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“A Cabala Draconiana” busca proporcionar uma visão clara da Cabala estudada e praticada no Ocidente, abordando também as forças qliphóticas, ou tenebrosas, do universo cabalístico, bem como os aspectos femininos do cosmo. É um trabalho que pretende abranger diversos assuntos correlatos e os aspectos sombrios da existência, os quais raramente são considerados na literatura cabalística em geral. O estudo das Qliphoth é um assunto muito obscuro dentro da própria Cabala e muito pouco abordado pela maioria dos estudiosos. A Cabala Draconiana (Cabala Hermética e Setiana) abrange o estudo da Luz e das Trevas em diversos contextos e tem o dragão como um arquétipo e símbolo muito considerado. Aqui, o leitor verá o Caminho da Mão Esquerda (Filosofia Noturna), isento da conotação pejorativa e muito difundida de “magia negra” ou “magia diabólica”, no qual a Individualidade, o deus oculto individual, a natureza, o sexo e a mulher são importantes. Mas verá também o Caminho da Mão Direita (Espiritualidade da Luz), porque assim é o universo e o homem com suas forças opostas necessárias à manifestação. O leitor, iniciante ou iniciado no assunto, obterá orientações e procedimentos relativamente eficazes para o desenvolvimento consciente, gradual e contínuo do caráter e de seu aspecto psicomental, além de novos insights para os seus estudos. O autor também explica a Cabala pelo mundo em que vivemos, bem como nosso mundo pela Cabala, de maneira inteligível, sintética e sem muitos mistérios. Sendo assim, esta obra pode ser vista como um manifesto cabalista filosófico que demonstra a atual situação do mundo sob as influências das esferas cabalísticas. Neste livro, o leitor verá: -Cabala Draconiana, Alquimia, Hermetismo e Setianismo; -Cabala Draconiana nos contos-de-fadas e o arquétipo de Lilith; -Cabala Draconiana e as ciências, as artes e as religiões; -Cabala Draconiana e a mitologia universal;

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“A Cabala Draconiana” busca proporcionar uma visão clara da Cabala estudada e praticada no Ocidente, abordando também as forças qliphóticas, ou tenebrosas, do universo cabalístico, bem como os aspectos femininos do cosmo. É um trabalho que pretende abranger diversos assuntos correlatos e os aspectos sombrios da existência, os quais raramente são considerados na literatura cabalística em geral. O estudo das Qliphoth é um assunto muito obscuro dentro da própria Cabala e muito pouco abordado pela maioria dos estudiosos.

A Cabala Draconiana (Cabala Hermética e Setiana) abrange o estudo da Luz e das Trevas em diversos contextos e tem o dragão como um arquétipo e símbolo muito considerado. Aqui, o leitor verá o Caminho da Mão Esquerda (Filosofia Noturna), isento da conotação pejorativa e muito difundida de “magia negra” ou “magia diabólica”, no qual a Individualidade, o deus oculto individual, a natureza, o sexo e a mulher são importantes. Mas verá também o Caminho da Mão Direita (Espiritualidade da Luz), porque assim é o universo e o homem com suas forças opostas necessárias à manifestação.

O leitor, iniciante ou iniciado no assunto, obterá orientações e procedimentos relativamente eficazes para o desenvolvimento consciente, gradual e contínuo do caráter e de seu aspecto psicomental, além de novos insights para os seus estudos.

O autor também explica a Cabala pelo mundo em que vivemos, bem como nosso mundo pela Cabala, de maneira inteligível, sintética e sem muitos mistérios. Sendo assim, esta obra pode ser vista como um manifesto cabalista filosófico que demonstra a atual situação do mundo sob as influências das esferas cabalísticas.

Neste livro, o leitor verá:-Cabala Draconiana, Alquimia, Hermetismo e Setianismo;-Cabala Draconiana nos contos-de-fadas e o arquétipo de Lilith;-Cabala Draconiana e as ciências, as artes e as religiões;-Cabala Draconiana e a mitologia universal;-as diferenças entre Cabala Draconiana e Cabala Judaica;-Arquétipos arbóreos e arquétipos draconianos;-Dracologia e Cabala;-Otz Daath, a Árvore do Conhecimento (do Bem e do Mal);-as Sephiroth e suas Qliphoth;-os Caminhos de Thoth e os Túneis de Set;-Choronzon, Set e Leviathan;-Daath, Caos e Sírius B;-os arcanjos e os arquidemônios da Cabala e seu significado, razão e finalidade no esquema do universo e do mundo;-símbolos e instrumentos das esferas cabalísticas; etc.

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O Mistério da Merkabah   Sintra, 28.09.2008  

Vitor Manuel AdriãoA Graça Gloriosa de Deus faz-se efectiva Presença Real na Terra (Shekinah) através da Obra do Eterno (Teurgia) que é a mesma Merkabah. 

             “Carro de Apolo, Helius ou Elias”, figuração de SURYA o Logos Solar manifestado no seu Universo, tanto neste como na sua parcela sideral, a Terra, a OBRA DO ETERNO, a MERKABAH, não pára nunca o seu rodar na Roda ou Ronda da Evolução Planetária, mesmo com os desaires acontecidos nesta Magnus Opus do Deus AKBEL, expressão directa do mesmo ETERNO ou 8.º Logos na Terra. Ela não parou, mesmo tendo recuado do Médio para o Extremo Oriente, para em seguida, no ano 989 d.C., ter se impulsionado para o Extremo Ocidente da Europa (Portugal) e após para o Extremo Ocidente do Mundo (Brasil). 

             Sim, a MERKABAH locomoveu-se do Oriente para o Ocidente… inaugurando em 1924 o Ciclo do EX OCCIDENS LUX, com a transladação da Grande Loja Branca dos BHANTE-JAULS dos recônditos reservados do Norte da Índia e do Tibete para estas partes ocidentais do Mundo indo intensificar o tear da Raça Futura, Ibero-Ameríndia. 

             Esse termo caldeu, Merkabah, Mercabah ou Merkavah, significa literalmente “carro”, ou seja, expressivo de mobilidade. É o nome de uma das escolas mais antigas do povo de Israel, desenvolvendo-se pelas narrações do 1.º capítulo do Livro de Ezequiel. A literatura da Merkabah não é das mais vastas, e além desse Livro também é representada pelas Hekhalot, Grande e Pequena, encontrando-se também alguma coisa, de grande valor esotérico, nos evangelhos apócrifos, principalmente no de Enoch. 

             Efectivamente, a Merkabah é a primeira mística judaica, a primeira série religiosa secular, mas não trata da contemplação concentrada sobre a verdadeira natureza de Deus, antes, da sua aparição sobre o Trono, tal como é descrita pelo Profeta Ezequiel, sendo o tema predilecto das suas divagações o conhecimento dos Mistérios do Mundo Celeste. O Trono representa, para o místico judeu, o mesmo que a Esfera ou Sephiroth fulgurante da Divindade (IHVH, Iod-He-Vau-He ou Jehovah, expresso pelo Totreossyah ou TETRAGRAMATON) cercada pelos Éons, Arcontes, Dominações, etc. (Hierarquias Criadoras), significava para os antigos gnósticos e hermetistas. O Trono pré-existente de Deus, que contém e ilustra todas as formas da Criação, é o tema e o fim da visão mística. 

             Por isso os rabinos iniciados na Tradição velada ou Kaballah (que também significa “Livro cerrado”), afirmam que o Ser Supremo, o Logos Criador do Mundo, após ter estabelecido os 10 Sephiroths, Esferas ou Planos de Evolução da Vida e da Consciência (que na sua totalidade perfazem Adam-Kadmon, o 2.º Logos Planetário como Homem Arquetipal ou Celeste) utilizou-os como “Carro” ou “Trono de Glória”, para descer com ele sobre as almas dos homens. Para que a sua série religiosa secular alcançasse o fim místico

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proposto, deram-lhe o nome de Merkavah, isto é, o corpo exterior, o “veículo” ou a coberta que encerra a Alma oculta, ou seja, a sua ciência secreta mais elevada. 

             A figura dominante da MERKABAH é METRATON (de Meta ou Metra+Aton, a “Medida Perpendicular do Sol à Terra”), associado a MIRRAÏL ou MIKAEL, o mesmo Arcanjo MIGUEL na sua função medianeira, psicopompa entre o Espaço Sem Limites e o Espaço Com Limites, o que vai identificá-lo ao mesmo Deus, Logos ou Ishvara de Mercúrio, AKBEL, possuído de funções idênticas às de MIKAEL ou METRATON. Com efeito, este antecede YAHOEL, que é dizer, o próprio JEHOVAH ou SANDALPHON como “Anjo” ou Logos da Terra iluminada por Ele mesmo cuja Luz Vital recebe, por seu turno, do Homem Cósmico ou Solar, o ETERNO. É assim que entre os Logos Solar e Terrestre está METRATON na função de medianeiro à guisa de “Tubo Cósmico” veiculador da Energia Celeste (FOHAT) a animar a Terra, e a Energia Planetária (KUNDALINI) volver ao Alto pelo mesmo “Tubo”. 

             METRATON, o cabalístico “Príncipe das Duas Faces” (outra risonha voltada para o Céu, e outras tristonha contemplando a Terra, estando de permeio entre os dois Mundos por estar no 2.º Trono), é a Inteligência Cósmica (MAHAT) da 1.ª Sephiroth (“Kether”, a “Coroa” associada na geografia mística do Homem ao Chakra Coronal), Plano do Pai, e o pressuposto Guia de Moisés que se manifestou protector ao povo hebreu, nas margens do Mar Vermelho, como uma Coluna de Fogo. O seu número cabalístico é o 314 e cabe-lhe o mesmo título de Todo-Poderoso, isto é, SHADAI, por ser o mais próximo da Divindade, como o próprio nome grego Metathronon o diz: “junto ao Trono”.  

             METRATON é quem dá a luz da visão da MERKABAH, “Carro de Ouro, Solar”, ou Trono da Glória à alma do homem iluminado, o de consciência expandida até ao Plano do Espírito Puro (ÁTMICO), onde toma acesso às Revelações ou Ciência Divina do Logos para o momento cíclico em que está. A tal Sabedoria Secreta os cabalistas judeus retratam os seus cânones ou aspectos magisteriais e doutrinais sob a forma simbólica de “Medidas do Corpo de Deus” (SHIUR KOMA). 

             Afastado o Véu de SHOMA (o do Éter Universal ou Akasha Superior, ou Além-Akasha) que esconde o TRONO DE DEUS, finalmente o Iluminado pode contemplar face a Face a própria Divindade que lhe revelará os Mistérios do Universo, dos Deuses, da Terra, do Homem e de todas as criaturas viventes, assim igualmente passando a saber a história verdadeira de todos os Santos e Sábios (Adeptos Perfeitos de todos os Graus), e como tudo isso irá nortear a sua vida futura. 

             A tradição mística da MERKABAH acabou dando azo à aparição do Messianismo, tão caro à religião judaica, mormente nesta parte da Península Ibérica através dos solares Sefarditas, opostos dos askenazis lunares, estes de Jehovah, aqueles de Adonai. 

             Um ponto de diferenciação da mística da MERKABAH e da ciência da KABALLAH, encontra-se na concepção da Criação. A MERKABAH não se preocupa com a explicação metafísica, apenas se fixa na descrição do facto. A KABALLAH tem finalidades teóricas, para ela a metafísica é fundamental. Todavia, a encontrar alguma tentativa de explicação metafísica é sempre na MERKABAH, pois que esta é o “Veículo da Inteligência Superior”, ou seja, da “Ciência Iniciática mais elevada”… e profunda, por estar no próprio Logos no Centro da Terra, como Quarto dentre os Sete Luzeiros (Elohins,

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Ishvaras, Dhyan-Choans, enfim, Logos Planetários) das 7 Cadeias Planetárias (simbolicamente, “Rodas” do “Carro” ou Dinâmica da Evolução Celeste, Humana e Terrestre) que o Universo tem, e todos em volta do Oitavo Logos Solar. 

             A ver com tudo isso, diz a obra secreta reservada na Biblioteca do Mundo de Duat (a Cidade Luz, Azul, da Kaballah Sefardita), o LIVRO DA RODA: 

             «Três Rodas giram em torno da Quarta, que está na penumbra do Espaço. Elas, ao todo, são Sete. Quando a Roda da Vida parar diante do ponto em que ficou no Espaço, a Quinta Roda virá juntar-se ao Mistério, auxiliada pelas outras Duas. O Hálito continuará a soprar não mais Três ou Quatro mas Cinco, com as sombras das outras Duas.» 

             Que é dizer, quando a actual quarta Cadeia terminar o seu ciclo a quinta Cadeia iniciará o seu período, trazendo consigo o auxílio superior das restantes duas Cadeias de Mercúrio e de Júpiter. Hoje mesmo e nesse sentido, já a nossa Cadeia Terrestre igualmente recebe a influência superior da imediata Cadeia de Vénus, e por isto que este planeta é o alter-ego da Terra. 

             Assim, neste QUADRADO ou CARRÉ que é a TERRA ou a sua QUADRATURA manifestada com o seu LOGOS ao Centro (Sol Central, Salém ou Shamballah), só podia ser o “compasso quaternário” a marcar toda a Vida no Globo, dos seres ínfimos aos maiores. Estando o Divino Logos ao Centro, então se eleva da Terra ao Céu, ao Sol Espiritual (Surya, Helius ou Elion, donde derivaria Elias, também ele arrebatado ao Céu num “Carro de Fogo”, isto é, Iluminado na Sabedoria Divina passando a ter acesso pleno aos Mistérios Espirituais mais elevados) como uma Quinta Coisa figurada “piramidal” mas, em verdade, sendo o TUBO CÓSMICO (assinalado pelo eixo terrestre) prefigurado pelo METRATON, com o 2.º Trono em Cima e o 3.º Trono em Baixo, penetrando pelo Pólo Norte (FOHAT, Fogo Frio Eléctrico) e saindo pelo Pólo Sul (KUNDALINI, Fogo Quente Electromagnético) do Corpo do Homem Primordial da Terra, assim se desvelando as suas três principais medidas (SHIUR): Pólo Norte = Cabeça; Equador = Coração; Pólo Sul = Ventre. 

             A MERKABAH ou “Ciência Iniciática das Idades” em sua mobilidade cíclica animando o ITINERÁRIO DE IO, a Mónada Peregrina, é assim descrita com a maior clareza possível pelo Professor Henrique José de Souza (JHS) nas suas Cartas-Revelações de 7 e 8.07.1941, dando a confirmação que faltava à afirmativa EX OCCIDENS LUX: 

             «KABALLAH, KAB-ALLAH ou a “Voz de Allah”, etc. MERKABAH ou MER-KA-BAH, o Carro Alado, o Carro de Fogo, a “Voz de Mercúrio”, etc., etc. Carro, Carré ou Quadrado. A Merkabah na face da Terra é o nosso próprio Apta, a Obra. No meio da Terra, o Sistema Geográfico, ao mesmo Apta subordinado, e no debaixo, a terceira Merkabah ou Shamballah, cuja expressão externa é a 7.ª Cidade ou o Governo-geral Aghartino, em mão de Akdorge.» 

             Tudo isso está interligado, como uma só MERKABAH em essência e três na manifestação: Shamballah (1.ª Merkabah) projecta-se, por intermédio da 7.ª Cidade de Agharta, em Duat (2.ª Merkabah), onde está a Raiz do Tronco do Sistema Geográfico Internacional, por seu turno fixada e florescida sobre a Terra pela Obra de JHS (3.ª

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Merkabah), sim a expressão humana do Anjo da Palavra AKBEL, o Deus Mercúrio Intérprete da Voz de Deus. 

             Eis aí a Sabedoria da Arca ou Agharta (MERKABAH) para este Novo Ciclo, Novus Phalux ou o próprio PRAMANTHA, para que a Humanidade Eleita – por seus próprios méritos… – possa contemplar as “novas” Glórias reveladas do Criador, “assentado” (quadrado) no Centro do Globo Mundi (círculo), sim, Ele em seu TRONO DE DEUS. 

             Falando de MERKABAH contida na TEBAH ou ARCA DA ALIANÇA de Deus com o Homem, através da Assembleia dos Santos e Sábios assistentes de ISRAEL (os da “Realeza de Ísis”) que é símbolo da NOVA TERRA, como sejam os Kadosh ou “Consagrados” BHANTE-JAULS, “Irmãos de Pureza” constituintes da Confraria Branca, temos de imediato o simbolismo da Arca bíblica transposto para a actual orgânica ritualística dos Munindras (“Pequenos Sábios” ou Munis de Indra, por conseguinte, discípulos dos Bhante-Jauls) da Obra do Eterno, correlacionada à própria AGHARTA, como a maior de todas as Barcas, Arcas, etc.

Quem manifesta a MERKABAH na Terra? A SHEKINAH! Quem é SHEKINAH? O próprio ASPECTO FEMININO DA DIVINDADE! 

             É aqui que entra o Aspecto Actividade Universal do Logos Eterno no acto de Criação, que por sua função similar à da Mulher em gestação foi pelos antigos Iniciados ligado ao Aspecto Maternal de Deus, à MÃE DE DEUS assumida ESPÍRITO SANTO no acto de se mover sobre as “águas etéricas” do Além-Akasha antes da Criação, para logo “soprar” ou “alentar” a mesma como o Espírito de Deus portador do HÁLITO DIVINO (o que todo o Sacerdote da Ordem do Santo Graal repete ao soprar sobre o Fogo Sagrado), acto primordial, de génese universal que leva o nome hebreu MERACHA PHATH. 

             A doutrina oculta da Shekinah para os hebreus, ou Sakinah para os árabes, tem o seu principal ponto de referência no Antigo Testamento nas passagens onde se trata da

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instituição de um centro religioso e espiritual: a construção do Tabernáculo, a edificação dos Templos de Salomão e de Zorobabel. Tal centro, constituído em condições regularmente definidas, devia ser efectivamente o lugar da Manifestação Divina, da “Presença Real de Deus”, SHEKINAH, sempre representada como “Luz” (Domus Lucis, Portae Lucis, Portus Lux…). É curioso observar que a expressão “mais iluminado e mais regular” que a Maçonaria tem conservado, parece ser uma memória da antiga Ciência Sacerdotal que presidia à construção dos Templos, o que, de resto, não era exclusividade particular da Raça de Judah. Na SHEKINAH está a causa da Influência Espiritual presidindo a todas as modalidades de Iniciação e Iluminação. Ainda que a Igreja Cristã lhe chame Bênção, o sentido exacto é Influência Espiritual, como se traduz no termo hebraico original, berakoth, e no árabe barakah. 

             Mas é o Sepher-Ha-Zohar, obra do rabino ibérico Moisés de Leon (século XIII), quem aprofunda e explana mais a doutrina oculta da SHEKINAH. Toda ela se inscreve numa Fede de Amor em referência ao amor do Homem por Deus e ao sentimento recíproco da Divindade. Aí postula-se a identidade entre o temor de Deus e o amor mais puro, traduzido como fé. O Zohar, na descrição da longa viagem que a alma executa ao deixar o corpo, fala na assunção da mesma na sua peregrinação até ao “Palácio do Amor”, onde a alma deixa cair o último véu ao apresentar-se diante do seu Mestre, ou seja, atinge o derradeiro e supremo estado de Consciência Espiritual. Para Moisés de Leon, só houve um que enquanto vivo na Terra mostrou-se ligado à Presença Real de Deus, à SHEKINAH: o Patriarca Moisés. Deste, e unicamente deste, é dita a sentença: “Esteve unido intimamente com Shekinah”. Pela primeira vez, a união mística entre o mortal e o imortal foi representada em termos de casamento terreno. 

             É por isso que o mistério do sexo desempenha um papel importantíssimo na Kaballah. O mistério da existência humana, para a Kaballah, é um símbolo do amor entre o “EU” Divino e o “TU” Divino, o Santo… bendita seja a sua Shekinah! A união do Rei e da Rainha, do Esposo e da Esposa Celestes, para empregar apenas alguns símbolos, é o ponto crucial da cadeia de Manifestações Divinas desde o Mundo Oculto. Em Deus, há uma união entre o activo e o passivo, uma fecundação e uma concepção, da qual derivou a vida e a beatitude. 

             Em todas as correntes místicas encontra-se a imagem sexual para descrever o acto criador. Na Kaballah, encontra-se que o desenvolvimento das Sephiroths é o fruto da procriação mística na qual o primeiro Raio de Luz Divina é também a primeira Semente da Criação; o Raio promanado do Tudo-Nada, a Substância Absoluta, semeia o ventre fecundo da Mãe Celeste, ou seja, a Mente Divina, e do seu Seio surgem as Sephiroths. É por isto que o sinal sagrado da circuncisão é uma prova para o cabalista judeu de que as forças vitais estão plenamente activas. 

             Com efeito, do ponto de vista sexual a doutrina kabalista é ideal. A mística não judia, que glorificava o ascetismo, acabava por transplantar o erotismo entre as uniões do Homem com Deus. A Kaballah, por outro lado, procurou descobrir em Deus, Nele mesmo, o mistério do sexo, e finalmente rejeitou o ascetismo indo conceber o casamento não como uma concessão à fragilidade da carne, mas como um dos mistérios mais sagrados. 

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             O papel da Shekinah, tão largamente discutido, interpretado ocultamente é fácil de se compreender: Shekinah é o Aspecto Feminino da Divindade. Na doutrina hindu, mormente no Shaktismo, encontra-se que cada deus apresenta a sua contraparte ou shakti. Shakti e Shekinah se confundem, se identificam. A União de Deus e Shekinah constitui a verdadeira Unidade Divina (YIHUD, em hebreu), que se acha além da multiplicidade dos diversos aspectos manifestados no Mundo das Formas. 

             A mística mais elevada do Sepher-Ha-Zohar é a de DEVEKUTH. Por esta entende-se a União do Homem com Deus, a adesão entre o Divino e o Humano. Esta união traduz-se em valor social, pois o verdadeiro Devekuth deve ser realizado no seio da comunidade (alfama ou aljama). Todos os outros valores éticos da Kaballah – amor de Deus, temor de Deus, pureza de pensamento, castidade, caridade, estudo da Torah, penitência e oração – derivam de Devekuth. A Kaballah prega a Pobreza espiritual, no sentido de desposse do mundo profano, pois é Shekinah é pobre, nada tem de seu, e o que tem veio a receber dos Sephiroths. 

             A psicologia do Zohar apresenta ainda o Homem dotado de uma Alma Tríplice e que, quando Deus organizou o Mundo, chamou as almas e deu-lhes uma missão: animar os corpos ou os moldes (KUF) e buscar a Perfeição, e como esta geralmente não se conquista numa vida só, logo tal psicologia esotérica é acompanhada da doutrina da reencarnação ou renascimento sucessivo das almas, a que chama GILGUL. 

             A SHEKINAH apresenta-se sob múltiplos aspectos, dos quais dois são os principais: o interno e o externo, assinalados tão claramente quanto possível na tradição cristã pelas frases Gloria in excelsis Deo e in terra Pax hominis bonae voluntatis. A palavra GLÓRIA refere-se ao aspecto interno em relação ao Princípio Espiritual, ao ESPÍRITO DIVINO promanando, através dos 7 Anjos Diante do Trono (MALAKIM), os 7 Influxos ou Raios Espirituais no aspecto externo ou Mundo manifestado pela mesma SHEKINAH, cabendo-lhe a palavra PAX. 

             Pax et Gloria são os atributos da SHEKINAH como Terceiro Trono manifestado e manifestando ao Eterno representado em cima por METRATON, no Plano do Segundo Trono, logo só por Aquela o PAI e o FILHO se tornam possíveis de idealizar e alcançar pelas criaturas humanas da Terra. 

             A SHEKINAH contém-se, pois, na tríplice fórmula de LUX – GLORIA – PAX, Divina, Celeste e Humana, e para a sua pré-anunciação a iconologia judaico-cristã destinou-lhe o símbolo alvo da POMBA que, expressando ao ESPÍRITO DIVINO DE SANTIDADE, traz consigo a Boa-Nova do PAI na forma avatárica do MESSIAH, do FILHO Encarnado que a Excelsa MÃE dá à Luz do Mundo, para Glória das Almas e Paz dos Povos.

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No simbolismo tradicional, a Luz da Shekinah, que é Kundalini, representa-se pela amendoeira florida, expressando a Pureza e a Virtude, enquanto a sua antítese é a figueira seca, exprimindo a Heresia e o Pecado. Sobre isto, ouvi há poucos dias, num programa radiofónico, certo autor português atribuir de maneira fantástica, muito imprecisa, o símbolo do figo à Primeira Pessoa da Santíssima Trindade, ao Pai que se manifesta misteriosa e subitamente tal qual a figueira que dá os frutos sem derem anunciados pela flor. Algo tenho a dizer sobre o assunto, pois na leitura simbológica de uma única peça não costuma haver espaço para duas interpretações distintas… a não ser que se queira tombar na impuberdade psíquica das “fantasias e falas poéticas”, como alguns, acaso muito líteros mas por certo completamente profanos, logo à margem dos Mistérios Sagrados desta Obra Divina, invés de atribuírem a si mesmos tais epítetos desgraciosos preferem propagá-los e atribuí-los à minha pessoa, o que não me incomoda minimamente, sabendo-os partidos da mortal inveja maledicente. 

             Ao contrário do que se diz a figueira dá flor, sim senhor, pois que nos finais de Julho as figueiras apresentam um bolbo que floresce e logo se contrai para daí nascer o figo. Ao suco leitoso, látex, desse bolbo costuma-se chamar-lhe “leite”, que se mantém na protuberância superior do fruto mas já adocicado, chamando-se então “mel”. Por volta dos finais de Setembro as figueiras já estão secas, tal qual os frutos, e então costumava-se

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varejá-las para recolher os figos secos que, recheados com amêndoas, são especialidade da doçaria algarvia. Foi assim que fiz e vi durante os anos da minha infância e parte da adolescência nos campos do Algarve, junto aos familiares da minha mãe adoptiva.  

             A figueira chama-se em árabe kurma, termo associado ao hindustânico karma. O seu simbolismo apresenta dois aspectos distintos: como figueira viçosa representa a Ciência Espiritual, tanto Iniciática como Religiosa, consequentemente, a Abundância do Saber da Fé, e foi à sombra da ficus religiosa, a Árvore Bodhi do Budismo, que o Príncipe Sidarta Gautama Sakia Muni alcançou a Consciência Iluminada de Budha. Como figueira seca representa a heresia e a negação do Pai, e é assim que aparece no Novo Testamento com Jesus Cristo amaldiçoando a figueira (Mateus, 21:19; Marcos, 2:12 s.). Foi numa figueira seca que Judas se enforcou após ter traído o seu Mestre. Deve-se notar que Jesus dirige-se à figueira como símbolo da Ciência Espiritual que representa, mas que apresentando-se seca equivalia à sua corrupção moral e intelectual pela perversão de alguns. Por isso Ele disse a Natanael: “Eu te vi, quando estavas sob a figueira” (João, I, 48-49). Natanael era um intelectual ainda não alheado do jugo imoral do pecado; faltava-lhe provar o suco meloso da figueira que ao início apresenta-se como látex leitoso, que é dizer, faltava-lhe deixar de ser simbólico para se assumir verdadeiro Iniciado na Ciência Sacerdotal. 

             A ver com a Pureza da Shekinah, a Sabedoria da Merkabah e o Poder do Metraton está a Montanha Sagrada de SINTRA, ela mesma a MERKABAH sobre a Terra para todo o continente europeu, por ser Arca da Sabedoria Iniciática das Idades em posse de dois legados humanos, um interiorizado e outro exteriorizado: a Soberana Ordem de MARIZ alumiada pela Santidade da SHEKINAH manifesta sobre o Altar central do Templo Maior no escrínio de SINTRA, e a Augusta Ordem do SANTO GRAAL que sobre SINTRA recebe a LUZ daquela. 

             Se os BHANTE-JAULS interiorizados são os verdadeiros KADOSH ou “Consagrados” Sacerdotes do Altíssimo, também os MUNINDRAS exteriorizados aparentam-se ao mesmo Sacerdócio de Melkitsedek, e é assim que estão organizados em duas alas principais, uma operativa e outra defensiva, como sejam, TEMPLÁRIOS e TRIBUTÁRIOS. 

             Os Templários estão para a SHEKINAH (representada pela Pomba branca do Espírito Santo) enquanto os Tributários estão para o METRATON (representado pela Espada da Lei); ambos juntos, sob o mando do 6.º Senhor AKBEL e do 5.º Senhor ARABEL, respectivamente, dentro e fora do Sanctum-Sanctorum onde está a TEBAH ou Arca da Aliança do Eterno com o Homem (o que se representa igualmente na Taça do Santo Graal). 

             ESPADA E TAÇA vem a ser, na antiga hagiografia kabalística, o símbolo dos KADOSH, mas para a TEURGIA estando a ESPADA para os 777 Assuras (Tributários e Instrutores) e a TAÇA para os 111 Makaras (Templários e Sacerdotes), ao todo, 888 Munindras como Corte de AKBEL ao serviço de ARABEL, como Obreiros do Eterno no crisol da Evolução do Espírito na Matéria e da Matéria no Espírito. 

             A ESPADA, expressando a LEX, é o Cruzeiro Celeste empunhado pelas mãos vigorosas do Cavaleiro Andante semeador da Palavra do Novo Ciclo de Evolução Universal, manejando com destreza o TETRAGRAMATON que essa alfaia expressa, assim

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expressando aos Quatro Anjos Coroados da Terra (DEVAS-LIPIKAS) como projecções deíficas dos Quatro Arcanjos Soberanos do Céu (MAHA-RAJAS):

Espada encravada no topo da Serra qual novel Excalibur ou Caliburna configurando o símbolo astrológico da própria Terra em que Marte se encerrou, qual “Prometeu no Cáucaso” mas já hoje “liberto por seu Irmão Epimeteu”, pode-se enquadrá-la no simbolismo da CRUZ ALTA, finalmente reposta, iniciativa mais que feliz, indispensável, no ponto mais alto da alcantilada SINTRA (530 metros de altura).  

             Esta Cruz, cuja original se deve ao rei D. Fernando II de Saxe Coburgo-Gotha, havia sido destruída há alguns anos por um raio que a trespassou, despedaçando como IRA DE DEUS ao ver a MAGIA NEGRA mais nauseabunda ser praticada aos pés do Cruzeiro, e por toda a Montanha Sagrada, o que, felizmente, já cessou… O conjunto da CRUZ ALTA tem 3,5 m de altura, 1,5 m de largura e pesa cerca de 1700 kg.  

             Sendo a CRUZ ALTA o PICO DO GRAAL ela é assim a figuração da Pátena da Taça Sagrada que gnoseologicamente é toda a Serra, e igualmente como que o Zimbório do Templo Interno do Cristo Universal plantado no seio deste Monte Santo. 

             Devo também chamar a atenção para que a redução teosófica dos valores da altitude da Serra e da altura da Cruz e o seu peso, vem a dar o mais que significativo número 8, assinalando o 8.º Sistema de Evolução Universal que nesta Lusitana Terra desde

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há muito se vem construindo através da preclara Corte de 888 Munindras em suas vidas sucessivas pelo ITINERÁRIO DE IO até aqui chegarem, vindos do Oriente ao Ocidente no rumo certo do Extremo Ocidente. 

             Nesse sentido, fazendo ainda recurso do kabalismo gnoseológico sintriano, tem-se esta Serra como a mais ocidental da Europa e assim mesmo o seu Cabo da Roca (140 m acima do nível do mar), cujas latitude e longitude podem ser associadas – por via da Lei dos Arquétipos que estão no Plano Mental Superior, sendo o dos ASSURAS Primordiais, justificando a prerrogativa do “Tudo estar no Todo”, e vice-versa – aos simbolismos da ESPADA e da TAÇA da forma seguinte:

Da união dos dois Triângulos de Manifestação (Escola – Teatro – Templo) e de Realização (Transformação – Superação – Metástase) resulta o Hexalfa ou EXAGONON, como “oitava maior” do próprio TEGRAGRAMATON, assinalado pela Estrela Flamejante a cujas pontas, tramos ou raios se acresce uma sexta como coisa nova. Eis aqui o novo

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Movimento da MERKABAH (a Obra do Eterno) iluminada pela vida da SHEKINAH (o próprio Eterno como Mãe Soberana na forma alada de ESPÍRITO SANTO). 

             É assim que a Ala Feminina da ORDEM DO SANTO GRAAL se chama de FILHAS DE ALLAMIRAH, que ao nível humano vêm a encarnar a própria SHEKINAH, enquanto eles a MERKABAH e todos sob a chancela omnipotente do METRATON (MIKAEL em AKBEL como CRISTO UNIVERSAL). 

             É assim que a Ordem do Santo Graal e, consequentemente, a sua Guarda, foram criadas para manter a Taça das Taças, a Mente sempre vivente, Fonte de Luz e Sabedoria, enfim, para servir aos dois Seres, aos dois Deva-Pis ou Gémeos Espirituais em seus vários patamares de existência, seja como AKBEL-ALLAMIRAH, seja como CRISTO-MARIA, seja ainda como HENRIQUE-HELENA… 

             A Taça Sagrada é uma expressão cósmica, refere-se à Taça Divina do Segundo Trono, pelo que é o Viático da Consciência de Deus para os Planos da Matéria. Como expressão do Segundo Trono necessita, para a sua manifestação, dos aspectos polares masculino e feminino. Assim, simbolicamente Ela é expressa pelas Filhas de Allamirah, enquanto a Pomba do Espírito Santo representa os Irmãos do Santo Graal. 

             TAÇA e a ESPADA são representações da Autoridade Espiritual e do Poder Temporal cujas animações são PURUSHA e PRAKRITI, Espírito e Matéria, nas pessoas do Sacerdote (Brahmane) e do Cavaleiro (Kshatriya). A Taça (ou Cálice) expressa efectivamente a Autoridade Espiritual, a Redenção da Humanidade. A Espada (ou Lança) representa legitimamente o Poder Temporal, a luta, o caminho para se encontrar com a Espiritualidade expressa na Taça. Desta forma, vê-se que o poder material deve ser utilizado exclusivamente como ferramenta, como meio para se chegar ao espiritual, pois é na vivência dos problemas do dia-a-dia, encarados de forma objectiva mas com noção espiritual, que cada um pode desenvolver os seus Princípios Superiores. Quem está e encara a vida pelos limites estreitos do egoísmo e materialismo, não pode perceber o sublime que está expresso no simples, e logo propende sempre para a agonia da rotina. Trabalha, trabalha e nada realiza… O trabalho realizador é aquele que engloba dois factores: a produção material, gerando bens e serviços que favoreçam a vida ao mesmo tempo que possibilite o aperfeiçoamento do Ser, conduzindo-o à Paz Interior e à Glória do seu Deus Interno. 

             Bem se ajustando à acção profícua dos Obreiros do Eterno no Quinto Posto Representativo de SINTRA, KALA-SIsh*tA, iluminado pela SHEKINAH e onde a MERKABAH aportou, tem-se o texto de Merkabah na Canção de Massada para o “Holocausto de Sábado” (4Q405 23 ii): 

             «Nos seus maravilhosos Postos estão Espíritos, multicoloridos como a Obra de um Tecelão (Supremo Arquitecto), esplêndidas figuras gravadas (entronizadas). No meio de uma gloriosa aparição de escarlate (púrpura), cor de Santíssima Luz Espiritual, eles agarram-se (mantêm-se) aos seus Postos Santos ante o Rei (Melkitsedek), Espíritos de cores puras no meio de uma aparição de brancura. A semelhança com o Espírito Glorioso é como uma obra de arte de resplandecente ouro fino. Todos os seus padrões estão claramente misturados (unificados harmonicamente, donde o “Um por Todos e Todos por Um” – At Niat Niatat) como a obra de arte de um tecelão. Estes são os Príncipes daqueles

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maravilhosamente vestidos (preparados mental e moralmente) para o serviço, os Príncipes do Reino, o Reino dos Santos do Rei de Santidade em todas as alturas dos Santuários do Seu glorioso Reino (Agharta). Os Príncipes encarregues das oferendas (tributos espirituais e materiais) têm línguas de conhecimento (detêm a Sabedoria Iniciática), e bendizem (cultuam) o Deus do Conhecimento em todas as Suas gloriosas obras.» 

             Resta dizer 

YAMPADAX – LADACK – KAB-ALLAH!BIJAM

      OBRAS CONSULTADAS António Castaño Ferreira, Egipto – Grécia – Bíblia. Aulas reservadas do Autor cerca de 1950. Edição privada da Sociedade Teosófica Brasileira. Geza Vermes, Manuscritos do Mar Morto. Ésquilo edições e multimédia, lda, 1.ª edição Julho 2006, Lisboa. Helena P. Blavatsky, Glossário Teosófico. Editora Ground ltda, São Paulo. René Guénon, O Rei do Mundo. Editorial Minerva, Lisboa, 1978. Vitor Manuel Adrião e Luís A. W. Salvi, Diálogos Agarthinos – III. Edições Agartha, 1.ª edição 2008, Alto Paraíso de Goiás. 

Merkabah é uma tradição mística da cabala que retrata o Merkabah ou Trono ou Carro de Deus, que podia subir ou descer através de diferentes câmaras ou palácios celestiais conhecidos como Hekhalot - o último deles revelava a divina Glória de Deus. Durante o período do Segundo Templo, a Visão de Ezequiel foi interpretada com um vôo místico para o céu, e os místicos cabalistas desnvolveram uma técnica para usar o símbolo do Merkabah como ponto focal da meditação. O místico faria uma viagem interior para os sete palácios e usaria os nomes mágicos secretos para garantir uma passagem segura por cada um deles. Até bem recentemente, esses procedimentos e fórmulas místicas só eram conhecidos pelos estudiosos da Cabala. Contudo, os textos relevantes do Hekhalot Maior - o principal trabalho dos místicos do Merkabah - foram publicados em inglês no importante livro intitulado "Meditation and Kabbalah" (1982), da autoria de Aryeh Kaplan.

O Zohar (em hebraico זהר, "esplendor") é considerado como um dos trabalhos mais importantes da Cabalá, no misticismo judaico.

Trata-se de comentários místicos sobre a Torá (os cinco livros de Moisés) escrito em aramaico e hebraico medieval. Contém uma discussão mística sobre a natureza de Deus e

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considerações sobre a origem e estrutura do universo, a natureza das almas, pecado, redenção, o bem e o mal, e diversos temas relacionados.

O Zohar não é um livro, mas um grupo de livros. Estes livros incluem interpretações bíblicas assim como matérias sobre teologia, teosofia, cosmogonia mística, psicologia mística, e também o que alguns poderiam chamar de antropologia.

Origem

De acordo com o historiador religioso do século XX, Scholem de Gershom, a maior parte do Zohar foi escrito num estilo excêntrico e exaltado de aramaico, uma língua que foi falada em Israel durante o período romano, nos primeiros séculos da Era atual. O Zohar teria aparecido primeiro na Espanha, no século XIII, e foi publicado por um escritor Judeu chamado Moses de Leon.[1]

Scholem, baseado em contos contemporâneos de De Leon e em evidência com os textos do Zohar (sintaxes do idioma espanhol por exemplo) concluiu que De Leon seria o autor original das traduções.

De Leon atribuiu este trabalho a um rabino do segundo século, Shimon bar Yochai, uma lenda judaica durante o tempo da perseguição romana. O Rabino Shimon teria se escondido em uma caverna por 13 anos, estudando a Torá com seu filho, Eleazar [2]. Ele diz que durante este tempo foi inspirado por Deus para escrever o Zohar, permanecendo oculto durante muitos séculos e,somente no Século Treze foi publicado e disseminado por Moshe de Leon .

A suspeita de que o Zohar teria sido encontrado por uma pessoa - Moses de Leon - onde faz referências a acontecimentos do período pós-Talmúdico, foi a causa inicial sobre o questionamento da autenticidade deste trabalho. Uma história conta que após a morte de Moses de Leon, um homem rico de Avila chamado Joseph ofereceu a viúva de Moses (que após o falecimento do marido não tinha nenhuma forma de sustento) uma grande soma de dinheiro pelo original que seu marido havia feito uma cópia.

Na época confessou que seu marido seria o autor do trabalho. Ela disse que várias vezes havia perguntado o por que dele creditar os próprios ensinamentos a outro, e ele sempre respondia que as doutrinas de Shimon bar Yochai colocadas publicamente poderiam ser um trabalho milagroso, e também uma rica fonte de lucro. A história indica que pouco depois das primeiras publicações do trabalho os créditos foram dirigidos como se Moses de Leon os tivesse escrito.

Sefer Yetzirah (ספר יצירה) é um texto antigo pertencente ao corpus da cabala judaica. O Livro Yetzirah é um dos remanescentes dos livros secretos hebraicos, um dos mais antigos e está ligado a literatura dos santuários e da carroagem, é uma das colunas secretas sobre a qual se baseia a kabbalah.

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O tempo da escrita não é conhecido, segundo a tradição ele teria sido obra de Abraão, mas outros dizem que foi escrito no quarto século da era cristã e o provavelmente teria sido escrito entre o século II e o século VI da era cristã.

O escritor declara ter descoberto o ato da criação de forma secreta e por isso, mesmo com as muitas contradições

entre a teoria da criação prescrita na bíblia em relação as que foram escritas por ele, ele teme, pois revela muitas coisas secretas na Torah.

O texto inicia com as palavras "Em trinta e três caminhos maravilhosos da sabedoria legislou YAH YHWH dos

Exércitos, o Deus de Israel, o Deus vivo e Rei do Universo, Deus Misericordioso e Gracioso que se assenta para sempre, Santo é o seu nome e o seu universo."

32 caminhos, 10 números e 22 letras(alef beith)

O Autor declara que através destas contagens criou Deus o Universo e quando Abraão descobriu este segredo, compreendeu o segredo da fé.

Porque Abraão nosso pai viu sobre ele a paz, viu e investigou e legislou, esculpiu, gravou acrescentou e criou com subindo as suas mãos, foi-lhe descoberto ao Senhor de Tudo que o assentou em seu interior, o abraçou e beijou sua cabeça, chamou-o Seu Amado e o chamou pelo nome e fez com ele um pacto para ele e sua descendência para sempre e como foi dito, e creu no Senhor e isto lhe foi imputado como justiça.

O homem é um microcósmico, por isso em seu corpo pode-se entender a obra da criação. Assim como ao homem, no universo é um centro de onde emana em dez direções.

O autor do livro declara somente 3 princípios, uma "chama de fogo, água e vento", ele não acrescentou o pó que segundo ele teria sido criado em sua opnião da água e do ar(vento).

Apesar das formas de contagem do autor serem bem variadas, não é muita clara a sua intenção em nenhuma delas. A única coisa que se consegue determinar é que o autor tentou demonstra a metodologia pela qual Deus teria criado o universo, segundo o declarado, que o mundo teria sido criado pelas palavras proclamadas por Deus.

Este livro foi de grande influência os rabinos considerados da era medieval na região de Provença.

Apesar de sua influência, é necessário declarar que este livro não é uma cerimonia cabalística, as contagens que são descritas na kabbalah são um conjunto de características que formam a divindade, estas não são as contagens existentes neste livro, neste livro trata-se somente de números principalmente porque textos que foram escritos anteriores ao século XII não pertencem a literatura da Kabbalah aceita nos dias de hoje.

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5 Coisas que você deve saber sobre o Zohar

1) O que é o Zohar? 

O Zohar é uma coleção de comentários sobre a Torah, com o propósito de guiar aquelas pessoas que já alcançaram níveis espirituais elevados desde a raíz (ou origem) de suas respectivas almas.

O Zohar compreende todos os estados espírituais que experimentam as pessoas à medida que suas respectivas almas evoluem. No final do processo, as almas alcançam aquilo que os Cabalistas chamam de “o final da correção”, o mais alto nível espiritual.

Para aqueles que não alcançaram nenhum nível espiritual, o Zohar pode parecer apenas uma compilação de alegorias e lendas que podem ser interpretadas e percebidas distintamente por cada individuo. Mas para aqueles que já alcançaram níveis espírituais, ou seja Cabalistas, o Zohar é um guia prático para levar a cabo as ações internas com o propósito de descobrir estados de percepção e de sensação mais profundos e elevados.

 

2) Para quem é o Zohar? 

Quando perguntaram ao Rav Kook- o grande Cabalista do século 20 e o mais importante Rabino de Israel – quem poderia estudar Cabala, sua resposta foi inequívoca: "Qualquer um que queira". Nos últimos cem anos, todos os Cabalistas, sem exceção, e em muitas ocasiões, deixaram claro que hoje a Cabala está disponível para todos. Disseram também que ela é a ferramenta necessária para resolver a crise global que previam viria a acontecer e que hoje estamos enfrentando.

De acordo com todos os Cabalistas, os dias em que a Cabala era um segredo acabaram. A sabedoria da Cabala manteve-se oculta no passado porque os Cabalistas temiam que ela fosse mal aplicada e mal entendida. E realmente o pouco que escapou gerou muitos mal-entendidos. Porque os Cabalistas dizem que a nossa geração está pronta para entender o real significado da Cabala, e para acabar com os mal-entendidos, esta ciência está agora sendo revelada para todos que desejam aprender.

 

3) Quem escreveu o Zohar e quando? 

De acordo com todos os Cabalistas e de acordo com o início do livro, o Zohar foi escrito pelo Rabino Shimón Bar Yochai(Rashbi), que viveu nos séculos II e III da nossa era. Existem algumas opiniões nos círculos acadêmicos que afirmam que o Zohar foi escrito no

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século XI pelo cabalista Rabino Moises de Léon. Esta opinião foi negada pelo próprio Rabino Moises de Léon, que afirmou que o livro foi escrito pelo Rashbi.

Para o enfoque Cabalístico, é muito mais importante o que é o Zohar do que quem o escreveu. O propósito do Zohar é ser um guia para as pessoas alcançarem a origem das suas almas.

Este caminho até a origem da alma de cada um consiste em 125 etapas. Rabino Yehuda Ashlag escreve que um Cabalista que passa por todas estas etapas e que compartilhe a mesma percepção espiritual que o autor do livro, vê claramente que o autor não poderia ser outro a não ser o Rashbi.

  

4) Por que o estudo do Zohar esteve oculto por tanto tempo? 

O Zohar foi mantido oculto por 900 anos, entre o século II e o século XI da nossa era, devido a que os que possíam sua sabedoria compreendiam que naqueles tempos as pessoas não o necessitavam e por isso interpretariam incorretamente o seu conteúdo. No século XVI apareceu um Cabalista que explicou os fundamentos da Cabala. Este Cabalista foi o Santo Ari, o Rabino Isaac Luria (1534 – 1572). O Ari afirmava que deste momento em diante a sabedoria da Cabala estava preparada para ser revelada para todo o mundo.

Os comentários sobre os trabalhos de Ari e do Zohar apareceram apenas no século XX, no século onde se vê mais nìtidamente a explosão da história dos desejos humanos. Durante este período apareceu uma alma única, a do Rabino Yehuda Ashlag (Baal HaSulam). Baal HaSulam, Cabalista do século XX, escreveu comentários sobre o Zohar e os trabalhos do Ari.

Isto não significa que não houve grandes Cabalistas antes dele, simplesmente os trabalhos deles não são fácilmente compreendidos pelos estudantes contemporâneos. A popularidade atual e a grande demanda pela Cabala confirmam o desejo da nossa geração em absorver sua mensagem universal e compreender os textos autênticos que falam sobre a raíz de nossas vidas e como alcançá-la.

 

5) Onde posso encontrar mais informações a respeito do Zohar? 

Atualmente o Zohar não pode ser compreendido e assimilado diretamente, uma vez que requer conceitos iniciais de espiritualidade, antes que uma pessoa se dedique ao livro. O maior de todos os Cabalistas de nossos tempos Rabbi Yehuda Ashlad (Baal HaSulam),

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escreveu introduções ao Zohar precisamente para nos guiar no enfoque deste livro tão profundo, antes de começá-lo a estudar diretamente.

Estes artigos cultivam as qualidades espirituais de uma pessoa para perceber a realidade Superior. Além do mais, estes textos nos trazem conhecimento de como interpretar termos, frase e conceitos do Zohar, para maximizar seu uso como um guia para o crescimento espiritual, evitando perder-se em representações materializadas que a mente humana está sempre inclinada a formar.

O Bnei Baruch fornece não somente estas introduções mas também aulas grátis sobre as mesmas, assim como artigos mais curtos que descrevem conceitos do Zohar e como preparar-se para o encontro com estes conceitos.

Descobir o Zohar significa descobrir o nosso mundo interior e nosso potencial ilimitado. Bnei Baruch deseja a todos êxito no seu avanço espiritual.

Arvore da Vida

A Árvore da Vida

A Árvore da Vida é o glifo fundamental da Tradição Ocultista Ocidental e foi utilizada para meditação e trabalho oculto prático durante inúmeros anos. Muitos dos seus símbolos são arquetípicos, o que significa que têm sentido profundo para os homens de todas as raças e credos. Eles encarnam experiências humanas fundamentais como "masculinidade", "feminilidade", "maternidade", etc.

Centenas de estudiosos do ocultismo foram criados neste ocultismo e instruídos no seu uso prático, começam a viver, agir e a pensar dentro deste sistema. Trabalhamos com ele todos os dias, meditando sobre ele e interpretando a vida do ponto de vista da sua estrutura. Isso traz ordem à vida interior; os sonhos e o "psiquismo" aparecerão em função do simbolismo da Árvore e, ao alcançarmos o estágio adequado de preparação, o trabalho ritual se baseará nele.

Para que a Cabala se torne parte da nossa vida, seu uso deve ser completamente automático, se quisermos alcançar o seu pleno proveito. Por isso, é uma excelente idéia tomar notas e traçar diagramas em todas as oportunidade. Desse modo, o sistema se torna parte do nosso mundo interior.

A maioria dos estudiosos modernos não está muito interessada em pesquisa acadêmica por si mesma; quer algo que possa ser utilizado hoje. A Qabalah é um sistema vivo e se desenvolve com o uso, evoluindo, como devem evoluir todos sistemas de conhecimento destinados a sobreviver. Os elementos cabalísticos são frequentemente classificados dentro de quatro títulos:

1) Cabala prática, que trata da magia cerimonial;

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2) Cabala dogmática, que compreende a literatura e o sistema;

3) Cabala literal, que trata das letras e dos seus valores numéricos;

4) Cabala oral, que se ocupa com a atribuição dos símbolos às esferas da Árvore da Vida.

Os Triângulos na Árvore

Otz Chiim, a Árvore da Vida, é, na verdade, a Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal.

Ela é composta de dez círculos ou esferas chamadas Sefirats, que significa "emanações". A forma singular de sephiroth é sefirat. Estas Sefirats são dispostas em três triângulos ficando o décimo círculo isolado embaixo, conforme é mostrado pela figura de abertura desta página.

Os triângulos são ligados entre si por vinte e duas linhas ou caminhos. Observando a figura central da ilustração desta página, você poderá perceber. Os círculos representam estágios no desenvolvimento das coisas - em especial a evolução do universo e da alma. Os círculos são numerados de 1 a 10 de acordo com a linha em ziguezague chamada raio, que às vezes é ligada ao diagrama da Árvore.

Se você quiser perguntar porque as esferas da Árvore não podem simplesmente ser dispostas em linha como uma série de contas, a razão é que a Árvore representa um conjunto de relações, não apenas uma sequência de eventos.

Os Pilares

As dez esferas da Árvore podem ser consideradas como três linhas verticais ou pilares. Tal disposição apresenta os tr6es grandes princípios complementares de atividade, passividade e equilíbrio. Os pilares laterais representam sempre os complementares, enquanto o do meio retrata o estado de equilíbrio entre eles.

O simbolismo do pilar, como todas as relações na Árvore, pode ser aplicado igualmente à humanidade ou ao universo. A significação das forças complementares da Árvore se tornará clara à medida em que aprofunda o seu estudo. É apresentado um círculo

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pontilhado entre os círculos um e seis; ele representa uma "sephirah invisível", chamada Daath.

Para locarlizar melhor os circulos, comece numerando do alto e no centro, como circulo 1. O circulo da direita é o 2, da esquerda 3, próximo à direita 4, esquerda 5, centro 6, direita 7, esquerda 8, centro 9, centro 10. Na tradição cabalística, os pilares muitas vezes eram chamados de SEVERIDADE (Ativo), Compaixão (passivo) e Mansidão (equilíbrio).

As Letras Hebraicas

Dizem que um professor de hebraico numa universidade inglesa iniciou sua preleção com as palavras:- Senhoras e Senhores, esta é a língua que Deus falava. Talvez isto estivesse sendo um pouco exclusivista, mas tinha boa razão para isso. Uma considerável parte das sagradas escrituras da cultura ocidental foi indiscutivelmente escrita nessa língua antiga.

Há vinte e duas letras do alfabeto hebraico. São todas consoantes. Os sons vogais, ou pontos, foram acrescentados posteriormente. Diz a lenda que, durante a Criação, Deus fez desfilar diante de si as vinte e duas letras e "viu que eram boas". Recebida a aprovação divina, as letras foram consideradas sagradas, cada uma representando uma idéia e um som.

A forma atual das letras é semelhante aos objetos que originalmente se supunha que representassem. Desse modo, Shin, a vigésima primeira letra, representa o dente da serpente, enquanto Kaph, a décima primeira, uma palmeira. A esta altura você deve estar se perguntando se precisará aprender o hebraico antes de compreender a Árvore e utilizá-la.

A resposta é um simples NÃO. A Árvore é um sistema universal de relações. Pode ser expressa em qualquer língua e época.

Porque estamos fazendo digressões sobre o hebraico?

Antes de tudo porque as idéias cabalísticas foram originalmente expressas em hebraico e muitas obras subseqüentes, como os elementos da "Aurora Dourada", basearam grande parte de suas teorias e práticas nas letras e seus significados.

Em segundo, porque centenas de estudiosos do ocultismo, meditando e trabalhando sobre elas no ritual, tornaram o hebraico uma espécie de centro do inconsciente da Tradição Ocultista Ocidental. O moderno ocultista, assim diz a teoria, pode, através da reflexão sobre as letras, sintonizar esse conjunto de idéias e experiências.

Há vinte e duas letras, todas consoantes. O hebraico não tem nenhum sinal para os números, de modo que se dá a cada letra um valor numérico.

Os antigos rabinos usavam essa característica, desenvolvendo uma forma de numerologia chamada gematria. Se os valores das letras isoladas que compõem uma palavra são totalizados, a soma obtida pode ser comparada aos resultados ajustados a outras palavras. Todas as palavras com um total comum são consideradas como tendo uma afinidade especial.

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Os cabalistas dividem as letras em três grupos: letras-mãe, letras duplas e letras simples. Há três letras-mãe, sete duplas e doze simples.

A Árvore e suas Forças

A Qabalah é chamada de Árvore da Vida porque é representada por Dez Esferas interligadas, cada qual representando um Princípio-Regente. Essas esferas-princípios são chamadas de Sefirats.

A Árvore da Vida é um diagrama que representa todas as forças e fatores atuantes no universo e na humanidade. Não existe nenhuma característica, influência ou energia que não seja suscetível de representação na Árvore. O começo, o fim e os caminhos intermediários, todos são representados. Pode-se assim ver o passado, o presente o o futuro nas Dez sefirats e nos vinte e dois caminhos que as ligam.

Somos, naturalmente, construtores de formas. Todo o nosso passado foi consumido numa luta corpo a corpo com a forma, pois mesmo os reinos etéricos do plano mental são túrgidos e restritivos para o espírito. Não é de surpreender, portanto, que a personalidade - ela própria uma complexa forma mental e emocional - veja forças abstratas em símbolos concretos.

Deus fez o homem à Sua imagem e semelhança e fazemos o mesmo com o nosso universo interior - nossa percepção das forças abstratas é personalizada ou formalizada de acordo com o nível da nossa compreensão do momento. Os Titãs, os deuses olímpicos e os deuses com cabeça de animais do Egito são formas feitas pelo homem.

Os arcanjos, os anjos, serafins e querubins, os elementais e as fadas do folclore são personificados em formas aladas, anões, rodas ardentes, pilares de fogo, etc. segundo a profundidade da nossa percepção e os limites do nosso suprimento de imagens mentais. Os símbolos personalizados são palavras no vocabulário dos ocultistas. Com

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as palavras de que nos servimos na vida diária, eles representam realidades; só há ameaça de perigo quando elas são tomadadas erroneamente pelas realidades que representam.

O ocultismo jamais pode ser restringido a uma série de fórmulas rígidas. A experiência humana é individual e alguns aspectos dela podem ser singulares. Tampouco duas pessoas reagem do mesmo modo a uma experiência. Há, por conseguinte, pouco valor em adquirir um livro sobre a Cabala com uma série de poderes facilmente acessíveis e utilizá-lo como um substituto da experiência pessoal. O livro só pode servir para apontar o caminho.

Seja como for, tudo depende do uso que você fizer da Árvore como símbolo fundamental.