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1 A BIZZ E A EXPLOSÃO DO ROCK NACIONAL EM UM CONTEXTO DE TRANSFORMAÇÕES NA INDÚSTRIA CULTURAL BRASILEIRA FERNANDO DE CASTRO ALÉM* O início da década de 1980 marcou a explosão do rock nacional junto à indústria cultural brasileira, e é neste contexto que surgiu a Bizz. Lançada em agosto de 1985 pela Editora Abril, de propriedade de Vitor Civita, a revista se transformou na publicação impressa mais importante do gênero no período. Bia Abramo, jornalista colaboradora da revista e editora assistente entre os anos de 1986 e 1989, afirmou em documentário sobre a Bizz que “existia uma inquietação muito grande, cultural e nesse período né, coincide não só o Rock in Rio, mas é né, o período da abertura política” (Bizz jornalismo, causos e rock and roll, 2012). A Bizz surgiu inspirada em publicações do gênero que circulavam no Reino Unido, na década de 1970. José Augusto Lemos, o jornalista contratado pela Editora Abril para formular o modelo da revista, havia morado na Inglaterra no período, e de lá trouxe uma visão que pudesse modelar a publicação em um formato mais próximo do que estava acontecendo em termos de indústria cultural na Europa (Bizz jornalismo, causos e rock and roll, 2012). José Augusto Lemos, na entrevista à rádio Lúmen FM de Curitiba, afirmou que, quando morou na Escócia entre 1971 e 1974, mergulhou de cabeça no universo pop, tornando-se leitor assíduo dos semanários britânicos Melody Maker e New Musical Express. Esses jornais foram uma forte influência, segundo Lemos, na concepção da Bizz. Nesta, em seu projeto original, não havia espaço para crítica aos artistas, e José Augusto conseguiu colocar esse componente na revista. A diferença da Bizz, segundo Lemos, era que a mesma tinha que englobar todo o universo da música pop, de Madonna a Iron Maiden, e as publicações do Reino Unido eram mais específicas (LEMOS, 2015). Ou seja, houve o enquadramento da ideia planejada inicialmente a uma fórmula, a um estilo que vigorava no centro da indústria cultural da música, e que deveria servir de influência para que a revista brasileira ganhasse uma linguagem que pudesse atrair o público jovem. Sobre esta colocação, Adorno e Horkheimer afirmam:

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A BIZZ E A EXPLOSÃO DO ROCK NACIONAL EM UM CONTEXTO DE

TRANSFORMAÇÕES NA INDÚSTRIA CULTURAL BRASILEIRA

FERNANDO DE CASTRO ALÉM*

O início da década de 1980 marcou a explosão do rock nacional junto à indústria

cultural brasileira, e é neste contexto que surgiu a Bizz. Lançada em agosto de 1985 pela

Editora Abril, de propriedade de Vitor Civita, a revista se transformou na publicação impressa

mais importante do gênero no período. Bia Abramo, jornalista colaboradora da revista e

editora assistente entre os anos de 1986 e 1989, afirmou em documentário sobre a Bizz que

“existia uma inquietação muito grande, cultural e nesse período né, coincide não só o Rock in

Rio, mas é né, o período da abertura política” (Bizz – jornalismo, causos e rock and roll,

2012).

A Bizz surgiu inspirada em publicações do gênero que circulavam no Reino

Unido, na década de 1970. José Augusto Lemos, o jornalista contratado pela Editora Abril

para formular o modelo da revista, havia morado na Inglaterra no período, e de lá trouxe uma

visão que pudesse modelar a publicação em um formato mais próximo do que estava

acontecendo em termos de indústria cultural na Europa (Bizz – jornalismo, causos e rock and

roll, 2012).

José Augusto Lemos, na entrevista à rádio Lúmen FM de Curitiba, afirmou que,

quando morou na Escócia entre 1971 e 1974, mergulhou de cabeça no universo pop,

tornando-se leitor assíduo dos semanários britânicos Melody Maker e New Musical Express.

Esses jornais foram uma forte influência, segundo Lemos, na concepção da Bizz. Nesta, em

seu projeto original, não havia espaço para crítica aos artistas, e José Augusto conseguiu

colocar esse componente na revista. A diferença da Bizz, segundo Lemos, era que a mesma

tinha que englobar todo o universo da música pop, de Madonna a Iron Maiden, e as

publicações do Reino Unido eram mais específicas (LEMOS, 2015).

Ou seja, houve o enquadramento da ideia planejada inicialmente a uma fórmula, a

um estilo que vigorava no centro da indústria cultural da música, e que deveria servir de

influência para que a revista brasileira ganhasse uma linguagem que pudesse atrair o público

jovem. Sobre esta colocação, Adorno e Horkheimer afirmam:

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__________________________ *Mestre em História pela Universidade Federal da Grande Dourados (FCH/UFGD).

Doutorando em História pela mesma Instituição.

Bolsista de doutorado da CAPES.

A compulsão do idioma tecnicamente condicionado, que os astros e os diretores têm

de produzir como algo de natural para que o povo possa transformá-lo em seu

idioma, tem a ver com nuanças tão finas que elas quase alcançam a sutileza dos

meios de uma obra de vanguarda, graças à qual esta, ao contrário daquelas, serve à

verdade. A capacidade rara de satisfazer minuciosamente as exigências do idioma da

naturalidade em todos os setores da indústria cultural torna-se padrão de

competência. O que e como dizem deve ser controlável pela linguagem cotidiana,

como no positivismo lógico. Os produtores são especialistas. O idioma exige a mais

espantosa força produtiva, que ele absorve e desperdiça. Ele superou satanicamente

a distinção própria do conservadorismo cultural entre o estilo autêntico e o estilo

artificial. Artificial poder-se-ia dizer um estilo imposto de fora às potencialidades de

uma figura. Na indústria cultural, porém, os menores elementos do tema tem origem

na mesma aparelhagem que o jargão no qual é acolhido (ADORNO;

HORKHEIMER, 1985, p. 106/107).

Portanto, a Bizz foi concebida a partir da explosão do rock nacional na indústria

cultural brasileira, de um mercado consumidor que se consolidou na década de 1980, cujos

diretores vislumbravam um sucesso comercial. Partindo para empreitada, os responsáveis pela

elaboração e criação da revista conceberam seu projeto a partir de um ponto de partida – a

indústria cultural que se configurou, e sua concepção se deu a partir da tensão entre a visão de

mundo dos responsáveis por sua criação, além de suas estratégias, e pelas fórmulas impostas

pelo mercado editorial utilizadas reiteradamente pelos proprietários da Editora Abril,

experientes no metier1.

Segundo Roger Chartier, o objeto fundamental de uma história que visa

compreender as estratégias que dão sentido à realidade social dos indivíduos reside na tensão

entre as próprias estratégias, ações e práticas das pessoas no mundo social e o sistema de

normas, regras, leis impostas por quem tem o poder de impô-las (CHARTIER, 2002, P. 84).

Portanto, a Bizz, nasceu a partir da tensão entre os agentes envolvidos no interior da editora,

suas estratégias empregadas, suas ações e sistemas de normas, em que aqueles que puderam

impor uma fórmula editorial assim fizeram, porque tiveram o poder de estabelecer dessa

forma.

Ainda segundo Chartier, fazendo uma analogia com as publicações impressas, as

obras de arte e as produções estéticas não são universais, estáveis, imóveis. Sua concepção é 1 Ofício, ocupação.

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fruto de uma negociação entre a subjetividade de quem a compõe, da sua forma em si

carregada de valores individuais, com as normas e condutas impostas por quem tem o poder

de impor essas normas. De acordo com o autor:

Em consequência, o objeto fundamental de uma história que visa a reconhecer a

maneira como os atores sociais dão sentido a suas práticas e a seus discursos parece

residir na tensão entre as capacidades inventivas dos indivíduos ou das comunidades

e, de outro lado, as restrições, as normas, as convenções que limitam – mais ou

menos fortemente de acordo com sua posição nas relações de dominação – o que

lhes é possível pensar, enunciar e fazer. A constatação vale para uma história das

obras letradas e das produções estéticas, sempre inscritas no campo das

possibilidades que as tornam imagináveis, comunicáveis, compreensíveis

(CHARTIER, 2002, p. 91).

Em seu número 1, de agosto de 1985, em editorial escrito pelo próprio Victor

Civita, ressaltou-se a importância de um veículo de música pop, a partir da consolidação de

um mercado consumidor de rock e cultura pop no Brasil:

O aumento de público nos shows e nas danceterias, a proliferação dos programas de

videoclipes e a recuperação da indústria de discos deixaram clara a necessidade da

criação de uma nova publicação que andasse junto com a música e a imagem em

suas mais diversas manifestações. Para isto nós fizemos a Bizz. Para acompanhar

todos os movimentos ligados à música jovem, aqui e lá fora. Com informação séria e

detalhada, em coberturas de shows e reportagens, e opinião equilibrada, em colunas

e seções que vão manter você em sintonia. Bizz, como você vai ver nas páginas

seguintes, é vitalidade, garra e antenas ligadas. É uma revista feita para você

divertir-se muito e estar sempre bem informado a respeito da música pop mundial

(BIZZ, n° 1, p. 7).

A Bizz chegou a ter mais de 120 páginas, o que demonstrava seu vigor como

publicação importante para o mercado segmentado de impressos voltados para a música pop,

com uma robusta pluralidade de quadros que apresentavam matérias das mais diversas,

garantindo espaço para artistas do mainstream mundial, sem deixar de lado aqueles que

estavam surgindo no cenário nacional e internacional, e até mesmo no interior da cena

independente brasileira. Quanto à música brasileira, no início da revista, a tônica é o rock

nacional, reservando algum espaço para os medalhões da MPB, como Caetano, Gil, Jorge

Ben, entre outros.

Já a partir do seu terceiro ano de veiculação, o ano de 1987, pode-se perceber

que houve a busca de novos estilos musicais para além do rock nacional, momento em que a

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revista se transformou em canal de divulgação, também para o samba carioca, o afoxé e ijexá

(ritmos executados na Bahia de origem africana), o rap brasileiro, a soul music2, além do

início de uma renovação na MPB e do retorno da música considerada brega. A Bizz

acompanhou uma tendência no interior da própria indústria cultural, de diversificação de

ritmos musicais a tocar nas rádios. Além disso, a nível mundial e a partir do final dos anos 80,

a revista passou a publicar matérias sobre a emergência da chamada world music3.

Os leitores passam a entrar em contato com artistas que não tinham espaço em

momentos anteriores, como Bezerra da Silva, Fundo de Quintal, Chiclete com Banana, Luís

Caldas, Araketu, Reflexus, Ed Motta, Marisa Monte, entre outros que não dialogavam com a

Bizz, processo que se aprofundou com a transformação em ShowBizz em 19954. Além disso, a

revista publicava constantemente as visitas dos astros da world music ao Brasil para entrar em

contato com a música brasileira em suas variadas vertentes, buscando fundi-la ao universo

pop. Portanto, a Bizz se sentiu obrigada a seguir nada mais que uma premissa já estabelecida

desde sua origem: englobar todo o universo da cultura pop presente na indústria cultural.

Em sua primeira edição, de agosto de 1985, a Bizz possuía 77 páginas em papel

off-set, em tamanho de 26,5 cm por 20 cm. Com o passar das edições, esse número de páginas

vai aumentando, chegando a 120. Era uma publicação muito colorida, aspecto este

relacionado ao fato de ser voltada ao público jovem. Mas há outra fatia de público que

também era explorado pela revista, a dos músicos e amantes de música e equipamentos.

Por isso uma grande diversidade de propagandas. Havia propagandas de moda

jovem, de instrumentos musicais, equipamentos eletrônicos e de sonorização,

microcomputadores, revistas de cifras de músicas, além de anúncios promocionais de rádios

2 Música do espírito na tradução literal, gênero musical nascido nos Estados Unidos no final da década de 1950,

a partir da fusão do rhythm and blues, subgênero do blues predecessor do rock, com o gospel, música religiosa

protestante estadunidense. A princípio, esteve identificada com o público afro-americano. Os artistas referenciais

nos Estados Unidos da soul music são James Brown, Steve Wonder e Ray Charles, enquanto no Brasil seu

principal representante é Tim Maia. 3 Música do mundo na tradução literal, estilo musical marcado pela utilização de instrumentos não

convencionais à musica anglo-saxônica, e pela fusão desta com ritmos de matriz africana, latino-americana e

asiática, realizada desde a década de 1960. A partir dos anos 80, celebridades da música pop mundial, como

Peter Gabriel, Sting e David Byrne – vocalista do Talking Heads -, convidavam artistas sul-africanos,

brasileiros, peruanos, filipinos, entre outras nacionalidades, para participar de suas produções, na busca de uma

sonoridade mundial, no sentido de fazer ressoar de forma mundial gêneros musicais nascidos em outros

continentes e nações. 4 A partir de outubro de 1995, a Bizz se transformou em ShowBizz, assunto que será tratado no próximo capítulo

desta tese.

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FM, de outras publicações da Abril voltadas para o público jovem – como a Capricho, revista

consumida pelas adolescentes -, e de bebidas. Mas a principal fatia de publicidade da revista

era dedicada às grandes gravadoras nacionais e multinacionais. Porém também havia espaço

para os selos independentes.

Sobre os aspectos materiais, Tânia Regina de Luca chama atenção para a

importância destes na análise histórica. Para a pesquisadora, o historiador de impressos deve

refletir sobre quais motivos levaram o acontecimento a ser noticiado, e porque tal notícia teve

mais relevância em detrimento de outras. Inclusive os procedimentos tipográficos e de

ilustração que cercam o periódico são elementos importantes na composição de seus

discursos. A linguagem escolhida, a ênfase em certos temas em detrimento de outros, também

estão relacionados ao público que a revista pretende atingir. Jornais e revistas são

empreendimentos coletivos, que agregam pessoas em torno de projetos e ideias que se deseja

difundir. Portanto, para a autora:

Daí a importância de se identificar cuidadosamente o grupo responsável pela linha

editorial, estabelecer os colaboradores mais assíduos, atentar para a escolha do título

e para os textos programáticos, que dão conta de intenções e expectativas, além de

fornecer pistas a respeito da leitura de passado e de futuro compartilhada por seus

propugnadores. Igualmente importante é inquirir sobre suas ligações cotidianas com

diferentes poderes e interesses financeiros, aí incluídos os de caráter publicitário. Ou

seja, a análise da materialidade e do conteúdo é preciso acrescentar aspectos nem

sempre imediatos e patentes nas páginas desses impressos (LUCA, 2005, p. 140).

Aqui não podemos deixar de fazer uma reflexão sobre a verba publicitária advinda

das gravadoras, estampando seus principais lançamentos da música pop e do rock tanto

nacional quanto internacional. Isso garantia um peso maior aos lançamentos da indústria

fonográfica na revista. Mas esses espaços para os lançamentos de álbuns das gravadoras não

estavam apenas circunscritos à publicidade. Havia uma análise criteriosa de todos os

lançamentos.

Os discos que eram lançados tinham espaço na seção Lançamentos, que depois se

transformou em Discos. Eram produzidas resenhas pelos colaboradores que escreviam suas

impressões sobre os lançamentos, bem como dos álbuns importados das estrelas da música

pop internacional. Além disso, todo mês eram publicadas entrevistas com artistas do

mainstream que acabavam de lançar seus discos, sem contar a seção Bolsa de Discos, onde

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havia uma avaliação dos colaboradores – como ótimo, bom, interessante, razoável e fraco –

sobre os lançamentos fonográficos.

É importante afirmar também que, desde sua existência até seu fim em 2001,

houve mudança no aporte gráfico da revista. Foram várias as transformações em seu layout,

que pudessem torná-la mais atraente ao leitor, além da alteração de posição no interior da

revista de algumas seções, como a Show5, que até 1989 figurou no final da revista, passando

para seu início; ou a seção Parada do Leitor (LPs)6 que aparecia no início da revista,

passando para o final em 1989, quando da primeira mudança gráfica.

Para finalizar sobre os aspectos materiais da revista, não podemos esquecer que se

tratou de um projeto coletivo tocado por homens e mulheres, a partir de um objeto – a música

pop e o rock nacional e internacional -, levando-se em consideração as premissas colocadas

por quem tinha o poder de impô-las – chefia de redação e direção jornalística -, e que davam

direcionamento e sentido ao projeto, apontando o caminho que deveria ser seguido pelos

jornalistas colaboradores contratados para dar materialidade à Bizz.

Segundo a jornalista Sônia Maia, colaboradora da revista entre 1985 e 1989, em

seu depoimento ao documentário Bizz – jornalismo, causos e rock and roll (2012), a ideia da

criação da Bizz partiu de Carlos Arruda, vice-presidente de marketing e propaganda da

Editora Abril. Conforme já apontamos acima, a publicação foi pensada seguindo os

parâmetros jornalísticos das revistas especializadas em rock and roll que circulavam nos

Estados Unidos e Europa. O depoimento de Alex Antunes, jornalista colaborador da Bizz, no

mesmo documentário, aponta também nesta direção. Segue abaixo a transcrição:

Eu fazia parte duma turma, como Tomas Pappon, Celso Minhoca Pucci, Bia

Abramo né, e todos nós fomos um a um indo parar na redação. Agora o cara que

levou todo mundo pra lá e que não era dessa turma foi o Zé Augusto Lemos, o

Scotch, que é exatamente o cara que faz a transição do projeto do Carlos Arruda e do

Zé Eduardo Mendonça pra uma concepção mais detalhada né, e mais ligada a uma

visão do que tava acontecendo na gringa. O Scotch é conhecido como Scotch porque

ele tinha morado no Reino Unido que é de onde ele trouxe a informação de

primeiríssima mão (BIZZ – jornalismo, causos e rock and roll, 2012).

A partir disso, foram sendo convidados aqueles que formularam os textos e

discursos da revista, os jornalistas colaboradores, o que não eximia José Augusto Lemos e 5 Nesta seção, os jornalistas faziam uma resenha do show do artista, nacional ou internacional. 6 Seção em que a revista apontava os discos mais ouvidos a partir das cartas enviadas pelos leitores.

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José Eduardo Mendonça de escrever no interior da revista. Lemos afirma que iniciou na

redação da Bizz em abril de 1985, e que quando chegou já havia uma equipe formada. Carlos

Arruda era o diretor, José Eduardo Mendonça era o editor chefe, José Emílio Rondeau,

jornalista que já trabalhava há algum tempo com crítica musical, era o editor no Rio de

Janeiro, e Lemos foi contratado para ser o editor em São Paulo. Nesse momento inicial, havia

apenas duas repórteres, Luisa de Oliveira e Sônia Maia. Lemos foi em busca de colaboradores

concatenados ao circuito alternativo. Foi lá que encontrou Alex Antunes na publicação Spalt,

fanzine7 patrocinado pelo selo de música independente Wop-Bop8. De lá vieram não só

Antunes, mas também Thomas Pappon e Bia Abramo, além de Celso Pucci, este advindo da

ECA – Escola de Comunicação de Artes – da USP. Com a saída de José Eduardo Mendonça

em abril de 1986, José Augusto Lemos assumiu a direção da Bizz, e Alex Antunes foi

contratado para ser o editor da revista em São Paulo.

Pepe Escobar, Maurício Valladares, Thomas Pappon, Leopoldo Rey, Marcos

Smirkoff, Silvano Michelino e Marco Antônio de Menezes, são os jornalistas que produziram

as primeiras matérias e resenhas na revista, juntamente com os citados acima. Logo depois,

outros foram sendo incorporados, como Marcel Plasse, Ana Maria Bahiana (esposa de José

Emílio Rondeau), Hagamenon Brito, Antônio G. Couto Duarte, Lorena Calábria, Jimi Joe,

Carlos Miranda, André Forastieri, entre outros. Conforme a Bizz vai tomando amplitude,

ganhando reverberação junto ao público leitor, foi aumentando o número de páginas e

ganhando novos colaboradores.

Além disso, era muito comum as edições virem acompanhadas de publicações

extras, além de posters9 com fotos e textos contendo a biografia e a discografia de astros da

música pop internacional. Eram publicadas biografias e discografias de vários artistas em

publicações extras, como a Ídolos do rock, que trazia também adesivos da Tina Turner, Duran

Duran, Iron Maiden, Paralamas do Sucesso, Dire Straits, Ultraje a Rigor, Madonna, entre

outros. A primeira foi veiculada em abril de 1986.

7 Revista editada por fãs. 8 Gravadora independente que atuava em São Paulo. Tais gravadoras eram chamadas também de selos, sendo

responsáveis pelo lançamento de artistas considerados alternativos. 9 Publicações extras no interior de revistas diversas, contendo a fotografia de um ídolo, podendo ser destacadas e

coladas na parede, para deleite do fã.

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Outra publicação extra que fazia muito sucesso era a Letras Traduzidas, que

conforme o nome já indicava, era uma seção de tradução das letras dos artistas do mainstream

internacional. Sobre esta edição extra, José Augusto Lemos afirma que ela foi criada devido

ao pedido dos leitores. Segundo Lemos, chegavam pilhas de cartas à redação da Bizz, de

leitores solicitando a tradução das letras de seus ídolos. Na revista, já havia uma seção de

letras traduzidas, A Top Hits, porém não era suficiente para atender à demanda solicitada

pelos leitores. Interessante apontar também que, a partir disso, a importância que é dada ao

consumidor da revista, pelo fato de se manter um serviço de atendimento ao leitor, tanto pelo

telefone quanto através do recebimento de cartas (LEMOS, 2015).

Nas edições de aniversário da revista, sempre em julho, aumentava o número

de entrevistas e de matérias. A edição n° 24, de julho de 1987, devido ao aniversário, foi

dupla. Outro detalhe interessante, são os flexidiscs10 que vinham de presente nas edições da

Bizz. veiculando artistas dos mais diversos, prática esta ocorrida durante quatro meses do ano

de 1988. Na edição de maio de 1989, outra edição com um extra: desta vez, um diário de

bordo sobre a turnê da banda norueguesa A-Ha no Brasil. A jornalista Marisa Adán Gil foi

escalada para acompanhar o grupo durante sua vinda para o país. O mesmo já havia ocorrido

quando da vinda do The Cure, com a revista publicando uma edição extra em março de 1987.

Havia também, no interior da Bizz, as reportagens sobre os lançamentos no mundo do cinema,

onde era publicada uma resenha de cada filme escrita por Alex Antunes. Mais tarde, foi criada

a revista Set, revista especializada em cinema, nascida do interior da Bizz e dirigida pelo

próprio Antunes (LEMOS, 2015).

Quanto às seções no interior da Bizz, praticamente não houve mudanças

substanciais nestas entre 1985 e 1989. Foram seções que estiveram presente em todas as

edições da revista, desde sua primeira veiculação em julho de 1985 até dezembro de 1989,

como a Showbizz, seção pautada pelos acontecimentos no mundo da música, que podiam ser

musicais ou mesmo fofocas das mais diversas; a Parada do Leitor, seção que apresentava os

álbuns preferidos dos leitores da Bizz, que enviavam suas cartas à redação. Também eram

apresentadas as colocações nas paradas de sucesso da Inglaterra e Estados Unidos; Ao vivo,

10 Vinil em formato mini, que vinha anexo em revistas das mais diversas, como brinde aos consumidores. Um

detalhe interessante: esses flexidiscs eram mais finos que os vinis convencionais, por isso não tocavam com

eficiência nos toca discos. A solução encontrada era colocar uma moeda sobre o mini vinil para aumentar o atrito

com o toca discos e tocá-lo na rotação correta.

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que antes da primeira mudança gráfica chamava-se Show, seção em que os jornalistas eram

escalados para assistir e publicar suas impressões dos shows de artistas do mainstream e do

underground.

Havia também a seção Lançamentos, que se chamava anteriormente Discos, onde

eram publicadas resenhas críticas dos principais lançamentos fonográficos do mês; Bolsa de

Discos, avaliação feita pelos colaboradores sobre alguns lançamentos, em que eram apontados

juízos de valor – ótimo, bom, interessante, razoável e fraco -, todos com diferentes caricaturas

simbolizando cada uma das avaliações; Letras, com a tradução da letra de uma canção de

sucesso de um artista internacional; Cartas & Serviços, que anteriormente se chamava Cartas,

espaço dedicado aos leitores da Bizz para reclamações e elogios sobre as matérias, além de

servir para reunião de fãs clubes e vendas de instrumentos e equipamentos eletrônicos. E

sempre fechando a revista, a seção preferida de muitos colaboradores, a Discoteca Básica,

que trazia uma resenha de um álbum clássico do rock ou da MPB.

Fora as entrevistas exclusivas com os artistas do mainstream e com os

independentes do rock nacional, quando estavam lançando um novo disco; além das

entrevistas com artistas de outros estilos, mais constantes quando o rock nacional começou a

deixar os primeiros lugares nas paradas de sucesso; as matérias especiais sobre a história de

algum medalhão do rock; além das reportagens sobre os diversos artistas e grupos

internacionais de passagem pelo Brasil.

Tais publicações garantiram a legitimidade de uma premissa básica da revista: dar

conta de veicular tudo aquilo que era sucesso no interior da música pop e do rock naquele

momento, ao publicar no interior da mesma edição, como afirmou José Augusto Lemos, de

Madonna a Iron Maiden, sem deixar de lado o que acontecia também na cena independente.

Sobre este ponto, é interessante afirmar que boa parte dos jornalistas

colaboradores atuavam nestas bandas, bem como José Augusto Lemos, o jornalista que

concebeu a revista. Lemos era vocalista e guitarrista do grupo paulistano Chance, além de

atuar como produtor do primeiro disco do Vzyadoq Moe; Alex Antunes era vocalista do Akira

S & As Garotas Que Erraram; Thomas Pappon era baixista do Fellini, além de atuar como

baterista do Smack e do Voluntários da Pátria; Carlos Eduardo Miranda atuava nas bandas

gaúchas Atahualpa, Fanzine e Urubu Rei, como vocalista, tecladista e arranjador, quando

possuía a alcunha de Gordo Miranda.

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Quanto à organização da pauta da revista Bizz, a entrevista de José Augusto

Lemos à rádio Lumen de Campinas é interessante no sentido de demonstrar a força das

grandes gravadoras multinacionais na composição da revista. As mesmas enviavam os

lançamentos fonográficos para a Bizz, e no interior da redação se discutia qual artista merecia

ganhar a capa. Segundo Lemos:

A pauta da revista Bizz, uma missão jornalística, prioridade de toda a publicação

musical, colocar o leitor em dia ao que vinha sendo lançado pelas gravadoras. Boa

parte da revista era feita em cima dos lançamentos programados pra aquele mês. Um

mês e meio, dois meses antes da revista ir pra banca, a gente sentava com a pauta, a

lista que eles iam lançar aquele mês. Dependendo da importância ou da

popularidade, a gente escolhia qual eram os artistas que teriam uma entrevista, uma

reportagem, qual seria a capa, normalmente o mais popular tinha a capa (LEMOS,

2015).

Portanto, a relação entre a revista Bizz e as grandes gravadoras multinacionais era

fundamental para compreender como a revista era construída. Importante dizer que, mesmo

com a influência das gravadoras nas pautas das matérias sobre os lançamentos da indústria

fonográfica, a revista não se furtava em realizar uma análise criteriosa dos álbuns lançados,

momento em que um rigoroso pente fino era realizado, e as críticas eram em sua maioria

negativas. Isso gerava uma tensão na relação entre as gravadoras e a redação da revista, com

as primeiras ameaçando suspender verbas publicitárias destinadas à Bizz, o que nunca

aconteceu, conforme relatado por José Augusto Lemos (LEMOS, 2015).

A revista era mais do que apenas um produto a ser integrado no universo do rock,

em um momento de explosão do estilo no Brasil. A aposta da indústria fonográfica e as

excelentes vendagens de discos de grupos de rock brasileiro no período, a transformação de

jovens músicos em astros, a criação do megafestival Rock In Rio pelo empresário Roberto

Medina também em 1985, além da constante aparição dos artistas em programas de televisão

como Xou da Xuxa, Cassino do Chacrinha, Programa do Bolinha, entre outros, atestam a

potência do rock nacional na indústria cultural brasileira na década de 80, e a Bizz apareceu

para dar publicidade a esta explosão, e além disso, garantir sua imparcialidade mesmo

sofrendo pressão das gravadoras a partir da independência editorial que sua equipe gozava,

não se limitando a apenas divulgar os discos lançados, mas analisá-los, destrinchá-los,

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proporcionando ao público leitor as impressões da crítica especializada sobre o que estava

sendo veiculado no universo da música pop e do rock do período.

A Bizz era um produto que dava lucro para a Editora Abril, e este fator foi

decisivo para a autonomia editorial da equipe que produzia os textos. Segundo José Augusto

Lemos em depoimento à comunidade Bizz Clássica da rede social Facebook11. A revista,

quando lançada, era considerada inviável inclusive pelo dono da Editora Abril, Roberto

Civita, cuja ideia mudou a partir da influência de seu pai, Vitor Civita. Sua visão

empreendedora pautada pela enorme experiência na segmentação do mercado editorial, foi

fundamental para a viabilização de uma publicação voltada para o público jovem amante da

música pop e do rock, segmentação esta que não tinha dado muitos frutos ao mercado de

revistas brasileiro até então. Antes de ser contratado pela Bizz, José Augusto Lemos escrevia

na coluna Ilustrada do jornal Folha de São Paulo. Seu diretor na coluna, Marcos Augusto

Gonçalves, era outro que também não acreditava na publicação. Marcos disse a Lemos que

“essa revistinha não vai durar nem quatro meses” (LEMOS, 2015).

A revista tinha que ser atraente ao leitor para ser veiculada. Para se viabilizar,

deveria vender no mínimo 60 mil cópias, o que já aconteceu no número de estreia. Na

segunda edição, com Madonna na capa, a publicação vendeu 80 mil cópias. Segundo Lemos,

em entrevista à rádio Lúmen de Curitiba:

A revista mãe vendia, em média, entre 50 e 60 mil exemplares por mês, atingindo

picos de 100 mil, não muito mais do que isso (acho que o recorde foi, pasmem, a

capa do Faith No More: 104 mil). As pesquisas de mercado revelavam que a Bizz

tinha um público fiel de cerca de 40 mil leitores predominantemente masculinos. Os

picos de vendagem eram atingidos quando conseguíamos atrair o público feminino,

normalmente nos valendo de capas com astros como Axl Rose, Paulo Ricardo, Bon

Jovi etc. Tentando fazer essas minas ficarem conosco, criei a seção Estilo Bizz, não

exatamente de moda, mas pra ilustrar historicamente como a música pop

influenciara o jeito da juventude se vestir (LEMOS, 2015).

Nem só a Bizz, mas todas as publicações ao redor da revista, eram de muito

sucesso em termos de venda, apesar das apostas iniciais ao contrário. Pela primeira vez na

história da segmentação de revistas de música no Brasil uma publicação conseguiu se manter

11 Página do Facebook construída por um fã, destinada aos demais fãs, para que sejam realizadas postagens

relativas ao conteúdo da revista Bizz, bem como informações relativas aos artistas que eram notícia no período

de circulação da publicação.

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vigorosa no mercado durante tanto tempo. Para as gravadoras, a Bizz era uma aposta, pois até

a seção de críticas aos lançamentos de discos das mesmas gravadoras eram bem vindas, pelo

fato desta ser responsável na formação de um público consumidor de rock, portanto

consumidor de discos, segundo Lemos.

Uma aposta editorial muito feliz no período, impulsionada pelo fato de o Brasil ter

se transformado em um circuito do rock mundial, fator materializado na primeira edição do

Rock In Rio, além do fenômeno da explosão do rock nacional na indústria cultural brasileira,

momento em que jovens músicos se transformaram em celebridades no mundo da música.

José Augusto Lemos e equipe conseguiram vender a ideia, propondo uma publicação que

fosse a mais ampla possível em termos de estilos dentro do universo da música pop, com

ênfase no rock. Não foi uma publicação que apenas serviu para divulgação de artistas de

gravadoras, mas que para além disso, realizou uma análise de fato do trabalho desenvolvido

por estes artistas, e em virtude desta crítica, gerava dois movimentos contraditórios, de

conflito e tolerância, entre gravadoras e artistas na relação com a revista.

Importante apontar que aos artistas da cena alternativa da música pop brasileira

também não faltou espaço na revista, fator impulsionado por haver uma forte cena

independente nas maiores cidades do país. Seria uma espécie de aposta da revista em futuros

possíveis sucessos, porém nenhuma destas bandas adentrou ao mainstream. Conforme

apontamos, havia muitos membros da equipe de redação da Bizz tocando nessas bandas, o que

de certa forma facilitava a divulgação dos trabalhos das mesmas, e estes trabalhos serviam de

contraponto aos desenvolvidos pelos grupos que faziam sucesso na mídia.

A revista entendeu este processo, e passou a diversificar o leque de artistas disponíveis

em suas publicações, dialogando com quem antes não dialogava, gente que se destacava na

indústria advinda de outros estilos, como o soul, o rap, o samba, entre outros, mesmo assim

sem eximi-los da análise criteriosa de seus trabalhos, premissa básica da Bizz, fator que

também mantinha uma relação de via dupla entre a revista e estes artistas e as gravadoras que

os contratavam, relação esta que permeava o conflito e a tolerância, mas que nunca foi

interrompida, devido à excelente receptividade da Bizz junto ao público consumidor no

período.

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