"A cara do cinema nacional: gênero e cor dos atores, diretores e roteiristas dos filmes brasileiros (2002-2012)"

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    A Cara do Cinema Nacional:gnero e cor dos atores, diretorese roteiristas dos filmes brasileiros

    (2002-2012)Marcia Rangel Candido

    Gabriella MoratelliVernica Toste Daflon

    Joo Feres Jnior

    textos paradiscusso

    Grupo de Estudos Multidisciplinaresda Ao Afirmativa

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    Expediente

    Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ

    Instituto de Estudos Sociais e Polticos IESP

    Grupo de Estudos Multidisciplinares da Ao Afirmativa

    gemaa.iesp.uerj.br

    [email protected]

    Coordenadores

    Joo Feres Jnior

    Luiz Augusto Campos

    Pesquisadores Associados

    odidnaClegnaRaicraM

    Veronica Toste Daflon

    Assistentes de pesquisa

    Gabriella Moratelli

    Thyago Simas

    Leandro Guedes

    Capa, layout e diagramao

    Luiz Augusto Campos

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    textos para discusso

    g m

    A Cara do Cinema Nacional: gnero e cor

    dos atores, diretores e roteiristas dos filmes

    brasileiros (2002-2012)

    Marcia Rangel Candido

    Pesquisadora IESP-UERJ

    Gabriella Moratelli

    Pesquisadora IESP-UERJ

    Vernica Toste Daflon

    Pesquisadora IESP-UERJ

    Joo Feres Jnior

    Professor IESP-UERJ

    Este texto discute a questo da diversidade na produo

    cinematogrfica brasileira. Para termos uma compreenso

    da distncia entre estatuto legal e realidade, primeiro

    apresentamos um levantamento da legislao existente no

    tocante incluso dos negros na produo audiovisual. Em

    seguida, a partir de uma anlise quantitativa dos filmes

    nacionais de maior bilheteria entre 2002 e 2012,

    estabelecemos a distribuio das funes de direo,

    roteirizao e atuao, de acordo com as variveis cor e

    gnero. O objetivo principal constatar quais so os agentes

    construtores da representao e como ela construda.

    Os estudos sobre o cinema brasileiro que se ocupam das questes de cor e

    gnero frequentemente concedem preferncia descrio de personagens e

    abordagem de filmes especficos. O presente texto busca contribuir para o

    debate sobre representao a partir de um recorte diferente, que d tratamento

    quantitativo a um corpus composto por filmes brasileiros que conquistaram

    maior bilheteria no pas ao longo da ltima dcada. Ao optar pelo presente

    escopo de pesquisa, procuramos caracterizar a produo nacional que obteve

    mais difuso comercial nos ltimos anos. Partimos de duas questes centrais:

    h diversidade nos processos de criao dos filmes? Os diferentes grupos sociais

    encontram-se representados nessas produes? Entende-se aqui que o cinema

    um espao a partir do qual se difundem padres estticos e costumes que

    ajudam a formar a percepo das pessoas sobre o mundo e sobre si mesmas

    (Kellner, 2001). Embora no se possa negar a possibilidade de agncia dos

    indivduos, necessrio atentar para as formas simblicas que participam em

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    sua formao. Se h uma linha tnue entre representaes, formao de valores

    e de expectativas sociais, a democratizao dos espaos e, em particular, da

    mdia de suma importncia para que os sujeitos possam obter estima social,

    elemento constitutivo da integridade humana. Afinal, como assinala Axel

    Honneth (1992), a introjeo pelo sujeito de uma imagem negativa de si mesmo

    limita sua capacidade de se constituir como igual perante seus parceiros de

    interao social. Nesse sentido, a constatao de que existe um monoplio na

    produo de representaes por um grupo majoritariamente branco, de elite e

    do gnero masculino sugere que os meios audiovisuais operam como uma caixa

    de ressonncia das ideias de um grupo dominante e, portanto, difundem

    esteretipos e representaes enviesadas das vivncias de outros grupos sociais.

    Em outras palavras, eles hipoteticamente funcionam como uma pedagogia da

    inferioridade e da hierarquia social, emprestando-lhes um aspecto de

    naturalidade e legitimidade aos olhos de quem quer que consuma seus

    produtos, no caso aqui, filmes.

    O debate sobre representao e diversidade na cultura tema amplamente

    explorado pelas cincias humanas. Regina Dalcastagn (2007), por exemplo,

    demonstrou como o campo literrio se configura como um espao de

    excluso1, no qual homens brancos so maioria, seja entre personagens ou

    autores. Do mesmo modo, em nosso estudo sobre o campo do cinema,

    buscamos dar centralidade s categorias de raa e gnero, visando a identificar

    os grupos mais expostos a excluses e sub-representao.

    O cinema brasileiro se configurou historicamente como um campo pouco

    diverso. No temos aqui o objetivo de expor sua histria de modo exaustivo, sejado ponto de vista das relaes raciais, seja do ponto de vista de gnero. Contudo,

    vale ressaltar alguns momentos a ttulo de ilustrao. O trabalho de Noel dos

    Santos Carvalho (2005) demonstra como o negro esteve historicamente exposto

    a um papel de subalternidade, no obtendo protagonismo e tampouco uma

    1 DALCASTAGN, Regina. A autorepresentao de grupos marginalizados: tenses e estratgias na

    narrativacontempornea.

    Letras

    de

    Hoje,

    Porto

    Alegre,

    v.42,

    n.4,

    p.18

    31,

    dezembro

    2007.

    Disponvel

    em:.Acessoem:28dejulhode2014.

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    participao significativa na produo cinematogrfica. Na poca do cinema

    mudo, final do sculo XIX e comeo do sculo XX, negros s apareciam nas

    filmagens como figurantes acidentais. A partir do desenvolvimento da tcnica de

    decupagem, isto , a diviso de uma cena em planos, o cinema se embranqueceu

    ainda mais, pois agora era tecnicamente possvel introduzir cortes e, assim,

    eliminar imagens indesejadas de negros, pobres, indgenas, entre outros, nos

    processos de montagem (Carvalho, 2005).

    Isso permitiu que o ideal de embranquecimento da populao fosse transposto

    para as telas. Em torno da dcada de 1950, o gnero da chanchada introduziu a

    representao do negro, mas na forma de uma caricatura exotizada eestereotipada (Carvalho, 2005). No mesmo perodo, com inspirao no sucesso

    das chanchadas, mas buscando se dissociar daquilo que percebia como

    vulgaridade, a burguesia paulistana direcionou investimentos para a construo

    de uma cultura que se espelhasse na produo europeia e fosse acessvel elite.

    A Companhia Vera Cruz nasceu desse desejo e deu preferncia contratao de

    diretores estrangeiros ou brasileiros que haviam trabalhado no exterior (Stam,

    1997). A idealizao da branquidade foi central na produo da Vera Cruz, que

    era flagrantemente racista (Carvalho, 2005). Antes de fechar as portas, a

    empresa ainda tentou popularizar a temtica de seus filmes, por vislumbrar

    chances de maior sucesso comercial (Stam, 1997).

    O marco que representou um avano na mudana na representao dos negros

    foi o Cinema Novo, desenvolvido a partir de uma perspectiva de esquerda,

    durante a dcada de 1960. Esse cinema configurou-se como antirracista e como

    fundador de uma nova representao, contrria aos esteretipos dominantes donegro (Carvalho, 2005). A despeito disso, h quem aponte para uma falta de

    enfrentamento da ideologia do branqueamento que pairava no contexto

    nacional, pois foram poucos os filmes que romperam com a esttica dominante

    (Arajo, 2006). Se houve avanos na incluso de atores e atrizes negros, este

    avano no se estendeu s funes de direo e roteiro, que permaneceram nas

    mos de realizadores brancos (Carvalho, 2005). No que toca perspectiva de

    gnero, a participao feminina continuou sendo irrisria (Alves et al; 2011).

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    Com o golpe de 1964, as mudanas que estavam em curso foram em parte

    estancadas, ainda que na dcada de 1970 tenha havido no Brasil uma influncia

    difusa dos movimentos sociais negros norte-americanos e africanos (Carvalho,

    2005). Tambm nesta dcada, a representao da mulher comeou mudar, em

    conjunto com outros valores sociais que marcam uma mudana cultural mais

    ampla (Alves et al; 2011).

    Segundo dados do IBGE (2012), 22% dos brasileiros so do sexo masculino e de

    cor branca, 26% do sexo masculino e de cor parda ou preta, 24% do sexo

    feminino e de cor branca e 27% do sexo feminino e de cor preta ou parda. A

    despeito da diversidade da populao, os espaos de representao que possuemmais visibilidade permanecem fechados ao monoplio de grupos minoritrios.

    Nas telenovelas da Rede Globo transmitidas entre os anos de 1993 e 1997,

    apenas 7,9% dos 830 atores eram de cor preta ou parda. O padro de excluso

    foi verificado tambm na publicidade: do total de 1.204 modelos que figuraram

    em anncios publicitrios veiculados pela Revista Veja entre 1994 e 1995,

    somente 6,5% eram negros. Durante esse mesmo perodo, os anncios presentes

    na Revista Nova, voltada para o pblico feminino, apresentaram apenas 4% de

    modelos pretos e pardos (DAdesky apud Telles, 2004).

    Ao examinar a situao de desigualdade de gnero no cinema brasileiro em

    perspectiva histrica, Paula Alves et al. (2011) identificam uma participao

    diminuta das mulheres em cargos de direo e roteiro ao longo do tempo,

    embora tenha havido uma trajetria de crescimento nos ltimos anos. Segundo

    Alves et al., ao entrarem em contato com o cinema como consumidoras, as

    mulheres foram expostas ao olhar masculino dominante que as colocava emuma posio objetificada e mercantilizada. No entanto, esta anlise permanece

    alheia questo racial.

    O presente estudo se prope a cobrir essa lacuna ao levar em conta as duas

    variveis, raa e gnero, na anlise da produo cinematogrfica brasileira

    comercial. Primeiro, elencaremos a legislao existente sobre a incluso dos

    negros nos espaos de representao. Em seguida, apresentaremos a

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    metodologia de pesquisa empregada. Por fim, discutiremos os dados gerados e

    as concluses.

    Legislao e igualdade racial

    Leis municipais. A partir de um mapeamento, encontramos um total de nove

    leis municipais que tm por objetivo ampliar a representao dos negros na

    mdia audiovisual. Destas nove, apenas cinco leis estabelecem efetivamente

    cotas de representao. A obrigatoriedade de observncia de tais cotas, por sua

    vez, recai apenas sobre agncias e produtoras independentes contratadas por

    prefeituras, o que exclui produtoras e agncias privadas. Isso significa que as

    poucas leis existentes que estipulam cotas de representao no audiovisualrecaem apenas sobre a produo independente, que no est vinculada aos

    grandes estdios e tampouco s grandes distribuidoras. Em outras palavras, as

    leis, alm de escassas, no atingem o cinema comercial. A nica lei que

    contempla ambas as formas de produo a n 3.269, de 30 de agosto de 2011,

    sancionada na cmara do municpio do Rio de Janeiro, e que determina a

    incluso de no mnimo 40% de artistas e modelos negros na elaborao e

    produo de filmes subvencionados ou coproduzidos pela Prefeitura.

    Leis estaduais. Na esfera estadual encontramos trs leis. Duas so estatutos de

    promoo da igualdade racial sancionados pelos governos do Rio Grande do Sul

    (2011) e da Bahia (2014). Tais normas contm artigos quase idnticos aos do

    Estatuto da Igualdade Racial2 aprovado em mbito federal em 2010. Assim

    como ocorre com a maior parte das leis municipais, os artigos so voltados para

    a esfera pblica e, ao se referirem promoo de igualdade de oportunidades,

    utilizam redao vaga e inespecfica, como fica exemplificado nos excertos:

    assegurar igualdade de representao (...); adotar a prtica de conferir

    oportunidades; assegurar a representao justa e proporcional dos diversos

    segmentos raciais da populao. Mesmo quando se tenta estabelecer

    parmetros quantitativos para esta participao, so utilizados termos genricos

    que, como mostra Silva (2010) ao analisar a trajetria do Estatuto da Igualdade

    2

    No

    se

    pretende

    com

    essa

    informao

    diminuir

    aimportncia

    regional

    do

    avano

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    promoo

    do

    debatepblicosobreotemadaigualdaderacial.Porm,constatousequehouvepoucasmudanasnostextosdestesestatutoscomparandoseaoquefoiformuladonaesferafederal.

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    Racial federal, possuem carter mais autorizativo do que impositivo. Vejamos o

    artigo 20 do Estatuto da Igualdade Racial do Rio Grande do Sul:

    A idealizao, a realizao e a exibio das peas publicitrias veiculadas peloPoder Pblico devero observar percentual de artistas, modelos etrabalhadores afrodescendentes em nmero equivalente ao resultante docenso do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica - IBGE - de afro-brasileiros na composio da populao do Rio Grande do Sul (Rio Grandedo Sul, 2011).

    Leis federais. Na esfera federal, o Estatuto da Igualdade Racial, sancionado em

    20 de julho de 2010, representou um avano importante de atendimento s

    demandas do movimento negro no Brasil. A elaborao deste estatuto teve como

    ponto de partida o Projeto de Lei n 3.198/2000, proposto pelo senador PauloPaim e elaborado em colaborao com o movimento negro, seguido por dois

    substitutivos (Silva, 2010)3. No que diz respeito participao de artistas negros

    em filmes, programas e peas publicitrias, o estatuto determina, em seu artigo

    44, que devam ser garantidas oportunidades iguais a atores, figurantes e

    tcnicos negros, sendo vedada toda e qualquer discriminao de natureza

    poltica, ideolgica, tnica ou artstica (Brasil, 2010). Acrescenta ainda, em seu

    artigo 46, a necessidade de incluir clusulas de participao de artistas negrosnos contratos de realizao de filmes, programas ou quaisquer outras peas de

    carter publicitrio (Brasil, 2010). No entanto, o estatuto no estabelece um

    percentual ou uma proporo especfica. No Grfico 1 podemos ver como as

    proposies de leis se distribuem pelas esferas de governo.

    Grfico 1: Quantidade de leis sobre representao visual dos negros propostas

    em cada esfera de governo, com destaque para cotas

    3Ossubstitutivosforam:PLn213/2003eoPLn7.720/2010.

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    Aba

    trs

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    Municipal

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    3

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    Estadual

    erasdeGove

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    g m / ano

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    1

    Federal

    2014 / n. 6

    Fonte: G

    legisla

    e prod

    / p. 8

    MAA.

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    uo

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    textos para discu

    Tabela 1: Sntese das leis de promoo da diversidade na mdia e na produo cinematogrfica

    4 Em seu artigo 2 determina que consideramse pessoas afrodescendentes as que se enquadram como negros, pardos

    classificaoadotadapeloInstitutoBrasileirodeGeografiaeEstatstica.

    Categoria Local Data Nmero Direo

    Municipal Vitria 02/05/1995 4193 Agnciasdepublicidadeeprodutores

    independentescontratadaspelaPrefeitura.Assegurar

    a

    Municipal

    RiodeJaneiro

    15/05/1995 2325Agnciasdepublicidadeeprodutores

    independentescontratadospelaPrefeitura.COTAS:incnegrosna

    Municipal

    BeloHorizonte

    17/11/1995 6979Agnciasdepublicidadeeprodutores

    independentescontratadospelaPrefeitura.COTAS:inc

    filme

    Municipal

    SoPaulo 13/06/1997 12353Agnciasdepublicidadeeprodutores

    independentescontratadospelaPrefeituradoMunicpio.

    Incluirarti

    Municipal

    RiodeJaneiro

    30/08/2001 3269Filmessubvencionadosoucoproduzidospela

    Prefeitura.COTAS:in

    ne

    Municipal

    SoMateus

    16/09/2003 241Agnciasdepublicidadeeprodutores

    independentescontratadospelaPrefeitura.Assegurar

    Municipal Campinas 13/12/2004 12156

    EmpresasqueparticiparemdelicitaeseconcorrnciaspromovidaspelaAdministrao

    Municipal.

    COTAS:omodel

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    textos para discus

    5InstituioEstatutodaIgualdadeRacialnoEstadodoRioGrandedoSul.

    Municipal Joinville 09/06/2005 5229Agnciasdepublicidadeepropaganda

    contratadaspeloPoderExecutivoMunicipal.COTAS:incnegrosna

    Municipal Cricima 02/12/2010 5709

    Agnciasdepublicidadee/ouprodutoresindependentes,contratadospelosrgos

    pblicosmunicipais.

    COTAS:inclmodelosn

    Estadual

    EspritoSanto

    23/06/2005 8062Agnciasdepublicidadeeprodutores

    independentes,contratadospeloGovernodoEstado.

    COTAS:inclmodelosn

    Estadual

    Rio

    GrandedoSul

    2011 136945 PoderPblico(artigo20).

    Observartrabalhad

    equivalentBrasileirodafrobrasile

    RioGrandexi

    Estadual

    RioGrandedoSul

    2011 13694Emissorasdetelevisoesalascinematogrficas

    (artigo22).

    Adotarapemprego

    negrosdiscrimina

    tnicao

    pro

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    textos para discu

    6InstituioEstatutodaIgualdadeRacialedeCombateIntolernciaReligiosanoEstadodaBahia.

    7InstituioEstatutodaIgualdadeRacial

    Estadual

    RioGrandedoSul

    2011 13694rgoseentidadesdaAdministraoPblica

    Estadual(artigo

    23).

    Tonarpparticipa

    realizaooutraspe

    da

    Estadual

    Bahia 2014 131826

    PolticadecomunicaosocialdoEstadoepublicidadedosatos,programas,obras,servios

    ecampanhasinstitucionaisdoEstado(artigo60).

    Asseguraradosdiversopeasinstitobservando

    nacom

    Estadual

    Bahia

    2014

    13182

    Emissoras

    pblicas

    estaduais

    de

    teledifuso

    e

    radiodifuso(artigo61).

    Desenvolve

    divulgao,

    segmentos

    Federal

    Brasil 20/07/2010 122887Emissorasdetelevisoesalascinematogrficas

    (artigo44).

    Adotarapemprego

    negrosdiscrimina

    Federal

    Brasil

    20/07/2010

    12288

    rgoseentidadesdaadministraopblica

    federaldireta,

    autrquica

    ou

    fundacional,

    as

    empresaspblicaseassociedadesdeeconomiamistafederais(artigo46).

    Incluircl

    negrosnoprogramas

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    textos para discusso do g m / ano 2014 / n. 6 / p. 12

    A partir da coleta de dados do contedo das leis municipais, estaduais e

    federais, observamos que houve uma evoluo maior nos estados e municpios

    do que na esfera federal. Entretanto, em nenhuma das esferas houve avanoefetivo no que diz respeito interveno na mdia de carter privado. Ao no

    estipularem cotas, metas e/ou quantidades especficas, optando pelo uso de

    termos genricos, as leis do liberdade para que cada empresa, agncia ou

    produtora, defina por si o contingente de negros nas suas produes, o que

    contribui para a baixa efetividade dessas normas.

    A cara do cinema brasileiro

    Metodologia

    A metodologia do trabalho consistiu em uma anlise descritiva dos filmes de

    maior bilheteria do cinema brasileiro entre 2002 e 2012. Para tal, foram usadas

    como fonte de pesquisa as listagens anuais que a Agncia Nacional do Cinema

    (Ancine) divulga em seu website (http://www.ancine.gov.br/). O recorte

    estabelecido contemplou os 20 filmes que obtiveram maior bilheteria em cada

    ano8, excluindo os documentrios e os filmes infantis, o que totalizou um corpus

    de 218 longas-metragens.9 Tambm empregamos uma classificao mais

    abrangente com outros critrios como ambientes10de locao, regies11e idade

    dos atores e atrizes. Contudo, o presente texto se concentrar em algumas

    variveis especficas. Analisaremos as caractersticas dos diretores, roteiristas e

    atores/atrizes, que foram classificados segundo seu gnero feminino e

    masculino - e cor.

    Para definir a primeira varivel, optamos pelo conceito de gnero, segundo o

    qual o feminino e o masculino so produtos de construes sociais e no

    necessariamente do sexo biolgico. Com respeito varivel de cor, utilizamos a

    heteroidentificao racial, ou seja, o grupo de cor de cada sujeito pesquisado foi

    aferido pelos prprios pesquisadores. Para classificar a cor, utilizamos as

    8Comexceoparaoanode2012,ondeaoretirarosfilmesinfantiseosdocumentrios,sforam

    computados18filmes.9Ofilme5Xfavelafoiretiradodaamostraporserumoutlier,ouseja,porterumnmeroincomumde

    diretores,roteiristas

    eatores.

    10

    Osambientesforamdivididosentre:urbano,rural,reaindgena,serto,favelaeasfalto.11

    Asregiesclassificadasforam:Norte,Nordeste,CentroOeste,SudesteeSul.

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    textos para discusso do g m / ano 2014 / n. 6 / p. 13

    categorias do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE): branca,

    preta, parda, amarela e indgena.12A cartela de cor da Pesquisa Social Brasileira

    (Almeida et al, 2002) serviu como parmetro para que os codificadores da

    pesquisa categorizassem a cor dos atores, roteiristas e diretores dos filmes, cujas

    fotografias foram obtidas em pesquisa na internet. Ocupamo-nos no apenas

    dos protagonistas, mas tambm do elenco principal dos filmes, selecionando

    atores e atrizes que tivessem algum tipo de destaque nos trailers, sinopses13ou

    cartazes de divulgao dos filmes. Alm disso, foi dada ateno para a questo

    da heteronormatividade entre os personagens, isto , buscamos verificar se h

    espao para a representao de orientaes sexuais diversas. O objetivo geral

    aqui proposto mostrar quem so os agentes construtores da representao e

    quem so os indivduos construdos por ela, buscando constatar se h

    diversidade em ambos os quesitos.

    Resultados

    A presente pesquisa se prope a verificar se os padres de excluso de raa e

    gnero verificados na televiso se repetem no cinema brasileiro comercial. A

    srie de grficos que se segue apresenta os percentuais de participao de

    homens e mulheres, negros e brancos no cinema. Examinamos as funes de

    direo, roteirizao e, por fim, a de atuao, observando a distribuio dos

    indivduos por gnero e cor. Uma rpida anlise da correlao entre o cargo de

    diretor e os gneros cinematogrficos dos filmes permite tambm verificar se h

    vis na presena de diretores e diretoras conforme o tipo de filme em questo.

    1) Diretores

    O diretor ocupa o cargo mais prestigioso dentro da produo de um filme e tambm considerado o principal criador da obra cinematogrfica. O Grfico 2,

    que expe as frequncias relativas de diretores dos gneros masculino (86,3%) e

    feminino (13,7%), demonstra que h um vis muito desfavorvel s mulheres.

    Em termos gerais, isso significa que ainda que as mulheres estejam presentes

    nas telas de cinema, elas esto mormente em uma posio de objetos de

    12OSRIO,2003.P.7

    13Ositeusadocomofonteparaassinopsesfoiohttp://www.cineclick.com.br/

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    todo caso, seja qual for sua natureza moderna ou ps-moderna aidentidade na sociedade contempornea cada vez mais mediada pela mdiaque, com suas imagens, fornece moldes e ideais para a modelagem daidentidade pessoal. (Hall, 2006: 317)

    A afinidade com a publicidade e o consumo, a lgica de produo industrial e a

    ambio por uma ampla audincia, por sua vez, tendem a fazer do cinema um

    meio predominantemente conservador, orientado por frmulas, cdigos e

    normas convencionais, assim como normalmente refratrio a contedos que

    contrariem um olhar presumidamente conservador do espectador. Se somarmos

    a isso a predominncia de indivduos brancos, de elite, e do gnero masculino

    nos mbitos da direo, roteirizao e atuao no cinema, o carter conservador

    do cinema torna-se ainda mais pronunciado, uma vez que os contedos da

    derivados tendem a reverberar opinies associadas classe social, raa e gnero

    de seus produtores. A entrada de grupos minoritrios nesses espaos traria a

    esperana de que novas perspectivas possam contribuir para uma viso de

    mundo mais aberta, menos enviesada e livre de esteretipos, onde as diferenas

    que compe nossa sociedade possam ser representadas, e no invisibilizadas.

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    Como citar

    Candido, Marcia Rangel; Moratelli, Gabriela; Daflon, Vernica Toste;Feres Jnior, Joo. A Cara Do Cinema Nacional: gnero e cor dos

    atores, diretores e roteiristas dos filmes brasileiros (2002-2012). Textospara discusso GEMAA (IESP-UERJ), n. 6, 2014, pp. 1-25.