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1 Seminário Internacional Fazendo Gênero 11 & 13 th Women’s Worlds Congress (Anais Eletrônicos), Florianópolis, 2017, ISSN 2179-510X A ATUAÇÃO DAS RELIGIOSAS CATÓLICAS EM RORAIMA Carla Onofre Ramalho 1 Paulina Onofre Ramalho 2 Resumo: Entre o fim do século XIX e início do século XX a história da Igreja Católica na região amazônica é marcada pela instalação de diversas congregações religiosas femininas, que viriam a desempenhar importantes papeis na região. Nesse contexto, o presente trabalho tem como foco a atuação das religiosas das ordens Beneditina e da Consolata no vale do rio Branco, atual Estado de Roraima, ao longo do século XX. Palavras-chave: Religião. Catolicismo. Educação. Politica. Gênero. A historiadora Maria José Rosado Nunes, em seu artigo intitulado Freiras no Brasil (2004), nos chama a atenção para o fato de que o conhecimento que se tem atualmente sobre as religiosas no Brasil ainda é muito escasso. Com certeza essa escassez refere-se tanto a mulher religiosa de hoje, quanto aquelas que viveram no passado. Ainda segundo Nunes, a tendência que quase sempre predomina é a da vitimização destas mulheres, vistas como seres passivos, meras receptoras e reprodutoras leais dos discursos e doutrinas masculinos. Contudo, deixando-se de lado as generalizações, pode-se afirmar que essa visão não corresponde à realidade. Nas palavras de Nunes, “a história da vida religiosa feminina no Brasil é marcada por submissão e transgressões, passividade e criatividade” (2004, p. 483). A chegada das irmãs beneditinas ao rio Branco Tendo-se em vista que o objetivo deste trabalho é focar a atuação das religiosas das ordens Beneditina e da Consolata ao longo do século XX no atual estado de Roraima, convém destacar que não se pretende aprofundar aqui as ações da Igreja Católica como um todo. Segundo dados do Anuário do Rio Branco, editado pelos monges beneditinos, os primórdios da atuação de religiosos da Igreja Católica na região banhada pelo rio Branco podem ser encontrados em 1725. Os religiosos em questão seriam os padres da Ordem Carmelita, congregação 1 Graduada em História pela Universidade Federal de Roraima (UFRR), Boa Vista-RR, Brasil. Email para contato: [email protected]. 2 Mestre em Preservação do Patrimônio Cultural pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Professora do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Roraima (UFRR), Boa Vista-RR, Brasil. Email para contato: [email protected]; [email protected].

A ATUAÇÃO DAS RELIGIOSAS CATÓLICAS EM RORAIMA...2 Seminário Internacional Fazendo Gênero 11 & 13th Women’s Worlds Congress (Anais Eletrônicos), Florianópolis, 2017, ISSN 2179-510X

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Seminário Internacional Fazendo Gênero 11 & 13th Women’s Worlds Congress (Anais Eletrônicos), Florianópolis, 2017, ISSN 2179-510X

A ATUAÇÃO DAS RELIGIOSAS CATÓLICAS EM RORAIMA

Carla Onofre Ramalho1

Paulina Onofre Ramalho2

Resumo: Entre o fim do século XIX e início do século XX a história da Igreja Católica na região amazônica é marcada

pela instalação de diversas congregações religiosas femininas, que viriam a desempenhar importantes papeis na região.

Nesse contexto, o presente trabalho tem como foco a atuação das religiosas das ordens Beneditina e da Consolata no

vale do rio Branco, atual Estado de Roraima, ao longo do século XX.

Palavras-chave: Religião. Catolicismo. Educação. Politica. Gênero.

A historiadora Maria José Rosado Nunes, em seu artigo intitulado Freiras no Brasil (2004),

nos chama a atenção para o fato de que o conhecimento que se tem atualmente sobre as religiosas

no Brasil ainda é muito escasso. Com certeza essa escassez refere-se tanto a mulher religiosa de

hoje, quanto aquelas que viveram no passado.

Ainda segundo Nunes, a tendência que quase sempre predomina é a da vitimização destas

mulheres, vistas como seres passivos, meras receptoras e reprodutoras leais dos discursos e

doutrinas masculinos. Contudo, deixando-se de lado as generalizações, pode-se afirmar que essa

visão não corresponde à realidade. Nas palavras de Nunes, “a história da vida religiosa feminina no

Brasil é marcada por submissão e transgressões, passividade e criatividade” (2004, p. 483).

A chegada das irmãs beneditinas ao rio Branco

Tendo-se em vista que o objetivo deste trabalho é focar a atuação das religiosas das ordens

Beneditina e da Consolata ao longo do século XX no atual estado de Roraima, convém destacar que

não se pretende aprofundar aqui as ações da Igreja Católica como um todo.

Segundo dados do Anuário do Rio Branco, editado pelos monges beneditinos, os primórdios

da atuação de religiosos da Igreja Católica na região banhada pelo rio Branco podem ser

encontrados em 1725. Os religiosos em questão seriam os padres da Ordem Carmelita, congregação

1 Graduada em História pela Universidade Federal de Roraima (UFRR), Boa Vista-RR, Brasil. Email para contato:

[email protected]. 2 Mestre em Preservação do Patrimônio Cultural pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).

Professora do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Roraima (UFRR), Boa Vista-RR,

Brasil. Email para contato: [email protected]; [email protected].

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a qual foi destinada a região do rio Negro por ocasião da partilha das regiões amazônicas, ainda no

período colonial3 (REIS, 1989. p.72).

Contudo, uma presença mais efetiva da Igreja nesta região só ocorreria a partir de 1909.

Neste ano foi criada a Prelazia do Rio Branco, desmembrada da Diocese de Manaus. Tal decisão foi

motivada pela situação da igreja católica na Amazônia, e no Brasil como um todo, durante o final

do século XIX e início do XX.

Instituição que esteve presente de forma ativa desde os primeiros tempos da colonização do

Brasil, a Igreja Católica manteve durante todo o período colonial e imperial uma estreita relação

com o Estado, obtendo o status de religião oficial. Contudo, a proclamação da República em 1889

trouxe uma alteração deste vínculo, com a desvinculação da Igreja do aparelho estatal e a extinção

da instituição do padroado.

No entanto, este fato não significou um total enfraquecimento da Igreja Católica, pois

constituiu uma oportunidade de realizar uma reorganização de si mesma enquanto instituição. Uma

das principais consequências deste processo será a chegada ao Brasil de inúmeras ordens religiosas

que se dedicarão a diversas atividades, como a catequese, saúde e educação. Nestas duas últimas

áreas se destacarão a atuação das ordens religiosas femininas (NUNES, 2004).

No que corresponde a Região Amazônica, esse fenômeno de reestruturação da Igreja

também pode ser observado, um processo que Possidônio da Mata (1992) chama de “retomada

missionária”, com a instalação de um considerável contingente de ordens religiosas na região.

Um aspecto desta renovação que merece ser destacado diz respeito à forte presença de

congregações religiosas femininas entre as ordens que viriam a se instalar na região amazônica em

fins do século XIX e início do século XX. Para da Mata:

A história deste período da Igreja na Amazônia está profundamente marcada pela presença

feminina, ou melhor, pela presença da vida religiosa feminina; fato relevante por que até

então a evangelização vinha sendo feita por ordens religiosas masculinas. A mulher

missionária é a grande novidade na vida da Igreja na Amazônia: chegaram as Dorotéias (em

1877), as Filhas de Sant’Ana (em 1884), as Irmãs Terciárias Capuchinhas de Gênova

(1889), as Dominicanas (em 1902), as Irmãs de Santa Catarina dos Pobres (em 1903). O

que é mais significativo é que começaram a nascer congregações femininas na própria

região, como uma necessidade do trabalho realizado pelos religiosos, que exigia esta

presença (Ibidem, p.355).

Fundadas na Europa ou na própria região, as ordens religiosas femininas iriam, pela primeira

vez, cumprir um papel relevante na ação da Igreja amazônica, assumindo principalmente funções

3 A Carta Régia de 29 de novembro de 1694 teria entregue à influência dos carmelitas a região do rio Negro, que tem

como afluente o rio Branco.

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tradicionalmente atribuídas às mulheres, como a saúde e educação, com a fundação de inúmeras

escolas, asilos, orfanatos e hospitais. Esse fenômeno não se restringiu a Amazônia, mas pode ser

observado em todo o Brasil (NUNES, 2004).

Todo esse processo de mudanças foi acompanhado de uma reordenação do espaço

amazônico, com a gradual criação de unidades eclesiásticas, como prelazias, dioceses e bispados, de

forma a efetivar a presença da igreja na região. Nesse contexto situa-se a criação da Prelazia do Rio

Branco no início do século XX.

Os primeiros missionários chegaram a nova prelazia em abril de 1909, se estabelecendo

primeiramente em Boa Vista, principal agrupamento urbano da região, e depois se deslocando para

o interior, fixando-se no local conhecido como Capela. O deslocamento teria sido motivado por

conflitos com a elite local.

Neste período inicial da missão dos beneditinos no rio Branco os religiosos se dedicaram,

sobretudo, a educação e a catequese dos povos indígenas através das chamadas viagens de

desobriga. No campo educacional, foi fundada na região do Surumu uma escola para atender os

indígenas. No ano de 1912, os missionários mudaram novamente de residência, indo morar na

região da Serra Grande, local próximo de Boa Vista. O principal motivador da mudança teria sido o

assédio das doenças como a febre amarela, que levaram a morte dois missionários (DIOCESE DE

RORAIMA, 1980).

Uma vez superados os conflitos com a elite local os religiosos retornaram a Boa Vista em

1921, inaugurando desta forma uma nova fase da missão.

Conforme registrado no Anuário do Rio Branco, as primeiras missionárias da Congregação

Beneditina chegaram a Boa Vista em 1922.

Segundo as fontes consultadas, essa nova fase da missão, posterior ao regresso dos

beneditinos a Boa Vista, foi marcada pelo entusiasmo, com a criação de novos projetos por parte

dos missionários. Entre estes projetos encontra-se a criação da infraestrutura necessária a suas

atividades, com a construção de várias edificações, como residências para os padres e as madres, e

também edifícios destinados a abrigarem um hospital e escolas (VIEIRA, 2007; DIOCESE DE

RORAIMA, 1980). No entanto, muitos destes projetos não chegaram a ser implantados devido à

falta de recursos da missão.

O projeto de construção do hospital foi um dos pouco concluídos, tendo a instituição de

saúde ficado sob a responsabilidade das irmãs beneditinas. A respeito do hospital observou-se que:

Serve de hospital a pequena casa construída anos antes ao lado da escola, e isto tanto

melhor desde que ela tem sido remodelada, aumentada e conveniente instalada. [...] As ven.

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Madres recusaram-se a morar no novo e vasto edifício e por motivo justo, pois acha-se o

mesmo bastante afastado da igreja, da escola e do hospital atual (ANUÁRIO DO RIO

BRANCO. S.d.. p.18).

Por muitos anos o estabelecimento de saúde, localizado na confluência da Rua Inácio

Magalhães com a Av. Bento Brasil, denominado “Hospital Nossa Senhora de Fátima”, foi o único

existente na região, sendo responsável pelo atendimento dos moradores de Boa Vista e arredores.

Além do atendimento aos enfermos, as religiosas desenvolviam outras atividades, como a

fabricação de remédios, além de toda a administração do hospital.

Durante esse período muitas moléstias vitimavam a população local, dentre as quais se

destacavam a malária e a febre amarela, ambas tratadas, principalmente, com a ministração do

remédio conhecido como quinino. As enfermidades que assolavam a região não faziam distinção e

custaram a vida de muitos religiosos da Ordem Beneditina, bem como de membros da população.

Entre as religiosas mortas encontram-se a Irmã Venância Shweiger (1936), Luitfrieda Böhringer

(1937), Gabriela Hellmann (1938), Iva Brückl (1946), Odilia Alves da Silva (1944) (CIRINO, 2000,

p.125).

No campo da educação as missionárias beneditinas se dedicaram principalmente a educação

de meninas e moças com a fundação do Colégio São José, que foi primeiramente conhecido como

Escola da Prelazia. No ano de 1934 o colégio passa para a direção das religiosas beneditinas,

transformando-se numa instituição de ensino exclusivamente feminina. As fontes nos dão conta de

que:

As irmãs beneditinas administravam uma escola primária fundada pelas mesmas em

1922.[...] Anexo à escola funcionavam cursos de trabalhos manuais (corte e costura,

bordados, etc.) para moças e senhoras. As irmãs dirigiam também um internato de meninas

índias em Boa Vista (DIOCESE DE RORAIMA, 1980. p.15).

Ambas as instituições de ensino, Colégio São José e Internato Santa Terezinha,

permaneceram por muitos anos sob a direção das religiosas e mantiveram seu caráter de espaço

voltado exclusivamente para a educação feminina.

Como é possível apreender pelo exposto acima, as madres beneditinas ficaram encarregadas,

sobretudo, das atividades na área educacional e da saúde, tendo inclusive se recusado a residir

afastadas dos locais onde exerciam estas atividades. O Anuário do Rio Branco, no entanto, enfatiza

que seria necessária a construção de uma residência para as “boas Madres que tão valiosos serviços

prestam a nós e a população inteira” (ANUÁRIO DO RIO BRANCO. S.d., p. 18-19).

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Ainda em relação às atividades exercidas pelas irmãs beneditinas no rio Branco, as

condições enfrentadas pela missão teriam levado as mesmas a ultrapassar as atividades

tradicionalmente exercidas por religiosas (NUNES, 2004).

Segundo o Padre Raimundo Vanthuy Neto, as veneradas madres beneditinas atuaram

também no serviço de catequese dos indígenas, tarefa geralmente delegada aos membros

masculinos da missão. A esse respeito afirma o mencionado pesquisador:

As irmãs beneditinas também adentram por esta via, no serviço da catequese nas malocas

Wapixana. Ao que tudo indica as mesmas foram ao rio Branco em 1922, para trabalhar na

saúde e educação das meninas, porém a falta de missionários as lança em tal missão

(VANTHUY NETO, 2000, p.92). [grifo nosso]

Esse fato é mencionado na documentação com a afirmação de que “em alguns pontos mais

acessíveis do interior, as Irmãs beneditinas catequizam também muitos índios ensinando-lhes ao

mesmo tempo as primeiras letras” (ANUÁRIO DO RIO BRANCO. S.d, p. 19).

É interessante observar que esta participação das madres na catequese é sempre vista como

uma exceção, uma fuga da situação ideal, causada pela escassez de recursos materiais e humanos de

que sofria a Igreja no rio Branco. A situação ideal neste caso teria sido a dedicação exclusiva das

irmãs as tarefas mais condizentes com sua condição de mulheres e de religiosas: o serviço junto às

crianças (principalmente do sexo feminino), aos doentes e aos desvalidos, seja através das escolas

ou do serviço na saúde.

O trabalho das missionárias é quase sempre mencionado nas fontes com um tom de

exaltação, como na conferência proferida pelo então bispo da missão beneditina no rio Branco,

Dom Pedro Eggerath, intitulada “O vale e os índios do Rio Branco”:

Trabalhando ainda como professores e enfermeiros, são seus esforços [dos missionários]

secundados pela dedicadas Irmãs Missionarias Benedictinas que lançam nos lares a

semente de farta messe futura, seja acudindo às famílias doentes, seja instruindo as moças

em costuras e outras artes applicadas, seja ensinando o muito que sabem e conhecem

(EGGERATH, 1924.p.56). [grifo nosso]

Elogios ao trabalho das religiosas beneditinas também podem ser encontrados nos relatos

deixados por viajantes estrangeiros que passaram pelo vale rio Branco na primeira metade do século

XX. Um destes foi o americano Hamilton Rice, que liderou uma expedição a região do atual estado

de Roraima em 1924. No breve período em que esteve em Boa Vista Rice registrou o seguinte

comentário sobre os religiosos da região:

A influência das freiras e dos monges Beneditinos residentes em Boa Vista é real nas

relações sociais e familiais, pois o grau de moralidade é elevado; a população branca e os

mamelucos são verdadeiramente civilizados. Nota-se em seus trajes, suas maneiras, sua

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amabilidade, qualidades que não são apanágio habitual das comunidades selvagens (RICE,

1978. p.25).

Apesar de tecer algumas críticas referentes a deficiência na produção de alimentos e a falta

de autoridades judiciais por ele presenciadas, ao olhar deste estrangeiro o toque de civilidade que

percebeu nos moradores da pequena vila de Boa Vista era consequência das ações dos religiosos

beneditinos, pois a mesma não estaria naturalmente presente nos selvagens.

Na década de 30 do século passado, o viajante inglês Evelyn Waugh, no irônico relato de

sua passagem por Roraima, assim descreveu a atuação das freiras beneditinas:

Se na cidade [Boa Vista] podia-se ainda achar algo de bom por menor que fosse, esse bem

tinha sido preservado pelas silenciosas, incansáveis, esforçadas Madres, que viviam numa

pavorosa habitação, perto da beira do rio e faziam funcionar uma escola para um número

reduzido de filhos de ricaços. Elas cuidavam também e davam hospitalidade a uma pessoa

de cor e a um garimpeiro que tinham chegado em Boa Vista de lugares diferentes. As

Madres não ligavam nem um pouco para os preconceitos da cidade (WAUGH, 1986.

p.30). [grifo nosso]

Este viajante permaneceu na região do rio Branco durante 21 dias, período descrito em

detalhes em seu relato intitulado “Noventa e dois dias: Reportagem de uma viagem aos trópicos

através da Guiana e parte do Brasil”. A narrativa de sua passagem por Roraima e sua estadia de 14

dias em Boa Vista é marcada pela ironia e não poupa críticas ao local e seus habitantes, os quais

descreve em um tom quase caricatural.

Porém, é curioso observar que o tom utilizado pelo estrangeiro Waugh e aquele usado por

Dom Pedro Eggerath para se referir à atuação das irmãs beneditinas em muito se aproxima. No caso

de Waugh, pode-se apreender que esta atuação, juntamente com os prédios da Prelazia e da Igreja

Matriz, são os únicos aspectos de Boa Vista que merecem alguma consideração e,

consequentemente, elogios por parte do mordaz viajante inglês.

Evelyn Waugh faz nova menção às beneditinas ao relatar sua experiência com a missa

celebrada na Igreja Matriz, ao qual teve oportunidade de assistir. Afirma ele:

Considerando a penúria do lugar, fiquei surpreso em ver muita gente ir a igreja. Penso que

o povo ia à igreja para ouvir os cantos nasalizados das meninas da escola, o único

entretenimento da semana. As meninas, guiadas para seus lugares nos bancos pela Madre

Beneditina, vestiam cândidos véus de musselina – as filhas dos fazendeiros usavam luvas

brancas de algodão – muitas medalhas com fitas coloridas e faixas de seda, segundo

diferente grau de piedade. Elas cantavam curtos e melífluos hinos em português, com vozes

hesitantes e apenas sussurradas (Ibidem, p.35).

A fala de Waugh destaca o papel das madres como educadoras e guias das “meninas da

escola” [São José]. É interessante observar que enquanto elogia a atuação das religiosas beneditinas,

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chegando a afirmar que estas “não ligavam nem um pouco para os preconceitos da cidade” (1986.

p.30), o viajante inglês não poupa críticas ao restante da missão beneditina.

Contudo, as missionárias da Ordem Beneditina também foram alvo de severas críticas. A

principal fonte destas foi o Serviço de Proteção ao Índio (SPI). Este órgão teve suas relações com os

missionários marcadas por forte tensão, com graves acusações mútuas. A missão beneditina foi

acusada pelo órgão de “racismo, descaso com a saúde, exploração da força de trabalho das crianças

índias e mercantilismo com a educação” (CIRINO, 2000, p.136).

O hospital administrado pelas irmãs beneditinas também sofreu críticas por parte do SPI.

Em relatório de Inspeção do órgão datado de 1942 os funcionários acusam as missionárias de

mercantilização dos serviços de saúde que prestavam à população. As escolas mantidas pela Igreja

Católica também foram alvo das censuras, principalmente aquelas voltadas para as crianças

indígenas. O SPI acusou os missionários de negligenciar a educação destas, além de explorar-lhes a

mão de obra em serviços domésticos, agricultura e horticultura (Idem, Ibidem).

É importante destacar que a tensão existente entre o SPI e a missão beneditina deveu-se,

dentre outros fatores, aos distintos projetos que as duas instituições possuíam para os indígenas do

vale do Rio Branco4.

Uma nova Ordem no rio Branco

Em 1948 os missionários beneditinos se retiram do vale do rio Branco, sendo a Prelazia

então assumida por uma nova ordem religiosa, o Instituto Missionário da Consolata de Turim

(Itália). O motivo alegado pela ordem de São Bento foi à falta de recursos para continuar o trabalho

missionário.

Dados da Diocese de Roraima atestam que passaram pela região do atual estado de Roraima,

a serviço da missão beneditina, um total de 20 missionários, 10 irmãos leigos e 27 missionárias.

Esses números confirmam que, em termos quantitativos, a presença feminina sempre foi mais

expressiva (DIOCESE DE RORAIMA, 1980. p.15).

4 A esse respeito, consultar: SANTILLI, Paulo José Brando. Os filhos da nação. In: Revista de Antropologia. São Paulo:

USP, 1989.p.427-456; COSTA, Miguel da; VIEIRA, Jaci Guilherme. A Fazenda São Marcos e Serviço de Proteção aos

Índios no Rio Branco. In: ________. O Rio Branco se enche de História. Boa Vista: EDUFRR, 2008. p.149-196;

LIMA, Galvani Pereira de; SANTOS, Raimundo Nonato Gomes dos. A criança indígena e sua relação com a sociedade

do Vale do Rio Branco nas primeiras décadas do século XX. In: ________. O Rio Branco se enche de História. Boa

Vista: EDUFRR, 2008. p.221-248.

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A congregação religiosa que assumiu a região era de fundação recente, tendo sido idealizada

pelo Padre José Allamano, um sacerdote diocesano de Turim, no início do século XX. Allamano é

considerado o fundador do instituto, cuja criação se deu em 29 de Janeiro de 1901. A nova

instituição recebeu o nome de Instituto Consolata para Missões Estrangeiras, e dá início as suas

atividades com o envio de missionários para o continente africano (ARAÚJO, 2006).

A proposta do sacerdote diocesano era a criação de uma congregação de religiosos para o

trabalho missionário, focada no envio de religiosos para países longínquos, com o objetivo de

desenvolver as atividades de evangelização. Esta continua sendo uma das principais características

desta congregação religiosa (Idem, Ibidem).

Inicialmente o Instituto reunia apenas membros do sexo masculino. A inclusão de religiosas

no trabalho missionário da Consolata só ocorreu nove anos após o início da instituição, em 1910,

com a criação do Instituto das Irmãs Missionárias da Consolata (Idem, Ibidem).

Como é possível perceber pelo exposto até agora, o Instituto Missionário da Consolata se

diferenciava da congregação religiosa até então presente no vale do rio Branco, isto é, a

Congregação Beneditina de Tutzing (Baviera).

Do mesmo modo que havia ocorrido com os beneditinos, e espelhando a própria criação da

Ordem, os membros masculinos da missão foram os primeiros a chegar a região do rio Branco.

O primeiro grupo de religiosos da nova ordem chegou a Boa Vista em 14 de junho de 1948.

O grupo, tendo a frente o novo bispo Dom. José Nepote, era composto por sete (7) missionários,

todos homens (DIOCESE DE RORAIMA, 1980. p.16).

As irmãs missionárias da Consolata somente chegaram a região em maio de 1949, sendo o

grupo composto por oito (8) religiosas vindas com a missão de substituir as beneditinas.

Como consequência, as Missionárias da Consolata assumiram a direção do Hospital Nossa

Senhora de Fátima, que até então esteve a cargo das beneditinas. Esta instituição de saúde foi por

muito tempo a única da região até a criação, pela Diocese, de mais dois hospitais: um na Missão

São José, região do Surumu, chamado Hospital São Camilo, fundado em 1964, e o outro chamado

Hospital Bom Samaritano, fundado em 1976. Entre as atividades desenvolvidas pelas missionárias

estava a direção do hospital e o treinamento de pessoas para atuarem como profissionais de saúde

nas unidades mantidas pela Igreja (ARAÚJO, 2006).

Na cidade de Boa Vista o Hospital Nossa Senhora de Fátima foi a única unidade hospitalar

até a criação dos primeiros hospitais e maternidades públicos. O primeiro hospital público, o

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Hospital Coronel Mota, só foi implantado em 1968. No ano de 1985 a Diocese decidiu pelo

fechamento do hospital em virtude de dificuldades financeiras (ARAÚJO, 2006).

O prédio onde funcionava o hospital foi transformado em um Centro Cultural, tendo

posteriormente permanecido em estado de abandono por muitos anos, levando a progressiva

deterioração da edificação. A Diocese de Roraima sempre alegou não possuir recursos para investir

na conservação deste e dos demais prédios históricos da instituição, muitos dos quais sofreram do

mesmo abandono.

Um novo e polêmico capítulo da história do Hospital Nossa Senhora de Fátima foi escrito

em fevereiro de 2015, quando o prédio foi demolido após ter sido destombado pela Prefeitura de

Boa Vista. A ação gerou inúmeras críticas, pois supostos interesses imobiliários teriam motivado a

demolição. O destombamento causa ainda mais estranheza com a descoberta de que o edifício

nunca foi tombado pela Prefeitura, mas sim pelo Governo Estadual5.

Não é possível perceber uma grande mudança em relação ao papel desempenhado pelas

integrantes femininas das duas ordens. As irmãs da Consolata assumiram as atividades que até

então eram atribuições das suas predecessoras, como as escolas mantidas pela Igreja em Boa Vista e

o hospital-maternidade Nossa Senhora de Fátima, que atendia a população local.

Dados da Igreja (DIOCESE DE RORAIMA, 1980) nos dão conta da situação da Prelazia do

Rio Branco no ano de 1954. Segundo esses dados, em número de membros temos a seguinte

situação:

Pessoal:

BISPO_____________________1 PADRES___________________8

IRMÃOS LEIGOS___________1 IRMÃS____________________14

PROFESSORES LEIGOS_____10

Por sua vez, os recursos humanos a disposição da Diocese de Roraima em 1980 são assim

listados:

5 Consultar NASCIMENTO, Claudia Helena Campos; GUEDES, Alyene A.da S.Camapum.

Eutanásia do Patrimônio Cultural Roraimense: O Hospital Nossa Senhora de Fátima, Boa Vista/RR. In: BAPTAGLIN,

Leila Adriana (Org.). I Seminário de Patrimônio, Arte e cultura na Amazônia: a educação patrimonial em foco.

(Anais Eletrônicos) p. 19-27; RAMALHO, Paulina Onofre; GONZALES, Nadyne Silva; Silva, Tamires Moraes e.

Patrimônio Histórico de Boa Vista: Entre Velhos e Novos Problemas. In: BAPTAGLIN, Leila Adriana (Org.). I

Seminário de Patrimônio, Arte e cultura na Amazônia: a educação patrimonial em foco. (Anais Eletrônicos) p. 67-

75.

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Pessoal:

BISPO_____________________1 PADRES___________________20 IRMÃOS LEIGOS___________5 IRMÃS____________________33

VOLUNTÁRIOS LEIGOS_____10

Como pode ser observado, o número de madres supera o de religiosos do sexo masculino,

embora estes últimos tenham mais visibilidade no cenário social, sobretudo figuras emblemáticas

como os bispos Dom Pedro Eggerath, Dom Alcuino Meyer, Dom José Nepote e Dom Aldo

Mongiano. Um indício desta situação diz respeito aos cargos de comando. As religiosas somente

assumiam a direção quando se tratava das escolas para meninas, hospitais e pastorais ligadas as suas

áreas de atuação (saúde e educação), ficando excluídas, por exemplo, da chefia de paróquias e áreas

missionárias, bem como dos órgãos pastorais (DIOCESE DE RORAIMA, 1980).

Essa ausência deve-se ao fato de que as atividades desenvolvidas pelos missionários da

Consolata no rio Branco eram marcadas por uma distribuição baseada no sexo dos religiosos. Uma

evidência dessa situação foi à mudança na atuação da ordem da Consolata junto aos povos

indígenas a partir do final da década de 1960.

Até os anos 1960, os religiosos do rio Branco se dedicavam, sobretudo, a evangelização das

várias etnias da região através da chamada catequese da desobriga. Contudo, a missão da Consolata

no atual estado de Roraima conheceu uma nova fase a partir deste período. As mudanças ocorridas

diziam respeito, principalmente, à forma como a Igreja conduzia sua prática missionária. O que

havia predominado até então fora a catequese e a tentativa de incorporação dos indígenas a

sociedade nacional, ou seja, a sociedade não-índia. Além disso, a igreja buscava uma mediação, de

modo a evitar possíveis conflitos entre indígenas e não-indígenas (VIEIRA, 2007; ARAÚJO, 2006).

No entanto, essa postura iria se modificar e a Igreja Católica de Roraima passaria a

desenvolver uma atividade missionária voltada para os povos indígenas e a defesa dos seus direitos,

iniciando um período de relações conflituosas com a elite local (VIEIRA, 2007; ARAÚJO, 2006).

Essa nova forma de atuar da Ordem da Consolata deu-se, sobretudo, no incentivo a organização

indígenas através de reuniões dos líderes indígenas (Assembleias de Tuxauas) e na defesa da

demarcação das terras tradicionalmente ocupadas pelas etnias indígenas (VIEIRA, 2007).

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A pesquisadora Melvina Araújo (2006), ao estudar a atuação da Ordem Missionária da

Consolata no que se refere à saúde indígena, afirma que esse setor somente começou a sofrer

mudanças em seu modo de atuação no início dos anos 1980, ou seja, num período bem posterior ao

ocorrido na área da política indigenista da Igreja de Roraima. Segundo Araújo:

O descompasso entre a mudança de percepção ocorrida noutros setores da missão e naquele

concernente às atividades curativas relaciona-se, provavelmente, à divisão sexual do

trabalho na missão no qual às mulheres eram destinadas as atividades de educação e,

sobretudo, de cuidado dos enfermos e, aos homens, aquelas ligadas à política e as relações

com o mundo laico (2006, p180).

Ainda segundo esta pesquisadora, não é possível encontrar referências às religiosas nos

documentos que tratam da nova ação da igreja junto aos índios que, como afirmado acima, se

iniciou no final da década de 1960 e se consolidou na de 1970. Como observa Araújo, “a ala

feminina da missão parecia não se envolver como o que ocorria no restante da missão,

particularmente na intervenção nas relações entre índios e não-índios” (Idem, Ibidem, p180).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como é possível observar pelo que foi exposto até agora, ambas as missões que atuaram na

região do rio Branco durante o século XX (Beneditina e Consolata) foram marcadas por uma

profunda divisão do trabalho baseada nas construções de gênero. As mulheres quase sempre foram

encarregadas de tarefas tradicionalmente aceitas como femininas, como a educação (em especial

das meninas e moças) e o cuidado com os enfermos. Sua participação em atividades masculinas,

como a catequese, era quase sempre tida como uma exceção necessária devido ao escasso número

de missionários com que contava a Igreja, especialmente no período beneditino.

Contudo, apesar disso, pode-se apreender que a atuação destas religiosas as transformou em

atores consideráveis na sociedade, em um período em que poucos eram os espaços que uma mulher

poderia ocupar fora do lar.

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Referências

ANUÁRIO DO RIO BRANCO. São Paulo: Tipografia beneditina de Santa Maria, S.d.

ARAÚJO, Melvina. Do corpo à alma: Missionários da Consolata e índios Macuxi em Roraima. São

Paulo: Associação Editorial Humanitas/FAPESP, 2006.

CIRINO, Carlos Alberto Marinho. A “Boa Nova” na língua indígena: contornos da evangelização

dos wapichana no século XX. São Paulo: 2000. Tese (Doutorado em Antropologia). Pontifícia

Universidade Católica de São Paulo.

DIOCESE DE RORAIMA. Uma Igreja a caminho. Boa Vista: Diocese de Roraima, 1980.

EGGERATH, Pedro. O vale e os índios do Rio Branco. Rio de Janeiro: Tipografia Universal, 1924.

MATA, Possidônio da. A Igreja Católica na Amazônia da atualidade. In: HOORNAERT, Eduardo

(Coord.). História da Igreja na Amazônia. Petrópolis: Vozes, 1992. p.341-365.

NUNES, Maria José Rosado. Freiras no Brasil. In: DEL PRIORE, Mary (Org.). História das

mulheres no Brasil. 7 ed. São Paulo: Contexto, 2004. p.482-509.

REIS, Arthur César Ferreira. História do Amazonas. 2 ed. Belo Horizonte: Itatiaia, 1989.

RICE, Hamilton. Exploração na Guiana brasileira. Belo Horizonte: Itatiaia/USP, 1978.

VANTHUY NETO, Raimundo. Dirigir almas e servir ao jeito de muitos: A missão dos Beneditinos

junto aos povos indígenas de Roraima - 1909 /1948. São Paulo: 2000. Dissertação (Mestrado em

Teologia Dogmática) /Pontifícia Faculdade de Teologia Nossa Senhora de Assunção.

VIEIRA, Jaci Guilherme. Missionários, fazendeiros e índios em Roraima: a disputa pela terra –

1777 a 1980. Boa Vista: EDUFRR, 2007.

WAUGH, Evelyn. Noventa e dois dias: Reportagem de uma viagem aos trópicos através da Guiana

e parte do Brasil. Boa Vista: CIDR, 1986.

The Action of Female Catholic Religious in Roraima

Astract: Between the end of the nineteenth century and the beginning of the twentieth century the

history of the Catholic Church in the Amazon region is marked by the installation of several

religious women religious congregations, which would play important roles in the region. In this

context, the present work focuses on the work of the religious of the orders Beneditina and

Consolata in the valley of Rio Branco, present state of Roraima, throughout the twentieth century.

Keywords: Religion; Catholicism; Education; Politics; Gender.