Maravilhas). Há também mentoras femininas (mais raro) para heróis masculinos. Perseu tem como mentora Atenas, que lhe deu o escudo, embora mais dois deuses, Hades e Hermes tenham lhe dado artefatos na sua luta contra a Medusa. Ou novamente Glinda, em Oz, Mágico e Poderoso, como mentora justamente de alguém que se tornará O Mago.

No Tarot de Marselha e em vários outros, O Mago é representado por um ilusionista de feira, que engana as pessoas com truques. Uma representação perfeita deste mago é justamente O Mágico de Oz, principalmente como ele é representado no filme Oz, Mágico e Poderoso. Um poder falso que depois se revela verdadeiro, porque as pessoas (e ele mesmo) passam a acreditar.

E esta é a primeira lição de "O Louco": acreditar em si mesmo.

O Tarot como um Oráculopor Alvaro Domingues - [email protected]

Por que alguém consulta o Tarot? A maioria das pessoas o procura -como a qualquer oráculo- para saber o seu futuro, por simples curiosidade ou para tomar uma decisão. Mais raramente, para aprender algo ou buscar evoluir.

Há algumas crenças que norteiam estas consultas. Uma no destino, ou seja algo que está fora de nós que nos controla, quer seja uma divindade, se formos religiosos, a lei do Carma, se temos uma tendência mais espiritualista, ou

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simplesmente as leis biológicas, sociais o da história, se tivermos uma postura mais materialista.

Outra de quem um oráculo, seja ele qual for, pode captar esta informação de alguma forma, por meio de intervenções de entidades (anjos, espíritos, ou que quer que seja), por meio de propriedades do próprio baralho, por meio de captação de energia, ou se formos junguianos, pela Sincronicidade ou pelo Inconsciente Coletivo.

Eu pessoalmente prefiro a explicação junguiana, por admirar Jung e por ser esta uma explicação não vinculada a crenças espiritualistas, embora não as exclua. Ela tem sido bastante útil por estar no meio caminho entre a ciência tradicional e as crenças espiritualistas. E ela dá suporte ao que eu tenho observado no meu trabalho com o Tarot.

O que eu tenho observado é que, enquanto oráculo, o Tarot traz a luz o que o consulente já sabe, ainda que não saiba. Confuso com a frase sublinhada? A frase eu ouvi numa peça de teatro, dito por uma xamã sobre um processo de cura místico que operava num dos personagens, e a achei bastante pertinente.

A chave para entendê-la é o inconsciente. Ele capta tudo que está a nosso redor, mas é filtrado de forma a tornar sua vida mais confortável. O nosso futuro é moldado pelo que fizemos no passado, pelo que acreditamos, pelas condições do meio a nossa volta, por leis físicas, química e biológicas e psicológicas e pelas escolhas que fizemos, fazemos e faremos. O inconsciente sabe de tudo isso. O Tarot apenas ajuda a mostrá-lo, usando a linguagem própria de sua mente mais profunda: os símbolos.

Os símbolos precedem a escrita e talvez até a fala na história da humanidade e, por não ter um significado restrito, permitem ser interpretados de várias formas, atingindo não a mente racional, mas o nosso hemisfério direito, responsável pelos sentimentos, emoções e pela arte. O tarólogo tem a função de canalizar o significado destes símbolos e também de suas percepções sobre o consulente e transformar em algo mais inteligível e dizê-lo em palavras.

As palavras estão em outro domínio, porém, como um poeta, o tarólogo é capaz de transformá-la em veículo para transmitir algo que só pode ser sentido e não dito. Outro paradoxo? Sim. A arte é formada disso e nossa vida também.

Os Planetas - Parte 1por Alvaro Domingues - [email protected]

Um outro grupo de personagens que habita os céus e a Astrologia são os Planetas. 

A astrologia adota o significado original da palavra planeta, que significa "errante", usado em oposição às estrelas, que, em relação à esfera celeste, aparentemente estão "fixas". Portanto, para a Astrologia, o Sol e a Lua são planetas, pois são errantes, ou seja, se movem no céu para um observador da Terra.

Para o astrólogo, o que interessa são suas influências em relação às pessoas. As estrelas e constelações seriam apenas pontos de referência para analisar-se os reais atores do drama celeste, os planetas. É inegável a influência do Sol sobre a Terra, pois rege as marés e sem ele a vida seria impossível. Também é inegável a influência sobre as pessoas: compare um dia de sol brilhante e um nublado, por exemplo. E a lua também. Veja o termo "lunático", aplicado às pessoas mentalmente perturbadas, associada a uma possível agitação maior destas pessoas

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em determinadas fases da lua. Tratar estes dois astros como planetas é bastante pertinente quando pensamos em Astrologia. Fora do mapa astral, o astrólogo sabe que o Sol é uma estrela e a Lua o satélite da Terra.

Ao todo são dez planetas: a lua e o sol e os planetas, excluída a Terra, embora possam ser considerados nos mapas alguns asteroides maiores como Quíron e Sedna e posições especias da lua, como Lilith e os nódulos lunares, que tem influência nos mapas astrais como um planeta.

Os planetas são classificados em três grandes grupos, os planetas pessoais, que estão mais próximos e com ciclo orbital (giro em torno do sol ou seu caminho na esfera celeste) próximos a um ano. Dado o tempo curto deste ciclo são os que mais influenciam o nosso dia a dia, por isso são pessoais. São eles:

Sol, com ciclo orbital de um ano (na realidade, obviamente este é o ciclo orbital da Terra);

Lua, com ciclo orbital de 27, 33 dias (na realidade o movimento de revolução em torno da Terra);

Mercúrio, 88 dias; Vênus, 225 dias; Marte, 688 anos (aproximadamente um ano e 11 meses) 

O grupo de planetas seguintes é o transicional. O ciclo destes planetas envolvem períodos grandes na vida de um indivíduo, correspondendo a fases de sua vida (por exemplo, infância, adolescência, vida adulta). São eles: 

Júpiter, 12 anos; Saturno, 29 anos e meio.

O último grupo são os planetas geracionais, assim chamados por influenciarem ou mais gerações inteiras.

Urano 84 anos; Netuno 165 anos; Plutão 248 anos.

Apesar de Plutão ter perdido seu status de planeta, ainda é considerado como tal pela Astrologia.

Os planetas geracionais foram descobertos após a invenção do telescópio e não estão presentes na astrologia da Antiguidade e da Idade Média. Devido a seu ciclo extremamente lento, a percepção de sua influência pela geração de pessoas que a vive não é clara. O estudo da História e da Sociologia nos dá uma visão de períodos mais logos e conseguimos hoje em dia olhar de fora as gerações passadas, nossa própria geração e a juventude e adolescência do momento presente. Costumamos dar nome a elas (às vezes pejorativos), baby boomers (pós guerra até anos 60), geração X (anos 60-70), geração Y (anos 80-90, ironicamente chamada de Geração Coca-Cola) e geração Z (pós anos 2000). Ou movimentos sociais oriundos da juventude ou artes: hippies, punks, darks, new wave, clubers, góticos ou impressionismo, cubismo, pós modernidade etc.. que afetam um grupo grande de pessoas.

Os Planetas - Parte 2por Alvaro Domingues - [email protected]

Cada um dos planetas representa um papel no drama astrológico desnhado no céu de cada um de nós. Os consideramosm os principais atores. Vamos ver agora qual é

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o atribuído a cada um deles.

Inicialmente, os dois pricipais planetas pessoais, que como vimos tem uma influência mais forte no nosso dia a dia: o Sol e a Lua.

O Sol

Devido à sua importância como astro, o Sol designa o nosso signo de nascimento, a que chamamos de signo solar. Seria o signo onde naquele momento o sol estaria presente.

Ele rege aquelas características básicas que lemos em livros de astrologia populares, que nos contam como cada signo é.

O sol rege o signo de Leão. Simbolicamente, Leão está associado ao poder, autoridade e liderança, por isso o Sol como seu regente.

A casa natural do Sol é a quinta casa, que se refere às diversões e aos prazeres e também a criatividade. Culturalmente é muito fácil associar o Sol a estas características. Quem não gosta de um dia ensolarado? Como não comparar o brilho de uma ideia criativa ao brilho do próprio Sol?

Na mitologia grega, o Sol está associado a Apolo, simbolizando outras características associadas ao astro-rei: juventude e vitalidade. Apolo também governa as artes (em especial a música), a cura e a profecia.

Sua presença em determinada leitura indica momentos ou situações onde a individualidade pode se manifestar, ou seja, onde a luz da pessoa pode brilhar, como no dia de seu próprio nascimento.

Lua

A Lua está associa à noite e seus mistérios e também à constante mutação. Astro feminino por excelência, rege o ciclo menstrual da mulher e também vários outros ciclos, como as marés (em conjunto com o Sol).

Há vários mitos que envolvem criaturas da noite influenciadas por ela merecendo destaque as bruxas e os lobisomens. Convém aqui desde já desmistificar a imagem da bruxa como malévola, distorção provocada pelo cristianismo, que demonizou a sabedoria feminina.

Creio que está mais do que na hora as religiões cristãs deixarem seu pedestal e respeitarem a sabedoria de religiões ditas "primitivas" que reconheciam o valor das mulheres.

Astrologicamente, a Lua rege a impulsividade que da força à criatividade, à intuição, à emotividade. Rege o signo de Câncer (o signo da emotividade) e tem como casa natural a quarta casa, o lar.

Na mitologia Lua está associada a diversas divindades, por exemplo, Hécate, a Deusa com três faces, representando três aspectos da Lua: brilho máximo (Lua cheia), brilho mínimo (Lua Nova), brilho diminuído (crescente e minguante); Selene (ou Luna), a Deusa dos mistérios e Diana (ou Ártemis), a Deusa da caça e irmã gêmea de Apolo.

O culto a Diana acabou suplantando o das outras divindades, assumindo também algumas das características das outras deusas. Isso trouxe um certo prejuízo: Diana e Selene eram muito similares em muitos aspectos, porém diferiam em um, em quase total oposição: a relação com a sexualidade. Diana era um virgem irredutível, que inclusive se vingava de homens que a desejavam. Selene por outro lado dava livre vazão a seus desejos sexuais, mais adequada à imagem de cúmplice dos amantes que fazemos da Lua hoje.  

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Os Planetas - Parte 3por Alvaro Domingues - [email protected]

Mercúrio

Mercúrio está relacionado à mente, ao processo de pensamento e às comunicações, à magia e à iniciação.

Rege dois signos: Gêmeos e Virgem. Suas casas naturais são a terceira, das comunicações e a sexta, do trabalho.

Tem um ciclo planetário de 88 dias, fazendo com que seja o planeta mais veloz do céu. Por esta razão ele está associado ao deus Mercúrio ou Hermes, que era o mensageiro dos deuses, representado algumas vezes com asas nos pés outras com um capacete com asas, ou ainda, as duas. Esta velocidade também era associada à esperteza, a capacidade de pensar rápido e tirar proveito disso.

Vênus

Vênus é o planeta do amor, das relações afetivas e das posses. É considerado um planeta benéfico, sendo às vezes chamado de o pequeno benfeitor. Vênus simboliza o que a pessoa atrai para si e como se relaciona com os outros.

Rege os signos de Touro e Libra e suas casas naturais são a segunda, dos ganhos e gastos e a sétima, das relações próximas.

Vênus ou Afrodite na mitologia é a Deusa da Beleza e representa o arquétipo feminino, reunindo em si todos os atributos associados ao sexo feminino: beleza física, sensualidade, desejo, fragilidade e as emoções do amor, do ciúme e da vaidade. Por isso o seu símbolo usado para designar o sexo feminino. Estes atributos são oriundo de uma cultura milenar patriarcal e são apenas arquetípicos ou simbólicos.

Marte

Marte está associado à energia voltada para a ação, o impulso, a motivação de fazer as coisas.

Rege o signo de Áries e sua casa natural é primeira casa, a casa do Eu.

Na mitologia Marte é o Deus da Guerra e representa a masculinidade arquetípica, sendo o seu símbolo usado para designar o sexo masculino. A força física, a determinação, a agressividade, a ausência de delicadeza, o uso de armas a inteligência estratégica estão associados a ele. Também as emoções de raiva e ódio.

Os Planetas - Parte 4por Alvaro Domingues - [email protected]

Planetas Transicionais

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Júpiter e Saturno são chamados de planetas transicionais por terem ciclos planetários que percorrem um longo período da vida de um indivíduo.

Júpiter tem um ciclo de 12 anos seguirá os períodos evolutivos básicos: até os 12 anos, infância, dos 13 aos 24, adolescência, juventude, dos 25 té 36, idade adulta plena, 37 aos 48, maturidade e assim por diante. A cada ciclo de 12 anos há uma mudança significativa no amadurecimento do indivíduo.

Já Saturno tem um ciclo maior, de 29 anos e meio, marcando mudanças mais acentuadas: juventude, até os trinta anos (os anos do plantio); maturidade, dos 31 aos 60 anos (os anos da consolidação); velhice, dos 61 aos 90 (colheita).

Júpiter

A palavra jovialidade vem de Jove, um dos nomes de Júpiter e deu origem também à palavra "juventude". Seria esse um dos aspectos de Júpiter, a alegria. Outro aspecto é a sabedoria. Se Júpiter fosse uma pessoa, seria aquele que sabe se divertir, mas é capaz de, quando necessário, ser circunspecto e pensativo. É o estudante que se diverte numa balada, mas também é capaz de passar uma noite em claro estudando para uma prova.

Ele rege o signo de Sagitário e sua casa natural é a nona casa, a da sabedoria ou da educação superior, portando esta associado à escolha da carreira do indivíduo, embora a regência da carreira em si ocorra na décima casa, a cargo de Saturno.

Na mitologia, Júpiter é o Deus dos deuses, o regente que governa os céus e a Terra e administra a justiça e o clima. Normalmente era associado aos raios que usava para castigar os pobres mortais.

Saturno

Saturno está associado à carreira do indivíduo e também aos sucessos e infortúnios da vida. E entre os infortúnios está a morte. É um planeta difícil de interpretar e normalmente mexe com o emocional do astrólogo iniciante. Para contornar estas dificuldades, pode-se pensar em Saturno como o planeta que rege a colheita, tal qual o deus que lhe deu o nome. A saturnália, festa dedicada a ele, ocorria no solstício de inverno e acabou dando origem ao natal cristão.

Ele rege o signo de Capricórnio e décima casa, casa da carreira.

Na mitologia é o deus da Agricultura e também do tempo, equivalendo Cronos. Derrotou Urano, seu pai e por usa vez foi destronado por Júpiter. Exilado na Terra, trouxe prosperidade na região que governou e segundo algumas lendas, ajudou a fundar Roma, tornado-se seu protetor.

Os Planetas - Parte 5por Alvaro Domingues - [email protected]

Planetas Geracionais ou Transcedentais 

Os planetas geracionais, transpessoais ou transcendentais são aqueles que tem um ciclo planetário e influenciam toda uma geração de pessoas, não somente os indivíduos. Como eles estão além de Saturno podem ser chamados também de transaturninos. Todos foram descobertos a partir do século XVII e não são considerados na Astrologia Medieval (ainda praticada hoje) ou da Antiguidade e

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demoram para integrar o cânone da Astrologia atual.

Urano

Urano é o primeiro planeta do grupo geracional, com um ciclo planetário de 84 anos. Este ciclo pelo zodíaco percorrerá a totalidade da vida um indivíduo longevo.

Este planeta foi descoberto em 1781, às vésperas da revolução francesa (1789), e alguns anos depois da independência dos EUA (1776).

Na época a Astrologia estava em crise porque o Racionalismo era doutrina filosófica reinante e as Universidades já haviam separado a Astronomia da Astrologia e abandonaram o seu ensino.

O caráter de Urano foi associado às convulsões sociais da época e à própria crise de Astrologia. Ele seria o portador da inovação, do impulso e da independência. Ele rege as revoluções e muitos astrólogos associaram os atuais movimentos sociais que estão ocorrendo no mundo e no Brasil pela presença de Urano em Áries.

Ele rege o signo de Aquário, o signo das mudanças evolutivas. Sua casa natural é 11ª Casa, a casa dos projetos futuros e dos grupos e dos amigos.

Na Mitologia é o deus do Céu, gerado por Gaia (a Terra) que o tornou seu marido. Na mitologia ele era um deus ciumento que devorava os próprios filhos. Gaia escondeu seu filho Saturno, que derrotou o pai, castrando-o. Ao atirar os genitais do pai na Terra, Vênus foi gerada.

Netuno

O segundo planeta geracional é Netuno, com ciclo planetário de 165 anos, ou seja, leva mais de um século e meio para percorrer todo o zodíaco.

Descoberto em 1846, Netuno foi associado à criatividade, à fé, mas também à confusão e à ilusão. Ele seria o portador do misticismo, que ele tem de bom e de ruim: a capacidade de ver além da realidade e também o perigo de perder contato com ela. O vidente e o visionário. O xamã e o charlatão. O sábio e o louco. A fé redentora e o fanatismo. A esperança e a decepção.

Netuno rege o signo de Peixes e tem como casa natural a décima segunda, a Casa do Inconsciente.

Na mitologia é o deus dos mares (daí sua associação com o inconsciente), dos rios, dos lagos e dos cavalos.

Plutão

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Plutão foi descoberto em 1932 e tem um clico planetário de duzentos e quarenta e oito anos.

Ele é considerado planeta das grandes mudanças, onde uma estrutura antiga é destruída para dar origem a uma nova. Também rege grandes catástrofes, mudanças políticas profundas, reestruturações de empresas muito grandes. Em suma, tudo que está fora do alcance das pessoas.

Apesar dele ser um planeta que opera em eventos que atingem um grande período de tempo, portanto muita gente simultaneamente, ele pode influenciar a vida de uma pessoa, quando os planetas pessoais (Sol, Lua, Mercúrio, Vênus e Marte) entram em aspectos com ele. Ele agirá sempre no sentido de causar grandes mudanças na vida da pessoa. Por exemplo, a perda de um emprego que a forçará a buscar novas oportunidades e mostrar seus talentos, coisa que não faria se estivesse empregado.

Neste momento, Plutão está em Capricórnio. Ele entrou em 2008 e ficará nele até 2024. Plutão em Capricórnio indica um período de grandes mudanças em estruturas que não mudam há muito tempo. Coincidência?

Ele rege o signo de Escorpião e a Oitava casa, a casa da transformação (nada mais apropriado), das associações e da sexualidade.

Na mitologia ele rege o reinos mortos. Para os gregos e romanos não havia o conceito de céu ou inferno. Os mortos iam todos pra o mesmo lugar, retratado como um lugar sombrio (aproximasse do conceito de Umbral). Plutão seria o regente deste mundo. Em algumas obras de ficção mais recentes (o Hércules da Disney, o novo Fúria de Titãs, por exemplo) ele é aproximado ao mal, numa tentativa de assemelhá-lo a Satã. Nada mais injusto! Embora se regente de um mundo sombrio e tenha sido opositor de outros deuses, cometido algumas crueldades (por exemplo, raptado Perséfone), para os gregos e romanos não existe uma dualidade forte entre o bem o e o mal. Todos os deuses são capazes de fazer grandes atos de generosidade, como grandes maldades.

Os signos - Parte 1por Alvaro Domingues - [email protected]

Atendendo a alguns pedidos, estou retomando o tema das caracterísitcas do signos.

Aries 

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Aries é Yang, Fogo e Cardinal. 

 

Aries é criativo, ativo, corajoso, cheio de energia, autoconfiante e também, impaciente (quer os resultados logo), egoísta, obstinado (quer o resultado a qualquer custo, mesmo que não seja mais benéfico). Podemos dizer que a palavra-chave e em Aries é iniciativa.

Características positivas: iniciativa, coragem, energiaCaracterísticas negativas: impaciência, impulsividade, obstinação

Touro 

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Touro é Yin, Terra e Fixo.

Esta combinação faz com que Touro seja o signo mais resistente à mudanças do zoodiaco. Se a coisa vai bem, por que mexer? Este é primeiro pensamento de um taurino. Sua negativa esta ancorada no bom-senso, e na lei do mínimo esforço. Muitas vezes isso pode ser interpretado como preguiça, principalmente por nativos de fogo. E às vezes é mesmo, sendo este um dos principais desafios de Touro: abandonar a inércia. Todavia, quando está determinado, dificilmente alguém consegue demover um taurino de seu intento. Ele fará a mudança, mas de forma cautelosa, lenta e firme. O resultado normalmente é uma construção sólida. Um taurino não inciaria uma revolução, mas com muita probabilidade participaria do governo provisório, ou seria o construtor de uma ideologia sólida (Marx era taurino). Características positivas: determinação, bom-senso, meticulosidade

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Características negativas: teimosia, ciúme gerado por possessividade, resistência a mudar de opinião até em assuntos banais. Gêmeos

Gêmeos Yang, Ar, Mutável. 

 

Gêmeos é tudo o que touro não é: tem iniciativa (yang), busca a mudança (a combinação ar-mutável). Gêmeos pode ser comparado a um furacão. Animado, tende a tirar os outros de sua zona de conforto (Touro detesta isso). Esta postura pode trazer instabilidade, tanto para o geminiano como para o ambiente onde ele está. Um geminiano abandonará facilmente um objetivo ao primeiro sinal de que ele não vai dar certo. Normalmente ele percebe com clareza estes sinais, porém não investe na correção do rumo, preferindo

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abandonar de vez o projeto. A mudança rápida de opinião gera desconfiança, sobretudo para os nativos de signos da Terra. Gêmeos quer resultados rápidos o que o torna ansioso e impaciente e visto como sem constância, sobre tudo em trabalhos que demandam longo prazo.

Características positivas: versatilidade, percepção da praticidade de uma ideia, líder inspiradorCaracterísticas negativas: ansiedade, impaciência, falta de determinação. 

Câncer

Câncer é Yin, Cardinal e Água  

A Água Yin é emoção pura. E, por ser cardinal, em Câncer a emoção vem em primeiro lugar. Câncer normalmente é o signos associada à mãe, que protege, dá segurança, ama incondicionalmente, põe a família me primeiro lugar, tem muita sensibilidade. Esta sensibilidade pode ser excessiva e o canceriano se tornar uma pessoa que se magoa facilmente. A

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Água também está associada também à intuição, o que é bastante notório em Câncer.

A cardinalidade dá persistência a Câncer. Esta persistência associada ao elemento Água está relacionada também à emoção. Numa busca por pessoas desaparecidas, o canceriano é ó último a desistir e mesmo quando as buscas cessarem ele ainda manterá a esperança.

Características positivas: intuição, sensibilidade, determinação, cuidadoso com o outro Características negativas: magoa-se facilmente, humor instável, falta de objetividade.

Os signos - Parte 2por Alvaro Domingues - [email protected]

Leão

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Leão é Yang, Fogo e fixo.

Leão é o Fogo que mantém: o fogo da alimentação, da lareira e das caldeiras. Ele fornecerá a energia (no sentido real e figurado) para que algo iniciado com grande entusiasmo se mantenha até sua concretização. Leão é visto como muito autoritário, senhor de si e amante do poder. A maioria deles é, porém o poder que almejam e lutam para conquistar e manter é o poder que pode realizar. Normalmente um leonino é extrovertido e, quando se sente poderoso, se mostra cheio de pompa e apego a símbolos de status. Se for um rei, não dispensará a coroa, o cetro e o manto de arminho. Gosta da corte e, no extremo, de ser cercado por puxa-sacos. Leão é generoso, com a generosidade dos poderosos que podem conceder um favor. “Eu te dou porque eu posso”. Fogo e Yang trazem criatividade para Leão. Uma criatividade voltada para manter as coisas: raramente

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desenvolverá produtos novos, mas criará novos processos. Se for artista, se dedicará a melhorar e desenvolver novas técnicas.

Características positivas: determinação, entusiasmo, coragem, generosidade.Características negativas: egocentrismo, autoritarismo, arrogância.Virgem

Virgem é Yin, Terra, Mutável

Terra mutável? A primeira imagem que nos vem é de um terremoto. Podemos pensar que um virginiano é alguém que resiste o máximo que pode à mudança, mas quando ela se torna premente, ele agirá de forma absoluta, demolindo o que é antigo. Normalmente tem um senso crítico aguçado, o que permite ver o que o precisa ser mudado, mas resiste até o último momento. Terra traz ao virginiano a meticulosidade. De todos os signos, Virgem é o maior amante da organização e dos detalhes. Se você estiver gerenciando um projeto, é bom ter um virginiano por perto. Ele não deixará passar nada, todos os detalhes tem que estar perfeitos. Isso faz dele um perfeccionista. Virgem é mutável, mas cauteloso, e isso o leva a se prender a detalhes, à organização. O nativo de Virgem fará a mudança, mas antes embalará e etiquetará tudo. Tende a ser reservado (característica Yin combinada com Terra), preocupado, ele vê a necessidade da mudança, mas se preocupa com os resultados e o impacto. Por exemplo, vê a necessidade de energia elétrica, apoia a

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construção de usinas, mas se preocupa com o impacto ambiental da geração desta energia (Terra mutável).

Características positivas: senso crítico, organização, eficiência, detalhismo, praticidadeCaracterísticas negativas: criticismo cínico, timidez, preocupação excessiva, radicalismo 

Libra

Libra é Yang, Ar, Cardinal

Por ser Ar e Cardinal, o elemento Ar assume a sua plenitude. Do Ar temos a intelectualidade, o idealismo e, por outro lado a falta de pés no chão. Isso está aliado à iniciativa de Yang e de sua cardinalidade. Agirá para defender um ideal. Normalmente se associa à Libra o

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aspecto de sua constelação: uma balança, que simboliza a Justiça. Libra seria, por isso o equilíbrio, dada a sua capacidade de ver os dois lados de uma questão. Isso, em excesso, pode tornar o libriano indeciso.

Características positivas: justiça, idealismo, iniciativa direcionada a causas que julga importantesCaracterísticas negativas: indecisão, ingenuidade, falta de pés no chão.Escorpião

Escorpião é Yin, Água, Fixo.

Aparentemente Água Fixa é uma contradição, porém ela pode ser contida num lago, numa vasilha ou em forma de gelo. Porém, assim, que possível, o elemento Água assume a sua mutabilidade: a água parada evapora e o gelo derrete. Isso reflete o caráter de Escorpião. Os nativos deste signos são os que tem a maior gama de variações de

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características pessoais. Alguns julgam Escorpião como alguém que não se pode confiar, dando as características do animal que representa a constelação ao nativo do signo. Muitas vezes ouvimos comentários do tipo: Escorpião é terrível, vingativo, etc.. A característica “ser vingativo” vem do fato da água estar contida. A mutabilidade natural deste elemento está aprisionada, o que significa emoções que não podem se manifestar. Um escorpiano será durão na frente dos outros e chorará baixinho no quarto. E a raiva contida se transforma em vingança. Este o principal desafio do nativo deste signo: lidar com emoções represadas. Todavia, esta característica pode ser positiva em momentos em que as emoções estão afloradas e é necessário racionalidade. Se alguém morre, não estará chorando, mas organizará o enterro. Isso não significa que não está emocionado, mas ele só vai dar vazão a seus sentimentos quando se perceber sozinho.

Características positivas: determinação, capacidade de resistir, racionalidade em momentos difíceisCaracterísticas negativas: vingança, ciúmes, emoções represadas.

Signos - Parte 3por Alvaro Domingues - [email protected]

Sagitário

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Sagitário é Yang, Fogo, Mutável

É muito fácil imaginar o fogo mutável. Ele não tem forma definida, não pode ser contido e, se encontrar combustível, tende a ocupar o maior espaço possível. O Fogo é um elemento essencial para um processo de mudanças, destrói o antigo, limpa o ambiente e dá força à criação de nova ideias. Assim é Sagitário: iconoclasta, entusiasmado, líder em processo de mudanças, corajoso, aventureiro. Porém, a coragem, se não for dosada com o bom senso tende à temeridade. Em nome de uma ideia, o sagitariano arrisca-se demais, às vezes irracionalmente. Isso pode ser visto como irresponsabilidade. O entusiasmo exagerado pode levar a um otimismo irrealista.

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Características positivas: entusiasmo, liderança, coragemCaracterísticas negativas: otimismo irrealista, temeridade (arrisca-se demais), irresponsabilidade

Capricórnio

Capricórnio é um signo: Yin, da Terra, Cardinal. 

As características de Yin (receptividade) entram em conflito com a cardinalidade do signo. Capricórnio é determinado, por ser cardinal e Terra. Tende a fazer as coisas visando o mundo material e voltado para outro (característica Yin). Preocupa-se se o outro (sobretudo os filhos) tem condições de sobrevivência material: alimento e abrigo adequado. Sempre que vê outro em dificuldades tende a ajudar, mas pensará que deve fazer algo sólido. Dá conforto material em primeiro lugar, depois pensará no emocional e espiritual, se pensar. Quer que as coisas sejam feitas a seu modo. Se você chamar um capricorniano para ajudá-lo na mudança, ele porá os móveis onde quiser, mesmo que você peça de outra forma. Ele prefere fazer as coisas sozinho, do seu jeito, do que ouvir o outro, mesmo que o outro tenha razão.

Características positivas: ambicioso, prático, responsável (sobretudo pelo outro)Características negativas: rígido, inacessível (o seu emocional muitas vezes é invisível), impositivo (tem que ser do meu jeito)Aquário

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Aquário é Ar, Yang e fixo. 

Muita vezes, é-nos dito que Aquário é um signo que vive no futuro, ou que os aquarianos estão à frente do seu tempo. Esta forma de ver é uma influência da Astrologia Sideral (em oposição à Astrologia Tropical), que considera a posição relativa atual das constelações, afetadas pelo movimento da Terra de precessão dos equinócios. Atualmente, a constelação que inicia o ano astrológico do ponto de vista sideral é Peixes (em vez de Aries). Esta mudança ocorre aproximadamente a cada 2500 anos e o próximo signo a ocupar esta posição é Aquário (o movimento de precessão dos equinócios percorre as constelações do zodíaco em sentido inverso). Como estamos relativamente próximos a esta mudança (ela vai ocorrer daqui a uns 400 anos), suas influências já estariam sendo sentidas (este fato foi muito explorado pelo movimento hippie nos anos 70 e, posteriormente, pela New

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Age). Do ponto de vista da Astrologia Tropical (essa que estamos praticando agora) isso faria sentido? De certa forma sim: Ar é o elemento do movimento, da intelectualidade e dos conflitos (se pensarmos no naipe de espadas que o representa no Tarot). Porém, ele também é um sigo fixo. 

Da mesma forma que Terra mutável, Ar fixo parece um paradoxo. Como o Ar pode ser fixo? Se ele estiver contido (engarrafo, por exemplo), ou num momento sem vento ou, ainda, se estiver num rodamoinho, girando em torno de um ponto fixo.Outro paradoxo de Aquário é que seu nome significa o portador da água. O ar pode transportar a água? Sim, se pensarmos nas nuvens. Assim afastamos da contradição aparente. Contudo, há uma outra coisa a ponderar. As constelações em si mesmas, na Astrologia Tropical, representam apenas um ponto de referência no céu, para o caminhar dos planetas e conhecemos os nomes destes agrupamentos dados pelos gregos. Qual seria o nome desta constelação antes dos gregos terem assimilado a astrologia?Tomando por base aquilo que temos discutido, os signos do ar realmente estão voltados a intelectualidade, à descoberta de coisas novas, que as vezes só se revelam importantes no futuro. Um signo fixo tende a estabilizar aquilo que foi iniciado. Assim um aquariano, com a inciativa garantida pelo Yang, a sede de conhecimento do ar e a tendência de consolidar ideias e ideais vindas da qualidade de um signo fixo, lutará para que uma ideia nova seja trabalhada até mostrar seus resultados, ainda que no longo prazo.

Característica positivas: independência, sede de conhecimento, visão, inventividade, inconformismo (às vezes rebeldia).Características negativas: frieza, insensibilidade, falta de pés no chão.Peixes

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Peixes é Yin, Água, Mutável 

Peixes, que assim como Áries é o Fogo por excelência, é Água por excelência, já que é Yin e mutável também. A água dos quatro elementos é o mais mutável, já que pode assumir os quatro estados (gelo, líquido, vapor e, quando superaquecida, plasma). Água mutável parece ser redundância. Porém ela pode ser contida e ser fixa, como num lago ou na forma de gelo. Por isso, em Peixes a instabilidade emocional é levada a extremos, sendo esta sua característica mais marcante e também o desafio maior que um nativo de Peixes tem que superar. Positivamente, a Água mutável é capaz de se moldar ao outro, sendo Peixes o signo de maior compaixão no zodíaco.

Características positivas: sensibilidade, compaixão, emotividade, introspeçãoCaracterísticas negativas: timidez, falta de praticidade, muito influenciável, ingenuidade, baixa autoestima.

Descrevendo as Características dos Signospor Alvaro Domingues - [email protected]

Nos artigos anteriores vimos as polaridades, as qualidades e os elementos. Agora veremos como cada um destes grupos de

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características geram aquela descrição que normalmente aparece nas descrições das características de cada signo.Como exemplo vamos ver Aries. Consultando os artigos anteriores, vemos que ele é Yang, Fogo e Cardinal. Quem leu os artigos anteriores já pode perceber porque Aries é criativo, ativo, corajoso, cheio de energia, autoconfiante e também, impaciente (quer os resultados logo), egoísta, obstinado (quer o resultado a qualquer custo, mesmo que não seja mais benéfico).

Algumas descrições contemplam uma palavra-chave e em Aries é iniciativa.

Vamos agora escolher um signo da Terra, por exemplo, Virgem.

A polaridade é Yin e a qualidade, mutável. Virgem será receptivo e adaptável. Entretanto, elemento Terra, mesmo em mobilidade, tende a ser mais resistente às mudanças. Virgem é mutável, mas cauteloso, e isso o leva a se prender a detalhes, à organização. O nativo de Virgem fará a mudança, mas antes embalará e etiquetará tudo. Tende a ser reservado (característica Yin combinada com Terra), preocupado, ele vê a necessidade da mudança, mas se preocupa com os resultados e o impacto. Por exemplo, vê a necessidade de energia elétrica, apoia a construção de usinas, mas se preocupa com o impacto ambiental da geração desta energia (Terra mutável).

Agora, um signo do Ar: Aquário.

Aquário e Yang e fixo. Muita vezes, é nos dito que Aquário é um signo que vive no futuro, ou que os aquarianos os estão à frente do seu tempo. Esta forma de ver é uma influência da Astrologia Sideral (em oposição à Astrologia Tropical), que considera a posição relativa atual das constelações, afetadas pelo movimento da Terra de precessão dos equinócios. Atualmente, a constelação que inicia o ano astrológico do ponto de vista sideral é Peixes (em vez de Aries). Esta mudança ocorre aproximadamente a cada 2500 anos e o próximo signo a ocupar esta posição é Aquário (o movimento de precessão dos equinócios percorre as constelações do zodíaco em sentido inverso). Como estamos realtivamente próximos a esta mudança (ela vai ocorrer daqui a uns 400 anos), suas influências já estariam sendo sentidas (este fato foi muito explorado pelo movimento hippie nos anos 70 e, posteriormente, pela New Age).

Do ponto de vista da Astrologia Tropical (essa que estamos praticando agora) isso faria sentido?

De certa forma sim: Ar é o elemento do movimento, da intelectualidade e dos conflitos (se pensarmos no naipe de espadas que o representa no Tarot).

Porém ele também é um sigo fixo. Da mesma forma que Terra mutável, Ar fixo parece um paradoxo. Como o Ar pode ser fixo? Se ele estiver contido (engarrafo, por exemplo), ou num momento sem vento ou, ainda, se estiver num rodamoinho, girando em torno de um ponto fixo.

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Outro paradoxo de Aquário é que seu nome significa o portador da água. O ar pode transportar a água? Sim, se pensarmos nas nuvens. Assim afastamos da contradição aparente. Contudo, há uma outra coisa a ponderar. As constelações em si mesmas, na Astrologia Tropical, representam apenas um ponto de referência no céu, para o caminhar dos planetas e conhecemos os nomes destes agrupamentos dados pelos gregos. Qual seria o nome desta constelação antes dos gregos terem assimilado a astrologia?

Tomando por base aquilo que temos discutido, os signos do ar realmente estão voltados a intelectualidade, à descoberta de coisas novas, que as vezes só se revelam importantes no futuro. Um signo fixo tende a estabilizar aquilo que foi iniciado. Assim um aquariano, com a inciativa garantida pelo Yang, a sede de conhecimento do ar e a tendência de consolidar ideias e ideais vindas da qualidade de um signo fixo, lutará para que uma ideia nova seja trabalhada até mostrar seus resultados, ainda que no longo prazo.

Como característica positivas temos: independência, sede de conhecimento, visão, inventividade, inconformismo (às vezes rebeldia).

Como negativas temos: frieza, insensibilidade, falta de pés no chão.

Por fim, um signo da água. Escolhemos Peixes, que assim como Aries é o Fogo por excelência, ele é Água por excelência, já que é Yin e mutável também.

A água dos quatro elementos é o mais mutável, já que pode assumir os quatro estados (gelo, líquido, vapor e, quando superaquecida, plasma). Água mutável parece ser redundância. Porém ela pode ser contida e ser fixa, como num lago ou na forma de gelo.

Por isso, em Peixes a instabilidade emocional é levada a extremos, sendo esta sua característica mais marcante e também o desafio maior que um nativo de Peixes tem que superar. Positivamente, a Água mutável é capaz de se moldar ao outro, sendo Peixes o signo de maior compaixão no zodíaco

Suas outras características são:

Positivas: sensibilidade, compaixão, emotividade, introspeçãoNegativas: timidez, falta de praticidade, muito influenciável, ingenuidade, baixa autoestima.

Para finalizar, no próximo artigo publicaremos uma tabela com os signos e suas características.

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Tabela com as características dos signospor Alvaro Domingues - [email protected]

Olá Leitores Elaborei uma tabela que resume as carcterísticas dos signos, de acordo com o que estamos discutindo. Todavia, o espaço que O Somos Todos Um tem para edição é limitado e a tabela ficou grande. Minha solução, foi colocar um link num blog experimental que estou fazendo.

Para acessar a tabela,  clique aqui.

Tabela das Características do Signos Signo Polaridade Qualidade Elemento Regente Características

Aries Yang Cardinal Fogo Marte

Positivas: iniciativa, coragem, energiaNegativas: impaciência, impulsividade, obstinação

Touro Yin Fixo Terra Vênus

Positivas: determinação, estabilidade, devoção (a uma causa, a uma ideologia ou a uma pessoa)Negativas: resistência a mudanças, teimosia, indolência

Gêmeos Yang Mutável Ar Mercúrio

Positivas: versatilidade, percepção da praticidade de uma ideia, líder inspirador Negativas: ansiedade, impaciência, falta de determinação.

Câncer Yin Cardinal Água Lua Positivas: intuição, sensibilidade, determinação, cuidadoso com o outroNegativas: magoa-se facilmente, humor instável, falta de

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objetividade

Leão Yang Fixo Fogo Sol

Positivas: determinação, entusiasmo, coragem, generosidadeNegativas: egocentrismo, autoritarismo, arrogância.

Virgem Yin Mutável Terra Mercúrio

Características positivas: senso crítico, organização, eficiência, detalhismo, praticidadeCaracterísticas negativas: criticismo cínico, timidez, preocupação excessiva, radicalismo

Libra Yang Cardinal Ar Vênus

Positivas: justiça, idealismo, iniciativa direcionada a causas que julga importantesNegativas: indecisão, ingenuidade, falta de pés no chão

Escorpião Yin Fixo ÁguaPlutão / Marte

Positivas: determinação, capacidade de resistir, racionalidade em momentos difíceis

Negativas: vingança, ciúmes, emoções represadas.

Sagitário Yang Mutável Fogo Júpiter

Características positivas: entusiasmo, liderança, coragemCaracterísticas negativas: otimismo irrealista, temeridade (arrisca-se demais), irresponsabilidade

Capricórnio Yin Cardinal Terra Saturno

Positivas: ambicioso, prático, responsável (sobretudo pelo outro)Negativas: rígido,

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inacessível (o seu emocional muitas vezes é invisível), impositivo (tem que ser do meu jeito)

Aquário Yang Fixo ArUrano / Saturno

Positivas: independência, sede de conhecimento, visão, inventividade, inconformismo (às vezes rebeldia)Negativas: frieza, insensibilidade, falta de pés no chão, rebeldia sem resultado (murro em ponta de faca).

Peixes Yin Mutável ÁguaNetuno / Júpiter

Positivas: sensibilidade, compaixão, emotividade, introspeçãoNegativas: timidez, falta de praticidade, muito influenciável, ingenuidade, baixa autoestima.

As Características dos Signos: As polaridadespor Alvaro Domingues - [email protected]

Quando uma pessoa lê as características de seu signo, às vezes se pergunta como alguém chegou à conclusão de que, por exemplo, Aries é cheio de iniciativa, Touro é resistente à mudança e Sagitário é entusiasmado. Estas características têm origem numa tradição que remonta à antiguidade e são construídas a partir de três fatores, presentes na filosofia a época em muitas culturas: a polaridade, os elementos e as qualidades de cada signo.

PolaridadeA primeira característica que se costuma analisar em Astrologia é a polaridade. A maneira humana de olhar o mundo é dual. Tendemos a pensar em termos de opostos e tentamos agrupar as coisas de acordo com esta visão.  

A provável origem disso está no próprio princípio filosófico que norteou a formação da Astrologia: o homem se viu entre dois extremos: o Céu acima de sua cabeça e a Terra abaixo de seus pés e ele intermediando esta relação. Em vários mitos, sobretudo no Ocidente, Deus ou deuses agem na Terra através dos humanos ou motivados por eles. Seria nosso dever ocupar, e impor nossa criatividade sobre o planeta, e tal como Ele, fazendo surgir coisas novas.  

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Assim estabelecemos a primeira polaridade: Céu e Terra.   

O Céu é visto como criativo e ativo e a Terra, como receptiva e fértil.   

A segunda forma de ver a polaridade, quer a sociedade seja matriarcal, patriarcal ou igualitária, é masculino e feminino.   

A primeira associação que surge é Céu com masculino e Terra, com feminino (isso não é absoluto, pois pode haver culturas onde isso é inverso). E também o primeiro problema: a hierarquização entre os sexos e o estabelecimento de papéis aceitos para homens e mulheres.   

Nos dias de hoje, onde há uma preocupação em tornar a sociedade mais igualitária, rompendo a discriminação da mulher, isso parece se opor a este esforço.   

Jung coloca as coisas de forma mais abstrata, graças ao conceito de Arquétipo. Há um princípio masculino e um princípio feminino, traduzido por Animus e Anima respectivamente. Esse conceito popularmente é conhecido como lado masculino das mulheres (Animus) e lado feminino do homens (Anima).  

Então, quando falarmos de polaridade feminina ou masculina estamos nos referindo a estes princípios arquetípicos.  

Outra forma de pensar em polaridades é Dia e Noite ou vigília e sono. Apesar do Céu revelar-se por inteiro à noite, o dia é que está a ele associado. Durante o dia fazemos nosso trabalho (ativo) e à noite dormimos (passivo). E a noite é repleta de perigos, reais ou imaginários. Nela vivem os vampiros, lobisomens e outras entidades malignas que desparecem ao primeiro raiar do sol.  

Há também a polaridade Yang (Céu) e Yin (Terra) da filosofia Chinesa ou positivo e negativo no Ocidente. Embora possamos pensar em termos de energia circulando entre polos (de uma bateria ou de um imã), a palavra negativo provoca algumas reações de rejeição de nosso inconsciente.   

Pensar em positivo e negativo normalmente nos leva a ver as coisas de modo absoluto e estático. No meu ponto de vista, pensar em termos de processo em andamento é mais útil. O próprio símbolo de Yin e Yang nos mostra que nenhum dos dois conceitos é absoluto e que há uma constante mutação e transformação.  

Escolhemos então tabelar os signos e suas polaridades em Yang e Yin e Masculino e Feminino (no sentido de princípio arquetípicos). As outras polaridades (Céu/Terra, ativo/passivo, positivo/negativo, etc..) podem ser deduzidas, se houver necessidade.  

Este é o primeiro fator a se levar em conta numa interpretação de um horóscopo. Saber a polaridade de um signo, quer ele seja solar, lunar, ascendente ou abrigue um planeta.  

Quais as características de cada uma das polaridades Como optamos pela ênfase na dupla Yang e Yin, vamos consulta o I Ching. O Hexagrama mais carregado de Yang é Chien formado por seis linhas inteiras (hexagrama 1). Uma das traduções possíveis para Chien é "O Criativo" e corresponde ao Céu. 

Ele representa o poder criativo da divindade, seja ela qual for (ou do Universo, se escolhermos uma interpretação não teísta). As interpretações deste hexagrama estão relacionadas ao poder e à atividade em movimento no tempo e no espaço. Uma força de ordem cosmológica.

Como tudo na visão esotérica ela terá seu correspondente no mundo terreno, onde vivem a humanidade: atividade e criatividade oriunda do poder da sabedoria, da

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liderança e por fim da força, que se impõe por carisma ou poder pessoal. 

Quem representa melhor esta imagem é um imperador, sábio, benevolente, mas poderoso e inatingível, podendo se tornar um tirano. Benevolência e tirania seriam os extremos. Na vida real, raramente encontramos um Gandhi ou um Adolf Hitler.Os signos com este atributo tem um forte componente de iniciativa e criatividade, como atributos positivos e como negativos podemos encontrar arrogância e autoritarismo.

O hexagrama mais fortemente Yin é Kun, o hexagrama 2, formado por seis linhas interrompidas. A tradução normalmente aceita é "O Receptivo" e corresponde à Terra. Ele é o complemento de Chen (não seu oposto). Sem alguém que receba a energia emanada do poder, não há realização. O Reiki só se torna possível se a energia universal (Rei) se transformar na energia vital (Ki).

Em diversas mitologias, a Terra não é um resultado de um ato de criação, mas da separação de princípios antes firmemente ligados. A necessidade de haver movimento para assim haver evolução faz com que esta força antes una, se divida em duas, de polaridades opostas, para que haja troca e, na troca, o movimento, criando todas as coisas.

Kun seria o mundo manifesto, o mundo onde a vida e a evolução são possíveis, não como uma ilusão, mas como um processo. Num mundo em perfeita harmonia, o Criativo dá e o Receptivo acolhe, e assim são geradas todas as coisas.No mundo da humanidade, o que seria Kun? Sem pensar em conotações sexistas, seriam os valores normalmente atribuídos ao feminino: a intuição, a sensibilidade e a maternidade (tanto no sentido real como no figurado, por exemplo a geração de uma obra de arte).

O lado negativo seria a negação desta harmonia, quando estas duas forças estão em desequilíbrio, ou seja quando Chen tenta controlar Kun ou quando Kun tenta se sobrepor a Chen. Então Kun se torna vingativa, ciumenta e nega sustento (físico e emocional) à sua prole.

Os signos Yang são: Aries, Gêmeos, Leão, Libra, Sagitário e Aquário.

Os signos Yin são: Touro, Câncer, Virgem, Escorpião, Capricórnio e Peixes.

Os outros dois fatores são: qualidade e elementos. Veremos isso nos próximos artigos.

Os Quatro elementos e suas Qualidadespor Alvaro Domingues - [email protected]

Sabemos que a Ciência demonstrou que existem 92 elementos na natureza, e mais alguns criados artificialmente.

Então, por que continuar a falar em quatro elementos?

Os conceitos da Astrologia e de outras ciências esotéricas trabalham com o simbólico e se baseiam em uma tradição. Apesar da física e da química terem evoluído, ao longo dos séculos, o simbolismo permanece. 

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Os elementos tradicionais são: Terra, Água, Ar e Fogo. Se você observar, vai notar que correspondem aos quatro estados da matéria: sólido, líquido, gasoso e plasma. Não está tão longe assim da física moderna.

Os elementos também estão relacionados com as funções básicas da personalidade: 

Fogo: a criatividade

Terra: as sensações físicas

Ar: o pensamento

Água: os sentimentos

Alguns autores associam o fogo à intuição, como a capacidade de antecipar o futuro. Todavia, a intuição, como oriunda do inconsciente, pode se aproximar da água, onde eu acho conveniente classificar.

Os quatro elementos também podem ser associados aos quatro naipes dos arcanos menores do Tarot (de onde surgiu o baralho comum)

Fogo: Paus, que representa a criatividade e as relações sociais; 

Terra: Ouros, que simboliza os bens materiais e as relações profissionais;

Ar: Espadas, que representa o ato de analisar. Analisar significa "cortar em pedaços". Conta-se que Merlim, brandia uma espada no ar e o Jovem Arthur perguntou: "Mestre, o que está fazendo?". Merlim respondeu: "Estou pensando". Espadas também representa os conflitos;

Água: Copas, que representa os sentimentos e as relações interpessoais e amorosas. Por isso, no baralho comum é representado por um coração.

Na Astrologia os elementos são agrupados em Triplicidades, pois agregam três signos que formam um triângulo equilátero na roda dos signos.

Qualidades

Quanto às qualidades, os elementos podem ser cardinais, fixos e mutáveis e estão associados a cada quatro signos.

A palavra cardinal significa "de fundamental importância", pois são os signos que marcam o início das estações do ano: Aries (primavera, no hemisfério norte e outono, no sul), Câncer (verão no norte, inverno no sul), Libra (outono no norte, primavera no sul) e Capricórnio (inverno no norte, verão no sul).

Também podem ser associados aos pontos cardeais, como se a rosa

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dos ventos girasse no sentido anti-horário, partindo do Leste (nascimento do Sol): Aries, correspondendo ao Leste; Câncer, Norte; Libra, Oeste; Capricórnio, Sul. Perceba as razões dos nomes dos trópicos: Câncer (Norte) e Capricórnio (Sul).

Estes signos podem ser classificados como angulares, como se estivessem nos cantos de um templo quadrado (é provável que na antiguidade tenham sido construídos templos assim, com os ângulos apontados para os pontos cardeais). 

Um outro nome associado à qualidade dos signos cardinais é impulsividade, como se estivessem energizados, pronto para ação.

De um modo geral, os nativos de signos cardeias são centrados e expansionistas: a ação parte do interior para o exterior. Psicologicamente falando, são extrovertidos.

Por aqui se começa a interpretação astrológica das características dos signos. Assim os citados signos cardinais terão as seguintes características: 

Positivas: capacidade de agir, energia, coragem, iniciativa e audácia.

Negativas: agir sem pensar, autoritarismo em excesso, arrogância, falta de foco (quer "abraçar o mundo com as pernas"), temeridade (arrisca demais)

A segunda qualidade é a estabilidade, associada aos signos ditos fixos. Assim, na impulsividade um processo é iniciado e na estabilidade ele é mantido. O exemplo mais claro é com o elemento fogo: uma fogueira foi acesa (impulsividade) e agora, para manter as chamas, continuo colocando lenha (estabilidade).

Numa analogia com a agricultura (provável motivador da criação da Astrologia), o plantio foi iniciado na primavera e preciso cuidar da plantação.

De um modo geral, os nativos de signos estáveis são centrados na interior, são introspectivos e suas ações no mundo partem após reflexão, no sentido de manter ou dar continuidade a uma ação já iniciada.

Os signos associados a esta qualidade são: Touro, Leão, Escorpião e Aquário. E suas características são:

Positivas: capacidade de concentração, capacidade de realização, determinação e atitude reflexiva.

Negativas: insensibilidade, egoísmo, obstinação, lentidão, apatia, imobilidade.

Por fim, a mutabilidade, a qualidade dos signos mutáveis, que são Gêmeos, Virgem, Sagitário e Peixes.

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A ação foi iniciada, foi mantida pelo tempo necessário, agora é necessário encerrá-la ou transformá-la em outra atividade. O fogo mutável se transforma em brasa e depois em cinza, podendo em alguns momentos ser reavivado. A colheita já foi feita, os grãos armazenados e a terra terá que ser novamente arada. Isso num cenário ideal, porém, se houver uma calamidade, como seca ou chuva excessiva, a qualidade de mutabilidade será essencial, ou seja a capacidade de se adaptar às mudanças do exterior ou a tomada de ações para gerar uma alternativa.

Os nativos de signos mutáveis podem ser tanto introvertidos como extrovertidos, dependendo das condições do ambiente ou interiores, ou do elemento a que estão associados (Fogo e Ar conduzem a extroversão e Terra e Água, à introspecção). Podem ser líderes situacionais: ficam quietos num canto até que começa um incêndio, por exemplo, quando sabem exatamente o que fazer e conduzem as pessoas à solução do problema ou são os primeiros a socorrer as vítimas.As características são:

Positivas: percepção e sensibilidade do momento de mudança, flexibilidade e adaptação às novas necessidades, ação em busca de novos rumos.

Negativas: inconstância; alternativas de atividade e inércia, bem como de entusiasmo e depressão. Dualidade, muitas vezes confundida com "duas caras" (na realidade, ambas as faces são verdadeiras, não há dissimulação).

Estas qualidades podem ser combinadas com cada um dos elementos e com as polaridades.

No próximo artigo veremos cada um dos elementos e seu papel na Astrologia. 

Os Quatro Elementospor Alvaro Domingues - [email protected]

Neste artigo discorreremos sobre cada um dos elementos que regem os signos, dando suas características principais e quais signos são regidos por cada um deles.

O FogoO primeiro elemento a ser considerado é o fogo. Ele representa o elemento transformador, já que dos quatro elementos, é o único que de fato é um processo e não um objeto. Ele não pode ser contido ou armazenado. Ele precisa ser alimentado para continuar a existir. Ele nasce, cresce e morre. Pode ser usado para cozinhar alimentos e pode também destruir uma floresta.Diz-se que ele tem as seguintes funções: Criador, Destruidor e Purificador.

Como criador, representa a centelha da vida, o fogo da paixão, a energia que gera movimento.

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Como destruidor, não há o que falar. É bem conhecida a capacidade do fogo de destruir tudo o que toca, principalmente quando está em fúria.

Como purificador, ele atua no processo de limpeza de instrumentos cirúrgicos, quer de forma direta, quer de forma indireta. Em diversas religiões, ele está associado ao processo de limpeza do local de culto ou, simbolicamente, da alma.

As características psicológicas do elemento fogo tem a ver com a imagem que fazemos dele. O fogo representa: criatividade, força, iniciativa, expansibilidade, instabilidade, perigo. Centrado no eu, o que num sentido positivo representa autoconfiança e num sentido negativo, egocentrismo, podendo chegar ao egoísmo.

Os três signos regidos pelo elemento Fogo são: Áries, Leão e Sagitário.Uma maneira mais atual de pensar no fogo é encará-lo como energia.O elemental do fogo é a Salamandra.

TerraO elemento Terra representa o mundo percebido pelos sentidos. É a matéria bruta, o aqui e agora, as necessidades vitais. E também a sensualidade e os prazeres corpóreos. Este é o elemento mais sólido e sobre ele os outros podem se concretizar e nele também o homem pode se realizar, agindo no mundo.

As características psicológicas do elemento Terra estão relacionadas com a solidez: determinação, constância, coragem para defender princípios que acredita, capacidade de construir. Como negativa, temos a obstinação.

Os nativos de signos regidos pela Terra têm uma relação muito forte como material e uma aproximação com o espiritual normalmente lhes é difícil. São capazes de construir Catedrais, mas normalmente não têm paciência de acompanhar cerimônias religiosas de qualquer natureza. No extremo, tendem a ser agnósticos ou ateus. Isso não significa distanciamento de valores. A sua espiritualidade se manifesta no agir no mundo, numa ética rigorosa (que pode se transformar em fanatismo) e atos de caridade, normalmente doações financeiras, às vezes elevadas.

Os signos regidos pelo elemento Terra são: Touro, Virgem e Capricórnio.O elemental é o Gnomo.

ArO ar é o fluído vital sem o qual não vivemos. Na filosofia hindu, ele é o prana, que não só nos dá a vida, como a alimenta (há lendas que dizem que alguns iogues só se alimentam de prana).

Este elemento está associado às manifestações do intelecto, à lógica e ao mundo das ideias. Os nativos de signos regidos por este elemento são capazes de trazer à luz conceitos que muitas vezes aparentemente não têm aplicação prática, mas com o tempo se revelam fundamentais.

Como características psicológicas positivas, temos inteligência, sede de conhecimento, prazer da descoberta, capacidade de argumentação, idealismo, controle das emoções e sociabilidade.Como negativas, temos: falta de pés no chão, incapacidade de demonstrar emoções e sentimentos, às vezes é frio, preocupando-se mais com a descoberta do que suas consequências.

Os nerds são exemplos de pessoas que têm o elemento ar muito presente em seu mapa natal.Os signos regidos pelo elemento Ar são Gêmeos, Libra e Aquário.O elemental do ar são as Sílfides.

ÁguaA água está associada às emoções e ao inconsciente. A influência deste elemento na nossa vida é notória: somos mais de 70% de água. E nosso planeta é formado

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por 3/4 de água. Ela representa vida e, se pensarmos no mar e em grandes rios e lagos temos a profundidade invisível aos olhos, uma representação perfeita do nosso inconsciente.

A natureza fluída e mutável da água conduz a uma analogia com as emoções, sobretudo as mais intensas.

Psicologicamente falando, a água não tem solidez própria, a não ser como gelo, e tem que se amoldar à solidez que lhe é oferecida. Ela sempre precisará do outro, porém isso não significa necessariamente dominação. Ela pode vencer o Fogo, extinguindo-o; vencer a Terra, cavando um leito de rio, e se, pensarmos no Ar como o naipe de Espadas, é impossível para a espada cortar a água.

Então, a emotividade será sua principal característica, tanto positiva como negativamente.

Os signos regidos pela água são: Câncer, Escorpião e Peixes.O elemental da Água são as Ondinas.

No próximo artigo, juntaremos as polaridades, qualidades e os elementos e daremos as características de cada signo. 

O que esperar da Astrologiapor Alvaro Domingues - [email protected]

Quando procuramos um oráculo, seja ele o Tarot, o I Ching ou o mapa astral, tentamos sondar o insondável à procura de pista sobre o futuro ou de uma luz sobre o momento complexo que estamos vivendo. Também podemos procurá-lo com o fim de nos conhecer melhor. Esta talvez seja a melhor função a Astrologia. 

Todos os oráculos podem ajudar no nosso processo de autoconhecimento, mas a Astrologia tem uma grande vantagem sobre os demais: ela é um conjunto bem complexo de descrições de comportamentos e personalidades. Ler o seu mapa astral ou de qualquer outra pessoa é o mesmo que ver uma série de comportamentos com os quais podemos ou não nos identificar. As questões podem ser as mais variadas e podemos usar um mapa astral para além do nosso autoconhecimento. É possível ampliar a interpretação para conhecer algo a respeito da natureza humana ou meditar sobre a cosmologia e os mitos envolvidos na confecção da própria astrologia.

Outra coisa importante: as previsões. Quando um oráculo nos dá uma predição, ele está sinalizando uma possibilidade. Podemos usar esta informação para a ver a questão sobre outro ângulo. Quando estamos interessados em resolver um problema, às vezes é preciso sair do nosso centro e olhar a

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questão de fora. Podemos fazer isso com a ajuda de um amigo, um psicólogo, um psicanalista, um terapeuta ou um oráculo. 

Vamos supor que você esteja precisando de dinheiro (quem não está?) e a resposta seja: "o dinheiro virá de uma fonte inesperada". Você pode interpretar de duas formas:

1) Passiva:

"Oba! Vou ganhar na loteria"!

2) Ativa. Você pode entre outra coisas se perguntar:

"O que poderia estar fazendo de diferente para poder ganhar mais dinheiro?"  

Lidando com a Astrologia

Você acabou de fazer um mapa astral e está diante da leitura de seu mapa feita por um astrólogo competente.

Ao lê-lo você deve ter em mente três coisas:

Em primeiro lugar, tome cuidado com o Efeito Barnum.

O Efeito Barnum é nome dado a tendência do ser humano de acreditar em qualquer coisa dita a seu respeito que contenha um mínimo de características positivas. Baseado nisso, alguns horóscopos de jornal colocam conselhos genéricos em vez colocar previsões ou interpretações. E a maioria dos leitores dirá, "tem tudo a ver!".

Então, quer se trate de um astrólogo, um vidente, um psicanalista ou outro profissional que tenha coisa a falar sobre você, mantenha seu senso crítico funcionando. O profissional pode estar sendo honesto com você, e dizendo exatamente o que percebeu, porém a maior autoridade sobre você, ainda é você mesmo.

Em segundo lugar, não esqueça que tem livre arbítrio. Uma previsão astrológica, ruim ou boa, está sujeita a uma ação, que é de sua livre escolha. Você continua sendo responsável pelo que faz (Havia uma pedra no meio do caminho, disseram os astrólogos, mas você podia ter prestado mais atenção ao andar e evitado tropeçar nela).

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E, por fim, não encare o Mapa Astral como uma camisa de força. "Meu mapa indica que a melhor profissão para mim é Engenharia" e você presta vestibular para Engenharia, mas você detesta matemática.

Autoconhecimento e Filosofia

A maioria das consultas gira em torno de três fatores: amor, saúde e dinheiro. Por isso que as colunas de horóscopo giram em torno destes aspectos. Mas será que é só isso que podemos extrair de um Mapa Astral? 

Fazer um mapa pode dar muitas pistas sobre nós mesmos e a partir delas, podemos nos conhecer melhor e procura melhorar ou transcender aspectos que consideramos inadequados.

As questões podem ser as mais variadas e podemos usar um mapa astral para além do nosso autoconhecimento. É possível ampliar a interpretação para conhecer algo a respeito da natureza humana ou meditar sobre a cosmologia e os mitos envolvidos na confecção da própria astrologia.

Um outro olhar para a Astrologiapor Alvaro Domingues - [email protected]

No artigo anterior, eu disse que a Astrologia pode ser vista como uma Arte e eu, como escritor, por este motivo, apaixonei-me por ela. Para mim, todos os instantes é desenhado nos céus um novo drama que pode ser lido. Tem personagens que são chamados de planetas e signos, tem um ambiente onde tudo acontece (as casas e o céu), tem relações entre estes personagens (os aspectos) e uma história a ser contada (a carta natal ou mapa astral).

O que astrólogos profissionais fazem é fazer coincidir este drama com a data de nascimento de uma pessoa, que corresponde a uma história única que pode ser contada.

Não é uma relação de causa e efeito, nem de influências de campos gravitacionais, mas de correspondência, no sentido dado pela tradição esotérica de que "o que está em cima corresponde ao que está em baixo e o que está embaixo corresponde ao que está em cima".

Interpretando isso com um olhar do século XXI: os astros, até que um ser humano olhe para eles, não tem nenhum significado. A partir de um olhar específico, eles ganham um significado. As estrelas se agrupam em constelações, os planetas ganham nome e seu movimento contam uma história. Assim o que está em baixo é igual ao que está em cima. Por outro lado, a partir do momento que olhamos para o céu, o céu nos devolve o significado a ele atribuído.

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Povos primitivos, e até algumas civilizações mais evoluídas, acreditavam que, se um ritual determinado não fosse executado, por exemplo, o sol não se levantaria no dia seguinte. Absurdo aos olhos de hoje, porém este mesmo conjunto de rituais e de observação celeste regulava o calendário da agricultura, com grande precisão. Os eclipses, nesta cultura, representariam um grande desastre. Observando-se os céus é possível prevê-los. Muitos calendários antigos e até alguns templos tinha a função de prever eclipses e o faziam com grande precisão.

Navegantes davam significado de guias para as estrelas. Os povos nórdicos colocaram Tyr nos céus, uma constelação em forma de seta, que aponta para a estrela polar, que indica o Norte. Os navegantes cristãos no século XVI fizeram o mesmo com o Cruzeiro do Sul. O mito é outro, o ponto de referência é outro, mas a necessidade é a mesma.

E a Astrologia hoje? Como pode ser encarada?

Se você está lendo este artigo e chegou até aqui, acha que a Astrologia tem valor. E tem, com certeza.

Se ela funciona, como funciona?

Vou destacar alguns pontos de vista.

Sincronicidade

Jung diz que o que faz a Astrologia funcionar é a sincronicidade. Por exemplo, a pessoa que pede um mapa astral e recebe uma interpretação de um astrólogo tem em suas mãos uma história que ganha significado por ter sido desenhada por aquele mapa naquele instante e ser ela a pessoa que recebe. Isso não tem nada a ver com uma relação de causa e efeito. É "apenas" uma coincidência significativa (como abrir um dicionário ao acaso e a palavra escolhida ser exatamente aquela que desejávamos encontrar).

Duas pessoas que nasceram no mesmo local no mesmo instante terão mapas idênticos e podem ter vidas completamente diferentes.

Mas onde entra a sincronicidade? Uma delas vai a um astrólogo e, "sincronicamente" o que ela ouve do astrólogo tem muito a ver consigo própria. A outra não foi (e não teve sua vida analisada) porque não precisava ouvir aquilo.

As coincidências ocorrem mas quem dá significado a elas somos nós. Isso guarda similaridade com a lei da correspondência aceita pela maioria dos astrólogos.

A Lei Correspondência

Da mesma forma que a sincronicidade, a lei da correspondência não é uma relação de causa e efeito ou uma influência por a uma força invisível exercida à distância. 

Para a Astrologia, "o que está em cima é igual ao que está embaixo" ou a lei da correspondência, significa que nós e os astros estamos inseridos no mesmo sistema, e o que afeta um, afeta outro. É como num entrar num ambiente cheio de gente alegre. Mesmo que estejamos triste e não saibamos o que é provocou aquela alegria, logo estaremos também alegres.

E há volta também. Estudamos Astrologia e damos um significado aos astros e eles passam a corresponder a este significado.

A diferença da sincronicidade para a correspondência é que sincronicidade é uma coincidência significativa que ocorre num determinado instante e é imprevisível.

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A Astrologia, por outro lado, baseia-se na regularidade do movimento dos astros para traçar um mapa natal ou verificar um trânsito. Aquilo que está sendo visto no mapa corresponde a algum acontecimento na Terra, para o indivíduo que está sendo estudado.

A Astrologia moderna não é determinista, ou seja, as coisas não acontecem necessariamente. Por exemplo, se você cair e se machucar isso não foi causado porque o planeta X estava em oposição a Y. Mas este aspecto astrológico pode ter gerado as condições para que isso acontecesse. A conjunção não colocou o pé para você tropeçar, mas pode ter deixado um tapete mal colocado. Você pode pisar ou não tapete, o tapete se deslocar ou não, mas que ele estava lá, estava.

Talento do Astrólogo

A Astrologia, como todo oráculo, depende de interpretação. O mapa astral traçado de acordo com uma técnica será sempre igual, o que permite se criar um programa de computador que o desenhe.

Porém de posse de um mapa, o astrólogo tem diante de si um conjunto imenso de informações e vai filtrar o que julgar importante de acordo com um método próprio ou simplesmente usando a intuição. O mapa então se torna uma imensa mancha de Roscharsh que será interpretado por um ser humano com uma certa sensibilidade.

A Arte da Astrologiapor Alvaro Domingues - [email protected]

Muito se discute sobre a Astrologia, de forma polarizada e apaixonada. Defensores e detratores se digladiam em diversas arenas. Não existe uma posição neutra, tipo "não acredito em bruxas, mas que elas existem, existem". Porém, no meu ponto de vista, há uma posição mais confortável para lidar com ela. Podemos pensar nela como uma Arte. A vantagem deste ponto de vista é que saímos do principal ponto de discordância dos dois grupos: se ela é ou não é uma Ciência. É uma forma de tirarmos do foco estritamente racional, quando a Razão não consegue nos dar respostas. A Razão não consegue explicar a Arte e, se tenta, destrói o nosso prazer estético ao nos dizer: é só uma ilusão.

Como Arte, podemos explorá-la por simples prazer ou como uma ferramenta adicional em busca do autoconhecimento.

Por que uma ferramenta adicional para o autoconhecimento? A Astrologia é um excelente conjunto de características descritivas de traços de personalidade e de comportamento humanos. Olhar um mapa astral é mesmo que olhar para um oráculo onde num conjunto aparentemente complexo surge um padrão que pode nos levar a um insight poderoso. Tão poderoso como a interpretação de um sonho, uma sessão bem conduzida de psicanálise, a leitura de um romance bem escrito ou uma leitura de Tarot bem feita.

O céu visto por um Astrólogo é um drama escrito com muitos personagens e fazer uma Mapa Astral é ler este drama.

Assim, em vez de perguntarmos: "como será meu futuro?", perguntamos: "que drama ocorreu no dia do meu nascimento e que relação tem este drama com a minha história e futuro?"

Os gregos povoaram os céus com deuses que representam nossas paixões humanas. Contaram mitos e viam, na viagem de cada astro, os passos de seus

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deuses. E nos contam que o que está em cima corresponde ao que está embaixo (assim na Terra, como no céu).