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A Arquitetura de Lina Bo Bardi e o SESC Pompéia: A relação ambiente e usuário em centros de Cultura e Lazer dezembro/2015 1 ISSN 2179-5568 Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Edição nº10 Vol. 01/ 2015 dezembro/2015 A Arquitetura de Lina Bo Bardi e o SESC Pompéia: A relação ambiente e usuário em centros de Cultura e Lazer Poliana Padula [email protected] Master em Arquitetura Instituto de Pós-Graduação - IPOG Florianópolis, SC, 15 de setembro de 2015. Resumo Centros de cultura e lazer são locais onde a população urbana busca o entretenimento, através da prática de atividades artísticas, de aprendizagem, esportivas e sociais. Esses lugares conservam, difundem e expõem materiais relevantes produzidos pelo homem, em áreas como museus e galerias. Em 1970, O Serviço Social de Comércio (SESC), adquire um desses antigos conjuntos de edificações industriais, em um terreno de 16.500 m², para implantar uma de suas sedes neste. A participação de Lina Bo Bardi no projeto modificou a concepção do programa tipicamente empregado nesses edifícios. A quebra dessa linha programática para o SESC surgiu da preocupação da arquiteta em conservar a estrutura existente e nela estabelecer um centro ligado ao social, buscando transferir a cultura popular brasileira para o organismo de funcionamento do edifício. O objetivo desse estudo é investigar se, através do ambiente criado pelo arquiteto, é possível proporcionar uma experiência de cultura e lazer mais intensa e satisfatória ao usuário. Busca-se verificar se individuo pode ser estimulado pelo ambiente de maneira que o mesmo se sensibilize e se aproprie do lugar. Diversos são os fatores que devem ser levados em consideração ao se idealizar uma arquitetura de cunho comunitário. Pensar no lugar para a comunidade não é só levantar suas necessidades e o oferecer em locais de fácil acesso para a mesma. O valor comunitário se faz presente quando o indivíduo consegue interagir com um grupo de pessoas no desenvolvimento de suas atividades. Por isso, a criação de espaços alienados, que desenvolvem atividades isoladas repetitivamente, acaba promovendo uma arquitetura ao coletivo e não a comunidade. Palavras-chave: cultura, lazer, arquitetura, ambiência, apropriação. 1. Introdução Centros de cultura e lazer são locais onde a população urbana busca o entretenimento, através da prática de atividades artísticas, de aprendizagem, esportivas e sociais. Esses lugares conservam, difundem e expõem materiais relevantes produzidos pelo homem, em áreas como museus e galerias. Segundo Ramos (2007), o centro cultural é o local onde se deve ocorrer a ação cultural, que se utiliza da arte, em seu caráter libertário e questionador, para revitalizar laços sociais, promover a criatividade em grupo, criar condições para que ocorram elaborações e práticas culturais. No Brasil, há aproximadamente dois mil e quinhentos (2.500) centros culturais¹, sendo que cerca de quarenta (40) deles localizam-se na cidade de São Paulo². Nessa listagem entra o Centro de Cultura e Lazer SESC Fábrica da Pompéia, localizado no bairro da Pompéia. Esse bairro possuía um caráter predominante industrial em seu surgimento, na década de 1940. Com o desenvolvimento da cidade o bairro foi se modificando e diversos conjuntos industriais ali implantados tornaram-se obsoletos.

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Arquitetura de Lina Bo Bardi e o SESC Pompéia: A relação ambiente e usuário em centros de Cultura e

Lazer dezembro/2015 1

ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Edição nº10 Vol. 01/ 2015 dezembro/2015

A Arquitetura de Lina Bo Bardi e o SESC Pompéia: A relação ambiente e

usuário em centros de Cultura e Lazer

Poliana Padula – [email protected]

Master em Arquitetura

Instituto de Pós-Graduação - IPOG

Florianópolis, SC, 15 de setembro de 2015.

Resumo Centros de cultura e lazer são locais onde a população urbana busca o entretenimento, através da

prática de atividades artísticas, de aprendizagem, esportivas e sociais. Esses lugares conservam,

difundem e expõem materiais relevantes produzidos pelo homem, em áreas como museus e galerias.

Em 1970, O Serviço Social de Comércio (SESC), adquire um desses antigos conjuntos de edificações

industriais, em um terreno de 16.500 m², para implantar uma de suas sedes neste. A participação de

Lina Bo Bardi no projeto modificou a concepção do programa tipicamente empregado nesses

edifícios. A quebra dessa linha programática para o SESC surgiu da preocupação da arquiteta em

conservar a estrutura existente e nela estabelecer um centro ligado ao social, buscando transferir a

cultura popular brasileira para o organismo de funcionamento do edifício. O objetivo desse estudo é

investigar se, através do ambiente criado pelo arquiteto, é possível proporcionar uma experiência de

cultura e lazer mais intensa e satisfatória ao usuário. Busca-se verificar se individuo pode ser

estimulado pelo ambiente de maneira que o mesmo se sensibilize e se aproprie do lugar. Diversos são

os fatores que devem ser levados em consideração ao se idealizar uma arquitetura de cunho

comunitário. Pensar no lugar para a comunidade não é só levantar suas necessidades e o oferecer em

locais de fácil acesso para a mesma. O valor comunitário se faz presente quando o indivíduo consegue interagir com um grupo de pessoas no desenvolvimento de suas atividades. Por isso, a criação de

espaços alienados, que desenvolvem atividades isoladas repetitivamente, acaba promovendo uma

arquitetura ao coletivo e não a comunidade.

Palavras-chave: cultura, lazer, arquitetura, ambiência, apropriação.

1. Introdução

Centros de cultura e lazer são locais onde a população urbana busca o entretenimento, através da prática de atividades artísticas, de aprendizagem, esportivas e sociais. Esses lugares conservam, difundem e expõem materiais relevantes produzidos pelo homem, em áreas como museus e galerias. Segundo Ramos (2007), o centro cultural é o local onde se deve ocorrer a ação cultural, que se utiliza da arte, em seu caráter libertário e questionador, para revitalizar laços sociais, promover a criatividade em grupo, criar condições para que ocorram elaborações e práticas culturais.

No Brasil, há aproximadamente dois mil e quinhentos (2.500) centros culturais¹, sendo que cerca de quarenta (40) deles localizam-se na cidade de São Paulo². Nessa listagem entra o Centro de Cultura e Lazer SESC Fábrica da Pompéia, localizado no bairro da Pompéia. Esse bairro possuía um caráter predominante industrial em seu surgimento, na década de 1940. Com o desenvolvimento da cidade o bairro foi se modificando e diversos conjuntos industriais ali implantados tornaram-se obsoletos.

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Em 1970, O Serviço Social de Comércio (SESC), adquire um desses antigos conjuntos de edificações industriais, em um terreno de 16.500 m², para implantar uma de suas sedes neste. O conjunto consiste em galpões, de arquitetura inglesa, que se alinham ao longo de eixos internos. A intenção era de ali se instalar um complexo de desenvolvimento de práticas esportivas, artísticas e de aprendizado oferecidas ao público. Isso seria feito através de cursos, eventos e treinamento esportivo, assim era típico das demais sedes do SESC (OLIVEIRA, 2006).

A participação de Lina Bo Bardi no projeto modificou a concepção do programa tipicamente empregado nesses edifícios. A quebra dessa linha programática para o SESC surgiu da preocupação da arquiteta em conservar a estrutura existente e nela estabelecer um centro ligado ao social, buscando transferir a cultura popular brasileira para o organismo de funcionamento do edifício (OLIVEIRA, 2006).

Cenni (1991), afirma que a atuação de Lina Bo Bardi se estendeu além da arquitetura, passando a influenciar também na concepção das atividades e na utilização do espaço. Nesse período, a arquiteta propôs ações voltadas à preservação e divulgação da cultura popular, através de exposições e manifestações artísticas populares. Lina Bo Bardi organizava as apresentações artísticas de acordo com a orientação arquitetônica do ambiente, transformando a antiga fábrica em um grande cenário para manifestações culturais. Todavia, a política institucional foi prevaleceu, fazendo com que o lazer se evidencie e a questão cultural transformou-se em uma questão comercial, de consumo imediato.

Mesmo não atendendo a todos os anseios de Lina, o SESC Pompéia ainda assume uma clara dimensão urbana, não só pelos seus 23.500 m² construídos e um fluxo diário para 15.000 pessoas, mas por se caracterizar como um interstício da cidade a ser valorizado por seu desenho lúdico urbano. (OLIVEIRA, 2006 p. 205). Danilo Santos de Miranda, diretor regional do SESC São Paulo, admite, que o conjunto da Pompéia foi um divisor de águas, tanto para a entidade quanto para a vida cultural da cidade - incluindo-se aí sua arquitetura³.

O interesse pela pesquisa surge a partir dos seguintes questionamentos: Como a arquitetura pode incentivar a população a procurar esses lugares destinados à cultura e lazer? De que forma os significados depositados nas intenções projetuais podem ser percebidos? Como esses elementos podem contribuir para o entretenimento e interação das pessoas com ambiente?

O objetivo do estudo é investigar se, através do ambiente criado pelo arquiteto, é possível proporcionar uma experiência de cultura e lazer mais intensa e satisfatória ao usuário. Busca-se verificar se individuo pode ser estimulado pelo ambiente de maneira que o mesmo se sensibilize e se aproprie do lugar. Em contrapartida, deseja-se verificar se o usuário influi no ambiente em que se apropria, assim como defende Ittelson (1974): “o homem não é um elemento passivo de seu ambiente, ele o transforma e é influenciado por ele, num constante intercâmbio dinâmico entre pessoa e ambiente”.

A decisão por estudos no universo dos centros culturais se dá pela busca de compreender como a arquitetura pode refletir a identidade de seu povo, proporcionando condições para que seus expectadores sejam também participantes do organismo da atividade e que o espaço projetado possa colaborar e encorajar seus usuários a fazer parte da vivência cultural. Preocupando-se com a necessidade de se resgatar a verdadeira essência das instituições destinadas à cultura, Cenni cita que a política dessas instituições, atualmente, preocupa-se mais com o planejamento mercadológico, bastando para esses uma frequência satisfatória de público e consumo. A relevância desse estudo se dá pelo fato de que o centro de cultura “não pode ser um espaço exclusivamente de lazer; ao contrário, ele deve atrair as pessoas para o novo e a reflexão, deve negar o conformismo e a familiaridade com o conhecido” (RAMOS, 2007, p.94).

É papel dos arquitetos pensar nas condições espaciais, ambientais e no significado que sua arquitetura irá proporcionar ao usuário que fará parte da experiência a ser oferecida. É importante investigar o tipo de público que irá utilizar essa estrutura, o que esse público busca ao frequentar um espaço cultural e quais as intenções serão transmitidas na arquitetura da obra, para concepção de ambientes não só contemplativos, mas também participativos. Espera-se - através das reflexões advindas do estudo de

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um caso clássico como o SESC Pompéia, em que o usuário foi tratado como um dos principais focos do partido arquitetônico - auxiliar arquitetos e designers a pensar nos centros culturais como “espaços para cultivar a capacidade de romper e criar”. (MILANESI, 1997, p. 145). ¹ Trecho retirado de: http://www.brasil.gov.br/sobre/cultura/centros-de-cultura ² Trecho retirado de: http://www.cidadedesaopaulo.com/sp/br/o-que-visitar/483-centros-culturais-paulistanos ³ Retirado da entrevista: Sesc Pompéia, 20 anos. Disponível em http://www.arcoweb.com.br/memoria/sesc-pompeia-20-anos-projeto-tornou-se-31-07-2002.html

Outra intenção relevante a ser considerada é de se chegar a dados que possam guiar a análise de como o ambiente deve servir ao processo da ação cultural. Um dos principais intuitos da ação cultural é, inicialmente, agir no individuo, de maneira que o mesmo se reconheça como ser cultural. O mesmo, posteriormente, passa a fazer parte de um coletivo que, inserido no espaço e tempo adequado, assumirão uma identidade cultural, a qual está vinculada afetivamente com seu entorno, que é, no caso, o ambiente construído (NASCIMENTO, 2004).

Resumidamente, com o estudo do projeto do SESC Pompéia, a partir investigação das características de seu ambiente e o estudo da apropriação do mesmo pelos usuários, espera-se chegar a resultados que demonstrem como um centro cultural deve se apresentar a sua comunidade. Esse estudo de caso pode possuir uma gama de dados que venham a resgatar o valor do espaço cultural, mostrando o que deve ser feito para que seus frequentadores sintam-se convidados a participar ativamente como criadores e apropriadores do espaço.

A semiótica do ambiente deve possibilitar, subjetivamente, a circulação de ideias, sons imagens, pensamentos e emoções (RAMOS, 2007). Segundo Cenni (1991), os centros culturais devem ser tratados diferenciadamente, extrapolando modelos convencionais de estruturas educacionais ou de lazer. “[...] A função do centro cultural é procurar reativar as diferenças, diversificar o pensamento e mostrar que há outras formas de se olhar para o mundo além dos discursos oficializados pela escola, pela instituição e pela mídia” (CENNI, 1991, p. 199).

2. Referencial Teórico

A intenção inicial da pesquisa é atingir os objetivos traçados a partir do aporte da psicologia ambiental. O estudo de conceitos nessa área permitirá compreender como os elementos que compõe o ambiente – luz, cores, formas, sons, volumes – irão influenciar no comportamento humano (BERTOLETTI, 2011).

A Psicologia Ambiental pode ser definida como o “estudo das transações entre o indivíduo e seus ambientes físicos” (GIFFORD, 1987). Dentre as principais linhas de pesquisa estudadas, têm-se a análise da percepção e do comportamento do individuo em um determinado ambiente. Primeiramente, busca-se compreender como se desenvolve a percepção, para consequentemente denotar os diferentes comportamentos gerados (BERTOLETTI, 2011).

Gibson (1966) cita que a percepção não está baseada no que sentimentos, mas em como coletamos informações do ambiente, captando seus estímulos através dos sentidos. Para o autor há cinco sentidos do ponto de vista da percepção ambiental, que são: equilíbrio ou orientação, visão, audição, háptico e paladar/olfato. Os sentidos “trabalham” de maneira a permitir a percepção do meio em que se está

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inserido. Para a pesquisa, o estudo da percepção é importante para a avaliação do ambiente, através dos estímulos que seus elementos podem provocar em diferentes canais sensoriais dos indivíduos.

Quanto à relação entre espaço projetado e o comportamento dos usuários, devem-se considerar condicionantes tanto a nível objetivo quanto subjetivo (BINS ELY, 1997). O primeiro tipo de condicionante está relacionado ao conforto do ambiente, influenciando diretamente na realização de atividades. O último estará atrelado ao significado do ambiente, recebendo a influência de fatores que podem depender de padrões culturais ou regras sociais. Essas condicionantes irão determinar a maneira como o individuo virá a se apropriar do espaço (BINS ELY, 1997). Os principais conceitos relacionados ao comportamento subjetivo são: privacidade, territorialidade, aglomeração e espaço pessoal (ATMAMN, 1975 apud GIFFORD, 1987). Devido a esses diferentes níveis de relação, torna-se relevante o estudo de como o comportamento dos usuários é influenciado por condições de ambientais e como se desenvolve a apropriação das diferentes áreas do SESC Pompéia.

A abordagem antropológica é de extrema importância para obtenção dos resultados esperados, uma vez que a pesquisa possui um foco em como tornar a arquitetura mais contundente com a ocupação humana. Essa reflexão se apoia no estudo da relação espaço x lugar. “O espaço pode ser definido como qualquer porção da superfície terrestre, (...) um local ilimitado e totalmente desprovido de valores e de qualquer ligação afetiva” (BERTOLETTI, 2011 p. 57). Segundo Marc Augé (1994), o espaço é denominado como um não lugar e “caracteriza-se por não ser relacional, identitário e histórico. São espaços de ninguém, não geradores de identidade. Lá, você ou eu, não importa, somos apenas mais um” (BINDE, 2008 p. 122).

“Já o lugar é o espaço vivido e com significado pelo indivíduo, a partir das experiências diárias. Produz um sentimento de localidade que interfere diretamente na percepção que os sujeitos têm de si mesmos enquanto habitantes de um lugar, influenciando na construção ou reconstrução de suas identidades” (BERTOLETTI, 2011 p. 57). Segundo Norberg-Schulz (1998) citado por Bertoletti (2011), são nos lugares que se experimentam os acontecimentos mais significativos da existência. O lugar não é apenas compreendido pelas necessidades humanas, mas é resultado da interação recíproca entre homem e contexto. “Quando o espaço nos é inteiramente familiar, torna-se lugar” (Tuan, 1983 p.83).

Resumidamente, o estudo antropológico da relação espaço x lugar tem como intuito constatar a se há relação de afeição e familiaridade do indivíduo com o ambiente e que elementos da arquitetura podem proporcionar essa afeição. Adotar medidas em projetos de centros culturais que auxiliem que o mesmo seja identificado como lugar é de grande valia para contribuir com uma experiência de cultura e lazer satisfatória, uma vez que as pessoas estarão ligadas ao ambiente de forma afetiva.

A partir desse breve embasamento teórico, percebe-se a relevância de se resgatar o as questões simbólicas presentes no espaço concebido arquitetonicamente, que são marcantes na relação social de quem o utiliza. O significado do lugar cultural deve transmitir uma identidade para as pessoas que irão o utilizar, fazendo com que as mesmas sintam-se seduzidas a interagir entre si e com o ambiente, desenvolvendo, assim, uma experiência de cultura e lazer em comunidade.

4. Metodologia

A fim de cumprir os objetivos adotados para a pesquisa a se executar é preciso explorar métodos e técnicas que auxiliem na obtenção de dados dentro do universo da Arquitetura de Centros de Cultura e Lazer e da Psicologia Ambiental. Os tipos de pesquisa a serem empregados serão: pesquisa bibliográfica e a pesquisa documental, tendo como objeto de estudo o SESC Pompéia. Dessa forma, a pesquisa será de caráter qualitativo, em que dados serão explorados de forma subjetiva para interpretar suas respostas, levando em conta condições socioculturais, econômicas, políticas e ambientais que tenham impacto em seu significado, de acordo com o contexto estudado.

O embasamento teórico e documental necessário a respeito do projeto do SESC Pompéia também será crucial para a pesquisa, através da busca de material necessário sobre a história do projeto, o local

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onde está inserido, o contexto em que foi concebido, as intenções de Lina Bo Bardi na concepção dos ambientes, o funcionamento das atividades culturais, de lazer e comunitárias no SESC Pompéia, os tipos de usuários fazem parte do cotidiano do SESC.

O estudo do complexo visando caracterizar os diferentes ambientes que compõe o objeto de pesquisa, destacando elementos como cores, formas, condicionantes de conforto ambiental, elementos de comunicação visual, organização espacial, condições de conservação, entre outros. O levantamento desses dados pode ser feito através da análise de fotografias, plantas, cortes, croquis da arquiteta, depoimentos e entrevistas. É importante o estudo de outras análises e descrições a respeito do objeto de estudo, para constatar como se caracterizam ambiências criadas pela arquiteta Lina Bo Bardi para diferentes autores.

Todas essas análises e levantamento serão compiladas para a elaboração do estudo de caso. É interessante gerar comparativos entre diferentes opiniões, teorias e dados. A partir da organização e aprimoramento dos métodos aplicados e da análise dos dados, buscando atingir o objetivo final de compreender o papel da arquitetura na apropriação de espaços de cultura de lazer por parte dos usuários, possibilitando a elaboração de embasamento e recomendações para projetos de centros de cultura e lazer.

5. Estudo de Caso

Primeiramente, é importante compreender a realidade de São Paulo, que é um grande núcleo urbano de desenvolvimento descontínuo, tanto por causa de sua estrutura urbana heterogênea, quanto por um planejamento urbano pouco levado em consideração por parte do mercado imobiliário. O resultado dessa realidade faz com que predomine na cidade massas edificadas que aproveitam ao máximo a capacidade de construção no lote urbano, sem levar em conta a configuração da malha urbana e características de seu entorno. O ambiente urbano de São Paulo, por essa razão, faz-se desconexo e pouco legível, dificultando o estabelecendo unidades urbanas que identifiquem diferentes áreas da cidade (ACAYABA, 1999).

O tecido urbano modifica-se constantemente, de acordo com a necessidade humana. Uma área ou edificação com determinada função e significado, em um curto intervalo de tempo, pode mudar de caráter ou até mesmo perder seu sentido funcional para a cidade. O bairro da Pompéia, onde se localiza o a obra em questão, sofreu essas transformações ao longo de sua evolução. Sobre uma malha ortogonal instalaram-se diversas fábricas, coincidindo o começo de sua ocupação ao período inicial da industrialização na cidade (década de 1940). Nesse bairro também se via séries de residências geminadas, ocupadas em sua maioria pelos operários das fábricas próximas, como se pode ver na figura 1.

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Figura 1 – Antiga Fábrica e entorno no bairro da Pompéia

Fonte: FERRAZ, 1993.

Assim como muitos exemplos de núcleos industriais antigos, com o passar do tempo, essa área foi abandonada pelas industriais e, consequentemente, poucos eram os atrativos para a classe operária habitar nessa localidade. Ao longo de sua evolução, o bairro modifica-se quanto à ocupação e paisagem, deixando de ter as características de bairro industrial, acima descritas. Mas, mesmo assim, sobrevivem algumas edificações industriais inativas. A figura abaixo mostra o entorno do SESC Pompéia e como se configurou essa evolução.

Figura 2 – O complexo do SESC Pompéia e seu entorno.

Fonte: FERRAZ, 1993.

A decisão por se utilizar da edificação da antiga fábrica e do programa de utilidades do SESC para e concepção de um centro cultural de enfoque comunitário apoiou-se, principalmente, na percepção da arquiteta que, ao visitar o antigo conjunto de galpões industriais, notou significativa apropriação por parte da população, mesmo não havendo nele nenhuma instalação de caráter público.

Entrando pela primeira vez na então abandonada Fábrica de Tambores da Pompéia, em 1976 , o que me despertou curiosidade, em vista de uma eventual recuperação para transformar o local num centro de lazer, foram aqueles galpões distribuídos racionalmente conforme os projetos ingleses do começo do século XIX. Todavia o que encantou foi a elegante e precursora estrutura de concreto. Lembrando cordialmente o pioneiro Hennebique, pensei logo no dever de conservar a obra. Foi assim o primeiro encontro com aquela arquitetura que me causou tantas histórias, sendo conseqüência natural ter sido um trabalho apaixonante.

Na segunda vez que lá estive, num sábado, o ambiente era outro, não mais a elegante e solitária estrutura hennebiqueana, mas um público alegre de crianças, mães, pais, anciãos passava de um pavilhão para o outro. Crianças corriam, jovens jogavam futebol debaixo da chuva que caía nos telhados rachados, rindo com os chutes da bola na água. As mães preparavam churrasquinhos e sanduíches na entrada da rua Clélia; um teatrinho de bonecos funcionava perto da mesma, cheio de crianças. Pensei: isto tudo deve continuar assim, com toda esta alegria.

(BO BARDI apud FERRAZ, 1993 p.27)

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Figura 3/4 – O antigo uso industrial e novo uso como centro de Convivência.

Fonte: FERRAZ, 1993.

Manter a estrutura original da fábrica significou preservar a identidade do lugar familiarizado à população que o apropria. A restauração dos galpões visou a mínima modificação nas características da estrutura em si. Porém, em seus espaços, tanto internos quanto externos, investiu-se na criação de ambiências munidas de elementos estimulantes à memória e ao imaginário da população, para que essa se sinta incentivada a realizar as atividades desenvolvidas no complexo.

Figura 5 - Espaço exposição e espetáculos.

Fonte: FERRAZ, 1993.

A realização dessas intenções pode ser visualizada em decisões projetuais que tiram proveito de elementos existentes, como por exemplo, a via dorsal fruto da implantação dos barracões, onde se colocou um deque para banhos de sol. Os galpões industriais foram dotados de signos – que expressam o modo como os ambientes da cultura popular se apresentam – refletidos em salas de recreação, biblioteca, ateliês, choperia e auditório. Em grandes espaços sob a estrutura de madeira dos telhados se instalou a administração, o restaurante e espaço para exposições.

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Figura 6/7 - Viela de Acesso aos galpões e deque de madeira para banhos de sol.

Fonte: FERRAZ, 1993.

Ao tomar como partido principal do projeto a restauração e reciclagem a área Lina tem, como principal premissa, a de uma arquitetura que materialize a convivência em comunidade, inserindo, nesse meio, valores artísticos e culturais diversos. “É o modelo de uma intervenção poética sobre a realidade, por mais pontual que possa parecer, através do meio arquitetura. Define um sentido específico de arquitetura civilizatória através da dignificação da vida humana, da participação ativa em processos artísticos coletivos de criação e comunicação, da gestão coletiva do conhecimento, da criação coletiva de uma identidade reconhecível. "( SANTOS, 1999 p.107)

Figura 8/9 – Restaurante e brinquedoteca.

Fonte: FERRAZ, 1993.

Lina Bo Bardi acreditava que essa adaptação aos costumes da população cosmopolita era a garantia de se criar um Centro de Convivência. Dessa forma, um mesmo espaço arquitetônico presta a mais de uma função para o centro. O restaurante que serve refeições (figura 8) é, à noite, a choperia e local para apresentações musicais. O vestíbulo de acesso ao teatro também é um local para espetáculos. Apresentações ocorrem nos mesmos locais destinados à jogos e exposições (figura 9), convidando o indivíduo a fazer parte dessa variedade de atividades coletivas.

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Figura 8/9 – Restaurante e brinquedoteca.

Fonte: FERRAZ, 1993.

Assim, ao invés de se estabelecer uma ordem para os acontecimentos e ações a se realizar em uma área delimitada para uma única função, Lina Bo Bardi, ao conceder aos ambientes uma gama de possibilidades de apropriação, fez com que os usuários estejam integrados ao organismo do edifício, através de práticas de entretenimento simultâneas, tornando prazerosa a estadia nesses espaços, além de possibilitar a interação entre os indivíduos. A integração e interação do usuário possibilita seu apreço pelo lugar, incentivando o mesmo a apropriar-se dele regularmente. (Figuras 10, 11, 12 e 13).

Figura 10/11/12/13/14 – Oficinas, apresentações e exposições em diferentes áreas do complexo

Fonte: FERRAZ, 1993.

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A restauração arquitetônica dada nos antigos galpões criou um pano de embasamento lúdico para um envolvimento comunitário através da arte e cultura popular brasileira. Um exemplo da forma como Lina Bo Bardi evoca a memória do habitante quanto à sua cultura é a inserção de um espelho d’água que remete ao Rio São Francisco.

Figura 15/16 – Estar com lareira e espelho d’água.

Fonte: FERRAZ, 1993.

Resumidamente, o novo uso para o edifício da antiga fábrica propõe oferecer atividades culturais de maneira diferenciada. Ao invés de se criar um espaço de espetáculo e contemplação, assim como nos museus convencionais, o SESC Pompéia se apóia na ideia de reunir a população - sem distinção de classe e geração - para manifestações das diferentes culturas populares presentes em uma cidade de grande porte como São Paulo, através do convívio e da troca de experiências em comunidade. (SANTOS, 1999 p.118) A disposição dos ambientes que compõe a intervenção no conjunto pode ser visto através da figura 17.

Figura 17 – Disposição dos elementos no conjunto de galpões. Fonte: Montagem feita pela autora.

Faltava implantar a área esportiva ao conjunto, uma vez que a porção dos galpões desenvolveria o setor cultural/artístico do programa. Devido uma reduzida área para localização do conjunto esportivo, já que não se podia edificar nas imediações do córrego Água Preta, opta-se pela verticalização desse conjunto de atividades, em dois blocos de concreto que, segundo Lina Bo Bardi, reproduzia os sólidos

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volumes arquitetura dos fortes militares. O de maiores proporções para abrigar as quadras e outros para abrigar vestiários e a circulação vertical. Os últimos se interligam por passarelas. A composição é completada por uma caixa d’água cilíndrica. (Figura 18)

Figura 18 – Bloco destinado a atividades desportivas.

Fonte: FERRAZ, 1993.

Mesmo sendo um conjunto muito mais simplificado em detalhamento que a área de restauro, esse é dotado de elemento que surpreendem o espectador desde sua visualização externa. O brutalismo dos blocos em concreto configura-se como as grandes fábricas que marcam o landscape de São Paulo, sendo a caixa d’água a figura de suas grandes chaminés. (BO BARDI apud FERRAZ, 1993)

A disposição aleatória das passarelas que interligam o sólido volume esportivo ao bloco de vestiários torna-se um dos elementos que confere maior identidade ao edifício, por proporcionar um aspecto descontraído aos sóbrios volumes. Além disso, o percurso feito nas passarelas proporciona uma experiência diferencia ao transeunte, tanto pela sua disposição ‘desordenada’, quanto pela visualização dos galpões restaurados e do entorno imediato.

Figura 19 – Passarelas. Fonte: FERRAZ, 1993.

A estratégia de familiarizar o usuário ao edifício através da experiência visual da cidade é empregada também, no bloco esportivo, através de grandes recortes de formato orgânico, que possibilitam a visualização de diferentes paisagens naturais (Pico do Jaraguá) ou urbanas (chaminés de fábrica).

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Figura 20 – Visual a partir das aberturas do bloco de atividades desportivas.

Fonte: FERRAZ, 1993.

Lina Bo Bardi subverte o programa do conjunto esportivo, com a defesa da idéia de que o esporte não deve ser uma atividade alienada de obrigatória, mas sim um prática prazerosa entre os integrantes da comunidade . “[...] O esporte é visto como uma modalidade de lazer e confraternização não contando, portanto, com quadras e piscina nas dimensões oficiais para a sua prática" (SANTOS, 1999, p. 115).

Figura 21 – Piscina e Quadras – Bloco desportivo

Fonte: FERRAZ, 1993.

Nesse conjunto Bo Bardi também emprega releituras da cultura da população, como no caso de mosaicos com desenhos nas piscinas (figura 22) e de um grande balcão com banquetas – lembrando às padarias e merceárias – onde se tem o bar (figura 23).

Figura 22/23 – Piscinas e Bar: Bloco de Atividades Desportivas.

Fonte: FERRAZ, 1993.

Os edifícios ali existentes e o novo bloco vertical formam uma estrutura heterogenia, reproduzindo os preceitos da paisagem de São Paulo, tal qual vivenciada pela população, onde vários elementos convivem simultaneamente. O conjunto também simboliza a convivência entre o lugar do passado e do

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presente, onde a antiga arquitetura industrial inglesa integra-se a uma releitura modernista das grandes estruturas industriais, através da arquitetura paulista, caracterizada pelo brutalismo.

Esse reconhecimento do caráter dissonante da paisagem paulista, reinterpretada na obra, demonstra Lina não seguiu somente um partido. Esse é um dos motivos da bem sucedida aceitação dessa obra por parte da população, por ser um edifício rico em elementos e situações, onde cada ambiente presta a mais de um uso, onde a convivência está repleta de surpresas ou signos divergentes convivendo simultaneamente, assim como funciona um ambiente urbano para seus habitantes.

“Muitos poderão ficar chocados com as diferenças entre as duas estruturas (a antiga fábrica e o moderno centro esportivo), porque numa delas as comunicações são horizontais, enquanto no prédio novo são verticais. É uma questão prática. Um centro de lazer não é, afinal, um museu ou escola, por que as premissas não são essas. Gostaria de destacar o lado lúcido do centro, uma vez que existe uma dicotomia entre o lazer e o trabalho. O lazer não deve ser imposto e, obviamente, dentro dessas concepções, o centro não se insere.” (SANTOS, 1999 p.107)

7. Conclusão

Como conclusão desse estudo da obra do SESC Pompéia, percebe-se que diversos são os fatores que devem ser levados em consideração ao se idealizar uma arquitetura de cunho comunitário. Pensar no lugar para a comunidade não é só levantar suas necessidades e o oferecer em locais de fácil acesso para a mesma. O valor comunitário se faz presente quando o indivíduo consegue interagir com um grupo de pessoas no desenvolvimento de suas atividades. Por isso, a criação de espaços alienados, que desenvolvem atividades isoladas repetitivamente, acaba promovendo uma arquitetura ao coletivo e não à comunidade.

Dessa maneira, a criação de lugares multifuncionais, onde a cultura, o lazer e o ensino acontecem simultaneamente, conseguem uma apropriação mais satisfatória e repleta de trocas de relações, valores culturais e experiências que insiram o indivíduo no convívio social. É importante também que a própria intervenção, mesmo sendo pontual, seja significativa para a identidade urbana da população, de maneira a gerar o lugar de familiarização à comunidade. A identidade pode ser trabalhada por meio de marcos ou ícones, mas quanto mais próximos esses estiverem de uma leitura do imaginário da cultura local, mais esses se comportarão como ‘cenários’ convidativos e educativos aos habitantes. Por essa razão, deve-se condicionar o lugar aos seus potenciais usuários, não o contrário.

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