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1 A Capacidade de Gestão dos Stakeholders e a Relação com o Desempenho das Cooperativas do Brasil Autoria: Yeda Maria Pereira Pavão, Carlos Ricardo Rossetto Resumo O objetivo deste estudo é relacionar a capacidade de gestão dos stakeholders (CGS) de Freeman (1984), e o desempenho (econômico-financeiro e socioambiental) de Oliveira Jr. (1991), Agle, Mitchell e Sonnenfeld (1999) a partir da percepção dos dirigentes de cooperativas do Brasil. Quanto à natureza da pesquisa, optou-se pela abordagem quantitativa e coleta de dados survey, com caráter descritivo e explanatório. A modelagem de equações estruturais foi utilizada como aplicativo para analisar os dados. Os testes revelaram que a relação entre a CGS com o desempenho socioambiental e o econômico-financeiro suportaram as hipóteses, validando o modelo conceitual proposto.

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A Capacidade de Gestão dos Stakeholders e a Relação com o Desempenho das Cooperativas do Brasil

Autoria: Yeda Maria Pereira Pavão, Carlos Ricardo Rossetto

Resumo O objetivo deste estudo é relacionar a capacidade de gestão dos stakeholders (CGS) de Freeman (1984), e o desempenho (econômico-financeiro e socioambiental) de Oliveira Jr. (1991), Agle, Mitchell e Sonnenfeld (1999) a partir da percepção dos dirigentes de cooperativas do Brasil. Quanto à natureza da pesquisa, optou-se pela abordagem quantitativa e coleta de dados survey, com caráter descritivo e explanatório. A modelagem de equações estruturais foi utilizada como aplicativo para analisar os dados. Os testes revelaram que a relação entre a CGS com o desempenho socioambiental e o econômico-financeiro suportaram as hipóteses, validando o modelo conceitual proposto.

 

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INTRODUÇÃO Verifica-se que os autores, criam, recriam e ampliam denominações para seus

construtos sob variadas formas. O apelo científico sobre compreender a organização e seu ambiente também se encontra às pessoas tratadas conjuntamente no âmbito das organizações, e as implicações de suas ações, também serviram de inspiração para distintos autores.

Sob esse enfoque, destaca-se neste artigo os estudos de R. Edward Freeman realizados em 1984, ano em que efetivamente lançou a obra Strategic Management: Stakeholder approach, na qual definiu o termo stakeholder, como sendo qualquer grupo ou indivíduo que pode afetar ou ser afetado pelo cumprimento do objetivo de uma corporação em que inclui funcionários, clientes, governo, fornecedores, acionistas, bancos, ambientalistas, e outros grupos que poderão ajudar ou prejudicar a empresa (FREEMAN, 1984). Contudo, o autor credita a idéia sobre o assunto, para Adam Smith (1759), Berle e Means (1932) e a Barnard (1938), e quanto ao uso do termo stakeholder, à Stanford Research Institute (1963) utilizado em um memorando. Há ainda que se mencionar que os estudos organizacionais, também tem se dedicado, além de estudar as relações entre os acionistas, funcionários, consumidores, fornecedores, ao ambiente onde a organização se insere. E sob esse prisma, existem trabalhos, como por exemplo, os que foram desenvolvidos por Castrogiovanni (1991) e Rueda-Manzanares, Aragón-Correa e Sharma (2007) ao analisarem aspectos relacionados aos conflitos existentes entre os stakeholders e a organização, e a capacidade do gerenciamento dessas pressões. Esses autores questionaram especificamente como as características do ambiente geral de negócios moderam o relacionamento entre a capacidade organizacional de integração dos stakeholders e as estratégias ambientais corporativas. Neste sentido, o objetivo deste estudo enseja relacionar a capacidade de gestão dos stakeholders (CGS) e o desempenho (econômico-financeiro e socioambiental) a partir da percepção dos dirigentes de cooperativas do Brasil. Para tanto, pretende-se responder: Qual é a relação entre a capacidade de gestão dos stakeholders e o desempenho (econômico financeiro e socioambiental) a partir da percepção dos dirigentes de cooperativas do Brasil? Essa pretensão é justificada ao observar que, diante das transformações econômicas das últimas décadas, estão às mudanças nas organizações empresariais e em outros segmentos organizacionais, em que se incluem as cooperativas (objeto deste estudo). Percebe-se também, que existem idiossincrasias e heterogeneidade no meio da literatura que envolve estudos dessa natureza. Logo, as cooperativas também se deparam com um quadro extremamente mutável tanto quanto as outras organizações de outros setores. Embora as cooperativas tenham evoluído e otimizado suas ações administrativas no decorrer de sua história, ainda enfrentam desafios em sua gestão para garantirem a sua sobrevivência e alcançarem a vantagem competitiva no ambiente em que atuam. Cabe ressaltar que o objeto do estudo a ser estudado incluiu todas as cooperativas do Brasil. Portanto, as principais vertentes temáticas identificadas para este trabalho, e que fazem parte do arcabouço teórico necessário para sua fundamentação, estão calcadas na: capacidade de gestão dos stakeholders e no desempenho.

Assim, ao revisar e sintetizar os achados na literatura acadêmica sobre stakeholders, e direcioná-la para capacidade de gestão dos stakeholders, e desempenho, a finalidade também foi criar o marco teórico que servirá como base para as conclusões que se pretende obter. Assim, tem-se neste estudo o objetivo de apresentar a construção do modelo que sustentará a aplicabilidade futura para testar a relação entre capacidade de gestão dos stakeholders (CGS), o desempenho econômico financeiro (DEF) e o desempenho socioambiental (DSA).

Nesse ínterim, a investigação especificamente será desenvolvida a partir do que o próprio Freeman (1984) descreve que o propósito foi explicar o framework e a filosofia da gestão dos stakeholders em termos gerais, ou ainda, sobre os três níveis de análise que deverão ser utilizados para a compreensão dos processos que uma organização precisa para o gerenciamento dos seus stakeholders (racional, processo e transacional); e Oliveira Junior

 

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(1991) e Agle, Mitchell e Sonnenfeld (1999) para estudar o desempenho econômico-financeiro e socioambiental das cooperativas do Brasil. A mensuração do desempenho organizacional obteve respaldo nos estudos de Oliveira (1991), a partir da descrição sobre a eficiência empresarial de empresas cooperativas. Os estudos de Agle, Mitchell, Sonnenfeld (1999) e Roberto e Serrano (2007) relacionaram os stakeholders ao desempenho socioambiental e socioeconômico.

Logo, apresenta-se a seguir, além deste item, o aporte teórico necessário para essa compreensão, além de evidenciar os stakeholders e o ambiente organizacional das cooperativas, a partir dos autores precursores sobre os respectivos assuntos. E, no próximo item consta a descrição do método e procedimentos da pesquisa, os resultados e análise da mensuração. Por último, apresentam-se as considerações finais do trabalho, assim como as recomendações que poderão ser realizadas em outras pesquisas. TEORIA DOS STAKEHOLDERS

Desde a sua criação a teoria dos stakeholders possui em sua configuração a base conceitual dos estudos seminais de Freeman (1984). Como definição primária dada a stakeholder pelo autor, e reconhecida como clássica tem-se que o individuo ou grupo de indivíduos podem afetar ou ser afetados pelos objetivos propostos pela organização. Esse autor incluiu nesse grupo os funcionários, clientes, fornecedores, acionistas (shareholders ou stockholders), bancos, ambientalistas, governo e outros grupos que podem ajudar ou não a empresa. O mesmo autor complementa que esse conceito fornece maneiras de pensar sobre a gestão estratégica, como uma empresa pode e deve definir e implementar a gestão com vistas ao sucesso (FREEMAN, 1984). Freeman (1984) ressalta que a própria palavra "stakeholder" surgiu pela primeira vez na literatura de gestão em um memorando interno da Stanford Research Institute (SRI) em 1963. O autor relata que o termo foi criado para generalizar a noção de acionista como o único grupo, a quem a gestão precisa ser sensível. Dessa forma, o conceito de stakeholders foi inicialmente definido como "aqueles grupos sem cujo apoio a organização deixaria de existir”. Para ele, a lista dos stakeholders incluía originalmente acionistas, empregados, clientes, fornecedores, credores e sociedade. Contudo, Freeman (1984) destaca que a idéia sobre stakeholders foi concebida a partir de Adam Smith (1759), Berle e Means (1932) e Barnard (1938). Adicionalmente, Eiró-Gomes e Duarte (s/d) acerca da origem etimológica para stakeholders referem-se a: “aqueles que possuem uma influência ou um interesse em face de organização (to have a stake)”. Os autores acrescentam que à medida que esses stakeholders reconhecem um problema tendem a aumentar o grau de envolvimento, se dispondo a agirem, ou ainda: “para fazer face a esse problema, então eles passam para um estado de Públicos, no qual podem permanecer durante mais ou menos tempo” ( EIRÓ-GOMES; DUARTE, S/D, p. 455). Desde então, pesquisas tem se dedicado ao estudo de administração das organizações e suas relações com os stakeholders, ou ainda, identificá-los, com base no mapeamento específico modelado por Freeman (1984). A relação entre as características dos indivíduos ou grupos de indivíduos que afetam ou são afetados pelas ações da organização e sua capacidade de gestão (FREEMAN, 1984), se faz presente no ambiente organizacional em que as organizações se inserem, ou ainda, seu ambiente externo, com suas incertezas, instabilidades e recursos (DESS; BEARD, 1984). Dessa forma, os seus representantes procuram a partir de um conjunto de competências essenciais (PRAHALAD; HAMEL, 1991) gerar diferencial competitivo para a organização, e alcançar o desempenho (NEELY, 1999). Freeman (1984) em seu cômputo teórico oferece junção que contribuirá com este estudo, ao apresentar que as organizações com alta capacidade de gestão dos stakeholders projetam e implementam processos de comunicação com múltiplos stakeholders, evidencia sobre o ato de negociação, suas implicações e formas de aplicação.

 

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Notadamente no século XX a teoria dos stakeholders continuou sendo foco de estudos (SAVAGE et al., 1991; DONALDSON; PRESTON, 1995; GREENLEY; FOXALL, 1997; MITCHELL; AGLE; WOOD, 1997; AGLE; MITCHELL; SONNENFELD, 1999), assim como no século XXI (PHILLIPS; FREEMAN; WICKS, 2003; VELAMURI; VENKATARAMAN, 2005; AGLE et al., 2008; DUESING, 2009, dentre outros) sempre recorrem ao precursor Freeman (1984) como base analítica, conforme arrolados na sequência. Savage et al. (1991) explicam que muitas vezes no gerenciamento dos stakeholders, os seus interesses são ignorados, e portanto, o seu potencial de cooperação poderá ser negligenciado ou não considerado. Outra visão sobre stakeholders também aparece no contexto da literatura e promoveram novos debates conceituais e contextuais de forma crítica e reflexiva. Como na pesquisa elaborada por Donaldson e Preston (1995). Os autores analisaram a teoria sobre stakeholders sob três aspectos: (i) teoria-descritiva/empírica relacionada ao que é a corporação; (ii) a instrumental associa ao estabelecimento de um quadro para examinar as conexões que houver, entre a prática da gestão de stakeholders e a realização do objetivo com o desempenho das empresas; (iii) a normativa serve como base fundamental para a teoria. Os autores ainda contribuem com esta investigação ao provocarem, de forma crítica, a seguinte reflexão: “Porque alguém iria aceitar a teoria dos stakeholders sobre concepções alternativas para a corporação?” (DONALDSON; PRESTON, 1995, p.66). A abordagem sobre a teoria instrumental dos stakeholders tratada por Donaldson e Preston (1995) foi replicada empiricamente no contexto brasileiro por Marcon, Bandeira-de-Mello e Alberton (2008). O trabalho escrito por esses autores fornece importante contribuição a esta tese, por reforçar a relevância da teoria instrumental dos stakeholders no contexto do Brasil, especificamente por tratarem em seu ínterim sobre a gestão dos stakeholders. Os autores enfatizam que: “a gestão dos stakeholders é freqüentemente apontada como um fator crítico de sucesso. Contudo, a verificação empírica dessa causalidade é escassa na literatura brasileira” (MARCON; BANDEIRA-DE-MELLO; ALBERTON, 2008, p.290). Os autores esclarecem ainda, que a pesquisa que desenvolveram com base nos preceitos de Donaldson e Preston (1995), não encontrou evidências empíricas em ambientes turbulentos. O que instiga a evoluir e aprofundar a revisão e análise pretendida neste estudo. Mitchell, Agle, e Wood (1997); Greenley e Foxall (1997); Frooman (1999), dentre os preceitos e adaptações desenvolvidos, construíram outros modelos analíticos para o âmbito das organizações no intuito de compreenderem o relacionamento e a necessidade de integração com os seus stakeholders. O trabalho sobre stakeholders também fez parte da discussão que Greenley e Foxall (1997) elencaram em seus estudos sobre os aspectos direcionados aos interesses dos múltiplos stakeholders, e a falta de evidências empíricas sobre associação entre a orientação para os interesses de múltiplos stakeholders, o desempenho e os efeitos ambientais. Dessa maneira, esses autores contribuem com este estudo pelo direcionamento dado aos stakeholders e ao tratamento analítico. Esses autores direcionaram sua pesquisa de forma empírica em empresas do Reino Unido ao que classificaram como cinco principais grupos de stakeholders: os concorrentes, consumidores, colaboradores, acionistas e sindicatos. As hipóteses testadas pelos autores referem-se a dois grupos: (a) orientação para os stakeholders e o desempenho; (b) e moderadores externos - ambiente turbulento e crescimento de vendas. Contudo, tal pesquisa, difere-se desta tese, no âmbito territorial, tamanho da amostra, variáveis, objetivos e forma de aplicação, além principalmente as relações estabelecidas nesta pesquisa como: Capacidade de Gestão dos Stakeholders (com seis indicadores específicos), a dimensão do ambiente (com três indicadores específicos) e o desempenho organizacional (cinco indicadores). Contudo, outras visões sobre a teoria dos stakeholders continuaram a ser desenvolvidas por autores como

Assim como, Buysse e Verbeke (2003) ao ressaltarem que nem todos os stakeholders são igualmente importantes para as organizações quando da elaboração de estratégias

 

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ambientais. Os autores revelam ainda sobre a necessidade da articulação entre as estratégias ambientais e o gerenciamento dos stakeholders. Dentre as conexões determinadas para stakeholders está o relacionamento entre eles, e confirmado nos estudos de Rueda-Manzanares, Arágon-Correa e Sharma (2008) que também constataram em sua pesquisa que a capacidade de integração dos stakeholders apresentou efeitos positivos aos interesses estratégicos. Os autores apresentam em seu construto, ponderações relevantes que dizem respeito ao estado atual e futuro acerca da teoria dos stakeholders. Estes autores provocam discussão mais ampla sobre a gestão dos stakeholders sob o olhar não voltado apenas para as organizações, mas em como elas gerenciam seus stakeholders e como estabelecem o relacionamento entre eles.

A CAPACIDADE DE GESTAO DOS STAKEHOLDERS (CGS) A junção dos termos capacidade, gestão e stakeholders foi obtida na clássica obra de

Freeman (1984). Nessa obra, o autor apresenta a capacidade de gestão dos stakeholder, e que a explica como sendo um conceito referente à necessidade de uma organização em gerenciar o relacionamento com seus grupos de interesse específicos, de uma forma orientada para a ação. Para Freeman (1984) é possível definir a capacidade de gerenciar seus stakeholders na organização em termos de habilidade de ajuste de três níveis de análise: racional (mapa), processo e transacional. O autor argumenta que uma organização que entende e implementa essas relações e equilibra os interesses dos stakeholders para alcançar o propósito da organização, possui alta capacidade de gestão dos stakeholders. Essa vertente foi seguida por alguns autores, entre eles Fryxell e Wang (1994); Elias; Cavana; Jackson (2002); Zakhem (2008); Wickham; Wong (2009) descritos na sequência.No entanto, o autor chama a atenção para que tais proposições possam ser entendidas como preliminares de uma teoria que necessita de mais elaboração, e espera que poderão ser sugestões práticas para uma boa gestão. Sob esse parâmetro, Freeman (1984) sugere sete proposições prescritivas e descritas, com base em suas exemplificações: (a) processo de comunicação; (b) negociação com os stakeholders; (c) marketing; (d) formulação da estratégia; (e) pró-atividade; (f) recursos; e (g) stakeholder-serving. Neste trabalho, o termo proposições ou técnicas gerenciais foi tratado como sendo as dimensões que compõem o construto da capacidade de gestão dos stakeholders (CGS). Acerca dessas proposições, Freeman enseja que sejam consideradas declarações preliminares de uma teoria que precisa de maior elaboração. Diante dessa afirmação, embora elaborada em 1984, foi apresentada por Freeman, Harrison e Wicks novamente em 2007. Nessa retomada, os autores associaram a CGS com as rotinas/atividades da empresa (Business Processes and Capabilities) e a preocupação com a criação de valores para os stakeholders. METODOLOGIA E HIPÓTESES DE PESQUISA

Os procedimentos da pesquisa foram pautados mediante coleta de dados a partir de levantamento ou pesquisa survey. Quanto à temporalidade, este estudo se caracterizou como avaliação de corte transversal (HAIR JR. et al., 2009). Referente aos objetivos, o estudo possui caráter explanatório, quantitativo e descritivo. A coleta ocorreu a partir aplicação de questionário fechado, com intuito de obter as informações necessárias dos dirigentes das cooperativas, por entender que esses possuem a responsabilidade final das decisões estratégicas das mesmas. Para a mensuração, foi utilizado escala do tipo likert de seis pontos, sendo o grau 1 para a opção discordo totalmente e, 6 concordo totalmente. Quanto à validação do conteúdo do questionário, foi feita por três organizações selecionadas pela disponibilidade em participar do processo de pesquisa e pela acessibilidade: Organização das Cooperativas do Paraná (OCEPAR) - Superintendente Adjunto; Coamo Agroindustrial Cooperativa - Superintendente Administrativo; e Coagru Cooperativa Agroindustrial União - Gerente Industrial.

 

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Para a capacidade de gestão dos stakeholders foi utilizada a classificação desenvolvida por Freeman (1984), a partir das sete dimensões, pelas similitudes entre algumas (i.e. comunicação/negociação e formulação estratégica/marketing). Entretanto, optou-se por trabalhar com apenas cinco, quais sejam: comunicação, formulação estratégica, proatividade, recursos e stakeholder serving – todas as cinco dimensões mensuradas tiveram como eixo norteador a satisfação dos stakeholders. O desempenho organizacional foi segmentado em desempenho socioambiental e econômico-financeiro, e mensurados a partir dos seguintes indicadores: (a) socioambiental (DSA) - medido a partir dos indicadores referentes as relações com os empregados, inovações e segurança nos produtos, proteção do meio ambiente, relações com a comunidade. E estes foram utilizados nos estudos de Oliveira Jr.(1991); Agle, Mitchell e Sonnenfeld (1999); Roberto e Serrano (2007) para medirem o desempenho socioambiental; (b) econômico-financeiro (DEF): foi constituído a partir dos indicadores referentes à capacidade de autofinanciamento, endividamento total, crescimento das vendas, retorno dos investimentos, desempenho dos produtos/negócios. Esses indicadores comumente utilizados em estudos de estratégia, para medir o desempenho econômico-financeiro foram detectados nos trabalhos de Venkatraman e Ramanujam (1986); Oliveira Jr. (1991). Inicialmente, ao desenvolver a análise das 197 respostas coletadas no SurveyMonkey, identificou-e que 6,09% foram respondidas em duplicidade, reduzindo para 185 o número de respondentes. Observou-se também que 14 cooperativas não responderam as questões (dados ausentes). A decisão de exclusão dessas questões foi amparada pela relevância no processo analítico que compõe a mensuração necessária para este estudo. Logo, o total final considerado foi de 171 questionários tratados estatisticamente, ou seja, o equivalente a 86,80% dos respondentes coletados foram validados para este estudo. Kline (2005) sugere que amostras entre 100 e 200 sejam consideradas médias, menores que 100 são pequenas, e maiores que 200, grandes. À operacionalização dos dados, foi aplicada análise estatística multivariada de medidas de assimetria e curtose (medidas empíricas) para identificar as variáveis com significância de normalidade (FAVERO, et al., 2009; HAIR JR. et al., 2009).

Para o uso da modelagem de equações estruturais houve a necessidade da elaboração de etapas básicas e distintas, formadas pela aplicação da análise fatorial exploratória e confirmatória: (a) aplicação da análise fatorial exploratória (AFE) serviu para identificar a unidimensionalidade de cada construto relacionado à capacidade de gestão dos stakeholders (CGS), desempenho socioambiental e econômico-financeiro; avaliar as cargas fatoriais > [0,7] e carga fatorial, 2 = comunalidade > = 0,50; (b) aplicação da análise fatorial exploratória (AFE) nos indicadores dos respectivos construtos da comunicação, formulação estratégica, proatividade, recursos e stakeholder-serving da capacidade de gestão dos stakeholders; e do desempenho (socioambiental e econômico-financeiro), com o propósito de ao reduzir, identificar quais são os fatores ou construtos latentes; (c) aplicação da análise fatorial confirmatória (AFC) que compõe as dimensões de cada construto, cujo objetivo culmina no modelo de mensuração deste estudo. Os valores considerados para determinar a assimetria (medida da simetria de uma distribuição são relativos a valores assimétricos fora dos intervalos de -1 a +1) e a curtose (medida de elevação ou achatamento de uma distribuição se considerada a distribuição normal - valor positivo representa uma distribuição elevada e o negativo uma distribuição achatada) são respaldados por HAIR et al. (2009). Para a análise fatorial (AF) foram estudadas as relações entre as variáveis observáveis da capacidade de gestão dos stakeholders e desempenho. A AFE ocorreu inicialmente com 65 variáveis (ou fatores) que compõem os construtos, e após o processo operacional permaneceram 40. Essas variáveis restantes passaram pela fase analítica (KMO, MSA, Bartlett, Alfa de Cronbach) e, após todos os testes estatísticos, alcançaram a aceitação e significâncias recomendadas (>0,30,>0,50,>0,70).

 

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Nesse sentido houve a construção das variáveis, suas inter-relações e como foram medidas e estão subdividas em duas variáveis latentes com seus respectivos indicadores observáveis: (a) capacidade de gestão dos stakeholders; e (b) desempenho (socioambiental e econômico-financeiro). A mensuração dos construtos, descrita na sequência, forma a variável independente e dependente. A Variável Independente: Capacidade de Gestão dos Stakeholders (CGS), está representada no Quadro 1 e evidencia a descrição analítica para cada uma das dimensões do construto CGS, com base nos preceitos de Freeman (1984).

Quadro 1 - Descrição analítica para a CGS.

Construto CGS Descrição analítica Processo de comunicação (COM1 a COM7)

Meios utilizados para efetivar a comunicação com múltiplos stakeholders (formais e informais).

Formulação da estratégia (FE1 a FE9)

Formulação estratégica para definir estratégias de como servir aos stakeholders.

Proatividade (PROA1 a PROA4)

As preocupações pertinentes ao atendimento dos stakeholders são antecipadas.

Recursos (REC1 a REC8) Alocação, combinação, e o uso dos recursos internos e externos de forma convergente com as preocupações dos stakeholders.

Stakeholder-Serving (SS1 a SS6)

Serviços prestados aos stakeholders.

Fonte: Elaborado pela autora.

A variável dependente (desempenho) foi dividida em duas variáveis, desempenho socioambiental (DSA1 a DSA6) e desempenho econômico-financeiro (DEF1 a DEF6). Esta variável foi mensurada com base no conjunto de fatores elaborados e conceituados por Oliveira Jr. (1991), Agle, Mitchell, Sonnenfeld (1999), e Roberto e Serrano (2007). O Quadro 2 demonstra a descrição analítica do construto do desempenho socioambiental e econômico-financeiro.

Quadro 2 - Descrição analítica para o DSA e DEF

Construto DSA e DEF

Descrição analítica Autor (es)

Socioambiental Relações com os empregados, inovações e segurança nos produtos, proteção do meio ambiente, relações com a comunidade.

Oliveira Junior (1991) Agle,

Mitchell, Sonnenfeld (1999), e Roberto e

Serrano (2007). Econômico-financeiro

Capacidade de autofinanciamento, endividamento total, crescimento das vendas, retorno dos investimentos, desempenho dos produtos/negócios.

Fonte: Elaborado pela autora a partir das concepções dos autores referenciados nesse Quadro.

No intuito de contextualizar as cooperativas, como objeto deste estudo. Inicialmente há que se esclarecer o significado epistêmico que a envolve. Assim, em uma definição histórico cultural, contempla o resgate do associativismo e do cooperativismo destacado por Silveira e Silva (2011, p.1) quando analogamente o fazem a partir da passagem bíblica Atos dos Apostólos II – versículos (Novo Testamento, 1995 p.234) : “[...] 42 - E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações”. E “[...] 44 Todos os fiéis viviam unidos e tinham tudo em comum -. 45 Vendiam as suas propriedades e os seus bens, e dividiam-nos por todos, segundo a necessidade de cada um [...]” (BÍBLIA, 2012). A Organização das Cooperativas do Brasil (OCB, 2012) define cooperativa como uma associação autônoma de pessoas que se unem, de forma voluntária, para satisfazer aspirações e necessidades econômicas, sociais e culturais comuns, por meio de uma empresa de propriedade coletiva e democraticamente gerida, cujos valores estão respaldados na ajuda mútua, responsabilidade, democracia, igualdade, equidade e solidariedade. Na tradição dos seus fundadores, os membros das cooperativas acreditam nos valores éticos da honestidade,

 

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transparência, responsabilidade social e preocupação pelo seu semelhante. Dessa forma, autores (e.g. OLIVEIRA JUNIOR, 1991; CARVALHO, BIALOSKORSKI, 2008; MEURER; MARCON, 2005; GIMENES; GIMENES, 2006) defendem a importância do uso de indicadores para mensurar o desempenho especificamente de cooperativas. Como exemplo de tal necessidade, a figura da movimentação econômico-financeira das cooperativas apresentada pela OCB (2010). Frooman (2002) de forma análoga se remete a teoria do movimento social sob a perspectiva do interesse social (instrumental) e perspectiva da identidade social (experencial). Intenta-se que a principal referência encontrada pelo autor para definir o movimento social é fornecida por Tarrow (1994) que promulga que o desafio coletivo pelas pessoas com propósitos comuns e solidariedade na interação sustentada com elites, oponentes e autoridades. Sob esse ínterim, foram formuladas duas hipóteses neste estudo: H1a: A capacidade de gestão dos stakeholders afeta positivamente o desempenho socioambiental das cooperativas brasileiras e H1b: A capacidade de gestão dos stakeholders afeta positivamente o desempenho-econômico-financeiro das cooperativas brasileiras.

4. Apresentação e Análise dos Dados Inicialmente são apresentados os resultados da assimetria e curtose para as variáveis

observáveis dos construtos da capacidade de gestão dos stakeholders, e desempenho (socioambiental e econômico-financeiro). Cada construto foi tratado sob os parâmetros da estatística descritiva relativos à média, desvio padrão, medidas de assimetria e curtose, normalidade, unidimensionalidade, análise fatorial exploratória e confirmatória.

O construto (CGS) apresentou anormalidade apenas na assimetria e curtose para o indicador COM7 (-5,605) e (42,352), utilizados para medir a comunicação, assim como na assimetria do indicador REC3 (-2,101), para medir recursos. Carvalho (2011, p. 97) a partir da afirmação feita por Finney e DiStefano (2006), acentua que normalmente os dados que possuírem os “[...] coeficientes de até 2 de assimetria e de até 7 de curtose podem ser considerados quase normais”. Enquanto que para Hair Jr. et al. (2009) o coeficiente não normal para curtose é acima de 9. Isto significa dizer que, esse construto apresentou normalidade em praticamente todos os indicadores, exceto os já mencionados. Esse resultado revelou que o uso dessas duas medidas de mensuração foi satisfatório ao que se propõem neste estudo, por atenderem a sua prerrogativa principal que é avaliar a normalidade da distribuição (CARVALHO, 2011). O resultado obtido para o desempenho socioambinetal e econômico financeiro, também pode ser considerado com distribuição normal, por não apresentar assimetria acima de 2 e nem de curtose superior a 7. Com isso, diante dos resultados obtidos com a assimetria e a curtose para os construtos mensurados, pode-se dizer que os indicadores que os compõem possuem distribuição normal. Esse fato é um pressuposto padrão em modelagem de equações estruturais (MEE), conforme Carvalho (2011).

Sob esse foco analítico foi aplicado inicialmente a análise fatorial, no intuito de reduzir os fatores que fossem inferiores ao coeficiente indicado acima de 0,5 (HAIR JR., et al., 2009) para melhorar a interpretação dos dados. Sob esse foco analítico, foi aplicada inicialmente a análise fatorial no intuito de reduzir os fatores que fossem inferiores ao coeficiente indicado e melhorar a interpretação dos dados. Os resultados mostram que não houve correlação negativa entre os indicadores de cada dimensão do construto CGS. Neste sentido, quando da realização do teste de comunalidade observa-se que os fatores que não estão adequados para representar a dimensão comunicação são COM1, COM3, COM4 E COM7. Em contra partida, os fatores COM2, COM5 E COM6 foram adequados para medi-la. A formulação estratégica indica 9,75% de variância em relação ao total encontrado nas cinco dimensões, sendo que para esta dimensão o fator FE9, com comunalidade 0,423 < 0,50 indica

 

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que este fator não é adequado para explicar esta dimensão, e que os demais indicadores (FE1 a FE8) apresentaram valores de comunalidade significativa a dimensão.

A proatividade apresenta todos os indicadores > 0,50 o que revela que a comunalidade nesta dimensão está totalmente adequada ao construto. A dimensão recursos apresentou dois indicadores (REC2 = 0,473; REC5 = 0,483) com coeficientes menores que 0,50. A dimensão Stakeholder-serving, apresentou dois indicadores (SS1 = 0,261 e SS3 = 0,470) com coeficientes menores que 0,50. O que significa que explicam menos de 50% de sua variância, quando Hair Jr. et al. (2009) consideram que como regra geral, somente indicadores acima de 0,50 sejam mantidos no modelo. Quanto à adequação da amostra (MSA) pode-se concluir que todos os indicadores estão adequados. Em relação à carga fatorial, a maioria apresentou valores ideais e aceitáveis, com exceção dos indicadores REC7 (0,450) e REC8 (0,380). Para o índice Alfa de Cronbach, todos os indicadores desse conjunto de dimensões da capacidade de gestão dos stakeholders, aparecem com limites superiores a 0,70, o que significa que possuem intensidade de associação que varia entre boa (0,7 a <0,8) a excelente (<0,9) (HAIR JR. et al., 2005). Os resultados alcançados com a comunalidade, MSA, carga no fator 1 e Alfa de Cronbach, demonstraram que dos 65 indicadores que compõem o modelo de mensuração do construto, apenas 9 não possuíam carga significativa, ou seja, 86,16 % dos indicadores contém carga fatorial adequada. A Tabela 1 apresenta o teste de Adequação da escala das dimensões Comunicação, Formulação Estratégica, Proatividade, Recursos, Stakeholder-Serving após remoção dos indicadores com baixa comunalidade. A análise fatorial foi refeita conforme os índices apresentados com os resultados dos testes de Kaiser-Meyer-Olkin e teste de Bartlett´s.

Tabela 1 - Teste de adequação da escala das dimensões comunicação, formulação estratégica, proatividade, recursos, stakeholder-serving após exclusão dos indicadores recomendados na comunalidade

Medida de KMO e teste de Bartlett´s (Comunicação) Medida de adequação da amostra de Kaiser-Meyer-Olkin ,653Teste de esfericidade de Bartlett´s Qui quadrado aproximado 116,120

GL 3Sig ,000

Medida de KMO e teste de Bartlett´s (Formulação Estratégica) Medida de adequação da amostra de Kaiser-Meyer-Olkin ,896Teste de esfericidade de Bartlett´s Qui quadrado aproximado 832,752

GL 28Sig ,000

Medida de KMO e teste de Bartlett´s (Proatividade) Medida de adequação da amostra de Kaiser-Meyer-Olkin ,806Teste de esfericidade de Bartlett´s Qui quadrado aproximado 275,119

GL 6Sig ,000

Medida de KMO e teste de Bartlett´s (Recursos) Medida de adequação da amostra de Kaiser-Meyer-Olkin ,736Teste de esfericidade de Bartlett´s Qui quadrado aproximado 218,887

GL 6Sig ,000

Medida de KMO e teste de Bartlett´s (Stakeholder-Serving)

Medida de adequação da amostra de Kaiser-Meyer-Olkin ,780Teste de esfericidade de Bartlett´s Qui quadrado aproximado 272,097

GL 6Sig ,000

Fonte: Elaborado pela autora a partir do software SPSS®. (Statistical Package for the Social Sciences).

As medidas de adequação da amostra de KMO alcançaram valores de 0,653; 0,896; 0,806; 0,736 e 0780 > 0,6 para as dimensões Comunicação, Formulação Estratégica, Proatividade, Recursos, Stakeholder-Serving respectivamente. Isso indica que esses índices

 

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possuem os valores recomendados e a fatoriabilidade e interpretabilidade da matriz foram confirmados. A significância encontrada nos testes de esfericidade de Bartlett foi de 0,000 < 0,05 para todos os indicadores restantes, após as respectivas exclusões. Esse teste permite dizer que as variáveis da matriz de correlação possuem correlações significativas entre elas.

Percebe-se que houve retenção de um único fator para cada dimensão, com um autovalor maior que 1, ou seja, todos superaram o mínimo recomendado de 50%, o que evidencia que a medida é consistente, por terem conseguido explicar a variância, como pode ser observado para a dimensão da comunicação com 1,961 com o critério de Kaiser consegue explicar 65,36% da variância. Esses resultados podem ser comparados aos encontrados por Carvalho (2011) que oscilou entre 60 e 81% e Escobar (2012) com 59 a 74%. O que denota que a variância explicada está dentro dos limites já encontrados e recomendados.

A análise fatorial confirmatória (AFC), descrita na sequência, foi elaborada a partir dos resultados encontrados com a análise fatorial exploratória, o que tornou possível a apresentação dos testes de ajuste e a identificação do modelo, a partir das variáveis exógenas (independentes), endógenas (dependentes) e seus respectivos indicadores observáveis. As variáveis exógenas ou independentes estão compostas pelas dimensões comunicação (COM1 a COM7), formulação estratégica (FE1 a FE9), proatividade (PROA1 a PROA4), recursos (REC1 a REC8) e stakeholder-serving (SS1 a SS6). Em suma, os itens a seguir, foram estruturados individualmente com suas respectivas descrições dos indicadores utilizados nas questões para medir cada dimensão, seguidos do modelo inicial e final com as cargas padronizadas e os índices de ajuste do modelo inicial e final.

A Tabela 2 apresenta os valores para o teste de adequação da escala dos construtos medidos a partir de KMO e teste de esfericidade de Bartlett´s relativas ao desempenho socioambiental e desempenho econômico-financeiro após remoção dos indicadores com baixa comunalidade. A análise fatorial foi refeita conforme os índices apresentados com os resultados dos testes de Kaiser-Meyer-Olkin (KMO) e teste de Bartlett´s. Tabela 2 - Teste de adequação da escala das dimensões desempenho socioambiental e econômico-financeiro

Medida de KMO e teste de Bartlett´s (Desempenho Socioambiental)

Medida de adequação da amostra de Kaiser-Meyer-Olkin ,677

Qui quadrado aproximado 124,110

GL 3

Teste de esfericidade de Bartlett´s

Sig ,000

Medida de KMO e teste de Bartlett´s (Desempenho Econômico-financeiro)

Medida de adequação da amostra de Kaiser-Meyer-Olkin ,823

Qui quadrado aproximado 389,518

GL 10

Teste de esfericidade de Bartlett´s

Sig ,000

Fonte: Elaborado pela autora a partir do software SPSS®. (Statistical Package for the Social Sciences).

Quanto à significância encontrada nos testes de esfericidade de Bartlett foram de 0,000 < 0,05 para todos os indicadores restantes após as respectivas exclusões. As medidas de adequação da amostra de Kaiser obtiveram valores que variaram entre 0,677 e 0,823 > 0,6, o que indica que esses índices também alcançaram os valores recomendados, e confirmados para a AFE.

As hipóteses testadas que compõem o construto da CGS para este estudo (H1) previam as seguintes afirmações: H1a: A Capacidade de Gestão dos Stakeholders afeta positivamente o desempenho socioambiental das cooperativas brasileiras e H1b: A Capacidade de Gestão

 

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dos Stakeholders afeta positivamente o desempenho econômico-financeiro das cooperativas brasileiras. Os resultados alcançados com a utilização de testes estatísticos ofereceram condições de verificar que a relação entre a capacidade de gestão dos stakeholders e o desempenho socioambiental suportou a hipótese a partir do coeficiente padronizado estimado Beta= β (β = 0,614) O coeficiente encontrado para a relação apresentada na H1b, também obteve efeito positivo a partir de β= 0,425, confirmando a hipótese. Infere-se que como esta relação não foi encontrada ou testada, estes resultados demonstraram a validação do instrumento e das técnicas utilizadas para mensurar a relação entre a CGS, DSA e DEF, comprovando ainda, que as prescrições, tratadas neste estudo como dimensões e elaboradas basilarmente por Freeman (1984) poderão ser utilizadas de forma científica, conforme resume o Quadro 3.

Quadro 3 – Resumo dos Testes de Hipóteses

Caminho estrutural ou

interação Hipóteses Coeficiente

Padronizado Relação alcançada

CGSDSA H1a A Capacidade de Gestão dos Stakeholders

afeta positivamente o desempenho socioambiental das cooperativas do Brasil.

0,614 Suporta a relação

CGSDEF H1b A Capacidade de Gestão dos Stakeholders

afeta positivamente o desempenho econômico-financeiro das cooperativas do Brasil.

0,425 Suporta a relação

Nota: Estes valores correspondem à significância do resultado do coeficiente padronizado - AMOS®. A Figura 2 representa os caminhos percorridos para que o modelo estrutural e as

estimativas de cargas da análise fatorial confirmatória melhorassem o ajuste do modelo geral. Os construtos da CGS, desempenho socioambiental, desempenho econômico-financeiro estão representados a partir das elipses, as setas com duas pontas ou curvas, representa a correlação ou covariância ( ). As setas retilíneas ( ) representam relações de dependência - variável preditora ou construto da variável dependente, indicam as relações estabelecidas de acordo com a proposição deste estudo. Os valores apresentados em cada uma das setas representam os respectivos pesos. Figura 2 - Diagrama de caminho do modelo estrutural das estimativas de cargas de CFA (alternativo-reespecificado) geral – final.

Fonte: Dados da pesquisa.

 

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CONSIDERAÇÕES FINAIS Este trabalho, ao relacionar a capacidade de gestão dos stakeholders (CGS), dimensão

do ambiente (dinâmico, complexo e munificente) e o desempenho (socioambiental e econômico-financeiro) das cooperativas do Brasil, a partir da percepção dos seus dirigentes, também buscou contribuir com a área de estratégia organizacional. Outra contribuição, diz respeito diretamente aos setores que fazem parte das organizações cooperativadas, e principalmente como seus gestores percebem sua atuação administrativa em um ambiente por vezes estável/instável, homogêneo/heterogêneo e abundante/escasso.

Esse percurso permitiu alcançar os resultados do trabalho desenvolvido, basicamente sob duas óticas. A primeira corresponde ao desafio de apresentar um modelo que validasse as relações propostas. A segunda, norteada pela teoria dos stakeholders de Freeman (1984), foi a de que, ao retomar as suas proposições, promoveu também o reconhecimento e a relevância teórica da capacidade de gestão dos stakeholders. Os relacionamentos encontrados mostram que o objetivo geral, que culminou em relacionar a capacidade de gestão dos stakeholders (CGS), o desempenho (socioambiental e econômico-financeiro), a partir da percepção dos dirigentes de cooperativas do Brasil foi alcançado pela efetivação dos resultados. Essa afirmativa converge com a descrição feita por Freeman (1984) quando ressalta que as proposições apresentadas para a CGS (comunicação, formulação estratégica, recursos, proatividade e stakeholder-serving) deverão ser entendidas como preliminares e poderão resultar em sugestões práticas para uma boa gestão. Referente ao gerenciamento dos stakeholders constatou-se que a CGS afeta positivamente o desempenho socioambiental (DSA) e econômico-financeiro (DEF) dessas organizações. Portanto, alcançou o suporte em ambas as relações com valores significativos, demonstrando que as dimensões e escalas utilizadas para medi-la foram satisfatórias, validando o modelo proposto. Essa constatação demonstra que essas organizações possuem habilidades próprias para atender e gerenciar seus stakeholders, mesmo que uma única pessoa represente papeis diferenciados, no caso o cooperado, que é basicamente, dono, fornecedor, consumidor e cliente, o que aumenta a necessidade de confiabilidade em seus gestores.

Em linhas gerais, esse trabalho oferece a possibilidade de mensuração da capacidade de gestão dos stakeholders (CGS), como habilidades intangíveis para a empresa gerenciar suas capacidades de comunicação, formulação estratégica, recursos, proatividade e stakeholder-serving; e estas, voltadas especificamente a satisfação dos seus stakeholders. Essa concepção acerca de habilidades intangíveis também foi apresentada por Rueda-Manzares (2005), porém, associada a outro construto. Notoriamente, o pesquisador, ao desenvolver seus estudos e ao tentar interagir e compreender diferentes contextos, ora se depara com resultados satisfatórios ora insatisfatórios, ou seja, resultados que poderão ser transformados em outras descobertas ou simplesmente ficarão no vácuo da ciência (sem espaço). Dentre as contribuições já apresentadas, há que se retomar dois aspectos que estão diretamente focados com o pensamento epistêmico, a saber: (a) possibilidades de contribuição com a evolução e o avanço de pesquisas sobre estudos organizacionais e a estratégia, sob o eixo principal da relação entre a capacidade de gestão dos stakeholders, a dimensão do ambiente e o desempenho organizacional; (b) Contribuição aos estudos teórico-empíricos, pela aplicação específica no contexto das cooperativas dos 13 setores da economia do Brasil (agropecuário, trabalho, crédito, transporte, saúde, educacional, habitacional, infraestrutura, produção, consumo, mineral, turismo e lazer, especial).

Nesse sentido, esta pesquisa tem sua co-responsabilidade e se inclui, de forma direta ou indireta, principalmente por colocar em discussão aspectos específicos sobre a gestão de pessoas. Sob essa ênfase, as contribuições que se creditam a este estudo envolvem aspectos teóricos e práticos da gestão das organizações. Vistos como indissociáveis, foram também, retomados, refletidos, experimentados, contrapostos e enaltecidos. Entende-se que serviram,

 

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portanto, para esclarecer como ocorre o relacionamento entre a capacidade de gestão dos stakeholders e o desempenho organizacional.

As limitações encontradas nesta pesquisa estão associadas diretamente a territorialidade, tendo em vista que o espaço geográfico agrupa culturas coletivas e individuais distintas, peculiaridades específicas no cenário ocupado pelas organizações. Acrescenta-se a isso questões metodológicas oriundas do processo de crescimento e evolução do pesquisador, assim, algumas limitações merecem destaque: (a) quanto aos diferentes setores nos quais se aplicou o questionário – as organizações cooperativadas são compostas por 13 setores da economia (agropecuário, consumo, crédito, educacional, especial, habitacional, infraestrutura, mineral, produção, saúde, trabalho, transporte, turismo e lazer). (b) perceptividade – considerando que a obtenção das respostas perpassa aspectos subjetivos da formação de seus respondentes, não se pode negar a interferência desses aspectos sob as respostas. Por essa razão, os níveis hierárquicos mais elevados foram priorizados, pelo fato de seus responsáveis possuírem maior autonomia para o processo decisório, e, pela lógica, maior compreensão do trabalho proposto; (c) generalização dos resultados da pesquisa a outras cooperativas que não responderam o questionário – esse último fator limitante corresponde à amostra resultante utilizada no tratamento e análise dos dados, ou seja, os resultados correspondem às cooperativas respondentes e participantes do processo.

Diante do exposto, considera-se que este trabalho alcançou seus objetivos ao encontrar a significância estatística para mensurar a relação entre as variáveis previstas no modelo. Esta afirmativa também preconiza que as variáveis do modelo final representaram às relações estabelecidas entre a capacidade de gestão dos stakeholders, o desempenho. Como sugestões a estudos futuros, ao relacionar a capacidade de gestão dos stakeholders, o desempenho socioambiental e o econômico-financeiro, este estudo oferece marcos de referências para a realização de novas investigações, como: aplicabilidade do modelo utilizado neste estudo em regiões que apresentem as mesmas características ambientais, na busca de identificação de similitudes de resultados. REFERÊNCIAS AGLE, B. R.; DONALDSON, T.; FREEMAN, R. E.; JENSEN, M. C.; MITCHELL, R. K.; e WOOD, D. J. DIALOGUE: Toward Superior Stakeholder Theory. Business Ethics Quarterly, v.18, p. 153-190, 2008. AGLE, B.R; MITCHELL, R.K.; SONNENFELD J.A.; Who matters to CEOS? An investigation of stakeholder attributes and salience, corporate performance and CEO values. Academy of Management Journal. V.42, n.5. p. 507-525. 1999. ARANHA, F.; ZAMBALDI, F. Análise Fatorial em Administração. São Paulo: Cengage Learning, 2008. BERMAN, S. L.; PHILLIPS, R. A.; WICKS, A. C. Resource Dependence, Managerial Discretion and Stakeholder Performance. Academy of Management Best Conference, 2005. BÍBLIA CATÓLICA ONLINE. Atos dos Apóstolos II. Disponível em: http://www.bibliacatolica.com.br/01/51/2.php#ixzz262MVRgZg. Acesso em set.2012. BRASIL, Lei n. 5.764, de 16 de dezembro de 1971. Define a Política Nacional de Cooperativismo. Institui o regime jurídico das sociedades cooperativas, e dá outras providências. República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 16 dez. 1971. Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L5764.htm>. Acesso em: 14 Nov. 2010. BRYSON, J. M. What to Do When Stakeholders Matter: A Guide to Stakeholder Identification and Analysis Techniques. A paper presented at the London School of Economics and Political Science, 2003. BRYSON, J. M. What to Do When Stakeholders Matter: Stakeholder Identification and Analysis Techniques. Public Management Review. V.6. Issue 1. p. 21-53. 2004.

 

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