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A Ascensão do Complexo Militar Industrial na Guerra Fria: caso dos EUA

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O complexo militar industrial atingiu o seu pico nos Estados Unidos e União Soviética nas décadas de 1950, até ao início dos anos 1970. O complexo militar industrial gozava de prestígio generalizado; a indústria comandou as evoluções na ciência e tecnologia mais sofisticadas das duas sociedades, supervisionou a surgimento de novas indústrias como a aeroespacial e microelectrônica, e desenvolveu as tecnologias que possibilitaram os homens a pisar na Lua, em 1969. Neste documento propõe-se uma ideia daquilo que foi o surgimento do Complexo Industrial, as suas relações com a politica e seu desenvolvimento

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1.1. IntroduoO presente trabalho tem como tema A Ascenso do Complexo Militar Industrial na Guerra Fria: caso dos EUA, quanto a delimitao do espao abrange os EUA. Quanto a delimitao temporal compreende o perodo que vai desde 1947 ate 1991. Esta escolha decore do facto que foi no perodo da Guerra Fria em que os EUA se afirmaram no contexto internacional como detentora de um grande Arsenal Blico. Temos como limite inferior o ano de 1947 pois este foi o inicio da Guerra Fria e 1991 como limite superior pois este o termino da mesma.O Complexo Militar Industrial norte-americano ganhou vida no perodo entre guerras. Aps a Primeira Guerra Mundial, os Estados Unidos percebeu que no poderia mais se preparar para a guerra de forma espontnea e curta como fora o caso, mas atravs de um longo processo de desenvolvimento da indstria blica. O Complexo Militar Industrial se fortaleceu e abrangeu-se. Desde o perodo ps as grandes guerras mundiais, os EUA foram vistos como uma potncia hegemnica a nvel do sistema, sendo assim, o complexo militar norte-americano foi adoptado como sendo uma poltica levada a cabo pelo prprio Estado onde nota-se que os EUA detm inmeras tropas militares e arsenal blico fora de suas fronteiras, eles gastam mais no sector militar em relao aos outros Estados do Sistema Internacional. Neste sentido podemos levantar a seguinte questo: ate que ponto a ascenso do complexo industrial militar constitui uma ameaa para o prprio Estado norte-americano. O presente trabalho ser tratado a luz da teoria Realista, que tem como pressupostos Os Estados so os principais das relaes internacionais. Os Estados representam as unidades chave de anlise Kauppi e Viotti, (1993:5); A segurana nacional uma questo que est no topo na hierarquia dos assuntos das relaes internacionais. Os Estados so os principais ou os mais importantes actores das relaes internacionais (ibid). Foram defendidos pelos seguintes precursores: Dougherty e Pfaltzgraff (2003:87) e Bedin etal (2003: 66) citam como precursores do realismo poltico: Hans J. Morgenthau (1978), Maquiavel (1987).Apresentamos os seguintes objectivos: Objectivo Geral compreender a Ascenso do Complexo Militar Industrial na Guerra Fria: caso EUA. Objectivos especficos conhecer a historia da Ascenso do Complexo Militar Industrial nos EUA e saber como os EUA ascenderam o seu Ascenso do Complexo Militar Industrial e manter-se como potencia hegemnica.1.2. Complexo militar industrial

1.2.1. Conceito do complexo industrial Complexo Militar-Industrial (MIC) a rede de agncias militares e corporaes industriais envolvidos no desenvolvimento e produo de armamentos. Alguns autores denominam-no por '' complexo militar-industrial cientfico '' para designar a aumentar papel da pesquisa cientfica e tecnolgica instituies numa era de armamentos de alta tecnologia. (KURTZ:475)

Complexo Militar-Industrial um conceito normalmente usado para e referir ao relacionamento politico entre as forcas armadas de um governo nacional e a industria a fim de obter para o sector privado a aprovao politica para pesquisa, desenvolvimento e instalaes com defesa nacional e a segurana politica[footnoteRef:2] [2: http://resistir.info - Acesso em: 24/03/2015]

1.3. Origem do Complexo Industrial MilitarA II Guerra Mundial , com frequncia, apontada como o marco divisrio da criao do complexo industrial militar dos EUA. A iniciativa material sucede a ideia de gesto que comea quando os EUA se lanam como pas imperialista da ltima dcada do sculo XIX, at as primeiras dcadas do sculo XX.[footnoteRef:3] [3: https://www.unifa.aer.mil.br/seminario3_pgrad/trabalhos_2009/Sylvio%20dos%20Santos%20Val.pdf acesso em : 24/03/2015]

A I Guerra Mundial demonstrou que os EUA estavam defasados em estrutura tecnolgica em vrios sectores e em gesto. O parque industrial militar americano nunca parou de crescer desde ento, mesmo que a Grande Depresso o tenha impactado nos primeiros anos. A administrao Roosevelt no seu segundo mandato produziu um programa de reequipamento nada modesto para a poca. As indstrias de aviao e armamentos receberam encomendas de projectos que j estavam na linha de produo antes da primeira bomba germnica cair sobre Varsvia. A Marinha s perdia em nmeros para a britnica com 300 navios de combate, sendo 17 encouraados e 7 navios - aerdromos pesados. Prottipos avanados de aviao existiam sendo entregues e o material rodante estava sendo substitudo. A indstria blica tinha problemas de deslanchar pela falta de ameaas que obrigassem ao poder civil de lanar verbas de renovao mais frequente ou a existncia de um conflito de fato.[footnoteRef:4] [4: (ibid)]

Finda a IIGM a perspectiva para o complexo industrial militar criado parecia sombria. Se um parque industrial reconvertido no teria problemas de concorrncia, visto que apenas o parque industrial dos EUA sobrara intacto no ocidente, no havia demanda para suprir a indstria de bens de capital, mesmo com o nascimento da guerra fria em 1947. Quatro factores adensaram os argumentos de sobrevivncia do complexo da guerra: A ecloso de uma repblica comunista naChina continental em 1949; a exploso da bomba atmica sovitica, no mesmo ano; o Plano Marshall de reconstruo da Europa; e a Guerra da Coreia em 1950. O conflito asitico foi sem dvida o factor definitivo pois retirou a Guerra Fria da retrica geopoltica para a realidade da guerra global iminente.[footnoteRef:5] [5: (ibid)]

Podemos afirmar com certeza que o parque industrial militar dos EUA retorna ainda na administrao Eisenhower (1956-1961), apesar de seus protestos e alertas, com a criao do SAC (Strategical Air Command) implementado pelo belicoso brigadeiro Curtis LEmain, e com a interveno no Vietname que se inicia pesadamente com o governo Lindon Johnson. A demanda tecnolgica e de recursos por uma fora area nuclear - estratgica, combinadas a uma guerra efectiva e seu consumo desenfreado de material, gerou o mecanismo justificador padro deSustentao do que viria a ser o complexo industrial militar - tecnolgico dos EUA dos dias actuais.

1.4. Razes do Desenvolvimento Complexo Industrial MilitarAs razoes so mltiplas, existem razes de ndole politica, relacionadas com o papel de GENDARME mundial que, no passado como hoje, as classes dominantes dos EUA pretendem desempenhar. A guerra fria um exemplo disso. As intervenes militares no estrangeiro obedecem tambm a objectivos de promoo de interesses econmicos das grandes empresas norte-americanas. A igualmente famosa expresso Repblica das bananas exprime uma faceta dessa realidade, ao descrever as relaes de subjugao que durante o sculo XX os EUA impuseram a numerosos pases a Amrica Central e no s. So inmeros os exemplos ao longo da histria da utilizao directa ou indirecta do poder militar norte-americano, em defesa dos interesses econmicos da sua classe dirigente. Mas existem igualmente razes ligadas ao funcionamento interno da prpria economia e s relaes de poder existentes naquele pas.[footnoteRef:6] [6: http://www.sinfic.pt/SinficWeb/displayconteudo.do2?numero=64292 acesso em: 24/03/2015]

1.5. Caractersticas do Complexo Industrial Militar

O CIM apresenta caractersticas especficas tais como: A Doutrina ou teoria da ameaa, geralmente presumida, portanto no em informao acurada mais na simples parania. Basta nos reportarmos aos famosos relatrios do Pentgono sobre o poder militar sovitico. A edio lanada pelo Secretrio de Estado Gaspar Weinberg s vsperas da distenso proposta por Gorbatchev desenhava armas que se quer estavam em produo, com dados de uma super estimao chocantes.[footnoteRef:7] [7: (ibid)]

A meta a renovao constante criando modelos mais novos e sofisticados no menor espao de tempo. A taxa de renovao de armamentos era to alucinada na Guerra Fria, que vrias unidades de aviao recebiam modelos novos quando ainda nem tinham equipado todas as unidades com os modelos designados, enquanto outras nem mesmo eram renovadas at que outro armamento fosse entregue.[footnoteRef:8] [8: (ibid)]

Necessita de conflitos para justificar sua existncia e a enormidade de seus gastos.[footnoteRef:9] [9: (ibid)]

1.6. Relaes existentes entre Complexo Industrial MilitarMuitos pases industrializados tm uma indstria blica domstica que satisfazem suas prprias forcas armadas. A ligao entre a poltica e a indstria blica resulta no complexo industrial-militar. Com efeito, desde o ps-guerra e com o impulso da Guerra Fria tem-se discutido o papel que o militarismo assumiu na construo da hegemonia internacional norte-americana. No obstante, ao consolidar sua preponderncia militar, os Estados Unidos criaram uma demanda industrial que foi responsvel por dinamizar sua economia domstica desde os anos da II Guerra Mundial e fomentar demais sectores produtivos em momentos de crise, estagnao ou recesso. Denominada Complexo Industrial-Militar, essa estrutura, que congrega a demanda industrial aco militar externa, para muitos autores a principal responsvel pelo aquecimento da economia norte-americana em perodos de dificuldades internas.Alm de elemento propulsor de sectores da economia, os desdobramentos do Complexo Industrial Militar afectam as mais variadas esferas da vida civil, possibilitando novas descobertas cientficas e saltos tecnolgicos que dinamizam a sociedade como um todo. Ademais, alm de sua importncia no mbito domstico, a manuteno da hierarquia dos Estados na ordem internacional ainda conta com forte implicao de sua capacidade industrial militar. O sector de inovao e pesquisa , portanto, fundamentalmente estratgico dentro do campo de competio pela liderana internacional, seja por seus aspectos polticos, econmicos ou militares. As Ltico na agenda internacional.[footnoteRef:10] [10: (ibid)]

Sem perder de vista, ainda, que essa articulao proporcionada pelo elo entre o projecto poltico-militar e o conhecimento tecnolgico amplia a capacidade real de defesa da nao (Racy & Silberfeld, 2005). Ou seja, tanto para proporcionar expanses quanto para se defender de movimentos rivais, a capacidade efectiva do Complexo Industrial Militar de um Estado uma das variveis mais significativas enquanto elemento de poder.No caso norte-americano, toda a sustentao da estrutura hierrquica constituda ao longo da segunda metade do sculo XX, baseada nas instituies multilaterais e na ordem econmica, possui uma coordenao a partir da capacidade de superioridade material (Cox, 1986), oferecida pelo seu Complexo Industrial Militar. Rapidamente, militares, cientistas, engenheiros, economistas, planificadores, foram todos sendo incorporados ao Complexo Industrial Militar, dinamizando o governo, a indstria militar e civil, as tecnologias de informao, comunicao e transportes, etc. Como consequncia disso, a importncia dada ao Complexo Industrial Militar dentro da estrutura norte-americana foi se ampliando, e passou a ocupar importante espao nas agendas de segurana, econmica, poltica e inovao tecnolgica. Adaptao fundamental para sustentar a posio dos Estados Unidos no sistema internacional projectando seus valores a partir da ampliao de seus poderes nacionais.[footnoteRef:11] [11: http://www.proceedings.scielo.br/pdf/enabri/n3v2/a26.pdf acesso em: 24/03/2015]

1.7. Consideraes FinaisO complexo militar industrial atingiu o seu pico nos Estados Unidos e Unio Sovitica nas dcadas de 1950, at ao incio dos anos 1970. O complexo militar industrial gozava de prestgio generalizado; a indstria comandou as evolues na cincia e tecnologia mais sofisticadas das duas sociedades, supervisionou a surgimento de novas indstrias como a aeroespacial e microelectrnica, e desenvolveu as tecnologias que possibilitaram os homens a pisar na Lua, em 1969. Dos finais da dcada de 70 at aos finais dos anos 80, os EUA aceleraram significativamente os gastos militares e destacaram se avanos qualitativos na tecnologia de armas, incluindo uma nova gerao de sistemas de armas nucleares altamente precisos, levando a que muitos analistas referem como sendo a '' Segunda Guerra Fria. ''(KURTZ:478)

Mas o perodo a partir de meados da dcada de 1970 at ao presente tem sido um de crise institucional significativa para o complexo militar industrial. Os sistemas de armamentos intensivos em tecnologias e cincia, especialmente aqueles os nucleares produzidos pela industria comearam a ser alvos de ataques principalmente de opositores polticos e movimentos pacficos, por outro lado, falhas tecnolgicas, crescentes presses fiscais e novos desafios internacionais sob a forma de conflitos que no so facilmente travados por meios militares tradicionais levantaram perguntas sobre o futuro do MIC. (KURTZ:480)Os EUA foram capazes de mascarar e retardar os custos econmicos deste militarismo ressurgente com intermdio a emprstimos contrados nos mercados financeiros internacionais, que muitas vezes ultrapassavam mais de US $ 200 bilhes em novas dvidas por ano no 1980. Com efeito, os EUA foram capazes de obter uma espcie de hipoteca de 30 para pagar a grande expanso militar dessa dcada.

1.8. Referencias Bibliogrficas

Bedin, Gilmar. A., etal (2003): Paradigmas das Relaes Internacionais. Editora UNIJU: So Paulo.

Dougherty, E. James e RobertPfaltzgraffJr., (2003): Relaes Internacionais As teorias em confronto. 1 Edio, Gradiva: Lisboa.

EISENHOWER, Dwight. (1961) Military Industrial Complex Speech The White House. United States Capitol, Washington, D.C.,

Kauppi, Mark V., e Paul R. Viotti, (1993). InternationalRelations. Realism, Pluralism, Globalism, andBeyond. Allynand Bacon: Boston.

Kurtz, Lester. encyclopedia of violence, peace and conflict vol2

COX, Robert W. (1986) Social Forces, States and World Orders: beyond International Relation Theory. In: KEOHANE, Robert. O. (ed.). Neorealism and its Critics. New York: Columbia University Press, http://resistir.info - Acesso em: 24/03/2015 https://www.unifa.aer.mil.br/seminario3_pgrad/trabalhos_2009/Sylvio%20dos%20Santos%20Val.pdf acesso em: 24/03/2015 http://www.sinfic.pt/SinficWeb/displayconteudo.do2?numero=64292 acesso em: 24/03/2015 http://www.proceedings.scielo.br/pdf/enabri/n3v2/a26.pdf acesso em: 24/03/2015

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