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Joseany Jesus dos Santos
Anhanguera Educacional S/A [email protected]
Carlos Eduardo Francischetti
Anhanguera Educacional S/A [email protected]
A ASCENSÃO DA CLASSE C À BOLSA DE VALORES
RESUMO
A participação no mercado acionário hoje se faz muito atrativa e o leque de novos investidores está cada vez maior. Verifica-se que o número de investidores, pessoas físicas de Classe C, vem crescendo significativamente nos últimos anos o que vem despertando a atenção de vários estudiosos do ramo. O presente trabalho tem como objetivo comparar e identificar o perfil dos antigos e dos novos investidores, quais os principais fatores que os levaram até a bolsa e os benefícios e riscos para se operar neste mercado. Como também, as vantagens que a democratização/popularização do mercado de capitais pode causar na economia brasileira e como o mercado está se preparando para atender este novo nicho. Segundo pesquisa exploratória realizada, entende-se que com a melhoria salarial dos últimos anos e possibilidade de maior retorno em menor tempo, comparando um rendimento fixo como a poupança que apresenta menor lucro, a classe C passa a buscar melhores condições de rentabilidade para suas economias, investindo, portanto, na bolsa de valores. Buscando entender de fato a relação existente para tal tendência de elevação de pessoas físicas no mercado acionário, estabeleceu-se uma pesquisa voltada a este mercado. Identificou-se que as possibilidades de retorno integral do valor investido em média são 60% mais rápidas num fundo de investimento do que numa simples conta poupança. E que o investidor de classe média ainda a passos lentos está descobrindo um mercado que lhe é e continuará sendo muito mais atrativo e lucrativo. Palavras-Chave: Mercado de Capitais, Ações, Classe Social C,
Popularização/Democratização do Mercado de Capitais.
ABSTRACT
The participation in the market action share nowadays became very attractive and the range of new investors are increasing. It is checked that the number of investors, physical people at Class C, is growing significantly in recent years which is catching the attention of several scholars of that branch. This essay's goal is comparing and identifying the profile of old and new investors, and the main factors that led them into the stock exchange and the benefits and risks to operate in this market. As well as the advantages that democratization/popularization of the stock market may cause in Brazilian economy and how market is getting prepared to answer this new niche. According to an exploratory search done, it is known that with better salaries in recent years and possibility of greater profit in smaller time, comparing a fixed income as the saving that presents smaller profit, class C starts to search better conditions of profitability to their savings, investing, therefore, on the stock market. Searching to understand, in fact, the prevailing relation for such trend of growth of physical people in the stock market, it is settled a search to this market. It was identified that possibilities of total return of the amount invested are about 60% faster in an investment fund than a simple savings account. And the middle class investor still in slow steps is finding a market, which is and will be much more attractive and profitable. Key Words: Stock Market, Actions, Social Class C,
Popularization/Democratization of the Stock Market.
Anhanguera Educacional S.A.
Correspondência/Contato Alameda Maria Tereza, 2000 Valinhos, São Paulo CEP 13.278-181 [email protected]
Coordenação Instituto de Pesquisas Aplicadas e Desenvolvimento Educacional - IPADE
Artigo Original / Informe Técnico / Resenha Recebido em: 30/12/1899 Avaliado em: 30/12/1899
Publicação: 10 de dezembro de 2010
MBA – Gestão Estratégica de Negócios
2 A ASCENSÃO DA CLASSE C À BOLSA DE VALORES
1. INTRODUÇÃO
Segundo informações coletadas no site da Wikipédia a Enciclopédia Livre, verificou-se
que a economia do Brasil tem um mercado livre e exportador com um PIB de 2 trilhões de
dólares e sendo, segundo o FMI (Fundo Monetário Internacional), a nona maior economia
do mundo em 2008, portanto, a segunda maior do continente americano, atrás apenas dos
Estados Unidos.
O Brasil é membro de várias organizações econômicas como o Mercosul, o G8+5,
G20 entre outras. Foi o país que mais melhorou em competitividade em 2009 e ganhou
oito posições entre outros países, superando a Rússia e fechando parcialmente a diferença
de competitividade com as economias do BRIC (termo que designa os países emergentes
Brasil, Rússia, Índia e China). Grandes passos foram dados desde 1990 para melhorar a
sustentabilidade fiscal e outras medidas para liberar e abrir a economia o que
significativamente proporcionou um ambiente mais propício para o desenvolvimento do
setor privado.
O Brasil é proprietário de um setor tecnológico privilegiado, desenvolve projetos
que vão desde submarinos a aeronaves, e está à frente em muitos outros campos
econômicos, sendo o terceiro maior país exportador agrícola do mundo, liderando
também a produção de etanol, pesquisas de petróleo em águas profundas, originando-se
destas a descoberta na camada Pré-sal. Detêm 34 das maiores empresas privadas do
mundo, segundo lista da Forbes Global 2000 que listou uma classificação de 2000
empresas públicas em todo o mundo. Sendo as maiores do Brasil: Petrobras, Vale, Banco
do Bradesco, Banco do Brasil, Banco Itaú, Eletrobrás, Usiminas, Oi, Gerdau, entre outras.
Diante deste cenário, analisando a economia do país holisticamente, identifica-se
a importância de empresas, principalmente as do setor privado que recorrem cada vez
mais a recursos financiados pela população, ou seja, por meio da abertura de capital na
bolsa e comercialização de suas ações. Estas empresas visam fomentar seu negócio e
assim também cooperar com o Brasil sócio e economicamente, devolvendo em forma de
dividendos, o lucro alcançado, a seus investidores.
Porém até pouco tempo atrás em meados de 1999, quem podia adquirir ações
destas empresas na bolsa de valores eram apenas grandes investidores, uma vez que os
custos de corretagem eram muito expansivos. O que inviabilizava a entrada de pessoas
físicas neste mercado.
Hoje com a democratização/popularização do mercado de capitais o cenário é
totalmente outro. A partir de 1999, as operações puderam ser realizadas eletronicamente,
Joseany Jesus dos Santos , Carlos Eduardo Francischetti 3
pela internet, Home Broker (sistema utilizado para conectar usuários ao pregão eletrônico
da Bovespa) esse sistema possibilita a compra e venda de ações pela internet. Com isso os
custos de corretagem passaram a ser mais baixos podendo as corretoras também atender
a outros nichos de investidores, pessoas físicas.
Nessa mesma linha a BM&FBOVESPA está desenvolvendo um projeto que visa
alcançar 5 milhões de novos investidores até 2014. E conta ainda com outros projetos
arrojados como o de implantar a educação financeira em escolas em parceria com a ENEF,
massificando assim a formação de jovens (REVISTA DA NOVA BOLSA, 2010, nº. 8, p.
30).
Analisando o constante crescimento de investidores, pessoas físicas, no mercado
acionário e baseando-se nas possibilidades de retorno que estes, bem como o país, terão
dos investimentos realizados, fundamenta-se aqui um estudo que visa entender como e
quais fatores estão levando a essa popularização.
2. O BRIC E O PODER DA CLASSE C
2.1 O Brasil como Integrante do BRIC
Desde a criação do termo BRIC, há dez anos atrás em Londres, pelo visionário e
economista Jim O’ Neil, já se previa que para o mesmo ter sucesso milhares de pessoas
deveriam sair da pobreza. Portanto Brasil, Rússia, Índia e China, teriam de passar não
apenas por reformas políticas, públicas ou de infra-estrutura, mas literalmente ascender
sua classe de “miseráveis”, ou seja, acelerar a emersão dos que estão abaixo da linha da
pobreza, as pessoas de classes D e E.
Na série “BRIC - O Novo Mundo” por Jorge Lanata (2010), pode-se verificar que
Jim O’ Neil em entrevista, diz: “... para o mundo continuar crescendo não poderemos
depender tão somente dos Estados Unidos...”. O Brasil, a Rússia, a Índia e a China,
mudaram seu sistema político para abraçar o capitalismo global.
Segundo o Goldman Sachs, um dos maiores bancos de investimentos do mundo,
a China e a Índia serão os maiores provedores de tecnologia e serviços do mundo,
enquanto o Brasil e a Rússia serão os maiores provedores de matérias-primas e alimentos
(LANATA, 2010).
Jim O’ Neil, afirma que os países do BRIC estão a 15% do G6 e estima-se que em
menos de 40 anos irão dominar o mundo. E que, o que o fez definir quais países
4 A ASCENSÃO DA CLASSE C À BOLSA DE VALORES
integrariam o termo, foi o fato de pensar em países populosos e em desenvolvimento. Jim
O’ Neil complementa ainda, que precisamos de mais grupos BRIC´s para o mundo
continuar crescendo.
Analisando o Brasil como parte deste grupo de superpotências, podemos
verificar que os avanços e progressos alcançados ao longo do tempo, foram muito
significativos. No decorrer deste trabalho apresentamos os inúmeros projetos já
realizados para a fomentação do Brasil. Todavia, muito ainda há de ser feito. Segundo
entrevista de Jorge Lanata (2010) com Miguel Jorge, Ministro do Desenvolvimento, o
Brasil poderia crescer muito mais que o determinado nos planos plurianuais, porém ainda
sofre com os déficits de infra-estrutura, transporte, logística, portos e aeroportos, sem
contar o déficit habitacional, que conta com 200 mil pessoas vivendo em favelas.
Voltando aos progressos alcançados, o Brasil conta hoje com avanços cada vez
mais significativos na inovação e tecnologia, produção de etanol e também na
nanociência. Com a Embraer torna-se um dos maiores na produção de aviões. Também
com a Petrobras que prevê antes de 2013 a construção e funcionamento de mais 9 novas
plataformas buscando petróleo na camada pré-sal. Hoje, 2010 a Petrobras conta com uma
produção de 790 mil barris e em 2014 espera-se estar à frente dos maiores produtores de
petróleo do mundo. O Brasil ainda conta com o fornecimento de 40% do mercado de
carne e é o 1º no mercado de fornecimento de frangos.
Podemos dizer que de 2006 a 2009 aproximadamente 26 milhões de pessoas
migraram para a classe média. 40% da população são de classe baixa e estima-se para
2014 que haverá uma redução da pobreza em 70%. O perfil dos integrantes da Nova
Classe Média (antiga classe C), atualmente é de que em cada 3 pelo menos 1 têm conta
bancária, de cada 4 pelo menos 1 têm cartão de crédito e de cada 5 pelo menos 1 tem
computador.
2.2 – Avanços Alcançados nos Últimos Anos
Na publicação Caderno Destaques (2010) pela Secom (Secretaria de Comunicação Social
da Presidência da República) de acordo com o Caderno de Destaques de Maio/Junho de
2009 e órgãos do Governo Federal, podemos verificar mais avanços na área Social,
Econômica e de Energia e Meio Ambiente. Avanços pelos quais passou e passa nosso país
e que nos firmará como uma das grandes potências do BRIC.
O fato de enfrentarmos a crise de 2008 e não sofrermos nenhum tipo de
problema com a renda das famílias nem os avanços na área social colocaram o Brasil em
Joseany Jesus dos Santos , Carlos Eduardo Francischetti 5
posição de destaque, sendo assim mais respeitado pela comunidade internacional. A crise
financeira internacional (2008) abalou grandes potências e apesar da redução do
crescimento econômico o Brasil mostrou ter fundamentos sólidos e atitudes decisivas para
enfrentar a situação e sair da crise o mais rápido possível. Com a inflação sob controle,
estabilidade macroeconômica, políticas de investimento e incentivos, distribuição de
renda e redução da pobreza a expectativa de crescimento é promissora. Espera-se que o
Brasil se torne a quinta economia mundial em no máximo duas décadas superando países
como Alemanha, França e Reino Unido (CADERNO DESTAQUES, 2010).
O crescimento econômico ao qual o Brasil tem passado tem elevado à redução
das desigualdades e expandindo nosso mercado interno, consequentemente com maiores
condições econômicas os brasileiros tem mais qualidade de vida e aumentam seu poder
de consumo. A geração de mais emprego também gera mais renda e mais dinheiro em
circulação.
O PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) foi lançado em 2007 e é um
conjunto de ações que visam criar um ambiente propício aos investimentos, com o
objetivo principal de acelerar e sustentar o crescimento, reduzindo simultaneamente a
desigualdade social, estima que o Brasil cresça 5% ao ano. Também tem sua preocupação
voltada ao meio ambiente, política energética, produção de energia por meio de fontes
renováveis e limpas, como as hidrelétricas e prevê a expansão das malhas rodoviárias e
ferroviárias bem como a integração com portos, aeroportos e hidrovias.
Avanços Sociais
Segundo Nilson Carvalho, colunista da Revista “Caderno Destaques - Estamos
Vivendo um Novo Brasil” (2010), o programa Bolsa Família, a criação de mais empregos e
o aumento real do salário mínimo elevaram o poder aquisitivo dos brasileiros o que
promoveu a inclusão social.
O crescimento sustentável se deve a expansão do emprego, à queda do
desemprego e ao reajuste do salário mínimo acima da inflação. Em 2007 a ONU
(Organização das Nações Unidas) incluiu o Brasil entre os países com alto IDH (Índice de
Desenvolvimento Humano). Segundo dados da FGV (Fundação Getúlio Vargas),
confirmados pelo IPEA (Instituto de Pesquisas Econômicas e Aplicadas) entre 2002 e
2008, 15,5 milhões de brasileiros saíram da classe E, a mais pobre. O número de pobres
diminuiu de 74,1 milhões para 53,8 milhões e o número de extremamente pobres caiu de
34,5 milhões para 19,6 milhões. A classe C hoje é maioria da população com 53% dos
6 A ASCENSÃO DA CLASSE C À BOLSA DE VALORES
brasileiros. Pesquisas de mercado, como a do Cetelem-Ipsos, realizada em 2009, também
apontaram que em cinco anos a ascensão da classe C aumentou a participação no
consumo nacional de 34% para 49%, este foi um dos reflexos do aumento do salário
mínimo que garantiu a procura por produtos básicos, estimulando a produção e criação
de empregos. Um estudo da DIEESE (Departamento Intersindical de Estatísticas e
Estudos Socioeconômicos) concluiu que a seqüência ininterrupta de aumento real do
salário mínimo (74% em sete anos) fez com que o poder de compra não fosse afetado por
crises sazonais (CADERNO DESTAQUES, 2010).
Para Jorge Abraão, diretor de Estudos e Pesquisas do Instituto de Pesquisas
Econômicas Aplicadas (IPEA), não podemos nos esquecer que a educação ainda é um
fator muito importante a ser tratado em nosso país, pois melhora nossa qualidade de vida
e é o caminho para a conquista de direitos e oportunidades para garantir o acesso a bens e
serviços antes inatingíveis (CADERNO DESTAQUES, 2010).
A agricultura familiar no Brasil é outro segmento que tem ganhado força,
segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas), este segmento
emprega 12,3 milhões de pessoas, dados de 2006 divulgados em 2009. Isso mostra que o
Brasil tem se voltado aos programas de reforma agrária fornecendo mais acesso a linha de
créditos ao pequeno e micro agricultor.
Outras ações de desenvolvimento regional também estão sendo tomadas, em
2008 foram investidos 19 bilhões em projetos que priorizavam a população rural. Foram
selecionados territórios com menor IDH do país. Com o nome de Territórios da Cidadania
o programa teve por objetivo universalizar os programas básicos de cidadania por meio
de estratégia de desenvolvimento territorial sustentável. Nesta mesma linha também foi
criado o programa Minha Casa, Minha Vida que visa à redução do déficit habitacional,
um dos problemas a ser tratado para alcançarmos o pleno desenvolvimento do país.
O programa tem como meta fazer com que 1 milhão de famílias passe a viver em
moradias. Hoje quase 6 milhões de famílias, vivem sem moradia, em condições precárias.
O programa facilita a aquisição de habitações por meio de subsídios e financiamentos. A
proposta do programa é adequar à prestação da casa própria à capacidade de pagamento
das famílias. A urbanização das favelas também é outro programa que constitui o PAC,
identificou-se que a maior parte da população brasileira, que não possui casa própria
recebe entre 1 e 5 salários mínimos, e essa faixa de renda é responsável por 96,3% do
déficit habitacional, daí a necessidade de investimentos em saneamento, água e esgoto
nas favelas. Em 2009 de acordo com o Caderno Destaques (2010) foram investidos cerca
de 156 bilhões em habitação e 39 bilhões em saneamento.
Joseany Jesus dos Santos , Carlos Eduardo Francischetti 7
A educação também é um fator muito importante para que o país se desenvolva
e passe a prover de uma população mais consciente e participativa. Em 2008 foi lançado o
PDE (Plano de Desenvolvimento da Educação), que envolve mais de 40 programas que
visam até 2021 fomentar a educação pública do país. Programas como os que aumentam a
permanência das crianças na escola estão reduzindo a evasão e a repetência. O IDEB
(Índice de Desempenho da Educação Básica) subiu de 3,6 em 2003 para 4,2 em 2007. A
meta é alcançar 6 até 2021. Estes números são resultado dos investimentos feitos em
educação que passaram de 19 bilhões em 2003 para 59 bilhões em 2010.
Avanços Econômicos
Para que o Brasil continue crescendo favoravelmente é importante que o mesmo
tenha uma política econômica sólida e que possibilite a criação de empregos e fomentação
do mercado interno. Como vimos se continuarmos com crescimento constante de 5% ao
ano nos igualaremos a superpotências como Alemanha e França.
Estudos indicam que até 2020 o PIB (Produto Interno Bruto) do grupo dos sete
maiores emergentes - China, Índia, Brasil, Rússia, México, Indonésia e Turquia – será
maior do que o dos sete países mais industrializados hoje: Estados Unidos, Japão,
Alemanha, Reino Unido, França, Itália e Canadá, esse prognóstico foi divulgado no The
Economist em 2009.
Anteriormente também podemos ver que o Brasil enfrentou com maestria a pior
crise dos últimos 80 anos, enquanto muitos países não tiveram um desempenho tão
satisfatório. No último trimestre de 2009 foi registrado crescimento de 7,7% no consumo
das famílias, e geração de 1,4 milhão de empregos. O poder da classe C confirmou recorde
em licenciamento de veículos, bem como no crédito do setor de serviços e vendas no
varejo. O Brasil está gerando mais empregos, maior renda e consumo, está com melhor
controle de inflação e está aplicando maior responsabilidade fiscal e tendo baixa
vulnerabilidade interna e externa (CADERNO DESTAQUES, 2010).
Segundo dados do BACEN (Banco Central) mesmo com a crise, o Brasil manteve
a estabilidade de regras garantindo solidez aos bancos, continuou fornecendo
empréstimos com segurança aos investidores e depositantes ao aplicarem. As contas
correntes vêm ascendendo entre as pessoas de classe média. Praticamente dobraram em
oito anos, de 63,7 milhões, para 125,7 milhões no final de 2009. A pronta ação do
Conselho Monetário Nacional em conjunto com o Banco Central em relação à liquidez e a
abertura de linhas de crédito em substituição as linhas internacionais é que possibilitaram
8 A ASCENSÃO DA CLASSE C À BOLSA DE VALORES
que o sistema financeiro atravessasse a crise internacional (2008) praticamente ileso. Entre
outros bancos, a Caixa Econômica foi um dos que mais liberou linha de créditos
crescendo de 11% a 48%. Esta estratégia está fazendo com que outros bancos também
passem a liberar linhas de créditos com taxas de juros bem menores (CADERNO
DESTAQUES, 2010).
Avanços em Energia e Meio Ambiente
O Brasil está na vanguarda quando o assunto é produção de fontes renováveis de energia.
A matriz energética brasileira é a mais limpa do mundo e o Brasil é o país mais avançado
na produção e no uso de etanol como combustível.
Com 47% de participação em fontes renováveis o Brasil alcançou o patamar de
possuir uma das matrizes mais limpas do mundo. Sem contar a produção recorde na
balança comercial do petróleo. Desde 2006 nos tornamos auto-suficientes em petróleo e a
produção de gás natural nos garante suprir as demandas de energia elétrica com
segurança. A cana-de-açúcar ajudou o Brasil a trabalhar com uma nova forma de fazer
energia ao mesmo tempo em que colabora com o planeta, os produtos da cana, o etanol e
o bagaço ocupam hoje primeiro lugar na matriz brasileira desbancando a energia
hidráulica (CADERNO DESTAQUES, 2010).
O etanol é utilizado na maioria dos veículos de passeio e também em aviões
agrícolas. Por ser um combustível limpo não contribui com o efeito estufa. A Agência
Internacional de Energia confirmou que os benefícios do etanol levam a uma redução de
90% na emissão de gases de efeito estufa. A produção de biodiesel no Brasil é de 2,3
bilhões de litros. O bagaço da cana é empregado na geração de energia elétrica. É
interessante que continuemos utilizando as fontes tradicionais de energia e aumentando a
participação das novas fontes de biomassa e biodiesel. É interessante também ressaltar
que além dos investimentos privados o governo está tomando a frente nos estudos de
expansão do segmento de biocombustíveis, mais de 500 milhões de reais serão aplicados
em estudos até 2014 (CADERNO DESTAQUES, 2010).
E o Governo Federal decidido em apoiar e modernizar a cadeia de produção de
etanol aumentou o volume de crédito fornecido pelo BNDES, ou seja, mais empresas
puderam a menores taxas resgatar fundos para investir no biocombustível, que passou de
650 milhões em 2004 para 6,5 bilhões em 2009.
A preocupação com o meio ambiente também é freqüente, a produção de etanol
é sustentável e os novos investimentos e o plantio são proibidos nos biomas da Amazônia
Joseany Jesus dos Santos , Carlos Eduardo Francischetti 9
e Pantanal, a expansão na área de vegetação nativa é proibida. O desmatamento da
Amazônia é o menor em 21 anos e o Brasil é responsável por 74% das reservas ambientais
criadas no mundo desde 2003 (CADERNO DESTAQUES, 2010).
Segundo o INPE (Instituto de Pesquisas Espaciais) em 2009 a taxa de
desmatamento que chegou a sete mil quilômetros quadrados, foi 74,4% menor que em
2004. Hoje há muitas áreas protegidas na Amazônia o que está nos fazendo superar a
meta da Conferência Rio 92.
Já no que diz respeito ao Petróleo, no campo de Tupi na bacia de Santos, ocorreu
à primeira extração na camada pré-sal. A renda obtida com a exploração do pré-sal será
destinada a produzir riqueza social e desenvolvimento humano e ambiental. O petróleo
na camada pré-sal é uma das maiores descobertas de todos os tempos. A Petrobras
planeja aplicar 28 bilhões até 2013 para desenvolver a exploração no pré-sal. Parte da
receita do petróleo do pré-sal será destinada ao combate à pobreza, à melhoria do ensino
público e a cultura. Além disso, incentivará a pesquisa científica e tecnológica,
fortalecerá a economia e ampliará o emprego, consolidará a segurança energética,
expandirá as áreas de infraestrutura e proteção ao meio ambiente. Planeja-se que o Brasil
não seja um mero exportador de petróleo, mas que agregue valor aos produtos
petroquímicos que valem muito mais. Com isso o Brasil terá uma das mais sofisticadas
indústrias petrolífera, promoverá a expansão da indústria naval e será um dos maiores
pólos petroquímicos mundiais.
2.3 – O Poder da Classe C
A classe C é a maior classe social existente no Brasil, com aproximadamente 95 milhões de
pessoas, esta transformou e tem o poder de transformar diversos setores da economia
brasileira. Desta forma o mercado de capitais tem sua atenção voltada a esta classe
denominada de investidores de baixa renda. A classe C foi capaz de solidificar vários
segmentos, como: os de telefonia celular, varejo e veículos. Agora esta também busca
solidificar o mercado de ações. Os primeiros sinais do aumento da renda dessa parte da
população é que proporcionaram o crescimento e a sofisticação na aquisição de produtos
e serviços, espera-se que o mesmo aconteça com as aplicações financeiras.
Vimos que os brasileiros de renda familiar de três a dez salários mínimos
economizam de forma irregular, segundo estudos realizados com corretoras que
concentram boa parte de investidores de baixa renda da bolsa, foram divulgados dados
10 A ASCENSÃO DA CLASSE C À BOLSA DE VALORES
de que apenas 15% das pessoas de baixa renda conseguem poupar todos os meses, 58%
poupam quando podem e 27% não conseguem poupar (EXAME, 2010, nº. 1, p. 97).
Pouquíssimas pessoas de baixa renda aplicam na bolsa hoje. O número de
investidores da classe C somam aproximadamente 30.000 pessoas o que representa 0,03%
da classe C. Já os investidores de classes A e B somam 522.000 o que representa 2,6% das
classes A e B. Felizmente o número de investidores em ações vem crescendo e tem grande
potencial. De 2006 a 2010 tivemos uma entrada de 27.300 pessoas de baixa renda
aplicando na bolsa de valores. E 14 milhões é o total de investidores que a Bovespa
poderia receber se a população da classe C que poupa todos os meses passasse a aplicar
em ações (EXAME, 2010, nº. 1, p. 97).
3. MERCADO DE CAPITAIS
Segundo pesquisa feita no Portal do Investidor (2010), podemos dizer que:
Sistema Financeiro Brasileiro pode ser entendido como o conjunto de
instrumentos, mecanismos e instituições que asseguram a canalização da
poupança para o investimento, ou seja, dos setores que possuem recursos
financeiros (superavitários) para os que desejam ou necessitam de recursos
(deficitários).
Entende-se que o Mercado de Capitais é o conjunto de mercados, instituições,
bens, ativos e direitos possuídos por uma empresa ou fundo de investimento. Os títulos
que compõem a carteira de fundos, ativos, bens, e direitos possuídos por uma empresa ou
fundo de investimento podem ser (ações, commodities, cotas de fundos de investimento,
e etc.). Ocorre uma transferência de recursos financeiros destes títulos entre tomadores
(companhias abertas) e compradores (investidores). Nesta transação cabe à CVM
(Comissão de Valores Mobiliários) regular seus participantes.
As companhias que abrem capital na bolsa de valores buscam recursos para
realizar seus investimentos produtivos. Enquanto os investidores buscam aplicar seus
recursos excedentes de maneira rentável, e esperam obter retorno do valor investido ao
longo do tempo.
Existem organizações de vários portes com necessidades financeiras diferentes,
assim como também existem diversos perfis de investidores. Algumas empresas
requerem maior potencial de investimentos e alguns investidores maiores necessidade de
retorno em curto prazo, por exemplo.
Joseany Jesus dos Santos , Carlos Eduardo Francischetti 11
Para que uma empresa passe a operar na bolsa de valores, ou seja, para que ela
abra seu capital e opere no mercado de capitais ela precisa contar com a ajuda de um
intermediário financeiro que irá fazer um registro de companhia aberta junto a CVM.
Após a apresentação de uma série de documentações, como: demonstrações financeiras,
parecer de auditor independente, a empresa poderá emitir títulos representativos de seu
capital, ações, debêntures, entre outros.
A colocação inicial destes títulos se dá no chamado mercado primário, onde as
ações são vendidas pela primeira vez e repassadas a companhia. Quem fica encarregado
pela oferta desses títulos são outros intermediários financeiros que as oferecem a
possíveis investidores. Ao término desta etapa, os investidores que adquiriram seus
títulos poderão revendê-los no chamado mercado secundário, onde ocorre as negociações
entre investidores. Os investidores podem negociar entre eles comprando e vendendo
ações, todavia, essa não é a forma mais eficaz, pois implica em custos de transação, além
de que o investidor tem que estar preparado para atuar neste mercado encontrando um
investidor interessado nas ações que quer vender, o preço justo por aquela ação, a
garantia de pagamento do outro investidor, entre outros fatores.
Deste modo para facilitar as negociações de comercialização de títulos no
mercado secundário foram criadas as corretoras, instituições que tem por objetivo
administrar sistemas centralizados, regulados pela CVM. A função básica das corretoras é
proporcionar liquidez, converter os títulos em dinheiro, possibilitando o investidor
vender os títulos de forma segura e eficiente.
Bolsa de Valores
No Brasil a BM&FBOVESPA é a principal instituição de intermediação de
operações no mercado de capitais e a única bolsa de valores, mercadorias e futuros em
operação. Formada desde 1890 a Bolsa de Valores brasileira passou por vários processos
de mudança. Em 2005 encerrou suas atividades de negociação por meio de pregão de viva
voz, passando a operar em nova estrutura tecnológica. E 2008 com o surgimento da
BM&FBOVESPA resultado da integração da Bolsa de Valores de São Paulo e da Bolsa de
Mercadorias & Futuros. É responsável por desenvolver e implantar sistemas de
negociação de ações, derivativos de ações, títulos de renda fixa, títulos públicos federais,
entre outros. A mesma realiza registro, compensação e liquidação de ativos e valores
mobiliários. Atua como depositária central dos ativos negociados em seus ambientes e
também com atividades de gerenciamento de riscos realizadas a partir de seus sistemas.
12 A ASCENSÃO DA CLASSE C À BOLSA DE VALORES
Fomenta o mercado de capitais brasileiro e gerencia investimentos sociais relacionados ao
seu universo.
4. INVESTINDO EM AÇÕES
Investir em ações hoje, é mais simples e fácil do que há algum tempo atrás. O
Brasil caminha para uma popularização deste mercado. Antigamente tínhamos todos os
entraves como taxas de corretagem absurdas e o mercado estritamente fechado aos
grandes investidores, hoje vemos que a realidade é totalmente diferente e que o mercado
de capitais acompanha com atenção esses novos investidores, mais especificamente a
chegada da classe C à bolsa de valores. Saltamos de um número de 2700 investidores em
2006 para 30.000 em 2010, mas o mais interessante em tudo isso é para onde estes índices
apontam, será o início de uma tendência transformadora no mercado? Segundo pesquisa
recente o (INSTITUTO DATA POPULAR citado por EXAME, 2010, nº. 1, p. 97), mostrou
que mais da metade da população consegue fazer economia mesmo que de forma
irregular e que se apenas uma parcela desse pessoal migrar para a bolsa o Brasil poderá
sim repetir o fenômeno da popularização do mercado já visto na economia americana.
Hoje 88% dos americanos aplicam na bolsa como estratégia de aposentadoria, desta forma
a entrada de pessoas com classes sociais inferiores no mercado de ações, deixou de ser
vista com desconfiança.
Fonte: (EXAME, 2010, p. 97).
Joseany Jesus dos Santos , Carlos Eduardo Francischetti 13
Nos Estados Unidos, após a crise de 1929, nos anos 1950, a classe média
ascendente conseguiu economizar parte da renda e a bolsa de Nova York realizou um
programa de reaproximação com o cidadão comum, criando uma rádio que diariamente
passava informações sobre as ações. Em cerca de 15 anos o número de acionistas subiu de
4 a 10% da população. Esse aumento significou a expansão do mercado de capitais que na
década de 50 dobrou o valor da lista de empresas que detinham. Desta forma a bolsa
americana se tornou uma opção de financiamento às empresas que buscavam
empreender, como a HP e a Polaroid que levantaram recursos para expandir seus
negócios.
Todavia, somente nos anos 1980 a população de classe média dos Estados Unidos
passou a aplicar diretamente em ações e fundos. Atualmente estima-se que 20 milhões
destes investidores tenham renda inferior a 4.000 dólares, o que significa que mesmo os
que não tem muito poder aquisitivo, os de baixa renda, tornaram-se investidores,
popularizando o mercado americano de ações (EXAME, 2010, nº.1, p. 97).
No Brasil 1% da população (2 milhões de pessoas) investe na bolsa ou em fundos
de ações. A classe C é a minoria dos aplicadores, portanto incapaz de mexer com o
mercado. Porém somente na classe C, há cerca de 14 milhões de potenciais investidores,
15% dos que conseguem poupar mensalmente estão buscando aos poucos aplicações que
rendam mais que a poupança, que ainda é a preferida deste público. No Brasil o hábito de
poupar ainda é raro, diferente dos países Asiáticos.
Do ponto de vista macroeconômico, a entrada de novos investidores pode ser
vital para elevar uma capacidade de poupança do país. Já para as bolsas, a entrada de
mais pessoas físicas tende a tornar o mercado menos volátil. Pois quanto mais
aplicadores, menor a influência de fundos de pensão e outros fatores institucionais sobre
os preços das ações. Para Paulo Oliveira, diretor executivo da BM&FBOVESPA citado
pela (EXAME, 2010, nº.1, p. 98), a entrada de pessoas físicas na bolsa de valores foi e é
muito importante para o Brasil, exemplo disso foi à crise de 2008, pois, enquanto muitos
estrangeiros deixaram de aplicar no nosso mercado boa parte dos acionistas ficaram, o
que contribuiu para não haver queda drástica do mercado.
14 A ASCENSÃO DA CLASSE C À BOLSA DE VALORES
Fonte: (EXAME, 2010, p. 98 e 99).
4.1 – Como a Bovespa está fomentando a Popularização
Alguns incentivos do governo colaboraram para a investidura de pessoas de
classe C na bolsa de valores. Exemplo disso foi à possibilidade dada há um tempo atrás
de utilizarem os recursos do FGTS na compra de ações da Petrobras e da Vale. Também a
distribuição de ações de empresas telefônicas para quem adquiria uma linha telefônica.
Hoje muitos outros incentivos estão sendo proporcionados à classe C e acredita-
se chegar à popularização muito em breve já que os planos são bem arrojados.
Outro fator importante para que essa popularização aconteça, são as taxas de
negociação cobradas pelas corretoras. Muitas ainda cobram uma taxa de custódia que
pesam no bolso dos aplicadores, esta pode chegar a 3% ao mês do montante investido.
Todavia algumas corretoras que vislumbram o crescimento do mercado na baixa renda, já
começaram a baixar suas taxas, até mesmo isentando a custódia. Algumas corretoras
(1) Estimativa (2) O primeiro censo de investidores da bolsa de Nova York em 1952, inclui aplicações diretas em ações e via fundos em
ações (3) Estimativa feita com base no número de famílias que investem (4) Em dezembro de cada ano.
A popularização da bolsa americana começou, de fato, nos anos 50. Muitos analistas traçam um paralelo entre esse movimento e o que
vem ocorrendo hoje no Brasil. Veja a evolução da participação do cidadão comum no mercado de ações dos Estados Unidos:
Joseany Jesus dos Santos , Carlos Eduardo Francischetti 15
também vêem o mercado de ações ascendendo para a baixa renda e treinam seus
corretores para auxiliar por telefone a todos os possíveis investidores que ainda não estão
preparados ou não querem investir pela internet.
Dois grandes acordos foram fechados neste ano de 2010, a oferta de ações da
Petrobras e do Banco do Brasil.
Oferta Pública do Banco do Brasil: Ajudando a Construir um Grande Universo de Acionistas.
Em junho de 2010 o Banco do Brasil realizou uma das maiores operações de
captação de recursos do ano. Colocou 356 milhões de ações em oferta no mercado em
duas etapas, a primeira sendo apenas aqueles que já eram acionistas e a segunda a todos
os interessados. A primeira oferta arrecadou R$ 7 bilhões e a segunda R$ 964 milhões
(REVISTA DA NOVA BOLSA, 2010, nº. 8, p. 54).
Hoje o Banco do Brasil conta com R$ 24,1 bilhões do montante captado no
mercado, mais que o dobro captado no mesmo período de 2009, R$ 11,3 bilhões. Este é o
segundo melhor resultado em seis anos. Com mais capital o banco poderá ampliar seus
empréstimos.
O Banco do Brasil a meu ver bem como outras instituições buscam aumentar
cada vez mais o número de investidores individuais da BM&FBOVESPA, isso demonstra
que estas empresas estão engajadas na missão de popularizar o mercado, o que fará com
que o Brasil cresça nos mais diversos segmentos e fique mais forte, não dando espaço a
volatilidade do mercado.
Oferta de Ações da Petrobras: A maior Capitalização da História do Mercado de Capitais.
A oferta pública de ações da Petrobras que ocorreu em 24 de setembro de 2010,
na sede da BM&FBOVESPA, foi a maior oferta pública de ações do mundo. O diretor
presidente da BM&FBOVESPA, Edemir Pinto, enfatizou que a oferta de ações da
Petrobras vai fortalecer o movimento de crescimento do número de investidores em ações
no Brasil, que hoje é de 600 mil. Na cerimônia o presidente da república, Luiz Inácio Lula
da Silva, disse: - “O Brasil está orgulhoso do Brasil”.
As ações puderam ser adquiridas a partir de R$ 200,00 e a operação somou US$
66,9 bilhões para a Petrobras, o que garantiu a mesma ser a segunda maior empresa do
setor em valor de mercado no mundo com US$ 220 bilhões, atrás apenas da norte
americana Exxon. Em conseqüência disso a Bolsa brasileira se tornou a segunda maior
16 A ASCENSÃO DA CLASSE C À BOLSA DE VALORES
bolsa do mundo em valor de mercado alcançando R$ 30,4 bilhões, 25% maior do que a
soma das bolsas de Nova York, Londres e Nasdaq (REVISTA DA NOVA BOLSA, 2010, nº.
8, p. 28).
Campanha Educativa “Quer ser Sócio?” visa conquistar 5 milhões de novos investidores
A campanha “Quer ser Sócio?”, tem o fundamento de convidar pessoas a
participarem do desenvolvimento de empresas brasileiras, comprando suas ações e
participando de seus resultados. A campanha faz parte da estratégia da bolsa de atingir a
meta de ampliar seu número de investidores para 5 milhões de pessoas físicas no
mercado até 2014. As cidades de Belo Horizonte, Campinas e Curitiba, serão as primeiras
a receber a campanha que também estará sendo veiculada através do site1, onde os
investidores terão informações do que é e como funcionam, quais os riscos e benefícios e a
importância de conhecer a empresa a qual desejam ser sócios. O rei Pelé é o protagonista
da campanha que ilustrará o desempenho das empresas fazendo uma analogia com os
altos e baixos de sua trajetória esportiva (REVISTA DA NOVA BOLSA, 2010, nº. 8, p. 30-
33).
Educação Financeira: Massificação na Formação dos Jovens
O projeto Educação Financeira na Escola é uma parceria da Enef (Estratégia
Nacional de Educação Financeira), Coremec (Comitê de Regulação e Fiscalização de
Mercados Financeiros, de Capitais, de Seguros, de Previdência e Capitalização), BACEN
(Banco Central), CVM (Comissão de Valores Mobiliários), Susep (Superintendência de
Seguros Privados), SPC (Secretaria de Previdência Complementar) com o apoio das
entidades privadas do setor financeiro BM&FBOVESPA, Febraban (Federação Brasileira
das Associações de Bancos), Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados
Financeiros e de Capitais).
O projeto tem a finalidade de levar a Educação Financeira à Escola, pois cada vez
mais nos deparamos com discussões sobre assuntos ligados a vida econômica das
pessoas. Temas como - juros, tributos, investimentos, porcentagens, financiamentos,
poupança - são cada vez mais rotineiros e estão ganhando espaço na vida dos jovens. Em
agosto iniciou-se a implantação do programa em 450 escolas abrangendo um número de
18 mil estudantes nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Tocantins, Ceará e Distrito
Federal.
1 www.querosersocio.com.br.
Joseany Jesus dos Santos , Carlos Eduardo Francischetti 17
O projeto foi dividido em três etapas sendo: a primeira etapa a de desenvolver as
diretrizes pedagógicas e material didático como o Livro do Aluno e do Professor. A
segunda etapa sendo a de preparação dos professores com a participação efetiva da
BM&FBOVESPA, Anbima, Febraban e Unibanco, iniciada em abril de 2010. E a terceira
etapa sendo a implantação do projeto nas 450 escolas nas cidades citadas no parágrafo
anterior e também outras 450 escolas que serão acompanhadas como grupo de controle.
O objetivo é que os alunos se tornem cidadãos e possam fazer escolhas mais
conscientes relativas à administração de recursos financeiros, próprios e públicos. A
expectativa é de expandir o programa por toda a rede pública de Ensino Fundamental e
Médio do país ainda no próximo ano.
Para Penteado (EXAME, 2010, p. 39) a implantação do programa é uma
revolução silenciosa, capaz de mudar em profundidade as perspectivas de expansão dos
mercados financeiros e de capitais nos próximos anos. Para a mesma isso não é restrito ao
Brasil, mas um fenômeno mundial.
Como Investir em Ações?
As ações são títulos negociáveis que constituem a menor fração de uma empresa.
Há dois tipos de ações, as Ações ON – Ordinárias Nominativas e as Ações PN –
Preferenciais Nominativas. A primeira confere ao titular direito de voto, enquanto a
segunda participação nos resultados econômicos da empresa sem direito a voto nas
assembléias, mas com prioridade no recebimento dos dividendos. Há três formas de se
investir em ações: Individualmente, por meio de Clubes de Investimento ou por meio de
Fundos de Investimento.
Para investir Individualmente é necessário que o investidor procure uma
corretora que poderá ser identificada no próprio site da BM&FBOVESPA2. É interessante
que o investidor procure a corretora que melhor se adapte a seu perfil. Toda corretora
possui analistas de mercado, que estão aptos a ajudar o investidor a compor a carteira de
empresas da qual o mesmo deseja ser tornar sócio. Após escolhida as empresas as quais
deseja se tornar sócio o investidor passa ordens de compra para que o corretor adquira
aquelas ações. O próprio investidor poderá operar comprando e vendendo as ações que
desejar, por meio de Home Broker que possibilita realizar as transações pela internet, para
tanto é necessário que o investidor questione junto a sua corretora se a mesma possui este
tipo de serviço. Todavia sempre é bom que o investidor tenha conhecimento prévio da
2 www.bmfbovespa.com.br
18 A ASCENSÃO DA CLASSE C À BOLSA DE VALORES
ferramenta antes de utilizá-la comprando e vendendo ações, participar de cursos
presenciais ou até mesmo on line seriam muito importantes.
Para investir por meio de um Clube de Investimento é necessário montar um
grupo de amigos, familiares, colegas ou conhecidos onde somarão um montante de
dinheiro com o objetivo comum de investir em determinadas organizações. Também é
necessário procurar uma corretora que dará todas as informações necessárias para a
criação do clube. Os custos de operação dos clubes de investimentos são menores em
comparação aos fundos de investimentos. A manutenção também é barata e os clubes
podem ser formados com o mínimo de 3 e o máximo de 150 participantes. Outra
vantagem de se investir em clubes é a criação do hábito de se investir mensalmente
aproveitando as aplicações em sua média, uma vez que consideramos que não é possível
prever o melhor momento para investir. A participação direta também fará com que os
envolvidos criem certa disciplina e adquiram cada vez mais conhecimento do que e como
melhorar sua rentabilidade, sem contar que o montante investido sendo maior, possibilita
que o clube possa investir diversificando os segmentos para aproveitar as oportunidades
de cada nicho.
Já para investir em Fundos de Investimento o investidor contata uma corretora,
abre uma conta, adquire cotas de um fundo de ações pré-selecionadas pela mesma, banco
ou gestor de recursos independentes, autorizados pela CVM.
Como Escolher as Ações?
A três questões que o investidor deve ponderar antes de adquirir uma ação:
a) a liquidez da ação, ou seja, a facilidade de vendê-la quando achar
necessário;
b) o retorno da ação, ou seja, quanto poderá ganhar com sua venda;
c) o risco da ação, ou seja, quais as chances da organização a qual adquiriu a
ação sofrer queda abrupta no valor das ações.
O mercado acionário é um mercado para quem decide investir a médio e longo
prazo, pois esse período é crucial para reverter eventuais quedas nos preços das ações que
o investidor comprar. Não se deve investir em ações o dinheiro destinado a suprir
necessidades básicas e ou do dia-a-dia, uma vez que esse mercado não lhe garante total
retorno do dinheiro investido.
Recomenda-se que o investidor que estiver iniciando no mercado acionário
busque informações no próprio site da BM&FBOVESPA, entre outras fontes, há um guia
Joseany Jesus dos Santos , Carlos Eduardo Francischetti 19
on line do Mercado de Ações, desenvolvido especialmente para aqueles que desejam tirar
dúvidas, ou seja, obter informações mais completas sobre o funcionamento do mercado.
5. O RISCO DE INVESTIR EM AÇÕES
Apesar de ser de extrema importância os investidores optarem por empresas
sólidas e confiáveis para aplicar sua poupança em investimentos é comum aos mesmos
darem mais atenção às oportunidades de rentabilidade de seus investimentos do que às
chances de perder o que foi aplicado, porém até as empresas mais sólidas sofrem
influência do mercado, sendo assim não há investimentos sem riscos.
O preço de uma ação, por exemplo, está sujeito a altas e baixas do mercado e
dependendo do momento da venda pode ser difícil encontrar alguém disposto a pagar o
preço desejado. Em caso de emergência o investidor poderá ter de vender suas ações por
um preço mais baixo do que o considerado justo, ou seja, por um preço inferior ao que foi
pago pela compra das mesmas.
Há diversos tipos de riscos, conforme visto no Portal do Investidor (2011):
a) riscos de mercado: condições da economia, câmbio, preços de ações;
b) riscos de crédito: risco do tomador não honrar com a obrigação, não
pagando o preço esperado;
c) riscos de liquidez: dificuldades na hora de transferir ou resgatar um
investimento;
d) risco legal: quando os títulos podem ter problemas legais que impeçam
ou dificultem a execução dos direitos nele estabelecidos; e,
e) risco operacional: este risco está relacionado nas operações de negócios,
como falha humana nos processos de execução de controle e
gerenciamento e ou de manutenção dos equipamentos.
Desta forma, há pelo menos dois riscos a serem considerados: o de não conseguir
vender as ações e o de não conseguir recuperar o valor investido.
É necessário que todos os investidores tenham ciência do seu perfil de
investimento, o objetivo pelo qual estão investindo, para se ter ciência do tempo que
levarão investindo e a quantia a ser investida, lembrando que quanto maior a
rentabilidade, maior o risco. Esses fatores norteiam na escolha da aplicação mais
adequada. Abaixo segue os perfis de investidores, conforme pesquisa eletrônica feita no
Portal do Investidor (2011):
20 A ASCENSÃO DA CLASSE C À BOLSA DE VALORES
a) - Conservador: aquele que prefere a segurança e pretende não correr
riscos de perdas, este aceita até ter uma rentabilidade menor para isso.
b) - Moderado: aquele que procura manter equilíbrio entre a segurança e a
rentabilidade, este está propenso a correr certo risco para que seus
investimentos rendam mais do que as aplicações mais seguras.
c) - Arrojado: aquele que está propenso a altos riscos, pois privilegia a
rentabilidade. Para este seu investimento tem de render o máximo
possível.
Correr risco faz parte do negócio de investir, pois quem investe bem, pode
atingir mais rápido seus objetivos, alcançando-os com menor esforço.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como pudemos analisar é esperado pelas instituições que compõem o mercado
de capitais, BM&FBOVESPA, Bancos, Corretoras e Empresas a ascensão da classe C ao
mercado acionário. Após conquistarmos a Democratização do Mercado de Capitais, ou
seja, passarmos de uma plataforma restrita e custosa de operações e investidores
exclusivos, para intermediações on line, com acessibilidade massificada e custos
operacionais baixos, o próximo passo, que na verdade é uma conseqüência é aguardar a
entrada de investidores de classe média, com menor poder aquisitivo, na Bolsa de
Valores. A classe C é a maior classe econômica do país e foi responsável pela solidificação
de diversos segmentos. Espera-se que a mesma também solidifique o mercado de ações.
Observou-se que na economia americana, 20 milhões de investidores, são de
classe baixa, portanto, assim como nos Estados Unidos, espera-se que o fenômeno da
popularização se concretize no Brasil. No Brasil o processo de popularização está sendo
fomentado por instituições em conjunto com a BM&FBOVESPA, por meio de projetos
arrojados de inclusão do conhecimento financeiro no ensino fundamental e médio, bem
como campanhas de inclusão financeira em parceria com as empresas que possuem
capital aberto na Bolsa. Pudemos verificar que de 2006 a 2010 houve um aumento de 89%
de investidores de classe média na bolsa, todavia, apesar dos números serem positivos os
mesmos representam apenas 0,03% de toda a classe C. Poderíamos contar com um
universo muito maior de investidores, cerca de 15%, uma vez que, a Classe C possui 14
milhões de potenciais investidores.
Joseany Jesus dos Santos , Carlos Eduardo Francischetti 21
A inclusão econômica é positiva tanto às empresas, ao país e aos investidores
para que aumentem sua rentabilidade, força e poder. As empresas passam a operar com
recursos advindos de investidores sem custos, taxas exorbitantes de juros com os
financiamentos, pagando apenas parcela de sua rentabilidade, se tiver lucro, para seus
acionistas. O país em contrapartida passa a possuir empresas sólidas e competitivas
nacional e internacionalmente, o mercado financeiro fica menos volátil e os investidores
passam a ter retorno certo e em proporções maiores do que numa simples poupança.
A popularização do mercado acionário está acontecendo a passos lentos, mas
segue junto ao desenvolvimento do país, como já dizia Jim O’ Neil o Brasil será uma
superpotência juntamente com Rússia, Índia e China. Portanto, nada mais interessante
apostar numa economia que será uma das maiores potências das próximas décadas
(LANATA, 2010).
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus pela inspiração e sabedoria a mim fornecidas para a execução
deste artigo. Agradeço também a meus familiares e amigos que tiveram paciência nos
dias em que me pus ausente para a elaboração deste trabalho. E ao meu professor
orientador, Carlos Eduardo Francischetti, que me instruiu com dedicação e estima.
REFERÊNCIAS
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22 A ASCENSÃO DA CLASSE C À BOLSA DE VALORES
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Joseany Jesus dos Santos
Graduada em Administração de Empresas Gestão de Mercados, 2008 (FAAL - Limeira), e concluindo MBA de Gestão Estratégica de Negócios, 2010 (FAC - Limeira).
Carlos Eduardo Francischetti
Possui graduacão em Ciências Econômicas pelo Instituto Superior de Ciências Aplicadas – Limeira/SP; Especialização em Gerência Financeira Administrativa e de Controle pela UNISAL – Americana/SP; Mestre na FGN – Faculdade de Gestão e Negócios da UNIMEP – Piracicaba/SP em Administração de Empresas na área de Organização e Negócios. Atua como Professor: Nos cursos de Engenharia Civil e Elétrica, nas disciplinas de Fundamentos de Administração e Fundamentos de Matemática na Faculdades Integradas Einstein de Limeira/SP; Nos cursos de Gestão nas disciplinas de Contabilidade Gerencial, Finanças Internacionais, Estatística Aplicada, Matemática Financeira, Matemática Aplicada, Teoria e Prática Cambial e Economia e Mercados na UNIP - Universidade Paulista - Limeira/SP; Nos cursos de Gestão Administração e Negócios do Senac Limeira/SP; Na Pós-Graduação (M.B.A.) da Anhanguera Educacional S/A de Limeira/SP e Piracicaba/SP, lecionando Gerência Financeira, Análise das Demonstrações Financeiras e Economia e Mercados. Possui Experiência em gerenciamento de empresas nas áreas de controle, elaboração de custos e operações financeiras.