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1 Ação ago/2005 1 Ação ago/2005 Bancários se organizam em busca de aumento de salários e de melhores condições de trabalho. ANABB avalia possibilidade de participar de duas mesas de negociação. Conheça o trabalho da orquestra infantil que começou com pouco mais de dez instrumentos mu- sicais e muita solidariedade, no interior de Santa Catarina. Projeto acaba de ganhar apoio do programa Brasil Sem Fome. À beira de um ataque de nervos À beira de um ataque de nervos Mau humor crônico tem nome. Chama-se distimia, uma doença que afeta adultos e crianças. Até pouco tempo classificada como um transtorno de personalidade, a distimia já é considerada um tipo de depressão. Acompanhada por sintomas como cansaço, tristeza e dificuldade de tomar decisões, a doença tem cura.

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1Ação ago/2005 1Ação ago/2005

Bancários se organizam em busca de aumento de salários e de melhores

condições de trabalho. ANABB avalia possibilidade de participar de

duas mesas de negociação.

Conheça o trabalho da orquestra infantil que começou com pouco mais de dez instrumentos mu-

sicais e muita solidariedade, no interior de Santa Catarina. Projeto acaba de ganhar apoio do

programa Brasil Sem Fome.

À beira de um ataque de nervosÀ beira de um ataque de nervosMau humor crônico tem

nome. Chama-se distimia,

uma doença que afeta

adultos e crianças. Até

pouco tempo classificada

como um transtorno de

personalidade, a distimia

já é considerada um tipo

de depressão.

Acompanhada por

sintomas como cansaço,

tristeza e dificuldade de

tomar decisões, a doença

tem cura.

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2 Ação ago/2005

Este espaço destina-se à opinião dos leitores. Por questão de espaço e estilo, as cartas podem ser resu-midas e editadas. Serão publicadas apenas correspondências assinadas e que sejam selecionadas peloConselho Editorial da ANABB. As cartas que se referem a outras entidades, como Cassi e Previ, serão aelas encaminhadas.

PASSANDO A PREVI A LIMPO

Conhecendo alguns dirigentes da Previ– excelentes líderes sindicais, mas lon-ge de possuírem qualificações que oscredenciem como dirigentes da cúpulade nossa Previ –, sinto-me preocupadocom os destinos da instituição.Atualmente, com os escândalos queestão “pipocando”, quem sabe o queestá acontecendo com a entidade? AANABB bem que poderia levantar estabandeira: “vamos passar a Previ alimpo?”Manoel Jacinto FilhoMaceió - AL

NR: Com certeza, a ANABB levanta abandeira em defesa da Previ. O presi-dente da Associação, Valmir Camilo,também conselheiro deliberativo doFundo de Pensão, já vinha fazendodenúncias à Imprensa sobre o queocorre dentro da Caixa de Previdência.Agora, as denúncias estão apenas seconfirmando.

QUEM EXPLICA?Estamos vivendo uma época quelembra muito os tempos do Febeapá(Festival de Besteiras que Assola o

País)! O Banco do Brasil explica queo empréstimo (ou leasing, como disseJosé Genoino) de R$ 20,6 milhões,“que motivou a demissão de doisvice-presidentes”, foi concedidoregularmente, dentro da melhortécnica bancária. Se foi assim, porque os vice-presidentes foram afasta-dos? Vá entender...Roberval Chaves do CarmoBonito - MS

CASSIParabenizo o presidente da ANABB,Valmir Camilo, pela decisão de ser aANABB a primeira entidade defuncionários do BB a entrar com umaação obrigando o Banco a cumprir ocontrato com a Cassi. Não se deve terpreocupações só com a Previ. Isso é oque se espera de uma entidaderepresentativa como a ANABB.Mais uma vez, parabéns pela atitudede vanguarda.Carlos Matias KolbSão Paulo - SP

SEGURO DECESSOGostaria de agradecer à ANABBpelas vitórias conquistadas na Justiçaaté o momento (isenção do IR sobrevenda de férias, licença-prêmio,FGTS). Aprofundo meuagradecimento, no entanto, por terutilizado o Seguro Decesso recente-mente. Não gostaria, mas foi preciso.A rapidez, delicadeza e cortesia daspessoas pelas quais fui atendido sãodignas de elogios. Impressionanteque, em apenas 14 dias corridos, oseguro já havia sido creditado emminha conta. PARABÉNS (com letrasmaiúsculas) a todos.Domingos Messias de JesusBrasília - DF

DIRETORIA-EXECUTIVAVALMIR CAMILOPresidente

GRAÇA MACHADODiretora Administrativa e Financeira

ÉLCIO BUENODiretor de Comunicação e Desenvolvimento

DOUGLAS SCORTEGAGNADiretor de Relações Funcionais, Aposentadoriae Previdência

EMÍLIO S. RIBAS RODRIGUESDiretor de Relações Externas e Parlamentares

CONSELHO DELIBERATIVOANTONIO GONÇALVES (Presidente)Ana Maria Dantas LeiteAugusto Silveira de CarvalhoCamillo Calazans de MagalhãesCecília Mendes Garcez SiqueiraDenise Lopes ViannaÉder Marcelo de MeloFernando Amaral Baptista FilhoHenrique PizzolatoInácio da Silva MafraJosé Antônio Diniz de OliveiraJosé BranissoJosé Sampaio de Lacerda JúniorLuiz Antonio CareliMário Juarez de OliveiraMércia Maria Nascimento PimentelPaulo Assunção de SousaRomildo Gouveia PintoTereza Cristina Godoy Moreira SantosVitor Paulo Camargo GonçalvesWillian José Alves Bento

CONSELHO FISCALCLÁUDIO JOSÉ ZUCCO (Presidente)Antonio Carlos Lima RiosAntonia Lopes dos SantosHumberto Eudes Vieira DinizNaide Ribeiro JuniorOsvaldo Petersen Filho

DIRETORES ESTADUAISMarcos de Freitas Matos (AC)Ivan Pita de Araújo (AL)Marlene Carvalho (AM)Pedro Paulo Portela Paim (BA)Francisco Henrique Ellery (CE)Elias Kury (DF)Sebastião Ceschim (ES)Saulo Sartre Ubaldino (GO)Miguel Ângelo R. e Arruda (MA)Francisco Alves e Silva - Xixico (MG)Edson Trombine Leite (MS)José Marcos de Lima Araújo (PA)André Luiz de Souza (PB)Luiz Gonzaga Ferreira (PE)José Ulisses de Oliveira (PI)Aníbal Rumiato(PR)Antonio Paulo Ruzzi Pedroso (RJ)Herminio Sobrinho (RN)Francisco Assumpção (RO)Edmundo Velho Brandão (RS)Carlos Francisco Pamplona (SC)Emanuel Messias B. Moura Júnior (SE)Armando Cesar F. dos Santos (SP)Crispim Batista Filho (TO)

ANABB - SCRS 507, bl. A, lj. 15 CEP: 70351-510 Brasília/DF

Atendimento ao associado: (61) 3442.9696 Geral: (61) 3442.9600

Site: www.anabb.org.br E-mail: [email protected]

Redação: Ana Cristina Padilha e Fernando Ladeira

E-mail: [email protected]

Edição e Editoração: Optare Comunicação Editoras e jornalistas resp.:

Patricia Roedel e Renata Feldmann Revisão: Maria Júlia Luz

Periodicidade: mensal Tiragem:102 mil Capa: Keystone

Impressão: Gráfica e Editora Positiva Fotolito: Colorpress

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3Ação ago/2005

Valmir CamiloPresidente da ANABB

Os charutos do bem e do mal

Estava eu pen-sando no que iria es-crever para os associ-ados da ANABB, nes-ta carta do presiden-te, do mês de agosto,uma época reconheci-

damente complicada para a vida política brasilei-ra. O mês é pródigo em situações que acabaramentrando para a história do País. Até mesmo oimaginário popular escolheu agosto para registrarsuas lendas e superstições. Mês de lobisomem, decachorro louco, de ventania, de mula-sem-cabeça,entre tantas outras. Se o dia 13 cair numa sexta-feira, aí então é dia para não sair de casa.

O suicídio do presidente que marcou a vidados brasileiros foi no mês de agosto. A renúnciade um outro, também. O inferno astral do presi-dente que sofreu o impeachment se arrastou du-rante todo o mês de agosto, para terminar em se-tembro. Outros acontecimentos registrados noBrasil e no mundo colocam o mês de agosto na lis-ta dos desprezados. Nunca vi uma noiva que te-nha sonhado casar no mês de agosto. Alguns de-fendem até que é o mês adequado para pôr fim aocasamento e não para começar um. No meio dasverdades e das brincadeiras, o presente mês deagosto não deve estar sendo motivo de alegriapara muita gente. Muitos estão torcendo para queele acabe logo.

Enquanto, no Congresso Nacional, as Co-missões Parlamentares de Inquérito liquidam com ahistória de muitos políticos brasileiros, pela quebrado decoro parlamentar e, principalmente, pelaanálise dura da opinião pública – alimentada poruma imprensa livre, disposta a exercitar esta prer-rogativa no limite da responsabilidade e até, em al-guns momentos, muito próxima da irresponsa-bilidade – vivenciamos o adeus de um dos maisnobres políticos que esta geração conheceu:Miguel Arraes.

É evidente que não conheci a história do go-vernador Arraes antes do golpe militar, apenas li.Acompanhei, como todo brasileiro cinqüentão, avolta do exílio e a carreira política pós-anistia. Porum desses golpes de sorte que a vida nos oferece,pude conviver por um período com o deputadoArraes. Ele conhecia bem os informativos daANABB, em especial o Jornal Ação, e desejava fa-zer um jornal com a nossa parceria. Eu e o Emílioparticipamos de algumas reuniões no gabinetedele. Momentos de pura aprendizagem. Emboranão fossemos mais tão jovens, era assim que nossentíamos diante do velho mestre.

Hoje temos, entre tantas lembranças, umaem particular, igualmente citada nos dias atuais.O deputado Arraes gostava de saborear um bomcharuto e não dispensava o hábito durante asnossas conversas. O que nos deixava intrigadosera o fato de que ele, ao ouvir, segurava firme-mente o charuto no vão dos dedos e, ao iniciar afala, travava o charuto entre os dentes, falando deboca quase fechada, o que tornava suas palavrasininteligíveis, exigindo de nós um grande esforçopara que pudéssemos entendê-lo. Hoje, tenho acerteza de que era mais um truque do velho mes-tre, pois, agindo assim, arrebatava integralmentea nossa atenção.

A lembrança do charuto é só mais uma dasinúmeras histórias do mestre Arraes. Uma peque-na parcela da história deste brasileiro, que viven-ciei e posso contar para meus filhos, esperandopoder um dia contar também para meus netos.Outros apreciadores de charutos surgiram chafur-dados nas investigações da CPI, mas destes façoquestão de esquecer e vou torcer para que a his-tória não se lembre de contar aos meus netos.

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4 Ação ago/2005

A adolescência é uma fase difícil.Poucos passam ilesos pelas alte-rações hormonais e pelo proces-so de deixar a infância e entrarna idade adulta. Mas essa fase

foi particularmente complicadapara a funcionária pública Márcia (o

nome foi alterado para preservar a identidade da en-trevistada). Além das brigas recorrentes com o paimilitar, muito severo e exigente, sobretudo em rela-ção aos estudos, Márcia lembra-se do desânimo edo mau humor constantes que a dominavam.

Apesar da falta de energia, até conseguia saircom as amigas nos finais de semana, mas logo co-meçava a achar o programa ruim e queria voltarpara casa. “Eu era considerada a difícil da turma.Era motivo de piadas porque quase sempre reclama-va de tudo e estava emburrada, irritada e sem âni-mo”, conta.

Embora se sentisse desconfortável com sua per-sonalidade, Márcia levava uma vida aparentementenormal. A família e os amigos achavam que o fatode ela estar sempre de mal com a vida era “seu jeitode ser e pronto”. Estudou, formou-se e teve até al-guns namoros curtos. Mas o sentimento deinadequação e o mau humor persistente estavam lá.

Até que há alguns anos, assistindo a um pro-

Mau humor freqüente pode ser doença

que afeta 3% da população adulta. O diag-

nóstico da chamada distimia leva tempo e

requer a atenção de parentes, que devem

dar o alerta e não podem ignorar a gravi-

dade da doença. A distimia leva 15% de

seus portadores ao suicídio. O tratamento

alia psicoterapia e medicamentos.

por Cristiana Nepomuceno

Keys

tone

MAU HUMORMAU HUMORA doença doA doença do

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5Ação ago/2005

grama na TV, ouviu falar da distimia –uma depressão crônica mais popular-mente conhecida como a “doença domau humor”. A reportagem chamou aatenção da funcionária pública, masela não se considerava distímica. Al-guns meses depois, com o assuntoainda martelando na cabeça, resolveuprocurar ajuda. Foi a um médico deconfiança da família, que lhe indicouum psiquiatra. O especialista confirmou a distimia eMárcia está há cinco anos sob tratamento, que aliaantidepressivos e psicoterapia. Hoje, aos 35 anos,lamenta as coisas boas que perdeu na vida por cau-sa da doença. “Ela me roubou uma fase preciosa,que é a adolescência, mas agora sou outra pessoa.Descobri que a vida pode ser prazerosa e tenho umolhar muito mais otimista para o mundo”, afirma.

DISTIMIA X DEPRESSÃOA palavra distimia vem do grego e significa mau

humor. O presidente da Associação de Psiquiatria deBrasília, Antônio Geraldo da Silva, explica que umadas principais características da doença é sua longaduração. “É uma depressão leve e prolongada. Opaciente nunca fica menos de dois meses sem os sin-tomas”. A depressão clássica tem duração menor egeralmente há incapacidade psicomotora: a pessoanão quer se levantar da cama ou sair do quarto. “Jáquem sofre de distimia consegue trabalhar, produzir,levar uma vida relativamente normal, mas semprecom o humor ruim”, completa Silva.

Em entrevista ao site de Drauzio Varela(www.drauziovarela.com.br), o médico psiquiatra TákiCordás, um dos autores do livro “Distimia, do mauhumor ao mal do humor” (Editora Artmed), explicaque, para se estabelecer o diagnóstico da distimia, épreciso que a pessoa esteja apresentando os sinto-

mas há pelo menosdois anos. “Se seguir-mos a história dos dis-tímicos, veremos que,de tempos em tempos,eles têm episódios dedepressão grave e de-pois voltam a um pata-mar considerado nor-mal para eles, mas seu

humor está sempre um piso abaixo do humor daspessoas que têm capacidade de viver normalmente”,esclarece.

O médico diz ainda que, na depressão, os sin-tomas são mais evidentes: um dia a pessoa estábem, conversando de forma natural e, no dia se-guinte, amanhece na cama, pensando em morrer,tomada por pensamentos negativos. Já na distimia,não há essa marca de ruptura.

Segundo Silva, a distimia geralmente manifesta-se na infância ou na adolescência. “O paciente édescrito, na infância, como uma criança diferente,brigona, rejeitada pelos colegas”, diz. Mas há tam-bém a distimia tardia, que acomete 3% dos adultos.Nessa faixa etária, manifesta-se mais nas mulheresdo que nos homens, na razão de três para um. Opsiquiatra frisa que a doença começa de forma gra-dual. “O diagnóstico só pode ser feito quando oproblema está instalado. O próprio paciente tem difi-culdade em identificar quando começou a sofrer dedistimia, porque ele e os outros acham que aquelascaracterísticas fazem parte de sua personalidade”.

Cordás completa a descrição do colega: “noemprego, os distímicos chegam irritados, de caraamarrada, e os colegas os definem comoresmungões e pouco sociáveis. Embora façam o tra-balho corretamente, não são muito criativos porquecriatividade tem a ver com bom humor, com capaci-dade de abstrair, e o mal-humorado dificilmente estáaberto para o novo”.

Silva elenca ainda outros sintomas característi-cos da distimia, como a falta ou excesso de apetite,pouco ou muito sono, falta de energia e fadiga, bai-xa auto-estima, dificuldade de concentração e de to-mar decisões, sentimentos de desesperança e deinadequação.

Os dois psiquiatras afirmam que, exatamentepelo fato de a distimia ser confundida com um pro-

Para o psicólogo Henrique Maia, exemplos de infelicidade em casasão propícios ao desenvolvimento da distimia em uma criança

Crianças e adolescentes

estão mais sujeitos à

distimia, mas o mal

também se manifesta

em adultos.

Tico

Fon

seca

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blema de personalidade, as pessoas não procuramtratamento ou demoram muito a buscar ajuda.

TRATAMENTO INDOLORO também médico psiquiatra Raphael Boechat,

pesquisador da Universidade de Brasília (UnB) edoutor em Ciências da Saúde, lembra que, antiga-mente, a distimia era classificada como um transtor-no de personalidade. Somente a partir dos anos 90,quando a Organização Mundial de Saúde publicoua décima revisão da Classificação Internacional deDoenças (CID-10), passou a ser identificada comoum tipo de depressão. De acordo com ele, o trata-mento é tradicionalmente feito com antidepressivos epsicoterapia. É consenso entre os psiquiatras e psi-cólogos que só remédios ou só a psicoterapia nãoresolvem o problema.

Boechat revela que grupos de pesquisadoresda Universidade de Brasília (UnB) e da Universidadede São Paulo (USP) têm estudado um novo tratamen-to para a depressão, que foge dos remédios conven-cionais e pode ser uma boa notícia para os que so-frem com efeitos colaterais: é a estimulação magnéti-ca transcraniana. Boechat explica que um campomagnético “forte” atravessa o crânio e essaestimulação altera o funcionamento químico do cé-rebro, melhorando a depressão. “É um tratamentoindolor e com efeitos colaterais menores. O paciente

sente apenas uma leve dor de cabeça, que passa empouco tempo”, conta o médico. Segundo Boechat,na Europa já há experimentos de aplicação daestimulação transcraniana para tratar a distimia.

O pesquisador da UnB desconhece estatísticasque apontem o aumento da incidência de distimiana população. Para ele, um suposto aumento seria,na verdade, reflexo do maior número de pessoas embusca de diagnóstico e de tratamento, uma vez que,nos dias de hoje, há muito mais informações a res-peito da doença.

HISTÓRIA FAMILIARBoechat afirma que não há uma causa biológi-

ca específica que provoque a distimia. Sabe-se que aherança genética tem peso importante nosurgimento da doença. Ela também pode ser desen-cadeada por um fator externo e marcante na vida

O psiquiatra AntônioGeraldo da Silvasempre entrega aseus pacientes que

estejam sob tratamen-to de distimia ou depres-

são um folheto com dicas aserem praticadas no dia-a-

dia que ajudam a minimizar osefeitos das doenças:

Praticar exercícios diariamente. O idealé fazê-los ao acordar. O tempo necessário é

de uma hora, seja para caminhadas, nataçãoou qualquer outra atividade que lhe dê mais

O psiquiatra Antônio Geraldo da Silva: dicas de como afastar omau humor do dia-a-dia

Tico

Fon

seca

prazer. O exercício físico, quando feito diariamen-te, aumenta a produção das endorfinas, que pro-vocam sensação de bem-estar e disposição.

Eliminar estimulantes, como a cafeína. Não fazeruso de café, refrigerantes, chocolates, chá preto etc.A cafeína, assim como outros estimulantes, provocahiperatividade cerebral, altera as fases do sono,causa irritabilidade e estresse.

Não consumir bebidas alcoólicas. Em caso deuso de medicamentos, não ingerir bebida alcoólicade forma alguma. Depois de seu efeito excitante edesinibidor, a bebida produz depressão.

Manter um horário regular para dormir e acor-dar. Como a parte mais nobre do sono acontece en-tre as 23 horas e as 3 horas, não ficar na cama de-

Para viver melhorPara viver melhor

6 Ação ago/2005

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7Ação ago/2005

da pessoa, como a mortede um parente querido. Afuncionária pública Már-cia, por exemplo, com aajuda das descobertas fei-tas na psicoterapia, temhoje a convicção de queseu pai, já falecido, tam-bém sofria de distimia. Sóque a irritabilidade e omau humor dele estavammascarados pelo estilo severo e exigente, como con-vinha a um militar.

O psicólogo Enrique Maia, terapeuta compor-tamental e um dos diretores do Instituto de PsicologiaAplicada de Brasília – Inpa (www.inpaonline.com.br) –,explica que um fator comum na história de vida dequem tem distimia é a baixa auto-estima decorrenteda pouca valorização recebida pelos pais e familia-res e a ausência de situações prazerosas. “É precisover a relação que o paciente estabeleceu entre ascoisas que ele fez na vida, ou suas escolhas, e comoisso foi valorizado pelos pais”, ressalta Maia. Segun-do ele, em razão dessa desvalorização, a pessoacom distimia nunca tem confiança de que está fa-zendo algo bem feito e, por isso, nada nunca estábom. O psicólogo diz ainda que a história familiartem grande peso na vida dos distímicos, não só por-

que herdaram biologicamente adepressão da mãe ou do pai mastambém porque tiveram como pa-drão de comportamento alguémque não era feliz.

Embora reconheçam que nemsempre é fácil pedir ajuda, Silva,Boechat e Maia são unânimes emafirmar que o diagnóstico e o tra-tamento corretos podem mudarpara sempre a vida do portador de

distimia. “A pessoa melhora absurdamente a quali-dade de vida e vai se perguntar porque não buscouo tratamento antes”, aponta Boechat.

pois de acordado para não prejudicar o sono danoite seguinte, ao dormir mais tarde.

Tomar banho morno a frio pela manhã. O cho-que térmico promove estímulo ao despertar. Preferiro banho quente ao deitar-se porque provocavasodilatação, ajuda a relaxar e facilita a concilia-ção do sono.

Repousar após o almoço. É bom para quebrar ociclo sono/vigília. Porém, esse tipo de repouso sódeverá ser feito por aqueles que já tiverem o hábi-to. Mesmo assim, aconselha-se não ultrapassar 40minutos. Mais que isso pode ser prejudicial e afetaro sono da noite.

Evitar alimentos pesados após as 18 horas. Nojantar, a ingestão de carnes vermelhas e frituraspode prejudicar o aprofundamento e as fases dosono, causando pesadelos, provocando um sonoinsatisfatório e pouco reparador.

Parte do problema é explicada pela genética, diz o psiquiatraRaphael Boechat

Auto-estima constante-

mente em baixa pode ser

sintoma da distimia e

motivo das eternas

insatisfações no trabalho

e na vida pessoal.

Tico

Fon

seca

Impedir o excesso de informações.O excesso de estímulo auditivo e vi-sual, por contínua exposição à tele-visão, por exemplo, é excitante ecausa estresse cerebral.

Enquanto estiver depri-mido, em festas ou come-morações evitar comparar-se com outros. Isso podelevá-lo a achar que seuquadro é mais grave do querealmente é.

Investir em lazer. Tirar féri-as, sair da rotina casa/traba-lho para resgatar a tranqüilida-de e o bem-estar. Buscar ativida-des esportivas, culturais e encon-tros sociais que sejam prazerosos.

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As respostas curtas, diretas e muitas vezes ríspidas doseu Lunga já fazem parte do folclore e do imaginário popu-lar do Ceará. O famoso mau humor desse comerciante de76 anos, residente em Juazeiro do Norte, é inspiração paraliteratura de cordel, artigos acadêmicos, repentes e deze-nas de blogs na Internet. Já vi-rou até figura de linguagempara definir respostas malcria-das: “fulano deu uma respostaao estilo seu Lunga”, dizem oscearenses. Tudo porque o co-merciante, segundo ele mesmo,não tolera uma pergunta malformulada, que para ele sem-pre merece uma resposta à al-tura. “Mas as pessoas falammuitas coisas que eu não sou”,disse em entrevista por telefoneque desmentiu a fama de car-rancudo – pelo contrário, foide uma amabilidade só. “Nin-guém tem paciência para pergunta imbecil e nós brasileirostemos mania de falar errado”, reclama.

Ele conta que, se chegam à sua loja de objetos usa-dos e perguntam: “seu Lunga, quanto é que o senhor dánaquele ventilador?”, ele logo responde: “eu não dou nadaporque aqui não tem nada para dar, só para vender”.“Agora, se o cabra chega e pergunta certo: seu Lunga,qual é preço de venda daquele ventilador? Aí sim, respon-do. Não se negocia com prosa nem com lorota”, ensinaele. E, se quem entrar na loja perguntar, por exemplo, se atelevisão exposta na vitrine é para vender, vai levar o mes-mo tipo de resposta: “meu filho, você conhece museu? Poisé, lá tem um monte de coisa exposta só para ver, agora sea televisão está aqui é para vender”. Seu Lunga diz que aspessoas não ficam irritadas com seu jeito de ser. “Ninguémfica brabo. Não podem achar ruim só porque sou direto”,avalia.

Cícero Valério

“““““............... Seu Lunga é importanteHomem de muito valor

Apesar de “carrancudo”E seu estado de humor

Já tentou numa eleiçãoConquistar o seu povão

E ser um vereador.

Como não se elegeuDesde a cidade ao sertão

Suas histórias famosasContam-se com precisãoSeu Lunga fica zangado

Quando vem um abastadoFazendo-lhe indagação.

Se você é um bestãoE não sabe formular

Uma pergunta decenteNão precisa perguntar

É melhor ficar caladoPois se perguntar erradoSeu Lunga vai se zangar.

A resposta sei de vezE bem em cima da hora

O seu Lunga manda logoTal sujeito ir embora

Procurar outros caminhosPois aquele tem espinhosPode mesmo cair fora ...”

8

NA BOCA DO POVONA BOCA DO POVO

Ação ago/2005

Leia abaixo um trecho do cor-del “As melhores de seu Lunga”, doescritor Paulo de Tarso:

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9Ação ago/2005

Foi dada a largada para a campanha salarialdos bancários 2005/2006. A Executiva Nacionaldos Bancários, ligada à Central Única dos Traba-lhadores (CUT), e a Confederação Nacional dosTrabalhadores em Empresas de Crédito (Contec)fecharam, em julho, suas respectivas pautas dereivindicações e os índices de reajuste salarial pre-tendidos. Como não há unicidade nas propostasdas duas entidades, mais uma vez os representan-tes dos bancos vão se sentar em duas mesas denegociação.

Os funcionários do Banco do Brasil decidi-ram, no 16º Encontro Nacional realizado em SãoPaulo, em julho, fazer uma negociação salarialunificada com os outros bancários da rede públi-ca e os da rede privada. O índice de reajuste

aprovado foi de 11,77%, que levou em conta a in-flação do período medida pelo Índice do Custo deVida do Dieese – que foi de 5,69% –, mais o au-mento real do piso salarial dos funcionários obtidono ano passado, que foi de 5,75%. O índice de11,77% também será reivindicado para reajustar aparticipação nos lucros e resultados (PLR), auxílio-creche, vale-alimentação e vale-refeição.

Tanto o reajuste de 11,7% quanto a campa-nha unificada foram referendados durante a 7ªConferência Nacional dos Trabalhadores do RamoFinanceiro, realizada no final de julho também emSão Paulo. As reivindicações aprovadas na Confe-rência serão sistematizadas em uma minuta quefoi encaminhada no início de agosto à FederaçãoNacional dos Bancos (Fenaban).

MESAS ESPECÍFICASOs funcionários do BB também decidiram

participar das negociações específicas dos bancá-rios do setor público com o objetivo de amenizaras perdas salariais, que no caso do BB chegam a80%. Como há uma série de questões que preci-sam ser resolvidas com a direção do BB, os parti-cipantes do encontro resolveram criar grupos detrabalho para negociar esses temas separadamen-te. Entre eles, está um novo modelo de plano decargos e salários, de cargos comissionados eisonomia entre funcionários novos e antigos.

Há ainda problemas envolvendo a Cassi e aPrevi. Com relação à Cassi, os funcionários do BB

Na proposta de acordo salarial refe-

rente ao período que vai de setembro

de 2005 a agosto de 2006, a Executiva

Nacional dos Bancários reivindica um

reajuste de 11,77% para os salários. Já

a Contec pede um reajuste de 15,38%.

Confira a pauta de reivindicações

aprovada pelas duas entidades.

CUT e Contec

Keys

tone

por Denise Ramiro e Cristiana Nepomuceno

fecham pauta de reivindicações

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10 Ação ago/2005

reivindicam uma solução para odéficit no plano de associadoscom uma nova forma de cus-teio, o cumprimento do estatuto– principalmente no que diz res-peito à contribuição dos 4,5%que o Banco não vem efetuan-do para os funcionários contratados após 1998 –e a reforma estatutária. No caso da Previ, eles de-fendem a redução da Parcela Previ e também a re-visão do estatuto da entidade.

CONTECA Contec entregou, no dia 19 de julho, à Di-

retoria do Banco do Brasil, a pauta de reivindica-ções para o Acordo Coletivo de Trabalho, que serefere ao período de 1º de setembro de 2005 a31 de agosto de 2006. A Confederação quer umreajuste de 15,38%, a vigorar a partir de 1° desetembro e que corresponde à variação do reajus-te do salário mínimo de 2005, além de 7% a títulode aumento real. Para recuperar as perdas sala-riais dos anos anteriores, que chegam a 80%, aContec reivindica ainda a incorporação (a partirde 1º de setembro) da variação do IGP-M de 1994a agosto de 2003, e a incorporação do resíduoinflacionário no período de 1º de setembro de1994 a 2003 sobre os salários praticados emagosto de 2003.

A ANABB foi convidada pela Contec parasentar-se à mesa de negociações neste ano. O di-retor de Relações Externas e Parlamentares da As-sociação, Emílio Rodrigues, explica que a ANABBsempre participou das negociações como observa-dora e repassando dados técnicos aos negociado-res quando necessário. Mas, segundo ele, há umademanda crescente dos associados por informa-ções sobre as negociações e também para que aentidade participe mais diretamente das conversascom os representantes dos bancos. “Os funcioná-rios do BB têm cobrado a nossa participação, em-bora a Associação não tenha esse propósito por-que defende que as negociações salariais devam

Veja os principais pontos da campanha salarialunificada aprovados no 16º Encontro Nacionaldos Funcionários do Banco do Brasil, realizadoem São Paulo:

Reajuste salarial: índice de reajuste de11,77%, valor composto pela inflação do perío-do medida pelo ICV do Dieese (5,69%) mais oaumento real do piso salarial dos funcionáriosobtido no ano passado, que foi de 5,7%.

Mesas específicas: criação de mesas denegociações específicas para tratar de ques-tões relativas apenas ao Banco do Brasil.

Os principais pontos que deverão sernegociados nas mesas específicas são:

Construção de um novo modelo de pla-no de cargos e salários e de cargoscomissionados;

Isonomia entre novos e antigos funcio-nários;

Solução para o déficit no plano de asso-ciados da Cassi, com uma nova forma decusteio;

Cumprimento do estatuto da Cassi, es-pecialmente no que diz respeito à contri-buição dos 4,5% que o Banco não vempagando para os funcionários contratadosapós 1998;

Reforma estatutária da Caixa de Assis-tência;

Redução da Parcela Previ e revisão do es-tatuto do fundo de pensão

PROPOSTA DOS

FUNCIONÁRIOS DO BB

Ed V

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Ed V

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O diretor da ANABBEmílio Rodrigues (àesq.) esteve presenteao encontro promo-vido pela CUT queaprovou o pedido dereajuste de 11,77%

Funcionários do BB na reunião da CNB/CUT

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11Ação ago/2005

Aumento real: a título de aumento real, o BB in-corporará 7% aos salários e demais verbas de nature-za salarial, a partir de 1o de setembro de 2005, nas re-munerações dos seus funcionários.

Produtividade: a título de produtividade, o BB pa-gará o equivalente a duas remunerações brutas vigen-tes a partir de 1o de setembro de 2005, considerandotodas as verbas de natureza econômica.

Proteção salarial: a partir de 1o de setembro desteano, o BB protegerá os salários, gratificações, auxílios,adicionais e vantagens dos funcionários abrangidospelo acordo, recompondo seu valor real acordado em01.09.2005 sempre que a taxa de inflação acumuladaalcançar percentual igual ou superior a 3%, medidacom base na variação mensal acumulada do INPC.

Pisos salariais: a partir de 1o de setembro de2005, o BB pagará, para uma jornada de cinco horasdiárias, de segunda a sexta-feira, um salário mensalde ingresso de R$ 1.926,85 e um piso de comissiona-do de R$ 3.275,64 mensais.

Adiantamento de 13º salário: o BB pagará, emfevereiro, metade do salário do mês, a título de adian-tamento de Gratificação de Natal, salvo se o funcioná-rio já a houver recebido por ocasião de gozo de férias.

A proposta do acordo coletivo de trabalho apre-sentada pela Contec à Diretoria do Banco do Bra-sil tem mais de 100 cláusulas, que abordam desdereajuste, piso salarial e gratificações até o uso deuniformes, folgas, contribuições patronais e políti-ca sobre AIDS. Confira abaixo os principais pontosrelativos ao reajuste salarial de 2005:

Reajuste salarial: o reajuste deverá ser calcula-do pela variação do índice do reajuste do salário míni-mo de 2005, isto é, 15,38%, a partir de 1º de setem-bro de 2005, sobre os salários e demais verbas de na-tureza salarial praticados pelo Banco do Brasil em 31de agosto de 2005. Não serão compensados aumen-tos decorrentes de promoção ou equiparação.

Recuperação do poder de compra: o Banco in-corporará aos salários e às demais verbas de nature-za salarial, a partir de 1o de setembro de 2005, a vari-ação do IGP-M do período de setembro de 1994 aagosto de 2003.

Resíduo inflacionário diferenciado: o Bancoincorporará aos salários e às demais verbas denatureza salarial praticados em agosto de 2003 oresíduo inflacionário do período de 1º de setembrode 1994 a 2003.

DETALHES DA PAUTA DA CONTEC

ser conduzidas pelos sindicatos”, argumenta.Emílio adianta que o interesse da Associação

é participar das duas mesas de negociação, tantoa comandada pela Contec como a da CUT. “Preci-samos analisar a nossa participação com cautelaporque é uma decisão política importante”, avaliao diretor da ANABB. Mas, independentemente deaceitar ou não os convites, Emílio garante que aAssociação continuará acompanhando de pertoas negociações como observadora. Ele ressalta aimportância da união do movimento sindical dosbancários e concorda com o argumento da CUTde que mesas diferentes de negociação fragilizamo movimento. “Há muito mais peso quando se ne-gocia em nome de 400 mil bancários unidos”, res-salta.

Na avaliação do presidente da Contec, Lou-renço Ferreira Prado, a participação da ANABBdará um peso maior às negociações. “A ANABB é

uma entidade respeitada e sua participação, coma estrutura, prestígio e crebilidade que tem, cer-tamente fará diferença à campanha”, argumenta.

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Contec dá a largada para a campanha salarial: convite para aANABB participar das negociações

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12 Ação ago/2005

Tudo começou em 2004, com 11 violinos einstrumentos de percussão, adquiridos com a ven-da de materiais recicláveis. Onze crianças de 7 a12 anos, estudantes da rede pública e pertencen-tes a famílias beneficiárias da assistência social,passaram a receber aulas de música. Elas partici-pam do projeto “Música, Educação e Cidadania”,da Associação Lageana de Assistência aos Meno-res – Alam Cidadania –, em Lages (SC). O projetoganhou visibilidade e as crianças passaram a serconvidadas a fazer apresentações em eventos re-gionais.

Tanto sucesso não poderia ficar limitado apoucos participantes. Por esse motivo, a Alam Ci-dadania quer ampliar seus trabalhos e alçar vôosmais altos. O objetivo de atender 80 crianças já foiatingido. Agora, a Associação está formando umaorquestra infantil.

O projeto Brasil Sem Fome, promovido pelaANABB, que repassa recursos doados pelos fun-cionários do Banco do Brasil a comitês de cidada-nia – entrou nessa campanha e utilizou parte desua verba na compra de 46 instrumentos musicais

Música é cidadania

Com a ajuda do programa Brasil Sem Fome, promovido

pela ANABB, a Associação Lageana de Assistência aos Me-

nores, de Santa Catarina, conseguiu montar uma orquestra

e ampliar o atendimento a 80 crianças.

para a Alam. Com a ajuda, foram adquiridos ins-trumentos de percussão, flautas, violas,violoncelos, clarinetes, contrabaixo, xilofone, caixa,entre outros. “A ANABB tem sido uma mãe paranós. Não esperávamos que fôssemos conseguirtanto. Foi um presentão. Conseguimos completarnossa orquestra”, afirma Leonir Zulianello, respon-sável pelo projeto.

Realmente, a ajuda dos colegas do BB rendeubons frutos. No dia 27 de julho, o coordenador doBrasil Sem Fome e diretor da ANABB, DouglasScortegagna, acompanhado do conselheiro fiscalCláudio Zucco e do diretor estadual da ANABB emSanta Catarina, Chico Pamplona, estiveram emLages para contemplar o desenvolvimento do pro-jeto. “Ver estampada no rosto de cada uma da-quelas crianças a alegria de estar fazendo algomuito prazeroso é indescritível”, afirmaScortegagna. “Gostaria que todas as pessoas quecontribuem para o Brasil Sem Fome vissem o quan-to estão ajudando.” As crianças prestaram home-nagem de agradecimento à ANABB. Emocionado,Scortegagna elogiou o trabalho realizado pela co-

Música é cidadania

por Ana Cristina Padilha

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13Ação ago/2005

Solicite boleto bancário pelo telefone (61) 3442-9696 ou pelo e-mail [email protected]. Você re-

ceberá o boleto em casa. Preencha-o com o valor com o qual deseja contribuir e pague-o em qualquer agên-

cia bancária. Quem fizer contribuições a partir de R$ 50,00 receberá uma camisa do projeto.

lega Leonir e todos os voluntários que cola-boram com a entidade. “Tornamo-nos tes-temunhas e cúmplices de trabalhos maravi-lhosos, como este realizado em Lages”, dis-se.

CONQUISTAS CRESCENTESA Associação Lageana de Assistência

aos Menores (Alam) foi criada em 1956 e, apartir de 1983, sua administração foi assu-mida por funcionários e clientes do Bancodo Brasil de Lages. As atividades são de-senvolvidas ao longo do período letivo, emquatro horas diárias. Além da orquestra, aAlam já dispõe de grupos de canto coral,danças folclóricas, percussão popular e deuma escola de música. As crianças são es-timuladas a participar de atividades em to-das as áreas: refeições, complemento edu-cacional, brincadeiras, esportes,informática, balé, coral, arte, cultivo de hor-taliças, jardinagem, sociabilização, traba-lhos manuais, palestras, passeios, bibliote-cas, debates, e até atividades direcionadas a higie-ne, saúde e reciclagem. São oferecidos ainda en-caminhamentos médico, odontológico, psicológicoe exames laboratoriais.

O telefone para contato é (49) 3223-2354.

O coordenador do programa Brasil Sem Fome, DouglasScortegagna (à dir.), o conselheiro da ANABB, Cláudio Zucco, e odiretor da ANABB em Santa Catarina, Chico Pamplona (aocentro), visitam o projeto de formação musical coordenado pelacolega Leonir Zulianello (de vermelho à dir.)

PARTICIPE DA CAMPANHA BRASIL SEM FOME

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14 Ação ago/2005

BOAS OPORTUNIDADES

O site da ANABB voltou a divulgar para os associados osconvênios fechados pelas diretorias junto ao comércio e aosetor de serviços em cada estado. As diretorias estaduaisdo Rio Grande do Sul, de Pernambuco, Bahia e do DistritoFederal estão sendo as primeiras a veicular os anúncios.Desde a entrada do atual site no ar, em fevereiro, os convê-nios estavam sem divulgação, à espera de um novo progra-ma de cadastramento.As diretorias estaduais podem fechar os contratos e cadas-trar as empresas e serviços diretamente com a sede daANABB. Os comerciantes e profissionais liberais interessa-dos poderão, na área de Produtos e Serviços do site, digitarseus cadastros. Se houver acerto entre as partes, os dadosserão fechados e enviados para Brasília para ficar à dispo-sição dos associados de todo o País, no site.

REFINANCIAMENTO NA CARIM

Termina em 17 de setembro o prazo para os mutuáriosda Previ assinarem convênio com a Caixa Econômica Fe-deral para uso do saldo do FGTS na quitação do financi-amento da Carim. O prazo poderá ser prorrogado por

mais seis meses, mas, devido a exigências contratuais, oconvênio pode não ser renovado nos atuais patamares.O saldo devedor do financiamento pode ser verificadona página da CEF (www.cef.gov.br). Mais informaçõessobre o convênio com a CEF estão na página da Previ(www.previ.org.br).

IV PRÊMIO CIDADANIA

As inscrições para concorrer ao IV Prêmio Cidadania ultrapas-saram as expectativas. 113 projetos foram apresentados porcomitês, voluntários e associações. A comissão julgadora queavaliou os projetos foi formada por representantes da Fenabb,da Fundação Banco do Brasil, do Mismec – Movimento Inte-grado de Saúde Mental Comunitária –, da Via SocialConsultoria, que funciona em Brasília, e do Ibase – InstitutoBrasileiro de Análises Sociais e Econômicas –, localizado noRio de Janeiro. Ao todo, R$ 35 mil serão distribuídos entre osmelhores projetos e em execução há pelo menos um ano. A lis-ta com os dez primeiros colocados será divulgada em 1º desetembro no site da ANABB e a premiação está marcada parao dia 14 de setembro, na sede da Associação, em Brasília.

FESTA DO FOLCLORENo dia 22 de agosto, numa referência ao dia em que o

termo foi empregado pela primeira vez (em 1846), é come-morado o Dia Nacional do Folclore. No Brasil, as manifes-tações de caráter popular variam de região para região e adiversidade das tradições dá margem a dezenas de festas,que começam em janeiro com as folias de reis e só termi-nam no fim do ano. As tradições brasileiras espalham famamundo afora, atraindo turistas e gerando empregos. Maisdo que um motivo para comemorações, cultivar o folclore éuma forma de manter viva a identidade de um povo – nocaso do Brasil, as manifestações culturais devem sua rique-za ao fato de terem sofrido influência de diversas raças.

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15Ação ago/2005

III FÓRUM DE DEBATES

Mais de 250 dirigentes da ANABB, da Previ, da Cassi,da Cooperforte, da Contec, da CNB-CUT e do Banco doBrasil se reuniram nos dias 8 e 9 de agosto, no HotelKubitschek Plaza, em Brasília, para o III Fórum Nacional deDebates ANABB.

No dia 8, foram realizados dois painéis. No primeiro,intitulado “Panorama de Atuação do Banco do Brasil”, fo-ram analisadas as perspectivas para o estabelecimento deestratégias que tenham como objetivo o aproveitamento deoportunidades nacionais e internacionais. O painel foi co-ordenado pelo diretor de Relações Funcionais, Aposentado-ria e Previdência da ANABB, Douglas Scortegagna, e tevecomo palestrantes o professor Alberto Borges Matias e ovice-presidente interino de Negócios Internacionais e Ataca-do do Banco do Brasil, José Maria Rabelo. O ex-presidentedo Banco do Brasil, Alcyr Calliari, foi o debatedor, abrindoespaço para os questinamentos dos participantes.

O segundo painel, sob o nome “Previ: MudançasEstatutárias, Plano de Benefícios e Gestão dos Valores Ga-rantidores”, foi coordenado pelo presidente do ConselhoDeliberativo da ANABB, Antonio Gonçalves. O presidenteda Previ, Sérgio Rosa, e o conselheiro deliberativo da Previ epresidente da ANABB, Valmir Camilo, foram os palestrantesdo painel. O conselheiro deliberativo da ANABB, FernandoAmaral, participou como debatedor.

Na abertura do fórum, Valmir Camilo agradeceu a pre-sença dos representantes das entidades e do Banco do Bra-sil e ressaltou a importância de debates como os presencia-dos no primeiro dia do Fórum Nacional de Debates. Apósas solenidades de abertura, os participantes do evento fo-ram recepcionados com um jantar.

No dia seguinte, foi apresentado o terceiro painel:“Cassi: Situação Econômico-Financeira, Reforma Estatutáriae Relação com o Banco do Brasil”. A coordenação foi da

diretora Administrativa e Financeira da ANABB, Graça Ma-chado. O diretor de Produtos e Atendimento a Clientes daCassi, José Antônio Diniz de Oliveira, e o diretor superinten-dente da Cassi, Vicente Gomes Neto, conduziram as pales-tras, que tiveram como debatedor convidado o gerente-exe-cutivo da Diretoria de Relações com Funcionários e Respon-sabilidade Sócio-ambiental do Banco do Brasil, CarlosEduardo Leal Neri.

O quarto e último painel tratou do futuro dos funcionári-os do BB: “Relações Trabalhistas: Campanha Salarial e Ne-gociações Especiais - Banco x Funcionários. Coordenadopelo diretor de Relações Externas e Parlamentares daANABB, Emílio Rodrigues, o painel teve como palestrantes opresidente da Contec, Lourenço do Prado, o coordenadorda Comissão de Empresa do BB, Marcel Juviniano Barros, e

o gerente-executivo de Relações Trabalhistas do Banco doBrasil, Joel Bueno. Edgar Teixeira Dias, integrante da coor-denação do Movimento Nacional de Oposição Bancária,foi o debatedor.

A cobertura completa do III Fórum Nacional de DebatesANABB você vai ler no próximo número do Jornal Ação.

ERRAMOSNo Especial Balanço, veiculado junto com o Jornal Ação177, na página 6, Demonstrativo de Superávit/ Déficit, colu-na 2003, sobre reembolso de advogados, onde se lê47.366,35 leia-se, 447.366,35.

Confira os números sorteados nos meses de junho e julho:

SEGURO DECESSO

Dia 04 87.956 Dia 09 72.420

Dia 11 28.607 Dia 16 48.010

Dia 18 87.745 Dia 23 29.631

Dia 25 10.821 Dia 30 31.58 7

JULHOJUNHO

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16 Ação ago/2005

Bons tempos eram aqueles em que ospelegos somavam meia dúzia de gatos pingadose se aboletavam na indigitada Contec e em al-guns sindicatos e federações de segunda classe.

Nesses bons tempos, em especial no pós-anos 80, aCUT e seus apaniguados brandiam ferozmente a espadaavassaladora da ética e do moralismo, não deixando pe-dra sobre pedra do espaçoso edifício da corrupção queservia de abrigo aos defensores de mamatas emaracutaias. Éramos os porta-vozes do povo humilde e tra-balhador, tanto quanto politicamente ingênuo.

Contextualizando: um pouco mais tarde, em 1985, omineiro Tancredo Neves, bafejado pela relativa aberturapolítica Geisel-Figueiredo, venceu as eleições indiretas parapresidente da República. Na véspera de sua posse, baixouao hospital, foi operado de algo que até hoje não ficou mui-to claro, sofreu imperícias e morreu dias depois, vítima desupostos erros médicos.

Anos antes, houvera um período de duas décadas emque se fez boca-de-siri forçada. Foi a época da “gloriosade 64”, que encarcerava (e, às vezes, “suicidava”) aquelesque se metessem a criticá-la mais mordazmente – períodoáspero, sob os tacões dos milicos, em que a imprensa este-ve amordaçada pela censura e os políticos só tinham vezpara dizer amém.

No lugar de Tancredo, em meio a um emaranhado dedúvidas e incertezas, tomou posse o vice José Sarney – JoséRibamar Ferreira de Araújo Costa, quem diria! – tentandocosturar uma colcha de retalhos.

Se antes, com o “grosso” Figueiredo, o movimento sin-dical dava suas cacetadas, daí para frente foi pau puro.Como diriam os redundantes: diariamente, todos os dias.Não escapou nem Sarney (1985-89), nem Collor (1990-92),nem o “tampão” Itamar (1992-94) e muito menos FernandoHenrique 1 e 2 (1995-98 e 1999-2002). Nesse tempo, LuizInácio, o mais bem preparado líder sindical que o Brasil játeve, distribuía suas bordunadas, no melhor estilo das es-querdas, sobre a merecida direita nacional e internacional.

Élcio Bueno é diretor de Comunicação eDesenvolvimento da ANABB

(Este que vos fala fez parte do exército

brancaleone durante mais de 15 anos.Deixei de fazê-lo a partir de 1996/97,quando comecei a conhecer de pertoo modus operandi dos “companhei-ros”).

Chegou o final de 2002 e LuizInácio foi eleito Presidente da Repúbli-ca. No transcorrer de 2003 e 2004,pareceu ter se confirmado o velhoaforismo de que o poder é como umviolino: toma-se com a esquerda,mas toca-se com a direita. Como ate-nuante a Lula, podem ser aproveita-

das as palavras de Brito Broca, na introdução escrita em1952 à edição brasileira de “D. Quixote de La Mancha”:“Porque o mundo não é feito à medida do nosso ideal. Senele há muita coisa errada, se está mesmo quase tudo erra-do, esses erros se articulam de tal forma numa ordem apa-rente, que pretender corrigi-los, ignorando a entrosagemque os rege, é provocar a desordem e as mais perigosasreações”. Lula, pessoalmente, não tem provocado nem de-sordens nem perigosas reações.

Neste recente período histórico em que a esperançarenasceu aos olhos da massa trabalhadora, motivada pelosnovos ocupantes da Praça dos Três Poderes e da Esplanadados Ministérios, os mais ardentes sonhos do movimento sin-dical foram lançados para baixo dos carcomidos tapetesvermelhos palacianos, varridos pela inépcia de umgrupamento que mudou impudicamente de posição.

Os aguerridos combatentes de outrora transforma-ram-se nos solertes pelegos de hoje, lacaios do sistema.Faça-se justiça: existem as raras e honrosas exceções, quesó confirmam a regra.

Se por um lado isso é verdade, por outro nota-se aemergência de movimentos espontâneos e isolados nasprincipais cidades brasileiras, o que poderá dar nova colo-ração ao movimento nos próximos anos.

Porém, no frigir dos ovos, bons tempos eram realmen-te aqueles em que os pelegos somavam apenas meia dúziade gatos pingados e se aboletavam na entãoanatematizada Contec e em alguns sindicatos e federaçõesditos de segunda categoria. Nos dias de hoje, a pelegagemestá generalizada. E o trabalhador... coitado, foi jogadonas mãos do capeta.