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Dinâmicas Formativas com Pais/Famílias de crianças nos primeiros anos de idade A Atitude dos pais face aos contextos educativos e à Escolaridade Isabel Correia e Henrique Santos Resumo Com vista à identificação de projectos de promoção e integração pessoal e social entre a Família e a Escola, o Agrupamento de Escolas do Monte da Caparica, integrado num Território Educativo de Intervenção Prioritária (TEIP), organizou, durante os meses de Abril e Maio do ano 2008, sessões de participação/diálogo com Pais, Encarregados de Educação e Famílias de crianças que frequentam os Jardins de Infância e as Escolas do 1º Ciclo do Ensino Básico, dinamizadas pelos autores deste poster, após convite da AFEP (Associação para a Formação de Pais). Tendo sido marcadas seis sessões dirigidas aos públicos das escolas, foi dada prioridade às escolas localizadas nas áreas com elevado número de alunos em risco de exclusão social e escolar e onde “os pais não participam na vida da escola e só acompanham o percurso académico dos filhos através dos trabalhos de casa”. As temáticas abordadas incidiram, essencialmente, no papel e atitude das famílias face ao contexto educativo e à escolarização. Partimos do pressuposto de que a existência de “canais” e espaços de comunicação e partilha entre estes dois cenários educativos (Escola e Família), são factores determinantes no processo de desenvolvimento e aprendizagem de todos os actores implicados (crianças, pais/famílias, docentes...). Foi possível reflectir sobre modelos de educação/participação negociada, vivida em parceria e interveniente, possibilitando a todos os participantes nas sessões a sua vez e a sua voz na defesa pela igualdade de direitos e deveres. Introdução Podemos responder às incertezas com a estratégia e às contradições com a aposta (Edgar Morin, 1995) Com vista à identificação de projectos de promoção e integração pessoal e social entre a Família e a Escola, o Agrupamento de Escolas do Monte da Caparica 1 dinamizou, durante o ano lectivo transacto, sessões de participação/diálogo com Pais, Encarregados de Educação e Famílias de crianças que frequentam os Jardins de Infância e as Escolas do 1º Ciclo do Ensino Básico. Foi dada prioridade às escolas localizadas nas áreas com elevado número de alunos em risco de exclusão social e escolar e onde “os pais não participam na vida da escola e só acompanham o percurso académico dos filhos através dos trabalhos de casa”, como referiu um dos participantes numa das sessões As temáticas abordadas incidiram, essencialmente, no papel e atitude das famílias face ao contexto educativo e à escolarização. Enquanto participantes activos no processo formativo 2 , partimos do pressuposto de que a existência de “canais” e espaços de comunicação e partilha entre estes dois cenários educativos (Escola e Família), são factores determinantes no processo de desenvolvimento e aprendizagem de todos os actores implicados (crianças, pais/famílias, docentes...). Duas questões estiveram subjacentes ao delineamento das estratégias das dinâmicas formativas vivenciadas, a saber: Como pode a escola estabelecer pontes e assumir-se como um pólo de desenvolvimento e aprendizagem de todos quantos nela vivem e convivem, 1 Agrupamento integrado num Território Educativo de Intervenção Prioritária (TEIP) 2 Dinamizadores convidados pelo Agrupamento, através da Associação para a Formação de Pais - AFEP

A atitude dos pais face à escola e à escolaridade

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Dinâmicas Formativas com Pais/Famílias de crianças nos primeiros anos de idade

A Atitude dos pais face aos contextos educativos e à Escolaridade

Isabel Correia e Henrique Santos

Resumo Com vista à identificação de projectos de promoção e integração pessoal e social entre a Família e a Escola, o Agrupamento de Escolas do Monte da Caparica, integrado num Território Educativo de Intervenção Prioritária (TEIP), organizou, durante os meses de Abril e Maio do ano 2008, sessões de participação/diálogo com Pais, Encarregados de Educação e Famílias de crianças que frequentam os Jardins de Infância e as Escolas do 1º Ciclo do Ensino Básico, dinamizadas pelos autores deste poster, após convite da AFEP (Associação para a Formação de Pais). Tendo sido marcadas seis sessões dirigidas aos públicos das escolas, foi dada prioridade às escolas localizadas nas áreas com elevado número de alunos em risco de exclusão social e escolar e onde “os pais não participam na vida da escola e só acompanham o percurso académico dos filhos através dos trabalhos de casa”. As temáticas abordadas incidiram, essencialmente, no papel e atitude das famílias face ao contexto educativo e à escolarização. Partimos do pressuposto de que a existência de “canais” e espaços de comunicação e partilha entre estes dois cenários educativos (Escola e Família), são factores determinantes no processo de desenvolvimento e aprendizagem de todos os actores implicados (crianças, pais/famílias, docentes...). Foi possível reflectir sobre modelos de educação/participação negociada, vivida em parceria e interveniente, possibilitando a todos os participantes nas sessões a sua vez e a sua voz na defesa pela igualdade de direitos e deveres.

Introdução

Podemos responder às incertezas com a estratégia e às contradições com a aposta

(Edgar Morin, 1995)

Com vista à identificação de projectos de promoção e integração pessoal e social entre a

Família e a Escola, o Agrupamento de Escolas do Monte da Caparica1 dinamizou, durante o

ano lectivo transacto, sessões de participação/diálogo com Pais, Encarregados de Educação

e Famílias de crianças que frequentam os Jardins de Infância e as Escolas do 1º Ciclo do

Ensino Básico. Foi dada prioridade às escolas localizadas nas áreas com elevado número de

alunos em risco de exclusão social e escolar e onde “os pais não participam na vida da

escola e só acompanham o percurso académico dos filhos através dos trabalhos de casa”,

como referiu um dos participantes numa das sessões

As temáticas abordadas incidiram, essencialmente, no papel e atitude das famílias face ao

contexto educativo e à escolarização.

Enquanto participantes activos no processo formativo2, partimos do pressuposto de que a

existência de “canais” e espaços de comunicação e partilha entre estes dois cenários

educativos (Escola e Família), são factores determinantes no processo de desenvolvimento e

aprendizagem de todos os actores implicados (crianças, pais/famílias, docentes...).

Duas questões estiveram subjacentes ao delineamento das estratégias das dinâmicas

formativas vivenciadas, a saber: Como pode a escola estabelecer pontes e assumir-se como

um pólo de desenvolvimento e aprendizagem de todos quantos nela vivem e convivem,

1 Agrupamento integrado num Território Educativo de Intervenção Prioritária (TEIP)

2 Dinamizadores convidados pelo Agrupamento, através da Associação para a Formação de Pais - AFEP

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potenciando e favorecendo uma cultura de participação e divulgação de diferentes saberes e

poderes, fazendo justiça ao slogan “todos diferentes, todos iguais”?

Como podem as famílias apresentarem-se como uma mais valia educativa, quaisquer que

sejam as suas características, raízes e trajectórias pessoais e sociais?3

Apesar da generalização, em educação, ser complexa, foi possível, com base na investigação

e práticas realizadas, reflectir em torno de questões fundamentais para um modelo de

educação/participação negociada, vivida em parceria e interveniente, possibilitando a

todos a sua vez e a sua voz na defesa pela igualdade de direitos e deveres.

Caracterização do Grupo e Procedimentos

Pais e filhos vivem isolados, raramente choram juntos e falam dos seus sonhos,

mágoas, alegrias, frustrações….

Augusto Cury 2004, p12

Tendo como objectivos “visar a apropriação, por parte das comunidades educativas

particularmente desfavorecidas, de instrumentos e recursos que lhes permitam orientar a

sua acção para a reinserção escolar dos alunos, tendo presente que os contextos sociais

onde as escolas se inserem podem condicionar o sucesso educativo”, desenvolveram-se, ao

longo de dois meses, no âmbito da actividade dinamizada pelo Agrupamento de Escolas do

Monte da Caparica, adiante designado por Agrupamento, sessões de participação/diálogo

com pais, encarregados de educação e famílias.

Como mencionado anteriormente, o projecto desenvolveu-se em instituições educativas

localizadas nas áreas com elevado número de alunos em risco de exclusão social e escolar e,

de acordo com inúmeros estudos, e até por confirmação do diagnóstico efectuado pelo

Agrupamento, os pais de crianças de estratos socioeconómicos mais baixos afirmam ter

"menor disponibilidade e ser menos competentes para essa participação". Não obstante,

Phtiaka (1994, cit. Magalhães, G. 2007, p. 85) através de um estudo qualitativo sobre

envolvimento familiar, realizado no Chipre, em escolas do ensino básico, constatou que

“embora as famílias mais favorecidas e educadas estejam mais envolvidas no processo

educacional, todas as famílias incluindo as desfavorecidas, se preocupam com a educação e

com os interesses dos filhos, mostrando vontade de ajudar e receptividade dos conselhos

dos professores”

3 Matos (2007), Relação Escola-Família: qual a função da Escola e da Família para uma Educação Participada?. Comunicação,

apresentada no Fórum Educação, organizado pela Junta de Freguesia da Charneca da Caparica. Documento não publicado.

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Pensamos poder afirmar que, embora os pais concordem que a participação na escola dos

filhos é importante, nem sempre podem aceder a esse “convite” pois isso representa uma

sobrecarga nas famílias e acabam por desistir dela em detrimento de outros tipos de

acompanhamento. As percepções que têm da escola, por vezes, impedem-nos de estarem à

vontade para contactarem os Educadores/Professores, o que em muitas situações são

interpretadas como falta de interesse (ibidem).

Estas famílias reconhecem, contudo, que as sociedades actuais requerem cada vez mais a

melhoria do nível de educação dos seus cidadãos por um conjunto de razões: porque a

competição económica o exige mas também porque a qualidade e melhoria da vida social

passa cada vez mais pelo domínio de competências, incluindo competências para aprender,

colaborar e conviver, pelo nível cultural geral dos indivíduos e pela sua capacidade de se

integrarem numa sociedade construída sobre múltiplas diversidade, da mesma forma que

reconhecem que é a escola a instituição por excelência onde esses objectivos poderão ser

conseguidos.

Partindo do pressuposto, fundamental, de que os pais e famílias são importantes na

aprendizagem e no progresso escolar das crianças, e porque é também importante que

existam formas de envolver mais os progenitores, passem ou não, pelo espaço da própria

escola ou por visitas da comunidade escolar a casa e da família à Escola, as sessões

programadas organizaram-se, essencialmente, como um espaço de participação e partilha

entre a escola e a Família, nas quais existiu um espaço de apresentação expositiva de

conceitos sobre o papel das Instituições Educativas e do Educador/Professor, bem como uma

retroacção, por parte das famílias, sobre as expectativas e lógicas de envolvimento parental.

Como pode a escola estabelecer pontes?

Os Pais precisam de perceber que boa educação gera limites (sentidos obrigatórios,

sentidos proibidos, semáforos de várias cores...) e argumentos para os tornear

Eduardo Sá, ano???? pág???

Tornou-se evidente, desde a primeira sessão, o interesse demonstrado pelos pais presentes

na maior necessidade de envolvimento nas dinâmicas e lógicas de gestão da Escola. Em

alguns caso em detrimento do espaço de actuação junto aos seus próprios filhos, através do

desenvolvimento de atitudes favoráveis ao sucesso escolar das crianças e adolescentes.

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A Atitude dos pais face à Escola e à Escolaridade

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No que respeita ao espaço de participação na vida da escola, há que distinguir dois espaços

de intervenção: a) A participação nos mecanismos de co-gestão da escola e b) O espaço de

retroacção (feed-back) ao nível das sugestões/indicações formuladas.

Em relação ao primeiro ponto, ficou evidente que a participação dos pais nos mecanismos de

co-gestão da escola está estreitamente relacionada com a autonomia da escola e a

democratização de sua gestão, mas que é um processo de maturação lenta e difícil, pois não

se muda uma cultura organizacional, sedimentado ao longo de anos, de um dia para outro.

Também é verdade que a elaboração desse nível de participação depende

fundamentalmente do grau de consciência e de envolvimento dos pais na participação cívica

activa.

Das muitas propostas reflectidas e discutidas, algumas das ideias-chave revelaram-se

consubstanciadas pela prática quotidiana da relação escola-família neste Agrupamento de

Escolas em específico mas que encontram também eco em outras práticas relatadas em

diversos estudos sobre o tema.

Apresentam-se aqui algumas das conclusões, sem grande esforço de enumeração.

A escola deve ser promotora de políticas/estratégias que promovam a maior aproximação

das famílias à escola, envolvendo os pais de diferentes formas. Cabe à escola proporcionar

uma diversidade de modalidades de envolvimento parental na escola, não só através das

estratégias lectivas e educativas ditas “normais” mas também através de momentos de

"formação” de pais por técnicos convidados pela escola, de aconselhamento individual aos

pais, de informação escrita, e de um processo de encaminhamento para outros técnicos e

instituições da comunidade.

A Escola pode, e deve, promover e melhorar os canais de comunicação com as famílias,

estabelecendo sistemas de comunicação bilateral, procurando disponibilizar espaços diversos

e inovadores que não passem apenas pelas reuniões de pais mas também por reuniões

individuais com as famílias, contactos constantes, por exemplo, com recurso a novos meios

tecnológicos (SMS, e-mail, etc.), de forma a alcançar todas as famílias. A comunicação deve

ir além das dificuldades escolares e de comportamento e da avaliação do aluno. As reuniões

de pais devem ser clarificadoras do projecto educativo da escola, regulamento interno e

projecto curricular de turma.

Por outro lado, as reuniões com os pais devem fornecer informação acerca dos progressos e

dificuldades do aluno e de como os pais devem ajudar as crianças a ultrapassar essas

dificuldades bem como para conhecer melhor a família e as suas necessidades e não apenas

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para servirem de espaço de informação lectiva que, na maior parte das vezes apenas se

limitam a apresentar o “espaço negro” do desenvolvimento pedagógico do aluno.

Envolver os pais em actividades no espaço escolar, para além dos tradicionais eventos que a

escola promove (actividades de início e fim do ano lectivo, festas de Natal, Dia da Mãe, Dia

do Pai), são também oportunidades mais diversificadas que possibilitem a participação da

família com o objectivo de melhorar o espaço escolar. Os pais (e avós) podem participar, por

exemplo, na supervisão de recreios, no apoio à biblioteca e sala de estudo e na organização

de actividades de tempos livres.

Envolver os pais em actividades de aprendizagem em casa é um meio fundamental pois os

pais são importantes na aprendizagem e no progresso escolar das crianças. Para que os pais

possam desempenhar o seu papel com eficácia necessitam que o Educador/Professor os

informe acerca das competências que a criança deve adquirir em cada momento da

aprendizagem e de como podem estar envolvidos em actividades de aprendizagem

articuladas com trabalho que o professor desenvolve na sala de aula.

Claro que este espaço de envolvimento exige que exista uma comunicação clara dos

objectivos de aprendizagem bem como o estabelecimento de “contratos” entre aluno-pais-

professor, ensinado os pais a importância da monitorização e encorajamento/reforço dos

trabalhos para casa e elaborando actividades de aprendizagem interactivas.

É importante envolver/implicar as famílias nas tomadas de decisão, quer através da

representação dos pais nos organismos da escola em que esta representação já está

prevista, quer em grupos de reflexão-acção criados para a resolução de problemas que

visem a melhoria da escola. Isto pode ser concretizado se as escolas ajudarem a manter as

Associações de Pais activas (facilitando espaço físico, reuniões de coordenação com a

direcção da escola), mas também envolvendo a comunidade, partilhando as suas

responsabilidades e recursos com as diferentes instituições e organismos existentes na

comunidade (Câmara Municipal, Junta de Freguesia, Centro de Saúde, Associações

Recreativas e Culturais,...).

A comunicação escola família é o requisito básico para a existência de outras formas de

envolvimento parental na escola. Quando a escola e a família comunicam de forma eficaz, os

pais têm mais probabilidades de estabelecer uma relação de confiança e um clima de

cooperação com o Educador/Professor e com a escola, as interacções entre a escola e a

família aumentam, os pais percepcionam a escola e os seus profissionais de forma mais

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positiva, entendem melhor as políticas da escola e a acção dos Educadores/Professores,

acompanham melhor os progressos da criança

Por último, a escola deve estar atenta aos grupos de pais mais vulneráveis a estarem menos

envolvidos na escola. As famílias que por vezes são designadas por “famílias difíceis de

alcançar” têm relativamente às outras famílias dificuldades adicionais para se envolverem na

escola: horários de trabalho pouco flexíveis, falta de recursos, preocupações com questões

de sobrevivência, percepção de baixa competência para tratar de assuntos relacionados com

a escola e memórias negativas relacionadas com a sua própria experiência com a escola.

Para contornar estas dificuldades, a escola deve conhecê-las e procurar combatê-las com

horários flexíveis de atendimento; estabelecendo uma abordagem positiva de aproximação

às famílias, contribuindo para a construção de uma imagem mais positiva quer da escola

quer da criança, por parte da família; tornando visíveis os recursos e competências da família

e construindo novas competências, por exemplo, através dos já citados espaços de

formação; tornando a linguagem clara e acessível a todas as famílias; diversificando a forma

de comunicar com as famílias e em algumas alturas recorrer à visita domiciliária para manter

a comunicação com aquelas famílias que têm mais dificuldade em deslocar-se à escola.

No que respeita à retroacção da participação (quando existente), e do “diálogo” com a

escola, também foram reflectidas questões e situações “típicas” que nos mereceram especial

atenção. Dessas, apresentam-se algumas conclusões.

Como podem as famílias apresentarem-se como uma mais valia educativa?

O que fazer? À procura de conselhos.

De todas as reflexões partilhadas, uma destacou-se de todas as outras: É fundamental falar

com os filhos acerca da escola!

Este espaço de diálogo e partilha é importante, pois conversar acerca do que se passa na

escola, envia-se também uma outra mensagem sobre “a escola e o que fazes na escola são

importantes para mim”.

Neste contexto, a família é um espaço de aprendizagem fundamental. Há formas muito

simples de promover a aprendizagem: ler aos filhos, ouvi-los ler, conversar com eles acerca

de diferentes temas, assistir em conjunto a programas televisivos e pedir-lhes a opinião

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acerca daquilo que estão a ver e a ouvir, passear, ir a museus e sítios com interesse

histórico e cultural, demonstrar e partilhar o seu interesse e curiosidade por tudo aquilo que

o rodeia. Também é importante reter a ideia de que as famílias são modelos importantes

sendo as actividades e interesses das famílias observadas e, em alguma medida, adoptadas

pelos alunos/filhos. A supervisão e, por vezes, a ajuda directa nos trabalhos escolares são

necessárias. Ajudar a organizar um horário de estudo (adequado às necessidades de cada

criança/adolescentes e sem exageros!), ensiná-lo a estudar, e proporcionar um ambiente de

estudo facilitador é outra forma de ajudar o seu filho.

A escola pode “dizer” estas coisas à família mas é necessário que saiba “dizê-lo”. Uma boa

comunicação entre a família e o Educador/Professor, já “vimos”, facilita a adaptação à escola

e a aprendizagem de crianças e adolescentes. Ao falar com o Educador/professor/director de

turma, o encarregado de educação (pais, famílias, etc.) pode obter-se informações acerca do

que os professores e a escola esperam dos alunos relativamente a questões como o

comportamento e a aprendizagem, as evoluções e as dificuldades. Por outro lado, o

professor também beneficia com esta experiência, porque fica a conhecer melhor a criança e

a sua família. Com uma adequada comunicação entre a família e a escola é mais fácil

estabelecer objectivos comuns e de os comunicar com uma maior clareza à criança. Ir à

escola no horário de atendimento aos pais é, nesta medida uma prática aconselhável. E este

horário de atendimento não deve apenas ser utilizado para resolver problemas.

Também foi referido o quão importante é participar nas actividades da escola, mas não

apenas nas actividades organizadas pelas escolas para as crianças e famílias e que envolvem

geralmente muitas horas de preparação e o investimento de muitas pessoas, como sehjam

os momentos festivos e de celebração. Nestas actividades há a oportunidade de conhecer

melhor o espaço, de conhecer os colegas e as famílias, os Educadores/Professores e outros

profissionais a desempenha funções na escola, mas a “participação” dos pais não pode ficar

apenas nesta dinâmica. Os pais são parceiros importantes e a sua contribuição é valiosa.

“Estar presente” significa também querer saber, colaborar, cooperar. É importante que os

contributos dos pais, das famílias, das comunidades sejam tidos em conta, mesmo que seja

necessário adequaá-los à cultura da escola. É imperioso ouvir as opiniões que, por vezes,

podem ser dissonantes e integrá-las na vida diária da Escola.

Nota conclusiva

Da experiência de reflexão obtida nas sessões de parceria, resulta que as opiniões expressas

vêm enfatizar a importância da comunicação entre a família e a escola para o desempenho

académico e funcionamento adaptativo da criança, sendo que, qualquer programa da escola

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que pretenda fortalecer o envolvimento parental na escola, deverá começar por promover

uma comunicação eficaz entre escola/professores e família.

Por outro lado, ficou também evidente que a menor comunicação escola-família nestas

famílias pode também dever-se a uma menor confiança para iniciar os contactos com a

escola, ficando muito dependentes da própria iniciativa da escola para a comunicação de

aspectos importantes relativos aos filhos e à própria escola. A escola para estes pais é um

espaço estranho e pouco convidativo, onde a sua presença é requerida apenas em situações

problemáticas e onde a comunicação escola-família é feita num registo negativo

(comunicação de problemas de comportamento, más notas,...).

Por último, ficou estabelecido que a participação das famílias traz benefícios, pois ao

aumentar as suas informações sobre o filho e aluno melhoram o seu papel de educadores e

é aos encarregados de educação que cabe a tarefa de fomentar a noção de

responsabilidade, de forma a que, enquanto jovens e alunos se preparem para a vida adulta.

Pais que exerçam a sua autoridade, SIM

Pais que se zanguem em função de uma lei que assumam, com coerência e de forma

constante, SIM

PAIS-PIRILAMPO, que ora ignoram as asneiras ora, a pretexto de uma, se zangam

por todas aquelas que ignoraram, NÃO!

Eduardo Sá, ano???? pág??'

Bibliografia

Cury, Augusto (2004) Pais Brilhantes, Professores Fascinantes. Editora Pergaminho, Lisboa.

Magalhães, G. (2007), Modelo de colaboração Jardim-de-infância/Família. Horizonte

Pedagógico. Lisboa. Instituto Piaget

Morin, Edgar

Sá, Eduardo (2002)