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A capa da edição de maio, do Informativo Jurídico, trata ...€¦ · 843, §1º, do Novo CPC: Informativo Jurídico • 06 Art. 843. Tratando-se de penhora de bem indivisível,

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A capa da edição de maio, do Informativo Jurídico, trata de um assunto que está cada

vez mais dentro das discussões atuais sobre clima e energia: a Geração Distribuída.

Os advogados especialistas na área de energia, Tiago Lobão e Valéria Rosa comentam

sobre as metas de descarbonização e mitigação do clima que foram estabelecidos no

Acordo de Paris, além disso, eles explicam qual o papel da geração de energia por

fontes que são renováveis para que seja possível alcançar a redução da emissão de

gases de efeito estufa.

Este e outros temas como: uma análise sobre a responsabilidade civil do Estado em

relação aos danos causados por enchentes e, a recente decisão do STJ em reconhecer

o direito a não incidência de IPI em mercadorias roubadas, estão nesta edição.

Esperamos que gostem.

Até a próxima edição.

Por: Leite, Tosto e Barros Advogados

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Passados três

anos do início

da vigência do

Novo CPC, os

operadores do

direito vêm

e n f re n t a n d o rotineiramente

os reflexos trazidos pelas suas

inovações.

Cumpre a este informativo

elucidar pontualmente alguns

dos novos temas trazidos,

especialmente os que não

ganharam suficiente atenção

da doutrina ou da mídia

especializada, mas que, na

prática, são de essencial

importância para a conclusão

satisfatória de um processo.

Imaginemos, então, que, numa

Ação de Execução, o diligente

credor consiga localizar um

dos melhores imóveis de

propriedade do devedor para

fins de penhora: bem situado,

não possui ônus, não é bem de

família, é indivisível, e que, num

futuro próximo, cumpridas as

formalidades legais, possa se

submeter ao procedimento de

expropriação, conferindo-se ao

credor o produto financeiro da

alienação.

Mas há um senão: a matrícula

indica que o devedor é

proprietário de 50% do bem,

sendo que o coproprietário não

se submete à execução. Deve-se

também elucidar que, na posição

do coproprietário, poderia

também estar o cônjuge meeiro,

igualmente não submetido à

execução.

Pois bem, lembrando-se de que

o bem é indivisível, como essa

situação é enfrentada no Novo

CPC, se o credor efetivamente

quiser penhorar o bem e

expropriá-lo? Primeiramente,

voltemo-nos ao CPC revogado

e à jurisprudência sobre ele

firmada para destacarmos que (i)

em relação ao coproprietário, o c.

STJ pacificou o tema no sentido

de que a fração não penhorada

não poderia ser expropriada,

remanescendo, portanto, sua

posição de coproprietário,

independentemente da alienação

da fração penhorada pertencente

ao devedor1, (ii) em relação ao

cônjuge, o artigo 655-B do

CPC revogado estabelecia que

“tratando-se de penhora de bem

indivisível, a meação do cônjuge

alheio à execução recairá sobre

o produto da alienação do bem.”

Em resumo, a fração do

coproprietário não era atingida

pela penhora da fração do

devedor e pela alienação dessa

fração; a meação do cônjuge o

era, e integralmente.

Salienta-se que, para ambos os

casos, e ainda sob as égides do

CPC revogado, coproprietário

e meeiro precisariam se valer

de Embargos de Terceiro para

resguardar a proteção de suas

quota-partes.

Pois bem, a primeira novidade

sensível trazida no novo

Código é a de que, tanto para

[email protected]

CARLOS D'AVILA

CIVIL

O Coproprietário e o Cônjuge Meeiro na Expropriação

de Bens Imóveis Indivisíveis

05 • Informativo Jurídico

1- Nesse sentido, o REsp 1.196.284/RS: “O Superior Tribunal de Justiça entende que, em execução, a

fração ideal de bem indivisível pertencente a terceiro não pode ser levada a hasta pública, de modo que

se submetem à constrição judicial apenas as frações ideais de propriedade dos respectivos executados.”

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o coproprietário quanto para

o cônjuge não alcançados pela

execução, em se tratando de

bem indivisível, deverá ele ser

integralmente submetido à

expropriação, não havendo mais

limitações.

Ambos, contudo, terão direito

ao produto da alienação do bem

no limite de sua quota-parte/

meação.

A segunda é a de que os Embargos

de Terceiro não se fazem mais

necessários, já que a proteção à

indenização, e não mais ao bem,

devida ao coproprietário e ao

cônjuge passou a ser expressa.

A terceira é a de que

coproprietário e cônjuge terão

preferência na arrematação do

bem, quando submetido ao leilão.

Todas essas inovações foram

trazidas objetivamente no artigo

843, §1º, do Novo CPC:

Informativo Jurídico • 06

Art. 843. Tratando-se de

penhora de bem indivisível,

o equivalente à quota-parte

do coproprietário ou do

cônjuge alheio à execução

recairá sobre o produto da

alienação do bem.

§1o É reservada ao

coproprietário ou ao cônjuge

não executado a preferência

na arrematação do bem em

igualdade de condições.

E qual valor que coproprietário/

cônjuge meeiro terão direito

a receber? Aí enfrentamos a

quarta novidade.

Conforme parágrafo 2º do artigo

843:

“Não será levada a efeito

expropriação por preço inferior

ao da avaliação na qual o

valor auferido seja incapaz de

garantir, ao coproprietário ou

ao cônjuge alheio à execução,

o correspondente à sua quota-

parte calculado sobre o valor da

avaliação.”

Está garantido, portanto, que o

coproprietário/cônjuge meeiro

não receba menos do que a sua

quota-parte/meação, tomando-se

como base o valor da avaliação, e

não mais o valor pelo qual o bem

foi leiloado, como se verificava

na legislação revogada.

Não objetivamos aqui ponderar

se a inovação foi justa ou não,

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07 • Informativo Jurídico

embora não nos pareça existir

dúvidas quanto a isso, mas, sim,

o reflexo trazido ao credor da

execução.

Isso porque se o imóvel do nosso

exemplo for avaliado em R$

500.000,00, e alienado por R$

300.000,00, ao coproprietário/

cônjuge estarão assegurados R$

250.000,00 correspondentes

à sua quota-parte/meação de

50% sobre o valor da avaliação,

e ao credor os R$ 50.000,00

remanescentes.

Em outro exemplo, Helder

Moroni Câmara2 esclarece que:

" O parágrafo 2º veda

a possibilidade de

expropriação por preço

inferior ao da avaliação,

se o valor obtido for

incapaz de assegurar ao

cônjuge ou coproprietário

o correspondente à sua

quota-parte, calculada

sobre o valor da avaliação.

Note-se que o dispositivo

não veda a expropriação

por preço inferior

ao da avaliação, mas

apenas na hipótese de

o valor da expropriação

ser insuficiente para

cobrir a quota-parte do

proprietário. Assim, se o

bem foi avaliado em 10,

cabendo ao coproprietário

5, o bem não poderá ser

expropriado por menos de

5, se for por 6, por exemplo,

5 serão destinados ao

coproprietário e 1 ao

exequente."

Por isso, pelas novas regras ora

analisadas, há de se concluir

que a penhora de frações de

bens indivisíveis e a futura

expropriação integral do bem

resultam ao credor, em regra, o

benefício de obter um volume

maior de interessados no leilão e

aquisição do bem, já que poderão

adquiri-lo integralmente, sem as

penúrias muitas vezes trazidas

pela copropriedade.

Lado outro, o direito

indenizatório assegurado ao

coproprietário/cônjuge sobre o

valor da avaliação, e não mais

sobre o valor do leilão, reduzirá

naturalmente o montante a ser

conferido ao credor.

Sem prejuízo da análise de

cada caso, cabe ao credor em

situações como essa envidar

esforços para que a avaliação

do imóvel seja corretamente

realizada, e para que o preço

mínimo de sua alienação, a ser

estipulado pelo juízo nos termos

do artigo 891 do CPC, seja o

maior possível, desde que não

inviabilize o oferecimento de

lances pelos interessados.

Nesse contexto, fundamental

que o credor também esteja

assessorado por profissional que

apure o potencial mercadológico

do imóvel, de modo a se

obter, comprovadamente, um

valor passível de alienação,

elementos esses que poderão

ser submetidos ao perito judicial

por força da avaliação do bem,

e ao próprio juízo para a fixação

do preço mínimo de alienação.

Enfim, mais do que nunca, quanto

maior o valor da alienação,

maior o produto a ser dividido

entre credor e coproprietários/

cônjuges meeiros. ■

2- Código de processo civil comentado. São Paulo:

Almedina, 2016, p. 1018. 14/03/2016.

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Em recente decisão, o Superior

Tribunal de Justiça (STJ) decidiu

pela não incidência do Imposto

sobre Produtos Industrializados

(IPI) quando não há a entrega

efetiva da mercadoria devido

ao roubo/furto após a saída do

estabelecimento produtor.1

Os Embargos de Divergência

em Recurso Especial, opostos

pela empresa Philip Morris

Brasil, discutem se a saída física

do produto da fábrica seria

suficiente para concretizar o

negócio jurídico e o fato gerador

do IPI, sendo irrelevante se há a

efetiva entrega ou não. A ação

decorre de uma carga de cigarros

que foi roubada logo após

sua saída do estabelecimento

industrial.

O Ministro Relator Napoleão

Nunes Maia Filho destacou em seu

voto que a operação mercantil

só vai se concretizar com a

entrega efetiva da mercadoria

e, se houver roubo/furto após

a saída do estabelecimento

do fabricante, não existirá

o proveito econômico. Por

consequência, destaca-se que

não haverá forma de incidir o

tributo, pois não se configura o

evento ensejador do IPI.

A jurisprudência já caminhava

nesse sentido: em acórdão

proferido em 30 de agosto de

20122, o próprio STJ votou por

afastar a incidência de IPI, pois

entendeu que não haveria a

concretização do negócio jurídico

e do fato gerador do imposto.

Com o provimento dos Embargos

de Divergência, a Seção também

julgou procedentes os embargos

à execução opostos pela mesma

empresa para desconstituir o

crédito tributário devido de IPI

da operação.

A decisão é positiva para os

contribuintes, pois, além de

confirmar o direito de não

recolher o IPI sobre produtos

roubados, também abriu a

possibilidade para a discussão

de outros tributos na mesma

situação, como no caso do

Imposto sobre Circulação de

Mercadorias e Serviços, o ICMS. ■

Informativo Jurídico • 08

1- Embargos de Divergência em Recurso Especial nº 734.403 – RS – Superior Tribunal de Justiça,

Rel. Ministro Napoleão Nunes Maia Filho.2- Recurso Especial nº 1.203.236 - RJ, Rel. Min. HERMAN BENJAMIN, DJe 30.8.2012.

[email protected]

CARLOS CROSARA

[email protected]

PEDRO A. MUSSOLINI

TRIBUTÁRIO

STJ reconhece o direto a não incidência de IPI

em mercadorias roubadas

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09 • Informativo Jurídico

No último dia 19 de abril, foi

publicado o Acórdão da Ação

Direta de Inconstitucionalidade

(ADI nº 2.332/DF), na qual se

discutia a constitucionalidade do

art. 15-A e seus parágrafos, bem

como do art. 27, §1º do Decreto-

Lei nº 3.365/41, com a redação

dada pela Medida Provisória nº

2.183-56/2001.

Em síntese, a ADI foi proposta

pelo Conselho Federal da Ordem

dos Advogados do Brasil para

discutir a inconstitucionalidade

da base de cálculo e do percentual

dos juros compensatórios nos

casos de imissão prévia na posse

do imóvel, por suposta violação

à cláusula da justa indenização

(art. 15-A do Dec.-Lei 3.365/41).

Discutia-se, também, a

[email protected]

FILLIPE G. LAMBALOT

[email protected]

THAINA CERVI

PÚBLICO

Julgamento pelo Supremo da ADI 2.332/DF – Adequação

do percentual e da incidência dos juros compensatórios nas ações

de Desapropriação/Servidão Administrativa

necessidade de comprovação da

existência de renda ou do grau de

utilização da terra superior a zero

para fundamentar a incidência

dos juros compensatórios (§§

1º e 2º do art. 15-A). Levou-

se ainda à apreciação do STF a

limitação imposta a condenação

honorária nos casos regidos pela

Lei de Desapropriação (art. 27,

§1º do Dec.-Lei nº 3.365/41).

Após o ajuizamento da ação,

foi proferida Decisão, publicada

em 13 de setembro de 2001,

que suspendeu liminarmente

a eficácia da expressão “de até

seis por cento ao ano” prevista

no caput do art. 15-A, bem como

a aplicabilidade dos §§ 1º e 2º

do referido dispositivo, que

restringiam a aplicação dos juros

compensatórios em algumas

situações.

Com isso, os Tribunais acabaram

por gerar jurisprudência,

consolidada por meio do

enunciado da Súmula 618

STF, que dispõe que nas

desapropriações a taxa de juros

compensatórios seria de 12%

ao ano. Permaneceu também

o entendimento de que seriam

devidos juros compensatórios

independentemente da

demonstração de perda de renda,

produtividade ou potencial de

produtividade do imóvel.

Levada a ADI a apreciação,

os Ministros do Supremo

entenderam por alterar ambos os

posicionamentos, considerando

constitucional o percentual

de 6% ao ano, bem como a

necessidade de demonstração

da produtividade ou o potencial

para tanto para que se fizessem

cabíveis os compensatórios.

Quanto ao percentual dos

juros, a alteração se deu sob

os argumentos de que (i) os

juros compensatórios foram

inicialmente estabelecidos no

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Informativo Jurídico • 10

PÚBLICO

percentual de 12% (doze por

cento) a fim de compensar a

enorme perda inflacionária

sofrida pelos proprietários dos

imóveis expropriados que vinha

ocorrendo na época da edição

da Sumula 618 do STF; (ii) a taxa

de juros de 6% é absolutamente

compatível com as taxas de

juros praticadas atualmente no

mercado financeiro; (iii) a fixação

dos juros compensatórios em

12% ao ano vinha elevando

sobremaneira o valor das

indenizações, o que vinha

onerando o Poder Público e

gerando o enriquecimento

sem causa dos expropriados,

vez que por diversas vezes o

valor dos juros compensatórios

vinha superando o valor da

indenização propriamente dita.

Entendeu-se, porém, que o

vocábulo “até”, previsto no

caput do art. 15-A em análise,

seria inconstitucional, vez que

poderia gerar a fixação de

juros compensatórios em valor

abaixo do percentual de 6% (seis

por cento) ao ano, o que não

atenderia à justa indenização.

Quanto aos parágrafos §§ 1º

e 2º do art. 15-A do Dec.-Lei

nº 3.365/41, de acordo com os

quais os juros compensatórios

só seriam devidos se (i) o

proprietário comprovasse

efetiva perda de renda com a

imissão provisória na posse (§1º);

(ii) se o imóvel tiver “graus de

utilização da terra e de eficiência

na expropriação superiores

a zero”, ou seja, se o imóvel

possuir potencial produtivo

(§2º), a maioria do colegiado

julgou ser constitucional a

necessidade de comprovação

ao menos do potencial de

exploração econômica do

bem para a incidência dos

juros compensatórios, vez

que a destinação destes seria

justamente recompor as perdas

decorrentes da impossibilidade

de exploração do bem e não,

simplesmente, recompor a perda

da posse do bem.

Ainda quanto ao caput do art.

15-A do Dec.-Lei 3.365/41,

inserido pela Medida Provisória

nº 2.183-56/2001, entendeu-se

que a fixação da base de cálculo

dos juros compensatórios sobre

a diferença entre o total do valor

ofertado e o valor da indenização

é inconstitucional, mantendo-se

o posicionamento jurisprudencial

dominante de que tal aplicação

se dá quanto à diferença entre

80% do valor da oferta e o valor

final da indenização determinada

pelo juiz, vez que 20% ficam

indisponíveis para levantamento

pelo expropriado.

Com isso, temos que o julgamento

da ADI trouxe duas relevantes

alterações na composição do

cálculo das indenizações nas

ações de servidão administrativa

e desapropriação, primeiro em

razão da redução do percentual

dos juros compensatórios

de 12% para 6% ao ano e,

segundo, em razão da alteração

do entendimento até então

adotado de que a aplicação dos

compensatórios seria automática

independentemente de qualquer

potencial ou utilização do bem,

devendo agora ser considerado

o potencial de utilização do bem

superior a zero para fazer jus

aos compensatórios.

Esses novos parâmetros tendem

a trazer equilíbrio quanto às

indenizações das ações de

desapropriação e servidão

administrativa, desonerando

razoavelmente o custo dos

concessionários de serviços

públicos nessas ações, vez

que, em regra, em razão da

grande demora no trâmite

judicial e o altíssimo índice

de juros compensatórios até

então aplicado, este era um

dos principais fatores

de encarecimento

das indenizações. ■

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terá validade até 30/04/2019,

prazo até o qual deverá ser

aprovada ou rejeitada pelo

Congresso Nacional.

Embora o MTb tenha sido

transformado em Ministério

da Economia, as pastas antes

de sua responsabilidade foram

redistribuídas também aos

Ministérios da Justiça e Segurança

Pública (que ficará responsável

pela política de imigração laboral

e dividirá, com o Ministério da

Economia, a responsabilidade

pelo registro sindical) e da

Cidadania (responsável pelo

cooperativismo e associativismo

urbano).

As demais atribuições

– as principais – ficaram a cargo

do Ministério da Economia, quais

sejam: política e diretrizes para

a geração de emprego e renda e

de apoio ao trabalhador; política

11 • Informativo Jurídico

Uma das primeiras e mais

polêmicas decisões do atual

Governo foi a então chamada

de extinção do Ministério do

Trabalho (MTb), mediante a

edição da Medida Provisória

n.º (MP 870/2019), que trouxe

incertezas, especialmente, no

futuro das fiscalizações

trabalhistas.

A primeira novidade é que,

tecnicamente, o MTb não foi

extinto, mas transformado em

Ministério da Economia (Ministro

Paulo Guedes), nos dizeres do

artigo 57, da MP 870/2019.

Vale lembrar que a MP 870, diante

de sua natureza, quando editada

pelo Presidente da República,

possui força de lei e tem

validade de 60 (sessenta) dias,

prorrogáveis por igual período,

de modo que essa medida

[email protected]

AMANDA [email protected]

VITOR [email protected]

FERNANDO RISKALLA

TRABALHISTA EMPRESARIAL

A extinção (?) do Ministério do Trabalho

e o futuro das fiscalizações trabalhistas

e diretrizes para a modernização

das relações do trabalho;

fiscalização do trabalho,

inclusive do trabalho portuário,

e aplicação das sanções previstas

em normas legais ou coletivas;

política salarial; formação e

desenvolvimento profissional;

segurança e saúde no trabalho e

regulação profissional.

Conforme a nova estrutura, as

atribuições serão exercidas

pela Secretaria Especial

de Previdência e Trabalho

(Secretário Rogério Marinho)

e pela Secretaria do Trabalho

(ainda sem secretário nomeado).

Assim, não só a fiscalização

trabalhista continua sendo

um poder-dever do Poder

Público, que encontra proteção

constitucional (artigo 7º, inciso

XXIV, artigo 21, inciso XXIV,

artigo 114, inciso VII), como

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também a Lei n.º 10.593/02, que

prevê que a competência acerca

da inspeção do trabalho é dos

Auditores-Fiscais do Trabalho, e

o Decreto 4.552/02, que regula a

inspeção do trabalho, não foram

alterados pela MP 870/2019.

E por que a nova estrutura

importa aos empregadores?

Primeiro – esclarecendo a dúvida

de muitos –, é que não se deve

confundir a até então chamada

extinção do MTb com a extinção

das suas atribuições: na prática,

as fiscalizações continuam a ser

exercidas da mesma forma. Mas,

o que é mais importante salientar,

é que a lavratura de autos de

infração poderá trazer diversos

prejuízos aos empregadores –

não só de ordem econômica,

diante da aplicação de multas –

mas outros, como:

• Utilização de eventuais

autos de infração para subsidiar

investigações realizadas pelo

Ministério Público do Trabalho

(MPT). As investigações pelo MPT

podem ocasionar propositura de

Ação Civil Pública, culminando,

inclusive, em condenações de

altíssimas indenizações por

danos morais coletivos.

• Impossibilidade de

obtenção de Certidão Negativa

de autuações trabalhistas, o

que poderá ocasionar eventuais

prejuízos em negociações

empresariais (por exemplo,

fusões, incorporações) ou, ainda,

em participações em licitações

públicas.

• Utilização dos autos de

infração para incluir a empresa

na lista de empregadores que

tomam trabalho análogo a de

escravo, tendo em vista que a

Informativo Jurídico • 12

TRABALHISTA EMPRESARIAL

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Portaria n.º 1.293/2017, do MTb,

que dispõe acerca das condições

que caracterizam o trabalho

análogo a de escravo é, a nosso

ver, genérica, incluindo, como

hipótese desse tipo de trabalho,

a prática de jornada exaustiva,

sem, no entanto, definir

(objetivamente) o que, de fato,

seria uma jornada exaustiva.

Diante desses prejuízos, que

podem ser gravíssimos para

reputação da empresa – o

que, nos dias atuais é muito

valorizada –, é de extrema

importância a adoção de medidas

preventivas e criteriosa cautela

nos procedimentos trabalhistas

que são adotados.

Nesse sentido, inserem-se

como medidas preventivas

a reavaliação periódica das

jornadas de trabalho dos

trabalhadores, realização de

auditorias internas, assegurar

o cumprimento das normas

de saúde e segurança do

trabalho, ministrar cursos/

palestras aos empregados,

avaliar periodicamente o

atual cumprimento da cota de

aprendizes e portadores de

deficiência, entre outras medidas.

Vale ressaltar, sob o aspecto

do alinhamento das práticas

trabalhistas com a lei, que as

fiscalizações caminham para

ocorrer cada vez mais por meios

virtuais, como a utilização de

sistemas como o do FGTS para

verificação de documentos

e, agora em voga, o e-Social.

Essa forma de fiscalização,

denominada como indireta,

facilitará as fiscalizações pelos

auditores e, consequentemente,

implicará autuações às

empresas que eventualmente

descumprirem a legislação.

Mesmo com toda atuação

preventiva e cuidadosa das

empresas, sabe-se que ocorrem

equívocos pelos auditores, ou

até mesmo abusos, motivo

pelo qual também se ressalta

a relevância da utilização dos

meios de defesa nos processos

administrativos (mediante

apresentação de defesa e

recurso), além da possibilidade de

levar as autuações ao Judiciário,

postulando sua nulidade por

meio de Ação Anulatória.

A conclusão é que a até então

chamada extinção do MTb

não importou no fim das

fiscalizações, sendo que as

autuações, em verdade, podem

até mesmo aumentar, diante

do uso de sistemas para acesso

de informações pela Secretaria

do Trabalho, facilitando as

autuações para empresas. ■

13 • Informativo Jurídico

Page 15: A capa da edição de maio, do Informativo Jurídico, trata ...€¦ · 843, §1º, do Novo CPC: Informativo Jurídico • 06 Art. 843. Tratando-se de penhora de bem indivisível,

GERAÇÃO DISTRIBUÍDA COMO AGENTE DA TRANSIÇÃO ENERGÉTICA - UMA BREVE ANÁLISE REGULATÓRIA ACERCA DA REVISÃO DAS REGRAS APLICÁVEIS À MICRO E MINIGERAÇÃO DISTRIBUÍDA (GD)

ENERGIA

[email protected]

VALERIA ROSA

[email protected]

TIAGO LOBÃO

14 • Informativo Jurídico

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ENERGIA

Para cumprir a as metas

de descarbonização

e mitigação do clima

estabelecidas no Acordo de

Paris, a energia renovável

precisaria, segundo o Global

Energy Transformation, ser

ampliada pelo menos seis vezes

mais rápido em todo o mundo.

Vale lembrar que o histórico

Acordo Climático de 2015 teve

como uma das suas diretrizes

limitar, no mínimo, a elevação

da temperatura global média a

abaixo de 2°C no século atual,

em comparação com os níveis

pré-industriais.

Embora tenhamos diversos

caminhos diferentes que

possibilitam a mitigação

destas mudanças climáticas,

acreditamos que a geração de

energia por fontes renováveis e

a busca por eficiência energética

fornecem o caminho ideal para

a redução da emissão de gases

de efeito estufa na velocidade

necessária.

Sem dúvidas, a chamada

“Transição Energética”, além de

impreterível, é um dos principais

caminhos para a transformação

do setor energético nacional

e global. Exemplo da citada

Transição é a fabricação de

automóveis de passeios 100%

elétricos, além de máquinas e

caminhões com essa mesma

característica, o que mostra que

toda uma cadeia de consumo

precisa e já busca se reinventar

a fim de adequar-se a esta nova

realidade.

Para caminharmos neste

sentido, a nosso ver, a Geração

Distribuída (GD) é de suma

importância vez que diversifica

a matriz energética, ajuda

a minimizar os impactos

ambientais provindos de fontes

não sustentáveis, contribuindo,

de forma bastante relevante,

na tão sonhada mitigação das

alarmantes questões climáticas.

No entanto, para que a GD

alcance seu propósito e continue

crescendo e se difundindo

no Brasil, imprescindível a

promoção da segurança jurídico-

regulatória, primando-se pela

previsibilidade do ponto de

15 • Informativo Jurídico

Page 17: A capa da edição de maio, do Informativo Jurídico, trata ...€¦ · 843, §1º, do Novo CPC: Informativo Jurídico • 06 Art. 843. Tratando-se de penhora de bem indivisível,

Informativo Jurídico • 16

vista de quem deseja investir.

Esse binômio, previsibilidade-

segurança, é primordial para

a atração de investidores que

façam esta vantajosa modalidade

de geração de energia se

consolidar no país.

Neste sentido, buscando oferecer

previsibilidade ao mercado e, por

consequência, maior segurança

jurídico-regulatória, é que a

Agência Nacional de Energia

Elétrica - ANEEL instaurou a

Audiência Pública nº 001/2019,

a qual, nesta primeira fase, visa

obter subsídios para a Análise

de Impacto Regulatório – AIR

acerca das possíveis alterações

da Resolução Normativa nº

482/2012, previstas para

ocorrer em 2020.

O foco da Agência Reguladora

neste momento é, principalmente,

o “Sistema de Compensação

de Energia Elétrica” e a forma

de valoração da energia que é

injetada na rede. Justamente

este aspecto coloca de um

lado as Concessionárias de

Distribuição e, do outro, os

investidores e consumidores

interessados em GD.

Contudo, antes de explicitarmos

as seis alternativas para o modelo

do Sistema de Compensação

propostas pela ANEEL e que

constam do Relatório de AIR

supracitado, nos cumpre

consignar algumas premissas

conceituais acerca da Resolução

Normativa nº 482/2012 e o

contexto de sua edição em 2012,

bem como as alterações na

norma implementadas em 2015.

Esta Resolução Normativa, que

estabelece as condições gerais

para o acesso da Microgeração

e Minigeração Distribuída aos

sistemas de distribuição de

energia de elétrica e instituiu

o Sistema de Compensação

supracitado, foi editada com

o objetivo de democratizar

e reduzir as barreiras para

conexão à rede, além de criar

um ambiente em que este tipo

de geração de pequeno porte

pudesse se viabilizar.

O Sistema de Compensação de

Energia, por sua vez, foi criado

visando permitir que a energia

excedente gerada por uma

unidade consumidora com Micro

e Minigeração seja injetada na

rede da distribuidora local para

posteriormente ser utilizada para

abater do seu consumo mensal.

Page 18: A capa da edição de maio, do Informativo Jurídico, trata ...€¦ · 843, §1º, do Novo CPC: Informativo Jurídico • 06 Art. 843. Tratando-se de penhora de bem indivisível,

ENERGIA

17 • Informativo Jurídico

Nos casos em que a energia

injetada é superior à energia

consumida em um ciclo de

faturamento, ao final do ciclo,

o consumidor recebe um

crédito em energia (kWh) a ser

utilizado para abater o consumo

nos meses subsequentes, não

sendo permitido, entretanto, a

comercialização do excedente.

O Sistema de Compensação

foi concebido nestes moldes

considerando os custos

elevados para a implantação

de GD objetivando viabilizá-

la. O modelo atual estabelece

que a energia injetada

seja utilizada para abater

integralmente a energia

consumida, contemplando todas

as componentes tarifárias, o que

faz com que a energia injetada

na rede pelo gerador seja

valorada pela tarifa de energia

elétrica estabelecida para os

consumidores.

Em 2015, por meio da Resolução

Normativa nº 687, as regras

atinentes à Micro e Minigeração

Distribuída foram aperfeiçoadas

através da elevação do limite de

potência para estas modalidades

de geração de energia e

da criação dos modelos de

empreendimentos com múltiplas

unidades consumidoras,

instituindo, ainda, a geração

compartilhada e a possibilidade

de autoconsumo remoto.

Não se discute que em razão

de tais mudanças regulatórias

houve um aumento significativo

de interessados na implantação

de GD, entretanto, o mercado

ainda tem muito a evoluir para

afirmarmos que está de fato

consolidado no Brasil.

Também não se pretende negar

aqui a necessidade de equilíbrio

dos interesses entre os diversos

usuários da rede, nem tampouco

a importância da busca por um

modelo que evite a transferência

de custos entre os usuários que

optam por GD aos usuários que

não se utilizam de tal modalidade

para a geração de energia e seu

consumo, entretanto, o tema

deve ser analisado com cautela.

Passemos, pois, às alternativas

de alteração regulatória

colocadas em pauta pela ANEEL.

Como mencionado, o principal

foco das alternativas para a

mudança da regulação vigente é

o “Sistema de Compensação de

Energia Elétrica”, ou seja, a forma

como ocorre a compensação dos

créditos de energia elétrica.

Neste diapasão, o que se discute

é quantos dos seis componentes

tarifários cada kWh produzido

a partir do sistema de Micro

e Minigeração Distribuída, e

injetado na rede elétrica, serão

compensados do consumo.

Para cada uma das Alternativas

foram estimados custos e

benefícios que a GD aportaria

tanto para a compensação local

quanto para a compensação

remota. Não obstante, importa

consignar de plano que, a nosso

ver, tais estimativas não foram

tão precisas quanto deveriam

para a tomada de uma decisão

extremamente relevante quanto

à iminente.

Veja-se no quadro ao lado, de

forma resumida, as Alternativas

submetidas à Audiência Pública:

Page 19: A capa da edição de maio, do Informativo Jurídico, trata ...€¦ · 843, §1º, do Novo CPC: Informativo Jurídico • 06 Art. 843. Tratando-se de penhora de bem indivisível,

Informativo Jurídico • 1818 • Informativo Jurídico

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19 • Informativo Jurídico

ENERGIAPara a geração junto à carga

(compensação local), a opção mais

cotada pela Agência Reguladora

inicialmente é a “Alternativa 1”.

Diferentemente, para a geração

remota, propõe-se a transição

para a “Alternativa 1” passando-

se, depois, à “Alternativa 3”.

Importa esclarecer que a ANEEL

pretende que tais alterações

aconteçam de forma gradual

e previsível na medida em

que sejam atingidos “gatilhos”

específicos, quantificados pela

potência acumulada (GW).

Para a geração junto à carga, o

gatilho seria o alcance de 3,36

GW, e, para a geração remota,

foram sugeridos dois gatilhos

diferentes: o primeiro para a

“Alternativa 1” quando atingidos

1,25 GW, e o segundo, quando se

chegasse a 2,13 GW, haveria a

mudança da “Alternativa 1” para

a “Alternativa 3”.

É de se ressaltar, outrossim,

que a Agência também

estipulou regras de transição

para tais alterações. Conforme

depreende-se do Relatório de

AIR nº 004/2018-SRD/SCG/SMA/

ANEEL, os consumidores que

instalarem GD até o fim de 2019

continuariam com as regras

atualmente vigentes aplicáveis a

seus empreendimentos durante

um período de 25 anos contados

a partir da conexão, sujeitando-

se, posteriormente, às novas

regras.

Consumidores que instalarem

GD entre 2020, após a entrada

em vigor das novas regras, e

o acionamento dos primeiros

gatilhos, compensariam seus

créditos de acordo com o modelo

atual (“Alternativa 0”) durante os

10 primeiros anos de conexão.

Para os agentes que compõem o

mercado de Micro e Minigeração

Distribuída, as sugestões da

Agência Reguladora prejudicam

o desenvolvimento da GD,

uma vez que implicariam uma

mudança muito radical no atual

Page 21: A capa da edição de maio, do Informativo Jurídico, trata ...€¦ · 843, §1º, do Novo CPC: Informativo Jurídico • 06 Art. 843. Tratando-se de penhora de bem indivisível,

Informativo Jurídico • 20

ENERGIAmodelo econômico do negócio,

sugerindo a sua manutenção

(“Alternativa 0”).

Já algumas Distribuidoras de

Energia entendem que há um

incentivo excessivo que acaba

por onerá-las, assim como os

demais consumidores. Opinam,

portanto, que seja adotada

ao menos a “Alternativa 4” e

propõem que a transição para os

consumidores que já instalaram

GD seja baseada no tempo

para o retorno do investimento

(payback) e não no tempo de

vida útil dos equipamentos.

Sem querer invalidar os

estudos e propostas da Agência

Reguladora, observa-se,

contudo, que o grande mote para

a alteração regulatória que está

sendo proposta é a preocupação

com a redução do mercado das

Distribuidoras, o que poderia

ensejar um efeito redistributivo

nos valores das tarifas.

Segundo o aduzido pela ANEEL,

tal efeito não ocorreria caso

houvesse uma redução dos

custos das Distribuidoras na

mesma proporção da redução do

seu mercado, ocasionada pela

redução do consumo da unidade

que instalou GD.

Pondera-se, todavia, que, na

hipótese de esta redução de

consumo ser atribuída como

custo, é razoável que, por

outro lado, se considerem como

benefício as vantagens advindas

da postergação de investimentos

em redes de distribuição e de

transmissão em virtude da GD,

o que ainda não foi considerado

completamente na AIR.

Além deste ponto, apesar dos

muitos cálculos realizados

pela ANEEL e evidenciados no

Relatório multicitado, nota-

se que nem todos os custos

e benefícios afetos à GD, e

que implicarão na alteração

regulatória em comento, foram

mensurados e quantificados,

motivo pelo qual entendemos

que a discussão acerca de todas

as variáveis em torno da questão

carece de amadurecimento antes

de alterar-se o atual modelo.

Observa-se, ainda, que os

estudos realizados até o

momento correlacionam-se

intrinsecamente apenas com

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21 • Informativo Jurídico

a geração fotovoltaica, sem

contemplar as peculiaridades

atinentes às demais fontes

renováveis para GD. Deste

modo, vale frisar que cada uma

das fontes possui características

específicas, necessitando de

estudos diferenciados para

a definição de modelagens,

construção de cenários e análise

de sensibilidades às alterações

propostas, a fim de evitar

suposições imprecisas.

Em nossa opinião, a diferenciação

por fonte é vital para o aumento da

segurança energética do Sistema

na medida em que contribuiria

para uma maior sinergia entre as

fontes geradoras, possibilitando

a criação de uma rede com

alto fator de simultaneidade.

Esta distinção é também

necessária haja vista que seus

projetos apresentam tempo de

implantação e investimentos

diversos, o que implica na

conveniência de definir-se

incentivos baseados em prazos e

não por potência, que é a forma

de “gatilho” considerada pela

ANEEL no Relatório de AIR.

Os agentes do mercado de GD

afirmam, ainda, que antes de

qualquer alteração regulatória

há que se fazer cumprir as

regras atualmente vigentes. Isto

porque diversos investidores e

consumidores optantes pela GD

reclamam do descumprimento

de prazos e da falta de

transparência por parte das

Concessionárias de Distribuição

na condução dos processos de

aprovação dos projetos, além de

relatarem erros nos sistemas de

compensação de energia.

Tendo em vista os estudos

até agora realizados, que, a

nosso ver, não contemplam

totalmente a complexidade do

tema, haja vista não abordarem,

por exemplo, temas como o

armazenamento de energia; a

venda de excedentes; a abertura

do mercado; a valoração

de atributos das fontes; a

valorização dos benefícios

socioambientais; dentre outros,

constata-se que uma imediata

alteração regulatória poderá

ocasionar distorções e até

retrocessos.

Se veremos grandes

modificações na RN 482/2012,

ainda não sabemos, mas é certo

que a ANEEL terá, ao final do

período de contribuições, um

árduo trabalho de compilação e

análise dos dados apresentados

na Audiência Pública. E, como é

de praxe na Agência, esta deve

buscar o caminho mais lógico

e correto visando não ceifar

o caminho tão promissor da

Geração Distribuída. Assim, a

GD seguirá contribuindo para

o cumprimento das metas de

descarbonização e mitigação do

clima estabelecidas no Acordo

de Paris. ■

Fontes: AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA – ANEEL. Resolução

Normativa Nº 482, De 17 De Abril De 2012.Estabelece as condições

gerais para o acesso de microgeração e minigeração distribuída aos

sistemas de distribuição de energia elétrica, o sistema de compensação

de energia elétrica, e dá outras providências.

Disponível em: <http://www2.aneel.gov.br/>.

Acesso em: 28 abr. 2019.

IRENA (2018). Global Energy Transformation: A roadmap to 2050.

International Renewable Energy Agency, Abu Dhabi. “Global Energy

Transformation.

Disponível em: <https://www.irena.org/>.

Acesso em: 28 abr. 2019.

AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA – ANEEL. Relatório de

Análise de Impacto Regulatório nº 004/2018-SRD/SCG/SMA/ANEEL.

Disponível em : <http://www.aneel.gov.br/>.

Acesso em: 28 abr. 2019.

AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA – ANEEL. Apresentações

realizadas nas Reuniões Presenciais da 1ª Fase da Audiência Pública nº

001/2019. Disponível em : <(http://www.aneel.gov.br/>.

Acesso em: 28 abr. 2019.

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Informativo Jurídico • 22

A necessidade de diálogo entre

todos os atores processuais

trouxe ao legislador pátrio a

preocupação com um modelo

processual cooperativo1, a fim

de regulamentar a atividade

jurisdicional com mais precisão,

sobretudo para evitar situações

em que a decisão monocrática

do Juiz cria um ambiente em

que a violação aos direitos

fundamentais das partes

atropela a marcha processual,

trazendo empecilhos à prestação

jurisdicional2.

Em vigor há poucos anos, o

novo Código de Processo Civil

sobressai por trazer institutos

com grande influência do

princípio da cooperação. Entre

os mais destacados, está a

proibição das chamadas decisões

[email protected]

ALEXANDRA DEL AMORE

[email protected]

RENATA ARAUJO

TRABALHISTA

A análise da proibição das decisões por emboscada

em precedentes da justiça do trabalho

por emboscada ou decisões

surpresa. Diz a letra de lei:

De uma interpretação literal,

vê-se que qualquer decisão a

ser promovida pelo magistrado

deve vir antecedida da análise

e manifestação das partes,

ainda que a matéria posta em

discussão trate de questões de

ordem pública.

O que se pode observar do caput

é a clara preocupação do

legislador em se evitar o

estabelecimento do processo de

exceção, que coloque uma ou

Art. 10. O juiz não pode

decidir, em grau algum de

jurisdição, com base em

fundamento a respeito do

qual não se tenha dado às

partes oportunidade de se

manifestar, ainda que se

trate de matéria sobre a

qual deva decidir de ofício.

(Grifo nosso).

ambas as partes em situação

de total submissão à decisão

unilateral do Estado-Juiz sobre

aspectos processuais e materiais

que deveriam ser postos à

discussão por todos os atores

processuais.

O Processo do Trabalho não

poderia ser diferente. Mesmo em

vista da aplicação subsidiária do

Diploma Processual Civil, temos

que a visão trazida pelo princípio

da cooperação projeta também

para o Processo do Trabalho a

necessidade de concretização de

um modelo mais dialógico.

No intuito de guiar a aplicação,

ao Processo do Trabalho, dos

institutos trazidos pelo novo

CPC, o Tribunal Superior do

Trabalho editou, em 15 de março

de 2016, a Instrução Normativa

nº 39. No que tange à matéria

das decisões por emboscada, a

Instrução destaca que “aplicam-

se ao processo do trabalho as

normas do CPC que regulam o

1- DIDIER, Fredie. Fundamentos do Princípio da Cooperação no Direto Processual Português. Lisboa:

Wolters Kluwer, 2010, p. 47.2- ALVARO DE OLIVEIRA, Carlos Alberto. Do formalismo no Processo Civil (1997). 2. Ed. São Paulo:

Saraiva, 2003, p. 244 e ss. apud MITIDIERO, Daniel. Colaboração no Processo Civil [livro eletrônico]:

pressupostos sociais, lógicos e éticos. 1. ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015.

Page 24: A capa da edição de maio, do Informativo Jurídico, trata ...€¦ · 843, §1º, do Novo CPC: Informativo Jurídico • 06 Art. 843. Tratando-se de penhora de bem indivisível,

TRABALHISTA

23 • Informativo Jurídico

princípio do contraditório, em

especial os arts. 9º e 10, no

que vedam a decisão surpresa”

(art. 4º). Por sua vez, o conceito

de “decisão surpresa” ou “por

emboscada” é aquele que:

"[...] no julgamento final

do mérito da causa, em

qualquer grau de jurisdição,

aplicar fundamento jurídico

ou embasar-se em fato não

submetido à audiência

prévia de uma ou de ambas

as partes. (art. 4ª, § 1º). "

E a Instrução ainda complementa:

"[...] não se considera

decisão surpresa a que, à luz

do ordenamento jurídico

nacional e dos princípios

que informam o Direito

Processual do Trabalho, as

partes tinham obrigação

de prever, concernente

às condições da ação, aos

pressupostos processuais

de admissibilidade de

recursos e aos pressupostos

processuais, salvo

disposição legal expressa

em contrário. (§ 2º)."É inegável, portanto, a

preocupação em trazer mais

segurança jurídica às relações

processuais trabalhistas, em

especial se considerarmos

que o Processo do Trabalho

preza, especialmente, pela

flexibilização e simplicidade dos

atos processuais, em vista da

proteção à figura do trabalhador.3

Contudo, analisando precedentes

da Justiça do Trabalho, sobretudo

em decisões da primeira

instância, é possível observar

que o modelo cooperativo vem

sendo, em não raras ocasiões,

abandonado pelos Juízes,

colocando as partes (em especial,

as empresas reclamadas) em

situação bastante complicada.

Exemplo disso ocorre nos

casos em que empresas são

incluídas no polo passivo

somente na fase de execução,

sob o fundamento de formação

de grupo econômico (com

responsabilidade solidária pelo

crédito executado), ainda que

a tese não tenha sido ventilada

na fase de conhecimento. Em

muitos precedentes, os Juízes

tomam a decisão com base,

exclusivamente, na alegação

unilateral da parte autora,

sem que se oportunize à parte

contrária prestar esclarecimentos

a respeito da legitimidade (ou

não) para responder pelo crédito

executado.

Aliás, é comum ocorrer a inclusão

de empresa no polo passivo sem

que esta seja sequer citada ou

mesmo notificada previamente

para a efetuar o pagamento,

havendo casos em que se

somente toma conhecimento do

caso após a adoção de medidas

constritivas por parte do Juízo,

como o bloqueio judicial de

valores em contas bancárias, ou

da penhora de bens.

Outra situação típica ocorre

também nos casos em que

empresas em recuperação

judicial estão no polo passivo da

execução. Em que pese o regime

diferenciado estabelecido

pela Lei de Falências (Lei nº

11.101/2005), não é incomum

3- LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito

Processual do Trabalho. 16. ed. São Paulo: LTr, 2018, p. 458.

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Informativo Jurídico • 24

que Juízes do Trabalho usurpem

a competência do Juízo da

recuperação judicial e decidam

por prosseguir com a execução

contra a empresa recuperanda,

aplicando-lhe medidas de

constrição patrimonial, ou

mesmo forçando o pagamento

do crédito.

Veja-se que os exemplos citados

expressam total oposição ao

modelo cooperativo preconizado

pelo novo CPC. É certo que,

dada a natureza alimentar do

crédito trabalhista, a adoção de

medidas simplificadas para sua

execução se mostra imperativa,

até mesmo por conta da

hipossuficiência que, em grande

parte das vezes, se assenta na

figura do reclamante. Porém,

isso não significa que o Estado-

Juiz possa se valer de decisões

por emboscada, unicamente

para satisfazer uma execução

que, a princípio, mostrava-se

frustrada. Eis uma das grandes

dificuldades enfrentadas pela

advocacia trabalhista nesta área.

O Processo do Trabalho ainda

caminha por vias incertas quando

TRABALHISTA

a questão é segurança jurídica.

Não por outro motivo, as

mudanças promovidas pela

Lei nº 13.467/2017 (Reforma

Trabalhista) geraram discussões

em todos os segmentos da

sociedade, especialmente por

se mostrar uma reação que, de

fronte, veio do setor empresarial.

A consagração de um processo

trabalhista dialógico depende

da atuação harmônica de todos

os atores processuais. Por outo

lado, um modelo calcado no

protagonismo judicial tende

a criar, inevitavelmente, um

cenário de muitas incertezas. ■

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Todos os anos, principalmente

no período de verão, vemos

inúmeras notícias sobre os

estragos deixados pelas

enchentes, com mortes e

prejuízos materiais.

Recentemente, a Grande São

Paulo, nos dia 10 e 11 de

março, bem como a cidade

do Rio de Janeiro, no dia 6

de abril, foram atingidas por

fortes temporais, que causaram

mortes e incalculáveis prejuízos

materiais.

Embora decorrente de fato

da natureza, a ocorrência de

fortes chuvas entre os meses do

verão não se trata mais de caso

fortuito e desconhecido, mas sim

evento absolutamente comum e

previsível.

[email protected]

FILLIPE G. LAMBALOT

[email protected]

THAINA CERVI

PÚBLICO

Da Responsabilidade Civil do Estado por danos

causados por enchentesSendo fato corriqueiro e de

grande impacto à população,

compete ao Estado, como

Administração Pública, adotar

medidas preventivas para

evitar ou ao menos amenizar

a ocorrência dos alagamentos

e enchentes decorrentes das

chuvas e, consequentemente, os

danos causados.

Neste sentido, convém

salientarmos que, nas palavras

de Marçal Justen Filho1, a função

administrativa do Estado é:

"[...] o conjunto de poderes

jurídicos destinados a

promover a satisfação

de interesses essenciais,

relacionados com a

promoção de direitos

fundamentais, cujo

desempenho exige uma

organização estável e

permanente e que se faz

sob o regime jurídico

infralegal e submetido ao

controle jurisdicional."Disso extrai-se que é função do

1- JUSTEN FILHO, Marçal. Curso de Direito Administrativo. São Paulo: Saraiva, 2005, p. 29.

Estado garantir o atendimento

aos direitos básicos da

população, previstos no art. 6º

da Constituição Federal, dentre

os quais o direito à moradia

digna, à saúde e à segurança.

Assim, resta clara a obrigação

do Estado, no cumprimento

de sua função administrativa,

agir preventivamente, a fim de

evitar a ocorrência de enchentes

e alagamentos, seja por meio

da construção de piscinões,

alargamento e desassoreamento

de rios e córregos e outras obras

de contenção das águas, seja

mantendo limpos e adequados

bueiros e galerias pluviais.

Em que pese em regra a

Responsabilidade Civil do

Estado seja objetiva, ou seja,

independente de culpa do

agente, conforme previsto no

art. 37, §6º da Constituição

Federal, no presente caso, por

se tratar de conduta omissiva,

ou seja, proveniente da ausência

de ação esperada do Estado, esta

regra não é aplicável.

Neste sentido, Celso Antonio

Bandeira de Mello2 ensina que:

25 • Informativo Jurídico

Page 27: A capa da edição de maio, do Informativo Jurídico, trata ...€¦ · 843, §1º, do Novo CPC: Informativo Jurídico • 06 Art. 843. Tratando-se de penhora de bem indivisível,

PÚBLICO

"Quando o dano foi

possível em decorrência

de uma omissão do Estado

(o serviço não funcionou,

funcionou tardia ou

ineficientemente) é de

aplicar-se a teoria da

responsabilidade subjetiva.

Com efeito, se o Estado não

agiu, não pode logicamente,

ser ele o autor do dano. E,

se não foi o autor, só cabe

responsabilizá-lo caso

esteja obrigado a impedir

o dano. Isto é: só faz

sentido responsabilizá-lo

se descumpriu dever legal

que lhe impunha obstar ao

evento lesivo."

Segue o professor ensinando que3:

"Os acontecimentos

suscetíveis de acarretar

responsabilidade estatal

por omissão ou atuação

insuficiente são os

seguintes:

Fato da natureza a cuja

lesividade o Poder Público

não obstou, embora

devesse fazê-lo. Sirva de

exemplo o alagamento de

casas ou depósitos por

força do empoçamento

de águas pluviais que não

escoaram por omissão do

Poder Público em limpar

bueiros e galerias que lhes

teriam dado vazão [...]. "

Nesta mesma toada, é o

entendimento do Marçal Justen

Filho4:

"Nesse caso, a

responsabilização apenas

surgirá se houver omissão

juridicamente reprovável,

consistente na infração a um

dever de diligência. Assim,

por exemplo, o Estado

pode ser responsabilizado

quanto deixar de limpar

galerias pluviais, daí

derivando inundação das

vias públicas e prejuízos a

terceiros."

Assim, temos que em casos de

enchentes, por ter o Estado o

dever de agir para obstar a sua

ocorrência, seja por meio de

obras públicas ou da simples

Informativo Jurídico • 26

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PÚBLICO

limpeza e adequação das

tubulações que escoam as águas

pluviais, ao não as realizar, o

Estado está cometendo ato ilícito

(art. 186 do Código Civil), o que

nos termos do art. 927 do Código

Civil gera o dever de indenizar.

Nesse sentido vem se

posicionando a Jurisprudência

sobre a questão, no sentido de

ser passível a indenização por

danos materiais decorrentes de

inundações e enchentes quando

decorrentes de omissão do

Estado, senão vejamos:

"[...] 4. Em casos de

inundações ou enchentes

a responsabilidade

do Estado consiste na

omissão administrativa na

realização de obras

necessárias à prevenção,

diminuição ou atenuação

dos efeitos decorrentes

das enchentes de águas

públicas, ainda que

verificadas fortes e

contínuas chuvas. 5.

Não se pode cogitar da

existência de força maior

quando, por exemplo,

ocorram inundações na

cidade, previsíveis e

que demandariam obras

de infra-estrutura não

realizadas. 6. Demonstrada

a ocorrência do evento

danoso e do nexo causal

entre o dano e a conduta

omissiva do demandado,

afigura-se inegável a

obrigação de indenizar.

7. A verba compensatória

dos danos morais não se

destina a indenizar o que

não é indenizável, mas a

fornecer meios que possam

contrapesar o sofrimento.

Todavia, assim como não

pode servir como fonte

de enriquecimento ilícito

do ofendido, também

não pode se transformar

em algo inexpressivo

ou insignificante para

o ofensor, a ponto de

compensar a prática de

novas infrações. Sentença

mantida. Agravo retido

não provido. Reexame

necessário, considerado

interposto, não acolhido.

Recurso não provido.

(TJSP; Apelação

Cível 9065166-

84.2004.8.26.0000; Relator

(a): Décio Notarangeli;

Órgão Julgador: 9ª Câmara

de Direito Público; Foro de

Piedade - 1. VARA CIVEL;

Data do Julgamento:

29/06/2011; Data de

Registro: 29/06/2011)"

Assim, conclui-se que serão

indenizáveis os danos

decorrentes de inundações

e enchentes, desde que se

demonstre que o Poder Público

não agiu corretamente para

preveni-las, cabendo aos

prejudicados a demonstração

do efetivo dano em ação a

ser proposta em face do ente

público responsável. ■

2- MELLO, Celso Antonio Bandeira. Curso de Direito Administrativo.

32 Edição. São Paulo: Malheiros Editores, 2015, p. 1041.

3- Ibidem, p. 1045-1046

4- JUSTEN FILHO, Marçal. Op. cit., 2005, p. 29.

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