A Bíblia por um punhal e outras histórias

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A BBLIA POR UM PUNHAL

E OUTRAS HISTRIAS ESPETACULARES

(POR HELEN LEE)

1. A Bblia Por um Punhal (Por Wayne E. Olson)

O viajante olhou sua volta, bastante preocupado. Havia chegado na parte mais perigosa de sua viagem. Ele deveria atravessar o desfiladeiro do Riacho da Nogueira. Dos dois lados, havia enormes e assustadoras paredes rochosas e sua frente estava aquela trilha estreita, cheia de curvas e coberta com pedras. Mas era isso que lhe dava mais medo. Havia escutado muitos boatos a respeito daquele desfiladeiro. Histrias de bandidos e de viajantes que tiveram todos os seus pertences roubados. Algumas vezes, pessoas que passavam por essa garganta rochosa nunca mais apareciam.

Felizmente, ainda faltavam algumas horas para escurecer, e ele certamente passaria por aquela zona de perigo antes do anoitecer. Ele segurou um pouco mais firme em seus livros e comeou a descer o desfiladeiro. Sendo um vendedor de Bblias, Michael fez mais do que isso. Ele fez uma orao silenciosa e pediu a proteo do Senhor.

A princpio, a trilha era mais fcil do que ele esperava e seus ligeiros ps o levavam rapidamente desfiladeiro abaixo. Michael pde observar a cena sua volta e examinar o penhasco cuidadosamente. Que lugar assustador! Por toda a parte, grandes rochas estendiam-se em direo ao cu, algumas isoladas, outras em grupos. Michael notou que elas formavam excelentes esconderijos. Pior que isso, algumas dessas rochas ficavam bem na beira da trilha. Um bandido poderia esconder-se atrs de uma delas at que um viajante se aproximasse, e ento poderia pular e atac-lo.

medida que descia o desfiladeiro, a trilha tornava-se cada vez mais estreita e sinuosa. O nmero de pedras aumentava e era com muita dificuldade que Michael encontrava um lugar para pisar. Logo ele teve que parar de observar os esconderijos e concentrar-se na trilha. Bem, Michael pensou, sei que falam muitas histrias deste desfiladeiro, mas j passei por aqui vrias vezes sem nada me acontecer.

Alarmado, Michael levantou os olhos. L, bem sua frente, estava um bandido mascarado, segurando um punhal em sua mo direta, pronto para atacar.

Michael parou. O bandido continuou, s os seus olhos apareciam acima da mscara.

- Primeiro, me d todo o seu dinheiro ele ordenou e depois vou mat-lo.

No havia pressa ou exaltao na voz do bandido. Parecia que ele estava fazendo algo que j havia feito muitas outras vezes, e certamente pretendia fazer de novo.

Michael olhou para ele com firmeza. Ele precisava pensar rpido. Um erro poderia custar sua vida e ele no queria morrer ali. Devo desafiar o bandido?, ele se perguntou. Com certeza, isso seria muito arriscado. Devo lutar com ele? Um salto rpido para agarrar o brao do bandido e um soco bem forte em seu rosto poderiam desarm-lo e salvar a vida do vendedor de Bblias. A maioria das pessoas poderia pensar que essa seria a nica chance de Michael.

Michael, no entanto, optou por um outro mtodo de defesa. Ele decidiu que trataria o bandido da maneira como ele acreditava que Jesus o faria.

Sendo o mais gentil possvel, ele falou calmamente:

- Amigo, no tenho muito dinheiro, mas darei o que tenho a voc e ofereceu sua carteira.

Se o bandido ficou surpreso, ele no demonstrou nada. Mas ainda segurava sua faca ameaadoramente.

- E se voc quiser me matar Michael continuou eu no vou contrari-lo, mas sentirei muita pena se decidir agir assim. Veja, eu estou preparado para morrer. Se voc me matar, no vai me prejudicar muito porque eu terei a vida eterna. Porm, fico triste em pensar como isso prejudicar voc.

O bandido no sabia o que dizer. Ele nunca tinha ouvido ningum falar assim.

- sentirei muita pena de voc Michael continuou por causa de todo o sofrimento que voc ter que suportar. Em primeiro lugar, assim que voc me matar, voc se tornar um homem perseguido. A polcia vir atrs de voc. Voc nunca mais poder voltar para casa sem medo constante de ser preso ou enforcado por seu crime. Em segundo lugar, mesmo se a polcia no o pegar logo, sua conscincia o condenar. Voc nunca mais sentir paz ou alegria de novo, pois saber que transgrediu a lei de Deus. E depois, quando morrer, porque isso vai acontecer, voc ter que se encontrar com Deus no juzo final e no saber que resposta dar. Eu, porm, estou preparado para ir em paz e sem medo.

O bandido ficou mudo, e seu brao foi baixando aos poucos. Finalmente, ele encontrou o que dizer:

- Onde... onde ele gaguejou voc descobriu como morrer sem ter medo? J matei outros homens e todos estavam apavorados. Como voc disse, eu teria medo de morrer.

Michael colocou a mo dentro de seu casaco e retirou uma Bblia:

- Aqui Michael disse, abrindo em um de seus verso favoritos. - Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, no temerei mal nenhum, porque Tu ests comigo (Salmo 23:4) leu Michael.

Folheando a Bblia, ele leu outro verso:

- Bem- aventurados sois quando, por Minha causa, ... vos perseguirem. Regozijai-vos e exultai, porque grande o vosso galardo nos Cus (Mateus 5:11 e 12).

- Mas assim mesmo que est escrito a? - o bandido interrompeu.

- assim mesmo! Oua isto: Ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornaro brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornaro como a l (Isaas 1:18). oua mais isto: Se confessarmos os nossos pecados, Ele fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustia (I Joo 1:9).

- Isso verdade? - perguntou o bandido com a voz trmula.

- Claro que !

- Voc acredita nisso?

- Sim, eu acredito.

- Isso serve para os meus pecados tambm? Ser que Deus me perdoaria?

Por um instante, Michael no sabia dizer se o bandido estava sendo sincero ou no. Mas ele olhou nos olhos do bandido e viu que estavam cheios de lgrimas!

- Amigo disse Michael, apertando a mo do bandido claro que isso verdade. Voc pode ter os seus pecados perdoados. Voc... voc gostaria que ns nos ajoelhssemos aqui para orar pedindo perdo a Deus?

- Por favor o bandido respondeu, ainda meio hesitante.

Ali mesmo, naquela trilha rochosa e estreita, Michael e o bandido se ajoelharam lado a lado. Voc no acha isso maravilhoso? L, naquele caminho, com os braos nos ombros um do outro, Michael orou pelo homem que alguns minutos antes queria dar fim sua vida.

Quando se levantaram, o bandido disse a Michael:

- Posso ficar com um desses livros?

- Voc pode ficar com este aqui respondeu Michael. - Mas no quero o seu dinheiro em troca. Quero outra coisa.

- o qu?

- Gostaria de trocar esta Bblia pelo seu punhal.

- Feito! - respondeu o bandido.

Ento, ao fazerem a troca, o homem que at ali tinha sido um bandido falou:

- Se voc pensa que eu estava brincando quando ameacei mat-lo, fique sabendo que eu j matei sete homens com este punhal e eu teria matado voc to prontamente como fiz com os outros. Mas Deus me impediu e nunca mais matarei ningum.

2. O Bandido Tolo (Por Lawrence Maxwell)

O Senhor George Whitefield foi um dos maiores evangelistas de todos os tempos. Um dia, enquanto viajava a cavalo com um amigo, algum lhe contou a histria de uma viva que estava prestes a perder toda a sua moblia se pagasse certa quantia em dinheiro imediatamente. O Sr. Whitefield prontamente deu a ela 5 guinis (antiga moeda inglesa de ouro), que nos dias de hoje valeriam aproximadamente 30 reais, mas naquele tempo valiam muito mais.

Ao prosseguirem a viagem, o amigo disse:

- Voc sabe que no tem recursos suficientes e mesmo assim deu todo aquele dinheiro viva! Porque fez isso?

- Quando Deus nos apresenta um caso de angstia e sofrimento, Ele deseja que ns ajudemos respondeu o Sr. Whitefield.

De repente, montados em seus cavalos, eles viram uma nuvem de poeira que saa de um lugar escondido e vinha em sua direo. Ento, do meio da poeira, apareceu um homem mascarado.

- Seu dinheiro ou sua vida exigiu o bandido, ameaando-os com uma pistola.

O Sr. Whitefield e seu amigo pararam e rapidamente esvaziaram suas carteiras nas mos do ladro. O que mais poderiam fazer?

O bandido foi embora e os dois viajantes continuaram seu caminho.

- Agora quem voc acha que foi mais sbio? - o Sr. Whitefield perguntou ao seu amigo. - Dei meu dinheiro para uma viva e ele vai ser bem aproveitado. Voc guardou o seu e o bandido levou.

At onde sabemos, o amigo no respondeu nada e logo teve com que se preocupar, pois som do trote do cavalo atrs deles o assustou mais uma vez. Quando olharam para trs, viram de novo aquele bandido.

- Pare!- ele ordenou, mostrando sua arma.

- O que voc quer agora, amigo? - perguntou o Sr. Whitefield.

- Eu quero este casado que voc est vestindo. bem mais bonito que o meu.

- Tudo bem disse o Sr. Whitefield.

Ele tirou seu casaco e o entregou ao ladro que , em troca, deu ao Sr. Whitefield o casaco rasgado que ele estava usando.

Mais uma vez o Sr. Whitefield e seu amigo prosseguiram a viagem. Eles estavam se aproximando de uma vila quando, pela terceira vez, escutaram aqueles trotes novamente.

- Acho que desta vez ele quer nos matar! - o amigo gritou.

Eles apertaram as esporas na barriga de seus cavalos, correndo o mais rpido que podiam para alcanar a segurana da cidade. A confuso da corrida continuou por alguns minutos at que o bandido, percebendo que no conseguia alcanar os viajantes antes que chegassem a vila, acabou desistindo.

Mais tarde naquela noite, o Sr. Whitefield tirou o velho casaco rasgado que tinha trocado com o ladro. Em um dos bolsos, bem embrulhadinho, estava um pacote de moedas no valor de 100 guinis, sem dvida o resultado de muitos assaltos, e 20 vezes a quantia de dinheiro que o Sr. Whitefield havia dado pobre viva naquela manh.

3. Prisioneiros que Gostavam de Cantar (Por Ka Le Paw e Eric B. Hare)

Era um dia mido e quente no fim da temporada de chuvas. Uma grande canoa flutuou rio abaixo e parou s margens do lamacento rio Salween, carregando um grupo de homens armados com longas facas afiadas e armas de fogo. Eram bandidos temidos por toda a floresta.

Aquela era a hora do dia em que todos os alunos estavam na escola e os outros moradores da vila estavam descansando ou dormindo. Assim, ningum estava prximo s margens do rio para dar o alerta de perigo.

Deixando dois homens responsveis pela canoa, os bandidos pularam para a margem e silenciosamente seguiram seu chefe pela trilha que levava vila. Assim que avistaram a escola, o chefe dos bandidos parou e disse:

- L est, rapazes! Est cheio de professores e alunos e ningum est armado. Cerquem o local sem fazer barulho. Quando eu atirar, eles gritaro e correro em direo floresta. Agarrem todos que conseguirem. As pessoas que mandam seus filhos para a escola tm dinheiro, e com o resgate ns conseguiremos o suficiente para viver muito bem por um ou dois meses.

Bum! Fez a arma do bandido.

O Pastor Chit Maung olhou pela janela e viu o grupo de bandidos armados que cercava a escola. Ele ficou plido e perdeu as foras nas pernas, mas conseguiu gritar:

- So bandidos! Corram o mais rpido que puderem para a floresta!

Os estudantes correram escada abaixo, muitos gritando de medo.

- S os maiores! - gritava o chefe Eles valem mais e so mais fceis de cuidar!

- Thara Chit Maung, socorro! - gritou um garoto de 15 anos ao ser agarrado por um dos bandidos.

- Fique quieto se for esperto! - resmungou o bandido.

- Maung Thein, Maung Thein, onde voc est? Socorro!

Os minutos seguintes foram cheios de terror. A notcia rapidamente se alastrou por toda a vila. Homens, mulheres e mes com bebs em suas costas mais do que depressa interromperam suas atividades, deixaram as panelas no fogo e fugiram para salvar a vida. Era tudo o que os bandidos queriam! Uma vila vazia, sem ningum para atrapalhar, e dez prisioneiros de 15 a 22 anos de idade.

Os prisioneiros foram amarrados e colocados sob vigilncia enquanto os bandidos saqueavam cada choupana de bambu. Eles levaram todo o dinheiro, comida e vesturio que quiseram. Ao colocarem os prisioneiros e as coisas roubadas na grande canoa margem do rio, o chefe dos bandidos deixou um bilhete embaixo de uma pedra beira da trilha: Em sete dias deixem 25.000 rpias neste mesmo lugar e seus amigos sero libertados na manh seguinte. a rpia a moeda indiana.

Os moradores da vila e os alunos esperavam na floresta, tremendo de medo, at que enfim um espio trouxe notcias:

- Eles se foram! Eles se foram! Podem voltar!

Ao fazer a contagem, todos logo perceberam que quatro professores e seis alunos haviam sido seqestrados.

Ningum conseguiu dormir naquela noite. Estavam com muito medo para ir deitar. Ento ficaram sentados em grupos no escuro ou ao redor de pequenas fogueiras. De vez em quando, aqui e ali, podia-se ouvir uma orao:

- , Deus! Guarde-os. , Deus! Que eles se mantenham fiis a Ti.

No dia seguinte, os amigos e parentes daqueles que foram seqestrados comearam a juntar todo o dinheiro que podiam encontrar. Revolviam garrafas cheias com suas economias rpias em notas de papel e moedas de prata. Venderam o arroz e tudo que podiam. Porm, por mais que tentassem, tudo o que conseguiram ajuntar foi a quantia de 1.500 rpias. O que fazer? Os bandidos exigiam 25.000 rpias.

Na noite do stimo dia, eles deixaram a quantia que conseguiram ajuntar debaixo da pedra beira da trilha, com um bilhete:

1.500 rpias tudo o que temos! Por favor, tenham misericrdia de ns e soltem nossos maridos e filhos.

E algum momento naquela noite, os ladres vieram, pegaram o dinheiro e deixaram outro bilhete:

Ns lhes daremos mais uma semana. Se o restante do dinheiro no estiver neste mesmo local at o dia 27 de setembro, seus maridos e filhos sero mortos.

Mas no havia mais dinheiro. No havia mais nada para fazer a no ser orar. E eles comearam a orar. Enviaram pedidos de orao para os irmos em Moulmein, Rangoon, Calcut e Poona. No demorou muito e os jovens adventistas por toda a ndia e Birmnia estavam orando pelos pobres prisioneiros.

O dia 27 de setembro chegou. Um bilhete foi deixado debaixo da pedra beirada trilha:

No temos mais dinheiro! Ns oramos para que vocs tenham misericrdia e soltem nossos maridos e filhos.

Os ladres levaram o bilhete aquela noite, mas no deixaram nenhuma resposta. Um dia angustiante se passou, outro e mais outro. Mas ningum apareceu. Ser que eles haviam sido mortos?

Mesmo assim, as pessoas oravam. Elas ainda tinham esperana. Outros quatro dias se passaram e ento, na quinta-feira, dia 6 de outubro, s onze horas da manh, os prisioneiros entravam na vila.

- Que... que... quem voc? - gaguejou uma jovem ao ver um homem barbudo subir as escadas e entrar em sua casa.

- Sou seu marido! Todos ns estamos sos e salvos... e livres! o homem exclamou.

Ao som das vozes, a vila inteira se reuniu.

- Como vocs emagreceram! - disse uma me emocionada ao abraar seu filho.

- Voc tambm teria emagrecido se tudo o que tivesse para comer fosse arroz puro, com sal, duas vezes ao dia respondeu o garoto, chorando de alegria.

- Voc parece to doente! - disse outra pessoa com simpatia.

- Voc estaria assim tambm se tivesse que dormir ao relento, debaixo de chuva e sob o ataque de tantos mosquitos responderam as crianas.

- Para eles onde os levaram?

- O que vocs ficaram fazendo?

- Vocs tentaram...

- Esperem um pouco, esperem um pouco; um de cada vez! - um dos professores prisioneiros tentou acalm-los. - Vou tentar contar tudo o que aconteceu. No sabamos onde estvamos exatamente, mas estvamos em algum lugar da floresta, longe de tudo. No comeo, estvamos com tanto medo que no sabamos o que fazer. No tnhamos coragem de ir dormir, ento sentamos todos juntos em um grande grupo.

- Depois de algumas horas, alguns de ns ficamos com sono interrompeu algum.

- Mas dissemos que no poderamos dormir se no fizssemos primeiro o culto outro continuou.

- Ento oramos juntos, e depois alguns dos mais novos pegaram no sono. Ao amanhecer, fizemos o culto novamente. As crianas disseram que deveramos cantar durante o culto. Ento cantamos, nos lembramos das promessas bblicas e oramos. Vocs precisavam ter visto aqueles bandidos! Eles no fizeram nada para nos impedir.

- Em toda minha vida, nunca vi, nem ouvi prisioneiros cantando - disse um bandido ao outro.

- Nunca vi nada igual - concordou o outro.

- Logo eles no sentiro mais vontade de cantar, comendo s arroz com sal duas vezes ao dia e dormindo no cho todas as noites - disse outro.

- Mas no tinha muito o que fazer. Levantvamos pouco tempo para cozinhar e preparar o arroz para o bando de ladres, e ento passvamos o tempo cantando.

- Foi isso que Paulo e Silas fizeram na priso, no foi? - perguntou um dos alunos.

- Os dias passavam devagar. Os mosquitos eram terrveis. Era difcil comer s arroz com sal. Alguns ficaram com febre. Todos ns emagrecemos. Mas continuamos a cantar.

- Os ladres viviam perguntando: Por que vocs so to diferentes dos outros? E ns aproveitvamos para falar-lhes a respeito de Jesus, que veio para resgatar e salvar os perdidos.

- Talvez seja por isso que Jesus permitiu que fssemos capturados. Para que pudssemos contar que Jesus tambm os ama e quer que sejam bons e possam ter a oportunidade de morar em lindas manses no Cu - um dos alunos falou aos bandidos.

- Aps a primeira semana, ao ver que conseguiram apenas 1.500 rpias em vez de 25.000, ns tememos que fossem nos tratar com crueldade. Mas, para nossa surpresa, eles falavam bondosamente conosco, assim como faziam antes. Ns cantamos e continuamos a cantar. Ento, quando o dia 27 de setembro passou e o restante do dinheiro no foi entregue, o chefe dos ladres disse: E agora? O que faremos? Vamos mat-los como de costume?

- Esses prisioneiros so to diferentes -disse um dos ladres.

- No podemos mat-los, chefe - respondeu outro.

- Eles so to alegres e as msicas que eles cantam nos deixam felizes tambm

- Vamos pensar por alguns dias sobre o assunto - decidiu o chefe.

Sete dias se passaram e ento o chefe decidiu:

- Bem rapazes, parece que no vamos conseguir mais nenhum centavo de resgate. Alm disso no conseguimos matar estas pessoas; elas so muito diferentes! Deixem que faam uma boa refeio, levem-nas rio abaixo e soltem-nas.

- Folhas de bananeira foram espalhadas pelo cho e sobre elas foram colocadas pores bem quentinhas de arroz. Dois homens apareceram, um carregando um panela de ensopado de porco e outro um panela de ensopado de tartaruga. Sirvam-se, eles disseram. Ao menos uma boa refeio vocs podero se lembrar de ter feito conosco.

- Mas ns no comemos carne de porco - falou um dos alunos balanando a cabea.

- Nem de tartaruga! - disse outro.

- No? - perguntaram os ladres surpresos.

- Depois de comer s arroz com sal por trs semanas, vocs no querem comer essa comida deliciosa?

- A Bblia diz que porcos e tartarugas so impuros. Ns preferimos comer s arroz com sal novamente.

- Os ladres no conseguiam acreditar no que estavam escutando. Nunca ouvimos nada igual, diziam.

- Estas so as pessoas mais estranhas do mundo! No bebem, no comem carne de porco, no comem tartaruga e s cantam, cantam e cantam!

- Bem, que tal um peixinho para acompanhar o arroz?

- Seria timo! - ns respondemos.

- Depois disso, eles nos levaram para o rio, conduziram-nos rio abaixo em sua grande canoa por alguns quilmetros e nos soltaram. E aqui estamos, graas ao bom Deus!

O corao de todos ali transbordava em gratido. Na tarde do sbado seguinte, um culto especial de ao de graas foi oferecido na capela Moulmein. Cada prisioneiro, ou melhor, cada ex-prisioneiro participou do culto, testemunhou e contou como aquela experincia fortalecera sua f. Todos estavam contentes e louvaram a Deus por manter professores e alunos fiis e sinceros a Ele e por Deus ser o nosso refgio e fortaleza, socorro bem presente nas tribulaes (Salmo 16:1).

4. Um Ladro no Trem! (Conforme relatado para Lois Christian Randolph)

Passamos por uma experincia muito estranha no trem que ia para Varsvia, Polnia. Foi mesmo terrvel que uma coisa dessas tivesse que acontecer justo com o professor Howell. Veja, na ltima segunda-feira, o pastor Town, o professor Howell e eu estvamos em uma cabine para quatro pessoas no trem que ia para Varsvia na Polnia. Tnhamos que comparecer a algumas reunies l e, assim, planejamos nossa chegada para as sete horas de manh de tera-feira.

Na tarde de segunda-feira, o cobrador passou para checar nossas passagens.

- Os senhores deveriam abrir mais a janela para ventilar a cabine durante a noite ele sugeriu, abrindo a janela uns 15 centmetros.

Depois que ele foi embora, empilhamos nossas bagagens contra a porta que dava para o longo corredor que percorria todos os vages-leito. Queramos nos certificar de que ningum entraria em nossa cabine para roubar nossas coisas durante a noite. Em seguida, fomos dormir.

Antes das seis horas da manh seguinte, o professor Howell se levantou para se vestir e se barbear.

- Onde elas esto? - ele indagou, olhando sua volta.

- Quem esteve aqui? Ser que algum est me pregando uma pea? No possvel que isso tenha acontecido!

Eu estava ainda meio adormecido. Mas, ao ouvir aqueles comentrios, me dei conta de que o pior havia acontecido. A primeira coisa que fiz foi sentar. Durante a noite, enquanto ns trs dormamos, algum havia roubado as roupas do professor Howell e sua bagagem. Desconfiamos do cobrador que se mostrara to ansioso para abrir a janela.

- Vou ter que andar pelas ruas de Varsvia de pijama! - reclamou o professor Howell.

O pastor Town e eu no fomos roubados e fizemos o nosso melhor para ajudar aquele bondoso homem que tinha vindo dos Estados Unidos. Olhei em volta e descobri que, felizmente, ele havia escondido um envelope com o seu passaporte e um porta-notas embaixo do travesseiro que sbia precauo! No roubaram o seu dinheiro nem os cheques de viagem, mas naquele momento fiquei pensando se o ladro no teria causado menos problema se tivesse levado um pouco do dinheiro e deixado algumas roupas! Para voc ter uma idia do tamanho do problema, o professor Howell tinha dois metros de altura!

- No tenho nenhuma outra pea de roupa deste lado do Atlntico e no ser o pijama que estou vestido! - exclamou o professor, inconformado.

Estvamos enfrentando um dilema. Como poderamos tirar o professor Howell do trem, vestido decentemente? O trem deveria chegar em Varsvia dentro de quarenta minutos!

Felizmente, achei o sobretudo do professor Howell. Ele tinha usado o sobretudo como cobertor extra durante a noite. Pela manh, ao se descobrir, no notou que estava escondido entre as roupas de cama. Senti-me o heri de uma grande batalha ao descobrir que ainda restava aquela pea de roupa. Isso nos ajudaria a tir-lo do trem sem constrangimentos.

No importava o quanto eu quisesse ajudar o professor, ele era muito alto para usar minhas roupas. O pastor Town era um pouco mais alto do que eu, mas mesmo assim media um metro e oitenta! Ele emprestou uma cala para o professor Howell, mas ela ficou uns quinze centmetros acima de seu tornozelo. Era o melhor que podamos fazer. Descobrimos mais tarde que os ladres tambm tinham deixado um par de sapatos, o que ajudou muito. Nunca pensamos que um sobretudo e um par de sapatos se transformariam em benos to preciosas.

Alguns irmos da Unio da Polnia foram at a estao para nos encontrar. Logo estvamos em um txi a caminho do hotel. Em menos de duas horas, os irmos poloneses levaram ao hotel dois alfaiates munidos com amostras de tecidos, prontos para entrar em ao.

O professor Howell ficou preso em sua sute por trs dias, sem poder sair, at que os ternos ficassem prontos. No teve nenhum problema para fazer as refeies, porque o hotel oferecia servio de quarto. Porm, ele perdeu a maioria das reunies e a sua triste histria se espalhou pela regio.

O professor Howell no se lamentou pelas roupas que perdeu, mas ficou chateado pelas anotaes que fez a respeito das Escolas Adventistas na Europa. Elas ficaram na pasta que foi levada pelos ladres. Enquanto os alfaiates trabalhavam, ele tentou reescrever tudo o que podia lembrar.

Na sexta-feira noite, vestindo seu novo terno, o professor Howell pregou um sermo poderoso a respeito do seguinte verso: Mas considerai isto: se o pai de famlia soubesse a que hora viria o ladro, vigiaria e no deixaria que fosse arrombada a sua casa. Por isso, ficai tambm vs apercebidos; porque, hora em que no cuidais, o Filho do Homem vir (Mateus 24:43 e 44). Aquele comovente sermo nos lembrou que precisamos tomar todas as providncias possveis para que a segunda vinda de Jesus no nos apanhe de surpresa.

5. As Roupas Desaparecidas (Por Ida E. Rosenberg)

- Podemos? Ahhh, deixa papai? - eu implorava enquanto pulava em volta de sua cadeira.

-Calma! Deixe o papai pensar disse Hall, meu irmo.

- Beeem... - respondeu o papai depois de pensar por alguns minutos acho que podemos fazer diferente esta primavera.

Sa pulando pela sala, enquanto mame e Lucile, minha irm mais velha, comearam a olhar o novo catlogo da estao, muito empolgadas. Papai tinha acabado de dizer que podamos encomendar roupas novas! Que alegria! Estvamos no final da Grande Depresso, e nessa poca coisas novas em nossa casa eram to raras quanto trapos velhos no placio de um milionrio.

- Mame, posso escolher a cor da minha saia nova? Quero azul! - eu pedi.

- Aqui tem jardineiras do jeito que eu quero disse Hall.

Depois de passarmos um bom tempo trocando idias, o pedido estava pronto par ser enviado pelo correio. Os dias nunca foram to longos ou demoraram tanto para passar como os da semana seguinte.

- No maravilhoso saber que as plantaes esto indo to bem que podemos comprar roupas novas? - confidenciei a Pimenta, minha fiel amiga collie.

Dia aps dia, corria a caixa do correio. Mas sempre voltava desapontada.

- Pare de ser to impaciente! - resmungou Hall. - Se voc continuar olhando toda hora, no vai chegar.

Finalmente a encomenda chegou! Ns nos amontoamos ao redor da caixa como crianas ao redor de uma rvore de Natal. Com seus dedinhos ligeiros, Lucile desfez os infinitos ns do pacote. Era como comemorar o Natal e todos os nossos aniversrios de uma s vez. Esse foi realmente um dia muito empolgante.

Na manh seguinte, mame se preparou para lavar as roupas. Vasilhas cheias de gua borbulhavam no fogo e a tbua de esfregar roupas descansava na beira do tanque.

Mame separou a roupa suja. Naquele dia no havia apenas roupas usadas e maltrapilhas, mas muitas peas novas que seriam lavadas pela primeira vez.

- Esta uma das poucas vezes que fico feliz em ter muita roupa para lavar mame refletiu ao colocar gua fervendo nas tinas de lavar roupa.

- Ida, voc me ajuda a colocar a roupa no varal? - mame perguntou. - Pendure estas meias no varal prximo s roseiras.

Enquanto pendurava as meias, gotas de chuva comearam a cair. Isso significava que teramos um problema e tanto! Naquele tempo, no existia secadora de roupa e havia peas demais para serem colocadas na sala para secar.

- Martin, o que eu fao? - mame perguntou para o papai. - Ser que deixo as roupas do lado de fora esta noite? Espero que sequem at amanh!

- Pode deixar, acho que no ter problema disse o papai.

E foi o que mame fez. A roupa ficou no varal. O barulho da chuva caindo logo nos deixou com muito sono e fomos rpido para a cama.

Mame acordou de madrugada quando ouviu um barulho do lado de fora.

- Martin! Martin! Estou escutando um barulho! Acorde! A Pimenta est rosnando! Rpido! - sussurrou a mame.

Mais do que depressa, papai olhou por todas as janelas e desceu as escadas da cozinha, espiando a paisagem coberta pelas sombras. No havia nada de anormal.

- Querida, voc deve estar sonhando! - ele disse, entrando embaixo das cobertas.

Na manh seguinte, com lampies e querosene na mo, papai e Hall atravessaram a lama em direo cocheira. As vacas estavam cobertas de lama, o que tornou o trabalho um tanto longo e cansativo.

Assim que o Sol comeou a raiar pelas fendas da cocheira, Hall colocou o ltimo garfo de feno no cocho.

- Pronto! Estou contente por ter terminado o trabalho aqui na cocheira, pois tenho que consertar as cercas ainda hoje disse papai, ao pegar dois baldes de leite e voltar para casa.

- Ei, Hall! Onde esto as roupas que a sua me lavou ontem? Ela ainda no tirou do varal, tirou?

Hall correu o mais rpido que pde pela lama do quintal at a cozinha.

- Me! Me! Onde esto as roupas que a senhora lavou?

- Onde eu as deixei! L no varal!

- No, no esto l!

- Mas tm que estar l!

Todos samos pela porta da cozinha e ficamos horrorizados ao ver os vestgios da luta. Com certeza houve uma briga. Os prendedores de roupa estavam jogados por toda parte, havia rastros de lama na grama molhada e roupas aos montes espalhadas pelo cho.

- Mas, mame... - choraminguei. - onde esto as roupas novas?

- Se procurarmos bem, acho que as encontraremos em algum canto disse papai.

Depois de procurarmos entre as azalias, embaixo das roseiras e ao redor do moinho, mame concluiu:

- com certeza algum pegou nossas roupas novas. Algum que sabia que compramos roupas novas e que as deixamos do lado de fora esta noite. Parece que a Pimenta tentou deter o ladro, mas no conseguiu. Bem, vamos entrar e fazer nosso culto matinal.

Papai concordou com a mame. Subimos as escadas, desanimados. Cada um sentia um peso no corao e oramos com tristeza. Pedimos ao Senhor que nos ajude a conseguir nossas roupas de volta.

Sem poder acreditar no que tinha acontecido, Hall e Lucile foram para a escola, papai foi dar comidas para as galinhas e eu fui brincar no quintal. Pude ouvir a mame cantarolar ao preparar a massa para fazer biscoitos.

Passamos a manh inteira tentando imaginar como solucionar o mistrio. Onde estavam as nossas roupas? Ser que algum teria levado tudo mesmo? Como poderamos ach-las?

Enquanto isso, papai terminou de dar comida para as galinhas e foi para a cocheira. Era hora de levar as vacas para o pasto.

- Hummm, isso estranho. Nunca vi rastros como estes antes! Ele murmurou ao se aproximar da cocheira.

Mais tarde, depois de levar as vacas para o pasto, cheio de curiosidade papai decidiu seguir aquele estranho rastro. Percebeu que levava para um buraco fundo e escuro embaixo da cocheira, onde Pimenta e seus cinco filhotinhos escolheram para ser sua casa.

- Flossie! Flossie! Venha rpido! - papai chamou.

Correndo para a porta da cozinha, eu gritei:

- Mame! Mame! Papai est chamando. Venha rpido!

- O que aconteceu? Qual o problema? - mame apareceu na porta da cozinha, limpando as mos sujas de farinha no avental.

Nesse momento, papai j estava na porteira da cocheira chamando:

- Venha at aqui um minuto!

Papai levou mame at a cocheira. Eu os segui feito um dos filhotinhos da Pimenta.

- Alguma coisa errada? A novilha est doente?

- No a novilha est bem. Mas tem um trilha que gostaria que voc visse. Olha aqui, tem um rastro muito estranho na lama. O que voc acha que fez isso?

- Parece que a Pimenta andou arrastando seus filhotinhos. Era isso que voc queria me mostrar?

- Muito mais do que isso! - papai exclamou.

- Olhe mais perto! - Ele deu um passo para frente, sorrindo orgulhosamente. Apontou para uma grande pegada feita por uma bota perto do varal, e outra, e ainda outra pegada humana.

- Voc acha que Pimenta atacou algum? Mame perguntou.

- Sim. Acho que houve uma grande briga!

- Onde est a Pimenta agora?

- Vamos seguir estes rastros papa sugeriu. - Vamos ver aonde nos levaro.

Ao avanarem por aquela trilha estranha, Pimenta saiu debaixo da cocheira com um salto, latindo. Com muito entusiasmo, ela abanava a cauda e olhava para ns como se estivesse dizendo: Vocs no acham que eu sou uma boa guardi?.

- L est continuou papai. Esto vendo aquilo saindo debaixo da cocheira?

Com cuidado, mame se abaixou e pegou aquela coisa lamacenta.

- Oh! Oh-h-h no! - ela suspirou uma de nossas fronhas novas! Como foi parar aqui? Ser que as outras roupas esto aqui tambm?

- Sim, esto todas aqui, todas cheias de lama. Pode agradecer a Pimenta por salv-las. Ele deve ter afugentado o ladro durante a noite. Acho que, depois da briga, ela trouxe as roupas para c como uma medida de segurana.

Inclinando-se, papai puxou para fora do buraco todas as roupas. Com muita alegria, juntamos todas elas em nossos braos.

A Pimenta nunca tinha recebido tantos elogios como naquele dia. Ao voltarmos para casa, nos ajoelhamos novamente e agradecemos a Deus por ter nos ajudado a encontrar nossas roupas novas.

Mais uma vez, enchemos as tinas de lavar roupa. S que dessa vez mal conseguia ouvir o barulho da velha mquina de torcer roupa, porque mame cantava o mais alto que podia em gratido a Deus.

6. Os Cliques das Armas dos Bandidos (Por William J. Harris)

Chang Po Ching sabia que se encontrava em uma situao perigosa. Estava do lado errado da fronteira. A guerra e o tumulto tornaram as viagens arriscadas. Embora ele estivesse fazendo o trabalho de Deus, sabia que estava no territrio inimigo.

Ainda era madrugada quando a viagem comeou. Chang Po Ching estava sentado em um riquix (tradicional transporte chins de um s passageiro), que era puxado ao longo do caminho por um carregador. A viagem de riquix era muito lenta, e Chang Po Ching queria chegar a igreja de Nan Tsun o quanto antes. J haviam passado alguns meses que estivera l, e sua vontade era ajudar os colportores (vendedores de literatura crist) que iriam sair para vender a verso chinesa da revista Sinais dos Tempos.

Eles ainda no tinham ido muito longe quando o carregador parou.

- Aqueles homens l na frente no se parecem com fazendeiros daqui ele sussurrou.

- No podemos voltar Chang respondeu vamos tentar no parecer amedrontados. Vamos prosseguir devagar e passar por eles sem dar muita importncia.

Mas a prxima coisa que Chang Po Ching e o carregador escutaram foi:

- Parem!

Os rifles fizeram clique enquanto Chang e o carregador foram colocados na frente das armas.

- Quem so vocs e de onde vm? - um dos bandidos perguntou.

Chang Po Ching sabia que no seria sbio dizer que ele vinha do outro lado da fronteira. Bastante preocupado, ele explicou que era dali e indicou o local com sua mo. Ele no queria dizer que era da Pequim. Isso criaria mais problemas ainda.

- Aonde voc est indo?

- Vou seguir esta estrada Chang respondeu.

Foi o que pensei disse o lder. - Voc um espio!

- De maneira alguma, honorvel capito. Eu no sou um espio. Sou um obreiro da doutrina de Jesus. Sou missionrio.

Os bandidos no se convenceram.

- Voc um espio. Voc fala que um missionrio s para que deixemos voc ir.

- Levem-no daqui e atirem nele ordenou o lder.

- No, por favor, no faa isso. Sou um chins leal. Eu amo meu pas e no sou um espio.

- Onde voc conseguiu esses sapatos de couro? - eles interrogaram.

Os chineses comuns usavam sapatos feitos de pano. Porm, os obreiros da igreja, que tinham que viajar muito, geralmente usavam um tipo de sapato importado feito de couro. O sapato de couro de Chang Po Ching imediatamente indicou aos bandidos que ele no era da redondeza, daquela regio rural. Alm disso, ele no andava como um fazendeiro nem falava como um. Obviamente ele era da cidade.

- Voc de Pequim, no ? - o lder falou rispidamente.

- Sim Chang Po Ching respondeu. - Admito que sou de Pequim. Mas no sou um espio. Sou um obreiro da doutrina de Jesus. Sou um jovem cristo. No sou um soldado e nunca servi o exrcito!

Na China havia uma forma de descobrir se a pessoa tinha servido o exrcito ou no. Todos aqueles que haviam sido soldados tinham a regio do ombro spera e calejada. Esse era o lugar em que a arma de fogo ficava. Esse lugar era friccionado semana aps semana, ms aps ms, e ento ficava marcado.

Os bandidos se aproximaram de Chang Po Ching e rasgaram sua veste. Passaram a mo para sentir a pele e os ossos do ombro de Chang. No havia nenhum calo. A pele era lisinha.

Os homens comearam a discutir entre eles. Talvez ele fosse um jovem pregador, afinal. Talvez no fosse um espio. Talvez eles no devessem atirar nele. Enquanto esperava o veredicto, Chang Po Ching orava para saber o que fazer.

Ento o lder falou:

- Amarrem-no. Ns o levaremos para o capito. Se o capito disser atirem nele, ns o faremos. O que o capito disser, acontecer!

Os bandidos o amarraram bem apertado e o levavam at o acampamento. Era bem cedinho e o Sol estava comeando a nascer. Chang Po Ching foi pensando por todo o caminho. O que poderia dizer? O que poderia fazer para provar que realmente era um missionrio de Jesus e no um espio? Ele preparou o melhor discurso que pde enquanto tropeava pelos campos arados.

Quando chegaram ao acampamento, o capito ainda no tinha acordado. Os homens o acordaram e ele saiu de sua barraca com um cara de bravo e mal-humorado. Ele era um homem grande, com um olhar maldoso e severo. Sem dar nenhuma chance para Chang Po Ching fazer sua defesa, examinou-o de alto a baixo e gritou:

- Levem-no e atirem nele!

- Honorvel capito implorou Chang Po Ching por favor, excelentssimo senhor, eu no sou um espio. Tenho certeza de que o senhor conhece a religio crist. Sou um obreiro cristo. Sou um chins leal. Meu trabalho falar para o meu povo a respeito de Jesus, o Filho do Cu. Sou um pregador da doutrina de Jesus.

- Coloque seus homens em posio, prepare-os e atirem nele!

No havia mais nada a fazer. Ele deveria ser baleado. O que poderia fazer? O que poderia dizer? Inclinando-se mais uma vez em sinal de respeito diante do lder, Chang Po Ching disse:

- Exclentssimo senhor, se eu devo morrer, o senhor me permite que eu leia um pouco do Livro Sagrado dos cristos que est ali em meu pacote?

O capito virou-se e asperamente ordenou a um dos soldados que o desamarrasse. Chang Po Ching abriu o pacote, pegou a Bblia e comeou a folhe-la. Onde estavam aquelas promessas? Onde estavam as palavras de conforto? Ele estava to nervoso que as folhas pareciam estar todas embaralhadas. Os rifles faziam clique, clique, clique enquanto os soldados marchavam para a linha de fogo. Ele tinha apenas alguns momentos de vida. Agitado, ele virava as pginas. Ah, ali estava! Ele leu a passagem em voz alta:

No se turbe o vosso corao... Na casa de Meu Pai h muitas moradas. Se assim no fora, Eu vo-lo teria dito. Pois vou preparar-vos lugar... voltarei e vos receberei para Mim mesmo, para que, onde Eu estou, estejais vs tambm (Joo 14:1-3)

Chang Po Ching sentiu a coragem voltar. Ele olhou para os bandidos e disse:

- Esta guerra, esta desordem e tumulto que o nosso pas est enfrentando significam que Jesus o Filho do Cu, o Salvador do mundo, est voltando. Ele est voltando para este planeta. Meu trabalho pregar para o meu povo a respeito desse maravilhoso acontecimento. Meu trabalho ajudar os meus conterrneos a se prepararem para o Cu.

Aqueles homens violentos no se mexeram e ouviram maravilhados o que Chang dizia. Eles nunca tinham ouvido nada igual. Estavam pasmos. Mesmo aquele capito arrogante ouviu em silncio.

Chang Po Ching falou por aproximadamente meia hora. Ele falou com todo o ardor de sua alma e pregou para aqueles bandidos sobre a volta de Jesus.

Quando parou, o capito levantou a cabea.

- Atirar neste homem? - ele disse. - No! No devemos atirar em um homem como esse. Com certeza ele um pregador cristo. Esta a mensagem que o nosso povo precisa ouvir. Deixem-no ir! Ns no atiramos em homens como ele!

Ento os bandidos o libertaram. Chang pegou seu embrulho, colocou-o sobre os ombros e desceu a estrada at a igreja onde os colportores estavam reunidos.

Quando chegou l, contou aos colportores o que havia acontecido.

- Estou aqui hoje Chang disse e no morto e enterrado em algum lugar por causa da Palavra de Deus. Li este Livro maravilhoso para aqueles bandidos sem corao, e eles ouviram as verdades bblicas e me libertaram. muito bom conhecer a Palavra de Deus. Sou muito grato por isso.

O mesmo acontece hoje. A Bblia ainda o bem mais valioso deste mundo. Pode ser que algum dia sua vida tambm dependa do conhecimento que voc tem da Palavra de Deus.

7. Comfort e o Ladro (Por Edgar A. Warren)

J fazia algum tempo que Comfort estava freqentando a escola missionria na frica Ocidental. Ela havia aprendido a cozinhar, a costurar, a fazer contas simples de matemtica e muitas outras coisas. Mas o melhor de tudo foi o que ela aprendeu a respeito de Jesus e do presente da salvao que Ele nos oferece. Comfort tambm aprendeu a orar a Deus.

- Se vocs algum dia estiverem em dificuldade ou perigo disse o professor missionrio sala orem a Jesus e Ele os ajudar.

Para ilustrar o que ele dizia, o professor contou para eles como Deus havia livrado Daniel na hora em que ele mais precisava e como as celas da priso se abriram para que Paulo e Silas pudessem sair.

Que maravilhoso!, pensou Comfort. Mas eles eram homens bons e especiais. Ser que Deus faria o mesmo por mim se eu precisasse de ajuda?

Aqueles dias felizes de escola haviam terminado. Agora, Comfort era uma vendedora ambulante e oferecia pequenos objetos de vila em vila. Quando as suas mercadorias acabavam, ela juntava todo o dinheiro em sua carteira e voltava cidade para comprar mais coisas para vender. Ento fazia tudo de novo.

Nesse dia em particular, Comfort tinha vendido tudo. Ela estava agradecida a Deus por t-la abenoado tanto. Como resultado, tinha uma quantia incomum de dinheiro em um rolo de folha que usava como carteira. De acordo com os costumes de sua tribo, Comfort escondeu sua carteira debaixo de seu vestido de cores vivas, onde ningum poderia ver, e prosseguiu em seu caminho rumo cidade grande.

O caminho levava a uma trilha estreita que passava no meio da floresta. Enquanto andava, Comfort comeou a cantar alguns hinos que havia aprendido na escola missionria. De repente, ela viu alguma coisa que fez com que seu corao batesse mais rpido. Ela parou de cantar. Um homem de aparncia rude vinha pela trilha em sua direo. A trilha era muito estreita para que ela pudesse sair do caminho do estranho.

Ele a parou.

- Voc tem dinheiro ele disse. - Eu o quero agora. De-me tudo!

Comfort olhou sua volta. Ser que havia algum para ajud-la?

- Vamos, pegue logo sua carteira. Estou com pressa, eu preciso desse dinheiro. Afinal, quanto voc tem a?

- No muito ela hesitou. No muito para voc, mas para mim tudo. Se voc levar esse dinheiro, eu no sei o que vou fazer.

Ela tentou ficar conversando com ele na esperana de que algum conhecido aparecesse. Mas foi em vo.

- Vou lhe dar mais alguns minutos para me dar o seu dinheiro ele disse. Mas, se voc no me der logo, eu mesmo vou peg-lo. Voc entendeu?

- Sim entendi ela falou chorando. Mas, como voc vai mesmo pegar o meu dinheiro, ento vou lhe pedir s uma coisa. Posso orar a Jesus primeiro?

O homem deu uma gargalhada bem alta.

- Por mim, tudo bem. Se voc quer orar, pode ir em frente.

Naquela trilha estreita, no meio da floresta, Comfort ajoelhou-se, fechou os olhos e orou em voz alta para que Jesus a livrasse daquele ladro~. Enquanto orava, o homem continuava a dar gargalhada. Mas de repente, ele parou.

O que poderia ter acontecido? Comfort no ousava abrir os olhos. Ser que o homem estava pegando sua faca para mat-la? Ser que outro ladro estava vindo para se juntar a ele? Com muito medo, ela abriu os olhos, primeiro um, depois o outro. Com um salto, ela se levantou e olhou sua volta. O homem havia desaparecido!

Logo depois ela entendeu porqu. L na frente, do meio daquele capim alto, um homem apareceu. Era um caador com uma arma na mo. O ladro pensou que o homem estivesse vindo para atirar nele e fugiu para salvar sua vida!

Comfort logo percebeu que o caador havia sido enviado em resposta sua orao. Ela descobriu por si mesma que o Deus que ela havia aprendido a adorar realmente escuta e responde s nossas oraes, mesmo quando tudo parece estar perdido.

Ao continuar o seu caminho por aquela trilha longa e estreita no meio da floresta, Comfort mais uma vez comeou a cantar os hinos que havia aprendido na escola missionria. Ela era uma testemunha viva do cumprimento da promessa de Deus: Invoca-Me no dia da angstia; Eu te livrarei, e tu Me glorificars (Salmo 50:15).

8. Um Ladro na Casa ao Lado (Por Eva M. Harding)

- Oh h h h h !

O som das vozes mescladas de gemido e gritos interrompeu o sono da me e fez com que acordasse assustada. Ela abriu os olhos e tentou ouvir melhor, sem ter certeza se estava sonhando ou no.

- Oh h h h h !

O que ser que isso?, tentou imaginar, deitada na cama. Ainda era cedo. O relgio marcava apenas quatro horas da manh. Ela escutou com muita ateno. No tinha certeza de onde o som estava vindo. No comeo parecia que estava vindo da rua do outro lado da igreja da Misso. Ser que algum sofrera um acidente? Ou ser que algum estava morrendo? Sem dvida, algo estava errado!

A me dormia no terrao, como a maioria das pessoas que vivem no Oriente Mdio faz para enfrentar as noites quentes de vero. Johnny, seu filho, e seu cachorro, Fasca, tambm estavam dormindo no terrao. O pai estava no quarto prximo dali, porque dizia que o zumbido dos mosquitos no o deixava pegar no sono e no conseguia dormir do lado de fora.

A me e Fasca levantaram a cabea quando escutaram o barulho novamente. Dessa vez, havia mais vozes.

- Au, au, au! Au, au, au, au! - Fasca saltou e latiu furiosamente.

- Sh h h h, Fasca. Voc vai acordar todo mundo assim. Fique quieto! - sussurrou a me.

Mas o cachorro no obedeceu. Eles ouviram o som mais uma vez e agora parecia estar mais perto. De onde estava vindo, afinal?

De repente, o vigia noturno da Misso comeou a soprar o apito bem alto. A me sabia que ele fazia isso somente em caso de emergncia. Ela pulou da cama. Johnny deu um salto e ouviram o barulho do pai correndo para a varanda.

A me e Johnny correram para o outro lado do terrao, porque dessa vez o som parecia vir de algum lugar perto da janela do quarto do pai. Eles correram para o quarto. O pai correu para a janela que dava para o jardim do vizinho.

Os vizinhos pareciam ser ricos. Eles tinham um lindo jardim com uma fonte, muitos empregados e tambm um timo carro.

Apenas a alguns metros da janela do quarto do pai, existia um muro que separava a casa luxuosa dos vizinho do complexo da Misso. No segundo andar daquele palacete, prximo ao muro, havia uma sacada. A me, o pai e Johnny puderam ver vrios homens brigando.

- Porque ser que eles esto brigando? - a me perguntou.

- Acho que um ladro, um assaltante! - o pai disse.

Johnny arregalou os olhos com grande empolgao.

- Um ladro de verdade?

O vigia noturno continuou a apitar para chamar a polcia que estava patrulhando a redondeza. O jardineiro da Misso, que se chamava Ali, corria em volta do muro para evitar que o ladro pulasse e fosse para dentro do complexo.

O ladro se livrou dos empregados, pendurou-se na grade de ferro e caiu na sacada de concreto. Logo atrs dele vieram os empregados. O ladro correu para o jardim. Os empregados correram atrs dele, gritando.

Nos fundos do jardim tinha uma grande estufa, e foi para l que o ladro se dirigiu. Ele esperava se livrar dos empregados escalando at o topo da estufa e pulando para o outro lado do muro que ficava atrs dela.

Nesse momento, dois policiais correram para o jardim, gritando para que o ladro parasse. O ladro continuou a fugir. Ele escalou a estufa e crash! Um de seus ps atravessou o vidro. Crash! O outro p tambm atravessou o vidro! Os policiais comearam a atirar. Que barulho! Vidro se quebrando, armas disparando e a vizinha do outro lado dos prdios de Misso gritando:

- Polcia! Polcia!

De repente, tudo ficou em silncio. Johnny esticou a cabea para ver se a polcia havia conseguido pegar o ladro.

- Ser que eles conseguiram peg-lo? - perguntou.

- No sei ainda o pai respondeu. no consigo enxerg-los daqui!

O grupo foi para perto da luz. Claro que o ladro havia sido apanhado. Suas mos estavam algemadas por trs de seu corpo e a polcia o escoltava para dentro da casa.

Quando toda a agitao acabou, Johnny e seus pais voltaram para a cama. Mas era impossvel dormir. Johnny saiu da cama e chamou o vigia noturno.

- O que aconteceu, Ali?

O vigia conversou com os empregados da casa do vizinho e ficou sabendo da histria toda. Ele contou para Johnny que o ladro tinha uma chave mestra e j havia aberto trs portas antes de algum (possivelmente um dos empregados) ouvir o barulho. Aparentemente, ele era um ladro profissional e estava tentando deixar uma rota de fuga antes de assaltar a casa. Mas ele no teve tempo de fazer nada e logo foi descoberto.

- Por que ele esperou tanto para entrar na casa? - a me perguntou. - ele no sabe que as pessoas poderiam estar acordando a essa hora da madrugada? (Naquele pas, durante o vero, o dia comea a clarear entre as quatro e cinco horas da manh.)

O vigia informou que o homem provavelmente era um ladro de tapetes, pois tapetes persas so muito valiosos. Se ele tivesse entrado na casa mais cedo, roubado alguns tapetes e sado carregando-os em seus braos, imediatamente seria identificado como um ladro e seria preso. Mas ele esperou para entrar l por volta das quatro horas da manh porque o mercado abre cedo e, se ele fosse visto carregando lindos tapetes persas s quatro e meia, ningum desconfiaria de nada. Eles pensariam que ele era um vendedor de tapetes a caminho do mercado.

Johnny e sua me se lembraram dos versos bblicos que tinham estudado e que falavam da beno de juntar tesouros no Cu, onde ladres no podem entrar para roubar.

- No muito melhor contribuir para o servio de Deus do que acumular dinheiro na Terra? - a me disse. - Ns nem mesmo sabemos o que acontecer com o dinheiro que acumulamos aqui! Mas doe a causa do Senhor e voc estar juntando tesouros para eternidade.

9. A Mala de Mo Roubada (Por Virgnia Fagal)

Tudo comeou em uma linda tarde de domingo em Londres, na Inglaterra. Meu marido e eu estvamos felizes por estar indo para casa depois de passar seis semanas filmando lugares na Europa por onde passaram os heris da Reforma. Em nossa bagagem, havia 40 rolos de filme. Cada rolo media trinta metros e meio. Tnhamos trabalhado bastante para conseguir aquelas imagens e elas seriam usadas na produo do programa de TV F para Hoje.

Quando chegamos no terminal da BOAC (Companhia Area Internacional Britnica, hoje conhecida como British Airways) no centro de Londres, o local estava praticamente deserto. Agrupamos nossas bagagens em uma sala de espera vazia. Junto com a bagagem estava nosso equipamento de filmagem - a mquina filmadora dentro do estojo, um trip, duas sacolas plsticas contendo as lentes da cmera, fotmetros e outros acessrios.

Alm disso, estava carregando uma mala de mo, a qual eu confesso que estava grande demais. Quando iniciamos a viagem, carregava uma mala que parecia ser bem grande. Porm, no meio da viagem, comprei uma outra duas vezes maior do que aquela. Minha nova mala de mo era grande o suficiente para acomodar no s o que havia na outra mala, mas tambm muitas outras coisas da viagem, entre elas um par de sapatos de madeira da Holanda, uma linda estatueta de Hummel da Alemanha, um passarinho de cristal da Itlia e, o mais importante de tudo, 10 caixas contendo trezentos metros de filme colorido. O filme em minha mala de mo representava um quarto do trabalho de seis semanas na Europa.

Mais uma vez, contamos nossa bagagem. Estavam todas l.

Enquanto espervamos pelo nosso vo, quis trocar de roupa para a viagem, e meu marido precisava reacomodar alguns de seus pertences. Arrastamos nossas duas malas pessoais por alguns metros para conseguirmos abri-las. Se o terminal estivesse lotado, ns no teramos desgrudado os olhos um minuto do restante de nossa bagagem; mas, como no tinha quase ningum por perto, ficamos tranqilos. Afinal, as outras cinco bagagens s estavam a alguns metros de distncia.

Ns notamos uma mulher bem vestida em p perto da escada. Um minuto depois ela passou por entre ns e a nossa bagagem enquanto estvamos inclinados remexendo nossas malas pessoais.

Depois de achar o vestido que eu queria usar, fui at o banheiro das mulheres, deixando meu marido com a bagagem. Ele logo terminou de reacomodar seus pertences e, ao virar-se, percebeu que minha mala de mo estava faltando. Ele achou que eu havia levado comigo para o banheiro e no se preocupou. S quando eu voltei, dez minutos depois, que nos demos conta de que o pior tinha acontecido: minha mala de mo e tudo que estava nela se foram.

Os funcionrios da companhia area foram muito atenciosos e a polcia foi notificada rapidamente. Eles prometeram fazer o seu melhor, mas ressaltaram que no tinham nenhuma pista exceto a possibilidade de que o ladro fosse uma mulher.

Tentamos nos consolar, dizendo que poderia ter sido pior. Felizmente, nossos passaportes estavam no bolso da cala do meu marido. Na minha mala de mo havia apenas vinte e dois dlares em dinheiro, os cheques de viagem e as outras coisas no eram to importantes assim. Mas as 10 caixas de filme colorido para o programa F para Hoje.. isso, sim, seria irreparvel!

Voc mal pode imaginar quo tristes nos sentimos quando o avio cruzou o Atlntico em direo a Nova Iorque. Comeamos a recordar as imagens que tnhamos feito da sombria torre do sul da Frana, onde Marie Durant foi levada quando tinha apenas 15 anos e deixada l at completar 52 de idade s porque recusara desistir de sua f. O filme inclua algumas cenas feitas em Praga e Tcheco-Eslovqua (agora Repblica Tcheca), onde o brilhante professor John Huss pregou a mensagem da Reforma no incio de 1400. John Huss pagou com sua vida o preo de manter-se leal sua crena, e at hoje sua coragem e f so relembradas atravs de uma grande esttua feita em sua homenagem na praa do centro antigo de Praga.

Algumas das imagens roubadas tambm incluam as cenas feitas em Wittenberg, Alemanha, a catedral onde, Martinho Lutero pregou as 95 teses, dando incio Reforma na Alemanha. O livro O Grande Conflito foi o nosso guia durante a viagem, descrevendo o tempo da Reforma. Estvamos arrasados por saber que no poderamos usar as imagens que havamos feito para beneficiar o servio de Deus.

De volta ao nosso escritrio no dia seguinte, contamos a histria aos dedicados funcionrios do F para Hoje. Todos concordaram que a orao era nossa nica esperana. O ladro poderia muito bem ter apanhado o dinheiro e jogado a mala com os outros pertences no rio Tmisa.

A polcia disse que a busca seria como encontrar uma agulha no palheiro, mas sabamos que o Senhor poderia fazer com que os filmes fossem encontrados.

Mesmo que, com o passar dos dias a situao parecesse ainda mais desanimadora, os funcionrios continuaram a orar. Depois de mais de duas semanas, entrei no First National City Bank, que fica perto do nosso escritrio. Uma das funcionrias se aproximou.

- Senhora Fagal ela disse os cheques que foram roubados em Londres retornaram.

Ela me entregou o talo de cheques que estava naquela mala de mo abarrotada de coisas! Disse que o talo fora achado na Estao Vitria, uma estao ferroviria que fica perto do aroporto. O talo foi levado para o First National City Bank de Londres, que o enviou para aquela agncia.

Surpresa e emocionada com aquela pontinha de esperana, imediatamente escrevi para a British Railways [Estao Ferroviria Britnica] agradecendo por terem devolvido o meu talo de cheques, mas dizendo que nosso maior interesse eram as 10 caixas de filme que estavam na mesma mala de mo, juntamente com os cheques. Tambm escrevi para a companhia area, informando sobre o que havia acontecido.

Por doze dias no houve nenhuma resposta, e ento as coisas comearam a acontecer. Um telegrama chegou nos instruindo a ir at a rea de carga do Aeroporto Kennedy de Nova Iorque, no box nmero 66, onde nosso pacote estaria nos esperando. Ao chegarmos l, mal conseguamos respirar ao cortarmos o barbantes. Abrimos a caixa que pesava sete quilos, e dentro dela encontramos uma grande sacola preta com zper.

Minhas mos tremiam ao abrir o zper. L estavam os sapatos de madeira, a mala de mo e todas aquelas coisas que as mulheres geralmente carregam. Mas s queramos saber das 10 caixas amarelas de filme, que pareciam lindas naquele momento. Ns as contamos. Ser que as 10 estavam l? Sim, estavam no faltava nenhuma! As nicas coisas roubadas foram o dinheiro e um relgio velho.

A ladra fez exatamente o que pensamos. Ela tirou aquilo que queria e depois descartou o resto. Mas em vez de jogar a mala no rio para ocultar seu crime, ela a deixou na estao ferroviria, onde poderia ser achada e levada ao setor de Achados e Perdidos. Mais uma vez a mo de Deus havia guiado tudo de forma maravilhosa.

Os filmes para o programa F para Hoje que foram resgatados por Deus j esto no ar, e o corao de muitos telespectadores est palpitando de emoo ao assistir aos programas a cada semana. Voc quer saber se ns acreditamos que Deus responde s nossas oraes? claro que sim! Temos visto, cada vez mais, inmeras evidncias de que a mo de Deus est guiando o Ministrio de Comunicao. O caso da mala de mo roubada apenas uma delas.

10. Ladres na Minha Igreja (Por sharon Titus)

A entrada abrupta de dois homens pela porta giratria desviou nossa ateno do sermo naquele sbado de manh. Eles estavam vestidos com longos casacos pretos e chapus da mesma cor, usavam mscaras de meia de nilon e ficaram parados em silncio na parte de trs da igreja, segurando suas armas, prontos para atirar.

Ao olharmos de relance o nosso pastor no plpito, notamos o seu ar de preocupao e logo nos demos conta de que aquilo era real. Os dois homens no eram visitas comuns.

- O que vocs desejam? - questionou o nosso pastor, com voz surprendentemente controlada.

Com voz clara e firme, a ordem foi dada:

- Queremos que vocs se dirijam vagarosamente, fileira por fileira, at a parte de trs da igreja e deixem suas carteiras empilhadas no cho.

Por toda a igreja, as pessoas comearam a tirar discretamente o dinheiro de suas carteiras e bolsas e coloc-los em hinrios, Bblias e bolsos at que uma voz bem alta exigiu:

- Mos para o alto, todos vocs!

Por favor, Senhor; oramos silenciosamente, proteja-nos destes homens.

Parecia que o sermo interrompido de nosso pastor a respeito dos eventos finais e o fim do mundo estava sendo ilustrado de forma bem vvida. Como algum poderia ousar roubar uma congregao inteira como aqueles dois homens estavam fazendo? Todos ns imaginvamos o que aconteceria em seguida.

De repente, um dos homens ordenou:

- Quero que todos cantem bem alto.

E cantar foi o que fizemos! A princpio estava um pouco fraco, mas logo nossas vozes ficaram mais fortes ao cantar o hino Oh! Que Amigo em Cristo Temos.

Nesse momento, a pilha de carteiras no cho havia crescido bastante, e enquanto um dos homens jogava tudo em um saco, o outro nos vigiava, apontando sua arma para ns.

- Pastor um deles perguntou onde est o telefone?

- Est na sala pastoral o pastor respondeu, apontando para a porta sua esquerda.

- Est bem, vou cortar os fios. Mas preciso que algum v comigo como refm. Seus olhos varreram toda a congregao, fazendo com que sentssemos um friozinho na barriga ao imaginarmos quem seria o escolhido.

Nosso pastor vagarosamente virou-se para o coral.

- Jim, voc pode ser o refm? - ele perguntou.

Jim, um homem alto e bem robusto, levantou-se e respondeu:

- Sim, posso. Eu vou.

- Pastor, este homem muito grande para mim contestou o ladro.

Ento, apontou o dedo para a filha de Jim, Trcia, de apenas nove anos de idade e disse:

- Vou levar esta menininha aqui.

Um lamento de horror escapou de nossos lbios quando a me da menina se levantou e disse soluando:

- No, no minha filhinha!

Do outro lado da igreja, o primo de doze anos de Trcia, Rickey, levantou a mo. O homem acenou com a cabea em sinal de aprovao, e Rickey se levantou e caminhou rapidamente pelo corredor principal, seguido pelo homem armado. Eles entraram na pequena sala pastoral e fecharam a porta.

Os segundos pareciam demorar mais para passar ao orarmos silenciosamente pela proteo de Rickey. Finalmente, a porta se abriu e Rickey retornou para o seu lugar.

Novamente, o homem armado ordenou que cantssemos. Enquanto isso, um deles saiu pela porta dos fundos e, antes que percebssemos, o outro tambm saiu.

Ento, todos comearam a falar de uma s vez.

- Depressa, vamos ligar para a polcia!

- Algum v atrs deles!

- Vocs acreditam que isso realmente aconteceu conosco?

Dois homens correram at a sala pastoral, juntaram os fios cortados do telefone e em apenas alguns minutos a polcia encheu a igreja. Mas os ladres fugiram rpido. Depois de nos interrogar e procurar impresses digitais e outras evidncias, a polcia nos liberou para ir para casa.

Que sbado agitado! Pudemos perceber como a mo de Deus nos protegera e, ao relembrarmos as benos recebidas, agradecemos o cuidado do Senhor por ns.

Alguns dias se passaram e parecia que a histria do roubo havia sido esquecida. Ento, certo dia, algo estranho aconteceu. Ao olhar a correspondncia, nosso pastor pegou um envelope endereado com letras ntidas e caprichadas. Ele abriu o envelope e deparou-se com um grande quantia em dinheiro. Sem demora, leu a carta. Ser possvel? Sim, ele no estava sonhando. A carta era dos homens armados que roubaram nossa igreja!

Estamos arrependidos de todo o mal que causamos a vocs, dizia a carta. Por favor, orem por ns. E orar foi o que fizemos!

11. Recolta Atrapalha Assalto (Por Lois Zachary)

Linda williams estava na esquina de um shopping center em Nashville, Tenesse, nos Estados Unidos. Ainda era de manh e, como de costume, Linda e seus colegas de faculdade estava participando do dia da recolta. Ou seja, a arrecadao de donativos para auxiliar no trabalho de assistncia social da igreja.

Linda olhava para os folhetos em suas mos. Como restavam somente dois, ela decidiu ir at o estacionamento onde estava o carro do diretor dos jovens, o pastor Don Holland. O pastor Don Holland deve estar por aqui por perto, e com certeza tem mais folhetos para me dar, ela pensou.

Naquele horrio da manh, poucas pessoas passavam por ali. O Shopping estava aberto fazia apenas alguns minutos e os carros estavam comeando a entrar.

O que estava acontecendo enquanto Linda caminhava em direo ao estacionamento algo que se l em jornais e se ouve em noticirios, mas nada que algum queira vivenciar.

Bem ali, do outro lado da rua, dois homens usando tocas de esquiar e luvas cirrgicas saam rapidamente do Third National Bank [Terceiro Banco Nacional] com um grande saco de pano. O que os dois homens no sabiam que uma corrente eltrica na porta de sada do banco havia acionado uma bomba de gs escondida entre as notas que somavam dez mil dlares. Segundos depois de entrarem no carro e fugirem, a bomba explodiu. O gs encheu o carro e uma cor vibrante cobriu todo o dinheiro.

Os homens agarraram as notas roubadas em desespero. Enfiaram o que podiam nos bolsos e saram do carro. Bastante agitados, procuraram outro carro que pudessem usar na fuga.

O pastor Holland havia acabado de pegar os folhetos para Linda, e estava voltando para o carro quando os dois homens pularam para dentro do veculo. Ele havia deixado as chaves no seu novo Renault cinza-azulado. Correndo para seu carro, ele agarrou pelo ombro o homem que estava atrs da direo e gritou:

- Ei, moo, voc est roubando o meu carro!

Quando enfiou a cabea pela janela, deu de cara com uma pistola automtica 45 milmetros. Ele teve apenas uma frao de segundos para perceber a inteno dos homens e decidir o que fazer. Mais do que depressa, fugiu e escondeu-se atrs do carro. Mas, como algum que mede um metro e oitenta pode se esconder atrs de um Renault to pequeno?

Enquanto o pastor avaliava a situao em que se encontrava, os ladres tentavam desesperadamente engatar a marcha r. Ento, como se estivesse combinado, um carro da polcia descendo a rua. Don se jogou contra o carro patrulha e gritou:

- Aqueles homens esto roubando o meu carro!

Tudo aconteceu na hora exata. Os ladres acharam a marcha r bem na hora em que o carro da polcia parou atrs deles.

- Cuidado! Esses homens esto armados! - alertou o diretor de jovens ao ver que os policiais se aproximaram do Renault. Sabendo do perigo, eles deram um passo para trs, sacaram as armas e deram a ordem:

- Saiam do veculo devagar e com as mos para o alto.

Com raiva e muito frustrados, os ladres saram do carro. O dia no estava nada bom para eles. No foram capazes de terminar nem o primeiro dos cinco assaltos que haviam planejado realizar naquele data.

Aliviado, o pastor Holland observou os ladres serem revistados, algemados e colocados no banco traseiro do carro patrulha. Ento, notou a arma que um dos policiais havia confiscado.

- Esta no a arma que foi apontada para mim ele disse ao policial.

Rapidamente, os ladres foram tirados do carro e revistados novamente, mas nenhuma arma foi achada.

A essa altura, uma multido havia se juntado para ver a cena. O pastor Holland se lembrou das bolas das meninas que estavam em seu carro e foi at l para trancar a porta. Ao chegar no carro, viu que l no cho do carro, entre as luvas cirrgicas e as mscaras de esquiar, estava a arma desaparecida. No banco traseiro, misturados com folhetos da recolta, estavam os dez mil dlares em notas verdinhas.

Aquela noite, quando Linda voltou para a faculdade, ela teve uma experincia emocionante para contar. Quase sem poder respirar, ela contou para seus colegas a experincia assustadora que havia presenciado naquela manh.

- Voc no ficou com medo? - eles perguntaram.

- Claro que sim respondeu Linda e tudo o que pude fazer foi orar muito.

A arma que os ladres apontaram para Don Holland estava carregada. Um dos policiais abriu o tambor da arma e deu uma bala para o pastor.

- Aqui est a bala que poderia ter acabado com sua vida disse o policial.

Segurando a bala, o pastor Holland proferiu uma orao silenciosa e agradeceu a Deus por t-lo protegido. Sua vida havia sido poupada pelo poder de Deus, porque os dois homens estavam drogados e um deles estava na lista dos mais procurados do FBI.

Que dia feliz aquele em que Linda ficou sem folhetos, mas no sem o poder da orao intercessria.

12. Pregando para Ladres (Por brbara Westphal)

- Pare! Desa do cavalo! D-me as rdeas! - Era um assalto mo armada.

ngelo, um adolescente evangelista, viajava sozinho a cavalo fazia trs dias e meio procura de um grupo de Guardadores do Sbado que ficava nas montanhas do Mxico.

- Organizei uma Escola Sabatina com vinte membros um dos membros contou para ngelo. - leva alguns dias para chegar l, mas voc deve ir visit-los. O lugar um esconderijo de criminosos. Eles moram onde a lei no pode encontr-los.

ngelo tambm no conseguia achar o caminho. Devia ter errado a entrada em algum lugar. Estava perdido, e agora o ladro armado queria que ele desmontasse e exigia saber:

- O que tem na bolsa da sua sela?

- Um projetor e um adaptador de bateria.

O bandido revistou a bolsa de couro e olhou aquele aparelho estranho.

- Parece um pequeno canho. Para que serve?

- Serve para projetar slides e...

- Venha comigo. Quero ver como funciona. Se voc estiver me enganando, eu quebro o seu pescoo.

No havia o que fazer a no ser seguir o bandido at o seu esconderijo. ngelo montou novamente em seu cavalo, mas o bandido ficou com as rdeas e o puxou em direo a uma trilha bem escondida entre as rvores e as rochas. Por duas horas eles lutaram para descer com segurana o desfiladeiro. Quando chegaram, o bandido assobiou. Vrios homens, um aps o outro, saram detrs das rvores.

- Por que voc trouxe esse rapaz aqui? - o lder reclamou.

- Ele diz que tem um projetor de slides. Se no for verdade, ns o mataremos.

Tanto ngelo como seu cavalo estavam com muita fome. Eles no tinham comido nada o dia todo, mas o capito disse?

- J est escuro o suficiente. Precisamos mesmo de uma diverso, ento vamos comear logo.

ngelo ligou aquele simples equipamento e se lembrou de que havia levado apenas duas lmpadas. Ele orou para que as duas lmpadas, que freqentemente superaqueciam e se quebravam, durassem at o fim da apresentao. Sabia que sua vida dependia da satisfao do bando de ladres.

Que conjunto de slides ele deveria escolher? Uma vez mais pediu a direo de Deus. Ento escolheu o Plano da Salvao. A cada slide, ngelo falava aquilo que sentia em seu corao. O roteiro poderia ser lido em 35 minutos, mas ele continuou a falar, falar e falar.

ngelo comeou a ouvir suaves exclamaes vindas daqueles homens dures.

- , Deus, tenha misericrdia de mim!

- Me perdoe!

Quando ngelo parou de falar, j era meia-noite. Por fim, o capito perguntou:

- Voc est com fome?

Eles prepararam feijo e enchiladas [torta apimentada tpica mexicana] e depois disseram que ngelo poderia descansar. Mas onde?

- Voc dormir perto de mim ordenou o lder da gangue. O chefe dos ladres se deitou em sua cama e colocou seu faco e sua pistola 45 milmetros embaixo do cobertor, que ele usava como travesseiro. Embaixo da cama estava o seu rifle.

ngelo se ajoelhou e orou antes de se deitar na cama ao lado do ladro. Por volta das seis e meia da manh ele acordou, procurou seu cavalo e pretendia fugir enquanto todos dormiam. Ele estava selando o seu cavalo quando os outros comearam a acordar.

- Voc no deve ir! Voc no pode ir! - eles gritaram. - Voc nosso prisioneiro at que acabe de mostrar todos os seus slides e conte tudo o que sabe sobre eles.

Eles desarrearam o cavalo e o levaram de volta para a barraca.

Depois de comerem tortillas [po de milho tradicional mexicano] no caf da manh, os homens se sentaram e ngelo estudou a Bblia a manh inteira com eles. Ele apresentou outro conjunto de slides tarde e, naquela noite, das oito uma da manh, apresentou mais duas sries.

Na manh seguinte, tentou fugir mais uma vez, mas no conseguiu. Eles mantiveram ngelo por trs dias e quatro noites.

- Agora voc pode ir, se prometer que no dir nada s autoridades sobre ns.

Um dos homens o guiou de volta estrada. Ao cavalgarem juntos por sete horas, ngelo conversou com o ladro com a inteno de ajud-lo a mudar de vida e se tornar um cristo. Voc precisaria ver a felicidade que ele sentiu ao ouvir o homem dizer:

- Tenha certeza de que a semente que voc plantou dar frutos ao menos na minha vida. Vou deixar a gangue e comear uma vida nova.

Aquele ladro segurou afetuosamente a Bblia que ngelo lhe havia dado. O ladro o deixou na estrada que levava vila que ngelo estava procurando antes de sua captura. Na encruzilhada, o ladro perguntou:

- Quando voc retornar?

- Passarei por Huahatla novamente em trs ou quatro meses o jovem evangelista prometeu.

Eles se ajoelharam e oraram juntos, depois se abraaram e, emocionados, se despediram.

- Vou mudar a minha vida e ns nos reencontraremos. - Essas foram as ltimas palavras do guia.

ngelo encontrou o pequeno grupo de Guardadores do Sbado que estava procurando e ficou vrios dias com eles para conversar, trocar experincias e passar algumas instrues especiais.

Exatamente quatro meses depois, ngelo retornou para Huahatla, imaginando se encontraria seu amigo ladro outra vez. Para sua surpresa, ele estava l. Mas que diferena! ngelo mal o reconheceu. Suas roupas eram diferentes asseadas e limpas e seu rosto transmitia felicidade e honestidade em vez de violncia e maldade. Ele havia estudado a Bblia e as lies que ngelo havia deixado e agora estava pronto para ser batizado. Voltou para sua esposa e filhos e estava ansioso para pregar o evangelho a outras pessoas.

ngelo agora um pastor na cidade do Mxico e diz:

- Que providncia divina foi eu me perder no caminho e me tornar um prisioneiro dos ladres!

13. A Bblia Desaparecida (Por Judi Stafford Holt)

- Ele ameaou matar voc, Grimez. melhor voc tomar cuidado! - disse Samuel para o alto e forte guarda-florestal.

Grimez sorriu para o seu companheiro e continuou a caminhar pela floresta.

- Samuel, voc fala igualzinho a minha mulher, e vou lhe dizer a mesma coisa que sempre digo a ela. Eu tenho armas e ces de guarda. No preciso me preocupar com nada e, com uma gargalhada de desprezo, Grimez seguiu o caminho em direo sua cabana.

Nos dias inquietos da poca em que Napoleo era o grande general, Grimez e sua esposa Maria moravam em uma cabana de toras de madeira no meio da floresta. Grimez vigiava uma grande parte da floresta nas montanhas silesianas. Ele havia ajudado a prender um bando de ladres e criminosos. Apenas o lder da gangue ainda estava em liberdade, e foi esse lder que jurara vingar-se do guarda-florestal.

Maria era Crist. Ela fielmente lia a Bblia e orava todos os dias. Mas Grimez era to incrdulo quanto sua mulher era religiosa. Ele zombava de Maria e de suas oraes em favor da proteo do marido.

- No perca o seu tempo orando por mim, Maria. Fique tranqila. Posso tomar conta de mim mesmo. Tudo o que eu preciso so armas e ces de guarda, e no essas oraes tolas!

Porm, Maria continuou a orar por seu marido, pedindo a Deus que o protegesse daquele fora-da-lei.

Certa noite, Grimez no voltou para casa no horrio de costume. Com o passar das horas, Maria ficava cada vez mais ansiosa e preocupada. Ela no podia parar de pensar na promessa do ladro de matar seu marido. Finalmente, ela decidiu fazer o culto da noite com sua me e sua filha, apesar das preocupaes. Ele confiara a segurana do seu marido ao Senhor.

Pegando a grande Bblia, Maria leu em voz alta o Salmo 71: Em Ti, Senhor, me refugio... S Tu para mim uma rocha... Livra-me, Deus meu, das mos do mpio, das garras do homem injusto e cruel.

Aps a leitura, as trs se ajoelharam e Maria orou: Senhor Jesus, Tu sabes o quanto Grimez orgulhoso, mas um bom homem. Tu sabes o quanto ns precisamos dele. Ajude-o a confiar em Ti. Afaste-o do perigo. Pai, tambm abenoe este ladro de quem temos medo. Tenha misericrdia dele e amolea seu corao. Obrigada, Senhor, por ouvir nossa orao! Amm.

Assim que Maria terminou de acomodar sua filha na cama, ouviu passos vindo do lado de fora. Algum comeou a esmurrar a porta.

- Maria, Maria! Sou eu, Grimez. Deixe-me entrar!

Ela correu para a porta.

- , Grimez! Estou to agradecida por voc ter voltado para casa em segurana! Estava to preocupada! Ns oramos por voc.

- Bah! - respondeu Grimez no perca o seu tempo orando por mim. Ao invs disso, ore para que minha arma funcione e para que os meus ces estejam sempre alerta. Isso, sim, pode ajudar!

Grimez fechou todas as janelas da cabana, trancou a porta e inspecionou suas armas de fogo, antes de ir se deitar. Tudo estava seguro e protegido na pequena cabana.

Na manh seguinte, quando os raios de sol estavam apenas comeando a penetrar entre as rvores, Grimez se levantou para acender o fogo a lenha. Para a sua surpresa, uma das janelas da frente estava aberta! Ento ele percebeu que a grande Bblia de Maria, aquela que ela sempre deixava aberta em cima da mesa, havia desaparecido. Em seu lugar, estava uma faca de aparncia perigosa e bem afiada!

- No entendo disse Grimez intrigado. - Verifiquei duas vezes todas as janelas antes de dormir. Estou certo de que estavam travadas.

Obviamente, algum que havia planejado assassinar Grimez estivera dentro da cabana. Todos revistaram a casa, mas no encontraram nada faltando, exceto a Bblia.

At Grimez teve que admitir que no tinham sido suas armas nem os ces de guarda que salvaram sua vida.

Grimez pensou a respeito da Bblia de Maria nos dias que se seguiram. Parou de zombar de sua mulher e, pouco a pouco, passou a acreditar que, de alguma forma, as oraes tinham algo especial.

Depois daquela noite, o fora-da-lei que havia prometido matar Grimez simplesmente desapareceu. Ningum mais ouviu falar dele.

Alguns anos se passaram e Grimez se alistou no exrcito. Logo se encontrou na linha de frente de uma batalha violenta, travada s margens de um lago onde no havia quase nada, exceto algumas cabanas abandonadas.

Durante a batalha, Grimez foi baleado. Ele sentiu uma dor intensa no seu lado. Tudo ao redor parecia rodopiar e depois ficou escuro. Quando recobrou a conscincia, estava deitado no cho frio, e a dor estava to forte que nem podia se mexer. A batalha no estava mais sendo travada ali. Eles tinham ido embora.

Pouco tempo se passou e um pescador remou cuidadosamente em direo margem para ver se sua cabana havia sido destruda durante a luta. Ao ouvir os gemidos do soldado ferido, ele atracou e foi ajud-lo.

- Aqui -o pescador gritou para os seus companheiros. - Este aqui ainda est vivo.

Eles carregaram o homem ferido at o barco e remaram para o outro lado do lago, a aproximadamente trs quilmetros de distncia dali. Havia muitos chals espalhados beira das guas. Flores azuis e amarelas floresciam nos jardins. Eles carregaram Grimez para dentro de um desses chals.

- Depressa Babetta o pescador, falou para sua esposa. - Busque faixas limpas e ferva gua. Precisamos limpar esses ferimentos.

Ento Adolph, o pescador, e sua mulher, Babetta, cuidaram de Grimez com carinho e dedicao. O pescador escreveu uma carta para a famlia do guarda-florestal, e logo Maria e sua filha vieram ficar com Grimez e cuidar dele at que se recuperasse.

Ao se deitar na cama, Grimez comeou a pensar na maneira maravilhosa como sua vida fora poupada depois de ter sido deixado para morrer no campo de batalha. Pensou tambm na maneira maravilhosa como Deus protegeu sua vida e a de sua famlia do ataque do ladro naquela noite tantos anos atrs. Viu a mo poderosa de Deus em todos esses acontecimentos. Ali, deitado na cama, Grimez orou e pediu para que Deus perdoasse seus pecados e o ajudasse a se tornar um cristo.

Quando Grimez se sentiu melhor para voltar para casa, agradeceu ao bondoso pescador por tudo o que havia feito e ofereceu-se para pagar o trabalho e as despesas que tiveram com ele. Mas o pescador no queria nada em troca.

- Na verdade, eu devo muito mais a voc do que voc poderia um dia dever para mim disse o pescador para Grimez.

- Como assim? - o guarda-florestal perguntou surpreso. - Voc salvou a minha vida e eu devo tudo a voc!

Adolph foi at o guarda-roupa enquanto falava.

- Tenho um tesouro que peguei de voc muito tempo atrs, e agora quero devolver. - Ento virou-se para eles com uma grande Bblia em suas mos.

- Oh! - Maria exclamou. Ela reconheceu sua querida e antiga Bblia, que herdara de sua famlia e que havia desaparecido de forma to estranha naquela noite inesquecvel.

Hesitante, o pescador comeou a contar a sua histria.

- Vejo que voc no me reconhece disse o pescador, olhando para Grimez. - Mas sou o fora-da-lei que causou tantos problemas na sua vizinhana. Voc prendeu os meus companheiros e os mandou para a priso. Fiquei to furioso com voc que jurei que me vingaria. Uma noite, entrei sem ser percebido em sua casa, com a inteno de matar voc e toda a sua famlia enquanto vocs dormiam. Fiquei uma parte da tarde e da noite escondido embaixo do sof da sua sala de estar, esperando voc chegar em casa e ir dormir. Enquanto estava escondido, sua mulher leu o Salmo 71 em sua Bblia. Ento, ela se ajoelhou e orou, no s por voc e por sua segurana, mas tambm por mim e pelo meu corao endurecido! Enquanto ela lia e orava, um sentimento estranho se apoderou de mim. Parecia que uma mo invisvel se colocou sobre mim e me impediu de fazer o que havia planejado. Tudo o que eu queria era pegar aquele livro maravilhoso e l-lo. Na pressa, deixei minha faca em cima da mesa. Por alguma razo, os seus ces no latiram quando me viram fugir pela janela. Fiquei escondido por semanas na floresta perto de sua casa e no fiz praticamente nada a no ser ler a sua Bblia. Percebi como eu era pecador, e assim como o outro ladro, aquele na cruz ao lado de Jesus, fui perdoado. Depois, fui embora daquela regio e me tornei um pescador. Voc, Grimez, confiou nas suas armas de fogo e nos seus ces de guarda, mas eles no poderiam ter salvado voc. Foi a palavra de Deus que o salvou. Ela o protegeu aquela noite e tambm o poupou no campo de batalha. Ento, no me agradea, mas agradea a Deus, porque atravs desse Livro abenoado a sua vida foi salva e a minha tambm!

14. Deus se Preocupada com as Bicicletas (Por Goldie Down)

A cada passo que davam, a poeira se levantava em forma de nuvens sufocantes e grudava nos cabelos negros dos meninos, na sua pele, nas roupas e nos livros tudo estava coberto por uma fina camada acinzentada. S os seus rostinhos tinham riscas marrons por onde o suor havia escorrido e limpado a poeira.

- Est mesmo quente Saraj suspirou. - Seria muito bom se no precisssemos fazer esta caminhada na hora mais quente do dia.

Daniel engoliu duas vezes para limpar a poeira de sua garganta, antes que pudesse responder.

- Queria que a vila Kokergill no fosse to longe. 15 quilmetros uma longa distncia.

- Queria poder ter gua para beber. Estou com tanta sede!

- Queria que tivssemos bicicletas. No pareceria to longe se fssemos pedalando at l.

- Queria! - Saraj interrompeu, e a mscara de poeira no rosto de Daniel ficou toda rachada ao abrir o sorriso. - O que adianta ficar sonhando? Uma bicicleta custa mais do que dois meses de salrio, e nenhum de ns dois tem esse dinheiro!

Daniel acenou com a cabea, dando uma piscadela ao sentir a brisa suave levantar mais uma nuvem de poeira.

- Seria muito mais fcil se tivssemos bicicletas. Mesmo assim, no perderia por nada a classe da Escola Sabatina. Somos os nicos que podemos ler a Bblia para o povo da vila. Eles nunca escutaro as histrias bblicas se no lhes contarmos.

- verdade disse Saraj, aumentando o passo para chegar mais rpido. - Ns somos muito abenoados por ter a oportunidade de estudar na Escola Adventista e temos o dever de falar aos outros sobre nossa f.

Os sbados vinham e iam rapidamente. Ainda estava muito quente e ainda havia muita poeira (no importa a estao do ano, a temperatura quase no muda naquela parte do Paquisto).

Numa tera-feira de manh, Saraj estava estudando no dormitrio quando Daniel entrou com muita pressa. Ele estava to ofegante e to empolgado que se atrapalhou todo para falar, e mal conseguia completar as frases.

- Nosso sonho se tornou realidade... escola comprou bicicletas... evangelismo na vila... sem caminhadas aos sbados.

Saraj deu um salto e os dois comearam a pular de alegria.

Os meninos se sentiram muito importantes no sbado seguinte ao pedalarem as bicicletas novinhas em folha.

- Cuidem dessas bicicletas o professor responsvel pela ao missionria advertiu. - Elas custam muito caro e no quero que brinquem enquanto estiverem indo para a vila. Elas foram compradas para fazer o trabalho missionrio e mais nada. Nada de apostar corridas, perseguir um ao outro ou...

Mas Daniel e Saraj mal escutaram o professor e j iniciaram a viagem. O professor sorriu ao olhar para a nuvem de poeira que ficou suspensa no ar, marcando a trilha feita pelos meninos.

- Bem, eles so bons meninos disse ele. sei que tomaro cuidado.

E eles realmente tomaram cuidado. Com a Bblia e a Lio da Escola Sabatina dentro de suas bolsas de pano penduradas no pescoo, os dois meninos seguraram firme o guido e prestaram muita ateno no caminho para evitar pedras, buracos e arbustos espinhosos. De maneira alguma queriam que aquelas preciosas bicicletas fossem arranhadas ou danificadas.

Era to mais rpido pedalar do que andar! Eles chegaram to rpido que nem acreditaram. Quase todo mundo veio admirar as bicicletas e ouvir as histrias bblicas. Foi uma reunio maravilhosa, e os meninos estavam muito felizes ao montar em suas bicicletas para voltar escola.

Por um ou dois quilmetros, a trilha acompanhava o canal de irrigao, e os meninos tinham que prestar ateno dobrada a fim de no se desviarem muito para o lado e despencar pelo barranco ngreme direto para o canal.

Eles no tinham ido muito longe quando um homem a cavalo apareceu perto do dique sua frente. Dois outros homens armados saltaram bem ali.

- Pare! - eles gritaram.

Daniel, que estava na frente, parou. Saraj vinha um pouco atrs e, assim que viu o homem a cavalo aparecer, percebeu o problema. Antes que os homens notassem a sua presena, ele entrou em uma trilha estreita e pedalou o mais rpido que pde de volta vila.

- Aonde voc est indo? - o homem questionou Daniel.

Daniel estava apavorado. Sabia que aqueles homens deveriam ser dacotis ladres que no davam a mnima para a vida de suas vtimas nem para a lei.

- Estou levando esta bicicleta de volta para a Escola Adventista Daniel gaguejou. - No minha. emprestada.

O homem soltou uma gargalhada.

- claro que est bicicleta no sua. Daqui para a frente ela minha!

- Oh, no! - disse Daniel sentindo sua coragem voltar. Ele deveria proteger aquele objeto que pertencia a Deus e escola. - Por favor, no leve a bicicleta. Ela usada para fazer trabalho missionrio. Pertence a Deus. Voc no pode lev-la.

Mais do que depressa, Daniel levantou sua Bblia altura do peito e a segurou na direo do corao.

- Este o Livro de Deus. Este um livro sagrado, assim como o Alcoro. Deus no gostaria que voc atirasse em mim atravs do Seu livro sagrado.

Por alguns minutos o homem hesitou. Ele acreditava em Deus, mesmo no obedecendo s Suas leis. Ento, um dos outros homens tomou a bicicleta. Batendo na cabea de Daniel com a parte inferior do rifle, ele o jogou ao cho.

- Suma daqui, menino ele gritou. Corra para salvar a sua vida, antes que ns o matemos.

Os homens atiraram por cima da cabea de Daniel e deram muitas gargalhadas ao verem Daniel correr para tentar se proteger.

- Corra, garoto gritou o homem, dando mais um tiro no ar.

Daniel continuou a correr. Ele no parou de correr at chegar na vila Kokergill, onde Saraj o estava esperando.

- O que vou fazer? - lamentou-se ao entrar em uma casa. - Eles levaram a bicicleta que estava comigo. Fiz o que pude para evitar que a levassem, mas eles...

- Ouvi os tiros. Eles acertaram voc?

- No, mas eles roubaram a bicicleta. O que o diretor vai dizer? Como posso voltar para a escola e encar-lo?

- Voc fez o que pde para salv-la Saraj tentou confort-lo. - Venha melhor voltarmos e contar o que aconteceu. Vou deixar minha bicicleta aqui, caso aqueles homens ainda estejam por perto. Um dos moradores a escondeu para mim.

Os quinze quilmetros nunca pareceram to longos para aqueles meninos desanimados, que pareciam se arrastar de volta escola. Quando contaram ao diretor o que havia acontecido, ele chamou a polcia. Mas no havia nada mais a fazer. Muitas gangues de dacotis vagavam pelo interior do pas e era impossvel encontrar seus esconderijos. No havia meios de recuperar a bicicleta.

No dia seguinte, antes do amanhecer, Daniel se dirigiu mais uma vez para a vila Kokergill. Saraj estava trabalhando, ento Daniel concordou em levar outra bicicleta de volta para a escola.

Enquanto corria em meio poeira, perguntas desanimadoras pairavam em sua mente. Por que Deus permitiu que isso acontecesse com a bicicleta? Ela estava sendo usada para fazer o trabalho missionrio, e isso no uma boa coisa? Ento porque Deus no cuidou dela? Levaria um bom tempo para que a escola conseguisse fundos para comprar outra bicicleta e, enquanto isso, Saraj e ele teriam que enfrentar aquele longo caminho todos os sbados tarde. Daniel suspirou alto. Era to mais rpido ir pedalando! Talvez Deus tivesse uma razo para tudo isso, mas seria difcil explicar para os moradores da vila que estavam apenas comeando a ter f no Deus do Cu.

Ao se aproximarem do local onde os ladres estavam escondidos, Daniel sentiu o desejo de parar e olhar para o canal.

Ele ignorou aquele sentimento. No, melhor no perder tempo. Mas novamente ele sentiu que deveria parar e olhar para o barranco.

Daniel parou. Por um minuto ele ficou pensativo. Mas se ajoelhou na beira do caminho e olhou l embaixo para o canal. No tinha ningum por ali e nada fora do normal. A gua estava fluindo rapidamente entre as margens cobertas por um bambuzal. Os pssaros estavam entretido com seus ninhos escondidos