A amiga M B - hagnos.com.br filetas vezes, quando ele passava ... Não há palavras para descrever este milagre nem a emoção, ... mestre e escutar atentamente seus ensinamentos

Embed Size (px)

Citation preview

  • 1

    yMaria de Betnia A amiga

    adoradora

    Sou Maria, tive um nome comum e uma vida vulgar. At que Jesus chegou nossa vida. Meus irmos, Marta e Lzaro, e eu tivemos o privilgio de receb-lo em casa mui-tas vezes, quando ele passava por Betnia. Estivemos to perto dele e ele to perto de ns! Ns o amamos e estamos certos de que ele nos amou.

    Eu me lembro de seus ps cansados e empoeira-dos de tanto percorrer os caminhos da Palestina, indo de aldeia em aldeia, de povoado em povoado, ensinando, curando, anunciando o reino dos cus.

    Eu costumava sentar-me a seus ps a escutar suas palavras. Tudo o que ele dizia era to bonito e to diferente, como homem algum jamais falou. Quan-do estava a seus ps, eu podia esquecer de tudo e de todos. Em certa ocasio, minha irm se enfureceu co-migo, porque no a ajudei nos afazeres domsticos, mas Jesus lhe disse ternamente que eu havia escolhido a boa parte, e esta no lhe ser tirada (Lc 10.42). E era verdade, pois o que aprendi naquelas horas jamais se apagou do meu corao.

    A minha f aumentava mais e mais com suas pala-vras. Eu estava certa de que ele era o Messias, o Filho de Deus, e quanto eu o amava! E ele nos amava tambm.

  • 12

    Mulheres amigas

    y

    y

    Por isso no entendi por que ele demorou a chegar quando lhe avisamos que Lzaro se encontrava enfermo. Ele apareceu apenas quatro dias depois da morte de Lzaro (Jo 11.32). Ele mandou me chamar e tive a ousadia de prostrar-me a seus ps e dizer-lhe: Senhor, se estivesses aqui, meu irmo no teria morrido.

    Ento sucedeu algo que comoveu minha alma profundamente. Jesus chorou. Jesus chorou comigo. Ele se comoveu com nossa dor. Nesse momento, enten-di que ele amava a humanidade e se identificava plena-mente conosco, que amava como ningum a cada um dos homens e mulheres, e que a morte lhe doa.

    Porm, essas lgrimas foram a antecipao de algo glorioso. Jesus se dirigiu ao tmulo de Lzaro, or-denou que retirassem a pedra e com voz potente gritou:

    Lzaro, vem para fora!E meu irmo ressuscitou. Saiu com as mos e

    os ps atados ainda com as faixas e o rosto envolto no sudrio, porm vivo (Jo 11.1-44).

    No h palavras para descrever este milagre nem a emoo, a gratido e o louvor que nos paralisaram. Nesse dia no apenas Lzaro ressuscitou, mas ressus-citaram tambm nossa f e nossas esperanas.

    S pude fazer mais alguma coisa por ele. Seis dias antes da pscoa, Jesus veio a Betnia. Meu irmo Lzaro estava com ele mesa e, como sempre, Marta os servia.

    Eu me aproximei timidamente com um vaso de alabastro muito caro e o derramei sobre seus ps. Sen-ti que ele merecia isso e muito mais, que era nosso rei, nosso salvador, nosso curador, que havia me perdoa-do, e que nele estava a vida.

    Sei que muitos murmuraram quando a casa se encheu do aroma de perfume, considerando aquilo um desperdcio de dinheiro. Porm ele aprovou o que fiz, disse que esse ato o havia preparado para a sepultura.

    As geraes se passaram, e Jesus continua sen-do o mesmo ontem, hoje e sempre (Hb 13.8). Ele conti-nua transformando vidas comuns como a minha.

  • 13

    Maria de Betnia. A amiga adoradora

    y

    y

    Se voc me permite compartilhar um conselho que aprendi aos ps de Jesus, lute por manter e defender a boa parte (Lc 10.42). No permita que o trabalho rduo lhe roube o tempo em que voc pode estar a seus ps escutando sua palavra. Permita que ele a transforme como transformou a minha vida e o meu corao. Aprenda a escutar a cada dia sua terna voz. Voc deve crer que ele a espera a cada dia e a deseja. Que grande privilgio! Jesus, o salvador do mundo e o amigo por excelncia.

    Uma amiga hospitaleira

    Prosseguindo viagem, Jesus entrou num povoa do; e uma mulher chamada Marta rece-beu-o em casa. Sua irm, chamada Maria (Lc 10.38,39).

    A histria de Maria de Betnia nos permite enxergar a intimidade de uma famlia que aceita Jesus como amigo. Cada um dos irmos teve uma relao pessoal com Jesus e o amava e servia sua maneira. Jesus sabia que havia um lar naquela aldeia ao qual podia chegar com toda liberdade. Betnia est situada trs quilmetros a leste de Jerusalm, na ladeira oriental do monte das Oliveiras, e era o lar destes trs irmos.

    Parece que Marta era a anfitri que se ocupava das tarefas e de oferecer o melhor para Jesus. Em compensao, Maria aproveitava essas visitas para sentar-se a seus ps e ouvir sua palavra (Lc 10.38-42). Por isso podemos inferir que Maria tinha um carter mais contemplativo e muita vontade de aprender. Maria assume a postura de uma verdadeira discpula ao sentar-se aos ps de seu mestre e escutar atentamente seus ensinamentos. Maria concentrava sua ateno nas palavras de Jesus, que sem dvida saciavam seu corao, e no permitia que nada interrompesse esse maravilhoso momento, a despeito da tenso e das reprimendas de sua irm.

    Podemos imagin-la como uma mulher doce e ter-na, profundamente interessada nas coisas celestiais. Ela

  • 14

    Mulheres amigas

    y

    y

    recebeu de Jesus uma riqueza que o prprio mestre des-creveu com suas palavras: poucas coisas so necessrias, ou mesmo uma s e Maria escolheu a boa parte, e esta no lhe ser tirada (Lc 10.42).

    Voc se identifica com Maria? Quantas de ns no desejaramos realmente sentar a seus ps! Quantas de ns no desejaramos saber como era o som de sua voz e expressar-lhe pessoalmente nossas dvidas e perguntas! Quantas de ns no desejaramos considerar-nos amigas de Jesus e que ele tivesse em seus planos no somente passar por nossa casa, mas ficar para jantar conosco e talvez passar a noite sob nosso teto! Maria de Betnia teve todos estes privilgios. Hoje, porm, no sculo 21, possvel expressar a Jesus a mesma devoo e receber dele os mesmos privilgios.

    Podemos sentar a seus ps e ler seus ensina-mentos, essa palavra que sempre pertinente e que se ajusta a cada uma de nossas circunstncias. Podemos separar um tempo para estar a ss com ele. Podemos dedicar-lhe tudo o que realizamos durante o dia e fa-zer isso com alegria. E podemos atender com cuidado a nossa famlia e a todo aquele que chegar ao nosso lar como se fosse Jesus. E, no obstante, podemos ofere-cer-lhe o melhor de ns.

    Hospitalidade uma qualidade que Deus pe no corao das pessoas. O apstolo Paulo a inclui na lista das aes que surgem do amor fraternal e a recomendou como uma prtica na igreja primitiva (Rm 12.13).

    Recordo que Deus nos ensinou a abrir as portas de nossa casa e de nosso corao ao mesmo tempo, em uma ocasio em que meu esposo e eu nos hospedamos na cidade de Cuzco. Tnhamos quatro anos de casados e decidimos voltar por uma semana cidade onde havamos passado nossa lua de mel. Um casal de amigos nos hospedou e nos dedicou tanta ateno e amor nesses dias que surgiu um desejo em nosso corao de fazer o mesmo por outras pessoas. Lembro-me de que tambm visitamos outra famlia que nos esperava, almoamos com eles e encontramos a mesma solicitude,

  • 15

    Maria de Betnia. A amiga adoradora

    y

    y

    a mesma disposio de servir. Ficamos admirados com tanta amabilidade. Desde ento aprendemos a dar e a ser hospitaleiros (Rm 12.13). E perdemos a conta das pessoas que temos hospedado em 23 anos de vida conjugal. Muitas vezes, so famlias ou pessoas que chegam at ns em momentos de angstia e podem encontrar em nosso lar um refgio.

    A Bblia diz: O amor fraternal seja contnuo. No vos esqueais da hospitalidade, pois, fazendo isso, mes-mo sem saber, alguns hospedaram anjos (Hb 13.1,2). O texto faz referncia s experincias de Abrao e L (Gn 18.1-8; 19.1-3) quando chegaram vares tenda de Abrao e logo casa de L, e eles os hospedaram sem saber que eram anjos em visita com um propsito especial.

    Ser hospitaleiro oferecer e receber amizade. Em minha experincia, ao hospedar algum, pensava sempre em dar e abenoar, mas terminava recebendo mais, j que a hospitalidade nos permite realmente acrescentar e aprofundar as relaes e o amor fraternal. Posso dizer que tenho sido abenoada por todos que chegaram nossa casa, e o pouco ou muito que temos dado, isso tem sido retribudo com acrscimos.

    Deus tambm tem se encarregado de recompensar--nos, pois generosamente continua hospedando ao meu esposo e a mim em diferentes lugares do mundo. Tivemos uma casa em Londres nossa disposio por uma semana, um aposento em Paris, um dormitrio em um edifcio excelente no Equador e outros dois em duas casas no Chile. Tambm temos nos hospedado com nossos filhos na Flrida, em Cuzco e cada vez que voltamos a Arequipa. E sempre h um lugar para ns em diferentes provncias do pas. Geralmente temos sido recebidos pelos irmos na f, alguns muito prximos, outros no tanto; em certas ocasies temos sido hospedados por pessoas que no vamos h muitos anos; e, ainda que parea mentira, em mais de uma ocasio, por pessoas que nos conheceram naquele instante, mas sempre nos receberam com afeto e amizade.

  • 16

    Mulheres amigas

    y

    y

    s vezes era tanta a generosidade que no s ter-minava admirada como envergonhada. A nica coisa que me devolvia a paz era pensar que o mesmo que faziam por mim e por minha famlia, eu teria a oportunidade de fazer a outros.

    O que me anima pensar que Jesus ama tanto as pessoas que considera o bem que fazemos aos demais como se fosse feito a ele mesmo. Leia a maneira como ele expressou esta verdade:

    Ento o rei dir aos que estiverem sua di-reita: Vinde, benditos de meu Pai. Possu por herana o reino que vos est preparado desde a fundao do mundo; porque tive fome, e me destes de comer; tive sede, e me destes de be-ber; era estrangeiro, e me acolhestes; []Em verdade vos digo que sempre que o fizestes a um destes meus irmos, ainda que dos mais pequeninos, a mim o fizeste (Mt 25.34,35,40).

    Voc hospitaleira? Como voc reage quando al-gum a visita? Quando algum lhe telefona e pergunta se voc pode receb-lo em sua casa?

    Marta e Maria corriam ao mercado cada vez que fi-cavam sabendo que Jesus estava perto de Betnia. Estou certa de que ambas preparavam a cama, as toalhas, as panelas e se esmeravam em limpar a casa. Consideravam um privilgio hospedar o mestre. Ele j no est fisica-mente neste mundo para que faamos o mesmo, mas h muitas pessoas ao nosso redor que talvez necessitem de nosso auxlio.

    Este tema, porm, merece uma reflexo ainda mais profunda. Hoje Jesus no quer ser um simples hspede em sua vida, j que um hspede um visitante ocasional que, assim como chega, se vai. Ele quer permanecer em sua vida e sentar-se no trono do seu corao.

    O apstolo Paulo expressou que Jesus pode converter-se em Senhor de nossa vida e por seu Esprito morar em nosso corao, com as seguintes palavras: Portanto, no sou mais eu quem vive, mas Cristo quem

  • 17

    Maria de Betnia. A amiga adoradora

    y

    y

    vive em mim. E essa vida que vivo agora no corpo, vivo pela f no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim (Gl 2.20). Jesus o Senhor e ao mesmo tempo o amigo que nos deseja. Voc est disposta a receb-lo e a render-se ao seu senhorio?

    Uma mulher faminta

    Sua irm, chamada Maria, sentando-se aos ps do Senhor, ouvia a sua palavra (Lc 10.39).

    Comentamos que Maria se sentava aos ps de Jesus para ouvir a sua palavra. Era costume entre o povo judeu que os discpulos se sentassem aos ps do mestre para ouvir seus ensinamentos (At 22.3). Maria assume esta postura com Jesus para ouvir sua palavra. No original grego, o verbo ouvir, ekouen, expressa continuidade, o que significa escutar continuamente ao mestre, ter por costume faz-lo. Podemos assegurar que Maria preparava no somente seus ouvidos para escutar ao Senhor, mas tambm seu corao. E este um grande ensinamento para todas ns, que s vezes no s tardamos em nos preparar para ler sua palavra e ouvir sua voz como cometemos o grande erro de no preparar nosso corao para ser examinado pela palavra.

    Imaginemos Maria atenta a cada uma das palavras de Jesus, comovendo-se, descobrindo-se a si mesma medida que Jesus falava, vivendo na prpria carne o que disse o livro de Hebreus: Porque a palavra de Deus viva e eficaz, mais cortante que qualquer espada de dois gu-mes; penetra at o ponto de dividir alma e esprito, juntas e medulas, e capaz de perceber os pensamentos e in-tenes do corao. E no h criatura alguma encoberta diante dele; antes todas as coisas esto descobertas e expostas aos olhos daquele a quem deveremos prestar contas (Hb 4.12,13).

    Como para Maria, hoje essa palavra continua viva e operante para ns, tem o poder de desnudar

  • 18

    Mulheres amigas

    y

    y

    nosso corao aos olhos de Deus, de penetrar os nossos pensamentos, de confrontar os nossos sentimentos e de provocar a nossa conscincia. Tem o poder de penetrar at as profundezas de nosso ntimo!

    Estou certa de que voc j experimentou esta verdade ao ler na intimidade a palavra de Deus e descobrir que essa mensagem era para voc, que se adequava s suas circunstncias ou era exatamente aquilo que voc precisava ouvir para tomar uma deciso. Isto aconteceu comigo inmeras vezes nos ltimos anos. Da mesma maneira, ao ouvir um sermo, uma palestra ou uma conferncia baseada na palavra de Deus, ela comoveu profundamente meu corao e operou meu ser com seu bisturi divino.

    Maria descobriu aos ps do mestre esta grande ver-dade e no podemos culp-la por no querer deixar esse lugar por nada no mundo. No podemos culp-la de to-mar para si um banquete espiritual. Para ela, Jesus era o po da vida (Jo 6.35). O po espiritual de que sua alma necessitava. um paradoxo que, enquanto Jesus recebia de Marta e Maria o po material, dava-lhes em troca o po espiritual. Maria aprendeu a se alimentar espiritualmente.

    H outras passagens na Bblia que citam a palavra de Deus como alimento. No livro do profeta Ezequiel, en-contramos esta estranha ordem de Deus:

    Em seguida, ele me disse: Filho do homem, come o que achares; come este rolo, e vai, e fala casa de Israel. Ento abri a boca, e ele me deu o rolo para comer. E disse--me: Filho do homem, come e enche o estmago com este rolo que te dou. Ento o comi, e minha boca ficou doce como o mel (Ez 3.1-3).

    Para cumprir sua tarefa de profeta e comunicar adequadamente a mensagem de Deus ao povo, Ezequiel recebeu o encargo de comer o rolo que continha a pala-vra de Deus. Quer dizer, assimilar completamente seu contedo, imprimi-lo em sua mente e corao, nutrir sua alma de alimento espiritual (Comentrio Bblico, Matthew Henry, p. 901). A palavra de Deus alimento, enriquece nossa vida interior, nos d respostas, ordena nossa viso de mundo e direciona nosso agir.

  • 19

    Maria de Betnia. A amiga adoradora

    y

    y

    O apstolo Paulo lembrou esta grande verdade a Timteo antes de morrer, a fim de que seu jovem discpulo desse preferncia ao estudo e ao ministrio da palavra: Toda a Escritura divinamente inspirada e proveitosa para ensinar, para repreender, para corrigir, para instruir em justia; a fim de que o homem de Deus tenha capacidade e pleno preparo para realizar toda boa obra (2Tm 3.16).

    O desejo do corao de Deus que sejamos sens-veis ao ensinamento da sua palavra, que nos permitamos ser ensinadas por ele, corrigidas, dirigidas e instrudas na justia. Com sua palavra, Deus quer nos preparar para alcanarmos o equilbrio em nossa vida, para aprender-mos a nos conduzir e a trabalhar sabiamente. Ele no quer que acumulemos apenas conhecimento, a menos que esse saber ou conhecer nos leve a agir e a trabalhar, a ser. A isso o apstolo Tiago descrevia como praticantes da palavra (Tg 1.22-25).

    Nestes anos de vida crist, conheci muitas mulhe-res famintas por po espiritual, as quais, como Maria, cresceram comendo e obedecendo palavra; no entanto, lamentavelmente conheci outras que, apesar dos anos de experincia e do conhecimento acumulado, no permiti-ram que a palavra as transformasse.

    Negamos a eficcia da palavra de Deus se no per-mitimos que ela execute um processo regenerativo e res-taurador em nossa vida. Se a minha vida no afetada pela palavra, no sou uma verdadeira discpula de Cristo.

    Se voc ainda no aprendeu, como Maria, a sentar--se a seus ps nem descobriu como saciar sua fome espi-ritual com as palavras do mestre, eu a encorajo a separar um tempo todos os dias e a comear a ler um salmo que fala da eficcia dessa palavra eterna.

    o Salmo 119, o mais longo da Bblia. A cada dia, voc pode ler um trecho de dez versculos e meditar a respeito. Eles trazem ensinamentos to alentadores para nossa vida como os seguintes: Minha vida est perto de virar p; vivifica-me segundo tua palavra (Sl 119.25). A ex-posio das tuas palavras concede luz, d entendimento aos simples (Sl 119.130).

  • 20

    Mulheres amigas

    y

    y

    Estou certa de que, como o prprio Deus afirmou, essa palavra dar seu fruto em voc, porque esse o desejo do corao dele: Porque, assim como a chuva e a neve descem dos cus e no voltam para l, mas regam a terra e a fazem produzir e brotar, para que d semente ao semeador e po ao que come, assim ser a palavra que sair da minha boca; no voltar para mim vazia, mas far o que me agrada e cumprir com xito o propsito da sua misso (Is 55.10,11).

    Que alegria comprovar que Deus se deleita em falar--nos e guiar-nos! Maria nos recorda que ouvir sua palavra, a cada dia, nossa responsabilidade e nosso privilgio. Ela encarnou as palavras do rei Davi: Assim como a cora anseia pelas guas correntes, tambm minha alma anseia por ti, Deus! Minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo (Sl 42.1,2).

    Voc tem sede e fome de Deus? o seu esprito que deseja saciar-se de sua palavra.

    Lgrimas compartilhadas

    Ao v-la chorando, e tambm os judeus que a acompanhavam, Jesus comoveu-se profunda-mente no esprito e, abalado, perguntou-lhes: Onde o pusestes? Responderam-lhe: Senhor, vem e v. Jesus chorou (Jo 11.33-35).

    A amizade uma das experincias mais valiosas da vida. Quando sofremos e estamos com problemas, nos-sos verdadeiros amigos se revelam. No sei quantas vezes voc se sentiu consolada e fortalecida por uma boa amiga em tempos difceis. E em quantas outras vezes foi voc que ofereceu amparo, proteo, consolo e alegria. Talvez tenha havido uma circunstncia em que voc esperou que uma amiga estivesse ao seu lado e isso no aconteceu. Quando sentimos que um amigo no qual confiamos falha, nosso corao se enche de dor.

    Algo similar pode ter ocorrido com estas irms. Imaginemos como pulsava o corao de Marta e Maria

  • 21

    Maria de Betnia. A amiga adoradora

    y

    y

    esperando por Jesus durante a agonia de Lzaro. Elas o haviam mandado chamar com estas palavras: Senhor, aquele a quem amas est doente (Jo 11.3). interessan-te notar que as irms nesta mensagem lembram a Jesus os sentimentos dele por Lzaro. O verbo amar utiliza-do aqui indicava uma amizade recproca. E elas estavam quase certas de que por esse amor e pela amizade entra-nhvel que os unia, Jesus chegaria a tempo.

    O evangelista Joo, que o nico que registra este episdio, incide no tema do amor de Jesus por esta fam-lia ao voltar a afirmar: Jesus amava Marta, a irm desta e Lzaro (Jo 11.5). Utiliza agora para o verbo amar o termo que expressa o amor mais puro, incondicional e ge-neroso, a mesma palavra usada em Joo 3.16. Porm, ao escutar esta mensagem, Jesus ficou onde estava por mais dois dias (Jo 11.6).

    Imaginemos a decepo quando o irmo morreu e o mestre no estava com elas. Por fim, Jesus chegou depois de quatro dias. Ao saber que Jesus estava chegando, Marta foi ao seu encontro; Maria, porm, ficou sentada em casa (Jo 11.20). No sabemos se Maria no correu ao encontro de Jesus porque ainda estava desconsolada, ou porque, na sua dor, fechou por um instante seu corao ao amigo que devia estar com ela e chegou demasiado tarde, ou ainda porque no escutou a notcia de que seu mestre havia chegado.

    Contudo, quando Jesus a chama, Maria acode com o mesmo respeito e a mesma devoo que sempre lhe ha-via professado. Ela responde ao chamado de Jesus veloz-mente, to rpido que os que a consolavam creram que ela corria ao tmulo para chorar. Quando se encontra com Jesus, com seu mestre, o amigo desejado, Maria no-vamente se atira a seus ps e desafoga seu corao. Suas palavras expressam, contudo, uma leve reprovao:

    Ao chegar ao lugar onde Jesus estava ao v-lo, Maria lanou-se aos seus ps e disse: Senhor, se estivesses aqui, meu irmo no teria morri-do (Jo 11.32).

  • 22

    Mulheres amigas

    y

    y

    a segunda vez que encontramos Maria aos ps de Jesus. Desta vez, era um momento de profunda dor. Ela cria no poder de Jesus e estava certa de que ele o teria curado. Sem dvida, havia testemunhado muitos de seus milagres e no entendia por que Jesus no acudira logo que o chamaram. Maria estava certa do amor de Jesus por Lzaro e por elas. Por que no veio no momento em que mais necessitavam?

    Jesus, porm, no havia falhado. Ele estava ali para devolver-lhes a f. E para ensinar a cada uma de ns quo profundo era o seu compromisso com os seres humanos e quo identificado ele estava com a humanidade.

    O evangelista Joo registra uma das cenas mais co-moventes, que confirma que Jesus viveu na sua prpria carne o nosso sofrimento e jamais nos deixa sozinhas.

    Ao v-la chorando, e tambm os judeus que a acompanhavam, Jesus comoveu-se profunda-mente no esprito e, abalado, perguntou-lhes: Onde o pusestes? Responderam-lhe: Senhor, vem e v. Jesus chorou (Jo 11.33-35).

    Jesus chorou; com lgrimas, desabafou a dor e o profundo amor que tinha no somente por esta famlia como por toda a humanidade. Jesus expressou median-te suas lgrimas que sensvel dor alheia e nos ama com um amor compassivo, como disse o profeta Isaas: Em toda a angstia deles, ele tambm ficou angustiado (Is 63.9).

    Voc imagina Jesus chorando ao seu lado enquanto voc sofre? Jesus se comove e se abala com a nossa dor. Ele o nosso amigo fiel. No evita as circunstncias do-lorosas da nossa vida, mas est conosco como prometeu. Ele disse antes de partir: No mundo tereis tribulaes; mas no vos desanimeis! Eu venci o mundo (Jo 16.33).

    Quando sofremos, perdemos a perspectiva de que ele est prximo, de que est conosco, de que lhe interes-samos e de que ele capaz de consolar-nos. Somos vul-nerveis diante da dor. Esta passagem revela que a nossa dor di em Jesus, e que ele amava realmente seus amigos.

  • 23

    Maria de Betnia. A amiga adoradora

    y

    y

    Suas lgrimas derramadas naquela ocasio surpreende-ram aqueles que acompanhavam as irms:

    Ento os judeus disseram: Vede como o amava (Jo 11.36).

    Ao v-lo chorar, as pessoas se espantaram de que Jesus mostrasse tanto afeto por um amigo. No livro de Provrbios, este tipo de afeto descrito: h amigo mais chegado que um irmo (Pv 18.24).

    Sim, Jesus amava Lzaro e suas irms. Porm, ama com a mesma intensidade toda a humanidade. Por isso, veio dar sua vida em resgate de muitos (Mc 10.45).

    A Bblia registra outra ocasio em que Jesus chorou. Quando ele entrou triunfante em Jerusalm, as vozes que o aclamavam no aquietaram seu corao diante da cidade de Jerusalm, assim ele chorou sobre ela. No foram lgrimas egostas, mas de compaixo e misericrdia:

    E quando se aproximou e viu a cidade, chorou por ela; e disse: Ah! Se tu conhecesses, ao menos neste dia, o que te poderia trazer a paz! Mas agora isso est encoberto aos teus olhos. Porque te sobreviro dias em que os teus inimigos havero de te cercar de trincheiras, sitiar-te e atacar-te por todos os lados; e te derrubaro, a ti e aos teus filhos que dentro de ti estiverem. E no deixaro em ti pedra sobre pedra, pois no reconheceste o tempo em que foste visitada (Lc 19.41-44).

    Nesta ocasio, Jesus chorou pela dureza de corao de seu povo e porque sabia que, como consequncia, Je-rusalm seria destruda, em vez de chorar por tudo o que sabia que iria sofrer nessa cidade.

    A terceira vez que as Escrituras registram que Jesus chorou nos confirma o valor da amizade e a necessidade que todos ns, seres humanos, temos de apoiar os outros nos momentos obscuros.

  • 24

    Mulheres amigas

    y

    y

    Jesus conhecia os terrveis sofrimentos que estava prestes a padecer, sabia que ia derramar sua vida at a morte num longo processo de agonia, e afligia-se diante desse futuro prximo. Assim, chamou seus trs melhores amigos, Pedro, Tiago e Joo, para que ficassem prximos enquanto ele orava e pedia ao Pai para ser fortalecido. Porm, seus trs melhores amigos estavam to cansados que dormiram (Mt 26.38). O livro de Hebreus registra a intensidade de sua dor e de sua orao: Nos dias de sua vida, com grande clamor e lgrimas, Jesus ofereceu ora-es e splicas quele que podia livr-lo da morte (Hb 5.7).

    Aflijo-me ao pensar que no havia um nico ser hu-mano ao seu lado para acompanh-lo naquele momento, que nenhum amigo pde manter-se acordado apesar do seu clamor e dos seus gemidos.

    interessante notar que, quando choramos, Jesus est pronto a vir em nosso auxlio, mas, na nica vez em que ele chorou por si mesmo, no houve ningum que so-fresse a agonia da sua alma. Por isso, Deus teve de enviar um anjo para que o fortalecesse (Lc 22.43).

    Na ocasio da morte de Lzaro, Jesus se comoveu pela dor e misria da humanidade e pelo profundo pesar em relao a quem amava. O seu esprito se turbou e ele no ocultou suas emoes, profundamente comovido pela morte do amigo e pela dor da sua famlia (Jo 11.38). Com os olhos marejados pelas lgrimas, orou ao seu Pai e ope-rou o milagre.

    Voc imagina como foi essa dor? Imagina como foi seu pranto? No h nada mais precioso que descobrir que Jesus, o amigo fiel, sente na prpria carne a nossa dor. E est ali pronto a mostrar a sua glria em nossa vida.

    Uma amizade perfumada

    Ento Maria, tomando um frasco de blsamo de nardo puro, de alto preo, ungiu os ps de Jesus e os enxugou com os cabelos. E a casa se encheu com o perfume do blsamo (Jo 12.3).

  • 25

    Maria de Betnia. A amiga adoradora

    y

    y

    Coloquemo-nos por um instante no lugar de Maria de Betnia. Jesus havia pastoreado ternamente seu corao. Havia aberto o seu entendimento a verdades espirituais profundas. Ele a havia presenteado com sua amizade. Ela o havia visto ensinar e abenoar multides, aproximar-se do necessitado e dormir de cansao em sua casa depois de um dia esgotador. E, por ltimo, ele havia ressuscitado seu irmo. Maria no cabia em si de alegria. Seu corao transbordava quando o escutava falar, e queria encontrar uma maneira de mostrar-lhe toda sua gratido e adorao. O que voc faria no lugar dela?

    Trs dos evangelistas contam algo especial ocorrido em Betnia (Mt 26.6-13; Mc 14.3-9; Jo 12.1-8). Joo o nico que menciona o nome de Maria. Por isso estamos certos de que se trata desta admirvel mulher.

    Seis dias antes da Pscoa, Jesus foi para Betnia, onde estava Lzaro, a quem ressus-citara dos mortos. Ofereceram-lhe ali um jantar. Marta servia, e Lzaro era um dos que estavam mesa com ele.

    Ento Maria, tomando um frasco de blsamo de nardo puro, de alto preo, ungiu os ps de Jesus e os enxugou com os cabelos. E a casa se encheu com o perfume do blsamo.

    Mas Judas Iscariotes, um dos discpulos, o que haveria de tra-lo, disse: Por que este blsamo no foi vendido por trezentos denrios, e o di-nheiro, dado aos pobres? (Jo 12.1-5) .

    Maria derramou sobre Jesus um perfume de alto preo. Dizem que o valor desse perfume era de trezentos denrios, e o salrio na poca era um denrio dirio (Mt 20.29); assim, esse perfume caro equivalia ao salrio de quase um ano.

    Maria quis dar o melhor para Jesus, talvez o que re-presentasse mais valor para ela. Que interessante que os demais o tivessem considerado um desperdcio. Contudo,

  • 26

    Mulheres amigas

    y

    y

    ela no se prendeu ao seu melhor tesouro e o entregou em oferta a seu salvador.

    J lhe sucedeu de, ao oferecer seu tempo, seu amor, seu servio ou seus recursos materiais para Jesus, al-gum dizer que era um desperdcio?

    Maria rendeu seu ser e seu corao a Jesus sem se importar com os comentrios dos outros.

    Identifico-me muito com Maria de Betnia. Tambm vivo cativada por Jesus. O seu amor por mim me enterne-ce a tal ponto que no sei como corresponder a tanta bon-dade. Ainda que eu no tenha um perfume de alto preo para derramar a seus ps, estou certa de que ele recebeu a oferta da minha vida quando a consagrei com todo meu corao. E sei que isso o que tem mais valor.

    Esta terna cena me fez recordar as palavras do pas-tor porto-riquenho Carmelo Terranova, que disse em certa ocasio: O mundo precisa de gente que tenha cheiro de cu e exale santidade. Neste ato de rendio de sua vida, Maria derramou no somente um perfume de nardo de alto preo, mas o perfume de sua consagrao e de sua obedincia. Voc est disposta a oferecer esse tipo de fra-grncia a Jesus, o amigo por excelncia?

    Jesus no repele nem o que somos nem o que temos para oferecer-lhe. Ele sabe que cada uma de ns tem uma forma particular de ador-lo. Ele se alegra e se deleita com nossa adorao.

    Ainda que os demais a tenham criticado, Jesus, o amigo fiel, resgata e valoriza a ao desta mulher e a honra. As palavras que ele pronuncia em sua defesa constituem o legado de um amigo: Em verdade vos digo que, em todo o mundo, onde quer que seja pregado o evangelho, tambm o que ela fez ser contado em sua memria (Mc 14.9).

    Em outras palavras, Jesus estava dizendo: Sempre que a minha histria for contada, a sua tambm ser con-tada. Que grande honra para uma mulher!

    Maria seria lembrada pela posteridade a partir des-ta ao. Uma mulher que no temia advertncias ao lan-ar-se aos ps de Jesus em humildade e reverncia. Era

  • 27

    Maria de Betnia. A amiga adoradora

    y

    y

    o lugar que havia eleito para ouvir as verdades do reino dos cus e para aprender. Ela se atirou a seus ps num momento de pesar e dor. E ser lembrada para sempre atirada ao cho, ungindo os ps de seu mestre com perfu-me e enxugando-os com seus cabelos.

    Irms e amigasNo comentamos muito a respeito de Marta neste

    ponto, pois desenvolveremos a histria dela em outro livro desta srie. No entanto, ela tambm foi amiga de Jesus, uma mulher com muitas qualidades, que teve de apren-der a fazer ajustes, ordenando as prioridades da sua vida. Mas vamos pensar na relao de equilbrio que Marta mantinha com a irm, j que eram de diferentes persona-lidades, ambas amigas de Jesus. Eu me atrevo a imagi-nar que Jesus lhes ensinou tambm a serem amigas e a aprenderem uma com a outra. Ns as encontramos muito unidas na dor. Por ocasio da morte de seu irmo Lzaro, Marta falou secretamente com ternura ao ouvido de sua irm (Jo 11.28).

    Os laos fraternos so profundos, porm muitas vezes no sabemos cultiv-los ou desenvolv-los. Ao ler a histria de Marta e Maria, no posso deixar de pensar em minhas prprias irms, e os olhares e sorrisos que expressam umas s outras so autnticos. Deus me deu trs irms com quem compartilhei um sem-nmero de experincias na infncia, na adolescncia e na juventude, enquanto vivamos sob o mesmo teto. Logo cada uma formou o seu prprio lar, mas no deixamos de ser amigas.

    Minhas irms tm sido as minhas amigas mais prximas e posso assegurar que no nos une somente o lao de sangue. Sentimentos profundos, experincias inolvidveis, circunstncias tristes e alegres nos unem. Ns quatro nos amamos profundamente. Aprendi com minhas irms a melhor maneira de desenvolver e colocar em prtica valores como a lealdade, a generosidade e a solidariedade. Temos rido e chorado tantas vezes! Se volto rapidamente ao passado, sempre encontro minhas duas irms mais velhas cuidando no somente da minha

  • 28

    Mulheres amigas

    y

    y

    integridade fsica, mas tambm da minha vida emocional. E vejo a mais nova inundando minha vida de alegria.

    Ns nos falamos quase diariamente pela internet, estamos presentes nos momentos bons e maus, acon-selhamo-nos mutuamente, e de vez em quando coorde-namos nossos horrios para darmos as quatro juntas uma escapada. Minhas irms tm sido e sempre sero minhas amigas mais leais. Cada uma de ns ama os filhos da outra como se fossem seus.

    No posso registrar em poucas pginas tudo o que elas tm feito por mim. E quanto eu as admiro! Valorizo as qualidades de cada uma. Valorizo a linguagem secre-ta que compartilhamos, j que podemos nos entender s com os olhares. Minhas irms so amigas s quais chamo carinhosamente de minhas belas e amadas.

    Posso dizer com alegria que nos ltimos anos cada uma delas tambm aprendeu a se sentar aos ps de Jesus. Essa a minha maior alegria!

    Deus lhe deu irms? Como o seu relacionamento com elas? Voc aprendeu a usufruir da riqueza de uma relao fraternal de amizade? Eu a encorajo a faz-lo! Sei que s vezes as circunstncias nos afastam, erros come-tidos e palavras ditas so difceis de esquecer, mas quero que voc saiba que, se der o primeiro passo da reconcilia-o, Deus a ajudar. No permita que o tempo tome a di-menso da distncia. Construa uma ponte que chegue at o corao da sua irm e aprenda a cham-la de amiga.