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111 Contabilidade e Gestão, n.º 5, 111 – 137 A avaliação da atitude dos profissionais de contabilidade face à ética: um estudo empírico Francisco Carreira Escola Superior de Ciências Empresariais do Instituto Politécnico de Setúbal [email protected] Cristina Gonçalves Escola Superior de Gestão, Hotelaria e Turismo da Universidade do Algarve [email protected] (Recebido em 5 de Setembro de 2005; Aceite em 30 de Março de 2008) Resumo: A ética é um tema que tem adquirido uma importância crescente para aca- démicos e profissionais. Diversos investigadores defendem que a ética pode ser “aprendida”, no entanto, tanto quanto sabemos, não existe nenhum es- tudo que relacione a leccionação de uma unidade curricular em ética com a atitude dos participantes relativamente à mesma. Consequentemente, o objectivo desta investigação é avaliar o posicionamento da atitude de grupos de indivíduos face à ética antes e após formação em ética e, desde modo, aferir até que ponto é possível, como vários investigadores afirmam, um participante alterar as suas atitudes, e no caso em concreto, a sua ética profissional. A metodologia utilizada assentou numa abordagem investigação-acção, tendo como suporte um questionário unidimensional concebido de forma a aferir a atitude dos participantes face à ética, em dois momentos distin- tos, antes e depois da leccionação do módulo de Deontologia e Conduta Profissional. Os resultados obtidos confirmam, pelo menos neste grupo de formação, que houve alguma alteração na atitude face à ética, pelo que se justificou a inclusão do módulo de Deontologia e Conduta Profissional na es- trutura curricular, que na nossa opinião explica, parcialmente, os resultados obtidos. Palavras-chave: Ética, Deontologia, Atitude, Crença, Profissionais de Contabilidade.

A avaliação da atitude dos profissionais de … · percursor foi Aristóteles. isto é, de uma forma mais pragmática a deontologia corresponde a “um conjunto de regras de que

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Contabilidade e Gestão, n.º 5, 111 – 137

A avaliação da atitude dos profissionais de contabilidade face à ética: um estudo empírico

Francisco carreiraescola Superior de ciências empresariais do instituto Politécnico de Setúbal

[email protected]

cristina Gonçalvesescola Superior de Gestão, Hotelaria e turismo da Universidade do Algarve

[email protected](Recebido em 5 de Setembro de 2005; Aceite em 30 de Março de 2008)

Resumo:A ética é um tema que tem adquirido uma importância crescente para aca-

démicos e profissionais. diversos investigadores defendem que a ética pode ser “aprendida”, no entanto, tanto quanto sabemos, não existe nenhum es-tudo que relacione a leccionação de uma unidade curricular em ética com a atitude dos participantes relativamente à mesma. consequentemente, o objectivo desta investigação é avaliar o posicionamento da atitude de grupos de indivíduos face à ética antes e após formação em ética e, desde modo, aferir até que ponto é possível, como vários investigadores afirmam, um participante alterar as suas atitudes, e no caso em concreto, a sua ética profissional.

A metodologia utilizada assentou numa abordagem investigação-acção, tendo como suporte um questionário unidimensional concebido de forma a aferir a atitude dos participantes face à ética, em dois momentos distin-tos, antes e depois da leccionação do módulo de deontologia e conduta Profissional. os resultados obtidos confirmam, pelo menos neste grupo de formação, que houve alguma alteração na atitude face à ética, pelo que se justificou a inclusão do módulo de deontologia e conduta Profissional na es-trutura curricular, que na nossa opinião explica, parcialmente, os resultados obtidos.

Palavras-chave: Ética, deontologia, Atitude, crença, Profissionais de contabilidade.

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the evaluation of the attitude of the accounting professional towards to the ethics: an empirical study

Abstract

ethics is a prominent topic within academics and professionals. Although several researchers defend ethics should be “learned”, as far as we know, there cannot be traced a single study which brings into relation the teaching of ethics with the participants’ attitude toward it (ethics). therefore, this re-search ascertains to evaluate the positioning of individuals’ attitude toward ethics before and afterwards training, in order to collate to what extent a participant may change attitude and, in particular, his or her professional ethics.

this study uses a research-action methodology relying upon a unidimen-sional questionnaire, tailored to compare the participants’ attitude toward ethics in two distinct moments: before and after the teaching of the module deontology and Professional Behaviour. evidence is consistent with the idea that there is indeed a behavioural change. this research justifies the inclu-sion of the aforementioned module and we do believe it partially explains the results of our investigation.

Key-words: ethics, deontology, Attitude, Belief, Accountants.

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IntRoduÇÃo

A ética tem ganho actualidade, em especial nestas duas últimas décadas, como se pode aferir pelo crescente número de publicações e pelo aparecimento de cada vez mais códigos deontológicos/conduta relativos a profissões, actividades ou organizações. nesse sentido pode-se afirmar que esta temática tem adquirido uma importância crescente para académicos e profissionais.

Apesar de reconhecermos a sua crescente importância, quer científica quer profissional, este trabalho não é relativo ao estudo da ética na sua acepção mais “pura”, isto é, o estudo dos conceitos envolvidos no raciocínio prático como o bem, a acção correcta, o dever, a obrigação, a virtude, a liberdade, a racionalidade, a escolha, assim como as características objectivas e subjectivas, que as afirmações feitas nestes termos possam representar (Blackburn: 1997). Assim como não é relativo ao estudo da ética prática, em si, ou seja no sentido defendido, nomeadamente, por Argandoña (1997: 64) “a ciência que estuda a conduta do homem, para ajudá-lo a alcançar o seu fim. É uma ciência, não uma crença ou o fruto de um consenso político; é um saber que pode aprender-se com a ajuda da razão e da experiência. É uma ciência prática: não se estuda para saber mas para actuar. É uma ciência normativa: não diz como actua a maioria – isso é a sociologia – mas sim como devemos actuar”. o nosso objecto de trabalho é mais restrito: determinar se a leccionação de um módulo relativo a temáticas relacionadas com a ética muda a atitude do formando relativamente a esta. Para se saber se houve alteração de atitude é necessário identificar a atitude dos participantes face aos dilemas éticos criados pelas práticas reais ligadas a uma actividade (profissional, empresarial ou científica).

esta abordagem da ética pela análise dos dilemas éticos é denominada por ética aplicada (denominam-se por eticistas os especialistas em ética prática) pois procura-se analisar os problemas práticos derivados da actividade à luz dos princípios éticos. esta forma de análise não está isenta de críticas dado que o conceito de evidência ética declina esta necessidade de várias éticas aplicadas (Russ, 1994).

As actividades associadas à área da contabilidade são de cariz técnico ou científico. optámos por esta área, porque em nosso entender os dilemas éticos, a este nível, têm implicações significativas em terceiros, nomeadamente o estado.

As actividades técnicas associadas à contabilidade encontram-se plasmadas num conjunto de profissões: técnicos oficiais de contas (toc),

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Revisores oficiais de contas (Roc), técnicos de contabilidade, contabilistas, etc.. A ética quando aplicada a actividades profissionais é denominada por deontologia.

A deontologia deriva de um sistema ético baseado na noção do dever, enunciado por Kant, em oposição “com os sistemas éticos baseados na ideia de atingir um certo estado de coisas (…), ou nas qualidades de carácter necessárias para viver bem.” (Blackburn; 1997: 145). ou seja, a ética deontológica rejeita a noção que o valor de uma acção deriva inteiramente do valor das suas consequências (consequencialismo) e a noção de que o valor de uma acção pode derivar do tipo de pessoa de cuja acção se trata (corajoso, justo, etc.), explorada pela ética da virtude, cujo percursor foi Aristóteles. isto é, de uma forma mais pragmática a deontologia corresponde a “um conjunto de regras de que uma profissão, ou parte dela, se dota através duma organização profissional, que se torna a instância de elaboração, de prática, de vigilância e de aplicação destas regras.” (Mercier; 2003: 6). Quando estas regras se encontram formalizadas dão origem aos códigos deontológicos ou de conduta, tendo muitas vezes como objectivo principal “indicar um novo padrão de conduta” (Lisboa; 1997: 59).

Anteriormente referimos as profissões que se relacionam com a contabilidade, encontrando-se duas delas regulamentadas: toc e Roc. estas são de interesse público e, por isso, encontram-se regulamentadas por leis, nomeadamente, o estatuto da câmara dos técnicos de contas, decreto-Lei n.º 452/99, de 5 de novembro (MF, 1999a) e o estatuto dos Revisores oficiais de contas, decreto-Lei n.º 487/99, de 16 de novembro (MF, 1999b), competindo à câmara dos técnicos oficiais de contas (artigo 1.º, MF, 1999a) e à ordem dos Revisores oficiais de contas (artigo 1.º, MF, 1999b), respectivamente, representar os interesses profissionais e superintender em todos os aspectos relacionados com o exercício das respectivas funções). o toc e o Roc, apesar de exercerem funções distintas (artigo 6.º e artigo 40.º, dos respectivos estatutos), “trabalham” a contabilidade e, consequentemente, partilham, frequentemente, os mesmos dilemas éticos, nomeadamente, a título de exemplo “o interesse da entidade versus interesses de terceiros”; “imagem verdadeira e apropriada versus normativos”. Ambas as profissões têm, também, códigos deontológicos, que como não poderia deixar de ser, apresentam muitos aspectos em comum.

não constituímos como objectivo deste capítulo a análise dos códigos deontológicos destas profissões, apesar da sua importância, nem tão pouco aferir qual o desempenho ético dos profissionais da contabilidade (sejam ou não toc ou Roc).

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o objectivo deste trabalho é aferir até que ponto a leccionação de matérias relativas ao estudo da ética aplicada a uma actividade profissional, relacionada com a contabilidade, contribui para a alteração do posicionamento da atitude dos participantes face à ética.

Para se atingir este objectivo expõe-se na secção 2 os conceitos de atitude e crença, à luz da psicologia social, dado que foram estes os conceitos instrumentalizados, tendo em vista o objecto da investigação. na secção 3 apresenta-se o estudo empírico realizado e na secção 4 explicitam-se as conclusões do estudo e as limitações do mesmo.

Para atingir o objectivo definido para este estudo empírico “aceitamos” o pressuposto teórico: A Ética pode ser ensinada, defendido pelos investigadores da ética aplicada e da psicologia social.

2. EnQuAdRAMEnto tEÓRIco

2.1. conceito de Atitudes

como referimos o objectivo deste trabalho é analisar se a leccionação de um módulo relativo à ética implica alteração na atitude do participante relativamente a esta. ou seja, aferir se um formando que tenha uma atitude pouco receptiva relativamente à sua praxis deontológica, passa a ter uma atitude mais favorável.

o conceito de atitude, à luz da psicologia social, não corresponde inteiramente ao significado da linguagem dia-a-dia. A expressão atitude é utilizada, correntemente, como significando “postura”, “modo de ter o corpo”, “propósito”, ou “norma de procedimento”. Paradoxalmente este conceito foi um dos que mais contribuiu para “dar identidade à psicologia social, posicionando-a como um elo de ligação entre a psicologia individual e a sociologia na medida em que permitia identificar o posicionamento de um indivíduo face à realidade social.” (Lima, 1996: 169).

de entre as várias definições de atitude subscrevemos a proposta por Ajzen (1988: 4), que apesar de muito sintética apresenta a vantagem de constituir uma boa aproximação ao conceito: “uma predisposição para responder de forma favorável ou desfavorável a um objecto, pessoa, instituição ou acontecimento”, que, concretizando para o caso em estudo, implica determinar a predisposição de um grupo de participantes relativamente às questões éticas que se colocam na sua actividade profissional.

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Para se determinar a predisposição é necessário analisar as atitudes dos indivíduos face a determinadas questões. As atitudes são “um instrumento conceptual integrativo elaborado a título de hipótese para explicar uma estrutura relativamente estável num indivíduo” (Leyens, 1994: 104), ou seja, são experiências subjectivas porque traduzem hipóteses, relativas a um objecto (pessoas/ situação/acontecimento/etc.) de elementos avaliativos (considero bem ou mal; penso que ele é mandrião ou trabalhador), afectivos (gosto ou não gosto dos intelectuais) e conativos (quero ou não quero fazer tal coisa). donde se infere que existirão tantas atitudes quanto indivíduos, dado que todos tem experiências subjectivas distintas, aprendidas de forma individual e intransmissível, o que se reflecte na resposta perante um objecto, pessoa ou acontecimento com uma predisposição de aceitação ou rejeição.

Apesar de à primeira vista parecer que a atitude corresponde ao comportamento, não é pacífica esta relação de causa (atitude) / efeito (comportamento), dado que o comportamento é influenciado também pelos traços de personalidade, devendo existir “coerência entre atitudes e comportamentos” (Lima, 1996: 194). A ausência desta coerência provoca ruptura “interna” no indivíduo (denominada por dissonância cognitiva).

A principal distinção entre atitude e traços de personalidade “reside no facto de as atitudes possuírem sempre uma componente avaliativa e serem dirigidas a um objecto específico (…) enquanto os traços de personalidade não são necessariamente avaliativos, mas descrevem tendências de resposta num dado domínio que, sem especificarem o alvo do comportamento, se centram no indivíduo.” (Lima, 1996: 170).

Acresce ainda que apesar de, quer as atitudes quer os traços de comportamento serem considerados relativamente estáveis, as atitudes são comparativamente “mais maleáveis, mais sujeitas a transformação por via da informação ou da experiência do indivíduo” (Lima, 1996: 170).

Para se entender as atitudes é necessário percepcionar a crença que os indivíduos possuem relativamente a um objecto. entendendo-se por crença “a informação de que uma pessoa dispõe acerca do objecto, face à qual se pode sempre associar uma probabilidade de veracidade” (Lima, 1996: 170). É através das crenças que o indivíduo argumenta para, numa discussão, defender a opinião, traduzindo-se numa posição “basicamente afectiva” (Lima, 1996: 171).

o anteriormente exposto pode ser traduzido na seguinte expressão:Atitude = f (avaliação das crenças pesado pela importância

que lhe é atribuída)

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existem ainda dois outros conceitos que envolvem a explicitação de preferências ou avaliações: os valores e a ideologia. os valores correspondem às “concepções centrais sobre o que é desejável a nível individual ou societal, que servem como padrões ou critérios para orientar não só a acção mas também a avaliação, as escolhas, as atitudes e as atribuições de causalidade. enquanto as atitudes se dirigem a um objecto, os valores são mais gerais e abstractos, transcendendo objectos e situações, e têm um carácter normativo que falta às atitudes” (Lima, 1996: 171). ideologia é um conceito mais abstracto, definido como “um sistema estruturado e estável de crenças e atitudes” (Lima, 1996: 172).

2.2. A importância do conceito “atitude”

A importância do conhecimento das atitudes é sobretudo pertinente ao nível interpessoal das relações. em qualquer situação, seja social ou profissional, a relação interpessoal deve guiar-se por padrões éticos, não sendo o objectivo desta investigação, como anteriormente referimos, o seu estudo a nível social, mas sim profissional.

A relação interpessoal (profissional, com clientes, com fornecedores, com o estado ou colegas, etc.) assente em padrões éticos não está, nem pode estar, desassociada da própria ética pessoal pois “só são possíveis se os membros da sociedade se comportarem de uma certa maneira enquanto cidadãos (…). depois, não seria muito coerente, os cidadãos optarem por princípios de justiça cuja realização implica, por exemplo, retenções fiscais, ao mesmo tempo que tentam subtrair-se a tais retenções subdeclarando os seus recursos” (Arnsperger et al., 2004: 95). ou seja, o que os autores referem corresponde ao conceito da consonância cognitiva entre a atitude e os comportamentos.

esta consciencialização encontra-se vertida em distintos códigos deontológicos (quer o código de Ética dos toc quer dos Roc incorporam esta preocupação - confrontar os artigos 8.º e 17.º e o artigo 17.º dos respectivos código de Ética), na medida em que um código deontológico “pode ser entendido como uma relação das práticas de comportamento que se espera que sejam observadas no exercício da profissão. As normas do código visam o bem-estar da sociedade, de forma a assegurar a lisura de procedimentos de seus membros dentro e fora da instituição”. e “um dos objectivos de um código de ética profissional é a formação da consciência profissional sobre padrões de conduta, (…) [contendo] asserções sobre princípios éticos gerais e regras particulares sobre problemas que surjam na prática da profissão. (…) Apesar de o código de ética profissional servir para

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coibir procedimentos antiéticos, este não é o seu principal objectivo. Seu objectivo primordial é expressar e encorajar o sentido de justiça e decência em cada membro organizado” (Lisboa, 1997: 58). A este propósito cravo (1999: 92) defende que “um código de ética deve agrupar, pelo menos, duas grandes áreas: relações para proteger o público, e relações intra-profissionais”.

como referenciamos anteriormente, segundo os investigadores da psicologia social para que seja possível conhecer as atitudes do participante relativamente à ética, estas terão de “ser medidas através das crenças, opiniões e avaliações dos participantes (…), e [a] forma mais directa de acedermos a estes conteúdos cognitivos é através da auto-descrição do posicionamento individual” (Lima, 1996: 174). Significa isto que, para se aferir a atitude relativamente a um acontecimento, facto ou situação é necessário determinar a crença associada a esse acontecimento, facto ou situação. e só é possível medir a crença, de modo directo, se o participante auto-descrever o seu posicionamento individual. esta auto-descrição pode ser avaliada através de entrevista ou inquérito.

A importância das atitudes para os indivíduos prende-se, também, com um conjunto relevante de funções: motivacionais, cognitivas, sociais e orientadas para a acção. dado o nosso objecto de estudo é particularmente importante a análise da importância das atitudes em função do papel cognitivo.

entendendo-se por cognição o “conjunto de operações de “tratamento da informação” através das quais, (…) o indivíduo elabora “representações” e efectua transformações sobre elas, utilizando-as por fim na organização dos seus comportamentos” (costermans, 2001: 13).

As funções cognitivas das atitudes assentam em duas teorias da psicologia social, o princípio do equilíbrio e o princípio da redução da dissonância cognitiva. o princípio do equilíbrio “foi formulado por Heider (…) para definir o princípio organizador do <<ambiente subjectivo>> do indivíduo, isto é, a forma como percepciona o meio em que vive” (Lima, 1996: 187). este ambiente subjectivo é composto por três elementos: indivíduo, entidade e relação, ou seja, a forma como os objectos e as pessoas (entidade) que compõem o ambiente são percepcionadas pelo indivíduo e o sentimento (relação) deste relativamente a esses objectos/ pessoas (positivo/negativo). de acordo com o princípio do equilíbrio o indivíduo procura “um estado harmonioso em que as entidades que estão na situação e os seus sentimentos se ajustam sem tensão (…) evitando assim a tensão” (Lima, 1996: 187).

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o princípio da redução da dissonância cognitiva “foi definido por Festinger (…) para explicar a necessidade que existe em todos os indivíduos de encontrarem consonância entre as diversas cognições que têm a respeito de um mesmo objecto” (Lima, 1996: 189). esta teoria socorre-se de dois conceitos fundamentais: cognição e dissonância. A cognição “entende tanto os pensamentos, atitudes e crenças dos indivíduos como os seus comportamentos, desde que sejam conscientes, isto é, que tenham uma representação cognitiva” enquanto a dissonância “entende a existência simultânea de cognições que não se ajustam entre si, isto é, em que a existência de uma cognição implica a presença do contrário da segunda cognição” (Lima, 1996: 189).

em síntese, o conhecimento das atitudes do indivíduo relativamente à ética permite que ao percebê-las poder-se-á actuar de forma a poder provocar mudança, conforme defendem Lima (1996) e Leyens (1994), entre outros. Pelo exposto evidenciamos as dimensões da crença na Figura n.º 1.

Figura n.º 1 – dimensões da crença

A dinâmica, acima esquematizada implica, como já referimos, o conhecimento das atitudes do indivíduo (nomeadamente através de um inquérito - metodologia que adoptámos). Ao se compreender as atitudes pode-se “trabalhar” de forma a provocar a mudança. esta mudança só será efectiva se a crença do indivíduo mudar. o que implica que a dimensão cognitiva (a forma como os objectos e/ou as pessoas que compõem o ambiente são percepcionados pelo indivíduo) e a dimensão afectivo/avaliativa (o sentimento (relação) do indivíduo relativamente a esses objectos e/ou pessoas) se alterem. consequentemente, é necessário medir estas duas dimensões para aferir a mudança (o inquérito, em anexo, está dividido em três grupos, pretendendo-se medir com o segundo grupo a

Atitude

Provocar a alteração da atitude por via da dimensão: • cognitiva • afectivo/avaliativo

dimensão cognitiva

dimensão afectivo/avaliativa

crenças

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dimensão cognitiva do participante e com o terceiro a dimensão afectiva/avaliativa desse mesmo participante).

2.3. (In) comparabilidade de estudos

inicialmente afirmámos que nos últimos anos têm sido publicados diversos trabalhos sobre ética. Alguns destes estudos têm como objectivo a ética aplicada a profissões relacionadas com a contabilidade. estas investigações assentam numa metodologia não participativa (“estática”), e procuram medir o desempenho ético de uma profissão, reportado a um determinado momento temporal.

As conclusões resultantes destes estudos, apesar de importantes, não são comparáveis com a investigação realizada. A referida incomparabilidade resulta do objectivo a que nos propusemos atingir – aferir se a atitude dos participantes face à ética se altera após a leccionação de um módulo sobre ética – ainda não ter sido estudado. e como referimos estes participantes deveriam ter como actividade profissional funções que se relacionassem com a contabilidade. como igualmente referimos, duas dessas profissões – toc e Roc – são particularmente relevantes na medida em que são de interesse público e, nesse sentido, encontraram-se regulamentadas.

Barata (1996) concluiu, após inquérito efectuado a 150 participantes, relativo a ética nos negócios, que a profissão de toc e Roc assim como a existência de códigos de conduta contribuíam significativamente para uma postura ética nos negócios.

outros estudos incidem sobre um aspecto particular da profissão. A título de exemplo Abreu e carreira (2007) concluíram que os utilizadores da informação se encontram dependentes da visão que os responsáveis têm da responsabilidade social no que concerne à divulgação da posição financeira e dos resultados da entidade. Apesar de juridicamente a responsabilidade da divulgação das informações não caber ao toc ou ao Roc, indubitavelmente não deixam de ter algumas responsabilidades nesta matéria.

na ausência de um estudo que incida sobre a atitude (predisposição), assente numa metodologia investigação – acção, aplicado à ética profissional de um conjunto de participantes com responsabilidades na área contabilística – objectivo pretendido – não é possível relacionar estes resultados com quaisquer outros, dado que não são comparáveis. A falta de resultados comparáveis é uma limitação desta investigação.

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3. EStudo EMPíRIco

3.1. Metodologia

como referimos a ética pode ser estudada à luz de problemas concretos sendo, por isso, aplicável a qualquer formação académica e, consequentemente, a qualquer actividade profissional.

os investigadores que defendem o estudo da ética aplicada, argumentam que o estudo deve assentar na discussão dos dilemas éticos, ou seja discutir uma “situação em que cada curso possível de acção viola um certo princípio moral que também é, por seu lado, obrigatório” (Blackburn, 1997: 114), isto é, deve-se confrontar os profissionais com casos concretos inerentes à sua actividade profissional.

do leque das profissões ligadas à contabilidade entendemos “privilegiar” a profissão de toc. esta opção deve-se, por um lado, ao facto de obrigar, no âmbito do seu exercício profissional, ao cumprimento do respectivo código deontológico (artigo 1.º) aplicável a todos os toc independentemente da forma como juridicamente exercem a sua actividade e, por outro, por ser uma profissão exercida por um número considerável de profissionais, o que aumenta significativamente a hipótese de se obter participantes cuja actividade profissional estivesse relacionada com a contabilidade.

o código deontológico dos técnicos oficiais de contas (cdtoc), em vigor desde 1 de Janeiro de 2000, surge no seguimento da aprovação dos estatutos da câmara dos técnicos oficiais de contas (ectoc), dado que “aquele documento, como norma geral que é, não prevê, nem tem que prever, em toda a sua extensão, a implementação de normas éticas e deontológicas.” (preâmbulo do cdtoc). o processo de formalização de um código de ética deve dar lugar à concertação, ou seja “estas têm de emanar da vontade própria (…) que, no respeito pelas normas jurídicas e estatutárias que está obrigado a observar, se impõe a si mesmo a definição de um conjunto de regras comportamentais, com vista à definição de procedimentos intraprofissionais” (preâmbulo do cdtoc). Assim a metodologia, muito resumidamente, para a elaboração do cdtoc, utilizada pela ctoc, correspondeu a: constituição de um grupo de trabalho para a apresentação de uma proposta de código deontológico, discussão pública desse documento, revisão do documento proposto e referendo interno ao documento.

deste modo foi possível criar e desenvolver uma “filosofia deontológica integrada e interiorizada pelos profissionais, (…) [obrigando-os à] sua

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observância” (preâmbulo do cdtoc). Para atingir este objectivo poderíamos optar entre várias alternativas, nomeadamente seleccionar uma amostra de alunos que frequentassem um curso de pós-graduação reconhecido pela câmara dos técnicos oficiais de contas (ctoc) para inscrição como toc (cf. artigo 16.º dos estatutos de toc), cujo plano curricular tivesse uma disciplina de ética.

o conteúdo programático desta disciplina de ética, na linha do anteriormente referido, teria de espelhar a metodologia utilizada na ética aplicada, e consequentemente, centrar-se na análise dos problemas e dilemas éticos criados pelas práticas reais ligados à actividade face aos princípios éticos (o que teoricamente parece simples mas exige que se extrapole o “eu” e o “outro” e se chegue à lei universal – na acepção defendida por Kant). Assim, deveria assentar numa abordagem teórica/prática baseada em casos relacionados com o exercício profissional.

da análise efectuada aos cursos reconhecidos pela ctoc, para efeitos de inscrição como toc, verificámos a existência de cursos em regime diurno e regime nocturno. o público inscrito nestes regimes, em princípio, divide-se grosso modo em estudantes (em exclusividade), consequentemente com muito pouca ou nenhuma experiência profissional, e trabalhadores-estudantes, tendo estes pelo menos alguma experiência profissional.

Apesar da análise ser indiscutivelmente pertinente entendemos privilegiar participantes que já possuíssem, pelo menos, alguma experiência profissional, dado que as circunstâncias relativas à “vida profissional” colocam frequentemente dilemas éticos que nem sempre são de fácil compatibilização.

Relativamente aos cursos em regime nocturno, apesar de os alunos inscritos nestes cursos possuírem, em princípio, experiência profissional, concluiu-se que essa experiência se centra, primordialmente, no desempenho de funções mais operacionais, onde a probabilidade de “lidarem” com dilemas éticos seria inexistente ou muito ténue. consequentemente, apesar de reconhecermos a pertinência desta análise, optámos por rejeita-la.

Assim definimos que a população (Quivy e campenhoudt, 1992) a estudar deveria possuir as seguintes características:

1.º experiência profissional de pelo menos 6 meses;

2.º encontrar-se matriculada em cursos de pós-graduação, preferencialmente em áreas de formação de interesse para o exercício das funções de toc.

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3.º A formação deveria incluir um módulo de ética, onde fossem abordados, no mínimo, os conteúdos anteriormente elencados e assente na metodologia, igualmente indicada.

A metodologia utilizada assentou numa abordagem investigação-acção, dado que esta implicou a intervenção dos participantes. dadas as características que pretendemos para a população, identificaram-se as pós-graduações existentes em Portugal no mês de outubro de 2004, nas áreas de interesse para as funções de toc com o objectivo de se definir o campo de análise (Quivy e campenhoudt, 1992).

do levantamento efectuado verificamos que a Pós-Graduação em Fiscalidade da escola de ciências empresariais (eSce) do instituto Politécnico de Setúbal (iPS), no ano lectivo de 2004/05, era a única que tinha, no momento do estudo, no seu plano curricular uma disciplina relativa à ética: “deontologia e conduta Profissional”.

identificada a formação solicitou-se o programa do módulo de deontologia e conduta Profissional à eSce do iPS, para aferir se este correspondia aos conteúdos e metodologia consistente com o anteriormente referenciado. o programa, que se apresenta em anexo, foi validado para feitos desta investigação.

esta pós-graduação tem 30 formandos inscritos, pelo que dado o reduzido número de indivíduos que compõem a população, estatisticamente não seria recomendável a definição de uma amostra (Quivy e campenhoudt, 1992).

A investigação realizada teve como suporte um questionário unidimensional (Moreira: 2004), dividido em três grandes grupos:

• 1.º Grupo – objectivo: caracterizar o participante – identificou-se a idade, o sexo, as habilitações académicas e a experiência profissional assim como o número de anos dessa experiência;

• 2.º Grupo – objectivo: medir a dimensão cognitiva da atitude do participante face à ética – era composto por vinte e uma questões, as quais eram avaliadas numa escala de 1 a 7, correspondendo o 1 a “discordo totalmente” e o 7 a “concordo totalmente”;

• 3.º Grupo – objectivo: medir a dimensão afectiva/avaliativa do participante face à atitude – era constituído por quinze questões, as quais eram avaliadas numa escala de 1 a 7, correspondendo o 1 a “nada importante” e o 7 a “muito importante”.

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o questionário só prevê respostas fechadas. Apesar de reconhecermos as vantagens apontadas pela teoria relativamente às questões abertas1, optou-se por inquérito de itens com escalas tipo Likert (1932), com 7 níveis, recomendando a literatura2 que os níveis dever-se-ão situar entre 5 e 9 (Moreira, 2004).

o questionário foi elaborado graficamente com separação horizontal, a literatura prevê que também possam ser concebidos sem separação horizontal. devendo a opção, entre com ou sem separação horizontal, assentar na “utilização racional do espaço e da legibilidade” (Moreira, 2004: 210).

Relativamente à extensão do questionário optámos por favorecer a motivação dos participantes para a resposta em detrimento da eventual perda no grau de confiança dos resultados. A este propósito Moreira refere que “um questionário mais curto fornece menos informação e/ou informação menos rigorosa; um questionário mais longo dará origem a mais respostas omissas e, certamente, a maior número de recusas em responder”. Acresce ainda que relativamente a um questionário unidimensional, utilizado neste trabalho, o número de itens “deixa de ter influência sobre o número e variáveis medidas (…) mas tem uma influência muito sensível sobre as propriedades psicométricas dos resultados” (Moreira, 2004: 214).

no nosso estudo, o questionário foi elaborado tendo por base as matérias que correspondiam aos objectivos programáticos mínimos, do módulo de ética e deontologia profissional definidos e explicitados antes da sua leccionação, tendo o mesmo sido realizado na presença dos docentes que ministraram o módulo e que, puderam responder in-loc e para todos os formandos, elucidar qualquer questão, sendo que se dispensou o pré-teste.

dado o objectivo definido havia que analisar o comportamento dos formandos em relação, quer à dimensão cognitiva da crença face à ética, isto é aferir quais as crenças que os participantes têm relativamente à ética (ii parte do questionário), quer à dimensão afectiva/avaliativa (iii parte do questionário), ou seja, pretende-se analisar a consistência do comportamento dos formandos antes da leccionação do módulo e após.

Assim, este questionário foi passado aos participantes em duas fases distintas:

• 1.ª Fase – antes do início do módulo de Deontologia e Conduta Profissional (em 3 de novembro de 2004);

• 2.ª Fase – após o encerramento do módulo (em 18 de Novembro de 2004).

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Procurou-se distar o maior tempo possível entre as duas passagens do inquérito com o objectivo de evitar o efeito aprendizagem do instrumento.

Procedemos, também, a um análise das componentes principais, considerando como variáveis cada uma das perguntas do questionário repartidas:

• Pelas dimensões cognitiva da atitude face à ética e afectiva/avaliativa da atitude;

• Por dois momentos distintos, em que foram realizados os questionários, antes e depois da leccionação do módulo de deontologia e conduta Profissional.

o modelo das componentes principais pode ser descrito como (Pestana e Gageiro, 2000: 389):

“Y1 = a11x1 + a12x2 + … + a1pxpY2 = a21x1 + a22x2 + … + a2pxp

…Yp = ap1x1 + ap2x2 + … + appxp”

o referido modelo “permite transformar um conjunto de variáveis quantitativas iniciais correlacionadas entre si (x1, x2, … xp), noutro conjunto com menor número de variáveis não correlacionadas (…) e designadas por componentes principais (Y1, Y2, … Yp), que resultam de combinações lineares das variáveis iniciais, reduzindo a complexidade de interpretação dos dados” (Pestana e Gageiro, 2000: 389), constituindo os aij, os pesos que definem as novas variáveis, de tal modo que as variáveis derivadas explicam a máxima variação nos dados iniciais e sem qualquer correlação entre si.

o modelo seguido assentou no seguinte: partimos da totalidade das variáveis inerentes a cada uma das dimensões objecto de estudo de per si (dimensão cognitiva da atitude face à ética e dimensão afectiva/avaliativa) e através do método das componentes principais e varimax subjacente ao Statiscal Package Science Social (SPSS)3, obtivemos um resultado quer para o Kaiser-Meyer-Olkin (KMO), quer para o teste de Bartlett.

É de referir por um lado que, o valor do KMO varia entre 0 (zero) e 1 (um), sendo que este indicador compara as correlações simples com as parciais observadas entre as variáveis (Pestana e Gageiro, 2000) e que quanto mais próximo for o KMO de 0 (zero), menor é a correlação entre as variáveis, não sendo aconselhável a prossecução da análise factorial.

126

Por outro lado, o teste de Bartlett também designado de esfericidade indica se há ou não há correlação entre as variáveis e “tem associado um nível de significância de 0,000 valor inferior a 0,05, o que leva à rejeição da hipótese da matriz das correlações na população ser a identidade, mostrando portanto que existe correlação entre variáveis” (Pestana e Gageiro, 2000: 297).

Se o resultado desses indicadores não for satisfatório, de acordo com os parâmetros da literatura, analisava-se a matriz denominada de anti-imagem e eliminava-se as variáveis com um valor inferior a 0,5 na diagonal principal da referida matriz e repetia-se o processo (realizando-se várias iterações), até se obter valores mínimos para aqueles indicadores. Pelo contrário, se o resultado do KMO for satisfatório, logo no início do processo ou após as várias iterações, então passa-se à análise das componentes principais.

3.2. Resultados de modo a poder validar a importância da crença face à ética decidimos

aferir em que medida a leccionação de um módulo daquelas temáticas a alunos de pós-graduação em Fiscalidade (1.ª edição, correspondendo ao período de outubro de 2004 a Junho de 2005), com uma duração de 10 horas, da escola Superior de ciências empresariais do instituto Politécnico de Setúbal, altera ou não a respectiva crença.

Por outras palavras procurou-se inferir se as suas crenças relativas à ética se alteram e medir o grau de mudança que o módulo de deontologia e conduta profissionais provocou na população alvo.

o público-alvo são os alunos da citada Pós-Graduação, num total de trinta, embora tenham sido objecto de estudo vinte e sete alunos, os quais responderam ao questionário duas vezes: a primeira antes da leccionação do módulo de deontologia e conduta Profissional, e a segunda após o terminus do referido módulo, sendo que houve uma correspondência directa entre os dois questionários, uma vez que só assim é que seriam comparáveis (que acabou por constituir-se como a nossa amostra, dado que aquando da 1.ª passagem faltaram três formandos que, consequentemente, na 2.º passagem tiveram de ficar de fora).

3.2.1. características dos Respondentes

A caracterização da amostra consistiu na análise da idade, género, habilitações académicas, experiência profissional (tipo de actividade exercida) e número de anos de experiência dos alunos em estudo.

127

A idade média dos formandos da amostra é de 34,33 anos, a moda é de 24 anos, tendo o aluno mais jovem 21 anos e o alunos mais velho 57 anos. os formandos com 24 e 31 anos representam cerca de 24% da amostra (12% para cada uma das idades) e os com 25, 26 e 40 anos representam, aproximadamente, outros 24% da amostra (8% para cada uma das idades).

A distribuição das idades dos formandos está evidenciada no Gráfico n.º

1. constatou-se que 44% da amostra é composta por indivíduos do género masculino e que 56% do género feminino.

Gráfico n.º 1 – distribuição da Idade dos Formandos da Amostra

Relativamente às habilitações académicas a maioria da amostra é composta por licenciados na área das ciências empresariais (cerca de 74%), contra os titulares dos 11.º Ano e 12.º Ano (com 11% cada um)4 e de bacharéis em contabilidade (aproximadamente 4%).

A experiência profissional dos alunos da amostra corresponde à principal actividade exercida durante a sua “carreira” profissional, sendo que existe uma preponderância de profissionais de contabilidade (cerca de 63%), sendo que 52% são toc e 11% são técnicos de contabilidade. Seguem-se uma série de áreas conexas como gestor financeiro (cerca de 7%), consultor, analista financeiro, técnico da Administração Fiscal e funcionário público (num total de 15%, que corresponde a 3,8% cada uma) e os restantes 15% com uma actividade não definida.

A média dos anos de experiência profissional exercida é de 6,3 anos, a moda é de 0 (zero) e o número máximo e mínimo de anos de experiência é de 18 e 0 (zero), respectivamente. os formandos com mais idade são aqueles que, obviamente, exercem a actividade de toc há mais anos.

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3.2.2. dimensão cognitiva da Atitude Face à ética

A dimensão cognitiva da atitude face à ética foi analisada, em primeiro lugar, utilizando estatística descritiva e, em segundo lugar, estatística multivariada. da análise da estatística descritiva concluiu-se o seguinte:

• As respostas com médias mais elevadas foram: uma atitude ética do toc/Roc, o que permite inferir um maior grau de transparência nos negócios (variável n.º 1) e um código deontológico deve assentar em fortes princípios éticos (variável n.º 10), ambas com média de 5,81 e moda de, 5 e 6, respectivamente, ocorrendo uma menor oscilação face à média;

• Outras respostas médias elevadas dignas de relevo foram: um código deontológico define as normas éticas relativas a uma profissão (variável n.º 10), com média de 5,59 e moda de 6; e as demonstrações financeiras devem possibilitar que qualquer utente possa tomar decisões (variável n.º5), com média de 5,44 e moda de 7;

• Por seu turno as respostas com médias mais reduzidas foram: se um determinado reconhecimento diminuir o resultado contabilístico mas não o fiscal é dispensável o seu reconhecimento (variável n.º13) e o toc/Roc está dependente da perspectiva do empresário relativamente à ética (variável n.º 14), com média de 2,26 e 2,56, respectivamente. Foram, igualmente, estas duas últimas questões, aquelas que registaram o valor mínimo (1) na moda e aquelas em que o diferencial de respostas foi o mais acentuado, ou seja, aquelas que registam maiores amplitudes.

o Quadro n.º 1 evidência a estatística descritiva (resultante das respostas a todas as vinte e uma questões), comparando os resultados antes e depois da leccionação do módulo de Ética e deontologia Profissional, objecto do presente estudo:

Quadro n.º 1 – Estatística descritiva – dimensão cognitiva da atitude face à ética

Estatística descritiva

Antes da depois dadiferença

leccionação leccionação

(1) (2) (3=2-1)Média 4,02 4,40 0,38

desvio Padrão 0,24 0,32 0,08

Moda 5 5 0,00

Máximo 7 7 0,00

Mínimo 0 0 0,00

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das respostas às vinte e uma questões correspondentes à dimensão cognitiva da atitude face à ética, antes e depois da leccionação do módulo de Ética e deontologia Profissional obtiveram-se os seguintes valores:

o grau de mudança nas convicções foi reforçado, na medida em que, a média geral aumentou 0,38 pontos, sendo que dezassete questões (que representam 81%) aumentaram a sua média após a leccionação (chegando a atingir 1 ponto). Apesar do crescimento do desvio padrão (em 0,08 pontos) e de a moda, o valor máximo e mínimo não sofreram qualquer alteração.

Seguidamente passámos à análise das componentes principais, segundo a metodologia apresentada no capítulo anterior, dividida em dois momentos distintos: antes e depois da leccionação do módulo de deontologia e conduta Profissional.

no primeiro momento, antes da leccionação do módulo, em 3 de novembro de 2004, iniciámos o processo com as 21 variáveis, mas dos resultados obtidos em termos de KMO e teste de Bartlett inferiu-se a não continuação da investigação pelo que eliminámos variáveis (tantas quantas necessárias), segundo a metodologia exposta na secção anterior e, após quatro iterações, apuraram-se três variáveis: “o toc/Roc deve atender ao interesse da entidade” (variável n.º 4), “Um código deontológico deve assentar em fortes princípios éticos” (variável n.º 10) e “Se um determinado reconhecimento diminuir o resultado contabilístico mas não o fiscal é dispensável o seu reconhecimento” (variável n.º 13).

Estas variáveis geraram um KMO de 0,599 como está patente no Quadro n.º 2, que pode ser classificado como razoável, segundo Pestana e Gageiro (2000), o mais elevado após várias iterações com o número máximo de variáveis e que explica 53,8% do total da variância e que se agrupa numa única componente principal que designámos de “Atende ao interesse da entidade, mas dentro dos limites éticos”. o resultado do teste de Bartlett de 0,000 permite concluir que existe correlação entre as variáveis, pelo que se pôde desenvolver a análise factorial.

Quadro n.º 2 – KMo and Bartlett’s test – dimensão cognitiva da Atitude face à ética

Antes da leccionação do módulo de ética depois da leccionação do módulo de ética

e deontologia Profissional e deontologia Profissional

Kaiser-Meyer-Olkin Measure of Sampling Adequacy.

0,599Kaiser-Meyer-Olkin Measure of Sampling Adequacy.

0,637

Bartlett’s test of Sphericity

Approx.chi-Square 6,713Bartlett’s test of Sphericity

Approx. chi-Square

22,386

df 3 df 6

Sig. 0 Sig. 0

130

no segundo momento, depois da leccionação do módulo de deontologia e conduta Profissional, em 18 de novembro de 2004, voltámos a iniciar o processo com as 21 variáveis, mas os resultados obtidos em termos de KMO e de teste de Bartlett não recomendavam a continuação do estudo pelo que eliminámos variáveis (tantas quantas necessárias), segundo a metodologia referida anteriormente e, após quatro iterações, apuraram-se 4 variáveis: “A ética depende da situação concreta” (variável n.º 8), ”o toc/Roc estão dependentes da perspectiva do empresário relativamente à ética” (variável n.º 14), “Sendo a responsabilidade da preparação da informação financeira das administrações o toc fica limitado na actuação ética” (variável n.º 20) e “o toc deve responder a todas as solicitações dos seus clientes” (variável n.º 21).

Essas variáveis geraram um KMO de 0,637 cujos resultados estão apresentados no Quadro n.º 2, que pode ser classificado como razoável, segundo Pestana e Gageiro (2000), o mais elevado após várias iterações com o número máximo de variáveis e que explica 55,7% do total da variância e que se agrupa numa única componente principal que denominámos de “Actuação ética do toc”, sendo o resultado do teste de Bartlett de (0,000), que validam o estudo realizado.

Verificámos que após a leccionação do módulo de deontologia e conduta Profissional manteve a existência de numa única componente principal e que o total da variância explicada aumentou, ligeiramente, sendo que se assistiu a alteração das respostas e da componente correspondente, passando do “Atende ao interesse da entidade, mas dentro dos limites éticos” para “Actuação ética do toc”. Assim, acreditamos que se reforçou a importância da ética na profissão após a leccionação do referido módulo.

3.2.3. dimensão Afectiva/Avaliativa da Atitude

A dimensão afectiva/avaliativa da atitude face à ética foi analisada, em primeiro lugar, utilizando estatística descritiva e, em segundo lugar, estatística multivariada.

da análise da estatística descritiva constatou-se, regra geral, que as respostas às questões de natureza afectiva apresentam uma média superior a 5 e uma moda que oscila entre 5 e 7, sendo que os valores mais elevados respeitam a: “um toc ético” e à “informação fiscal”, com médias de 6,44 e 6,41 respectivamente, mas ambas com uma moda de 7 e uma variância entre 4 e 7. A única excepção respeita à resposta: “é mais importante o interesse da entidade”, a qual regista uma média de 3,41 uma moda de 3 e uma variância de 2,79.

131

o Quadro n.º 3 evidencia a estatística descritiva (resultante das respostas às quinze questões), comparando os resultados antes e depois da leccionação do módulo de Ética e deontologia Profissional, objecto do presente estudo.

Quadro n.º 3 – Estatística descritiva – dimensão afectiva/avaliativa da atitude face à ética

Estatística descritiva

Antes da depois dadiferença

leccionação leccionação

(1) (2) (3=2-1)

Média 5,79 5,82 0,03

desvio Padrão 0,24 0,23 - 0,01

Moda 7 6 - 1,00

Máximo 7 7 0,00

Mínimo 0 0 0,00

das respostas às quinze questões correspondentes à dimensão afectiva/avaliativa da atitude face à ética, antes e depois da leccionação do módulo de Ética e deontologia Profissional obtiveram-se os seguintes conclusões:

o grau de mudança nas convicções dos formandos da pós-graduação após a leccionação do módulo de deontologia e conduta Profissional não é significativo, apesar do média geral registar um ligeiro crescimento (mais 0,03 pontos), sendo que 5 das questões formuladas (que representam 33%) reforçaram a média, a moda diminuiu 1 ponto e que não houve qualquer alteração nos valores máximos e mínimos.

Seguidamente passámos à análise das componentes principais, segundo a metodologia apresentada no capítulo anterior, dividida em dois momentos distintos: antes e depois da leccionação do módulo de deontologia e conduta Profissional.

no primeiro momento, antes da leccionação do módulo, em 3 de novembro de 2004, iniciámos o processo com as 15 variáveis, mas dos resultados obtidos em termos de KMO e teste de Bartlett inferiu-se a não continuação da investigação pelo que eliminámos variáveis (tantas quantas necessárias), segundo a metodologia exposta na secção anterior e, após duas iterações, apuraram-se 6 variáveis: “o princípios éticos” (variável n.º 6), “o ensino da ética na profissão contabilística” (variável n.º 9), “Um empresário ético” (variável n.º 10), “Um toc ético” (variável n.º 11), “o ensino da ética na profissão de gestor” (variável n.º 12) e “A independência na execução de funções” (variável n.º 13).

132

O KMO gerado por aquelas variáveis foi de 0,710 como está patente no Quadro n.º 4, que é adjectivado como médio, por Pestana e Gageiro (2000). o KMO indicado é o mais elevado após várias iterações com o número máximo de variáveis e explica 60,0% do total da variância, que se agrupa numa única componente principal que denominámos de “conduta profissional ética e independência”. o teste de Bartlett de 0,000 permite prosseguir a análise, o que veio a ocorrer.

Quadro n.º 4 - KMo and Bartlett’s test - dimensão Afectiva/Avaliativa da Atitude face à ética

Antes da Leccionação do módulo de Ética depois da Leccionação do módulo de Ética

e deontologia Profissional e deontologia Profissional

Kaiser-Meyer-Olkin Measure of Sampling Adequacy.

0,71Kaiser-Meyer-Olkin Measure of Sampling Adequacy.

0,821

Bartlett’s test of Sphericity

Approx.chi-Square

82,096

Bartlett’s test of Sphericity

Approx. chi-Square 190,429

df 15 df 45

Sig. 0 Sig. 0

no segundo momento, depois da leccionação do módulo de deontologia e conduta Profissional, em 18 de novembro de 2004, voltámos a iniciar o processo com as 15 variáveis, mas os resultados obtidos em termos de KMO e de teste de Bar tlett não recomendavam a continuação do estudo pelo que eliminámos variáveis (tantas quantas necessárias), segundo a metodologia referida anteriormente e, após duas iterações, apuraram-se dez variáveis: “A existência de um código empresarial” (variável n.º 4), “os princípios éticos” (variável n.º 6), “o sigilo profissional” (variável n.º 7), “o ensino da ética na profissão contabilística” (variável n.º 9), “Um empresário ético” (variável n.º 10), “Um toc ético” (variável n.º 11), “o ensino da ética na profissão de gestor” (variável n.º 12), “A independência na execução de funções” (variável n.º 13), “A informação contabilística” (variáveis n.º 14) e “A informação fiscal” (variáveis n.º 15).

Essas variáveis geraram um KMO de 0,821 como está ilustrado no Quadro n.º 4, que pode ser classificado como bom (segundo Pestana e Gageiro, 2000), o mais elevado após várias iterações com o número máximo de variáveis e que explica 71,058% do total da variância e que se agrupam em duas componentes principais. A primeira agrupa as variáveis n.ºs 4, 6, 9, 10, 11, 12, 13, 14 e 15, que explicam 40,8% do total da variância

133

e foi designada por “ensino da ética adaptada à actividade”; A segunda corresponde à variável n.º 7, que explica 30,1% do total da variância e foi denominada por “sigilo profissional”.

Verificámos que após a leccionação do módulo de deontologia e conduta Profissional se passou de uma componente principal “conduta profissional ética e independência”, para duas componentes principais “ensino da ética adaptada à actividade” e o “sigilo profissional”, sendo que o total da variância passou de cerca de 60% para cerca de 71% mas que, essencialmente, se realça a importância da função profissional exercida estar adaptada à actividade, ora como toc, ora como gestor e os seus efeitos na aplicação de princípios éticos é enaltecida.

As respostas que suportam as componentes principais passaram de seis para dez, sendo que às respostas originais (antes da leccionação do módulo de deontologia e conduta Profissional) se juntaram mais quatro após a leccionação do referido módulo, sendo que se poderá induzir um reforço da abordagem ética.

considerações finais e limitações

A definição do conceito de atitude não é consensual entre os investigadores, variando a sua definição com o “crescimento” da psicologia social e com a corrente científica com a qual o investigador se identifica. contudo, independentemente da sua definição, apresenta um conjunto de elementos comuns.

também no que se refere à ética coexistem várias definições e correntes, mas independentemente das abordagens que cada investigador adopta, existe um consenso que esta pode ser ensinada, premissa que vai no mesmo sentido da psicologia social que refere que as atitudes podem ser alteradas, por via da informação (formação).

em termos da dimensão cognitiva (em que se aferia a receptividade do sujeito face à ética) assistiu-se a uma mudança de 91% dos indivíduos que integravam a amostra, sendo mais significativa, em cerca de 48% dos formandos, uma vez que transitaram de grupo por terem alterado, significativamente, a suas convicções, sendo que a questão que obteve a média mais elevada foi “uma atitude ética do toc/Roc”.

na análise das componentes principais obteve-se uma única componente: “atende ao interesse da entidade, mas dentro dos limites éticos” e “actuação ética do toc”, antes e depois da leccionação do módulo de deontologia e conduta Profissional, respectivamente.

134

Julgamos que a existência de um módulo com as características daquele que foi ministrado saiu reforçado, na medida em que ressalta a importância de uma actuação ética por parte dos técnicos de contas.

Por sua vez, na dimensão afectiva registou-se uma alteração substancial da avaliação da atitude ética por parte de 59% dos indivíduos e que de uma agregação dependente da idade, inicialmente, dois grupos – o primeiro com os formandos mais jovens entre os 21 e 33 anos, e o segundo, com os formandos mais velhos, com idades entre os 34 e os 57 anos – se passou para um único grupo que compreende 89% da amostra (24 dos 27 formandos) que não está agregado por idades.

A questão que obteve a média mais elevada foi “um toc ético” e que se passou de uma só componente principal antes da leccionação do módulo de deontologia e conduta Profissional, para duas componentes principais: “ensino da ética adaptada à actividade” e “sigilo profissional”. dada a existência de várias actividades profissionais no seio dos formandos da amostra constatámos a necessidade do ensino da ética centrado nessas actividades, a qual deve ser articulada com o sigilo profissional.

os resultados obtidos confirmam, pelo menos neste grupo de formação, que houve alguma alteração na atitude face à ética, pelo que se justificou a inclusão do módulo de deontologia e conduta Profissional na estrutura curricular, que na nossa opinião explica, parcialmente, os resultados obtidos.

Assim, concluímos que se registou uma atitude mais favorável, após a formação, neste grupo de formandos, relativamente à prática deontológica na sua actividade profissional. este resultado não sendo de todo conclusivo permite pelo menos validar a opção da introdução deste módulo na estrutura curricular do curso, o que representa uma postura inovadora. Mas é importante salientar que estes resultados podem não se dever em exclusivo à formação, pois os participantes não estiveram “isolados do mundo” enquanto decorreu o curso, o que significa que continuaram a receber informação através da televisão, jornais, etc… o que pode ter “ajudado” à alteração da atitude.

este estudo apresenta limitações sendo de destacar particularmente dois aspectos. Primeiro é um campo de investigação, pelas razões apontadas, diminuto e não representativo da população que exerce a actividade profissional na área da contabilidade, em especial de toc, pelo que tencionamos continuar a investigar a nossa hipótese de trabalho: A ética

135

pode ser ensinada, com base na mesma metodologia utilizada no presente estudo empírico. Pois só deste modo será possível, de facto, aferir se a premissa teórica é verdadeira. Segundo trata-se um estudo multidisciplinar com uma área que tradicionalmente não é, tanto quanto é do nosso conhecimento, muito trabalhada sob o ponto de vista da psicologia social5, pelo que não é possível apresentar dados comparativos, quer nacionais quer internacionais, faltando, consequentemente, uma análise comparativa de resultados. existem também alguns estudos, nacionais e internacionais, cujo objectivo é aferir o desempenho ético dos profissionais, nomeadamente gestores, contabilistas (toc), auditores (Roc). na medida em que estes estudos se reportam a um determinado momento, sem sujeitar os participantes a qualquer experiência (por exemplo formação), entendemos que os resultados, na nossa opinião, não são comparáveis com o objectivo do presente estudo: o ensino de matérias relacionadas com a ética altera a atitude dos participantes relativamente a esta.

Apesar das limitações referidas, este estudo permite validar o efeito da leccionação de um módulo de ética na atitude dos profissionais face à ética. caso estudos futuros comprovem que a leccionação altera a atitude, pode-se afirmar que as entidades reguladoras (neste caso em concreto, a ctoc e a oRoc) e o ensino poderão utilizar esta ferramenta como meio de desenvolver atitudes dos profissionais.

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