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RESUMO A infiltração das novas tecnologias no campo da informação significa, além de um grande valor intrínseco, uma repercussão, extremamente favorável, não só naqueles que trabalham diretamente na área de informação, mas também em todos aqueles que, no dia-a-dia, necessitam de informação. A dimensão tecnológica assumiu um papel preponderante nos processos sociais e econômicos, afetando inclusive a atuação profissional. A Biblioteconomia, por meio da catalogação, necessita interagir com essas novas práticas; auxiliando na construção de formas de representação que descrevam detalhadamente o recurso pela sua forma e que crie novas possibilidades de recuperação e uso. São diversas as dificuldades enfrentadas pelo catalogador na implantação do uso dos códigos e formatos de catalogação para uma recuperação eficiente do material. Palavras-chave: Bibliotecário; Catalogador; Novas tecnologias em informação.
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A atividade do profissional bibliotecário frente às novas tecnologias de informação: perspectivas do catalogador
Ana Carolina Simionato
RESUMOA infiltração das novas tecnologias no campo da informação significa, além de um grande valor intrínseco, uma repercussão, extremamente favorável, não só naqueles que trabalham diretamente na área de informação, mas também em todos aqueles que, no dia-a-dia, necessitam de informação. A dimensão tecnológica assumiu um papel preponderante nos processos sociais e econômicos, afetando inclusive a atuação profissional. A Biblioteconomia, por meio da catalogação, necessita interagir com essas novas práticas; auxiliando na construção de formas de representação que descrevam detalhadamente o recurso pela sua forma e que crie novas possibilidades de recuperação e uso. São diversas as dificuldades enfrentadas pelo catalogador na implantação do uso dos códigos e formatos de catalogação para uma recuperação eficiente do material. Palavras-chave: Bibliotecário; Catalogador; Novas tecnologias em informação.
1 Introdução
A nova sociedade, a Sociedade da Informação, contrapõe a idéia do
capitalismo à informação; hoje quem ocupar-se com informação está se
transformando em um grande negócio; o mercado da informação apresenta
uma gama variada de oportunidades e todos estão querendo explorar os seus
domínios.
A infiltração das novas tecnologias no campo da informação significa,
além de um grande valor intrínseco, uma repercussão, extremamente
favorável, não só naqueles que trabalham diretamente na área de informação,
mas também em todos aqueles que, no dia-a-dia, necessitam de informação. A
dimensão tecnológica assumiu um papel preponderante nos processos sociais
e econômicos, afetando inclusive a atuação profissional.
Estas tecnologias que possibilitaram a ampliação, na ordem de milhões
no sentido de eficiência, estão se impondo às organizações, que somente
sobreviverão e só levarão vantagem com a coordenação dessas novas
tecnologias no trabalho das pessoas. Está surgindo uma nova ordem
organizacional, onde a chave para o sucesso será a conexão via computadores
e redes de computadores.
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É imperativo que o bibliotecário desempenhe um papel ativo direcionado
à orientação das pessoas no que se refere à seleção das fontes de informação,
ao seu acesso e uso, sua interoperabilidade de informações e registros,
fazendo das mesmas o melhor proveito.
A necessidade e importância para os profissionais em Ciência da
Informação, em conhecer as tecnologias, os documentos digitais (seja de
digitalização referente ao acervo (obras) ou até mesmo os catálogos), e os
processos que podem ser inseridos dentro da web como: importação,
transmissão, organização, indexação, armazenamento, proteção e segurança,
localização, recuperação, visualização, impressão e preservação documental.
Devido às características já apontadas, apontamos a Catalogação
dentro das atividades tradicionais do profissional bibliotecário, como uma das
mais inserido pelas novas tecnologias em informação, sendo a prática do
catalogador cada vez mais influenciado pela tecnologia.
2 Perspectivas do catalogador
A Ciência da Informação encontra nas tecnologias de informação o
suporte indispensável; os paradigmas de desenvolvimento e prestação de
serviços alteraram-se drasticamente com o uso fundamental das bases de
dados, dos acessos remotos, de sistemas de comunicação e de informação
que modificaram substancialmente a relação usuários/acesso à informação.
Não é novidade reconhecer que as tecnologias de informação exercem
um papel preponderante em todas as rotinas de qualquer atividade que se
possa imaginar nas bibliotecas, nos centros e serviços de informação. Integra
todos os processos, desde o planejamento, incluindo a interface com clientes
dos serviços, que se tornam igualmente remotos em função das possibilidades
de comunicação, até trabalhos mais administrativos, como o empréstimo de
material bibliográfico.
Guimarães (2004) refletindo sobre a formação profissional, dentro de
sua denominação, “ambiente educativo da área de informação”, identifica, no
caso brasileiro, duas dimensões que são: o conjunto de fazeres “ligados à
ambiência, como é o caso do arquivo e da biblioteca” e “conjuntos de
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processos que atuariam em dois níveis", sendo um a do documento
materialmente considerado e outro da informação como conjunto de estruturas
significantes com capacidade de gerar conhecimento para o indivíduo e para a
sociedade. Decorrente da maciça introdução das tecnologias da informação é
perceptível a mudança do foco de discussão dos bibliotecários para os
denominados profissionais da informação, que abarcariam gama maior de
perfis. E tratar da formação desse grupo é tarefa ainda mais árdua, por sua
fronteira ser de delimitação mais difusa.
Smit e Barreto (2002), falam sobre essa dificuldade em virtude de, no
Brasil, a prática profissional ser ancorada numa tradição biblioteconômica que,
segundo eles, tende a justificar seu trabalho mais pelas técnicas que pelos
objetivos sociais perseguidos, além da fragilidade da definição do objeto da
área do conhecimento da ciência da informação, que ainda não dispõe de um
conceito consolidado.
O impacto da tecnologia sobre a atividade profissional relacionada à
informação carece ser acompanhado e avaliado e se efetivamente as novas
gerações profissionais são mais eficazes por dominá-las ou se uma formação
humanista paralela também ainda encontra espaço.
A definição de Boar (2002, p.2) já é bem mais ampla, conforme pode ser
verificado:
A tecnologia da informação é a preparação, coleta, transporte, recuperação, armazenamento, acesso, apresentação e transformação de informações em todas as suas formas (voz, gráficos, texto, vídeo e imagem). A movimentação de informação pode ocorrer entre seres humanos, entre humanos e máquina e/ou entre máquinas. O gerenciamento da informação garante seleção, distribuição, administração, operação, manutenção e evolução dos bens de tecnologia da informação de forma coerente com as metas e objetivos da organização.
As novidades da globalização junto com a explosão de informações
disponíveis tornaram-se um desafio para o profissional que busca construir
formas para representar informações de modo a garantir sua descrição,
recuperação e (re) uso por aqueles que necessitam delas.
As novidades tecnológicas, principalmente as relacionadas com a informática motivaram algumas bibliotecas tradicionais especialmente
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nos países econômica e tecnologicamente mais desenvolvidos, ao aperfeiçoamento no uso das tecnologias de computação para o processamento eletrônico de dados, oferecendo acesso às bases de dados referenciais online, e, nos anos de 1960 a 1980, os On line Public Access Catalogs (OPACs) passaram a ter uma maior presença no contexto das bibliotecas (CASTRO; SANTOS, 2002).
A catalogação obteve sua interdisciplinaridade com a tecnologia se torna
visível a partir da década de 60, o desenvolvimento dos recursos
computacionais, a tecnologia em crescimento. E para acompanhar todos estes
fatores, é criado o Formato MARC. Com o desenvolvimento deste Formato,
todas as bibliotecas puderam compartilhar os benefícios da catalogação legível
por computador, já que o formato é um padrão criado para promover a
comunicação de registros bibliográficos.
Neste contexto digital em que estamos vivendo, vemos que há várias
dificuldades no processo de busca, de acesso e de recuperação dos recursos
informacionais, que interferem profundamente no seu uso e reuso. A
Biblioteconomia, por meio da catalogação, necessita interagir com essas novas
práticas; auxiliando na construção de formas de representação que descrevam
detalhadamente o recurso pela sua forma e que crie novas possibilidades de
recuperação e uso.
A catalogação através de uma estrutura sucinta e padronizada dos
dados e informações sobre um item informacional ou documentário tem como
objetivo tornar o documento ou texto, único (MEY, 1995). Nesse sentido,
destacamos que o conteúdo é sempre plural e a unicidade de um recurso são
dadas pela descrição de forma e por meio dessa descrição que o recurso é
instanciado no meio de seus semelhantes. Uma padronização dos manuais,
códigos e formatos de descrição; atualizada e detalhada pode auxiliar cada vez
mais o catalogador, cuja sua principal tarefa é de analisar sistematicamente e
classificar os elementos do recurso para a utilização dos consumidores finais
os usuários, assim poupando o tempo e o satisfazendo. Construir formas mais
eficientes para representá-las é um modo de torná-las disponíveis, acessíveis,
recuperáveis e únicas, se torna especialmente necessário o esforço na
padronização das orientações.
A estrutura para o catalogador descrever o item esta relacionada com a
maneira pela qual o conteúdo é visualizado, analisado, interpretado e
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apresentado. A abordagem geral que faz um observador é simplesmente olhar
para um item com interesse, isso o diferencia significativamente de um
catalogador, cuja principal tarefa é de analisar sistematicamente e descrever os
elementos para a utilização dos consumidores finais; os catalogadores devem
tornar possível ao usuário ter o acesso final ao que procura (HOURIANE,
2005).
O RDA (Descrição de Recursos e Acesso) é um esquema proposto pelo
JSC RDA - Joint Steering Committee for Development of RDA (Comitê de
Direção Conjunta para o Desenvolvimento do RDA) com o objetivo de substituir
o Código de Catalogação Anglo Americano, segunda edição, revisão 2002
(AACR2R); se tornando um novo código internacional. A data da publicação
prevista, anunciada pelo JSC - RDA é 2010, sob a responsabilidade do Comitê
de Revisão do AACR2, JSC (Joint Steering Committee) e do Comitê de
Diretores desde abril de 2005. O relatório preliminar informa como justificativa
para a criação do RDA (2005):
[...] o seu alinhamento com os modelos conceituais para dados bibliográficos e de autoridades desenvolvidos pela IFLA. Os modelos FRBR e FRAR proporcionam à RDA uma estrutura básica que tem o objetivo necessário de dar apoio a uma cobertura abrangente de todos os tipos de conteúdo e de mídia, a flexibilidade e extensibilidade necessária para acomodar novos recursos com características diversas, e a adaptabilidade necessária para os dados produzidos para funcionar dentro de grandes ambientes tecnológicos. (tradução livre).1
Referindo-se aos aspectos que permeiam a catalogação e a descrição
bibliográfica, na atualidade, o documento do RDA (2005) diz:
As tecnologias digitais mudaram significativamente o ambiente em que bibliotecas, arquivos, museus e outras entidades que administram a informação, trabalham e mantêm suas bases de dados, as quais
1 A key element in the design of RDA is its alignment with the conceptual models for bibliographic and authority data developed by the International Federation of Library Associations and Institutions (IFLA). The FRBR and FRAR models provide RDA with an underlying framework that has the scope needed to support comprehensive coverage of all types of content and media, the flexibility and extensibility needed to accommodate newly emerging resource characteristics, and the adaptability needed for the data produced to function within a wide range of technological environments.
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descrevem e proporcionam o acesso a recursos que integram seus acervos. (tradução livre).2
A proposta do RDA é fornecer uma estrutura flexível para descrever
recursos informacionais – análogicos e digitais; estruturas emergentes das
bases de dados e suportar tarefas dos catálogos propostas aos usuários como:
encontrar, identificar, selecionar e obter recursos e informações. A organização
do RDA será baseada nos elementos descritivos serão derivados dos atributos
associados com as entidades de FRBR com o seguinte sentido: a “obra” é uma
entidade abstrata, uma criação intelectual ou artística distinta; a “expressão” é
a realização intelectual ou artística específica que assume uma obra ao ser
realizada, excluindo-se aspectos de alteração da forma física; a “manifestação”
é a materialização da expressão de uma obra, ou seja, seu suporte físico; e o
“item” um único exemplar de uma manifestação (CORRÊA; SANTOS, 2009). O
RDA não identificará três níveis diferentes sobre um registro: breve, completo
ou personalizado; mas identificará elementos nos metadados para a
catalogação de um registro.
O RDA propõe uma nova visão para o futuro do profissional catalogador;
no principio de aplicação o bibliotecário deverá dentro de um sistema, informar
registros sobre o item, autor (até mesmo uma pequena biografia);
possivelmente como uma base de dados: informações serão registradas, para
posterior a fase de aplicação o profissional recuperar estes dados já
registrados e formar um novo registro. Desta forma, o catalogador apenas
selecionará estes registros pré-inseridos; portanto caberá á ele ter mais
competências, algo que o diferencie, e será através das Novas Tecnologias de
Informação, que irá encontrar este diferencial, o catalogador deverá ter algo
capacitado com a criação e/ou análise destes sistemas aplicados com o código
RDA e o modelo conceitual FRBR. Mas todos estes apontamentos, só serão
previsto quando o novo código for publicado e implantado nas bibliotecas, o
que ainda demanda tempo.
2 Digital technologies have significantly changed the environment in which libraries, archives, museums, and other information management organizations build and maintain the databases that describe and provide access to resources in their collections.
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3 Considerações finais
Podemos concluir que os bibliotecários devem reforçar suas habilidades
e características distintivas que incluem: capacidade de síntese e de
organização de informação; olhar voltado para as necessidades de informação
de usuários; treinamento em procedimentos de recuperação de informação;
competências para identificar necessidades e adequar conteúdos,
segmentando e especializando respostas em respeito a demandas específicas;
compreensão do trabalho com a informação de forma integrada e que, em
síntese, realmente diferenciam esses profissionais de outros com perfis
limítrofes (PLOSKER, 2003).
E que ao longo da história da catalogação, muitos debates, discussões
foram realizados para a construção de esquemas de descrição bibliográficas e
várias revisões desses esquemas vêem ocorrendo, como é o caso da proposta
de um Código Internacional de Catalogação – ICC e do RDA que está sendo
preparado para ser publicado ainda este ano (2010).
Porém, as dificuldades enfrentadas pelo catalogador na implantação do
uso dos códigos e formatos de catalogação, na descrição e no efetivo
acompanhamento e controle de qualidade dos registros bibliográficos
produzidos; além de problemas econômicos; problemas estruturais;
divergências lingüísticas; divergência de objetivos durante o processo de
construção de formas de representação são variáveis constantes nesse
processo.
Nesse sentido, o processo de catalogação necessita de uma revisão que
se preocupar com a descrição e com a recuperação da informação. Dessa
forma, priorizando a qualidade da catalogação: integridade, clareza, precisão,
lógica e consistência; e multidimensionando suas possibilidades de
recuperação e uso.
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Referências
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CORRÊA, R. M. R.; SANTOS, P. V. L. A. Catalogação: trajetória para um novo código internacional. Niterói-RJ: Intertexto, 2009. 80p.
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