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A Arte de Beijar
Hugh Morris
L P Baçan
Tradutor
2015
3
Copyright © 2015 L P Baçan
Todos os direitos da tradução reservados. Este livro ou parte
dele não pode ser reproduzido ou usado de qualquer outra
forma nem divulgado sem a expressa autorização do autor,
exceto o uso de partes para referência ou comentários.
ISBN 978-1-329-75745-5
Lulu Press, Inc.
3101 Hillsborough St, Raleigh, NC 27607
L P B Edições
Londrina – PR
www.acasadomagodasletras.net
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Sobre o Autor
Em quarenta anos como escritor fantasma, escrevi mais
de 700 livros, publicados em formato de bolso. Na maioria
deles meu nome não aparece. Eram usados pseudônimos e,
muitas vezes, para uma mesma coleção escreviam três ou
quatro escritores, todos sob aquele pseudônimo. Assim, se
um pesquisador tentar descobrir na Internet alguma coisa
sobre um daqueles pseudônimos, possivelmente nada
encontrará desse “autor desconhecido”.
Acredito que a mesma coisa ocorreu no original deste
livre, A Arte de Beijar, de um escritor chamado Hugh
Morris, cuja biografia me é totalmente desconhecida.
Publicado em 1936 e já no domínio público, nada pude
encontrar sobre o autor. Pelo conteúdo de sua obra, observa-
se que se tratava de alguém culto, principalmente pelas
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citações transcritas. Foi um pesquisador? Um escritor
fantasma? Um jornalista? Sem resposta.
O livro, no entanto, apesar de breve, é um perfeito
manual para a arte de beijar, tanto para um iniciante, ou uma
iniciante, como para profissionais no assunto. Conhecer e
praticar as técnicas recomendadas serão certamente úteis
para quem desejar se especializar no assunto... Desde que
tenha com quem praticar.
De qualquer forma, mesmo sem conhecê-lo, rendo aqui
minha homenagem ao autor e a sua obra, traduzindo-o para
o português.
L P Baçan
Tradutor
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Advertência
O dicionário diz que um beijo é "uma saudação feita
tocando com os lábios apertados e separando-os, próximo
do "alvo", de repente. Disto é bastante óbvio que, embora se
possa saber algo sobre palavras, não se sabe nada sobre
beijos. Se nós formos descobrir o real significado da palavra
beijo, ao invés de irmos pesquisar velhos alfarrábios e
dicionários, deveríamos ir perguntar isso aos poetas que
ainda têm o sangue quente da paixão da mocidade nas veias.
Coleridge chamava o beijo de respiração de néctar.
Shakespeare dizia que um beijo é um "selo de amor."
Marcial, poeta romano, dizia que um beijo era "a fragrância
de bálsamo de árvores aromáticas, o odor do açafrão
abundando, o perfume saboroso de frutas maduras, os
prados floridos pelo verão, o âmbar esquentado pela mão de
uma menina, um buquê de flores que atraem as abelhas".
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Sim, um beijo é tudo isso... e mais.
Outros disseram que um beijo era: o bálsamo de amor;
a primeira e última das alegrias; o idioma do amor; o selo de
felicidade; o tributo do amor; o gole refrescante e o néctar
de Vênus.
Sim, um beijo é tudo isso. . . e mais.
Um beijo não pode ser definido, simplesmente porque
cada beijo é diferente do anterior e do que virá em seguida,
da mesma maneira que nenhuma pessoa é semelhante à
outra. Assim, não há dois beijos semelhantes, porque são as
pessoas que fazem os beijos. Pessoas reais, vivas, que
pulsam com vida, amor e felicidade extremas.
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Tipos Diferentes de Beijos
Claro que há tipos diferentes de beijos. Por exemplo,
há o beijo que a pessoa devota deposita no anel do Papa. Há
o beijo materno de uma mãe em sua criança. Há o beijo
amigável entre duas pessoas que estão se encontrando ou
estão se separando. Há o beijo que um rei exige de seus
escravos. Mas embora todos eles sejam chamados de beijos,
eles não são os beijos a que vamos nos referir neste livro.
Nossos beijos são o único tipo de beijos que vale a pena
considerar: os beijos de amor. O beijo, talvez, que Robert-
Bums tinha em mente quando escreveu:
Doces selos de afetos suaves,
Suaves preces de felicidade futura,
Querido laço de conexões jovens,
O primeiro galanteio de amor, beijo de virgem.
A coisa surpreendente sobre o beijo é que, embora o
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gênero humano tenha beijado desde que Adão se virou e viu
Eva próxima dele, não houve praticamente nada escrito no
assunto. Todos os anos são publicados centenas de livros
ensinando como fazer isso ou aquilo, como ganhar dinheiro,
como conseguir um trabalho, como cozinhar, como escrever
e até como viver. Mas, da arte de beijar, escreveu-se muito
pouco. Uma razão para essa falta de instrução formal é
devida ao senso de moral vitoriano, que persistiu através dos
tempos. Para os puritanos do passado, qualquer coisa que se
referisse ao amor era sujo e pornográfico.
Os escritos de John Bunyan mostram o que esses
puritanos pensavam do beijo. Ele escreveu, em “The
Pilgrim's Progress", que os beijos eram "as saudações
comuns de mulheres que eu detesto. É odioso para mim
sempre que vejo isso. Quando eu vejo homens bons saudar
essas mulheres que eles conhecem ou que visitaram, eu faço
minhas objeções contra; e quando eles respondem que é
apenas um pouco de civilidade, eu lhes falo que não é uma
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visão graciosa. Realmente, algumas mulheres consideram o
beijo santo; entretanto, eu lhes pergunto por que fazem
diferenciações; por que saúdam os homens belos e
saudáveis e deixam passar os feios e doentes?"
Talvez o velho Bunyan pensasse desse modo porque
era um dos feios e doentes que jamais foram beijados.
Mas, hoje em dia, as pessoas têm uma perspectiva mais
ampla da vida. Nossos jogos estão se tornando mais
civilizados e menos mortais. Nossas artes não são mais
censuradas por leis. Livros estão sendo escritos sobre
assuntos que nenhum autor antigo teria ousado pôr no papel.
Anticoncepcionais, divórcios e a ciência do matrimônio são
assuntos comuns em livros. Até mesmo os vícios estranhos
do gênero humano são expostos e discutidos e não mais
mofam nas câmaras escuras da censura. Sim, livros como o
de Van de Velde, "Matrimônio Ideal" e o de Stope, "Amor
Casado", são abertamente vendido em livrarias. Mas, em
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nenhuma parte nós encontramos um livro que instrua as
pessoas na arte de beijar, uma arte que é absolutamente
essencial para uma vida feliz, como discutiremos nos
próximos capítulos deste livro.
Porque nós não estamos livres absolutamente das
correntes do puritanismo? Em certas partes do país, foram
presos homens por beijar as esposas na rua! Isto é
civilização?
É por isso que este livro foi escrito. Para ser um
manual do beijo. Aqui nós vamos discutir a maioria dos
métodos aprovados de beijar, as vantagens de certos tipos,
as desvantagens de outros, as reações mentais e físicas de
beijoqueiros, episódios históricos de beijos, junto com
exemplos da literatura mundial nas quais beijos foram o
assunto. Assim, aprume-se, prepare seus lábios e vamos à
arena dos beijos!
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Por Que as Pessoas Beijam?
O que acontece quando um homem e uma mulher se
beijam?
Quer dizer, o que acontece em várias partes do corpo
quando duas pessoas apaixonadas unem seus lábios em
felicidade? Anos atrás, antes de nossos biólogos
conhecerem a existência das glândulas em nossos corpos,
um escritor citou um cientista que teria dito que "beijar é
agradável porque os dentes, mandíbulas e lábios estão cheio
de nervos e quando os lábios se encontram uma corrente
elétrica é gerada".
Que tolice! Que tolice absoluta!
Em primeiro lugar, duas pessoas se beijam porque
estão satisfazendo uma necessidade dentro delas, uma
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necessidade que é tão natural quanto a de comida, de água e
de conhecimento. É a fome de sexo, que os dirige um para o
outro. Depois dessa necessidade saciada, então vem a de
uma casa, a de crianças e de felicidade matrimonial. Essa
necessidade é instintiva, isto é, nós nascemos com ela, todos
nós, e não podemos aprender ou podemos adquirir isso de
alguma forma.
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Por Que Beijar é Agradável?
Uma vez que essa necessidade de sexo oposto se
comprova, acontece no corpo humano o que é conhecido
como tumescência que, em idioma simples, é a contração
rítmica dos vários músculos do corpo junto com o
funcionamento de certas glândulas que a ciência esteve
impossibilitada de definir quais eram. Especialistas em
glândula sabem, executando certas operações, que a
suprarrenal, a pituitária, a gônada e outras glândulas
controlam o comportamento sexual de seres humanos. São
essas glândulas que reagem, que secretam os hormônios no
sangue que, em troca, leva-os aos vários órgãos envolvidos
na reação sexual.
Então, pode ser dito que é a satisfação parcial da
necessidade de sexo que torna beijar tão aprazível.
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Eletricidade é usada para girar motores, acender luminárias
e aquecer ferros-elétricos. Mas eletricidade não dá
satisfação completa ao beijo. E chega de ciência estéril!
Nós temos pela frente uma leitura aprazível sobre a
felicidade do beijo. Agora que aprendemos porque homens e
mulheres se beijam, vamos entrar nos métodos usados para
beijar, de onde vem realmente a satisfação desse prazer.
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Métodos Aprovados de Beijar
O único beijo que conta é aquele trocado por duas
pessoas apaixonadas entre si. Essa é a primeira exigência do
beijo que satisfaz. Um beijo é realmente a união de duas
almas-gêmeas que estão juntas porque nasceram uma para a
outra. A razão para isso é porque o beijo é a introdução para
se amar o verdadeiro amor. O beijo prepara os participantes
para a vida de amor do futuro. É a fundação, o ponto de
partida do amor sexual. E é por isso que a maneira como o
beijo é dado se torna extremamente importante.
Ainda há jovens mulheres que acreditam que os bebês
são o resultado de beijos! Este é um fato! E essa condição
existe porque nossos pais ou ignoram os métodos de
explicar sexo às crianças ou ficam embaraçados de fazê-lo.
O resultado é que as crianças obtêm a informação sexual nas
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ruas e ruelas ou então permanecem ignorantes e acabam
acreditando em mentiras e fantasias.
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Beijos São Prelúdio Para o Amor
Homem e mulher nascem para amar, casar e procriar.
A mulher é constituída para gerar filhos. Por outro lado, o
homem tem o dever de ser o protetor da esposa e, depois
que eles nascem, de seus filhos. Então, ele sempre deve
tomar a iniciativa. Ele deve ser forte, disposto e poder
fisicamente levar adiante seu ataque. Ele deve ser o
agressor. Então, é necessário que o homem seja mais alto
que a mulher. A razão psicológica para isso é que ele tem
que dar a impressão de ser superior à mulher, mentalmente e
especialmente fisicamente. A razão física, com que nós
estamos mais preocupados, é que sendo ele mais alto que a
mulher, pode melhor beijá-la. Ele deve poder abrigá-la em
seus braços fortes e sobressair-se a ela, olhando de cima
para baixo direto nos olhos dela, colher o queixo dela nos
dedos, inclinar a face para ela e colar os lábios ansiosos e
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viris nos dela, que deverão estar úmidos, ligeiramente
separados e convidativos. Tudo isto ele tem que fazer com o
vigor de um macho ativo. E tudo isso é impossível quando a
mulher é a mais alta dos dois.
Quando a situação é invertida, o beijo se torna só uma
banalidade absurda. O domínio físico, prerrogativa
masculina, inexiste e tudo que resta são dois lábios tocando
dois outros lábios. Nada pode ser mais frustrante.
21
Preparando-se Para o Beijo
Um parágrafo atrás, nós mencionamos que os lábios da
mulher ficam separados ligeiramente, enquanto ela espera
os lábios do amante. Havia uma razão para usar essa
descrição. Sempre, em qualquer tipo de beijo, antes dos
lábios do macho tocarem os dela, os lábios da fêmea devem
estar ligeiramente separados. Uma razão para isso é que os
lábios rubros servem como uma encantadora moldura para o
cintilar dos dentes branco. O quadro que se exibe ao
beijoqueiro o atrai e incentiva. Mesmo meses depois,
quando ele pensar naquele beijo, ele se lembrará daquele
marcante quadro das pérolas engastadas numa moldura
vermelha e convidativa.
A delícia de um beijo inesquecível foi expressa
formosamente em um poema chamado, "Três Beijos", no
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qual se lê:
Eu elevei a doce e pura face dela com suavidade,
Os olhos dela com a radiante visão do amor encheram-se.
Aquele beijo trêmulo eu jamais esquecerei
Que a nossos corações com entrega encheram-se.
Outra razão para separar os lábios é que nisso há uma
satisfação definida que o macho obtém do odor delicioso
que emana da boca de sua amada. John Secundus,
descrevendo um beijo, disse que o beijo da amante era
como:
"... toda a brisa aromática que emana das árvores
picantes da África."
O odor do cabelo de uma mulher pode provocar
sucessivos calafrios de prazer na espinha de um homem. O
odor do corpo dela pode convulsioná-lo com a agonia da
paixão. Odores são necessários ao amor. É por isso que é tão
essencial que os lábios estejam separados antes do beijo. E é
por isso que o hálito deve ser mantido doce e puro de forma
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que, quando os lábios se abrirem, a respiração seja como
uma "brisa aromática."
Às vezes é aconselhável impregnar os cantos da boca
com perfume. Mas apenas uma sugestão lânguida de odor e
nada mais. Outro detalhe importante: batom está
definitivamente fora do beijo, porque sai facilmente. Um
leve traço de batom pode ser usado de forma que, quando
sair, não fará falta. Da mesma forma, os dentes devem ser
mantidos limpos e polidos. Nada pode apagar o ardor de um
homem ou de uma mulher, no que diz respeito ao assunto,
que uma fila de dentes manchados e desleixados.
24
Como se Aproximar de uma
Mulher?
25
Beijar uma jovem, cuja experiência com beijos é
limitada, é algo para ser trabalhado até o toque final dos
lábios. Só um bobo age assim: estando sentados
confortavelmente no sofá, de repente ele joga sua face
contra a dela e beija seus lábios. Naturalmente, a primeira
coisa que ele deve fazer é preparar o cenário, organizando-o
de forma que a jovem fique recostada contra o braço do
sofá, com ele assentado ao lado dela. Desse modo, ela não
pode fugir dele, enquanto ele fica senhor da situação e das
atenções dela.
Isso feito, com um pretexto ou outro, como uma
tentativa galante de ajustar as almofadas atrás dela, ele
insinua o braço, primeiro ao redor da parte de trás do sofá e,
então, gradualmente ao redor dos ombros dela. Se ela
vacilar, não se preocupe. Se ela vacilar e fizer um clamor,
não se preocupe. Se ela vacilar, fizer um clamor e tentar
levantar-se do sofá, não se preocupe. Segure-a com
suavidade, mas firmemente, e acalme os medos dela com
26
palavras tranquilizadoras e carinhosas. Se ela vacilar e fizer
um clamor, um alto clamor de escândalo, e começar a
arranhar sua face, então comece a se preocupar em como
sair dessa situação ruim. Tais meninas não são para serem
cortejadas... ou beijadas. São elas, na maioria dos casos, que
ainda acreditam na história da cegonha que traz os bebês
como consequência de um beijo.
Mas se o seu braço repousar confortavelmente nos
ombros da jovem e tudo estiver perfeito, seu próximo passo
será o de lisonjeá-la de algum modo. Todas as mulheres
gostam de ser lisonjeadas. Elas gostam de ouvir que são
bonitas, mesmo que o espelho desminta isso.
Lisonjeie-a! Catulo escreveu uma vez:
"Beije-me suavemente e fale-me baixinho; Confie em mim, querida, o tempo está próximo, Quando nós poderemos viver sem nenhum medo Beije-me, querida! Beije-me suavemente e conte-me seus segredos."
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Aspire profundamente o perfume dos cabelos dela e
diga um poema. Depois fale como ela é bonita!
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Ou então, aspire profundamente o perfume dos cabelos
dela e faça um comentário lisonjeiro. Fale que o perfume é
como o de um vinho suave. Fale que seu cabelo cheira como
um jardim de rosas. Conte-lhe qualquer coisa, mas esteja
seguro que seja algo cortês. Feito isso, só há uma coisa
natural a fazer: afundar seu nariz o mais fundo possível nos
cabelos dela, de forma que você pode ter o máximo desse
buquê.
29
A Técnica de Beijar
Agora é sua chance. No momento em que você sentir o
toque de seu nariz na pele da cabeça dela, enrugue seus
lábios e beije-a pelo tempo de inalar uma respiração
profunda de ar impregnado com o perfume dos cabelos dela.
Deslize os lábios na direção da orelha dela. Toque a beirada
da orelha com seus lábios, esfregando suavemente. Tome
fôlego com suavidade na concha delicada de seu ouvido.
Algumas mulheres reagem apaixonadamente a esse ato sutil.
Esfregue novamente e sinta a reação dela. Se ela afastar a
cabeça, volte aos cabelos dela e à luxuriante inalação deles.
Então, instale seus lábios atrás da orelha dela, enquanto
murmura palavras doces e carinhosas. Da orelha para o
pescoço dela é apenas alguns centímetros. Deixe seus lábios
atravessarem esta distância rapidamente, então se instale em
sua nuca e mordisque-lhe a pele com a mesma gentileza de
30
uma gata que ergue seus gatinhos. Então, com uma série de
pequenas mordidas, deslize seus lábios da nuca para o
pescoço dela, suba para o rosto e deslize depois para perto
da orelha. Com suavidade, beije o lóbulo da orelha e retorne
ao rosto, cada vez mais próximo dos lábios. Repita isso e,
daí em diante, siga a sua intuição. Busque tocar cada vez
mais a parte superior dos lábios dela, até senti-la pronta.
Você saberá quando isto acontecer porque, de repente,
você sentirá um endurecimento estranho nos ombros dela
debaixo de seu braço. A razão para isto é que os lábios
constituem um das zonas erógena principais do corpo. A
terminação nervosa aí é tão sensível que o mais leve contato
com eles envia uma excitação aprazível e imediata pelo
sistema nervoso, para a porção central do cérebro e de volta
pelo sistema nervoso novamente, por ramos que se
conectam com os nervos motores, nesse caso os nervos que
controlam os músculos da boca e dos lábios e as glândulas
sexuais já mencionadas.
31
Em linguagem clara, ela sabe que será beijada.
Tudo bem! Você beijou o canto da boca dela
sutilmente. Não vacile. Vá mais adiante, para plagas mais
aprazíveis. A sua frente, tudo o que foi prometido em seus
sonhos: a doce oferta dos lábios deliciosos da mulher que
você ama. Mas não fique parado, vendo-os tremer.
Aja!
Levante ligeiramente seus lábios, centrando-os de
forma que, quando fizer contato, haja uma união perfeita.
Note, por instantes, os dentes dela na moldura dos lábios.
Então, como uma gaivota abatendo-se graciosamente no ar,
toque seus lábios firmemente nos lábios dela, que treme em
seus braços.
Beije-a!
Beije-a como se, naquele momento, nada mais existisse
no mundo. Beije-a como se sua vida inteira fosse resumida
32
no tempo desse beijo. Beije-a como se nada mais houvesse a
ser feito. Beije-a!
Neste momento, é necessário discutir alguns assuntos
que são afetos à arte de beijar, particularmente porque se
aplicam ao que há pouco foi descrito. Por exemplo, se a
pessoa deveria fechar os olhos enquanto beija ou é beijada.
Pessoalmente, eu discordo de quem aconselha fechar os
olhos. Para mim, há uma excitação adicional vendo, diante
de meus olhos, a cena de felicidade e de prazer estampada
nas faces da pessoa amada. Posso ver rugas minúsculas
formarem-se ao redor dos olhos dela, rugas de alegria. Eu
posso ver espasmos passageiros de felicidade nos olhos
dela. Posso ver essas coisas e, vendo-as, minhas próprias
reações ao prazer de beijar são consideravelmente
aumentadas. Mantendo meus olhos abertos, eu não estou
tendo prazer através de um só sentido, a sensação do toque,
mas de duas sensações, a do toque e a da visão. Essas dois,
juntas com a sensação de perfume que vem da respiração
33
dela, associam-se para tornar o beijo um primoroso resumo
de felicidade pura.
34
Como Beijar as Mulheres com
Tamanhos Diferentes de Bocas
Outra pergunta que deve ser respondida neste momento
concerne ao tamanho da boca da mulher a ser beijada. Uma
consideração a respeito é importante. Quando a boca da
menina é do tamanho de um minúsculo botão de rosa, não
há com que se preocupar. Basta seguir as indicações acima.
Porém, há muitas mulheres cujos lábios são largos e
generosos, cujos lábios são semelhantes aos de Joan
Crawford, por exemplo. A técnica de beijar tais lábios é
diferente.
Tamanhos diferentes de bocas requerem uma técnica
diferente de beijo.
35
36
Para manter seus lábios centralizados aos lábios dela,
haveria a necessidade de uma expansão larga de lábios,
ocorrendo perda de contato e o beijo se tornaria
desagradável. Em tais casos, ao invés de permanecer no
centro dos lábios dela, o homem deve erguer os lábios um
pouquinho e começar a viajar ao redor dos lábios da mulher,
detendo-se várias vezes para depositar um beijo firme, mas
de passagem. Quando fizer um círculo completo nos lábios
dela, volte imediatamente ao centro dos lábios e beije-a
então. Beije-a como fez o amante de Fátima, no poema de
Tennysen, que escreveu: "Uma vez ele puxou, com um beijo
longo, minha alma inteira através de meus lábios, como o
orvalho que se evapora à luz do sol."
Então, sorva o mel.
Como a abelha que busca nos pistilos fragrantes de
uma flor goles no néctar para fazer o mel, assim você deve
bebericar o néctar dos lábios de seu amor. E é néctar. Pois
37
há nisso um símbolo da comunhão santa dos espíritos de
duas almas-gêmeas, unidas nos laços de um amor
indissolúvel. Foi um beijo como esse que motivou o escritor
de um antigo romance alemão a escrever:
"Sofia devolveu meu beijo e a terra sumiu sob meus
pés; minha alma não estava mais em meu corpo; eu toquei
as estrelas; eu conheci a felicidade dos anjos!"
38
Desfrute a Excitação de Beijar
Mas não tenha pressa! Como em todos os assuntos
relativos ao amor, não acelere o processo de beijar. Um
beijo é muito arrebatador, uma coisa a ser desfrutada apenas
naquele exato momento. Demore mais tempo nos lábios
dela do que você jamais demorou antes em qualquer outra
coisa. Esqueça o tempo. Esqueça tudo menos o beijo. Não
seja como o amante jovem tímido que, depois de um doce e
demorado beijo, afastou os lábios para longe dos lábios
encantadores da amante. Imediatamente ela rompeu em
lágrimas.
"– O que houve"? ele perguntou, solicitamente.
"– Você não me ama!" ela disse entre soluços.
"– Mas eu amo!
"– Então por que você afastou seus lábios?
"– Eu não podia respirar," ele disse pateticamente.
39
Respirar? Quem quer respirar? Quem quer pensar em
respiração no meio de um beijo comovido? Tome fôlego por
seu nariz, se você tem que respirar. Mas beije, continue
beijando o tempo que for, até que haja um mínimo de fôlego
em você. Beije como Byron disse que nós deveríamos
beijar, com um "beijo longo, longo de mocidade e amor".
Recentemente, em Chicago, ocorreu uma maratona,
uma competição de beijo para determinar qual par poderia
manter o beijo deles por mais tempo, sem ser forçado a se
separar. Um par pôde manter o beijo deles durante quinze
horas. Pense disso! Quinze horas. E o rapaz ingênuo deixou
de beijar porque não pôde respirar. Elizabeth Barrett
Browning deve ter passado uma noite toda beijando o poeta
Robert Browning, a julgar por um excerto de "Aurora
Leigh", no qual ela descreveu um beijo como sendo "tão
longo e silencioso quanto a noite extática."
40
41
Outro poeta, desconhecido, mas certamente um que
tinha conhecimento de causa sobre o que falava, escreveu o
poema a seguir, que merece ser citado em sua totalidade.
"Oh, uma alegria tão breve
Ou tão doce felicidade como um beijo
Não poderia durar para sempre!
Tão saboroso, tão meloso, tão delicioso.
O orvalho que repousa nas rosas,
Quando a manhã se descobre,
Não é tão precioso.
Oh, ainda que sufocando
Eu provaria um outro.
É meu desejo:
Eu poderia morrer beijando."
Neste momento, deve ser explicado que os lábios não
são a única parte da boca que deve ser beijada. Todo amante
é um glutão. Ele quer tudo que é parte do ser amado, tudo.
Ele não quer perder um único detalhe dela, "milhões de
alegrias prazerosas", como Keats escreveu uma vez. Isso é
porque, quando beija, deve haver muitos contatos, contatos
42
completos, sempre que possível.
Aconcheguem-se um junto ao outro. Sintam o toque
morno de seus corpos. Fiquem tão juntos que o arfar dos
seios dela seja sentido em seu peito e que ela sinta a sua
respiração no peito dela. Permaneçam próximos um do
outro.
Esta mesma técnica se aplica à boca no beijo. Não
tenha medo de beijar com mais do que apenas seus lábios.
Depois que seus lábios estiverem colados durante algum
tempo, abra os seus ligeiramente. Então coloque a ponta de
sua língua de forma a poder sentir a superfície lisa dos
dentes da pessoa amada. Este será um sinal para ela
responder da mesma forma. Se ela está completamente
afinada com você, se ela o sente verdadeiramente como sua
real alma-gêmea, então você notará que ela também abrirá
os lábios dela ligeiramente e que os dentes dela ficarão
separados. Então, se ela é tudo aquilo que deve ser, ela
43
projetará a ponta da língua de forma que se encontre com a
ponta da sua.
O céu estará presente nesta união!
Lava correrá em suas veias em vez de sangue. Sua
respiração virá aos solavancos. Vai se formar em você uma
dominadora e opressiva onda de emoção como você nunca
antes experimentou. Se você é um homem, você apertará os
ombros de sua amada e sentirá o tremor por você que a faz
arquejar. Se você é uma mulher e está sendo beijada, você
sentirá um langor estranho atravessando seus membros e seu
corpo inteiro. Um tremor passará por você. Você gemerá
nos braços deliciosos do amor. E, em todas as
probabilidades, você ficará lânguida porque o sangue em
suas veias estará correndo furiosamente em todo o seu
sistema e longe de sua cabeça. Assim, você estará
impossibilitada pensar. Você só poderá sentir o mais
primoroso dos prazeres que lhe é dado sentir.
44
O Beijo de Língua Francês
Mas não para nisso.
Seguramente, há mais em sua língua que somente sua
ponta. Sonde mais adiante. Vá mais fundo. Com suavidade
acariciem um a língua do outro. Fazendo isto, vocês estarão
fundindo suas almas. É por isso que esse beijo foi chamado
o "beijo de alma" pelos franceses, a quem é atribuído o
aperfeiçoamento dessa técnica. Os franceses sempre foram
liberais. E foi por superarem o puritanismo há muitos anos
atrás que eles foram capazes de se aperfeiçoar na arte do
amor e, particularmente, na arte de beijar.
Aprenda com eles.
Também aprenda com os antigos romanos,
especialmente Catulo, cujos poemas de amor para Lésbia
45
atravessaram os tempos pela sinceridade de sua paixão, pelo
gênio e pela habilidade dele para expressar as emoções em
forma de poesia. Foi ele quem escreveu:
"Então para esses beijos some cem mais,
Mil para aqueles cem, assim beije-me!
Vamos fazer daquele mil um milhão;
Triplique esse milhão e, quando isso terminar,
Beijemo-nos de novo, como no começo."
Beijos são de graça. Assim, beije. Há uma coisa que
você não pode tirar das pessoas: a habilidade para amar uma
à outra. Apesar de todas as mudanças que o mundo sofreu,
as pessoas continuam se casando e continuam tendo filhos.
Durante o período da depressão nos Estados Unidos,
registrou-se um número de nascimentos bem maior do que
em tempos normais. Isso significa que, embora as pessoas
não tivessem dinheiro, eles ainda tinham uma à outra. Eles
ainda tinham amor. Eles ainda tinham a habilidade para
beijar como gostavam e fizeram isso com frequência. Outro
poeta perguntou:
46
"O que é um beijo? Um engano, afinal.
Gota única para matar a sede,
Prova sempre nas horas mais felizes,
Ser a primeira gota de uma cascata."
Assim beije. Continue beijando. Ben Jonson percebeu
isso quando ele escreveu que, se ele tivesse um desejo, seria
o de morrer beijando.
Mas não só os poetas robustos e vigorosos como Ben
Jonson foram glutões para beijos. Foi atribuído a John
Ruskin um pedido para um amigo de uma jovem senhora
para que ela o beijasse continuamente.
Outro poeta escreveu:
"Beijos contados para mais de centenas;
Milhares contados por milhares a mais.
Milhões, milhões incontáveis, então,
Contados novamente por mais de milhões;
Incontáveis como as gotas que deslizam
Na maré inchada do oceano,
Incontáveis como orbes de luz
Enfeitando como lentejoulas a abóbada da noite
47
Eu vou com amor incessante depositando
Nessas bochechas de brilho carmesim,
Nesses lábios que incham com tanta suavidade,
Nesses olhos que me contam contos de paixão."
48
Varie Seus Beijos
É com as últimas poucas linhas desse poema que
passamos ao nosso próximo assunto. Como foi mencionado
antes, o verdadeiro amante não está satisfeito com um ou
dois contatos. Ele quer manter o contato com a pessoa
amada. É por isso que, quando beijar uma mulher, depois de
algum tempo beijando os lábios dela, você deve variar seu
beijo, desviando sua atenção para outras porções da face
dela. Robert Herrick, que escreveu muitas letras de amor
bonitas em seu tempo, tem um poema que idealmente
sintetiza esta ideia de beijos variados. Diz ele:
"Não é nenhuma criatura nascida e criada
Entre os lábios cor de cereja vermelha;
É uma chama ativa que voa
Primeiro para as meninas dos olhos;
Então para a bochecha, o queixo e a orelha;
Brinca e voa – agora aqui, agora lá –
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Tão longe vai depois se aproxima;
Aqui e lá e em todos os lugares."
Deixe-nos dizer o que você descobre em um doce e
longo beijo. De repente, você vê os olhos de sua amada se
fechando como num momento de cansaço. Com suavidade,
separe seus lábios dos lábios dela e os leve até as pálpebras
fechadas. Deposite um beijinho, primeiro em uma pálpebra
e depois na outra. Sinta o tremor ao redor de seus lábios,
captado nas pálpebras dela. Então, quando fizer isso, deslize
seus lábios para baixo, ao longo da linha do nariz dela,
parando aqui e ali para um beijo minúsculo. Vá até o lábio
superior e beije-o ardentemente. Beije o canto dos lábios
dela, primeiro um, depois o outro. Se os olhos dela ainda
estiverem fechados, repita o processo.
Mas retorne sempre aos lábios.
Nunca esqueça esta regra importante: volte sempre aos
lábios porque eles nunca ficam saciados de beijos ardentes
de amor. Os beijinhos que você depositou nos olhos e no
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nariz dela só servem para variar o cardápio. Eles são como
especiarias no banquete de amor proporcionado pelo
encontro dos lábios.
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O Beijo Chupado ou a Vácuo
Enquanto seus lábios ansiosos forem beijando os lábios
ansiosos de sua amante, tente variar o beijo. Em vez de usar
o beijo de língua, tente o que é conhecido como o beijo
chupado vácuo. Você começa abrindo sua boca um
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pouquinho, logo após ter descansado pacificamente seus
lábios fechados na boca da pessoa amada. Indique a ela,
esfregando os dentes dela com a ponta de sua língua, que
você deseja que ela faça o mesmo. No momento em que ela
responder, em vez de acariciar-lhe a boca, chupe-a como se
você estivesse tentando tirar o suco de uma laranja. Se ela
conhecer esta variação de beijo, agirá da mesma maneira e
retirará o ar de sua boca. Desse modo, por um breve
momento o ar terá sido tirado completamente de suas bocas.
Seus lábios estarão tão firmemente aderidos que haverá
quase dor, em vez de prazer. Mas será o tipo de dor que é
altamente prazerosa.
Isso pode soar estranho, mas, não obstante, é um fato.
A dor fica tão excitante quando se transforma em prazer.
Este assunto terá tratado brevemente no que é conhecido
como o beijo de mordida. Mas, por enquanto, vamos
continuar com o beijo chupado. Esse beijo deve,
necessariamente, durar um tempo comparativamente
53
pequeno. Com a tensão, os delicados tecidos da boca e os
músculos se cansam muito facilmente. É por isso que esse
beijo deve ser curto. Porém, há uma técnica especial a ser
usada. Quando você decidir que teve o bastante, não retire
de repente sua boca. Pelo menos não faça isto se há outras
pessoas na casa. Elas serão surpreendidas pelo alto som que
resultará se você agir de repente. Qualquer vácuo, quando se
abre de repente para arejar, emite um ruído alto. O
procedimento simples é abrir um canto de sua boca
primeiro. Você ouvirá um som assobiado e lânguido quando
isso terminar. Imediatamente, você sentirá a pressão em sua
boca diminuindo. Os músculos relaxarão. E uma sensação
deliciosa de entorpecimento percorrerá seu corpo inteiro e
isso provocará uma lassidão que é quase beatífica.
Mas isso não é tudo.
Para todo grande jantar, há sempre uma sobremesa ou
um acepipe que é o momento inesquecível da noite. O
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mesmo se deve aplicar ao beijo chupado. No momento em
que retirar seus lábios, erga-os acima dos lábios cansados de
sua amante. Então, sem perda de tempo, com suavidade,
delicadamente, suavemente, sensivelmente, oh tão
ligeiramente, abaixe seus lábios enrugados e deposite um
pequeno beijo nos lábios quase contundidos dela. É este
pequeno ato de simpatia e condolência que torna o elo entre
vocês cada vez mais firme. Diga a ela alguma coisa
romântica e bonita.
Enquanto descansam dos ardores e alegrias carregados
nesse beijo, algumas variações são permissíveis e
aconselháveis. Nunca deve haver um descanso em uma
sessão de beijos. Todo momento deve ser preenchido com
beijos. Mas eles não têm que ser beijos de boca. Há outros
beijos que, embora não satisfaçam como os beijos de lábio,
servem para fazer o sangue continuar fervendo.
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O Beijo Espiritual
Por exemplo, pode haver beijos trocados em intensos
olhares. Um tipo de beijo espiritual pode ser dado com os
olhos por um par de amantes. Os latinos de sangue quente
sabem o poder de tal beijo. O temperamento ígneo deles está
sempre procurando novas delícias, novas variações, novos
modos deliciosos e astutos de somar prazer ao amor. Há um
poema escrito por um jovem poeta espanhol para uma
senhorita de olhos feiticeiros. Não há dúvida de que foi
cantado por ele, debaixo da sacada dela, enquanto a lua
romântica fluía liquidamente pelo céu. O poema descreve
essa maneira de beijar com coisas diferentes além de seus
lábios.
"Então ela beija com as pálpebras,
Beija com o arquear de suas sobrancelhas,
Com a bochecha suave esfregando suavemente,
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Com o queixo e as mãos e os dedos.
Todo o corpo de Manuela,
Todo seu sangue e todo seu espírito,
Todo seu fogo arde em beijos ardentes.
Lá, alguns metros longe dele, o amor florescia. Através
do olhar, ela o beijava e o amor deles continuou
florescendo.
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O Beijo de Cílio
Uma variação de beijo pode ser praticada como uma
diversão inocente. Depois de um intenso período de beijo de
língua ou de beijo chupado, os amantes descansam, olhando
um para o outro. O jovem deve apoiar sua face na face da
mulher. Ao invés de beijá-la, tocar suas bochechas
suavemente. Então, após isso, fazer com que seus cílios
toquem os cílios dela. Isso pode ser feito de um lado e do
outro do rosto dela. Depois, fazer com que seus cílios
acariciem a pálpebra dela sempre com suavidade. O contato
dos cílios provoca um prazer inesperado e indescritível.
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O Beijo Dolorido
Já foi mencionado o beijo dolorido. É com esse prazer
aparentemente paradoxal que lidaremos agora. Em primeiro
lugar, é necessário explicar que, embora um ato possa ser
doloroso, ainda assim pode ser aprazível. A explicação é
somente outra indicação da variabilidade de natureza
humana. Para começar, há algumas pessoas que encontram
um prazer extremo sendo chicoteadas, queimadas ou
humilhadas. Não há nenhuma explicação racional para esse
estranho prazer. O fato é que eles reagem prazerosamente à
dor. Essas pessoas são chamadas de masoquistas.
Semelhantemente, há quem encontre o mesmo prazer sendo
quem inflige a dor ou a humilhação. Também essa
anormalidade é inexplicável. Seus praticantes são chamados
de sádicos.
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A questão é a seguinte: essas pessoas têm esses desejos
estranhos e extremos, mas as pessoas normais têm desejos
semelhantes, mas não tão fortes. Estão presentes em menor
grau. É por isso que alguns de nós nos descobrimos
deliberadamente em tempo frio ou continuamos palitando
um dente dolorido, embora o ato nos provoque dor. É por
isso que a maioria de nós pode encontrar prazer no beijo
dolorido.
O beijo dolorido é simplesmente uma pequena
mordida, um beliscão de amor.
Catulo, que sabia beijar, a julgar pelos muitos poemas
que dedicou ao assunto, uma vez escreveu:
"Quem murchará de amor por tua escolha?
Quem a chamará de sua, falsa, quem?
Quem bebericará a taça de teus beijos,
Enquanto cicatrizam os lábios do teu amor?"
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O Beijo Beliscão
Horácio, outro romano cujos avançados conhecimentos
na arte de beijar atravessaram os tempos, através de seus
poemas de amor, também escreveu sobre o beijo-beliscão,
quando disse:
"Em teus lábios, o menino feroz apaixonado,
Marca com seus dentes a furiosa alegria."
Veja você que se trata de pessoas perfeitamente
normais, se é que se pode chamar os poetas de pessoas
normais, que se viciam no beijo dolorido e encontram
intenso prazer nisso.
Afinal de contas, o castigo pode ser mais que apenas
doloroso.
Por exemplo, em outro poema, diz um poeta:
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"E se ela ousasse com seus lábios fazer beicinho,
Como muitas senhoritas jovens e atrevidas,
Eu a prenderia pela cintura com meus braços
E a castigaria com meus beijos."
Naturalmente, não se espera que quem beija abra a
boca como as fauces de um leão no beijo-beliscão e então
afunde as presas nos delicados lábios de sua amante.
Ridículo! O procedimento é igual ao do beijo ordinário, só
que, em vez de fechar seus lábios com o beijo, você os deixa
ligeiramente abertos e, como se fosse mordiscar um petisco
delicioso, aplica um beliscão brincalhão em sua nuca, na
bochecha ou em outra parte do corpo. Um pequeno beliscão
é bastante. E o prazer resultante, eu o asseguro, será mais do
que compensador ante a inconveniência do leve dolorido.
Agora poderia haver alguém desejando saber por que
tais subterfúgios são necessários. Só porque o homem é um
animal insaciável. Ele nunca está satisfeito com o usual e
com o trivial porque a trivialidade, depois de um tempo,
torna-se enfadonha. Não que eu pretenda insinuar que o
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beijo de lábios habitual é comum. Absolutamente não. O
beijo de lábio, como já mencionei antes, é o prato principal
no banquete de amor, como um poeta assim denominou.
Mas imagine uma refeição onde fossem servidos sete pratos
de filé mignon ou sete pratos de lagosta. Você ficaria doente
e cansado de filé depois do terceiro prato, não é verdade? E
após a segunda lagosta você não olharia a terceira nos olhos,
supondo-se que ela fosse servida com olhos. Assim, veja
que se privilegiasse exclusivamente o beijo de lábios,
chegaria o momento em que este perderia seu encanto e seu
sabor.
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Variações São As Especiarias do
Amor
Uma variação de beijo de lábios pode ser
agradavelmente executada. Em vez de apertar os lábios
sobre os lábios da amante, comece num canto da boca e
deslize seus lábios fechados pela boca inteira. Uma variação
é abrir seus lábios ligeiramente e, com a ponta de sua língua
entre os lábios dela, deslizar de lado a lado. Naturalmente,
variações adicionais surgirão aos interessados em aprimorar
sua técnica. De fato, com um pouco de criatividade, você
encontrará centenas de deliciosas e excitantes variações para
esse beijo, explorando as mais diferentes sensações.
Uma variação leva a outra. Tecnicamente, esta não é
exatamente uma nova forma de beijar, mas simplesmente
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uma variação na técnica do beijo de lábios comum.
Emprega o uso da ação de retardar sua execução. A velha
história da raposa e das uvas que tentadoramente oscilavam
acima de sua cabeça é a base para o método. Em resumo, o
procedimento é este: ao inclinar a cabeça e aproximar seus
lábios dos dela, ao invés de depositar-lhe o beijo, afaste a
cabeça. Então, mantenha seus lábios em prontidão, mas não
a beije. Simplesmente ameace o beijo, enquanto sorri e olha
tentadoramente nos olhos da mulher. Finalmente, quando
você e ela não puderem suportar por mais tempo a
expectativa, leve seus lábios ao encontro dos lábios dela.
Lentamente, tão lentamente quanto for possível, e imprima
o selo do amor sobre a boca ávida de sua amada. Depois
disso, a técnica não pede nenhuma ação específica. Beijar,
como amar, é instintivo.
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Festa de Beijos Elétricos
Alguns anos atrás, um costume muito peculiar de beijar
surgiu e merece ser aqui mencionado porque, com ele, nós
podemos aprender a adaptar o método a nosso modo.
Naquele tempo, quando as pessoas jovens se reuniam, eles
realizavam o que então era conhecido como festa de beijos
elétricos. Pessoas jovens estão sempre predispostas a
encontrar novas maneiras de se entreter. Um trecho de um
escritor contemporâneo vai, talvez, nos dar uma ideia do que
aconteceu.
"Os jovens se encontram num aposento, formando
pares. Arrastam os pés sobre o carpete, até que estejam
carregados com eletricidade. As luzes do quarto são
apagadas. Então eles se beijam na escuridão, fazendo faíscas
voarem para a diversão dos observadores.
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O mesmo tipo de experiência poderia ser executado
hoje em dia, em noites frias e secas, quando o ar está
sobrecarregado com eletricidade. Mas é certo que nem você
nem sua parceira tocam um no outro, depois de arrastar
furiosamente os pés no carpete. Apenas inclinem-se
lentamente e, quando seus lábios estiverem separados por
alguns centímetros, reduza a velocidade da descida até que
as faíscas explodam. Porém, é preciso muita prática até essa
variação de beijo poder ser feita corretamente. A reação
natural ao choque é afastar-se, mas tente resistir a esse
impulso natural porque, se você não beijar no momento
posterior ao do choque, o prazer será perdido. Uma vez você
tenha praticado isso durante algum tempo, você se tornará
assim preparado para o choque leve.
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O Beijo Dançando
Um modo muito agradável para beijar é encontrado no
beijo dançando. Aqui, novamente, é a proximidade dos
corpos dos participantes que aumenta o prazer. O que mais
pôde um par de amantes pedir para uma dança leve e
envolvente que a suavidade rítmica de uma valsa
interpretada por Wayne King, com seus braços ao redor um
do outro, os corpos jovens e ansiosos beijando um ao outro
em uma miríade de zonas erógenas, enquanto suas
bochechas ardem? Naturalmente, em tais situações, as
regras de etiqueta social não permitem ao casal desfrutar um
beijo de lábios apropriado. Isso fica bem no isolamento da
sala de estar, enquanto o rádio toca uma música de fundo.
De fato, o beijo elétrico pode ser executado sob essas
circunstâncias. Mas, quando dançando em um lugar público,
os únicos beijos permitidos seriam esses sub-reptícios,
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roubados sob os olhares das fofoqueiras. Com o pretexto de
sussurrar algo bonito na concha da orelha de sua parceira,
permita que seus lábios toquem o lóbulo da orelha dela, a
bochecha ou o queixo dela. Podem ser roubados alguns
beijos de cílios escondidos. Essas doces travessuras deverão
estimulá-los até que possam estar a sós. Então, excitados
pelo prazer desses beijos, o casal estará livre para praticar
todas as variações listadas nesta brochura, para satisfação de
seus corações e de seus lábios. Nesse momento, talvez
recordem essas linhas de Sir John Suckling, em Balada de
um Casamento, que diz:
"Oh, eles subitamente se erguem e dançam;
Então se sentam novamente, e suspiram, e se olham;
Então dançam novamente e se beijam."
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O Beijo de Surpresa
Uma maneira muito encantadora de beijar é chamada o
beijo de surpresa, executado quando alguém adormece
numa festa. Ao entrar no aposento, quando alguém vê a
amante adormecida, ele deve inclinar-se suavemente sobre
ela. Então, abaixando a cabeça lentamente, depositar um
beijo suave, felpudo, plumoso nos lábios dela. Este primeiro
beijo deve ser muito suave. Mas, depois disso, a intensidade
dos beijos deverá aumentar até a pessoa despertar. E, claro
que, até mesmo além isso. O efeito de tal despertar para
alguém adormecido é quase divino. Enquanto no meio de
um sonho agradável, provavelmente, ela sentirá vagamente,
fracamente, como se fosse o toque da asa de uma borboleta,
um beijo sutil ser depositado em seus lábios. Naturalmente,
nas profundezas do sono, imaginará ela que aquilo é parte
do sonho e o resultado é uma sensação agradável realmente.
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Então, gradualmente, enquanto ainda adormecida, ela sente
os beijos continuarem. E o prazer também. Daí, como ela
começa a sair do sono, percebe que os beijos são a realidade
de um sonho. Mas ela está segura de que ainda sonha. E
assim, imediatamente, ela começa a sentir uma tristeza
profunda, porque sabe que, ao invés de estar com o amante,
ela só está sonhando com ele. Imagine, então, a satisfação
extrema dela, quando, enquanto pensando dessa forma, ela
sente a realidade de um intenso e ardente beijo em seus
lábios. O coração estremece de modo selvagem. A pulsação
se acelera. Talvez não esteja dormindo, pensará ela. Então
abre os olhos e vê a face querida debruçada sobre ela. E
sente o toque sensual dos lábios dele em sua boca.
Verdadeiramente, nenhum despertar pode ser mais
aprazível!
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Jogos de Beijos
Alguém pode querer saber a prevalência de jogos de
beijos atualmente. Inúmeros jogos foram inventados para o
esporte jovial dos amantes. Nesses jogos, porque eles são
jogos, é perfeitamente legítimo para duas pessoas namorar.
De fato, nos jogos, mesmo aqueles realizados em reuniões e
festinhas, o beijo é encorajado atrás de portas fechadas,
onde o feliz casal está a sós em um quarto. E seria, para
encerramento desta brochura, excelente uma conjetura sobre
a razão para a prevalência de tais jogos, até mesmo durante
os tempos vitorianos, quando a etiqueta era tão rígida que se
proibia colocar um livro escrito por uma mulher próximo a
um livro escrito por um homem!
Esses jogos de beijar existiram e continuarão existindo
porque o homem e a mulher têm que beijar. De fato, o
73
homem é o único animal que usa o beijo para expressar o
amor e o afeto. Cachorros, gatos e ursos lambem seus
filhotes. Cavalos e vacas esfregam narizes e pescoços.
Pássaros se aconchegam. Mas, só o gênero humano beija.
Só o gênero humano tem a razão, a lógica, a feliz
faculdade de ser capaz de apreciar o charme, a beleza, o
prazer extremo, a alegria, a realização apaixonada do beijo!
A natureza beija a seu modo, mas não tem o cérebro para
aproveitar o beijo. Só o homem pode fazer isto.
Talvez seja apropriado concluir este resumo da arte de
beijar com um excerto do poema imortal de Shelley:
"Veja a montanha beijar o céu,
E as ondas se engancharem uma a outra.
Nenhuma flor jamais é esquecida
Ou desdenhada entre suas irmãs
Quando a luz do sol abraça a terra,
E os raios de lua beijam o mar;
Qual é o valor desses beijos todos
Se tu não queres me beijar?"
74
L P Baçan
O Mago das Letras
1975: escreveu e publicou seu primeiro livro de bolso, a
novela Uma Tese para o Amor, pela Editora Cedibra, Rio
de Janeiro, passando, daí, a escrever mensalmente
novelas por encomenda para essa e outras editoras.
1985: teve 11 letras incluídas no LP Saudação ao Mato
Grosso, da dupla Estudante & Caminhoneiro.
1986: teve 6 letras incluídas no LP Oração de Um
Caminhoneiro, da mesma dupla.
1991: participou da Coletânea do I Concurso Nacional de
Literatura da FENAE, com um conto premiado em 1º.
lugar.
1994: participou da Antologia Os Poetas, do V Concurso
Helena Kolody de Poesia, Governo do Paraná, Curitiba –
PR.
75
1995: traduziu a obra El Contuberneo Judeo-Maçónico-
Comunista, de José Antonio Ferrer Benimelli, em 2
volumes intitulados Maçonaria & Satanismo, para a
Editora "A Trolha".
1996: publicou a novela rural Sassarico, sobre o fim do ciclo
do café, início da rotação de culturas (soja e trigo) e
surgimento dos boias-frias e editou os livros Vida Minha,
de Emília Ramos de Oliveira (biografia) e Círculo
Vicioso, de Arlene Cirino de Oliveira.
1997: participou da coletânea Poema, Poesia... Maçom,
Maçonaria, organizada por Mário Cardoso para a Editora
Arte Real.
1998: publicou o livro de poemas Alchimia.
1999: publicou o livro Redação Passo a Passo e editou o livro
URAÍ - Nossa Terra, Nossa Gente, 2 volumes, de Emília
Ramos de Oliveira.
2000: teve 2 letras incluídas no CD Nosso Negócio É Cantar,
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da dupla Márcio Rogério & Luciano e 3 letras no CD
Mais, do cantor Cícero de Souza. Publicou, neste ano de
2000, Brincando nos Caminhos do Senhor, revista infantil
cristã, Editora e Gráfica Cotação da Construção, Londrina
– PR.
2001: editou e prefaciou o livro Templários, de Lori Andrei
Perez Baçan.
2002: foi o autor da letra do hino da Loja Maçônica Londrina,
em parceria com o músico Wilmar Cirino.
2004: organizou, editou e participou do livro I Antologia do
Portal "Cá Estamos Nós".
2006: organizou, editou e participou do livro II Antologia do
Portal "Cá Estamos Nós".
2007: publicou os livros A Sabedoria dos Salmos, A
Sociedade Secreta dos Templários e O Livro Secreto da
Maçonaria, pela Universo dos Livros Editora Ltda.
77
2010: publicou os livros Manual da Futura Mamãe, Quem
Disse Que Cozinha Não è Lugar de Homem e Receitas
Naturais pela editora Universo dos Livros. Editou o livro
de contos Solidariedade, do autor baiano João Justiniano
da Fonseca. Produziu, dirigiu e apresentou uma série de 7
programas radiofônicos Vila das Artes, na Rádio Boa
Nova FM, de Pérola, PR, sobre literatura atual.
2012: traduziu, editou e publicou o livro A Origem do
Satanismo na Maçonaria, de Arthur Edward Waite.
2013: traduziu, editou e publicou em formato eletrônico os
livros Carmila, de J Sheridan LeFanu, e Teoria da Esgrima a
Cavalo, de Alex Muller, Anjos, o Caminho de Volta, Os
Olhos do Carrasco, Novelas de Terror (Volumes I e II),
Pragas Domésticas e A Arte De Beijar (Hugh
Morris/tradução), pela Lulu Press, Inc.
1975 até 2015: hoje escreveu mais de 700 livros, publicados
em sua maioria em formato de bolso, sobre os mais
78
diferentes assuntos, como: romances, erotismo, palavras
cruzadas, charadas, passatempos, literatura infantil,
passatempos infantis, horóscopos, esoterismo, simpatias
populares, rezas, orações, intenções, anjos, fadas,
gnomos, elementais, amuletos, talismãs, estresse, manuais
práticos, religião e outros livros de bolso com os mais
diversos temas e letras para músicas. Já editou em
formato eletrônico mais de 1000 títulos, entre publicações
individuais e antologias, de autores de Língua Portuguesa
e Espanhola.
Publicou ao longo dos últimos 40 anos poemas e contos em
jornais de circulação regional. Ultimamente, está
revisando seu romance “Quaresma”, já concluído, tem
traduzido e editado livros eletrônicos e empenhado em
editar todos seus títulos em formato eletrônico para serem
disponibilizados em seu site
www.acasadomagodasletras.net.