9

Click here to load reader

A-ARTE-DO-SUMIE

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: A-ARTE-DO-SUMIE

A ARTE DO SUMIÊA arte sumi (tinta) foi introduzida no Japão no sétimo século chinês, cujas datas remontam a cerca de 2000 a.C. Ao longo do tempo, essa arte se estabeleceu como também típica japonesa, com grandes contribuições feitas pelo monge Toba-sojo, que desenhou “Choju Giga”, no período Heyan (795-1185), e Sesshu, no período Muramaki (1333-1587), considerado o primeiro estilo puramente japonês de desenho sumie.São termos relacionados à arte: sumi (tinta), suzuri (bastão de tinta), bokusho (arte), kami (papel), e o fude (pincel, escova).Sumie, também chamado “suiboku-ga”, refere-se à pintura japonesa de tinta monocromática, uma técnica que começou na China durante a Dinastia Sung (960-1274) e foi assimilada pelos japoneses no século XIV com a ajuda de monges Zen-Budistas. O sumie tem suas raízes na caligrafia chinesa; as pinceladas aprendidas na caligrafia são as mesmas utilizadas na pintura.O mais importante é que o sumie representa não somente uma bela e singular forma de arte, mas também uma filosofia. Enquantohttp://www.fazendosexo69.com/morena-safada-caiu-na-net.html a maioria da pintura ocidental clássica teve como meta a descrição realista do mundo e seus objetos, o sempre foi expressão de percepção do artista. Pintores tentando capturar a essência de um objeto, pessoa, ou paisagem: mais importância para a sugestão que para o realismo. A pintura ocidental usa a cor para criar sombras, tons e um sentido de espaço. O sumie tradicional, por outro lado, usa unicamente tinta preta. Na pintura oriental, a tinta preta é a mais alta simplificação de cor.No início do século X o Japão começou um grande intercâmbio com a China, enviando estudantes para assimilarem o que de melhor a cultura chinesa possuía, destacando-se principalmente a caligrafia e a religião. Este intercâmbio por mais alguns séculos, até que através de mudanças internas os japoneses adaptaram aquilo que tinham aprendido conforme suas necessidades. Uma herança deixada por este laço de amizade foi a semente daquilo que se transformaria no Zen-Budismo, que têm como data de nascimento o século XII.O Sumie, conforme sua origem, possui como principal característica a rapidez em que é realizado, a inspiração artística é transmitida no prazo mais curto possível, onde não existe tempo para reflexão ou pensamento daquilo que está sendo realizado, o artista deve seguir sua inspiração espontânea. Não existe a possibilidade de nenhuma correção ou repetição, um traço deve ser encarado como único, se existir algum erro ele está “morto” e portando toda obra perdida.Esse foi o espírito que levou muitos Samurais a praticarem o Zen e o Sumie. Um golpe de espada deve ser realizado espontaneamente sem chance para correções ou reflexões, caso contrário já se estaria morto devido à velocidade que ocorriam os confrontos.No Sumie, utiliza-se uma tinta feita de fuligem e cola (Sumi) e pincéis de pêlo de ovelha ou de maneira a reter muito líquido. Mas é o papel, na maior parte das vezes fino e absorvente, que dá a principal característica deste ti po de pintura.A razão de se escolher um material tão frágil para transmitir a inspiração artística, é que ela deve vir à tona no prazo mais curto possível. Se o pincel se retardar muito sobre o papel este é transposto. A cor branca que fica de fundo no papel (cor original) é relacionada ao Universo. Não se vê um fundo definido e assim a característica relacionada ao vazio é preservada.

Page 2: A-ARTE-DO-SUMIE

A filosofia da pintura Sumie é passar para o papel o espírito de um objeto, não existindo pretensão para criar uma obra realista. Cada pincelada deve estar cheia de energia (Ki - energia vital que existe em todas as coisas). Cada traço tem que mostrar sua vitalidade e vida. Um ponto não representa uma águia ou um traço o Monte Fuji. O ponto é um pássaro e o traço é a montanha. O artista Sumie, assim como um mestre da confecção da espada samurai, coloca seu espírito na obra e com isso cria vida através de sua expressão artística.Shin’ichi Hisamatsu, filósofo e profundo conhecedor da arte Zen, ressalta sete particularidades que devem existir em uma obra Zen, são elas: assimetria (fukinsei), singeleza (kanso), naturalidade (shizen), profundidade (yugen), desapego (datsuzoku), quietude e serenidade interior (seijaku). Portanto, não são todas as obras que podem ser classificadas como Zen-Budistas.Os principais temas relacionados ao Sumie são: bambus, ameixeiras, orquídeas, flores, pássaros e paisagens, não esquecendo aqueles ligados a temas religiosos como pinturas de patriarcas ou parábolas.Existe uma tendência atual de colocar cores em algumas partes da pintura, principalmente onde a cor é uma forma de demonstração do espírito do objeto. Esse fato ocorre em muitos temas, como por exemplo, nas pétalas de flores.Hoje no Japão, muitos executivos e pessoas de altos cargos praticam o Sumie, não somente como forma de relaxamento ou busca de paz interior, mas também como forma de melhorarem a eficiência nos negócios, principalmente no que diz respeito à tomada de decisões rápidas.Para se pintar Sumie, o praticante tem que conhecer perfeitamente o objeto que vai pintar, para que não exista reflexão ou dúvida durante o processo criativo deve ocorrer uma observação quase que constante das coisas à volta, assim sua prática também traz uma consciência maior sobre a vida, pois com ela começa-se a existir uma maior sensibilidade das coisas e pessoas que nos cercam. A combinação da pintura, da poesia e da caligrafia foi a composição artística preferida no Japão durante a primeira metade do século XV, principalmente nos círculos zen. A programação desses “Rolos com Poemas e Pinturas” – Shigajiku – e o empenho em realizar uma obra de arte interligada em todos os níveis e sentidos cristalizaram-se aqui num caminho. O mais tardar, a partir da época do mestre Ch’na Chao-chou Ts’ung-shen (778-897), personalidade original, foi também considerada nos círculos zen como algo extraordinário.Eventualmente, comparava-se o desligamento das emoções e dos desejos e o aprofundamento no decorrer da meditação com a penetração numa abóbora: a princípio é difícil, a abertura é muito apertada; a seguir, a visão se amplia, porém, logo chegamos a uma passagem estreita; conseguindo ultrapassá-la, temos a sensação de estar num lago tranqüilo. Mas, finalmente, se quisermos prosseguir até a libertação total de todos os estreitamentos e limitações do mundo da manifestação, é preciso que a abóbora seja destroçada.Uma pintura de Sengai (1750-1837), muito elogiada pela sua riqueza imaginativa e humorística, foi a de uma abóbora dançando sobre as ondas. A inscrição que a acompanha explica sua semelhança à compreensão da verdade última que escapa sem cessar, apesar dos esforços mais renitentes. Ora a abóbora mergulha, ora emerge novamente, e flutua diante de nossos olhos. Só não conseguimos agarrá-la. Só a confiança cega e o

Page 3: A-ARTE-DO-SUMIE

ininterrupto aparar-se no apoio da fé e no objetivo da iluminação levam à outra margem de modo totalmente inesperado, quando já nem mais se nutria essa esperança. Com freqüência isso ocorre somente numa idade avançada. É o que Hakuin (1685-1768) deseja transmitir através de seus quadros-parábolas, repetidos tantas vezes de modo quase idêntico, nos quais dois ou três cegos, tateando com cuidado, atravessam uma pequena ponte. Seu comentário a respeito diz o seguinte: “Que o tatear dos cegos ao atravessar uma ponte sirva de modelo de vida no decorrer da velhice...” (p.104 – o Zen na Arte da Pintura. Brinker, Helmut. Ed. Pensamento).Dois temas foram transmitidos à arte zen com uma preferência especial. São eles: bambus e orquídeas, na maioria das vezes interligados a rochas bizarras. Graças às suas formas encantadoras, à sua elegância e a seus atributos, na Ásia, como fonte inesgotável de inspiração, ambas as plantas prestam-se como meio de expressão ideal e específico às idéias zen-budistas. Além disso, a ligação tão próxima entre a pintura e a arte caligráfica ofereceu, principalmente aos monges aficionados, a oportunidade da redação imediata e espontânea de intuições espirituais ou de sensações pessoais...No leste asiático, o bambu representa valores éticos fundamentais. Seu crescimento em linha reta é comparado ao caráter íntegro de um homem exemplar; seu tronco firme, regular e elástico, à retidão interior que, apesar de toda a flexibilidade de sua condescendência, denota a constância inabalável e a firmeza de um nobre. Suas folhas verdes sempre frescas e inalteradas no decorrer das estações são comparadas à estabilidade, à força de resistência e à fidelidade inabalável de um caráter válido como modelo de ética. Na China encontramos passagens que mostram:“A provisão inesgotável dos Pessegueiros em Flor”, estão cheios de metáforas... A ligação simbólica dessa planta com a pureza do espírito sonoro e iluminado fez com que o pessegueiro em flor se tornasse parte firmemente integrante da literatura e da pintura cultivada pelos monges zen. O pessegueiro em flor, junto com o bambu e o pinheiro, já eram apreciados, desde as épocas Sung e Yuang, como um dos “Três amigos invernais”(sui-han san-yu).Desse modo, a imagem de um mar branco de pessegueiros em flor ligou-se ao pensamento da pureza intocada da neve no inverno e, num sentido mais amplo, à ininterrupta sobrevivência durante a estação mais dura.Shakyamuni se enrijeceu durante os seis anos que passou no gelo e na neve, na solidão das montanhas, antes de voltar-se novamente para o mundo, a fim de proclamar o seu ensinamento. Nesse sentido, todas as imagens dos pessegueiros em flor do Rikkyoku-na como as duas paisagens invernais de Linag K’ai – portanto, à primeira vista, temas meramente mundanos – são apropriados ao contexto religioso do Shussan Shaka. Na China, conceitos como “gelo” e “frio” são metáforas à quietude, hábitos lingüísticos adotados pelos budistas na última etapa do Taoísmo.SUMIÊ E A CALIGRAFIAA pintura à tinta desenvolveu-se da elegante caligrafia chinesa. A pincelada que forma o caractere para o número um torna-se o tronco e os ramos da árvore do bambu. Se observarmos bem a palavra cavalo, em chinês, podemos ver as pernas, o rabo e a crina. Assim, podemos dizer que a própria caligrafia se originou de desenhos que facilitassem as pessoas identificarem o que aquele caractere queria expressar.As pinceladas aprendidas na caligrafia são as mesmas aplicadas na pintura e, por esse motivo, a caligrafia e a pintura Sumie podem ser consideradas artes gêmeas.

Page 4: A-ARTE-DO-SUMIE

As técnicas fundamentais para uso do pincel são mais bem absorvidas pelos praticantes de caligrafia do que por outro aluno que não estuda essa arte.No entanto, é muito comum que os praticantes da pintura Sumie já sejam praticantes da caligrafia, uma vez que, na maioria das vezes, os pintores acrescentam em suas obras alguns caracteres poéticos ou descritivos ao terminarem.Dentro da pintura zen do Sumie, o artista deve aprender a usar graciosamente a estocada do pincel no papel, de forma controlada. O excesso e a falta de força podem distorcer a pintura. No Sumie, a meta é capturar a essência, o ki (energia vital), o espírito ou a vida do assunto da pintura, evocando a poesia e a natureza.Na pintura com o pincel, este deverá estar perpendicular ao papel, quase em um ângulo reto à mão, estando firmemente agarrado a uma distância considerável do ponto pelo polegar, indicador e dedo médio.Durante o processo de desenho, os dedos permanecem quase imóveis e o trabalho é realizado pelo braço, que deve deslizar no ar, ou seja, não deverá estar apoiado. Embora isso possa soar um tanto incômodo para os praticantes da arte sumie, é a forma tradicional de ser feita. E como um antigo e sábio mestre diz: “Se segurando o pincel desta maneira parece incômodo, também a isso acostuma-te”. TEMAS E SIGNIFICADO DO SUMIÊ

Orquídea – PrimaveraBambu – VerãoFlor de pessegueiro – OutonoCrisântemo – Inverno

A orquídea representa a primavera, um espírito feliz, o símbolo da graça refletindo as virtudes femininas finais. É considerada a mãe da pintura a pincel. A beleza e graça da orquídea estão na fragilidade de sua forma, sem tendências violentas. Sua fragrância nunca é exagerada. A orquídea selvagem cresce onde na maior inspiração de todos os lugares: onde a montanha encontra a água, ou onde yin encontra yang. Ela fica às portas da primavera, convidando a todos a celebrar a vida.O bambu representa o verão e é o tema mais pintado no Oriente. Ele representa o vigor e as virtudes do masculino, refletindo um sentido de perfeito equilíbrio com integridade e flexibilidade tremendas. O “Cavalheiro perfeito” tem qualidades admiráveis. O centro da planta do bambu é côncavo, sugerindo humildade. O bambu parece estar sempre pronto a servir, sendo utilizado no Oriente quase diariamente. O bambu não possui nenhuma flor ou fruta, considerados elementos passageiros. É tido como o pai da pintura a pincel, representando simplicidade de vida e espírito humilde.A árvore do pêssego é adorada pelo seu significado cósmico, expressando o ressurgimento e a continuidade da vida. Seus galhos retorcidos exibem uma aparência de dureza, especialmente durante sua árida existência no inverno; ainda que dentro si guarde mistério e beleza, a promessa da Primavera. A promessa é consumada quando as delicadas flores do pessegueiro surgem a cada Janeiro, em tempo para saudar o ano-novo. O pessegueiro, florescendo na geada de Janeiro, é o símbolo de esperança e tolerância.“Hostil no frio e triunfante no outono”. É o dito que expressa o vigor do tardio crisântemo, que floresce no frio ar de outono, prenunciando a chegada do inverno. É o último dos Quatro Cavalheiros, associando plantas fragrantes com altos ideais de comportamento moral e a mudança de estações. TÉCINAS DO SUMIÊ

Page 5: A-ARTE-DO-SUMIE

Para se pintar o Sumie é necessário um misto de controle e espontaneidade. Deve haver a harmonia interior que guia a mão, conduzindo o pincel a uma expressão cheia de sentimentos.Mais uma vez, Sumie é tradicionalmente um exercício espiritual, assim a meditação e planejamento são predominantes. Por exemplo, dissolver a tinta na pedra torna-se um tempo para contemplação. Isso é feito em um movimento na forma de oito, constantemente levando e trazendo a tinta (oceano) na superfície da pedra (terra).Aprender o processo real de pintura com um pincel de Sumie é difícil, mas gratificante no final. O pincel é segurado em 90o em relação ao papel, entre o polegar, o indicador e dedo médio. Preferencialmente deve ser segurado no centro do cabo, de modo que o braço fica quase paralelo à superfície da pintura. Quando se faz pinceladas, a mão e o pulso não se movem, e sim o braço. Pinceladas e CoresO artista deve aprender a usar a tinta livremente com uma pincelada controlada. Eles devem ser capazes de capturar a essência ou espírito do tema em suas pinturas. Para evocar a poética da natureza, os pintores criam linhas e formas belas por meios de pinceladas usando muitas técnicas e métodos, trazendo vida ao tema. O fluxo e o espalhamento de tinta no papel de arroz é a idealização da forma em si. A essa técnica básica, a cor pode ser adicionada. As fontes dessa cor são variadas, incluindo jade em pó, pérola branca, malaquita da terra e outros pigmentos naturais como o rattan amarelo e índigo. Uma parte integral da composição é o carimbo vermelho (hanko), que expressa o nome do artista. Carimbos adicionais podem ser somados como indicações da cidade ou filosofia. Primeiros TemasA pintura trata simplesmente da força de sua inspiração básica. Temas da natureza são o assunto principal, mas os pintores não tentam imitar, copiar ou dominar a natureza. Ao invés disso, eles apreciam cada aspecto dela e desfrutam de cada processo natural. Eles buscam a harmonia com o universo através da comunhão com todas coisas. A beleza artística freqüentemente reside no que é natural e tem personalidade. Se observarmos essas pinturas com o pensamento e coração abertos, seu significado interior lentamente tornar-se-á aparente.A princípio, o estudante pode permear quatro temas clássicos: bambu (take), crisântemo (kiku), orquídea (ran) e flor de ameixeira (ume). O aluno de Sumie deve passar por cada um dos temas acima. Para arriscar as pinceladas características do crisântemo, por exemplo, ele deve primeiro dominar as nuances do bambu. Além de abordar diferentes técnicas, o estilo Sumie envolve três tonalidades, obtidas a partir da mistura do sumi (tinta) e da água. Para se ter o tom puro, adiciona-se uma colher de água à tinta. O mediano resulta da união do sumi e um pouco de água numa vasilha. A tonalidade clara surge do aumento da quantidade de água na mistura.O Sumie consiste em poucas pinceladas, apenas o suficiente para representar o tema, conferindo-lhe uma elegância simples. A economia do estilo levou o Sumie a ser freqüentemente mencionado como o haiku de pintura, pois sua forma abreviada é similar ao micro-poema. A natureza dos materiais e técnicas de

Page 6: A-ARTE-DO-SUMIE

Sumie não permite re-trabalho ou correção de erros, assim as pinturas imperfeitas são destruídas. Isso resulta num esforço oculto por atrás da pintura final.Isso é muito importante, pois é comum verificar que alunos iniciante, principalmente os ocidentais, possuam um impulso para corrigir traços que não saiam de acordo com o imaginado em primeira instância. É a influência da pintura a óleo exercida sobre o inconsciente, mesmo em alunos que não tiveram anteriormente nenhuma aula de pintura.MATERIAIS DO SUMIEO Sumie requer relativamente poucos materiais, e eles podem ser baratos. A seguir, uma lista breve:

Pincel ou escova;Carvão; Bastão de tinta; Vasilhas com Água; Pano de Algodão; Prato e Papel. Os pincéis para o Sumie são feitos de uma variedade de pêlos naturais. Mais comumente esses incluem pêlo de ovelha, lobo e veado, embora os de texugo e cavalo sejam também ocasionalmente utilizados. É mais importante que um pincel seja capaz de fazer linhas com nuances diferentes. Ou seja, a cabeça do pincel deve produzir manchas leves e pesadas, assim como meios-tons. Um bom pincel de Sumie permitirá a você criar tons diferentes, além de mudar a forma da linha ao mesmo tempo. Apesar de alguns bons pincéis de aquarela serem convenientes para o Sumie, podem ser soltos demais para esse fim. Outro ponto a ser notado em um pincel é se ele é bem equilibrado quando segurado em ângulo reto em relação ao papel.Algumas pedras para tinta são extraídas de pedras de rio – um tipo de ardósia. Essas são preferíveis às fabricadas. Possuem um pequeno reservatório para água, em que é raspado o bastão de tinta. O tipo mais famoso é o chinês tankey. A superfície da pedra é importante, pois se for muito áspera, a tinta não se dissolve propriamente, e perde seu brilho.Os bastões de tinta são produzidos pela pressão de vários pigmentos de tinta juntos. No sumie, existem bastões azuis e marrons. Popular no Japão, a tinta azul é feita de fuligem de madeira de pinheiro queimado. Às vezes, contêm partículas duras advindas do processo da queima; entretanto, têm mais nuances em seu efeito de espalhamento. A marrom é feita de fuligem de óleo de sementes. As partículas do pigmento de tinta marrom são menores e refletem mais luz. São muito usadas pelos pintores chineses.Às vezes os bastões de tinta possuem gordura animal como envoltório. Por isso, podem se deteriorar ou estragar se não armazenados adequadamente. Deve-se tomar muito cuidado ao secar o bastão após o uso e embrulhá-lo. Muitos sensíveis, podem secar e tornar-se quebradiços. A pedra de tinta deve também constantemente ser limpa, pois sua superfície pode estragar.Além dos tradicionais bastões de tinta, há também as tintas

Page 7: A-ARTE-DO-SUMIE

prontas. As mais baratas não requerem preparação (embora isso estrague o propósito tradicional do sumie como meditação, tanto na preparação como na pintura real). Partículas de pigmento em tintas preparadas são maiores e refletem luz menos. Tintas líquidas portanto têm muito menos nuances que os bastões de tinta, e eles parecem menos tridimensionais. Por esta razão, a tinta preta líquida é mais indicada à caligrafia.TIPOS DE PINCÉIS

Os pincéis do artista podem ser das seguintes formas: arredondado, reto, reto/curto, escova ou em forma de noz. 1. Arredondado - tem um corpo redondo que segura o pigmento adequadamente e um afilamento para uma ponta afiada (marta) ou quase afiada (sintético).2. Reto - segura grande quantidade de tinta e são úteis para manchar áreas grandes.3. Escova - têm grande quantidade de pêlo macio para mover muita tinta de maneira solta, misturando áreas molhadas. São melhor utilizadas para papel de alta absorbância e para pintar paisagens fluidas, suaves e grandes tal como céus, por exemplo.4. Noz - Com uma ponta menos pontuda, os pincéis de marta em forma de noz são ótimos para trabalhar folhagens devido à sua forma oblonga.5. Espanadores - são pincéis chatos em forma de escovas utilizados para misturar óleo ou tinta acrílica. O espanador mais espesso é bom para um espalhamento de tinta na aquarela.

Tipos de PêlosPêlo de MartaÉ o mais procurado, pela textura macia. É tido como o oposto do pêlo de lontra. Permite bom controle das pinceladas devido ao alto grau de absorbância e à capacidade de voltar à forma pontiaguda natural. Os pincéis mais finos são os feitos

Page 8: A-ARTE-DO-SUMIE

de marta vermelha Kolinsky. São caríssimos, mas tomando-se os cuidados de limpeza e conservação, é um investimento para toda a vida.Pêlo de EsquiloPêlo bom, fino. Tem sido a escolha de muitos pintores, pois sua fineza permite reter mais líquido que outros tipos de pêlo. Carece do vigor da marta, mas produz boas escovas.Pêlo de BoiSegura bem a tinta, é mais espesso que o de esquilo, mas sem o vigor e a forma pontiaguda da marta.Pêlo de CameloUma alternativa econômica para pêlos macios, assim como os de pônei, cavalo ou cabra.CerdasPêlo pesado, de qualidade inferior, geralmente usado em pintura a óleo. Feito de pêlo de porco. Têm vigor e resistência, mas falta uma ponta boa. Usado em texturas amplas de aquarela.Pêlo de Texugo ou DoninhaUsados geralmente por pintores de óleo, esses pêlos suaves são mais finos que os de marta. Têm grande vigor. O pêlo de doninha tem uma boa firmeza. O de texugo é mais rígido, sendo usado como misturador em pinturas a óleo.SintéticosO nylon sintético ou o taklon são utilizados para pintura acrílica devido a seu custo baixo e durabilidade. Os pêlos brancos ou dourados têm uma ponta afiada e mais flexível que a marta. Variedades mais macias e finas são utilizadas na aquarela, embora não substituam a qualidade e utilidade do pêlo de marta. TIPOS DE PAPELArtistas têm maior controle de seu trabalho quando têm conhecimento dos materiais com que trabalham. Para muitos de nós, papel é um elemento essencial no processo de criar a obra, desde o trabalho preliminar até o produto final. Surpreendentemente, as pessoas sabem pouco sobre como escolher o papel que incorpora as características benéficas ideais para alcançar suas metas criativas.O aspecto mais importante na escolha de um papel está no conhecimento de suas fibras. Os primeiros papéis do Oriente eram feito de fibras encontradas no líber de árvores. O líber é a fibra forte e longa que cresce entre a madeira da árvore e a casca. Na fabricação desses papéis, o líber é retirado do interior da casca. A fibra é então batida e separada. Papéis de alta qualidade são feitos de fibras longas. As fibras mais comuns utilizadas no Oriente para se fazer papel são: Mulberry, Kozo, Gampi e Mitsumata.Muitos dos bons papéis artísticos são feitos de algodão ou polpa de madeira, os chamados sulfites. O algodão é naturalmente mais ácido, originando diferentes qualidades de papel. O mais alto grau de qualidade é o algodão feito de fibras boas, que são resistentes e fortes. O segundo grau é o algodão extraído de partes próximas às sementes. A polpa de madeira é outra fibra popular em manufatura de papel. É abundante e barata, entretanto é ácida por natureza e deve ser tratada para se produzir um pH de papel neutro. Como possui fibra curta, seus papéis são de média e baixa qualidade. Porém, tecnologias recentes têm sido capazes de produzir a alfa-celulose, removendo a lignina, que causa a acidez. São também papéis de qualidade o Canson e o Schoeller. O Papel Tradicional do SumieA maioria dos trabalhos de caligrafia é desenhada em papel. Quando o artista termina sua obra, as outras ferramentas — tinta, pincéis e pedra de tinta — são postas de lado e os observadores contemplam apenas as imagens capturadas no papel. Assim, pode-se afirmar que o papel é o material mais importante na arte da caligrafia. Diz-se que o primeiro papel da história foi o papiro, criado no Egito antigo há 4500 anos. Então, no século I, os chineses começaram a usar papel feito

Page 9: A-ARTE-DO-SUMIE

de casca de árvore, linho e outras matérias vegetais. Seria esse o primeiro papel da história da Ásia.Dentre as muitas espécies de papel chinês, o Senshi, produzido em Senjo, Ankisho, usando-se palha, é sempreum dos mais populares entre os calígrafos chineses e japoneses, já que é muito bom para fixar tons sutis de tinta. O Senshi é simplesmente chamado “o papel”, sendo recomendado pela maioria dos calígrafos. O Japão é famoso pelo seu papel, o Washi. Feito de fibra de cascas de árvores como Mitsumata, Kozo e Gampi, é fabricado pelo seguinte processo tradicional:1. Seca-se as finas cascas de árvore ao Sol;2. Enxágua-se as mesmas no córrego;3. Ferve-se e macera-se as cascas;4. Mistura-se com uma solução de água e cola, até obter uma polpa;5. Bate-se a polpa num cesto de bambu grande, que modela a polpa em folhas;6. Seca-se cada folha ao Sol.Em vários locais do Japão moderno, os papéis feitos à mão ainda seguem esse processo cuidadoso. Diferente do papel ocidental, que tem fibras curtas que podem ser torcidas ou dobradas, o papel japonês é muito duro devido às longas fibras. Até algumas décadas atrás, as pessoas faziam roupas, toalhas de mesa e outros utensílios de fios de papel, costurando-os. O Peso do PapelA espessura de um papel é determinada pelo fabricante, determinada por uma série de convenções. Nos EUA, o papel é medido em libras por resma. Um exemplo é o papel de 140 lbs, para aquarela. Uma resma de 500 folhas pesa 140 lbs. Este sistema não é de todo confiável, pois enquanto uma resma será sempre de 500 folhas, o tamanho das folhas pode variar.O sistema europeu mede a espessura de um papel através de gramas por metro quadrado (g/m2). É um sistema mais preciso pois engloba todas as medidas de papéis. Um papel de aquarela de 320 g/m2 significa que uma folha de 1 m2 pesa 320 gramas. É comum que a descrição do papel contenha ambos sistemas. Manuseando o PapelTalvez um dos aspectos mais importantes em relação ao papel é o manuseio. Até o mais experiente dos artistas que escolhe a dedo o papel que incorpora as qualidades ideais para seu projeto específico tem dificuldade em alcançar sua meta artística em uma peça danificada de papel. A abertura dos papéis amassa-os e embalsa-os muito facilmente.Desde onde é produzido até chegar ao artista, o papel passa por muitas mãos, sendo embalado, transportado, empilhado e armazenado. Ou seja, de sua produção até sua utilização, ele já teve uma vida longa. Ele deveria ser manuseado o mínimo possível, e sempre o segurando com ambas as mãos, pelas extremidades diagonais opostas.Quando um artista quer criar um trabalho de arte, talento e habilidade de expressão são importantes, mas a falta de compreensão das ferramentas básicas pode impedí-lo de atingir sua meta.Qualidades de SuperfícieSuperfície ou textura é uma característica do papel determinada pela qualidade e por como as fibras se dispõem na folha. Há muitas opções no mercado, desde os mais lisos aos mais texturizados. Papéis de aquarela possuem três tipos diferentes de textura. A mais suave disponível é a “hot-press”. Os papéis desse tipo têm sua textura formada pela pressão de folhas entre cilindros quentes. Uma superfície ligeiramente texturizada é o “cold-press”. São feitos pela pressão das folhas em cilindros frios. Há uma terceira variedade, desenvolvida pela “Fabriano”, intermediária aos outros dois.