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A CARTOGRAFIA COMO INSTRUMENTO DE PESQUISA: ANÁLISE dos Usos Informais do Espaço Público no Bairro Jardim América,
São Paulo
OKINAGA, CESAR HIRO (1); SANTOS, ADEMIR PEREIRA DOS (2)
1. Centro Universitário Belas Artes de São Paulo, curso de Arquitetura e Urbanismo
Rua Dr. Alvaro Alvim, 96 [email protected]
2. Centro Universitário Belas Artes de São Paulo, curso de Arquitetura e Urbanismo
Rua Dr. Alvaro Alvim, 96 Universidade de Taubaté. Mestrado em Planejamento e Desenvolvimento Regional.
RESUMO
O presente trabalho tem por objetivo a compreensão do processo de transformação ocorrido no projeto original para o Bairro Jardim América e os desdobramentos que resultaram em sua atual configuração espacial. Pioneiro na América do Sul em exigir a organização das edificações no lote, em usar traçados orgânicos e densas áreas verdes, o subúrbio ajardinado destinado à habitação surgiu em São Paulo no início do século XX como o primeiro bairro concebido aos moldes das Cidades-Jardins, idealizadas por Ebenezer Howard na virada do século XIX. Loteado pela Companhia City e projetado por Barry Parker, arquiteto inglês que junto de seu sócio Raymond Unwin foi responsável pelo projeto da primeira Cidade-Jardim inglesa, Letchworth. O bairro passou por sucessivas modificações em seu projeto original que resultaram na gradativa perda de seus espaços públicos durante e após a sua ocupação. O estudo utiliza como fonte as plantas oficiais da Companhia City somadas às plantas do Município de São Paulo de diferentes períodos, que serviram como base para a elaboração da análise cronológica e dos estudos gráficos comparativos. A primeira grande perda de área pública registrada no bairro foi a erradicação das áreas insulares para uso compartilhado no interior das quadras, tal como eram previstas no projeto original. Esse processo de eliminação das áreas públicas é o objeto principal da análise aqui desenvolvida. Busca-se compreender esse fenômeno assim como as posteriores apropriações informais dos espaços públicos protagonizadas pelos próprios moradores do bairro se assemelha aos exemplos de urbanismo informal registrados nos assentamentos irregulares e ocupações feitas pelas classes de baixa renda, evidenciando que o fenômeno de apropriação de espaços públicos, tão comum nas metrópoles não é uma exclusividade dos menos favorecidos.
Palavras-chave: Planejamento; São Paulo; Cidade Jardim; Espaços Públicos; Urbanismo Informal
4º Seminário Ibero-Americano Arquitetura e Documentação Belo Horizonte, de 25 a 27 de novembro
A Internacionalização do Modelo e a Chegada ao Brasil:
A Companhia City e o Jardim América
A popularização e internacionalização das Cidades Jardins se deu a partira das
primeiras décadas do século XX em função da construção dos “subúrbios Jardins”,
caracterizados como extensões do tecido urbano londrino, viabilizados pela relação de
dependência com uma cidade pré existente. Efetivou-se portanto como solução para o
reordenamento dos espaços metropolitanos e baseava-se na integração da arquitetura com
a paisagem, distanciando-se do seu propósito original que vislumbrava a reforma da urbe e
o nascimento de uma nova organização social fundamentada no sistema produtivo
cooperativista.
O legado do modelo urbanístico ecoou também na América do Sul, desembarcando
em terras brasileiras (mais precisamente paulistanas) através da implantação do Bairro
Jardim América pela City of São Paulo Improvements and Freehold Land Company, popular
Companhia City, empresa de capital inglês atuante na cidade de São Paulo desde o início
do século XX.
O bairro foi pioneiro em terras sul americanas ao abordar o uso de baixas
densidades de ocupação do solo para fins residenciais e ampla disponibilidade de áreas
verdes junto às moradias. Sua primeira planta é datada de 1911 e a autoria é desconhecida.
O desenho é caracterizado pelas referências ao clássico xadrez.
No ano de 1915 a Companhia City solicitou ao escritório de Raymond Unwin e Barry
Parker (arquitetos responsáveis pelo projeto da Cidade Jardim inglesa de Letchworth e do
Subúrbio Jardim londrino de Hampstead) a elaboração de um projeto específico para aquela
localidade, resultando em uma proposta atípica que alterou decisivamente a planta inicial de
1911.
Em 1917 Barry Parker foi convidado pela Companhia City para vir para o Brasil e
trabalhar como consultor no desenvolvimento do projeto para o bairro que de fato se
concretizaria. O arquiteto considerava que o desenho do espaço urbano deveria considerar
a topografia e as relações equilibradas entre as edificações e as áreas verdes . Tal
harmonização sugeria a inserção de áreas insulares no coração das quadras de modo a
atender o maior número possível de residências.
A planta proposta datada de 1919 e presente nos folhetos de venda da Companhia
apresenta nitidamente o traçado da urbanização interessado em acomodar natureza
domesticada e a intervenção urbana. O arquiteto inglês prospectava um ambiente onde
cercas vivas faziam o papel de divisoras dos lotes, permitindo que a frente dos terrenos
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ficasse livre. No início, tal fato retardou a venda de lotes na área, visto que as premissas de
projeto de Barry Parker confrontavam com a intimidade da família brasileira, conservadora.
Parker deixou o Brasil em 1919 cercando-se de todos os cuidados para que seu
trabalho como planejador não fracassasse.
O início da formação do bairro, entre os anos de 1915 a 1923, foi marcado pela
ocupação por famílias predominantemente brasileiras de classe média e renda oriunda das
diversas atividades urbanas em condições de financiar um imóvel e sua construção.
Mediante um contrato de venda com cláusulas específicas sobre as acomodações
das casas nos lotes e a localização da construção no terreno, o comprador de um lote no
bairro tinha de seguir uma série de restrições impostas pela Companhia City que visava à
preservação da paisagem aprazível idealizada. O período entre os anos de 1923 e 1930
marcou o início da fase de consolidação do projeto original por apresentar o maior número
de moradias construídas.
No ano de 1934 teve início uma fase importante na trajetória do bairro e da própria
Companhia City. Os conflitos entre Companhia, a Prefeitura Municipal de São Paulo e os
moradores do bairro tinham como tema os jardins internos das quadras. O assunto já estava
em pauta desde meados de 1928. Os contratos de compra e venda dos terrenos do bairro
nunca colocaram as áreas insulares aos lotes como de responsabilidade legal dos
compradores. A principal preocupação da Companhia City frente aos terrenos vendidos era
que as casas fossem cercadas por jardins e sua manutenção fosse constante, para que não
houvesse descaracterização do bairro.
A análise mais adequada dos documentos contemporâneos à ação somados às
escrituras dos lotes apontou para a descaracterização do planejamento realizado por Barry
Parker. Após diversas consultas com famosos advogados e juristas da época, todas elas
indicando a responsabilidade legal às áreas insulares a Companhia City, o choque entre
Companhia, moradores e Prefeitura resultou no loteamento dos espaços internos e
consequentemente em outra estratégia promocional de vendas.
Anteriormente ao processo de loteamento dos jardins internos, muitos moradores
mostraram-se interessados em adquirir um setor da área insular de sua referida quadra.
Uma mostra da dificuldade de se entender os locais como espaços de uso coletivo e
compartilhado e a preferência pelo aumento da área privada, particular.
Muitas quadras não sofreram alterações além da perda de área pública, onde os
novos lotes foram adquiridos pelos então moradores interessados em aumentar seus
jardins. Os casos que apresentam maior alteração frente ao número total de lotes foram
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registrados nas quadras onde a solução encontrada para atender o acesso aos novos
terrenos foi a abertura de vias em “cul de sac”, alterando o traçado original proposto.
Hoje, protegido por lei estadual e definitivamente integrado à malha urbana as
expressivas intervenções no desenho do bairro que o fizeram perder as características
originais da proposta de Parker nos fazem concluir que o bairro passou por uma adaptação
às moradias locais, tornando-se uma interpretação do “bairro jardim à moda brasileira”.
Jardim América, do Projeto ao Uso
A segunda parte do artigo consiste na leitura urbana e análise gráfica frente às
modificações na configuração espacial do Jardim América, desde sua concepção e o projeto
original até o presente estado aferido em campo, analisando a maneira como os espaços
públicos foram sendo ocupados mediante as consecutivas alterações no traçado do bairro.
A cronologia adotada para o estudo contempla os anos de 1919, 1923, 1930, 1943,
1954 e por fim 2015. As plantas de 1919 e 1923 são de autoria da Companhia City,
referentes às versões do projeto que apareciam nos folhetos de venda do loteamento. A
versão de 1923 conta com a ampliação realizada a partir da aquisição de terras e o projeto
de novas quadras à direita da Rua Canadá, que futuramente sofreriam novas modificações
com a abertura da Avenida Nove de Julho.
Para a elaboração dos diagramas de 1930, foram utilizadas as plantas do pioneiro
levantamento cadastral por aerofotogrametria SARA Brasil, trabalho realizado por empresa
de origem italiana contratada pela gestão do Prefeito José Pires do Rio. Para o ano de 1943,
tomou-se como referência a Planta da Cidade de São Paulo organizada pela repartição de
eletricidade da The São Paulo Tramway Light & Power Co. Ltd., popular Light.
Para análise gráfica de 1954 utilizou-se como fonte a última planta do Jardim
América concebida pela Companhia City, com o bairro já consolidado e de configuração
bem próxima da encontrada ainda hoje na região, divergindo no número de lotes em
algumas quadras e nas apropriações informais dos espaços públicos remanescentes,
enfoque principal do trabalho.
Por fim o material gráfico referente ao ano de 2015, concebido frente ao Mapa Digital
da Cidade (MDC), disponível para download no site da Prefeitura de São Paulo e que utiliza
dados da produção técnica do Grupo Executivo da Grande São Paulo – GEGRAN (década
de 1970) com as suas devidas atualizações.
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Para a contagem de lotes foram adotadas as plantas dos anos de 1919, 1923 e
1954, e para 2015 foram utilizados os Croquis Fiscais da Prefeitura de São Paulo, base de
cobrança do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU). Os mapas SARA Brasil e o de
autoria da Light não quantificavam com exatidão os lotes por quadra, mas apresentavam
leitura quanto áreas insulares e abertura de vias, possibilitando a quantificação dos espaços
públicos de circulação, jardins internos e área privada.
A ocupação do Bairro data do período entre 1913 e 1958, ano da última aprovação
pela Companhia City de um projeto de casa sobre terreno nunca ocupado. A consolidação
da área como bairro se deu no período de 1919 a 1940.
O único aumento de área aferido no bairro ocorreu logo após seu lançamento, com a
obtenção de terras à direta da Rua Canadá, até então limite do bairro, e abertura da Rua
Chile (atual Avenida Nove de Julho). O projeto de compatibilização da nova área ao traçado
do bairro foi de autoria de Barry Parker. Porém, a ação que mais modificou o desenho do
bairro foi a erradicação das áreas insulares do interior das quadras. A primeira mudança
nesse sentido data do final dos anos 1920, com o prolongamento da Rua Bolívia e a divisão
da quadra 41 em duas quadras menores cada uma com seu jardim interno, que
posteriormente também seriam eliminados. No mesmo período o jardim interno da quadra
42 foi vendido para a Sociedade Harmonia de Tênis.
O embate entre Companhia City, moradores do bairro e Prefeitura do município
resultou na erradicação de todos os jardins internos de responsabilidade da loteadora e o
reloteamento de todas essas áreas, refletindo na significativa mudança na configuração
espacial do bairro com a abertura de quatro novas vias em Cul de Sac e a
descaracterização não prevista do projeto original idealizado Barry Parker. O fenômeno de
crescimento do Bairro Jardim América deu-se de “fora para dentro”.
A última planta do bairro de autoria da Companhia City datada de 1954 e com as
devidas reduções de áreas públicas ainda cita Barry Parker como autor do projeto, que
segundo os registros da Companhia teve pouco contato com o trabalho realizado em São
Paulo após deixar o Brasil no ano de 1919.
O ano de 1923 foi o auge do predomínio dos espaços públicos nas quadras.
Oseventos comentados quadra a quadra referentes ao ano de 2015 foram levantados
mediante levantamento de campo. O objetivo das visitas foi levantar os usos informais dos
espaços públicos remanescentes no bairro, identificando os diferentes atores e a maneira
como estão sendo ocupados.
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Figura 1. Planta do Jardim América. Última versão publicada pela Cia City, 1954. Acervo Cia City.
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Análise Gráfica: cronologia das alterações
Figura 2. Quadro comparativo das alterações: 1919, 1923 e 1930. Desenho do autor.
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Figura 3. Quadro comparativo das alterações: 1943, 1954 e 2015. Desenho do autor.
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Análise Gráfica: diagramas Público X Privado
Figura 4. Quadro comparativo: espaço público x privado: 1919, 1923 e 1930. Desenho do autor.
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Figura 5. Quadro comparativo: espaço público x privado: 1943, 1954 e 2015. Desenho do autor.
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Análise Quadra a Quadra
Como não sofreram alterações não foram descritas as Quadras número 6, 13, 33 e
34.
As Quadras 11, 24, 27, 30, 35 e 37 sofreram pequenas alterações frente a aumento
ou diminuição no número total de lotes, porém não contam com área insular no interior da
quadra prevista no projeto original.
Quadra 2
Inicialmente as Quadra 2 e 4 eram contíguas, formando uma só grande quadra. Pelo
projeto original, a grande quadra era um dos limites da Av. Brasil, que ao cruzar com a Rua
Guadelupe terminava em Praça Circular e não seguia adiante. Na planta de 1923, nota-se
alteração do traçado da Av. Brasil para além dos limites da quadra. Hoje possui dimensões
maiores do que o originalmente proposto, tendo como limite a Rua Atlântida e seus
respectivos lotes entre a Rua Estados Unidos e Av. Brasil, fora do perímetro de atuação da
Companhia City. A quadra abriga uma das poucas áreas públicas remanescentes do bairro,
a Praça General San Martin.
Quadra 4
Oficialmente separada da Quadra 2 vide planta do ano de 1923 e inicialmente com
17 lotes, teve aumento de 01 lote na versão posterior de projeto e hoje apresenta
novamente o número de 17 lotes porém em diferente configuração espacial vide
remembramento e desmembramento de lotes. Assim como a Quadra 2, atualmente
apresenta dimensões que vão além do perímetro projetado por Barry Parker. Em visita a
campo, observa-se invasão de espaço público mediante estacionamento informal de
veículos em praça concebida no projeto original.
Quadra 8
Visto área insular de grandes dimensões, a solução encontrada para a quadra 8 foi a
abertura de uma via em “cul de sac”, de nome Iucatã, para atender os lotes resultantes da
nova configuração espacial da quadra. O único resquício do projeto de Barry Parker é a
viela acessada pela rua Venezuela em direção ao interior do quarteirão. Atualmente a Rua
Iucatã encontra-se fechada por portão, o acesso é feito mediante identificação por interfone
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e a entrada é liberada por segurança particular abrigado em guarita além dos limites do
portão.
A viela mantida encontra-se fechada por portões em ambos os lados. O segurança
da rua não soube dar informações precisas sobre o uso que está sendo feito do espaço.
Segundo o MDC, há um lote no fim da viela concomitante ao limite com a Rua Venezuela
classificado como Uso Especial.
Quadra 9
Mesmo sofrendo alterações espaciais com o loteamento de seu jardim interno, a
quadra 9 não sofreu saltos significativos em relação ao número de lotes. O fenômeno
verificado na quadra está relacionado ao fato dos lotes resultantes da subdivisão da área
insular terem sido adquiridos pelos moradores já residentes no local, interessados em
aumentar seus jardins mediante remembramento de lotes. Nota-se perda da área pública da
pequena praça localizada na Rua Guadelupe registrada nos diagramas de 1919,1923,1930
e 1943. Em 1954 deixa de aparecer na planta oficial, anexada aos lotes fronteiriços.
Quadra 12
O até então único lote da quadra faceado à Rua Estados Unidos observado na planta
de 1923 subdividiu-se em 5, aumentando de 10 para 14 o número total de lotes na versão
de 1954. O aumento aferido no croqui fiscal de 2015 é justificado pela nova configuração
espacial na mesma área, onde os 5 lotes que aparecem na planta de 1954 foram
novamente subdivididos, totalizando 11. O novo desenho para o setor pouco se assemelha
com o traçado de lotes de grandes dimensões característico do bairro e apresentam limites
bastante reduzidos em comparação aos originais de 1954. Foram mantidos os lotes das
esquinas entre as Ruas Estados Unidos e Colômbia e Estados Unidos e Antilhas, onde hoje
funcionam respectivamente um posto de gasolina e uma padaria. Os 3 lotes restantes foram
redesenhados e subdivididos em 9 lotes menores, sendo que os dois lotes subsequentes à
padaria servem de estacionamento de apoio à mesma. Evidencia-se o caráter
predominantemente comercial resultante da ação do tempo neste setor da quadra, pouco
comum no bairro. A quadra ainda conta com espaço público remanescente do projeto
original, a Praça Dionísio de Carvalho, monumento em homenagem ao Clube Athlético
Paulistano e seus atletas, primeiro time de futebol brasileiro a excursionar pela Europa. A
pequena concentração de área verde localizada na esquina das Ruas Uruguai e Colômbia é
um segmento da praça circular de nome Antônio Nogueira, composta pelas esquinas das
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quadras 12, 14, 15, 23 e 24, correspondente ao encontro das Ruas Uruguai, Nicarágua,
Colômbia e Guatemala.
Quadra 14
A mudança na configuração espacial da quadra está relacionada ao fato dos lotes
resultantes da divisão de seu jardim interno terem sido adquiridos pelos moradores já
residentes na quadra e as vielas de acesso anexadas aos lotes concomitantes. Os mapas
de 1919, 1923 e 1954 apresentam número total de 17 lotes e segundo Croqui Fiscal da
Prefeitura de São Paulo, hoje a quadra conta com 16. A pequena concentração de área
verde localizada na esquina das Ruas Uruguai, Colômbia e Nicarágua é um segmento da
praça circular de nome Antônio Nogueira, composta pelas esquinas das quadras 12, 14, 15,
23 e 24. O segmento da praça localizado na quadra apresenta esculturas centralizadas nos
acessos à viela de circulação posterior à área verde. A presença dos objetos de adorno está
relacionada ao fechamento do espaço para veículos, impedindo possibilidade de
estacionamento irregular.
Quadra 15
A Quadra 15 em todos os casos apresenta o número total de 17 lotes e passou pelo
mesmo fenômeno observado nas quadras 9 e 14 com o reloteamento do espaço público
interno e anexo da área das vielas de acesso aos lotes fronteiriços. A pequena
concentração de área verde localizada na esquina das Ruas Colômbia e Nicarágua é um
segmento da praça circular de nome Antônio Nogueira.
Quadra 16
Os mapas de 1919, 1923 e 1954 apresentam número total de 18 lotes compondo a
quadra. Segundo Croqui Fiscal da Prefeitura, hoje a quadra conta com 17, diminuição de 01
lote frente o original. A quadra conta com uma das poucas áreas públicas remanescentes,
hoje ocupada informalmente por moradores do bairro. A Praça Vincent Van Gogh,
classificada no Mapa Digital da Cidade como lote Municipal e localizada na Rua Panamá,
encontra-se dividida por cerca viva que segue o alinhamento dos lotes subsequentes a ela.
No segmento de maior dimensão correntes cercam o acesso à praça, hoje jardim de uso
dos moradores e com desenho diferente do proposto. As correntes são controladas
conforme a entrada e saída dos residentes.
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Ao fotografar o segmento de menor dimensão pavimentado em grama e pedras
quadradas que conotam apenas os acessos da residência, fui advertido pela equipe de
segurança particular da casa, que não permitiram o registro.
Quadra 18
A quadra 18 inicialmente foi concebida para abrigar jardim interno. Com a extinção
dos espaços públicos no interior das quadras, não se observam alterações quanto ao
número de lotes, fato justificado pelo remembramento dos lotes novos aos já existentes e
aumento dos jardins. Em visita ao local, notamos incidência de apropriação do espaço
público na extinta Praça Vincent Van Gogh, prevista no projeto original e hoje ocupada
informalmente em ambos os lados da Rua Panamá. A praça é utilizada como
estacionamento irregular para os veículos dos moradores das casas fronteiriças.
Quadra 19
Ao ter seus espaços públicos reduzidos mediante processo de reloteamento
registrado no Bairro, a única área verde remanescente do projeto original ainda presente no
local é a Praça dos Incas. Próxima a Rua Colômbia e atendendo uma pequena quantidade
de lotes, observa-se uso informal do espaço visto moradora de rua instalada na praça. A
moradora aparenta residir no local há considerável tempo, visto quantidade de pertences
observados em barraca instalada. Em visita a área, nota-se que a moradora entende e usa o
local como sua moradia, visto setorização do espaço ao qual ela acredita ter
responsabilidade e atividades de banho e preparação de alimentos registradas.
Quadra 22/Quadra 29
A área correspondente hoje à quadra 22, inicialmente era composta por duas
quadras e uma rua entre elas. A pequena rua que divide as quadras 22 e 29 na planta de
1919 apresenta o nome de Rua Guyanas (a praça de mesmo nome não consta na planta
original e foi projetada posterior à compra de mais terrenos pela Companhia City). Desde o
princípio, a Quadra 22 foi pensada para abrigar um clube. A partir da planta de 1923 é
possível observar a junção das duas quadras resultando em uma grande quadra de um
único lote de responsabilidade do Clube Athlético Paulistano.
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Quadra 23
A área insular da quadra 23 apresentava configuração diferente das demais do bairro
por fazer frente à rua e fugir do caráter interno com os lotes circundando o jardim, podendo
ser acessada diretamente pela Rua México. Passou pelo mesmo processo de reloteamento
observado nas demais quadras, restando apenas pequena área verde na esquina entre as
ruas Guatemala e Colômbia. Trata-se de um segmento da praça circular Antônio Nogueira
que atualmente encontra-se junto a lote que abriga estabelecimento comercial, que por sua
vez ocupa informalmente a área de circulação posterior a área ajardinada para
estacionamento irregular de veículos e embarque e desembarque dos clientes do
estabelecimento.
Quadra 25
A quadra 25 presenciou o único ganho de área pública registrado no Jardim América
desde sua consolidação como bairro. As plantas dos anos de 1919, 1923 e 1954
apresentam o número total de 05 lotes compondo a quadra. A planta de 1954 informa que
os 5 lotes já encontravam-se ocupados por moradores, subentende-se que para a criação
de praça a quadra teve de ser desapropriada. Segundo o MDC, a Praça Adolpho Bloch é
classificada como lote fiscal, porém não se localizou Croqui Fiscal para a referida área. Visto
caráter de uso público mediante equipamentos de uso coletivo dispersos em grande espaço
ao ar livre cercado por grades, adotamos no presente trabalho a abordagem do local como
área pública. Segundo o relato de freqüentadores, é bastante procurada nos finais de tarde
por pessoas interessadas em caminhadas e passeios com os animais de estimação, bem
como crianças a procura do parquinho e um pequeno número de pessoas que trabalham na
região e nela desfrutam o tempo restante de seus horários de almoço.
Quadra 26
Assim como a quadra 23, a quadra 26 abrigava área verde com frente para a Rua
México, apresentando caráter de praça de uso compartilhado entre moradores e
transeuntes. Assim como verificado nas demais quadras, passou por processo de
reloteamento. Além do jardim, o projeto original da quadra contava com pequena
concentração de área verde na calçada da Rua Colômbia, hoje já extinta. Atualmente, a
esquina entre as Ruas Colômbia e Peru abriga um posto de gasolina e loja de conveniência.
Principal ponto de encontro e concentração de pessoas no bairro diariamente,
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principalmente no período noturno, evidencia caráter de uso compartilhado do espaço pouco
comum mesmo nas praças remanescentes no local.
Quadra 31
Assim como ocorrido na Quadra 8, a solução encontrada para atender o acesso aos
novos lotes que deram lugar ao jardim interno foi a abertura de uma rua sem saída em
formato “cul de sac”,.de nome Guayaquil. Encontra-se fechada e seu uso é restrito aos
moradores. O que a difere das demais ruas fechadas do bairro é que o acesso ao interior da
quadra é impedido por cancela e não portão. Ao solicitar a entrada na Rua Guayaquil para
registro fotográfico fui orientado pelo segurança particular que deixasse meus pertences na
portaria de modo que pudessem ser retirados ao deixar o local.
Quadra 32
Devido suas dimensões reduzidas, a Quadra 32 não foi concebida para abrigar área
insulare em seu interior. Junto das quadras 31, 33, 34, 35 e 36 formam a Praça América,
núcleo central do Bairro marcado pelo encontro entre as Ruas Guatemala, Bolívia, Peru e
Equador junto a Avenida Brasil. A Praça é segmentada em dois bolsões verdes pela
passagem das pistas de rolamento da Avenida Brasil. Dificilmente acessada por pedestres,
não apresenta uso em nenhum momento do dia e encontra-se em degradado estado de
conservação.
Quadra 36
Assim como as quadras 8 e 31, a solução encontrada para a quadra foi a abertura de
uma nova rua em “cul de sac” para atender os 10 lotes resultantes da nova divisão. Em
visita ao local, verifica-se que além da drástica redução de espaço público resultante da
extinção de seu jardim insular, um dos dois bolsões verdes localizados no acesso da Rua
Terra Nova (nome dado à nova via aberta) e remanescente do projeto original foi anexado
ao jardim de uma casa, denotando mais uma apropriação de espaço público. A planta de
1954 evidencia com clareza que o limite do lote termina onde começa a área pública, já o
croqui fiscal da quadra apresenta o bolsão anexado ao lote contíguo. Encontra-se fechada
por portão trancado e o acesso é liberado mediante identificação.
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Quadra 38
Assim como as demais quadras originalmente projetadas para abrigar jardim interno,
a quadra 38 também sofreu perda de área pública com a extinção de sua área insular.
Diferente das quadras onde a solução encontrada foi a abertura de via, a quadra não
apresenta variações em relação ao número de lotes nas diferentes fontes consultadas.
Quadra 40
A Quadra 40 sofreu uma das maiores alterações quanto número de lotes por quadra
verificada no bairro, inicialmente com 18 e hoje totalizando 35. Assim como as quadras 8, 31
e 36, a solução encontrada para o melhor uso do espaço resultante da perda de área
pública e acréscimo de 12 lotes foi a abertura de uma nova rua em “cul de sac”, de nome
Porto Rico, e anexo das vielas de acesso aos lotes contíguos. Assim como as Ruas Iucatã e
Terra Nova, encontra-se fechada por portão. No encontro entre as ruas Canadá e Estados
Unidos há uma praça circular de nome Nicolau Scarpa dividida em quatro segmentos (um
por esquina). No setor contíguo à quadra 41 foi observado em análise in loco presença de
morador de rua fazendo o uso informal do espaço.
Quadra 41
Com o prolongamento da Rua Bolívia a quadra teve de ser dividida em duas quadras
de dimensões menores cada uma com sua respectiva área insular, posteriormente
eliminadas com a erradicação definitiva das áreas públicas. Além dos jardins internos, cada
uma das quadras teve pequeno acréscimo de área verde em suas esquinas, no encontro
entre as Ruas Honduras, Bolívia e Canadá, presentes até hoje no local.
Quadra 42
Inicialmente pensada para abrigar jardim interno, inclusive considerado nas plantas
dos anos de 1919 e 1923, no final dos anos 1920 a área insular foi vendida para a
Sociedade Harmonia de Tênis. Alguns lotes previstos no projeto original acabaram por
extintos para a que a entrada do clube e acesso ao interior da quadra pudesse ser
construído. O único resquício do projeto de Barry Parker ainda existente na quadra é a viela
localizada na Rua Argentina que permite o acesso às dependências do clube, hoje utilizada
exclusivamente pelo Clube Harmonia e seus sócios, fechada por portão e de segurança
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garantida por equipe contratada pelo clube. Próximo a viela está localizada a Praça
Califórnia, espaço público remanescente do projeto original.
Quadra 44
A Quadra 44, é fruto do único aumento de área observado no Bairro com o
acréscimo dos terrenos além do limite da Rua Canadá e a abertura da Rua Chile, registrado
na planta de 1923. Inicialmente contava com jardim interno, posteriormente extinguido para
dar lugar a novos lotes. Entre as Quadras 44 e 45 localiza-se a Praça das Guianas, também
resultante do aumento perimetral do bairro e uma das poucas áreas públicas ainda
existentes.
Quadra 45
Na planta de 1919, a Quadra 45 é o limite do bairro à direita, materializado em uma
só grande quadra abrangendo todo setor referente hoje às quadras 44 e 45 junto à Praça
das Guianas. Com o acréscimo de área registrado no início da década de 1920, a quadra
passou a ter traçado de limites definidos, acima pela Praça das Guianas e à direita pela Rua
Chile. Inicialmente também contava com área insular e vielas de acesso ao interior da
quadra, posteriormente extinguidas.
Quadra 46
Bem como a quadra 45, o primeiro registro em planta da Quadra 46 de 1919 pouco
se assemelha com a configuração espacial que ela passaria a ter após o acréscimo de área
registrado no bairro. A área correspondente à quadra representada na planta de 1923
abrangia setor hoje correspondente às quadras 46, 47 e 56.
Com a necessidade de loteamento do jardim interno previsto no projeto, a solução
encontrada foi a subdivisão da área em 4 novas quadras e a abertura de 3 novas vias de
nomes Bermudas, Cuba e Martinica. Das 4 novas quadras, a primeira manteve a numeração
46 e as subsequentes passaram a ser classificadas como quadras 54, 55 e 56.
Quadra 47
De todas as quadras, a 47 é que mais sofreu alterações desde que concebida.
Inicialmente a área correspondente era limite do loteamento e na planta do ano de 1919
4º Seminário Ibero-Americano Arquitetura e Documentação Belo Horizonte, de 25 a 27 de novembro
aparece com a numeração 46. Com o acréscimo de área, a quadra passou a ter dimensões
maiores e se consolidou como quadra 47. Comparando as plantas de 1923 (primeiro registro
oficial como quadra 47) e 1954, observamos aumento de 13 lotes frente ao original,
totalizando 37. Visto erradicação de lotes e quadras para construção da Avenida Nove de
Julho, a quadra 47 sofreu perda de 10 lotes previstos na planta de 1954 e marcados como
não vendidos.
A quadra conta com viela que interliga as ruas Cuba e Groenlândia, hoje fechada por
grades. Segundo relato de um vendedor ambulante que trabalha há mais de 20 anos no
local e faz o uso da grade da Rua Groenlândia para pendurar seus produtos, a passagem
municipal antes aberta era utilizada por jovens e adolescentes bairro interessados em fazer
o uso de drogas e bebidas alcoólicas no local, resultando no descontentamento dos
moradores das residências contíguas vide barulho, que por sua vez articularam-se para que
grades fossem instaladas nos dois lados da passagem. O croqui fiscal da quadra faz uma
observação junto à passagem municipal, classificando-a como Viela Sanitária, mediante
presença de galeria de águas em seu subsolo. Com a construção da Avenida Nove de
Julho, a quadra sofreu perda área e redução do número de lotes, que de 37 passou a ter 22.
Ainda conta com importante registro de espaço público, a Praça Libertador Simon Bolívar.
Quadra 48
Idealizada após o acréscimo de área observado no bairro, a quadra 48 inicialmente
com 6 lotes vide planta de 1923, consolidou-se totalizando 10 lotes em sua área privada
localizada entre a Rua Honduras e Avenida Brasil, interligadas pela Rua Cuba. Com a
construção da Avenida Nove de Julho, a quadra teve de ser extinta para a passagem da via.
Quadra 49
Assim como a quadra 48, a Quadra de número 49 não apresenta dados tabulados
para os anos de 1919 e 2015 justificados pela sua concepção junto ao aumento de área
observado no bairro e sua extinção com a construção da Avenida Nove de Julho.
Inicialmente com 10 lotes, consolidou-se com 14 lotes vendidos e ocupados vide planta de
1954 de autoria da Companhia City.
4º Seminário Ibero-Americano Arquitetura e Documentação Belo Horizonte, de 25 a 27 de novembro
Quadra 50
Por fim, bem como as quadras 48 e 49 a quadra 50 passou pelo mesmo processo de
concepção, sendo posteriormente erradicada para construção da Avenida Nove de Julho e
extinção da Rua Chile. Inicialmente com 6 lotes compondo sua área privada, consolidou-se
como quadra com 10 lotes vendidos e 8 deles ocupados segundo planta do ano de 1954.
Tinha como limites a Avenida Brasil e Rua Espéria conectadas pela Rua Chile.
Considerações Finais
Os exemplos mais recorrentes de urbanismo informal no cotidiano das metrópoles tem
origem nas classes menos abastadas, na maioria das vezes vítimas da falta de
oportunidades e do déficit da moradia. Em São Paulo, comumente notícias sobre
reintegrações de posses e embates entre ocupantes e Estado se destacam na mídia, e
basta caminhar pelo centro da cidade para se ter noção da dimensão alçada pelos
movimentos de luta por moradia e as ocupações informais.
Além deste perfil de ocupação estimulado pela organização e articulação da luta pela
reforma urbana característico dos movimentos sociais, entram em cena os cortiços
pulverizados pela urbe, ocupados por uma população que só encontra nas atividades
marginais uma forma de sobreviver na metrópole. Mas será que de fato esse é um
fenômeno exclusivo dos representantes das camadas sociais menos abastadas? Muitos
pouco são os exemplos de disputas fundiárias protagonizadas pelos ricos, como a invasão
de espaços públicos e a ocupação de áreas de proteção ambiental. O presente trabalho
teve por objetivo analisar um fenômeno no qual a apropriação informal do espaço público se
deu em um tradicional bairro de São Paulo habitado por representantes das classes mais
abastadas.
Passada a etapa de erradicação das áreas insulares das quadras do Jardim América e
sua primeira grande perda de área pública, o bairro jardim a moda brasileira passou a
apresentar configuração espacial que muito diferia da proposta original do inglês Barry
Parker, mas que ainda assim por ter se tornado a maior concentração de área verde da
cidade e possuir traçado orgânico.
Analisando as informações quantitativas de espaços públicos presentes na última planta
oficial de autoria da Companhia City de 1954 em comparação com a situação atual do bairro
levantada em campo, observa-se que a já reduzida área pública remanescente de 1954 foi
aos poucos sendo extinta mediante apropriações irregulares protagonizadas pelos próprios
moradores do bairro, onde ações como fechamento de vielas, estacionamento irregular de
4º Seminário Ibero-Americano Arquitetura e Documentação Belo Horizonte, de 25 a 27 de novembro
veículos em praças, apropriação de área pública para aumento de jardim entre outros
eventos registrados apresentam a mesma lógica que os fenômenos de ocupação comuns
aos cortiços e edifícios obsoletos. Trata-se de um traço da cultura urbana brasileira que por
sua vez exige reflexões mais acuradas. Parece que a individualização dos espaços está
mais relacionada á cultura do que necessariamente à necessidade efetiva.
No caso do Jardim Américainverteu se a relação de uso compartilhado do espaço
público para um atendimento a interesses de uma pequena parcela de população que atua
sobre as áreas ocupadas informalmente como acham conveniente.
O ambiente aprazível prospectado fora substituído pelos altos muros das casas e
guaritas de segurança. As praças remanescentes próximas às grandes avenidas são de
difícil acesso aos pedestres, e ao caminhar pelo bairro é de fácil percepção o uso pouco
democrático das áreas públicas de estar e circulação, e tornaram-se recortes de
características singulares dentro da metrópole.
Outra constatação importante a ser considerada é que a análise feita da atual
configuração do bairro nos leva a concluir que a troca de experiências e relações de
convívio mútuo idealizadas originalmente para escala habitacional e nunca totalmente
alcançadas, hoje em dia podem ser presenciadas nos estabelecimentos comerciais e de
prestação de serviços do bairro, pois ai os muros as vezes são abolidos, mas entregues
aos carros.
Referências Bibliográficas
WOLFF, Silvia Ferreira Santos. Jardim América. São Paulo: Edusp, 2001.
PAULA, Zuleide Casagrande de. A Cidade e os Jardins: Jardim América, de Projeto Urbano
a Monumento Patrimonial (1915,1986). São Paulo: Editora Unesp, 2008.
BACELLI, Roney. Jardim América. Departamento de patrimônio histórico da divisão do
arquivo histórico. Nº 19 da série História dos Bairros de São Paulo. São Paulo: Gráfica
Municipal, 1982.
HOWARD, Ebenezer. Cidades jardins de amanhã. Tradução de Marco Aurélio Lagonegro.
São Paulo: Hucitec, 1996.