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Aglomeraes e Arranjos Produtivos Locais no Rio Grande do Sul
A aglomerao produtiva de laticnios Fronteira Noroeste-Celeiro
Elvin M. Fauth*
Rodrigo D. Feix**
Ao passo que a produo leiteira est presente em praticamente
todo o territrio gacho, a indstria de laticnios se concentra em um menor nmero de municpios, abastecidos, sobretudo, pela produo de matria-prima do seu entorno. Na regio formada pelos Conselhos Regionais de Desenvolvimento (Coredes) Fronteira Noroeste e Celeiro, localiza-se uma das principais aglomeraes produtivas de laticnios do Rio Grande do Sul. Nos municpios que a compem, em 2014, foram produzidos 16% da quantidade de leite in natura, e esto situados 8% do emprego industrial das atividades de preparao do leite, fabricao de laticnios e outros derivados do Estado. A fabricao de laticnios est entre as principais atividades econmicas industriais locais, tendo influncia direta sobre a dinmica de desenvolvimento regional.
A recente revalorizao do espao local na literatura sobre desen-volvimento econmico despertou o interesse pelo estudo e pelo incenti-vo aos Arranjos Produtivos Locais (APLs). Porm, apesar da conhecida concentrao da produo de leite e derivados lcteos nas regies Fronteira Noroeste e Celeiro, so raros os estudos voltados anlise da aderncia do conceito de APL a essa aglomerao produtiva. Com vistas a contribuir para esse debate e cumprir outros objetivos especfi-cos, a aglomerao produtiva de laticnios das regies Fronteira No-roeste e Celeiro (doravante AP de laticnios Fronteira Noroeste-Celeiro) foi selecionada para estudo no mbito do projeto Estudo de Aglomera-es Industriais e Agroindustriais no Rio Grande do Sul, desenvolvido pela Fundao de Economia e Estatstica (FEE) com o apoio financeiro da Agncia Gacha de Desenvolvimento e Promoo do Investimento (AGDI). O pressuposto balizador da pesquisa o de que as aglomera-es de empresas especializadas em determinada atividade produtiva, especialmente aquelas que se qualificam como APLs, geram uma srie
* E-mail: [email protected] ** E-mail: [email protected]
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de sinergias, mediante o surgimento de relaes tcnicas, econmicas, sociais e polticas na regio, o que contribui para melhorar a competiti-vidade das firmas no mercado e para promover o desenvolvimento econmico do territrio.
O presente artigo objetiva proporcionar uma sntese do Relatrio de Pesquisa elaborado pelos autores sobre a mesma temtica1. Nele, procede-se a descrio das principais caractersticas da AP de latic-nios Fronteira Noroeste-Celeiro, em termos socioeconmicos e produti-vos. A anlise est fundamentada em dados secundrios e informaes recolhidas na bibliografia econmica e historiogrfica disponvel sobre a regio. Por no ter recorrido ao estudo de campo, no foi possvel ava-liar, em profundidade, as condies de governana, cooperao, apren-dizado e inovao na aglomerao. O texto est organizado em quatro sees, contadas a partir desta introduo. Na primeira seo, so descritas as principais caractersticas socioeconmicas e da estrutura produtiva das regies dos Coredes Fronteira Noroeste e Celeiro. A se-gunda seo delimita a rea de abrangncia da aglomerao. Em se-guida, realiza-se um breve relato sobre o histrico da produo de leite e laticnios nas regies Fronteira Noroeste e Celeiro, destacando-se seus macrocondicionantes. Na seo 4, so descritas as principais caractersticas setoriais da aglomerao. Por ltimo, so realizadas algumas Consideraes finais .
1 Caractersticas socioeconmicas e
produtivas regionais Apesar de limtrofes, os Coredes Fronteira Noroeste e Celeiro
apresentam caractersticas socioeconmicas e produtivas significativa-mente distintas. Por essa razo, merecem uma anlise individualizada. Como ser evidenciado adiante, a Fronteira Noroeste uma regio mais populosa, industrializada, urbana e desenvolvida que a regio Celeiro. Nesta ltima, possivelmente em razo do menor dinamismo
1 Para informaes mais detalhadas sobre o trabalho, consultar Fauth e Feix (2015).
Diferentemente de outros estudos que compem o livro, na AP de laticnios Fronteira Noroeste-Celeiro, no foi realizada pesquisa de campo (aplicao de questionrios ou reunio dos principais agentes da aglomerao). Ainda assim, os organizadores opta-ram por incluir o trabalho no livro, com vistas a oferecer informaes que podem ser teis a quem se dedicar a esse objeto de estudo no futuro.
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econmico, a perda de populao foi mais intensa nos ltimos anos. Em comum, dentre outras caractersticas, as regies tm a estrutura fundiria e o fato de a expanso da renda estar abaixo da mdia ga-cha, na ltima dcada.
1.1 Corede Celeiro
A regio Celeiro formada por 21 municpios (Figura 1), que abri-
gam 1,3% da populao gacha, ou seja, 141.482 habitantes, de acor-do com o Censo Demogrfico 2010 (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATSTICA, 2015). Cerca de 40% da populao regional classificada como rural, proporo muito superior mdia estadual (15%).
Figura 1
Entre 2000 e 2010, houve um expressivo decrscimo populacional,
de 8.108 habitantes. Nesse perodo, a taxa de crescimento anual da populao regional chegou a -0,6%, a segunda mais baixa do Estado, perdendo apenas para o Corede Misses. Dezoito municpios da regio
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Celeiro apresentaram crescimento populacional negativo. Houve tanto o deslocamento da populao rural para o meio urbano, como tambm a sada de habitantes da regio. Em relao composio da populao, importante ressaltar ainda a presena numerosa de habitantes auto-declarados indgenas, somando 7.225 pessoas (5% do total).
O Produto Interno Bruto (PIB) do Corede Celeiro, em 2013, foi cal-culado pela FEE em R$ 3,1 bilhes, ou seja, 0,9% do total do Estado. O Municpio de Trs Passos concentra 17,3% da renda regional, sendo seguido, em ordem de importncia, por Santo Augusto (13,0%), Tenen-te Portela (8,3%) e Crissiumal (7,9%). A renda mdia regional, medida pelo PIB per capita, situa-se bem abaixo da mdia do Estado.
A estrutura econmica do Valor Adicionado Bruto (VAB) da regio apresenta maior participao do setor servios (56,3%) e da agrope-curia (35,2%), sendo que, apenas esse ltimo segmento se destaca na participao do VAB do Estado (3,6% em 2013). Dentre as ativida-des produtivas agrcolas, merece destaque o cultivo de cereais e da soja. A criao de bovinos e outros animais, em que se destaca a pro-duo de leite e derivados, a principal atividade pecuria regional, sendo seguida em importncia pela criao de sunos (FUNDAO DE ECONOMIA E ESTATSTICA SIEGFRIED EMANUEL HEUSER, 2014).
As atividades agropecurias so desenvolvidas, predominante-mente, em pequenas unidades produtivas. Segundo o Censo Agrope-curio 2006 (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTA-TSTICA, 2009), aproximadamente 95% das mais de 19 mil proprieda-des rurais da regio possuem rea inferior a 50 hectares. De acordo com a pesquisa, a produo de leite e derivados est presente nas propriedades rurais de todos os municpios, sendo importante protago-nista na formao da renda agropecuria.
Os dados disponibilizados pela Secretaria da Fazenda do Governo do Estado do Rio Grande do Sul (RIO GRANDE DO SUL, 2014) rev-lam que, em 2013, a fabricao de produtos alimentcios respondeu por 90% do valor das sadas fiscais da indstria de transformao do Core-de (Tabela 1). Isso indica a estrita dependncia entre a produo agro-pecuria local e sua indstria. Destaca-se a importncia das atividades do grupo de abate e fabricao de produtos de carne, responsveis por cerca de dois teros do valor da produo industrial local. A indstria de laticnios o segundo grupo mais importante, sendo responsvel por 12,0% do valor das sadas da indstria de transformao do Corede.
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Em 2013, a regio Celeiro respondeu por 1,5% do valor da produo da indstria gacha de laticnios.
Tabela 1
Estrutura da indstria de transformao do Corede Celeiro 2013
DISCRIMINAO ESTRUTURA PARTICIPAO
NO RS Corede Estado
INDSTRIAS DE TRANSFORMAO .....................100,0 100,0 0,3 Fabricao de produtos alimentcios ..................... 90,0 20,9 1,3 Abate e fabricao de produtos de carne ............... 66,4 5,5 3,6 Fabricao de leos e gorduras vegetais e ani- mais ......................................................................... 5,3 4,0 0,4 Laticnios ................................................................. 12,0 2,4 1,5 Moagem, fabricao de produtos amilceos e de alimentos para animais ........................................... 6,2 7,2 0,3 Preparao de couros e fabricao de artefatos de couro, artigos para viagem e calados ............. 3,5 5,1 0,2 Fabricao de calados ......................................... 3,5 3,6 0,3 Fabricao de mquinas e equipamentos ........... 1,0 8,0 0,0 Fabricao de mquinas e equipamentos de uso geral ........................................................................ 1,0 1,4 0,2 Fabricao de mveis .............................................. 1,0 2,0 0,1 Outros ........................................................................ 4,5 64,0 -
FONTE DOS DADOS BRUTOS: Rio Grande do Sul (2014). NOTA: os dados no contemplam empresas que realizam a Declarao Anual do Simples Nacional.
Em se tratando do nvel de desenvolvimento local, avaliado atra-
vs do ndice de Desenvolvimento Socioeconmico (Idese)2 do ano de 2013, a regio pode ser classificada como de mdio desenvolvimento, ocupando a 18 posio entre os 28 Coredes gachos. Os melhores indicadores so observados nos Municpios de Chiapetta, So Marti-nho, Vista Gacha, Humait, Santo Augusto e Trs Passos. Os Munic-
2 O Idese, divulgado anualmente pela Fundao de Economia e Estatstica, um indi-cador sinttico, elaborado nos moldes do ndice de Desenvolvimento Humano (IDH). Sua elaborao resulta de um amplo conjunto de indicadores, agrupados em trs grandes blocos: Educao, Renda e Sade. Pela abrangncia das variveis socioe-conmicas que compem o Idese, sua utilizao permite a classificao em trs es-tgios de desenvolvimento: baixo desenvolvimento (de zero at 0,499); mdio desen-volvimento (entre 0,500 e 0,799); e alto desenvolvimento (acima de 0,800 at 1,000). Convm observar que, no Rio Grande do Sul, h somente municpios com valores nos estgios de mdio e alto desenvolvimento. No caso do Corede Celeiro, todos os municpios se encontram em estgio de mdio desenvolvimento.
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pios de Esperana do Sul e Redentora apresentam os piores resultados (FUNDAO DE ECONOMIA E ESTATSTICA SIEGFRIED EMANUEL HEUSER, 2016).
A presena, no Corede, da maior reserva indgena do Estado, com 23.400 hectares, no Municpio de Tenente Portela, do Parque Estadual do Turvo, em Derrubadas, e de importante rea remanescente da Re-serva da Biosfera da Mata Atlntica, constituem um diferencial para a regio. Esses so ativos que podem ser explorados, no sentido de es-timular a gerao de emprego e renda atravs do desenvolvimento do turismo ambiental e cultural, o que constitui uma alternativa ao modelo de produo predominante, calcado na atividade agropecuria.
Outro diferencial da regio a tradio cooperativista. Segundo o Censo Agropecurio 2006 (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEO-GRAFIA E ESTATSTICA, 2009), na regio, mais da metade dos esta-belecimentos rurais contavam com produtor associado a cooperativas ou a entidades de classe (sindicatos, associaes e/ou movimentos de produtores e moradores, etc.), mdia significativamente superior do restante do Estado.
1.2 Corede Fronteira Noroeste
A regio Fronteira Noroeste compreende 20 municpios (Figura 2),
que abrigam 1,9% da populao gacha, ou seja, 203.494 habitantes, de acordo com o Censo Demogrfico 2010 (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATSTICA, 2015). Em 2010, a populao rural da regio correspondia a 32,4% do total, proporo superior mdia estadual. O principal ncleo populacional e econmico da regio San-ta Rosa. Ao passo que a populao da regio Celeiro encontra em Iju municpio situado no Corede Noroeste Colonial uma refern-cia em termos de oferta de bens e servios especializados, Santa Rosa cumpre papel similar na Fronteira Noroeste.
Entre os anos de 2000 e 2010, ocorreu um decrscimo populacio-nal de 6.872 habitantes (-3,3%) na regio. Apenas em dois municpios verificou-se crescimento populacional nesse perodo: Santa Rosa e Horizontina. Esses municpios destacam-se pela produo industrial e pela baixa participao da populao rural. Alis, a populao rural decrescente em todos os municpios da Fronteira Noroeste. Quadro similar j havia sido observado na regio Celeiro, evidenciando o deslo-
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camento da populao rural para o meio urbano intra e intermunic-pios e a sada de habitantes para outras regies.
Figura 2
A renda per capita da regio similar mdia do Estado. As in-
formaes de 2013 apontam que a maior renda mdia observada em Horizontina, Nova Candelria e Santa Rosa. Esses municpios esto entre os mais industrializados da regio. Horizontina e Santa Rosa des-tacam-se na produo nacional de colheitadeiras de gros, know-how gestado poca do incio da mecanizao da colheita de milho, trigo e soja. Essa atividade intensiva em tecnologia e demanda profissionais com maior qualificao e habilidades tcnicas especficas, o que resulta na oferta de salrios superiores mdia da regio. Por sua vez, Nova Candelria dependente das atividades da indstria grfica e de m-veis.
O PIB da regio, em 2013, foi calculado pela FEE em R$ 6,6 bi-lhes, o que equivale a 2,0% da renda do Estado. Os trs municpios com maior populao tambm so os que mais contribuem para a ge-
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rao do PIB regional: Santa Rosa (33,8%), Horizontina (24,5%) e Trs de Maio (9,9%).
Na estrutura do VAB regional, por sua vez, a maior participao a do setor servios (53,4%), seguido da indstria (29,8%). A agropecu-ria responde por 16,8%, o que equivale a 3,4% do VAB do setor no Rio Grande do Sul. A regio importante para a produo estadual de su-nos, ocupando os Municpios de Santo Cristo, Santa Rosa e Nova Can-delria lugar de destaque nessa atividade. O Valor Adicionado da ativi-dade de criao de bovinos e outros animais predominantemente constitudo pela produo de leite e derivados, destacando-se os Muni-cpios de Santo Cristo, Trs de Maio e Santa Rosa.
Assim como no Corede Celeiro, as atividades agropecurias da Fronteira Noroeste so desenvolvidas, predominantemente, em peque-nas unidades produtivas. Segundo o Censo Agropecurio 2006 (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATSTICA, 2009), existiam 24.069 propriedades rurais, 96% das quais dotadas de rea inferior a 50 hectares.
A indstria de transformao do Corede Fronteira Noroeste tam-bm dependente da agropecuria. Porm, diversamente da regio Celeiro, a fabricao de produtos alimentcios no a principal ativida-de. Em 2013, o grupo de atividades de fabricao de tratores e de m-quinas e equipamentos para a agricultura e pecuria respondeu por 61,3% do valor das sadas da indstria local, seguido pelos grupos de atividades de moagem, fabricao de produtos amilceos e de alimen-tos para animais (14,3%) e de abate e fabricao de produtos de carne (7,9%). Aproximadamente, 6% do valor das sadas do Corede prove-niente das atividades da indstria de laticnios. O Corede contribui com 5,1% do valor da produo estadual dessa indstria (Tabela 2).
Em termos de desenvolvimento econmico, a regio est bem po-sicionada, sendo a quinta melhor ranqueada no Estado, de acordo com os nmeros do Idese para o ano de 2013 (FUNDAO DE ECONOMIA E ESTATSTICA SIEGFRIED EMANUEL HEUSER, 2014a). A regio Fronteira Noroeste apresentou um ndice da ordem de 0,78, situando- -se no limite superior da faixa que classifica as regies de mdio de-senvolvimento. Horizontina, Nova Candelria e So Jos do Inhacor so os municpios com melhor desempenho no Idese, sendo os nicos da regio a se classificarem como de alto desenvolvimento. No extremo oposto, posicionam-se os Municpios de Campina das Misses, Alecrim e Porto Lucena.
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Tabela 2
Estrutura de atividades da indstria de transformao do Corede Fronteira Noroeste 2013
(%)
DISCRIMINAO ESTRUTURA PARTICIPAO
NO RS Corede Estado
Fabricao de produtos alimentcios ................... 31,8 20,9 3,2 Abate e fabricao de produtos de carne ............... 7,9 5,5 3,1 Laticnios .................................................................. 5,8 2,4 5,1 Moagem, fabricao de produtos amilceos e de alimentos para animais ............................................ 14,3 7,2 4,2 Fabricao de mquinas e equipamentos ........... 62,7 8,0 16,6 Fabricao de tratores e de mquinas e equipa- mentos para a agricultura e pecuria ...................... 61,3 4,3 30,0 Manuteno, reparao e instalao de m- quinas e equipamentos ......................................... 2,4 1,1 4,6 Manuteno e reparao de mquinas e equipa- mentos ..................................................................... 1,7 1,1 3,5
FONTE DOS DADOS BRUTOS: Rio Grande do Sul (2014). NOTA: os dados no contemplam empresas que realizam a Declarao Anual do Simples Nacional.
2 rea de abrangncia da aglomerao
A AP de laticnios Fronteira Noroeste-Celeiro est localizada no
noroeste do Rio Grande do Sul, a cerca de 500 km de Porto Alegre. Em todos os municpios que a compem, h produtores de leite. Porm, se-gundo informaes da Relao Anual de Informaes Sociais do Minis-trio do Trabalho e Emprego (RAIS-MTE), para o ano de 2014 (BRA-SIL, 2016), em apenas 16 municpios da regio h registro de estabele-cimentos industriais especializados nas atividades da indstria de latic-nios: Trs de Maio, Santa Rosa, Santo Cristo, So Martinho, Trs Pas-sos, Tenente Portela, Crissiumal, Boa Vista do Buric, Campina das Misses, Doutor Maurcio Cardoso, Senador Salgado Filho, Tucunduva, Chiapetta, Esperana do Sul, Santo Augusto e Tiradentes do Sul.
Na Figura 3, destacada a rea de abrangncia da aglomerao estudada, diferenciando-se os municpios que ofertam apenas a mat-
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ria-prima in natura daqueles em que h empresas ocupadas no proces-samento do leite e na produo de derivados lcteos3.
Figura 3
Em termos espaciais, parece haver, pelo menos, dois ncleos
principais de produo de matria-prima na regio. O principal deles, situado na Fronteira Noroeste, congrega os dois municpios com maior produo de leite (Santo Cristo e Trs de Maio) e municpios adjacen-tes. O segundo, situado no Celeiro, abastece-se, principalmente, da produo de Crissiumal e Trs Passos. Ao sul do Corede Celeiro, des-taca-se ainda a produo de Santo Augusto.
Nos ltimos anos, foram realizados investimentos que ampliaram, significativamente, a capacidade regional de processamento e industria-lizao do leite, o que, possivelmente, acentuou a necessidade de a
3 importante referir que, originalmente, a aglomerao produtiva foi identificada ape-
nas na regio Fronteira Noroeste (ZANIN; COSTA; FEIX, 2013). A ampliao da abrangncia territorial do estudo, de modo a incluir a regio Celeiro, foi uma solicita-o da AGDI.
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indstria local se abastecer de matria-prima originada em outras re-gies. A regio estudada faz fronteira com outros quatro Coredes (Mis-ses, Noroeste Colonial, Rio da Vrzea e Mdio Alto Uruguai) que, em conjunto, respondem por mais de 20% da produo leiteira estadual. Embora, para fins de delimitao, os municpios dessas regies no componham a aglomerao estudada, sua contribuio, em termos de oferta de matria-prima, no pode ser desprezada. Da mesma forma, deve-se ter em conta que parte substancial da produo de matria- -prima originada nos municpios da AP de laticnios Fronteira Noroeste- -Celeiro comercializada com empresas situadas fora dos seus limites.
3 Antecedentes histricos da produo
leiteira e laticinista As transformaes econmicas e produtivas ocorridas a partir do
final da dcada de 90, no Brasil, demarcaram um perodo de reestrutu-rao produtiva industrial e de abertura comercial. Tais mudanas afe-taram, profundamente, a produo brasileira de laticnios, com reflexos importantes na regio Fronteira Noroeste-Celeiro.
Com a desregulamentao do mercado (fim do controle estatal na oferta e na demanda), a abertura comercial (sobretudo no Mercosul) e as inovaes tecnolgicas no setor (principalmente a difuso do con-sumo do leite UHT), modificaram-se as condies de concorrncia na indstria de laticnios. O mercado do leite no Brasil deixou de ser exclu-sivo do produtor local e passou a ser disputado por empresas de abrangncia nacional e internacional.
As fuses e aquisies que se sucederam, alm de aumentarem o porte mdio das empresas do setor, induziram mudanas na relao entre o produtor rural e a indstria. Esta estabeleceu exigncias mni-mas de escala e qualidade de produo, para manter seus contratos. Agricultores com pequena escala de produo e situados fora das li-nhas de coleta foram descartados como fornecedores de algumas das grandes empresas privadas. Simultaneamente, investimentos nas pro-priedades rurais passaram a ser exigidos e incentivados. Nas palavras de Carvalho (2002, p. 14), [...] verifica-se uma seleo natural com os produtores. Para a empresa, a reduo do nmero de fornecedores e o aumento da produo mdia por produtor de leite permitiram a reduo
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dos custos de transao, e, em alguns casos, o estabelecimento de contratos funcionou como um sistema de quase integrao.
[A] relao entre a indstria e o produtor primrio do leite passou a ser regida sob as implicaes de um oligopsnio, ou em muitos casos, monopsnios, em que o ofertante do leite no beneficiado atua como tomador de preos, sendo a quantidade ofertada sua nica deciso a ser tomada. Assim, apesar de ser o agente que lida com os mais diversos riscos da atividade, o produtor de leite, no raro, internaliza qualquer choque adverso de custo (MAIA et al., 2013, p. 394).
Nas regies Fronteira Noroeste e Celeiro, a produo agropecu-ria continuou ocorrendo, sobretudo, em pequenas propriedades dedica-das tanto a culturas agrcolas temporrias quanto produo animal. Em muitos casos, as culturas de soja, milho e trigo dividem espao com a pecuria leiteira, que, tradicionalmente, identificada como uma fonte complementar de renda. Alm da capacitao dos produtores para a oferta, as mudanas tecnolgicas na indstria foram decisivas e atua-ram como estmulo ao crescimento da produo leiteira nessa regio, ao longo dos ltimos 20 anos. A introduo do leite UHT ocupa centra-lidade nesse processo, pois permitiu que a produo de leite e deriva-dos ocorresse a grandes distncias dos centros consumidores.
Ao produtor rural minimamente capitalizado, tornaram-se acess-veis mltiplos meios para obter ganhos de produtividade, o que envol-veu tanto a melhoria gentica e alimentar animal, quanto a sofisticao do processo produtivo. A inseminao artificial, a ordenha mecnica e o cultivo de pastagens artificiais so exemplos de prticas que se difundi-ram, contribuindo para o aumento da produo.
O movimento de concentrao no setor, induzido pelas mudanas institucionais e tecnolgicas, produziu episdios relevantes nas regies Fronteira Noroeste e Celeiro. Com a venda da Cooperativa Central Gacha de Leite Ltda (CCGL) para a Avipal, em 1996, e a consequente estruturao da Eleg Alimentos, ocorreram mudanas importantes na cadeia produtiva local4. A princpio, a Eleg manteve a mesma estrutura
4 A CCGL foi uma das maiores empresas do setor, chegando a deter mais de 60% da
produo gacha de leite e a reunir 21 cooperativas, com mais de 52 mil cooperados. A sua importncia tal que, segundo Carvalho (2002, p. 6), [...] a histria da ativida-de no Rio Grande do Sul confunde-se com a histria da CCGL sobretudo em face do aspecto concentrador que exerce. At a dcada de 70, a comercializao do leite dependia do desempenho dos chamados caminhoneiros compradores, que recolhiam o leite nas colnias para, depois, fazer um leilo junto indstria. A CCGL, por sua vez, surgiu para atuar na industrializao e comercializao centralizada do leite pro-
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de captao de leite e de relacionamento com as cooperativas que j existia na estrutura da CCGL. Nesse modelo, o papel das cooperativas que integravam o sistema era o de reunir a produo de seus associa-dos, para vend-la em conjunto, a um preo nico, para a empresa (Eleg), que realizava a industrializao do produto. As cooperativas tambm forneciam assistncia tcnica, crdito, facilidade na aquisio de insumos, dentre outros benefcios, aos seus cooperados. Nas regi-es Fronteira Noroeste e Celeiro, as cooperativas atuavam, mais inten-samente, no mercado de gros, ocupando a atividade leiteira um papel secundrio. A partir de 2003, a Eleg Alimentos modificou sua estrat-gia de atuao junto s cooperativas parceiras, reclamando para si o direito sobre o recolhimento de leite dos produtores associados, retiran-do das mesmas a tarefa de intermediao da relao entre produtor e indstria (WAQUIL; MARASCHIN, 2004).
Naquele momento, as cooperativas integrantes do Sistema Eleg precisaram optar por uma das estratgias de atuao, a seguir: (a) reu-nir a produo de seus produtores e repass-la indstria, para que esta realizasse as atividades de produo com maior valor agregado e que exigem maior investimento em ativos especficos; (b) assumir as atividades de maior valor agregado, investindo em plantas de proces-samento, estabelecimento de redes de distribuio, desenvolvimento de produtos e marca; e (c) retirar-se do setor. Nesse contexto, trs das maiores cooperativas com atuao na regio da aglomerao cederam seus direitos de originao5 do leite dos seus cooperados, o que prati-camente significou sua retirada da atividade leiteira. A Cooperativa Tritcola Santa Rosa Ltda. (Cotrirosa), a Cooperativa Tritcola Alto Uru-guai Ltda. (Cotrimaio) e a Cooperativa Agropecuria & Industrial (Cotri-jui) abriram espao para que a Eleg Alimentos passasse a se relacio-nar diretamente com os produtores, que, inclusive, comearam a rece-ber assistncia tcnica e crdito da empresa (WAQUIL; MARASCHIN, 2004). Na regio, a nica das grandes cooperativas que adotou estra-tgia diferente foi a Cooperativa Mista So Luiz Ltda. (Coopermil). A Coopermil no abriu mo da produo leiteira de seus cooperados, o
duzido por associados de um grupo de cooperativas agropecurias. Seu principal ob-jetivo era viabilizar aos agricultores familiares alternativas de maior rentabilidade por rea em relao produo de gros (soja e milho).
5 Por originao, entenda-se a aquisio da matria-prima, que pode ocorrer direta-mente dos produtores ou atravs da ao de intermedirios.
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que a levou a investir na construo de uma plataforma prpria para recebimento de leite no Municpio de Santa Rosa.
Assim, diferentemente do observado em outras regies gachas, nas regies Fronteira Noroeste e Celeiro, as principais cooperativas com atuao na cadeia produtiva do leite no investiram na constituio de um mix de produtos industrializados com marca prpria. Essa deci-so facilitou o avano das empresas Eleg Alimentos (mais tarde, Per-digo; depois, BRF; e, atualmente, Lactalis6), LBR (atualmente Lactalis) e Nestl na originao e industrializao do leite produzido na regio.
Essas empresas foram atradas pela oferta local de matria-prima e seu potencial de crescimento. Entre as principais fontes de vantagens competitivas produo leiteira na regio est a estrutura fundiria e a falta de atividades alternativas, de maior rentabilidade no meio rural (PAIVA; ROCHA; THOMAS, 2014). Contrariamente ao ocorrido no Bra-sil, e, mais intensamente que em outras regies gachas, as regies Fronteira Noroeste e Celeiro so, predominantemente, ocupadas por minifndios, administrados por agricultores familiares, para os quais os custos com trabalho na produo leiteira so inferiores.
Em 2005, a CCGL retornou atividade. Sediada em Cruz Alta, a diviso de laticnios da empresa responsvel pela industrializao do leite originado por suas cooperativas associadas7. Na prtica, o retorno da CCGL significou a retomada de um modelo dependente da partici-pao ativa de suas cooperativas associadas na originao da matria- -prima. Segundo o site institucional da empresa, atualmente esto as-sociadas CCGL as principais cooperativas agropecurias gachas, o que representa um universo de 171 mil produtores rurais, em mais de
6 Em setembro de 2014, insatisfeita com as baixas margens da sua diviso de lcteos,
a BRF anunciou sua retirada do mercado. As unidades industriais foram vendidas, e as tradicionais marcas Eleg e Batavo foram cedidas para a Parmalat S.A., empresa pertencente ao grupo francs Lactalis. O negcio envolveu a venda de 11 unidades, cinco das quais situadas no Rio Grande do Sul: Iju (queijo); Trs de Maio I (queijo) e Trs de Maio II (leite em p); Santa Rosa (doce de leite, requeijo, leite pasteurizado) e Teutnia (leite condensado, manteiga, aromatizados, leite em p, UHT e especiais). A Lactalis a maior empresa do setor de leite e derivados do mundo e, antes da aquisio da diviso de laticnios da BRF, havia comprado quatro fbricas da LBR, alm do direito de usar a marca Parmalat no Brasil (esse direito era da empresa de investimentos LAEP e havia sido repassado LBR).
7 Quando vendeu suas unidades de beneficiamento de leite, a CCGL se comprometeu a no operar no mercado de laticnios por um perodo de 10 anos. Passado esse pe-rodo, a cooperativa voltou a atuar, conservando a marca CCGL com um novo signifi-cado (Cooperativa Central Gacha Ltda.).
Elvin M. Fauth; Rodrigo D. Feix 502
Aglomeraes e Arranjos Produtivos Locais no Rio Grande do Sul
350 municpios do Rio Grande do Sul. Na rea de abrangncia da aglomerao estudada, so associadas da CCGL as seguintes coope-rativas: Cooperativa Mista Tucunduva Ltda. (Comtul), Coopermil, Cotrijui, Cooperativa Tritcola Mista Campo Novo Ltda. (Cotricampo), Cotrimaio e Cotrirosa. Dessas cooperativas, a nica que ensaiou a ofer-ta de produtos finais lcteos foi a Comtul, porm sem sucesso.
4 Caractersticas atuais e importncia da
aglomerao A atividade econmica que deu origem identificao e escolha
para estudo da AP de laticnios Fronteira Noroeste-Celeiro foi a de fabricao de laticnios cdigo 10.52-0 da Classificao Nacional de Atividades Econmicas (CNAE) 2.0. Alm da atividade de fabricao de laticnios, optou-se ainda por considerar, neste estudo, as atividades industriais a ela mais diretamente associadas (preparao do leite e fabricao de sorvetes e outros gelados comestveis), constituindo-se um grupo de atividades que se convencionou chamar de indstria de laticnios8.
A anlise conjunta dessas trs atividades industriais contribui para o entendimento da dinmica setorial. Porm, precisa ser complementa-da pela avaliao da produo de leite nas propriedades rurais. Em ver-dade, a concentrao da produo primria costuma ser a principal de-terminante para o surgimento de aglomeraes de empresas especia-lizadas na produo de laticnios. Existe, portanto, uma direta
8 Segundo a Comisso Nacional de Classificao (INSTITUTO BRASILEIRO DE
GEOGRAFIA E ESTATSTICA, 2013), a fabricao de laticnios compreende: (a) a fabricao de creme de leite, manteiga, coalhada, iogurte, etc.; (b) a fabricao de bebidas base de leite; (c) a fabricao de leite em p, diettico, concentrado, mal-tado, aromatizado, etc.; (d) a fabricao de queijos, inclusive inacabados; (e) a fabri-cao de farinhas e sobremesas lcteas; (f) a fabricao de doce de leite; e (g) a ob-teno de subprodutos do leite (casena, lactose, soro e outros). J a atividade de preparao do leite (cdigo 10.51-1) compreende: (a) a fabricao de leite resfriado, filtrado, esterilizado, pasteurizado, UHT, homogeneizado ou beneficiado de outro mo-do; e (b) o envasamento de leite, associado ao beneficiamento. Obviamente, trata- -se de atividade correlata fabricao de laticnios, podendo os produtos de ambas serem ofertados por uma mesma planta produtiva. Por sua vez, a atividade de fabri-cao de sorvetes e outros gelados comestveis (cdigo 10.53-8) foi incorporada na anlise, em razo de a produo de sorvetes concorrer pela mesma matria-prima utilizada na produo dos demais produtos de laticnios (o leite).
A aglomerao produtiva de laticnios Fronteira Noroeste-Celeiro 503
Aglomeraes e Arranjos Produtivos Locais no Rio Grande do Sul
vinculao econmica e territorial entre a produo primria e a indus-trializao do leite. A adoo desse recorte setorial facilita a visualiza-o da cadeia produtiva na regio, o que pode ser til para a percepo do seu potencial de adensamento.
4.1 A produo da matria-prima
Em meados da dcada de 80, a produo de leite iniciou uma tra-
jetria de crescimento acelerado no Corede Fronteira Noroeste. No vizinho Celeiro, o avano foi mais lento at o final da dcada seguinte, quando passou a se expandir em ritmo similar (Figura 4). Os ganhos de produtividade permitiram o aumento da produo, mesmo em um qua-dro de reduo dos preos pagos ao produtor.
Figura 4
Produo de leite e nmero de vacas ordenhadas nos Coredes Fronteira Noroeste e Celeiro 1974-2014
FONTE DOS DADOS BRUTOS: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (2015). NOTA: A produo de leite est expressa em milhares de litros.
Em 2014, a AP de laticnios Fronteira Noroeste-Celeiro participava
com 15,7% do total do leite produzido no Rio Grande do Sul, como j mencionado. No perodo compreendido entre 1990 e 2000, a produo
424.712
116.459
312.561
91.000
0
50.000
100.000
150.000
200.000
250.000
300.000
350.000
400.000
450.000
1974
1977
1980
1983
1986
1989
1992
1995
1998
2001
2004
2007
2010
2013
Produo - Fronteira NoroesteNmero de vacas - Fronteira NoroesteProduo - CeleiroNmero de vacas - Celeiro
Legenda:
Elvin M. Fauth; Rodrigo D. Feix 504
Aglomeraes e Arranjos Produtivos Locais no Rio Grande do Sul
de matria-prima na regio cresceu 9,1%, bem acima da mdia do Es-tado (3,8% a. a.). Esse crescimento coincidiu com o incio da abertura comercial e desregulamentao do setor, o que oportunizou a entrada de grandes empresas do segmento de laticnios na aglomerao, como anteriormente visto. No perodo seguinte, 2000-14, o ritmo de cresci-mento diminuiu, praticamente alinhando-se ao avano da produo leiteira estadual. Neste ltimo ano, o Corede Fronteira Noroeste contri-buiu com 57,6% da produo da aglomerao, e o Celeiro, com 42,4%. No decorrer de 24 anos, de 1990 at 2014, observa-se um incremento na produo de leite na regio de 416,2% (Tabela 3).
Tabela 3
Evoluo da produo de leite nos Coredes Fronteira Noroeste e Celeiro e no RS 1990-2014
DISCRIMINAO PRODUO (milhes de litros) % (a. a.)
1990 2000 2010 2014 1990-2000
2000-14
Fronteira Noroeste .................... 87,6 213,1 347 424,7 9,3 5,0 Celeiro ....................................... 55,3 128,8 235,8 312,6 8,8 6,5 Fronteira Noroeste-Celeiro (A) 142,8 341,9 582,8 737,3 9,1 5,6 RS (B) .......................................1.451,8 2.102,0 3.633,8 4.685,0 3,8 5,9 Participao % (A/B) ................. 9,8 16,3 16 15,7 - - FONTE DOS DADOS BRUTOS: IBGE (2015). NOTA: A produo de leite est expressa em milhes de litros.
Em 2014, Santo Cristo liderou o ranking dos produtores regionais
de leite (62,6 milhes de litros), respondendo por 8,5% da produo da aglomerao. O segundo maior produtor Trs de Maio (44,1 milhes de litros), seguido de Crissiumal (37,0 milhes de litros), Santa Rosa (32,8 milhes de litros), Tuparendi (32,4 milhes de litros) e Santo Au-gusto (30,0 milhes de litros). Vale destacar que, dos 10 principais mu-nicpios produtores da regio, apenas trs situam-se no Corede Celeiro, onde a produo mais pulverizada. Nesse mesmo ano, o nmero de vacas ordenhadas nas regies Fronteira Noroeste e Celeiro superou 207 mil cabeas, o que equivale a 13,4% do rebanho de vacas leiteiras do Estado. A produtividade mdia nos principais municpios produtores de leite da regio de 3,55 mil litros por animal ao ano. Esse valor superior mdia estadual e mais do que o dobro da mdia brasileira (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATSTICA, 2015).
A aglomerao produtiva de laticnios Fronteira Noroeste-Celeiro 505
Aglomeraes e Arranjos Produtivos Locais no Rio Grande do Sul
Os dados do Censo Agropecurio 2006 (INSTITUTO BRASI-LEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATSTICA, 2009), apesar de defasados, so os nicos que indicam, com preciso, o perfil do produtor de leite nas regies Fronteira Noroeste e Celeiro. Dentre os 25.275 estabeleci-mentos agropecurios que se dedicavam atividade leiteira local, apro-ximadamente 95% reuniam caractersticas compatveis com a definio legal de agricultura familiar. Naquele ano, a agricultura familiar contri-bua com 91,9% da produo de leite de vaca na regio (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATSTICA, 2009a).
H desigualdades produtivas expressivas entre os municpios e mesmo entre os Coredes Fronteira Noroeste e Celeiro. No Fronteira Noroeste, so verificados melhores indicadores, tanto no que se refere ao nmero de vacas por estabelecimento, quanto produtividade por animal. Os dados da Pesquisa da Pecuria Municipal do IBGE confir-mam que o diferencial de produtividade continua elevado. A diferena acentuou-se em relao ao Brasil e estabilizou-se em relao ao Rio Grande do Sul (Figura 5).
Figura 5
Evoluo da produtividade mdia da produo de leite no Brasil, no RS e nos Coredes Fronteira Noroeste e Celeiro 1974-2014
FONTE DOS DADOS BRUTOS: IBGE (2015). NOTA: Em milhares de litros por vaca ordenhada.
1,53
3,03
3,65
3,43
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
3,50
4,00
1974
1977
1980
1983
1986
1989
1992
1995
1998
2001
2004
2007
2010
2013
Brasil Rio Grande do Sul
Fronteira Noroeste Celeiro
Legenda:
Elvin M. Fauth; Rodrigo D. Feix 506
Aglomeraes e Arranjos Produtivos Locais no Rio Grande do Sul
Em se tratando de informaes sobre a produo leiteira do Esta-do, o Instituto Gacho do Leite (IGL) ofereceu uma importante contri-buio em 2015. Ele promoveu, em parceria com a Emater-RS, a reali-zao do Censo do Leite do Rio Grande do Sul (INSTITUTO GACHO DO LEITE, 2015). Os resultados do trabalho apontam que o leite das regies administrativas de Santa Rosa e Iju9 predominantemente destinado s indstrias, cooperativas e queijarias (mais de 95% da produo). O processamento do leite em agroindstrias prprias e a comercializao direta de derivados lcteos com o consumidor final, prticas comuns at a dcada de 90, so de baixa significao.
4.2 A indstria de laticnios
De acordo com as estatsticas da RAIS-MTE para o ano de 2014
(BRASIL, 2016), no Rio Grande do Sul, a indstria de laticnios res-ponsvel por 9.568 empregos diretos, o que representa 1,4% do em-prego da indstria de transformao do Estado e 7,5% do emprego da indstria de laticnios no Brasil.
As regies Fronteira Noroeste e Celeiro respondem por 8,3% do total de empregos da indstria de laticnios no Estado, distribudos entre 39 estabelecimentos. O maior nmero de empregos da aglomerao ocorre na atividade de fabricao de laticnios (91,1%). Trs de Maio, Santa Rosa e Santo Cristo, situados no Corede Fronteira Noroeste, detm 85% dos empregos do total dessa indstria. Essa concentrao decorre da presena de estabelecimentos de maior porte nesses muni-cpios (Tabela 4).
A partir de meados da dcada dos anos 2000, o emprego formal da indstria de laticnios na regio vem crescendo, sustentadamente, at 2011, quando tem incio um perodo de estabilizao (Figura 6). Entre 2006 e 2014, o emprego elevou-se nas atividades de fabricao de laticnios (mais 403 empregos) e fabricao de sorvetes e outros gelados comestveis (mais 26 empregos). O emprego da atividade de preparao do leite o menos representativo e declinou nesse perodo (menos 11 empregos). O movimento do emprego na atividade de fabri-cao de laticnios reflete os investimentos recentes na regio, sobretu-
9 A Emater-RS possui 12 regies administrativas. Os municpios dos Coredes Fronteira
Noroeste e Celeiro situam-se, respectivamente, nas regies administrativas de Santa Rosa e Iju.
A aglomerao produtiva de laticnios Fronteira Noroeste-Celeiro 507
Aglomeraes e Arranjos Produtivos Locais no Rio Grande do Sul
do os ocorridos em Trs de Maio. Esse municpio desponta como cen-tro dinmico da indstria de laticnios das regies Fronteira Noroeste e Celeiro, tendo sido escolhido para abrigar os investimentos das maiores empresas.
Tabela 4
Empregos na indstria de laticnios dos Coredes Fronteira Noroeste e Celeiro e do RS 2014
COREDES E MUNIC-PIOS
PREPARAO DO LEITE
FABRICAO DE LATIC-
NIOS
FABRICAO DE SORVETES
TOTAL
Celeiro ................................... 0 27 28 55 Chiapetta ............................ 0 5 0 5 Crissiumal .......................... 0 2 0 2 Esperana do Sul ............... 0 7 0 7 Santo Augusto .................... 0 0 8 8 So Martinho ...................... 0 10 4 14 Tenente Portela .................. 0 3 6 9 Trs Passos ....................... 0 0 10 10
Fronteira Noroeste ................. 11 699 31 741 Boa Vista do Buric ............ 11 0 0 11 Campina das Misses ........ 0 0 1 1 Doutor Maurcio Cardoso 0 52 0 52 Santa Rosa ........................ 0 119 25 144 Santo Cristo ....................... 0 119 5 124 Senador Salgado Filho ....... 0 1 0 1 Trs de Maio ...................... 0 408 1 409
Fronteira Noroeste-Celeiro 11 726 60 797 Rio Grande do Sul ............... 1.213 6.653 1.702 9.568 FONTE DOS DADOS BRUTOS: BRASIL (2015).
O fato de a aglomerao contribuir mais para a produo leiteira
estadual (16%) do que para o emprego da indstria de laticnios gacha (8,3%) sinaliza que uma parte substancial da matria-prima local in-dustrializada fora da regio10. De fato, identifica-se a presena de em-presas e cooperativas especializadas no recebimento de matria-prima para posterior comercializao fora da regio da aglomerao. Exercem
10 Outra hiptese, menos provvel, explicativa da menor participao das regies Fron-
teira Noroeste e Celeiro no emprego da indstria gacha de laticnios, comparada sua produo leiteira, seria a existncia de diferenciais tecnolgicos e produtivos as-sociados ao padro de especializao ou intensidade capital/trabalho.
Elvin M. Fauth; Rodrigo D. Feix 508
Aglomeraes e Arranjos Produtivos Locais no Rio Grande do Sul
essa atividade, por exemplo, a Coopermil (Santa Rosa), a Laticnios Tirol (Boa Vista do Buric) e um conjunto expressivo de cooperativas de agricultores familiares da regio Celeiro. Alis, na regio Celeiro que parece haver uma menor taxa de industrializao do leite. As unidades produtivas da BRF (Iju, Santa Rosa e Trs de Maio), Nestl (Palmeira das Misses), CCGL (Cruz Alta) e Promilk (Estrela), por exemplo, abas-tecem-se de matria-prima produzida na regio. Sobre esse aspecto, o Censo Gacho do Leite (INSTITUTO GACHO DO LEITE, 2015) apon-tou que a regio administrativa de Santa Rosa responde por 15,6% da produo gacha de leite, mas detm apenas 9,6% da capacidade de resfriamento e industrializao de leite no Estado.
Figura 6
Evoluo do emprego formal nas atividades da indstria de laticnios das regies Fronteira Noroeste e Celeiro 2006-14
FONTE DOS DADOS BRUTOS: Brasil (2016).
Outro aspecto a destacar que a expanso do emprego na inds-
tria de laticnios da regio ocorreu simultaneamente quase estabilida-de no nmero de estabelecimentos. No Corede Celeiro, todos os 15 estabelecimentos existentes, em 2014, enquadravam-se no porte de microempresas, enquanto, no Fronteira Noroeste, h estabelecimentos de micro, pequeno e mdio portes. Nesse Corede, situavam-se 24 es-tabelecimentos, concentrados nos Municpios de Trs de Maio (7), San-to Cristo (6) e Santa Rosa (6). Por sua localizao, possvel deduzir que os estabelecimentos de mdio porte correspondem s unidades
797
11
726
60
0
200
400
600
800
1.000
2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
TotalPreparao do leiteFabricao de laticniosFabricao de sorvetes e outros gelados comestveis
Legenda:
A aglomerao produtiva de laticnios Fronteira Noroeste-Celeiro 509
Aglomeraes e Arranjos Produtivos Locais no Rio Grande do Sul
agroindustriais da BRF (agora Lactalis), situadas em Trs de Maio e Santa Rosa. Os estabelecimentos de pequeno porte possivelmente correspondam s empresas Noroeste Laticnios (Doutor Maurcio Car-doso), Laticnio Petry (Trs de Maio), Laticnio Santo Cristo e Doceoli (Santo Cristo). No Municpio de Trs de Maio, foi inaugurada, recente-mente, a fbrica da Nutrifont, resultado de uma parceria (joint venture) firmada entre a empresa irlandesa Carbery e a BRF. Essa fbrica a primeira do Brasil a produzir protena concentrada de soro de leite (whey protein) e lactose e dever gerar pelo menos 50 novos empregos diretos.
As principais empresas da indstria de laticnios com unidades pro-dutivas instaladas na regio da aglomerao so listadas no Quadro 1.
Quanto s atividades desenvolvidas, essas empresas podem ser classificadas em dois grupos principais: o primeiro, constitudo pelas que se dedicam transformao da matria-prima em produtos indus-trializados, no se restringindo ao beneficiamento do leite para consu-mo humano; e o segundo, constitudo por empresas que atuam no re-cebimento do leite para envio a unidades produtivas situadas fora ou dentro da rea de abrangncia da aglomerao.
Tambm h sinais de diferenas significativas na estratgia de operao das empresas. Antes de alienarem seu patrimnio voltado produo laticinista, a BRF e a LBR eram empresas de atuao nacio-nal, que ofertavam um amplo mix de produtos derivados do leite. Suas plantas industriais na regio cumpriam um papel especfico e determi-nado, aproveitando-se da disponibilidade regional de matria-prima. A compra desses ativos pela Lactalis deve representar a continuidade desse modelo. A Nutrifont ingressou no mercado, para atender a um nicho especfico no Brasil, at ento abastecido por produtos importa-dos. A empresa Laticnios Noroeste pertence ao Grupo Kunzler, com sede em Porto Alegre, especializado na industrializao e comercializa-o de queijo parmeso ralado. As unidades da Laticnios Tirol, da Promilk e da Confepar atuam, exclusivamente, na originao do leite para as suas fbricas situadas, respectivamente, em Santa Catarina, Vale do Taquari (RS) e Paran. As demais empresas so de origem local, e suas unidades industriais esto predominantemente situadas na regio.
Elvin M. Fauth; Rodrigo D. Feix 510
Aglomeraes e Arranjos Produtivos Locais no Rio Grande do Sul
Quadro 1
Empresas laticinistas das regies Fronteira Noroeste e Celeiro
EMPRESAS MUNICPIO COREDE PRODUTOS MARCAS
1. Fabricao de laticnios
Lactalis
Trs de Maio
Fronteira Noroeste Queijos
Batavo e Eleg
Trs de Maio
Fronteira Noroeste
Leite em p
Santa Rosa Fronteira Noroeste
Doce de leite, requeijo e leite pasteurizado
ARC Medical Lo-gstica (1) Crissiumal Celeiro Queijos
Laticnios Noroeste Doutor Maurcio Cardoso
Fronteira Noroeste Queijos Kunzler
Nutrifont Trs de Maio
Fronteira Noroeste
Protena concen-trada e lactose, a partir do soro do leite
Laticnios Progres-so
Trs de Maio
Fronteira Noroeste Queijos
Laticnios Petry Trs de Maio Fronteira Noroeste
Queijos, bebida lctea Petry
Doceoli Santo Cris-to Fronteira Noroeste
Queijos, creme de leite, doce de leite, iogurte e bebida lctea
Doceoli
Laticnio Santo Cristo
Santo Cris-to
Fronteira Noroeste
Queijo, ricota, creme de leite e bebida lctea
Tch Milk
2. Resfriamento do leite
Laticnios Tirol Boa Vista do Buric
Fronteira Noroeste
Leite fluido resfri-ado
Coopermil Santa Rosa Fronteira Noroeste Leite fluido resfri-ado
Promilk Tiradentes do Sul Celeiro
Leite fluido resfri-ado
Cooperativa Agroindustrial do Paran - Confepar
So Marti-nho
Celeiro Leite fluido resfri-ado
Cooperyucum Derrubadas Celeiro Leite fluido resfri-ado
FONTE: Sindicato da Indstria de Laticnios e Produtos Derivados do Estado do Rio Grande do Sul FONTE: (2015). FONTE: Federao das Indstrias do Rio Grande do Sul (2014). FONTE: Associao das Pequenas Indstrias de Laticnios do Rio Grande do Sul - APIL (2016). NOTA: A unidade industrial que pertencia LBR, situada em Crissiumal, foi arrendada pela Goiasmi-nas, empresa que comercializa os produtos da marca Italac.
A aglomerao produtiva de laticnios Fronteira Noroeste-Celeiro 511
Aglomeraes e Arranjos Produtivos Locais no Rio Grande do Sul
Alm dos estabelecimentos de maior porte, na regio tambm es-to presentes microempresas e agroindstrias familiares que proces-sam leite (Quadro 2). Em 2014, algumas dessas agroindstrias esta-vam cadastradas no Programa Estadual de Agroindstria Familiar (PEAF), coordenado e operacionalizado pela Secretaria de Desenvol-vimento Rural, Pesca e Cooperativismo do Rio Grande do Sul (SDR-RS). As demais, situadas no Corede Celeiro, fazem parte do chamado APL Agroindstria Familiar - Regio Celeiro11.
Quadro 2
Agroindstrias familiares especializadas na produo de laticnios das regies Fronteira Noroeste e Celeiro
AGROINDSTRIA FAMILIAR
MUNICPIOS PRINCIPAIS PRODUTOS
Corede Celeiro
Cooperarchi Chiapetta Laticnios Agroindstria Grun Willy
Crissiumal Laticnios
Comprol - Cooperativa Mista Progresso So Martinho Laticnios
Queijos NH So Martinho Queijos Queijaria Sabor da Roa
Tiradentes do Sul Queijos
Corede Fronteira Noroeste
Coopral - Cooperativa de Produtores de Ale-crim
Alecrim Leite fluido resfriado, queijo, iogurte
Casa do Queijo Doutor Maurcio Cardoso Queijo e iogurte
Agroindstria Denysiuk Doutor Maurcio Cardoso Queijo, requeijo, doce de leite Sabor do Campo Independncia Leite fluido resfriado, queijo
Laticnios Unio Porto Lucena Leite fluido resfriado, bebida lctea
Agroindstria Morari Porto Lucena Queijo
FONTE: Rio Grande do Sul (2013).
No Corede Celeiro, frequente a utilizao de pequenas coopera-
tivas, atravs das quais os agricultores familiares negociam um volume
11 No ano de 2013, essa foi uma das propostas selecionadas para participar do Progra-ma de Fortalecimento das Cadeias e Arranjos Produtivos Locais, coordenado pela AGDI. A rea de abrangncia do potencial arranjo formada pelos 21 municpios do Corede Celeiro. Fez parte da proposta um conjunto expressivo de entidades e agroindstrias, produtoras de diversos produtos derivados da agricultura familiar.
Elvin M. Fauth; Rodrigo D. Feix 512
Aglomeraes e Arranjos Produtivos Locais no Rio Grande do Sul
mais expressivo de matria-prima, o que enseja a disputa das empre-sas compradoras. Segundo Muenchen e Basso (2014), h um conjunto de 12 cooperativas participantes do APL Agroindstria Familiar Re-gio Celeiro12, respondendo pela comercializao de, aproximadamen-te, 20% da produo da regio.
A industrializao do leite pelas cooperativas dessa regio reali-zada em agroindstrias prprias (Comprol) ou de parceiros e associa-dos (Vily Grn, Queijaria Portelense, Promilk, etc.). Porm aproxima-damente 90% do volume de leite fluido captado vendido para a inds-tria aps o resfriamento, segundo a Associao Gacha dos Empreen-dimentos Lcteos (AGEL). Os produtores maiores ou situados prximos s linhas de coleta do leite negociam diretamente com as cooperativas tritcolas, associadas CCGL, e outras empresas da regio ou do seu entorno.
No Corede Fronteira Noroeste, por sua vez, tambm existem coo-perativas locais que atuam, exclusivamente, na captao do produto para comercializao com unidades industriais situadas dentro ou fora dos limites da aglomerao. Conforme relatado anteriormente, as coo-perativas Comtul, Coopermil, Cotrijui, Cotricampo, Cotrimaio e Cotriro-sa so associadas CCGL e destinam parte da produo de leite dos seus associados unidade industrial situada em Cruz Alta.
Algumas das empresas da regio passaram por momentos de ins-tabilidade nos ltimos anos. Esse quadro decorreu de fatores estrutu-rais do setor (exgenos s empresas) ou de estratgias de negcios equivocadas e de comportamentos fraudulentos de atores locais (end-genos aglomerao, mas no exclusivos dela). As baixas margens de lucro so um trao conhecido desse setor e explicam parte do movi-mento de concentrao industrial principalmente via fuses e aquisi-es em busca de ganhos de escala. As empresas de menor porte foram afetadas principalmente pela instabilidade decorrente de deci-ses oportunistas de alguns atores, nocivas para toda a cadeia de pro-duo. A Operao Leite Compensado, deflagrada em maio de 2013, revelou a existncia de um esquema que adulterava o leite produzido
12 A entidade gestora do APL a Associao Gacha dos Empreendimentos Lcteos
(AGEL). Criada em 2008, tem o propsito de congregar, orientar e assistir s coope-rativas associadas; instruir e estimular a cooperao entre as empresas no tocante organizao empresarial e prospeco de novos mercados e clientes; e ter ganhos de escala na aquisio de produtos, mercadorias e servios na produo e comercia-lizao de bens e servios e na publicidade conjunta.
A aglomerao produtiva de laticnios Fronteira Noroeste-Celeiro 513
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no Rio Grande do Sul. Na ocasio, o Ministrio Pblico Estadual de-nunciou que transportadores de leite estavam adicionando gua e ureia ao leite cru, para aumentar o volume e disfarar a perda nutricional. O transportador autnomo de leite, tambm conhecido como freteiro, foi identificado como o principal responsvel pelo esquema. Essa opera-o atingiu praticamente todas as regies produtoras do Estado e de-nunciou que a fraude contava com a participao de agentes de vrias etapas da cadeia produtiva produtores, transportadores, laboratoris-tas e postos de resfriamento. As investigaes evidenciaram a necessi-dade de maior fiscalizao e transparncia no controle de qualidade do produto. Mesmo as empresas que no foram objeto de investigao foram afetadas, pois o leite gacho passou a ser menos valorizado no mercado, havendo dificuldade de escoamento e venda para outros mercados do Pas.
Nas regies Fronteira Noroeste e Celeiro, a fraude foi identificada em diversos municpios: Horizontina, Boa Vista do Buric, Trs de Maio, Santo Augusto, Crissiumal, Campina das Misses e So Marti-nho. A principal prtica denunciada foi a adio de gua e ureia ao leite. Os envolvidos so agentes da cadeia que atuam, principalmente, no transporte ou no resfriamento do produto. Inicialmente, no foi consta-tada a participao direta de indstrias locais nas fraudes. Mais recen-temente, em junho de 2015, o Ministrio Pblico gacho denunciou a adulterao do queijo produzido pela empresa Laticnios Progresso (Trs de Maio), ao que ficou conhecida como Operao Queijo Com-pensado 1. Segundo a denncia, farinha de milho e leite rejeitado por outras indstrias eram utilizados na fabricao do produto.
Por fim, destaca-se que a produo local de laticnios quase ex-clusivamente destinada ao mercado interno brasileiro. Segundo o pre-sidente do Sindicato da Indstria de Laticnios e Produtos Derivados do Estado do Rio Grande do Sul, Alexandre Guerra, aproximadamente 60% da produo gacha de laticnios comercializada fora do Estado (SINDICATO DA INDSTRIA DE LATICNIOS E PRODUTOS DERI-VADOS DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL, 2015). A exportao a partir dos estabelecimentos laticinistas da regio espordica e de baixa representao econmica. Percebendo a necessidade de incenti-var o consumo interno e qualificar a produo para oferta no mercado internacional, o Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento (MAPA) e entidades representativas da cadeia do leite no Brasil esto se articulando, a fim de lanar um projeto nacional de melhoria da com-
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petitividade do setor lcteo brasileiro. Em certa medida, a continuidade da expanso da produo domstica de leite no Brasil est condiciona-da ao atendimento dos padres internacionais de produo, o que po-der significar uma nova fonte de dinamismo para a atividade.
Consideraes finais
A expanso recente da produo de matria-prima a taxas supe-riores mdia gacha contribuiu para consolidar as regies Fronteira Noroeste e Celeiro como estando entre as principais bacias leiteiras estaduais. Nesta anlise preliminar, tornou-se evidente a significativa importncia econmica e social da cadeia produtiva do leite e seus produtos na regio. A produo primria local est alicerada num teci-do composto por milhares de produtores, em sua maioria, organizados em cooperativas e articulados indstria.
O crescimento da produo leiteira e laticinista, em anos recentes, tambm contribuiu para o desenvolvimento e fortalecimento de ramos auxiliares cadeia do leite. No Corede Fronteira Noroeste, identifica-se a presena de uma rede de oferta de insumos e servios especializa-dos e de mquinas e equipamentos voltados aos produtores de leite e indstria. provvel que o dinamismo do setor tambm tenha contri-budo para o incremento do processo de aprendizado, para o acmulo e para a difuso de conhecimentos. Sob esse aspecto, destaca-se o papel das instituies de ensino, notadamente os da Sociedade Educa-cional Trs de Maio (Setrem) e da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (Uniju), para a formao e qualifica-o de especialistas que atuam no setor.
Sobre a governana na aglomerao, a literatura sobre APLs indi-ca que estruturas de produo em que predominam pequenas empre-sas costumam ser mais favorveis a iniciativas coletivas e aes con-juntas. Por outro lado, a presena de grandes empresas ou empresas que dominem elos importantes da cadeia produtiva pode dificultar a governana. Na AP de laticnios Fronteira Noroeste-Celeiro, as empre-sas de maior porte, com origem fora do territrio, ampliaram sua partici-pao no recebimento da matria-prima. Ao que tudo indica, a estrutura de mercado de oligopsnio, haja vista que Lactalis, Nestl e CCGL concentram o recebimento de leite produzido localmente. Essa uma caracterstica que, a priori, limita o estabelecimento de uma governana
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do tipo de APL que abranja todos os atores relevantes da cadeia produ-tiva na regio.
Contudo, em favor da governana, destaca-se a presena de insti-tuies locais com representatividade poltica, econmica e social, inte-ragindo com o setor produtivo. Elementos dessa interao em prol do arranjo so as propostas de enquadramento na poltica estadual de APLs, enviadas AGDI. Da regio da AP de laticnios Fronteira No-roeste-Celeiro, partiram duas propostas submetidas ao Programa de Fortalecimento das Cadeias e Arranjos Produtivos Locais. A primeira partiu de um conjunto de agroindstrias familiares do Corede Celeiro, que se mobilizaram para atender ao edital de seleo de propostas de APL, lanado em 2012 pela AGDI. Tendo sido a aglomerao selecio-nada, a AGDI aportou recursos ao fortalecimento da governana local e estruturao de um plano de desenvolvimento estratgico para o potencial arranjo, que abrange os 21 municpios do Corede Celeiro. Os autores da proposta avaliaram que a constituio de grupos e coopera-tivas para comercializao e/ou industrializao conjunta do leite, assim como o dilogo entre os atores envolvidos com o tema do desenvolvi-mento local, criaro condies favorveis para o fortalecimento do APL da agroindstria familiar da Regio Celeiro (AGDI, 2014).
A segunda proposta reporta-se ao Corede Fronteira Noroeste, on-de, em 2013, foram iniciadas as atividades visando ao reconhecimento do APL do leite no Municpio de Santo Cristo. A iniciativa para reconhe-cimento do APL do leite partiu da Fundao Educacional Machado de Assis (FEMA), com sede em Santa Rosa. O comit gestor conta com a participao de atores locais, representantes de um nmero expressivo de entidades e empresas, tais como FEMA, Corede Fronteira Noroeste, Associao Comercial, Industrial, Servios e Agropecuria de Santo Cristo, prefeitura municipal, Coopermil, produtores de leite representa-dos pelo Sindicato de Trabalhadores Rurais, Cresol, Cotrirosa, Doceoli, Emater, Coopasc, Tch Milk e Uniju. No ano seguinte, aps a primeira avaliao da proposta pela AGDI, foi sugerida a ampliao da rea de abrangncia do potencial APL. Os Municpios de Alecrim, Porto Lucena, Candido Godoi, Tuparendi, Campina das Misses, Porto Vera Cruz e Santa Rosa foram convidados a aderir iniciativa. A importncia do reconhecimento governamental do APL percebida pelos atores do aglomerado, em razo de habilitar os participantes a acessar benefcios como o Fundopem/Integrar e linhas de financiamento especficas, alm de oportunizar a apresentao de projetos no oramento estadual.
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Portanto, a atuao de empresas globais, que tm suas estrat-gias de atuao definidas fora dos limites da aglomerao, pode dificul-tar, mas no se constitui em elemento impeditivo para a articulao e o desenvolvimento de aes conjuntas voltadas ao incremento das van-tagens competitivas da regio. Isso especialmente relevante para os atores locais que se encontram margem da coordenao das grandes empresas ou que ocupam um papel perifrico nesse processo.
Em se tratando das possibilidades de cooperao, distncia, possvel inferir que a predominncia vigente a do tipo vertical- -bilateral, entre as agroindstrias e os produtores rurais. Vislumbrando a fidelizao e qualificao de seus fornecedores, as empresas laticinis-tas so incentivadas a ofertar treinamento e assistncia tcnica13. No Corede Fronteira Noroeste, os pequenos produtores so beneficiados por esse tipo de ao, com destaque para as coordenadas pelas coo-perativas locais. No Corede Celeiro, depois da sada das maiores coo-perativas regionais do ramo leiteiro, os pequenos produtores reuniram- -se em torno de cooperativas menores, muitas das quais criadas para gerar vantagens na comercializao da matria-prima. Nesse caso, a busca pela sobrevivncia parece ter atuado como principal incentivo cooperao.
A ao conjunta de empresas concorrentes na produo de latic-nios cooperao horizontal mais comum na promoo de ativi-dades voltadas aos produtores de leite. Porm, as denncias da Ope-rao Leite Compensado, deflagrada em 2013, induziram a aproxima-o de empresas no diretamente atingidas, com vistas a fortalecer a cultura da produo legal e de qualidade. A relevncia de longo prazo do trabalho coordenado pelo Ministrio Pblico parece ter sido compre-endida. Em meio ao quadro de instabilidade e de abalo da confiana entre os atores locais da cadeia do leite, decisivo que as instituies recompensem, adequadamente, os comportamentos positivos e punam os dissonantes, recuperando as bases em que se assenta a coopera-o. Nesse sentido, importante que os fatos trazidos tona pela Ope-rao Leite Compensado tenham contribudo para depurar o mercado e recuperar a confiana entre os atores locais14. O monitoramento da
13 Alm do preo pago pelo produto, a deciso dos produtores de leite de se relaciona-
rem com determinada empresa pode ser influenciada pelo conjunto de vantagens as-sociadas, sejam elas econmicas, sejam tecnolgicas ou sejam mesmo sociais.
14 Mais recentemente, em janeiro de 2016, foi publicada a lei que estabelece o Progra-ma de Qualidade na Produo, Transporte e Comercializao de Leite no Rio Grande
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evoluo desse quadro faz-se necessria, para determinar at que ponto os eventos afetaram o potencial de desenvolvimento da AP de laticnios Fronteira Noroeste-Celeiro enquanto APL.
importante salientar que, nos ltimos 20 anos, mudanas substanciais ocorreram no desenvolvimento da indstria de laticnios na regio. A presena de empresas globais proporcionou acrscimos de valor agregado s atividades do setor, ao introduzir novos produtos, viabilizados a partir de investimentos em pesquisa e desenvolvimento.
Por fim, cabe enfatizar a importncia de complementar o presente estudo com a realizao de pesquisa de campo. O adequado dimen-sionamento dos desafios permanncia dos produtores rurais na ativi-dade, tais como a indisponibilidade de mo de obra e a falta de suces-so rural, somente possvel in loco, auscultando o territrio. Da mes-ma forma, o esclarecimento dos vnculos de cooperao, articulao e aprendizagem entre os atores locais difcil de realizar distncia. A partir desse passo adiante, viabilizar-se-ia a classificao da AP de laticnios Fronteira Noroeste-Celeiro enquanto APL: se embrionrio ou consolidado, ou simples aglomerao de empresas especializadas.
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Como referenciar este artigo: FAUTH, E. M.; FEIX, R. D. A aglomerao produtiva de laticnios Fronteira Noroeste-Celeiro. In: MACADAR, B. M. de; COSTA, R. M. da. (Org.). Aglomeraes e Arranjos Produtivos Locais no Rio Grande do Sul . Porto Alegre: FEE, 2016. P. 488-520. Reviso bibliogrfica: Leandro De Nardi Reviso de Lngua Portuguesa: Breno Camargo Serafini