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A BIOLOGIA DA ARIRANHA COMO POTENCIAL ATRATIVO PARA O ECOTURISMO NO PANTANAL Guilherme Mourão 1 Carolina Ribas 1 1 Embrapa Pantanal. Rua 21 de setembro, 1880. Corumbá, MS 79320-900. E-mail: [email protected] INTRODUÇÃO Nossa estória será sobre as ariranhas (Pteronura brasiliensis): onde vivem, como vivem, porque vivem dessa forma. Mas esta estória ainda está incompleta. Não sabemos sobre muitas partes dela e apostamos na curiosidade dos leitores e dos turistas que visitam o Pantanal para justificar nosso esforço em desvendá-la. Na verdade, achamos que turistas interessados no convívio com a natureza vão pagar para saber mais sobre a vida das ariranhas, ao fazerem excursões e safáris fotográficos no Pantanal, e assim, vão estar contribuindo para o desenvolvimento desta imensa planície sujeita a inundações. Parece duvidoso? Talvez, mas em outro continente, na África, alguns países tem sido capazes de usar a fauna como um atrativo eficaz para o turismo. Por exemplo, nas áreas protegidas do Quênia, a atividade de turismo tem rendido cerca de US$ 450 millhões por ano (MORAND, 1994), onde a visualização de animais como leões (Panthera leo), elefantes (Loxodonta africana), girafas (Giraffa camelopardalis) e hipopótamos (Hippopotamus amphibius) têm sido o maior atrativo. Estes grandes mamíferos, juntamente com muitas outras espécies, são conhecidos entre os biólogos como a "megafauna" e, em alguns locais da África sub-saariana, como nos parques Masaai-Mara no Quênia, ou o Ngorongoro na Tanzânia, ocorrem em incrível abundância. É claro que na América do Sul não há uma megafauna tão chamativa como a africana, mas nem sempre foi assim. A cerca de vinte mil anos atrás contávamos com animais tão incríveis como o Eremotherium, uma enorme preguiça terrestre de cerca de 6 metros de comprimento, o Glyptodon, uma versão encouraçada e gigantesca de um tatu, que provavelmente pastava nos cerrados pré-históricos, ou o tigre-de- dentes-de-sabre, o Smilodon. A riqueza de espécies "gigantes" era enorme. Só para se ter uma idéia, os paleontólogos estimam que cerca de 79% das espécies que pesavam mais do que 40 kg foram extintas (FERNANDEZ 2000). Não se sabe ao certo porque a maioria da mega- fauna sul-americana se extinguiu no Pleistoceno, entre vinte e dez mil anos atrás, mas sabemos que as extinções coincidiram com a colonização do continente pelo ser humano. A explicação mais aceita sugere que os seres humanos tenham desempenhado um papel central nestas extinções.

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A BIOLOGIA DA ARIRANHA COMO POTENCIAL ATRATIVO PARA OECOTURISMO NO PANTANAL

Guilherme Mourão1

Carolina Ribas1

1Embrapa Pantanal. Rua 21 de setembro, 1880. Corumbá, MS 79320-900.E-mail: [email protected]

INTRODUÇÃO

Nossa estória será sobre asariranhas (Pteronura brasiliensis): ondevivem, como vivem, porque vivemdessa forma. Mas esta estória ainda estáincompleta. Não sabemos sobre muitaspartes dela e apostamos na curiosidadedos leitores e dos turistas que visitam oPantanal para justificar nosso esforçoem desvendá-la. Na verdade, achamosque turistas interessados no convíviocom a natureza vão pagar para sabermais sobre a vida das ariranhas, aofazerem excursões e safáris fotográficosno Pantanal, e assim, vão estarcontribuindo para o desenvolvimentodesta imensa planície sujeita ainundações.

Parece duvidoso? Talvez, mas emoutro continente, na África, algunspaíses tem sido capazes de usar a faunacomo um atrativo eficaz para o turismo.Por exemplo, nas áreas protegidas doQuênia, a atividade de turismo temrendido cerca de US$ 450 millhões porano (MORAND, 1994), onde avisualização de animais como leões(Panthera leo), elefantes (Loxodontaafricana), girafas (Giraffacamelopardalis) e hipopótamos(Hippopotamus amphibius) têm sido omaior atrativo. Estes grandesmamíferos, juntamente com muitas

outras espécies, são conhecidos entre osbiólogos como a "megafauna" e, emalguns locais da África sub-saariana,como nos parques Masaai-Mara noQuênia, ou o Ngorongoro na Tanzânia,ocorrem em incrível abundância.

É claro que na América do Sulnão há uma megafauna tão chamativacomo a africana, mas nem sempre foiassim. A cerca de vinte mil anos atráscontávamos com animais tão incríveiscomo o Eremotherium, uma enormepreguiça terrestre de cerca de 6 metrosde comprimento, o Glyptodon, umaversão encouraçada e gigantesca de umtatu, que provavelmente pastava noscerrados pré-históricos, ou o tigre-de-dentes-de-sabre, o Smilodon. A riquezade espécies "gigantes" era enorme. Sópara se ter uma idéia, os paleontólogosestimam que cerca de 79% das espéciesque pesavam mais do que 40 kg foramextintas (FERNANDEZ 2000). Não sesabe ao certo porque a maioria da mega-fauna sul-americana se extinguiu noPleistoceno, entre vinte e dez mil anosatrás, mas sabemos que as extinçõescoincidiram com a colonização docontinente pelo ser humano. Aexplicação mais aceita sugere que osseres humanos tenham desempenhadoum papel central nestas extinções.

Depois da grande matança, restouo que restou. No Pantanal, atualmentenossos "gigantes" são o maior dos tatus(o tatu-canastra Priodontes maximus), omaior dos tamanduás (o tamanduá-bandeira Myrmecophaga tridactyla), omaior dos roedores a capivaraHydrochaeris hydrochaerys), a maiordas araras (Anodorhynchus hyacintinus)e a maior das lontras (a ariranha), alémé claro, da onça (o maior felino dasaméricas) e da anta (o maior mamíferoneotropical). Será arsenal suficientepara atrair turistas interessados emfauna? Talvez, se pudermos colocarpelo menos uma espécie em evidência.Nosso exemplo para este ponto é o deRwanda, também na África, onde o

interesse turístico em uma únicaespécie, o gorila da montanha, temgerado cerca de US$ 4 milhões por ano,fazendo desta atividade a segunda maiorindústria do país (WEBER, 1991).Gorilas são grandes e carismáticos, masa possibilidade de uma experiência deaproximação física com estes primatas ea decodificação de aspectos de suabiologia e comportamento para osturistas ávidos de conhecimento foramfatores fundamentais para o sucessoeconômico do empreendimento. Sepudermos atingir estes patamares paraespécies escolhidas do Pantanal,estaremos contribuindo para melhorar aqualidade do produto "fauna" para oturismo.

O CARISMA DAS ARIRANHAS

A ariranha é considerada um dosmustelídeos mais ameaçados do mundo(IUCN, 2000). No Pantanal elacompartilha seus habitats com a lontrapequena (Lontra longicaudis, Fig. 1B),e pessoas inexperientes poderãoconfundir jovens ariranhas com lontras

adultas. Entretanto, o tamanho, asmarcas no pescoço, as membranasinterdigitais grandes, que se estendematé as unhas, e a cauda em formato deremo são características exclusivas dasariranhas (Fig. 1A).

Fig. 1A. Ariranha (Pteronura brasiliensis)

Fig. 1B. Lontra (Lontra longicaudis).

A ariranha tem hábitos diurnos evive nas margens de rios, pois sealimenta principalmente de peixes. Viveem grupos que podem chegar a 12indivíduos ou mais.

Grupos de ariranhas são coesos.Os membros descansam, dormem,brincam, viajam e pescam quase semprejuntos e são muitas vezes observadosrealizando “grooming” entre si.Acredita-se que os membros adultoscooperem na defesa do grupo, com omacho dominante na linha de frente,enquanto fêmeas determinariam omovimento do grupo e suas atividades(DUPLAIX, 1980).

Indivíduos que não vivem emgrupos familiares são chamados desolitários (SCHWEIZER, 1992) outranseuntes (CARTER & ROSAS,1997) e são representados por jovensadultos recentemente saídos do grupofamiliar, ou adultos que perderam o seupar.

As classes etárias são muitasvezes difíceis de distinguir. As fêmeasadultas têm pescoços mais finos e

cabeças menores do que machosadultos, mas podem ser confundidascom machos subadultos (DUPLAIX,1980; SCHWEIZER, 1992). Após odécimo mês de vida, subadultos nãopodem ser distinguidos dos adultos emvida livre (BRECHT-MUNN &MUNN, 1988). Por causa disto,compreender a estrutura e as relações deparentesco de um grupo não é umatarefa fácil, e pode demandar muitotempo de monitoramento ou exigirestudos de semelhança genética.

Ariranhas mantêm diversos sítiosdentro de seu território. Geralmentecomeçam como pequenos terraços (2 a3 m de diâmetro) que usam para sesecar ou descansar durante o dia. Estesterraços são construídos ao longo dosbarrancos dos rios, corixos (riostemporários) ou baías (nome regionalpara as lagoas do Pantanal), onde asariranhas limpam a vegetação e deixamrastros e marcas olfativas. Os terraçospodem ou não se desenvolver emlatrinas (áreas onde um ou maisindivíduos do grupo usam para defecar

e urinar repetidas vezes), locas (abrigosescavados nos barrancos, que asariranhas usam para se abrigar durante odia ou noite e para cuidar dos filhotes),ou em complexos de locas e latrinas,geralmente de uso mais prolongado(DUPLAIX, 1980). Ariranhas sãoanimais reconhecidamente territoriais, etodas estas estruturas têm significadoem termos de marcação de território,como veremos adiante.

As interações intra-grupo aindasão mal conhecidas, mas podem serintensas. Por exemplo, na mais recenterevisão sobre a espécie, os autoresobservam que "... até então, nenhumaagressão dentro de grupos de ariranhasfoi observada, e (apenas) um caso dealtruísmo envolvendo pais e seusfilhotes foi relatado..." (CARTER &ROSAS 1997). Entretanto, cenas dealtruísmo como oferta e partilha dealimento entre adultos de um mesmogrupo, e também disputas dentro foramrecentemente relatadas (MEDRI &

MOURÃO, 2004). Nós registramostambém cenas em que filhotes recebempeixes de adultos do grupo ou parecem"tomar" peixes dos adultos ou aindauma cena curiosa onde um adultocaptura um peixe de pequeno porte e oleva para uma parte rasa da margem dorio, soltando-o próximo ao filhote, quetenta capturá-lo de forma desajeitada. Aação é acompanhada por diversosmembros do grupo, que submergem acabeça na água para assistirem osesforços do filhote.

Comunicação: As ariranhaspossuem um repertório variado dechamados e sons, alguns com umsignificado bem definido.Provavelmente o mais freqüente seja obufo, que pode ser simples (Fig. 2A) ouduplo (Fig. 2B). Estes bufos são usadosem contexto amplo, indicando apresença das ariranhas e sinalizando alocalização de um indivíduo para o restodo grupo.

Fig. 2A. Dois bufos simples (som de brrrruf)

Fig. 2B. Dois bufos duplos (brrrruf-brrrruf)

A disputa intra-grupo reportadaem MEDRI E MOURÃO (2004) seinicia com um grunhido de advertência(Fig. 3A), seguido de uma rápida

investida de uma fêmea sobre ummacho. Na resolução do conflito omacho produz um bufo duplo e a fêmearesponde com um longo resmungo (Fig.

3B). O som de alarme se assemelha aobufo, mas com maior intensidade e

normalmente ultrapassando a freqüênciade 12 kHz (Fig. 4A e Fig. 4B).

Fig. 3A. O som de advertência de uma fêmea dirigida a um macho quetentava tomar-lhe um peixe. Este som precede a uma breve interaçãoagonística entre os dois animais

Fig. 3B. Um resmungo da fêmea no anticlímax do conflito.

Fig. 4A. O som de alarme

Fig. 4B. Um bufo simples transformado em som de alarme, quando a ariranhapercebe a presença próxima do observador.

Quando em situação deaconchego e conforto, podem ronronar(Fig. 5) em um tom tranqüilizador. Osadultos podem emitir altos chamados àlonga distância, com duração de cercade 0,4 segundos (Fig. 6A), e os filhotes

emitem chamados ainda mais agudoscom duração de 0,2 a 0,4 segundo (Fig.6B) ou emitir um choro quando queremcomida ou demandam alguma atenção(Fig. 6C).

Fig. 5. Uma seqüência incluindo um assobio, um estalo e o ronronar. Esteúltimo está freqüentemente associado com situações de conforto dos animais.

Fig. 6A. Uma seqüência de dois chamados de adulto

Fig. 6B. Dois chamados de filhote

Fig. 6C. Choro de filhote pedindo comida.

Além de empregar sons parasinalizar sua presença, é freqüente queas ariranhas marquem seu território com

o odor de suas glândulas perianais,borrifando ferormônios enquanto seesfregam rente ao solo nos barrancos ou

em ramagens ao longo de seu território,especialmente próximo às locas elatrinas (RIBAS, 2004). Alguns gruposprocedem este tipo de marcação junto àslocas quase como um ritual: logo aoamanhecer, quando saem do abrigo, eao final da tarde, imediatamente antesde se recolherem. Usam também asunhas para riscar paredões e barrancos

(Fig. 7A). As próprias locas (Fig. 7B) elatrinas (Fig. 7C) têm significado emtermos de marcação de território.Aparentemente, utilizam todos essesmecanismos para evitar encontrosagonísticos com grupos familiaresvizinhos (DUPLAIX, 1980;SCHWEIZER, 1992; CARTER &ROSAS, 1997).

Fig. 7A. Marcas de unhas de ariranhas no barranco de um rio

Fig. 7B. Entrada de uma loca

Fig. 7C. Uma latrina coletiva

QUANDO DOIS GRUPOS DE ARIRANHAS SE ENCONTRAM

Agressão intra-específica não éfreqüente entre os mustelídeos e emespecial em lontras (sub-famíliaLutrinae) embora a ariranha pareça serexceção a este padrão (RIBAS, 2004).As disputas territoriais entre grupos deariranhas parecem ser mais freqüentesdo que se supunha e podem resultar emmorte de adultos e filhotes(SCHWEIZER, 1992; ROSAS &MATTOS, 2003b; RIBAS, 2004). Nósregistramos em vídeo uma disputa emque um grupo de quatro ariranhasperseguiu e expulsou uma ariranha,presumidamente um componente dogrupo vizinho. Este encontro resultouem enfrentamento direto dos animais,envolvendo risco de injúrias graves eaté morte, e ilustra como a defesa doterritório pode ser essencial para asariranhas. Neste mesmo dia, ao seremindagados, os moradores locais noscontaram que disputas como esta sãousuais naquela área. Além disto, emduas outras ocasiões observamossituações que indicaram interaçõesagonísticas entre grupos de ariranhas.Na primeira delas, ouvimosvocalizações características e

movimentos fortes na água, quandoocorreu de dois grupos vizinhos estaremmuito próximos um do outro, mas nãonos foi possível observar diretamente osanimais. Em outra ocasião, percebemoscortes profundos na face de umaariranha que sabíamos ser a fêmeadominante de um grupo. Estes cortespareciam ser ferimentos provocados poroutra ariranha.

Interações agonísticas entreariranhas podem modificar as estruturasdos grupos, através de fragmentação ecriação de novos grupos ou troca deindivíduos entre os grupos. Assim, asinterações agonísticas entre ariranhaspodem contribuir com a variabilidadegenética dentro da população,aumentando o número de casaisreprodutores e/ou "embaralhando" osgens entre grupos e dentro dapopulação.

Por outro lado, relações entregrupos vizinhos nem sempre sãoagressivas. É conhecido que os filhotespermanecem com os pais até dois outrês anos de idade, quando saem dogrupo para fundar uma nova unidadefamiliar (SCHWEIZER,1992; ROSAS,

2004), mas não se sabe se os jovenstendem a estabelecer seu territóriopróximo ao dos pais ou dispersaremamplamente. Tivemos uma únicaobservação de formação de um novogrupo. Nesta ocasião, o novo casal foi

formado pela união de jovens de gruposvizinhos, que se estabeleceram naporção limítrofe dos dois territórios, eusaram uma loca que anteriormentepertencia ao grupo parental da fêmea.

UM MODELO SOCIOBIOLÓGICO PARA AS ARIRANHAS

Chamamos de sociobiologia aciência que procura explicar a evoluçãodos fenômenos sociais dos animais emfunção do princípio de que as ações dosindivíduos tendem a maximizar suacontribuição ao patrimônio genético naespécie.

SCHALLER (1972) foi um dosresponsáveis pela difusão na literaturacientífica de um modelo sociobiológicocapaz de explicar o curioso modo devida dos leões africanos. Leões são osúnicos felinos viventes realmentesociais, onde um harém de fêmeasaparentadas normalmente é mantido poruma coalizão de dois ou mais machos.As leoas são geralmente responsáveispela caça e formam creches para cuidardos filhotes. Os machos precisamdefender o harém contra outros leões eesta tarefa pode ser tão perigosa que aexpectativa de vida dos machos é muitomenor do que a das fêmeas. Na verdade,um leão só pode esperar dominar umharém por poucos períodosreprodutivos. Por isso, quando umacoalizão de machos consegue tomar umharém já constituído, geralmente aprimeira coisa que fazem é devorartodos os filhotes pequenos do bando. Aconseqüência disto é que as fêmeasentrarão no cio mais cedo, dando aosmachos infanticidas uma maiorprobabilidade de deixaremdescendência própria. Talvez por incluircaracterísticas de tanto apelo quanto"sexo e violência" a biologia dos leõestem forte apelo não só entre oscientistas, mas também entre o grande

público e os leões são a grande atraçãoturística em parques como o Serenguetie o Masai-Mara.

O fato de machos de ariranhastambém matarem e devorarem filhotesde outros machos (MOURÃO &CARVALHO, 2001) faz atrativa a idéiade que seu modelo sociobiológico sejaanálogo aos dos leões. Entretanto, assemelhanças terminam aí. Leõesformam coalizões e haréns e, até ondese sabe, ariranhas são monogâmicas,com apenas o casal dominantereproduzindo (embora exista pelomenos um relato de suspeita de duasfêmeas lactantes em um mesmo grupo;ROSAS & MATOS, 2003). Estascaracterísticas fazem lembrar a maioriados canídeos sociais, como lobos (Canislupus) ou os cães selvagens da África(Lycaon pictus) (WILSON, 1980) etalvez não seja apenas coincidência queas ariranhas sejam conhecidas emmuitos países sul-americanos como"lobo del rio". De qualquer maneira, hámuito ainda a conhecermos sobre abiologia das ariranhas.

A sociobiologia de grandescarnívoros tem atraído o interesse demilhares de pessoas do mundo inteiro.Exemplos bem conhecidos incluem oParque Nacional Kruger na África doSul e a Reserva Nacional Massai Marano Quênia, que recebem anualmentemilhares de turistas interessados emobservar de perto o comportamentodesses grandes vertebrados.

Além disso, há todo o mercado dedocumentários de vida selvagem,

exibidos principalmente nos canais detelevisão a cabo e que entretêm eeducam um número incalculável depessoas do mundo inteiro. No Brasil,um dos países com a maior

biodiversidade do mundo, há umpotencial ainda pouco explorado de usoda fauna silvestre enquanto recursocênico.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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