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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” A APLICAÇÃO DA ENGENHARIA DIDÁTICA NO ENSINO DAS CIÊNCIAS EXATAS MARIA IZABEL SALLES BERENGUER ORIENTADORA Mª. DINA LÚCIA CHAVES ROCHA Rio de Janeiro 2010

A APLICAÇÃO DA ENGENHARIA DIDÁTICA NO ENSINO DAS … · De acordo com Machado (2002), as análises preliminares para a concepção da engenharia são feitas através de considerações

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

A APLICAÇÃO DA ENGENHARIA DIDÁTICA NO ENSINO DAS CIÊNCIAS EXATAS

MARIA IZABEL SALLES BERENGUER

ORIENTADORA

Mª. DINA LÚCIA CHAVES ROCHA

Rio de Janeiro

2010

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

A APLICAÇÃO DA ENGENHARIA DIDÁTICA NO ENSINO DAS CIÊNCIAS EXATAS

Rio de Janeiro

2010

Apresentação de monografia à Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Docência do Ensino Superior. Por: Maria Izabel Salles Berenguer

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RESUMO

A Engenharia Didática se apresenta como abordagem formadora da

pratica educativa do professor à medida que permite investigar a sua própria

ação na sala de aula. Esse processo de investigação da própria pratica é de

fundamental importância para a formação do professor por lhe possibilitar uma

ampliação dos saberes que ensina já que necessita agir criticamente sobre

este buscando a sua verdadeira compreensão. Diante disso esse trabalho

abordará a aplicação da engenharia didática no ensino das ciências exatas.

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METODOLOGIA

A metodologia a ser utilizada neste trabalho é a descritiva e contará com

um levantamento bibliográfico, no qual serão utilizados livros e artigos que

versem sobre o assunto objeto, para melhor fundamentar o mesmo.

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SUMÁRIO .

.

.

INTRODUÇÃO 6

CAPÍTULO 1

ENGENHARIA DIDÁTICA 7

CAPÍTULO 2

A ENGENHARIA DIDÁTICA E A FORMAÇÃO DOS PROFESSORES 16

CAPÍTULO 3

APLICAÇÃO DA ENGENHARIA DIDÁTICA NO ENSINO DAS

CIÊNCIAS EXATAS 28

CONCLUSÃO 33

BIBLIOGRAFIA 34

ÍNDICE 36

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INTRODUÇÃO

A Engenharia Didática tem deixado de ser uma alternativa e se tornado

uma solução, permitindo que profissionais desenvolvam as competências

essenciais para um desempenho diferenciado.

O questionamento que norteia esse trabalho é se a metodologia de

pesquisa e teoria educacional da engenharia didática será capaz de contribuir

na qualidade do ensino das ciências exatas.

Este trabalho justifica-se na medida que as escolas e universidades

exigem um alto nível de conhecimento em ciências exatas, importantes para a

vida profissional. Muitas vezes existe a evasão de alunos que não

correspondem as expectativas. Diante dos motivos expostos há uma tendência

a aproximar dois campos de conhecimento: didática e ciências exatas.

O objetivo geral desse trabalho é desenvolver uma metodologia a ser

empregada na preparação de conteúdos pedagógicos com foco nas ciências

exatas. Como objetivos específicos espera-se enumerar as vantagens da

engenharia didática no desenvolvimento das competências necessárias para

engenheiros e arquitetos e atender a necessidade de atualização constante

dos profissionais no mercado de trabalho.

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CAPÍTULO 1

ENGENHARIA DIDÁTICA

A engenharia didática é uma das abordagens tratadas na Didática

das Ciências Exatas que se caracteriza como uma forma particular de

organizar os procedimentos metodológicos de pesquisas desenvolvidas no

contexto de sala de aula.

Ao se desenvolver uma pesquisa no campo da educação de ciências

exatas tendo como principio metodológico a engenharia didática, articula-se a

construção do saber matemático a uma prática reflexiva investigativa diante de

uma seqüência didática experimental.

Artigue (1988) caracteriza a engenharia didática como sendo: “um

esquema experimental baseado sobre ‘realizações didáticas’ em sala de aula,

isto é, sobre a concepção, a realização, a observação e a análise de uma

seqüência de ensino”.

Na realidade, pelo termo engenharia didática entende-se tanto uma

metodologia de pesquisa específica quanto o que Douady (1993) tão bem

explicitou como sendo:

(...) uma sequência de aula(s) concebida (s), organizada (s) e articulada (s) no tempo, de forma coerente, por um professor-engenheiro para realizar um projeto de aprendizagem para uma certa população de alunos. No decurso das trocas entre professor e alunos, o projeto evolui sob as reações dos alunos e em função das escolhas e decisões do professor” (DOUADY, 1993, p.2).

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As práticas educativas desenvolvidas a partir de princípios da

engenharia didática devem ser compreendidas como praticas de investigação.

À medida que os professores vão trabalhando os saberes escolares, estes

devem ser colocados em duvida e discutidos para que os alunos tenham

consciência da complexidade dos objetos estudados. É partindo dessa

abordagem metodológica que a aprendizagem se consolida, pois nela o que

importa é a compreensão a respeito do conhecimento trabalhado e não o puro

e simples ato de “encher” o quadro de matéria que deve ser copiada e

decorada pelos alunos para a realização de uma penosa avaliação.

No trabalho com a engenharia didática o professor faz da sua ação

pedagógica um objeto de investigação através do qual estabelece uma

dependência entre saber teórico e saber pratico na busca da construção de

conhecimento conforme afirma Pais:

A engenharia didática possibilita uma sistematização metodológica para a realização da pesquisa, levando em consideração as relações de dependência entre teoria e pratica. Esse é um dos argumentos que valoriza sua escolha na conduta de investigação do fenômeno didático, pois sem articulação entre a pesquisa e a ação pedagógica, cada uma destas dimensões tem seu significado reduzido. (PAIS, 2006, p. 99)

A origem desta abordagem metodológica está na preocupação com

uma certa “ideologia de inovação” presente no campo educativo, que abre

caminho para qualquer tipo de experiência na sala de aula, deslocada de

fundamentação científica. Ao mesmo tempo, está relacionada com o

movimento de valorização do saber prático do professor com a consciência de

que as teorias desenvolvidas fora da sala de aula são insuficientes para captar

a complexidade do processo de ensino e aprendizagem. Nessa perspectiva, a

questão consiste em afirma a possibilidade de agir de forma racional, com base

em conhecimentos matemáticos e didáticos, destacando a importância da

realização didática na sala de aula como prática de investigação.

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A engenharia didática recebe esta denominação por consistir num

trabalho didático comparável a atividade desenvolvida por um engenheiro que

para desenvolver um projeto se apóia em conhecimentos científicos de forma a

solucionar problemas complexos.

Artigue (1988) diz que:

Esse termo foi cunhado para o trabalho didático que é aquele comparável ao trabalho do engenheiro que, para realizar um projeto preciso, se apóia sobre conhecimentos científicos de seu domínio, aceita submeter-se a um controle de tipo científico mas, ao mesmo tempo, se vê obrigado a trabalhar sobre objetos bem mais complexos que os objetos depurados da ciência e portanto a enfrentar praticamente, com todos os meios que dispõe, problemas que a ciência não quer ou não pode levar em conta (ARTIGUE, 1988, p.27).

O educador que desenvolve suas atividades com os suportes da

engenharia didática consegue dar significado ao que ensina à medida em que

trabalha a partir dos obstáculos epistemológicos apresentados pelos alunos os

quais, ao serem tratados corretamente, produzem a formação da chamada

autonomia intelectual.

Através da Engenharia Didática o professor tem a oportunidade de

refletir e avaliar a sua ação educativa e é diante desse processo de reflexão

que redireciona e resignifica o trabalho que desenvolve. Não existe ninguém

melhor que o próprio professor para entender a complexidade dos fatos

ocorridos em sala de aula, ninguém melhor para entender as dúvidas e

dificuldades que os alunos apresentam, por isso, é ele quem deve buscar

entender os motivos que impedem o aprendizado dos alunos investigando e

refletindo as próprias ações educativas efetuadas em sala de aula.

1.1 Características

A Engenharia didática tem uma característica bastante peculiar que é

a maneira de organizar os procedimentos metodológicos dentro da pesquisa

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em Didática da matemática. O interessante é que ela trata de aspectos

teórico e experimental fazendo uma relação entre a teoria e a prática, ou seja,

uma junção bastante rica entre a pesquisa e a prática educativa.

Dessa forma, o sucesso do trabalho depende da realização de todas

as etapas, desde a criatividade inicial até a sua execução prática, na maioria

das vezes, em sala de aula. Além disso, é necessário que a cada etapa do

acontecimento prático da pesquisa ocorra uma espécie de controle

sistematizado visando assegurar o nível de confiança da atividade científica.

Complementando melhor esta questão de sistematização Pais (2002, p.100)

coloca que: “a engenharia didática se constitui em uma forma de sistematizar a

aplicação de um determinado método na pesquisa didática.”

Cabe ressaltar que a singularidade da engenharia didática não

repousa sobre seus objetivos, mas em suas características de funcionamento

metodológico.

Pode-se ter diferentes objetivos em uma pesquisa de engenharia

didática. Douady (1987) distingue, por exemplo:

(...) pesquisas que visam um estudo de processos de aprendizagem de um certo conceito, daquelas que são transversais aos conteúdos, mesmo que seu suporte seja o ensino de um domínio preciso (DOUADY, 1987, p.224)

Artigue (1988) caracteriza a engenharia didática:

(...) como um esquema experimental baseado sobre “realizações didáticas” em sala de aula, isto é, sobre a concepção, a realização, a observação e a análise de sequência de ensino (ARTIGUE, 1988, p.285).

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Pode-se distinguir dois níveis de engenharia didática, o da

microengenharia e o da macroengenharia. As pesquisas de microengenharia e

o da macroengenharia. As pesquisas de microengenharia são aquelas que têm

por objeto o estudo de um determinado assunto, elas são localizadas e levam

em conta, principalmente, a complexidade dos fenômenos de sala de aula. Por

outro lado, as pesquisas de macroengenharia são aquelas que permitem

compor a complexidade das pesquisas de microengenharia com a dos

fenômenos ligados à duração nas relações ensino / aprendizagem. Esses tipos

de pesquisa se complementam e por isso são necessários, e, embora as

pesquisas de macroengenharia sejam mais difíceis de se fazer, elas são, como

diz Artigue (1988, p.286) “incontornáveis a despeito de todas as dificuldades

metodológicas e institucionais que apresentam”

Segundo Brousseau (1982) há três tipos de obstáculos:

• Epistemológico – são inerentes ao próprio saber, constitutivos dom

próprio conhecimento. Podem ser percebidos nas dificuldades que os

próprios matemáticos encontraram na história e por isso “não podemos

nem escapar deles nem deixá-los escapar. “

• Didático – são os que dependem da escolha de um projeto do sistema

educacional, ou seja, são as dificuldades criadas pela escola, através da

estratégia de ensino escolhida que provoca posteriormente obstáculos

ao desenvolvimento da conceituação.

• Ontogênico - origina-se de limitações do sujeito em um dado momento

de seu desenvolvimento mental. Normalmente surgem quando a

aprendizagem está muito deslocada em relação a maturidade conceitual

do sujeito.

Portanto o obstáculo é resistente a modificação e se torna

preponderante em certas situações.

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1.2 Fases da metodologia da engenharia didática

Segundo Artigue (1988), a Engenharia Didática possui quatro fases

consecutivas que podem ser descritas como:

• Análise preliminar em que recomenda-se fazer uma descrição dos

principais aspectos que definem o fenômeno em questão tais como

epistemológica, didática e cognitiva. Esses aspectos fazem parte da

formação do objeto de estudo. Além disso, é necessário o levantamento

das constatações empíricas, destacar a formação de idéias das pessoas

envolvidas e compreender a realidade em torno da experiência a ser

executada, podemos constatar isto na análise da atividade diagnóstica

aplicada em sala.

Nesta fase busca-se analisar as possíveis causas do problema a ser

pesquisado bem como subsídios para o tratamento desse problema, com vistas

a embasar a concepção da engenharia didática. As análises são feitas levando-

se em consideração o quadro teórico sobre o qual o pesquisador se apóia e os

conhecimentos didáticos já adquiridos sobre o tema em estudo. Além disso,

dependendo do objetivo da pesquisa, pode constar análise epistemológica dos

conteúdos contemplados pelo ensino, análise do ensino atual e seus efeitos,

análise da concepção dos alunos, das dificuldades e obstáculos que

determinam sua evolução.

De acordo com Machado (2002), as análises preliminares para a

concepção da engenharia são feitas através de considerações sobre o quadro

teórico didático geral e sobre os conhecimentos didáticos já adquiridos sobre o

assunto em questão, bem como sobre:

o A análise epistemológica dos conteúdos contemplados pelo

ensino;

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o A análise do ensino atual e de seus efeitos;

o A análise da concepção dos alunos, das dificuldades e dos

obstáculos que determinam sua evolução;

o A análise do campo dos entraves no qual vai se situar a efetiva

realização didática.

• Análise a priori - segundo Pais (2001) é uma fase em que é necessário

se ter uma definição de uma certa quantidade de variáveis de comando

do sistema de ensino que, de certa forma, interferem na constituição do

fenômeno. “[...] um certo número de variáveis pertinentes ao sistema

sobre os quais o ensino pode atuar [...].” (Machado, 2002 p.203). Essas

variáveis foram pré-estabelecidas nessa pesquisa baseada em alguns

pontos que o pesquisador julgou necessário na análise do trabalho.

Assim descreveremos as variáveis globais contando com a

compreensão do aluno das seguintes proposições: o entendimento da

relação parte todo; da equivalência de fração quando de posse de várias

frações que reporte isso; do conceito de fração a partir de situações

propostas na seqüência didática e as operações por intermédio do

material concreto.

As variáveis de comando podem ser globais ou locais. As globais

dizem respeito à organização integral da engenharia didática e as locais dizem

respeito à organização local da engenharia, ou seja, de uma fase. Essas

variáveis são importantes, pois serão articuladas e observadas com minúcia no

decorrer da seqüência didática. Aplicação da seqüência didática - É feita por

uma quantidade de aulas ou sessões.

Tomando como base as análises preliminares e o referencial teórico,

é nesta fase que o pesquisador elabora a seqüência didática que será aplicada,

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além de decidir agir sobre um determinado número de variáveis relacionadas

ao problema estudado. São previstas as ações e comportamentos dos

estudantes durante a experimentação, indicando de que modo as atividades

propostas propiciarão a aprendizagem desejada. Já nesta fase, fundamentada

em hipóteses, estabelece-se o processo de validação que ocorre na

confrontação entre as análises a priori e a posteriori.

Segundo Pais (2002) essas aulas devem passar por um

planejamento e uma análise prévia apurado com o intuito de observar

situações de aprendizagem, envolvendo os conceitos previstos na pesquisa

didática. Neste caso foi feito um planejamento prévio entre a orientadora o

professor-pesquisador e a professora que aplicou as atividades.

• Experimentação - É nesta fase que se dá o contato

pesquisador/professor/observadores com a população de alunos,

sujeitos da pesquisa, e são explicitados os objetivos e condições em que

se realizará a investigação (MACHADO, 2002). Neste momento ocorre a

aplicação da seqüência didática, esta, segundo Pais (2002), “formada

por um certo número de aulas planejadas e analisadas previamente com

a finalidade de observar situações de aprendizagem...” (PAIS, 2002, p.

102). Ainda de acordo com este autor, essas aulas também podem ser

chamadas sessões, por serem específicas para pesquisa.

Nesta fase, há de se escolher também os meios de registros dos

dados colhidos na experimentação, que vai depender das variáveis priorizadas

na análise a priori. Os dados podem ser coletados mediante observações feitas

nas sessões de ensino e pelas produções dos alunos, com a utilização de

gravações de áudio e vídeo e anotações do diário de bordo. Além disso, para

uma melhor compreensão do ocorrido, estes dados podem se completados

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com o uso de questionários, entrevistas e testes, individuais ou em pequenos

grupos, realizados durante a experimentação ou no final dela.

• Análise a posteriori - Esta fase é voltada ao tratamento das informações

adquiridas por conseqüência da aplicação da seqüência didática. A

aquisição dessas informações vem por intermédio do pesquisador ou da

equipe que está aplicando a experiência. A análise a posteriori tem o

objetivo de complementar os dados obtidos por intermédio de

questionários e entrevistas. Esta fase não foi analisada na pesquisa por

motivo dos dados não estarem concluídos até o momento do envio

deste trabalho. A quarta fase que é a validação é o resultado do

confronto entre as análises a priori e a posteriori e se qualifica como

validade interna, limitada ao contexto da experiência realizada, dessa

forma, foi proposta algumas atividades a serem aplicadas em sala de

aula através de uma seqüência didática e que não foi possível chegar a

esta fase já que a pesquisa está em andamento.

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CAPITULO II

A ENGENHARIA DIDÁTICA E A FORMAÇÃO DE

PROFESSORES

Preliminarmente é importante mencionar que a engenharia didática

em ciências exatas visa à formação do professor pesquisador, aquele professor

que parte de questões relativas à sua prática com o objetivo de aprimorá-la.

Segundo Miranda (2006), o professor reflexivo é um investigador na

sala de aula, ele examina sua prática, encontra problemas, pensa em possíveis

soluções, observa o contexto institucional e cultural, sugere mudanças

curriculares e assume a responsabilidade pelo seu desenvolvimento

educacional. Pode-se dizer que “o professor pesquisador centra-se na

consideração da prática, que passa a ser meio, fundamento e destinação dos

saberes que suscita, desde que esses possam ser orientados e apropriados

pela ação reflexiva do professor.” (Miranda 2006, p. 135). A mesma autora

define professor reflexivo: “aquele que reconstrói reflexivamente seus saberes

e sua prática.” (Miranda 2006, p. 132). Nesta perspectiva, “a reflexão é um

processo que ocorre antes, depois e durante a ação do professor, constituindo

um processo de reflexão na ação e sobre a ação” (Miranda 2006, p. 134). Tal

atitude, a reflexão, apareceria como indispensável, pois a prática pedagógica

não é (ou pelo menos não deveria ser) uma mera atividade técnica como

muitas vezes é entendida, mas sim uma atividade criativa.

Historicamente, professor pesquisador e professor reflexivo têm a

mesma origem. Nóvoa (2001) confirma que essas figuras no fundo

correspondem a conceitos diferentes para dizer a mesma coisa.

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‘A realidade é que o professor pesquisador é aquele que pesquisa ou que reflete sobre sua prática [...] é um professor indagador, é um professor que assume a sua própria realidade escolar como um objeto de pesquisa, como objeto de reflexão, como objeto de análise. (NÓVOA, 2001, p.71).

Existe uma tendência, no Brasil de hoje, no sentido de vincular

formação de professores com pesquisa na sala de aula. Segundo Pavanello

(2003), enfatizar a formação de um educador reflexivo possibilita que o

professor pense o processo de ensino e aprendizado através de sua

experiência, possibilitando a ruptura de idéias pré-concebidas nesse processo.

Para isso, o professor deve usar todas as ferramentas que ampliam o

seu campo de atuação, buscando informações e instrumentos complementares

que dêem sentido e utilidade ao que se ensina; “... a qualidade do ensino

depende de um sistema de conhecimentos muito mais amplo” (PAVANELLO,

2003, p.9)

Ao refletir sobre a prática, o professor possibilita ao aluno o

aprendizado da matemática nas relações do dia a dia através de comparações,

representações, estimações, simulações e soluções de problemas. Dessa

forma, a pesquisa fornece subsídio para que o professor pense não somente

naquilo que se ensina, mas também no processo de aprendizagem, ou seja,

em como se ensina.

A Engenharia Didática traz em si um caminho racional para as

reflexões do professor. Cada etapa, a Priori, Experimentação, Análise a

Posteriori e Validação da Experiência, indica o tema a ser analisado.

Na etapa da Concepção e Análise a Priori, o professor reflete sobre

os alunos e seu conhecimento prévio, sobre a sala de aula e o programa que

está sendo desenvolvido; sobre o conteúdo e as razões para ensiná-lo e

aprendê-lo e sobre a melhor abordagem (considerando o aluno e a sala de

aula); sobre como se aprende para fazer as melhores escolhas didáticas,

descrevendo objetivos e hipóteses prévias; sobre recursos didáticos e sobre

materiais a serem entregues e coletados dos alunos. Na etapa da

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Experimentação o professor reflete sobre as reações do aluno, sua

produção, seus erros e acertos, dúvidas e progressos. Esta reflexão prossegue

na fase da Análise a Posteriori e Validação quando são questionadas a prática

e a validade da experiência.

Em toda atividade docente, como indicava Bachelard citado por

Carretero (1997), não só aprende o aluno, mas também o professor. É

fundamental para um professor saber o que é e como se desenvolve a mente

do aluno, mas, não menos importante, é a interrogação sobre como se produz

a mudança cognitiva, ou seja, como se pode aprender melhor.

Para Grossi (1992) o professor só pode ter os seus alunos

efetivamente em aula, para aprenderem, se seus desejos aí estiverem.

Segundo a autora não se ensina por exposições ou explicações dos conteúdos

logicamente já estruturados, para depois se propor aplicações desses

problemas, mas ensina-se pela proposição de problemas. Portanto, as

propostas didáticas, para serem efetivas, necessitam de um espaço de

problemas, invertendo o esquema clássico “aprende-aplica”, onde se ensina os

fundamentos teóricos para depois se propor sua aplicação em exercícios

práticos.

Na perspectiva construtivista o aluno está diante de um problema,

quando determinada situação não é passível de ser assimilada aos seus

esquemas, provocando, assim, uma situação de desequilíbrio. As estruturas

cognitivas do sujeito tendem a funcionar em equilíbrio, aumentando

permanentemente seu grau de organização interna e adaptação ao meio.

Diante desses desequilíbrios, o organismo (estruturas cognitivas) se

reorganiza, acomoda-se às novas situações, construindo internamente novos

esquemas de assimilação que lhe permitem novamente chegar ao equilíbrio.

Segundo Chiarotino (1988) o mecanismo é o de uma reequilibração

por reconstrução, e em seguida de ultrapassamento, graças a uma

reorganização com novas combinações, mas cujos elementos são retirados do

sistema anterior.

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As abstrações reflexivas constroem os esquemas necessários à

superação dos problemas, ou seja, o aluno aprende à medida que busca

soluções aos problemas.

Logo isso sugere uma inversão na forma de ensinar tradicionalmente

os conteúdos de ciências exatas. Nos princípios construtivistas deve-se partir

de um problema desafio, onde o aluno precisa agir para aprender e sofrer a

influência da ação desse sobre si, e com sua ação, o aluno vai construindo o

conhecimento, reinventando regras e algoritmos, construindo seu próprio

conhecimento (GROENWALD, 1999).

Com base nas pesquisas da Psicologia Educativa e da instrução

Carreteiro (1997) refere-se às seguintes questões, relativas ao ensino

construtivista: deve-se partir do nível de desenvolvimento do aluno; deve-se

assegurar a construção de aprendizagens significativas por si só; deve-se

procurar que os alunos modifiquem seus esquemas de conhecimento; deve-se

estabelecer relações ricas entre o novo conhecimento e os conhecimentos já

existentes.

Esses pressupostos implicam em um tipo de ensino diferenciado do

ensino tradicional. A aplicação do método construtivista pressupõe a prática de

um conjunto de atividades e decisões educativas que suporiam não só uma

aquisição de conhecimento por parte dos alunos, mas também a formação de

cidadãos com melhor capacidade de solução de problemas e capacidade

crítica.

2.1 Formação continuada para professores de matemática

Preliminarmente cabe salientar que o documento “Referências para

Formação de Professores” (BRASÍL, 1999) propôs mudanças na criação dos

sistemas de formação – nos quais se articulem os processos de formação

inicial e continuada e propôs ainda que a formação de professores se oriente

pelos seguintes pressupostos:

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a. O professor exerce uma atividade profissional de natureza pública, que

tem dimensão coletiva e pessoal implicando simultaneamente autonomia

e responsabilidade;

b. O desenvolvimento profissional permanente é necessidade intrínseca a

sua atuação é, por isso, um direito de todos os professores;

c. A atuação do professor tem como dimensão principal à docência, mas

não se restringe a ela: inclui também a participação no projeto educativo

e curricular da escola, a produção do conhecimento pedagógico e a

participação na comunidade educacional. Portanto, todas essas

atividades devem fazer parte de sua formação;

d. O trabalho do professor visa o desenvolvimento dos alunos como

pessoas, nas suas múltiplas capacidades, e não apenas a transmissão

de conhecimentos. Isso implica uma atuação profissional não

meramente técnica, mas também intelectual e pública;

e. O necessário compromisso com o sucesso das aprendizagens de todos

os alunos na creche e nas escolas de educação infantil e do ensino

fundamental exige que o professor considere suas diferenças culturais,

sociais e pessoais e que, sob hipótese alguma, as reafirme como causa

de desigualdades e exclusão;

f. O desenvolvimento de competências profissionais, exige metodologias

pautadas na articulação teoria prática, na resolução de situações –

problema e na reflexão sobre a atuação profissional;

g. A organização e o funcionamento das instituições de formação de

professores são elementos essenciais para o desenvolvimento da

cultura profissional que se pretende afirmar;

h. O estabelecimento de relações cada vez mais estreitas entre as

instituições de formação profissional e as redes de escola dos sistemas

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de ensino é condição para um processo de formação de professores

referenciado na prática real;

i. Os projetos de desenvolvimento profissional só terão eficácia se

estiverem vinculados à condição de trabalho, avaliação, carreira e

salário.

Os pressupostos supracitados propiciam uma nova visão com

relação à dimensão e natureza da atuação profissional do professor e,

conseqüentemente, para os requisitos da formação no contexto atual.

De acordo com Perrenoud, (2000 p.17)

As reformas escolares fracassam, os novos programas não são aplicados, belas idéias como os métodos ativos, o construtivismo, a avaliação formativa ou a pedagogia diferenciada são pregadas, porém nunca praticadas. Por quê? Precisamente porque, na área da educação não se mede o suficiente o desvio astronômico entre o que é prescrito e o que é viável nas condições efetivas do trabalho docente.

Além disso, os currículos dos cursos de formação, em sua maioria,

estão dissociados da realidade que o futuro professor vai se deparar. A

realidade irá mostrar que as políticas públicas ainda são inconsistentes e que

não existe um acompanhamento e avaliação dos resultados por parte do

governo. Somado a tudo isso, as deficiências na formação do professor da

educação básica continuam sendo detectadas.

Segundo Demo (2000), a formação continuada dos professores, não

depende, apenas das propostas de governo. A escola deve se constituir num

espaço privilegiado em que o debate possa de forma progressiva promover tal

formação.

Embora reconhecendo que a formação é um dos fatores mais

importantes, não se pode tomá-la como único fator para o sucesso das

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aprendizagens que cabe à escola promover. Vem se formando um consenso

sobre as condições necessárias para se garantir uma educação escolar de

qualidade nas quais se destaca:

• Existência de um projeto pedagógico explícito e compartilhado pelos

diferentes segmentos da escola. A LDB nº 9.394/96 reflete um processo

e um projeto político para a educação brasileira.

• As diretrizes que definem os princípios, as finalidades, as intenções e os

objetivos da educação brasileira.

• A bases referentes aos níveis e às modalidades de ensino, aos

processos de decisão, às formas de gestão e às competências e

responsabilidades relativas a manutenção e ao desenvolvimento do

ensino no país.

• Formas ágeis e flexíveis de organização institucional e de

funcionamento, quadro estável de professores, qualidade da formação

inicial dos professores, desenvolvimento profissional contínuo,

planejamento coletivo numa perspectiva de experimentação e avaliação

contínua, adequação do espaço físico e das instalações, qualidade dos

recursos didáticos, existência de bibliotecas e acervos de materiais

diversificados de leitura e pesquisa, tempo adequado de permanência

dos alunos na escola, proporção apropriada alunos – professor,

condições adequadas de trabalho e salário.

Na LDB, destacam-se três grandes eixos diretamente relacionados à

construção do projeto político pedagógico que são:

• O eixo de flexibilidade: vincula-se à autonomia, possibilitando à escola

organizar o seu próprio trabalho pedagógico.

• O eixo da avaliação: reforça um aspecto importante a ser observado nos

vários níveis do ensino público (artigo 9º, inciso VI).

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• O eixo da liberdade: se expressa no âmbito do pluralismo de idéias e

de concepções pedagógicas ( artigo 3º, inciso III ) proposta de gestão

democrática do ensino público ( artigo 3º, inciso VIII ), a ser definida em

cada sistema de ensino.

Considerando esses três grandes eixos, a LDB reconhece na escola

um importante espaço educativo e nos profissionais de educação, uma

competência técnica e política que os habilita a participar da elaboração do seu

projeto pedagógico. Nessa perspectiva Democrática, a lei amplia o papel da

escola diante da sociedade colocando-a como centro de atenção das políticas

educacionais mais gerais e sugere o fortalecimento de sua autonomia.

No âmbito legal, a garantia de formação inicial e continuada dos

professores está garantida na LDB (artigo 61, 62 e 63)1, como se pode

constatar a seguir.

1 Art. 61. A formação de profissionais da educação, de modo a atender aos objetivos dos diferentes níveis e modalidades de ensino e as características de cada fase do desenvolvimento do educando, terá como fundamentos:

I- A associação entre teorias e práticas, inclusive mediante a capacitação em serviço:

II- Aproveitamento da formação e experiências anteriores em instituições de ensino e outras atividades.

Art. 62. A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em universidades e institutos superiores de educação, admitida, como formação mínima para o exercício do magistério na educação infantil e nas quatro primeiras séries do ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade normal.

Art.63. Os institutos superiores de educação manterão: Cursos formadores de profissionais para a educação básica, inclusive o curso normal superior, destinado a formação de docentes para a educação infantil e para as primeiras séries do ensino fundamental; Programas de formação pedagógica para portadores de diplomas de educação superior que queiram se dedicar a educação básica. Programas de educação continuada para os profissionais de educação dos diversos níveis.

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Como se pode constatar a legislação vigente, hoje, no Brasil é

bastante significativa no que se refere ao reconhecimento e a obrigatoriedade

de se criar e desenvolver programas de formação inicial e continuada para os

docentes. Há por parte de especialistas e, por parte do próprio MEC, o

consenso de que uma boa formação profissional, aliada a um contexto

institucional que favoreça o espírito de equipe, o trabalho em colaboração, a

construção coletiva, o exercício responsável de autonomia profissional e

adequadas condições de trabalho constituem peças fundamentais para se

alcançar a qualidade das aprendizagens de crianças e jovens.

A educação continuada a que todos os educadores têm direito

envolve formação inicial e continuada, sendo que a segunda ocorre com o

professor no exercício de suas atividades. Devido a sua ineficácia, o modelo

convencional de formação continuada dos professores, vem sendo bastante

questionado nos últimos anos.

As práticas de formação continuada de professores – por vezes

chamada de treinamento, reciclagem, aperfeiçoamento profissional ou

capacitação, têm uma história recente no Brasil. Acentuaram-se nos anos 80 e

foram assumindo formatos diferenciados em relação aos objetivos, conteúdos,

tempo de duração – desde cursos rápidos, até programas que se estendem por

alguns anos e modalidades (presencial ou a distância) direta ou por meio de

multiplicadores.

No entanto, apesar de haver um reconhecimento da necessidade de

se manter essas práticas, observa-se que elas não têm surtido os resultados

esperados. Há por outro lado, um conjunto de circunstâncias e escolhas

políticas-administrativas, organizativas e metodológicas que, quando ocorrem,

gera dificuldades no campo da formação continuada, onde quer que ela

aconteça.

No que diz respeito às questões políticas e administrativas o que se

constata é uma falta de articulação entre as várias instâncias de gestão do

sistema, a descontinuidade dos projetos e programas de um governo para

outro, a pressa com que as ações são planejadas e realizadas para atender às

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limitações do tempo político das administrações, a falta de incentivos

salariais ou instrucionais para que os professores participem de programas de

formação e a inexistência de tempo previsto na jornada de trabalho e no

calendário escolar para a formação em serviço.

As questões organizativas relacionadas ao planejamento, execução

e avaliação de programas de formação em serviço, muitas vezes, com a

justificativa de que as redes públicas são muito grandes e que é muito difícil

atender a todos os professores, não se planeja de forma articulada,

priorizando-se a realização de grandes eventos pontuais, cujo efeito é bastante

duvidoso e discutível.

Em ações extensivas e pontuais não é possível compatibilizar o

conteúdo tratado com demandas colocadas pela realidade das escolas e salas

de aula, elaborar diagnósticos das necessidades pedagógicas, avaliar o

alcance das ações desenvolvidas e o impacto dos conhecimentos adquiridas

na prática dos professores.

No âmbito das escolas, a formação continuada também tem suas

limitações: ou não há tempo previsto na jornada de trabalho que permita

encontros de estudos e discussões ou, o coordenador pedagógico não tem

uma formação adequada para ser formador de professores e nem recebe

assessoria para realizar esse tipo de trabalho.

Por outro lado, há a inexistência por parte dos sistemas de ensino,

de mecanismos de acompanhamento contínuo da prática pedagógica, de

avaliação periódica dos resultados das ações desenvolvidas e de identificação

de demandas de formação, onde os professores possam colocar as

dificuldades que encontram no exercício profissional, haja vista que essas

informações são fundamentais para o planejamento e redimensionamento dos

programas.

Com relação às questões metodológicas, os problemas são

emblemáticos e avolumam-se, principalmente quando os sistemas de ensino

optam por modalidades convencionais de formação com elevado número de

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professores, como palestras, seminários e grandes cursos concentrados.

Nesses eventos geralmente se dá ênfase à transmissão de informação teórica

sem haver preocupação em avaliar a prática dos professores em formação,

resultando num certo desconforto entre formadores e professores que nesses

eventos consideram tudo muito teórico e os formadores dizem que os

professores estão à procura de “receitas”.

Às vezes são oferecidas, em momentos pontuais, as chamadas

“oficinas”: encontros para ensinar os professores a fazer ou “vivenciar” práticas

pedagógicas. Mesmo assim, raramente se aprofunda a compreensão dos

objetivos e possibilidades didáticas de aplicação das atividades realizadas nas

oficinas em sala de aula.

De acordo com a LDB (1997), do ponto de vista do modelo de

formação profissional, o que se verifica hoje é uma tendência no sentido de:

• Promover as transformações necessárias nas instituições responsáveis

por formar professores, para que o processo de formação aconteça num

contexto favorável ao desenvolvimento de diferentes competências

profissionais. Nesse sentido, Demo (2000 pp.54-55) propõe:

a) Capacidade de pesquisa para corresponder desde logo ao

desafio construtivo do conhecimento, o que transmite em sala de

aula tem que fazer parte do processo de construção do

conhecimento assumir textura própria em termos de mensagem,

configurar componente de projeto autônomo criativo e crítico;

b) Elaboração própria para codificar pessoalmente o conhecimento

que consegue criar e variar, favorecendo a emergência do projeto

pedagógico próprio.

c) Teorização das práticas

d) Formação permanente.

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e) Manejo da instrumentalização eletrônica.

Na visão de Demo, o perfil do professor para o atual contexto de

contemporaneidade deve ser: autônomo, renovador, criativo, crítico e

transformador. Um profissional docente capaz de orquestrar o processo

pedagógico e buscar caminhos para o futuro. Para Demo (2000), a superação

da habilidade didática e pedagógica compreende restauração, e ressalta que o

que se espera do professor já não se resume ao formato expositivo das aulas,

a fluência vernácula, à aparência externa. Precisa centralizar-se na

competência estimuladora da pesquisa, incentivando com engenho e arte a

gestão de sujeitos críticos e autocráticos, participantes e construtivos.

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CAPITULO III

APLICAÇÃO DA ENGENHARIA DIDÁTICA NO ENSINO

DAS CIÊNCIAS EXATAS

Ao se falar especificamente do ensino de ciências exatas a

Engenharia Didática se apresenta como uma viável abordagem metodológica

por considerar as peculiaridades dessa modalidade de ensino à medida que

busca os conhecimentos prévios dos alunos e parte deles para a construção de

um saber autêntico, consciente e verdadeiro.

O saber em ciências exatas é construído a partir de questionamentos

levantados sobre o próprio objeto em estudo, daí a necessidade do professor

estar preparado para conduzir a sua ação educativa nessa direção o que exige

uma ampla capacidade reflexiva sobre a área de atuação.

Engenharia Didática é um referencial de pesquisa que visa unir a

pesquisa à prática, tendo como foco o ensino de Matemática. Essa

metodologia abrange quatro etapas: Análises Prévias, Concepção e Análise a

Priori, Experimentação e Análise a Posteriori e Validação da Experiência.

A primeira etapa da Engenharia Didática constitui-se das Análises

Prévias. Nesta fase, são coletados dados a fim de que se possa refletir sobre

eles e com isso estruturar uma maneira positiva de interferência no ensino.

Estão incluídas três dimensões: 1) Dimensão Epistemológica, associada ao

conteúdo em questão; 2) Dimensão Didática, associada à maneira como o

ensino desse conteúdo vem sendo desenvolvido atualmente; 3) Dimensão

Cognitiva, associadas às características dos alunos que participam da

pesquisa.

Este texto faz um recorte na metodologia e aborda as últimas etapas:

Concepção e Análise a Priori, Experimentação e Análise a Posteriori e

Validação da Experiência. A fase da Análise a Priori, segundo Artigue (1988),

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comporta uma parte descritiva e uma parte preditiva. É preciso descrever as

escolhas efetuadas no âmbito global, mais amplo e mais geral, e no âmbito

local, descrevendo cada atividade proposta. As escolhas globais são aquelas

que se referem à organização global da Engenharia. A partir dessas escolhas

globais, parte-se para um Plano de Ações onde intervêm as escolhas locais.

As escolhas locais estão articuladas com previsões a respeito do

comportamento dos alunos. Ao mesmo tempo em que se explica como se vai

tentar desenvolver um controle das relações entre os sentidos dos

comportamentos dos alunos e as situações didáticas propostas, formulam-se

hipóteses que serão comparadas com os resultados finais, contribuindo para

validação da Engenharia. Antes do Plano de Ações, as hipóteses estão

implícitas, tornando-se explícitas e verbalizadas após o delineamento do Plano

de Ação, quando se tem idéia do todo.

Para efeitos de validação, as hipóteses não podem ser muito amplas,

a ponto de pôr em jogo processos de aprendizagem, em longo prazo. Voltamos

a elas, durante a experimentação, checando-as, inquirindo-as. Será que o

Plano funciona? Será que nossas hipóteses são válidas?

Junto à experimentação, é iniciada a Análise a Posteriori e a

Validação das hipóteses. O professor em ação não espera para analisar o

trabalho após concluí-lo. Durante a experimentação, coletamos e organizamos

um corpus de pesquisa variado, composto por produção dos alunos, registro de

perguntas, dúvidas e erros constatados durante o acompanhamento de suas

ações. A análise desse material é essencial para a etapa da Validação.

Na Engenharia Didática, a validação é essencialmente interna,

fundada no confronto entre a análise a priori e a análise a posteriori (ARTIGUE,

1988). O confronto destas duas análises, a Priori e a Posteriori, consiste em

investigar aquilo que foi considerado nas hipóteses e que, na prática, ocorreu

ou sofreu distorções.

O uso da engenharia didática enquanto abordagem metodológica no

ensino de ciências exatas ou em outra área qualquer do conhecimento,

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perpassa por quatro fases: Análise preliminar, concepção e analise a priori,

aplicação de uma seqüência didática e por ultimo é feito uma análise a

posteriori da seqüência aplicada seguida de uma possível validação.

Na análise preliminar é feito um levantamento sobre tudo o que

envolve o objeto das ciências exatas em estudo. São feitas considerações a

respeito do quadro teórico didático geral e sobre os conhecimentos didáticos já

adquiridos sobre o assunto em questão; faz-se uma análise epistemológica dos

conteúdos contemplados pelo ensino; se analisa como vem sendo

desenvolvido o ensino atual do referido assunto e seus efeitos, faz-se uma

análise da concepção dos alunos, das dificuldades e obstáculos que

apresentam diante do saber apresentado e também observa-se os entraves

didáticos pedagógicos que dificultam o processo de ensino e aprendizagem.

A respeito da analise preliminar, Pais (2002) diz que:

Para melhor organizar a análise preliminar, é recomendável proceder a uma descrição das principais dimensões que definem o fenômeno a ser estudado e que se relacionam com o sistema de ensino, tais como a epistemologia cognitiva, pedagógica, entre outras. Cada uma dessas dimensões participa na constituição do objeto de estudo (PAIS, 2002, p. 101).

É diante da realização de uma análise preliminar seguida de uma

análise a priori que o professor pode pensar na elaboração de uma seqüência

didática a qual será objeto de investigação.

A segunda fase da engenharia didática consiste numa análise a priori

que se faz sobre o saber em estudo. Nela estão presentes duas etapas que

são a de descrição do objeto e outra de previsão de melhorias para o processo

de ensino e aprendizagem onde são apontadas problemáticas referentes ao

objeto de estudo e são construídas hipóteses que serão verificadas na prática

investigativa da proposta didática a ser elaborada. A elaboração das hipóteses

se constitui elemento importante no trabalho com a engenharia didática, pois

são elas que serão compradas com os resultados finais da seqüência didática

para verificar a validação ou não da mesma.

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A terceira fase trata da aplicação da seqüência didática onde entra

em prática o saber didático do professor e todo o seu arcabouço teórico. Nessa

fase, a seqüência didática proposta deverá ser desenvolvida através de uma

abordagem metodológica que privilegie a criticidade e a reflexão numa

perspectiva de construção de um saber consciente e indagador.

A elaboração de uma seqüência didática exige toda uma preparação,

conforme mostra Pais (2002):

Uma seqüência didática é formada por um certo número de aulas planejadas e analisadas previamente com a finalidade de observar situações de aprendizagem, envolvendo os conceitos previstos na pesquisa didática. Essas aulas são também denominadas sessões, tendo em vista o seu caráter especifico para a pesquisa. Em outros termos, não são aulas no sentido da rotina da sala de aula. Tal como acontece na execução de todo projeto, é preciso estar atento ao maior número possível de informações que podem contribuir no desvelamento do fenômeno investigatório” (PAIS, 2002, p. 102).

Artigue (1988) diz que na fase experimental da seqüência didática

faz-se necessário deixar claro os seguintes pontos: Explicitação dos objetivos e

condições de realização da pesquisa; Estabelecimento do contrato didático;

Aplicação dos instrumentos de pesquisa E Registros das observações feitas

durante a experimentação. Portanto, cabe aos professores, diante do

posicionamento assumido frente ao objeto de ensino, elaborar abordagens

metodológicas que sigam os princípios acima evidenciados.

A última fase é a da análise a posteriori e da validação. Esta fase se

apóie sobre todos os dados colhidos durante a experimentação constante das

observações realizadas durante cada sessão de ensino bem como das

produções dos alunos feitas em classe ou fora dela. Nela é verificado se o

aprendizado foi consolidado e se a autonomia intelectual foi alcançada

determinando assim a validação, ou não, da seqüência didática empregada.

Na engenharia didática a fase de validação da seqüência didática é

feita durante todo o processo de desenvolvimento da proposta em meio a uma

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constante confrontação entre os dados obtidos na análise a priori e na

análise a posteriori, onde é verificado se as hipóteses feitas no inicio da

pesquisa foram confirmadas.

Diante do conhecimento das fases que delineiam a engenharia

didática é possível perceber o novo horizonte que esta abordagem

metodológica veio dar às práticas educativas desenvolvidas em sala de aula

tendo em vista a possibilidade de se considerar a própria pratica de ensino

como objeto de investigação sujeitando-a a mudanças à medida que se

observam os resultados alcançados.

O novo horizonte acima citado pode ser confirmado pelas palavras

de Pais (2002) quando diz que:

Trata-se de uma sistematização da pesquisa de maneira que ciência e técnica são mantidas articuladas, estabelecendo melhores condições de fluxo entre as fontes de influência descritas pela transposição didática. Nesse caso, o saber acadêmico é constituído pelos resultados da pesquisa, enquanto que suas constatações práticas estão relacionadas com o saber a ser ensinado. A estrutura proposta pela engenharia didática mantém um elo de aplicação entre esses dois saberes, aproximando a academia das práticas escolares (PAIS, 2002, p.104).

Portanto, a Engenharia Didática constitui-se um referencial

metodológico importante e viável para o processo de ensino e aprendizagem já

que permite a compreensão dos efeitos causados pelas práticas docentes

desenvolvidas em sala de aula.

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CONCLUSÃO

Repensar as metodologias que não vem dando certo mas que,

mesmo assim, continuam sendo empregadas no ensino de matemática é de

fundamental importância porque ajuda a re-significar a aprendizagem desta

ciência tão temida pelas pessoas.

Não dá mais para continuar estudando sem compreender o que está

sendo apresentado; os alunos precisam ter acesso aos conhecimentos

compreendendo a essência dos mesmos, daí a necessidade de se buscar

novas metodologias de ensino que proporcionem um verdadeiro aprendizado.

Além da Engenharia Didática se mostrar viável para a própria

formação do professor a mesma, ao ser empregada em sala de aula, se

comporta como um agente facilitador do processo de aprendizagem por

permitir aos alunos a construção do conhecimento via reflexões realizadas

sobre os objetos estudados.

O professor é peça fundamental na construção e emprego de novas

abordagens metodológicas para o ensino, pois cabe a ele conduzir o processo

de ensino e aprendizagem motivando os alunos a desenvolverem um fazer

matemático consciente diante do objeto em estudo. Os alunos de ciências

exatas, assim como os demais, necessitam do emprego de novas abordagens

metodológicas no ensino tendo em vista não estarem tendo rendimento escolar

satisfatório diante da forma como vem sendo ensinados.

Portanto, é diante da necessidade de se redimensionar a forma como

o ensino de matemática vem sendo desenvolvido que a Engenharia Didática se

apresenta como um referencial metodológico que proporciona a construção do

saber em ciências exatas via processo de reflexão sobre as praticas educativas

implementadas.

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BIBLIOGRAFIA

ARTIGUE, Michelle. Engenharia Didática. In. Didática das Matemáticas. Trad. Maria José Figueiredo, Delachaux et Niestlé, 1988. BRASIL, Parâmetros Curriculares Nacionais – Volume Introdutório. Brasília: MEC / SEF, 1999. BROUSSEAU,G. Problemes de Didatique des Decimaux. France texto p. 38-128 CARRETERO, Mario. Construtivismo e Educação. Porto Alegre: ARTMED, 1997. CHIAROTTINO, A.R. Psicologia e epistemologia genética de Jean Piaget. São Paulo: Ática, 1988. DEMO, Pedro. Desafios Modernos da Educação. São Paulo: Vozes, 2000.

DOUADY, R. A Universidade e a Didática da Matemática. Caderno da RPM, v.1, n.1, 1993.

GROENWALD, Claudia Lisete Oliveira. A Matemática e o desenvolvimento do raciocínio lógico. Educação Matemática em Revista–RS. No 1, Jan/Jun de 1999, Ano 1, 23-30.

GROSSI, Esther Pillar. Um novo paradigma sobre aprendizagem. Paixão de Aprender. Junho, 1992, no 3, 3-7. LDB Interpretada: diversos olhares se entrecruzam. 7 ed. São Paulo: Cortez, 1997. MACHADO, S. D.A. Educação Matemática: uma introdução. 2.ed. São Paulo:EDUC, 2002. MIRANDA, M. G. O Professor Pesquisador e Sua Pretensão de Resolver a Relação entre a Teoria e a Prática na Formação de Professores. In: O Papel da pesquisa na formação e na prática dos professores. Campinas: Papirus, 5 Ed, 2006.

NÓVOA, Antônio. O Professor Pesquisador e Reflexivo. Mauad, 2001.

PAVANELLO, R. M. A Pesquisa na Formação de Professores de Matemática Para a Escola Básica. In: Educação Matemática em Revista, nº 15, ano 10, 2003, p. 8-13.

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PAIS, Luiz Carlos. Didática da Matemática, uma análise da influencia francesa. 2ª edição, Belo Horizonte: Autentica, 2002. PERRENOUD, Philippe. 10 novas competências para ensinar. Tradução de Patrícia Chittoni Ramos Porto Alegre: ARTMED, 2000.

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ÍNDICE .

.

RESUMO 3

METODOLOGIA 4

SUMÁRIO 5

INTRODUÇÃO 6

CAPITÚLO 1

ENGENHARIA DIDÁTICA 7

1.1 Características 10

1.2 Fases da metodologia da engenharia didática 12

CAPÍTULO 2

A ENGENHARIA DIDÁTICA E A FORMAÇÃO DOS PROFESSORES 16

2.1 Formação continuada para professores de matemática 19

2.2 XXXXXXXXXXX XXXXXXXXXXXXXXX

CAPÍTULO 3

APLICAÇÃO DA ENGENHARIA DIDÁTICA NO ENSINO DAS

CIÊNCIAS EXATAS 28

CONCLUSÃO 33

BIBLIOGRAFIA 34

ÍNDICE 36